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Procedimento

Operacional Padrão
POP/UNIDADE DE
REABILITAÇÃO/009/2017
Fisioterapia Hospitalar Pediátrica
Reabilitação Respiratória
Versão 1.0

UNIDADE DE REABILITAÇÃO
Procedimento Operacional
Padrão

POP/UNIDADE DE REABILITAÇÃO/009/2017
Fisioterapia Hospitalar Pediátrica
Reabilitação Respiratória

Versão 1.0
® 2017, Ebserh. Todos os direitos reservados
Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – Ebserh
www.Ebserh.gov.br

Material produzido pela Unidade de Reabilitação do Hospital Universitário Maria Aparecida


Pedrossian -UFMS / Ebserh
Permitida a reprodução parcial ou total, desde que indicada a fonte e sem fins comerciais.

Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – Ministério da Educação

POP: Fisioterapia Hospitalar Pediátrica – Reabilitação Respiratória –


Unidade de Reabilitação do Hospital Universitário Maria Aparecida
Pedrossian/UFMS – Campo Grande/MS: EBSERH – Empresa Brasileira
de Serviços Hospitalares, 2017. 61p.

Palavras-chaves: 1 – POP; 2 – Fisioterapia; 3 – Reabilitação Respiratória;


4 – Pediatria.
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH
HOSPITAL UNIVERITÁRIO MARIA APARECIDA PEDROSSIAN
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Cidade Universitária, Vila Ipiranga | CEP: 79080-190 | Campo Grande-MS |
Telefone: (67) 3345-3000 | Site: www. ebserh.gov.br

JOSÉ MENDONÇA BEZERRA FILHO


Ministro de Estado da Educação

KLEBER DE MELO MORAIS


Presidente da Ebserh

ANDRÉIA CONCEIÇÃO MILAN BROCHADO ANTONIOLLI SILVA


Superintendente do HUMAP/Filial Ebserh

LUIS HENRIQUE SANTOS COELHO


Gerente Administrativo do HUMAP /Filial Ebserh

ANA LÚCIA LYRIO DE OLIVEIRA


Gerente de Atenção à Saúde do HUMAP /Filial Ebserh

DÉBORA MARCHETTI CHAVES THOMAZ


Gerente de Ensino e Pesquisa do HUMAP /Filial Ebserh

RONALDO PERCHES QUEIROZ


Chefe da Divisão de Apoio Diagnóstico e Terapêutico do HUMAP/Filial Ebserh

VANESSA PONSANO GIGLIO


Chefe do Setor de Apoio Terapêutico do HUMAP/Filial Ebserh

IGOR KAORU NAKI


Chefe da Unidade de Reabilitação do HUMAP /Filial Ebserh

EXPEDIENTE

Unidade de Reabilitação do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian


Produção
HISTÓRICO DE REVISÕES

Autor/responsável por
Data Versão Descrição Gestor do POP
alterações

Catia Ap. Queiroz de Emilio,


Eurilucy dos Reis,
Trata da padronização das Hudman Cunha Ortiz,
condutas da fisioterapia para Karla Leticia M . M elgarejo,
27/03/2016 1.0 Igor Kaoru Naki
reabilitação respiratória no M arco Aurélio Cardoso,
paciente pediátrico. Suzana Lopes Bomfim Balaniuc/

Thays Mello de Ávila Vieira


SUMÁRIO
OBJETIVO .......................................................................................................................................7

CAMPO DE APLICAÇÃO .............................................................................................................7

GLOSSÁRIO ...................................................................................................................................7

INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................9

POP 009-01 AVALIAÇÃO FISIOTERAPEUTICA ......................................................................10

POP 009-02 TÉCNICA DE DRENAGEM POSTURAL ..............................................................12

POP 009-03 PERCUSSÕES TORÁCICAS MANUAIS - PTM ...................................................15

POP 009-04 ACELERAÇÃO DO FLUXO EXPIRATÓRIO - AFE............................................17

POP 009-05 VIBRAÇÃO E VIBROCOMPRESSÃO ...................................................................19

POP 009-06 EXPIRAÇÃO LENTA E PROLONGADA - ELPr...................................................21

POP 007-07 EXPIRAÇÃO LENTA TOTAL COM A GLOTE ABERTA EM DECÚBITO


INFRALATERAL - ELTGOL .......................................................................................................23

POP 009-08 TÉCNICA DE EXPIRAÇÃO FORÇADA - TEF .....................................................25

POP 009-09 DRENAGEM AUTÓGENA ASSISTIDA-DAA ......................................................27

POP 009-10 MANOBRA DE HIPERINSUFLAÇÃO MANUAL ................................................29

POP 009-11 DESOBSTRUÇÃO RINOFARÍNGEA RETRÓGRADA .........................................31

POP 009-12 TÉCNICAS DE TOSSE............................................................................................33

POP 009-13 ASPIRAÇÃO DE VIAS AÉREAS SUPERIORES...................................................36

POP 009-14 ASPIRAÇÃO ENDOTRAQUEAL COM VIA AÉREA ARTIFICIAL....................39

POP 009-15 VENTILAÇÃO MECÂNICA NÃO INVASIVA .....................................................43

POP 009-16 ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NA RESSUCITAÇÃO


CARDIOPULMONAR ..................................................................................................................48

POP 009-17 DESMAME E EXTUBAÇÃO...................................................................................52

REFERENCIAIS TEÓRICOS .......................................................................................................58

Fisioterapia Hospitalar Pediátrica


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OBJETIVO
Padronizar as condutas da reabilitação respiratória realizadas por fisioterapeutas em
pacientes pediátricos internados no HUMAP-UFMS.

CAMPO DE APLICAÇÃO

Nos setores da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica e Enfermaria Pediátrica do


HUMAP-UFMS, tendo como responsável pela execução deste POP o fisioterapeuta.

GLOSSÁRIO
Ebserh – Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares
HUMAP – Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian

UFMS – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

POP – Procedimento Operacional Padrão

UTI – Unidade de Terapia Intensiva

EPI: equipamento de proteção individual

PTM: Percussões Torácicas Manuais

RNs: Recém-nascidos

AFE: aceleração do fluxo expiratório.

ELPr: Expiração lenta e prolongada


ELTGOL: Expiração lenta total com a glote aberta em decúbito infralateral.

CRF: Capacidade residual funcional

VR: Volume residual

VPM: Ventilação pulmonar mecânica

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TEF: Técnica de expiração forçada

VR: Volume residual

DAA: Drenagem autógena assistida

RNPT: Recém-nascidos pré-termo


HM: Hiperinsuflação manual

VPM: Ventilação pulmonar mecânica

PPI: Pressão de pico inspiratório

DRR: Desobstrução rinofaríngea retrógrada

TP: Tosse provocada

TD: Tosse dirigida

FIGURAS

FIGURA 1 – Posições de drenagem postural .................................................................................14

FIGURA 2 – Ressucitação utilizando apenas dois dedos, no caso de um reanimador ...................49

FIGURA 3 - Ressucitação utilizando as duas mãos, envolvendo o tórax da criança quando


houver dois reanimadores ...............................................................................................................49

FIGURA 4 - Compressões em crianças maiores de oito anos. .....................................................50

FIGURA 5 - Acoplamento correto da mascara/AMBU no paciente .............................................51

QUADROS

QUADRO 1 - Tamanho da sonda de aspiração conforme a idade................................................41

QUADRO 2 - Parâmetros iniciais para pacientes pediátricos. ......................................................47

QUADRO 3 - Parâmetros iniciais para pacientes neonatais...........................................................47

TABELA

TABELA 1 - Relação entre pressão de suporte mínima e o tamanho do tubo orotraqueal............55

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INTRODUÇÃO

O Procedimento Operacional Padrão é um recurso primordial nos trabalhos executados


pelos profissionais de saúde no âmbito hospitalar, uma vez que auxilia a realização de condutas
padronizadas gerando mais segurança ao paciente, melhores resultados e qualidade do serviço
oferecido.
Neste aspecto, a Unidade de Reabilitação do HUMAP-UFMS elaborou uma série de
POP’s de acordo com as temáticas específicas da prática clínica das profissões que compõem a
Unidade (Educação Física/Fisioterapia/Fonoaudiologia/Terapia Ocupacional).
Neste trabalho serão encontrados os temas específicos da Fisioterapia Hospitalar
Pediátrica direcionado para as condutas da Reabilitação Respiratória.
Este POP de Fisioterapia faz parte da Unidade de Reabilitação e tem duração de dois
anos, necessitando de revisão bianual.

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POP 009-01 AVALIAÇÃO FISIOTERAPEUTICA EM PEDIATRIA

I. INFORMAÇÕES GERAIS

OBJETIVOS
Diagnóstico fisioterapêutico e tomada de conduta frente às particularidades de cada caso,
dos pacientes internados no CTI Pediátrico / Enfermaria Pediátrica.

DEFINIÇÃO
A avaliação consiste na anamnese, exame físico e checagem de exames laboratoriais e de
imagem para diagnóstico e tratamento.

II. DESCRIÇÃO DAS TAREFAS

ETAPAS DO PROCEDIMENTO
1. Realizar e registrar a anamnese na qual deve constar, sempre que possível, os seguintes
itens:
a. Identificação: contendo no mínimo nome, sexo e data de nascimento.
b. Queixa principal: manifestação imediata que fez com que a acompanhante da criança
procurasse assistência médica.
c. Antecedentes familiares: dependendo da doença se há caráter genético ou não.
d. História atual da doença: que são detalhes relativos à internação atual como sinais,
sintomas, uso de prótese ventilatória, entre outros.
e. História Pregressa: dados sobre doenças anteriores e concomitantes.

2. Realizar e registrar o exame físico, contendo os seguintes itens:


a. Estado Geral do Paciente: podendo ser classificado em bom estado geral (BEG), regular
estado geral (REG) e mau estado geral (MEG).
b. Estado Neurológico Atual: se ativo, hipoativo ou inativo; quando crianças maiores
utilizar a Escala de Coma de Glasgow, ou quando sedado, a escala de Ramsey.

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c. Aspectos Hemodinâmicos: frequência cardíaca e pressão arterial, se uso ou não de
drogas vasoativas.
d. Avaliação respiratória: padrão e frequência respiratória, ausculta pulmonar, percussão
torácica, tipo de tórax, sinais de desconforto respiratório, utilização de
oxigenoterapia suplementar, uso de ventilação mecânica não invasiva (VMNI) ou
ventilação mecânica invasiva (VMI), modalidade e parâmetros ventilatórios, nível
de oxigenação pela saturação periférica de O2 (SpO2).
e. Avaliação de exames complementares: hemograma, bioquímica, gasometria arterial,
radiografia, tomografia computadorizada.

PERIODICIDADE
A cada sessão.

RECURSOS NECESSÁRIOS
Humanos: Fisioterapeuta
 Materiais/Equipamentos: estetoscópio, monitor cardíaco, oxímetro de pulso, luvas,
máscara cirúrgica, capote.

CUIDADOS ESPECIAIS

Certificar-se de que há disponível o mínimo de material necessário para proceder a


avaliação.

DESVIOS E AÇÕES NECESSÁRIAS


O fisioterapeuta deve relatar, em local adequado, o motivo de não ter avaliado ou de não
ter tomado ciência do caso, além de comunicar aos demais fisioterapeutas do setor a ocorrência.

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POP 009-02 TÉCNICA DE DRENAGEM POSTURAL

I. INFORMAÇÕES GERAIS

OBJETIVOS
Estabelecer, sistematizar e padronizar as diretrizes e os procedimentos para a utilização
da técnica de drenagem postural em pacientes que requerem remoção de secreções brônquicas.

DEFINIÇÃO

Posicionamento do paciente favorecido pela aplicação de forças gravitacionais, que


aumentam o transporte de muco de lobos e segmentos específicos do pulmão em direção as vias
aéreas centrais onde as secreções devem ser removidas por meio da tosse ou aspiração.

II. DESCRIÇÃO DAS TAREFAS

ETAPAS DO PROCEDIMENTO
 Lavar as mãos.

Colocar EPI.

 Avaliar o paciente, proceder a ausculta e observar sinais clínicos.

 Conforme a avaliação posicionar o paciente na postura mais adequada, respeitando o


quadro clínico do mesmo.

 Nessa técnica a gravidade atua auxiliando o deslocamento de secreções periféricas para


regiões proximais do pulmão, podendo-se adotar umas ou mais posições para obter o
resultado desejado.

 O uso do posicionamento como forma de drenagem baseia-se na anatomia da árvore


brônquica. Adotando-se a postura invertida do segmento pulmonar acometido, a secreção

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é encaminhada para uma porção mais central, em que será removida por meio de tosse ou
aspiração.

 Alguns autores fazem referência a onze e outros a doze posições de drenagem diferentes,
uma pra cada segmento pulmonar. O paciente deve ser mantido pelo tempo de 3 a 15
minutos em cada posição, conforme a tolerância do mesmo.

 A posição de Trendelemburg não é utilizada na UTI neonatal devido a labilidade do


paciente, e é contra indicada em determinadas condições, tais como: presença de refluxo
gastroesofágico, fístula traqueoesofágica, hipertensão intracraniana, instabilidade
hemodinâmica e desconforto respiratório do paciente, entre outras.

PERIODICIDADE
Quando houver necessidade de higiene brônquica, desde que o paciente apresente
condições clinicas favoráveis à realização da técnica.

RECURSOS NECESSÁRIOS
Humanos: Fisioterapeuta/ Paciente.
 Materiais/Equipamentos: Luvas, máscara, estetoscópio, macas com regulagem de altura
e angulações e/ou dispositivos como rolos ou coxins para se conseguir a posição
desejada.

 Ferramentas e instrumentos: Protocolo de avaliação.

CUIDADOS ESPECIAIS

Certificar-se de que o paciente esteja em condições clínicas que não contra indiquem o
procedimento.

Para evitar refluxo gastroesofágico e a possibilidade de aspiração, deve-se respeitar o


intervalo entre uma hora e meia a duas horas após as refeições e dietas gástricas ou enterais.

DESVIOS E AÇÕES NECESSÁRIAS


Em caso de intercorrência clínica, comunicar e encaminhar imediatamente o paciente ao
Serviço de Enfermagem, e registrar o ocorrido em prontuário.

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Figura 1 - Posições de Drenagem Postural

Fonte: Sarmento, George Jerre Vieira, Fisioterapia respiratória em pediatria e neonatologia,


2ª edição, Pag. 105, Barueri-SP, editora Manole, 2011.

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POP 009-03 PERCUSSÕES TORÁCICAS MANUAIS - PTM

I. INFORMAÇÕES GERAIS

OBJETIVOS
Estabelecer, sistematizar e padronizar as diretrizes e os procedimentos para a utilização
das técnicas de percussões torácicas manuais (PTM).
DEFINIÇÃO

 As PTM são definidas como ondas de energia mecânicas aplicadas sobre a parede
torácica, em especial sobre a zona a ser tratada. As modalidades de aplicação são:
tapotagem, percussão cubital e digito-percussão.
 Tapotagem: a tapotagem consiste na percussão das mãos em forma de concha de
maneira alternada e rítmica sobre a área do tórax com acúmulo de secreção, geralmente
identificada pela ausculta pulmonar. A mão percussora entra em contato com a superfície
externa do tórax do paciente, proporcionando oscilações mecânicas que deverão atingir
os pulmões como uma onda de energia transmitida da parede torácica para as vias aéreas,
com a oscilação mecânica e o consequente aumento da pressão intratorácica, de forma
que as secreções possam ser descoladas das paredes brônquicas. O movimento da
percussão manual não deve causar dor ou desconforto e pode ser feito durante toda a
inspiração e expiração.
 Percussão cubital ou punho-percussão: mesma técnica descrita anteriormente
mudando apenas o posicionamento da mão, com o punho fechado, utilizando a região
hipotenar, onde haverá contato da face cubital com o tórax do paciente.

 Dígito-percussão: mesma técnica também descrita anteriormente, utilizando a ponta dos


dedos com a extensão das interfalanges distais, fazendo a oposição desses dedos em
relação ao polegar. Usada em bebês.

 Em RNs e lactentes, devido a maleabilidade e alta complacência de sua caixa torácica, a


técnica parece não ser eficaz, pois seria necessária a aplicação de uma energia muito
maior do que aquela utilizada em adulto, causando riscos a esse público. Assim como não

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se aplica em RNs prematuros, pois pode causar efeitos deletérios na pressão intracraniana
e levar a hemorragia peri-intraventricular.

II. DESCRIÇÃO DAS TAREFAS


ETAPAS DO PROCEDIMENTO
 Lavar as mãos.

Colocar EPIs.

 Avaliar o paciente, proceder a ausculta e observar sinais clínicos.

 Proteger a pele da região a ser percutida com uma toalha, fronha ou a própria roupa do
paciente.

 Percutir a região do tórax a ser tratada, de acordo com a modalidade escolhida. Acredita-
se que um ritmo de 240 a 260 percussões por minuto seja o mais eficiente para produzir
um efeito tixotrópico no muco localizado na parede brônquica.

PERIODICIDADE
Quando houver necessidade de remoção de secreções em vias aéreas superiores e
brônquicas.
RECURSOS NECESSÁRIOS
Humanos: Fisioterapeuta/paciente.
 Materiais/equipamentos: luvas de procedimentos, máscara, estetoscópio.
 Ferramentas e instrumentos: protocolo de avaliação.

CUIDADOS ESPECIAIS
Certificar-se de que o paciente não apresenta condições que contraindiquem a técnica.

Não percutir diretamente sobre a pele, para não causar desconforto ou lesões.

DESVIOS E AÇÕES NECESSÁRIAS


Em caso de intercorrência clínica, comunicar e encaminhar imediatamente o paciente ao
Serviço de Enfermagem, e registrar o ocorrido em prontuário.

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POP 009-04 ACELERAÇÃO DO FLUXO EXPIRATÓRIO - AFE

I. INFORMAÇÕES GERAIS

OBJETIVOS
Estabelecer, sistematizar e padronizar as diretrizes e os procedimentos para a utilização
da técnica de aceleração do fluxo expiratório.

DEFINIÇÃO
É uma técnica que consiste em um movimento toracoabdominal sincronizado do
paciente, gerando um aumento passivo, ativo assistido ou ativo do fluxo aéreo expiratório,
promovendo um esvaziamento passivo de ar presente nos pulmões com objetivo de mobilizar,
carrear e eliminar as secreções traqueobrônquicas, realizado pelo fisioterapeuta ou sob a
orientação do mesmo.

II. DESCRIÇÃO DAS TAREFAS

ETAPAS DO PROCEDIMENTO
 Lavar as mãos.
 Utilizar equipamentos de proteção individual.
 Fazer ausculta pulmonar para identificar possíveis ruídos adventícios e sua localização.
 Posicionar o paciente em decúbito dorsal ou elevado a mais ou menos 30°.
 Posicionar uma mão sobre o tórax, sendo o apoio sobretudo com a borda cubital da mão
entre a fúrcula esternal e a linha intermamária, e a outra mão sobre o abdômen, entre o
umbigo e as últimas costelas. As mãos torácica e abdominal se movem de maneira
sincronizada e ativa, sendo que a torácica exerce uma pressão oblíqua de cima para baixo
e de frente para trás e, a mão abdominal efetua uma pressão também oblíqua, mas em
sentido oposto de baixo para cima e de frente para trás. A velocidade da aceleração do
fluxo vai depender da localização da secreção a ser mobilizada de acordo com a
avaliação prévia. Aplicar-se-á AFE lenta para mobilizar secreções da periferia pulmonar

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e AFE rápida para secreções localizadas em vias aéreas mais centrais. A AFE pode ser
aplicada com apenas uma das mãos, no caso de lactentes, onde a mão torácica é ativa e
a abdominal é passiva, funcionando como uma cinta abdominal, em contra apoio. Assim
como, a mão abdominal pode ser posicionada sobre as últimas costelas como uma ponte,
utilizando os dedos polegar e indicador ou dedo médio.
 Esta última forma de AFE é utilizada, sobretudo em prematuros, já que neste caso a
pressão gerada sobre o tórax se dissipa através do abdômen evitando alterações do fluxo
cerebral. Em pacientes colaborativos a AFE pode ser realizada de forma ativo-assistida
ou ativa de modo que o paciente utiliza suas próprias mãos para a realização da
técnica, sob a orientação do fisioterapeuta.

PERIODICIDADE
Quando houver necessidade de mobilizar secreções da periferia pulmonar e brônquicas.

RECURSOS NECESSÁRIOS
Humanos: Fisioterapeuta/Paciente.
 Materiais/Equipamentos: Luvas, máscaras, estetoscópio.
 Ferramentas e instrumentos: Protocolos de avaliação

CUIDADOS ESPECIAIS
Estar atento a algumas condições que limitam a AFE, mais relacionados a AFE rápida, as
quais podem levar ao colapso de vias aéreas em algumas enfermidades, tais como: asma,
enfisema, traqueobroncodisplasia, traqueomalácia, desconforto respiratório agudo, coqueluche,
cardiopatias congênitas graves, entre outras.

DESVIOS E AÇÕES NECESSÁRIAS


Em caso de intercorrência clínica, comunicar e encaminhar imediatamente o paciente ao
Serviço de Enfermagem, e registrar o ocorrido em prontuário.

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POP 009-05 VIBRAÇÃO E VIBROCOMPRESSÃO

I. INFORMAÇÕES GERAIS

OBJETIVOS
Estabelecer, sistematizar e padronizar as diretrizes e os procedimentos para a utilização
das técnicas de vibração e vibrocompressão.

DEFINIÇÃO
São movimentos oscilatórios aplicados manualmente por meio da tetanização dos
músculos agonistas e antagonistas do braço e antebraço sobre o tórax do paciente, com o
objetivo de melhorar a depuração das secreções brônquicas. A vibrocompressão é a associação
da vibração com a compressão do tórax. A vibração torácica age através da propriedade de
tixotropismo do muco, de forma que a secreção tem seu estado alterado de sólido para o fluido,
facilitando seu deslocamento da via aérea.

II. DESCRIÇÃO DAS TAREFAS

ETAPAS DO PROCEDIMENTO
 Lavar as mãos.
 Utilizar equipamentos de proteção individual.
 Fazer ausculta pulmonar antes da realização do procedimento, para identificar possíveis
ruídos adventícios e sua localização.
 Posicionar as mãos espalmadas acopladas ao tórax, punho e cotovelo imóveis irão
impulsionando o movimento vibratório.
 São feitos movimentos oscilatórios gerados pela tetanização dos músculos agonista e
antagonista do braço e antebraço, trabalhando em sinergia com a palma da mão ou com a
polpa dos dedos, colocado perpendicularmente sobre o tórax.

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 É aplicada na fase expiratória do ciclo respiratório, de forma constante, lenta e moderada.
A vibração pode ser realizada ao mesmo tempo sobre ambos hemitórax ou em um
hemitórax por vez.
 No caso dos recém-nascidos pode não ser possível aplicar a vibração somente na
expiração, por apresentarem alta frequência respiratória.

RECURSOS NECESSÁRIOS
Humanos: Fisioterapeuta/Paciente.
 Materiais/Equipamentos: Luvas, máscara, estetoscópio.
 Ferramentas e instrumentos: Protocolos de avaliação

CUIDADOS ESPECIAIS
Em RN, a compressão deve ser limitada por causa da instabilidade da caixa torácica.
Pacientes que apresentem rigidez torácica, osteoporose intensa e/ou que estejam sedados ou até
mesmo curarizados, merecem cuidados especiais, já que não haverá manifestação de dor como
alerta para evitar riscos e fratura de costelas.

DESVIOS E AÇÕES NECESSÁRIAS


Em caso de intercorrência clínica, comunicar e encaminhar imediatamente o paciente ao
Serviço de Enfermagem, e registrar o ocorrido em prontuário.

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POP 009-06 EXPIRAÇÃO LENTA E PROLONGADA - ELPr

I. INFORMAÇÕES GERAIS

OBJETIVOS
Estabelecer, sistematizar e padronizar as diretrizes e os procedimentos para a utilização
da técnica de ELPr- expiração lenta prolongada.

DEFINIÇÃO
É uma técnica de expiração lenta e prolongada, passiva, cujo objetivo é obter um volume
expirado maior que uma expiração normal buscando uma melhor desinsuflação pulmonar e a
depuração das vias respiratórias médias, e ocasionalmente da periferia pulmonar.

II. DESCRIÇÃO DAS TAREFAS

ETAPAS DO PROCEDIMENTO
 Lavar as mãos.
Utilizar EPI.
 Fazer ausculta pulmonar antes da realização do procedimento, para identificar possíveis
ruídos adventícios e sua localização.
 Posicionar o paciente em decúbito dorsal.
 O fisioterapeuta deve posicionar uma das mãos na região abdominal acima da cicatriz
umbilical e outra na região torácica abaixo da fúrcula esternal, fazendo uma pressão
simétrica toracoabdominal lenta no final de uma expiração espontânea até o volume
residual.
 Essa pressão é lenta, opondo-se a duas ou três tentativas inspiratórias da criança.

RECURSOS NECESSÁRIOS
Humanos: Fisioterapeuta/Paciente.
 Materiais/Equipamentos: Luvas, máscara, estetoscópio.

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 Ferramentas e instrumentos: Protocolos de avaliação.

CUIDADOS ESPECIAIS
Estar atento às seguintes condições: presença de broncoespasmo, pós-dieta e
doença do refluxo gastroesofágico.

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POP 009-07 EXPIRAÇÃO LENTA TOTAL COM A GLOTE ABERTA EM
DECÚBITO INFRALATERAL - ELTGOL

I. INFORMAÇÕES GERAIS

OBJETIVOS
Estabelecer, sistematizar e padronizar as diretrizes e os procedimentos para a utilização
da técnica de Expiração lenta total com a glote aberta em decúbito infralateral.

DEFINIÇÃO
É uma técnica que consiste em uma expiração lenta iniciada na capacidade residual
funcional (CRF) até o volume residual (VR). Estando o paciente com a glote aberta, o
fisioterapeuta exerce uma pressão abdominal infralateral em direção ao ombro contralateral,
atuando de forma a otimizar a desinsuflação do pulmão infralateral e o deslocamento das
secreções localizadas em brônquios de médio calibre. A manobra é utilizada em crianças maiores
de 10 anos.

II. DESCRIÇÃO DAS TAREFAS

ETAPAS DO PROCEDIMENTO
 Lavar as mãos.

Utilizar EPI.

 Fazer ausculta pulmonar antes da realização do procedimento, para identificar possíveis


ruídos adventícios e sua localização.

 Posicionar o paciente em decúbito lateral com o lado a ser tratado para baixo. O
fisioterapeuta fica posicionado atrás do paciente com uma das mãos na região infra-axilar
do pulmão não dependente, que servirá de contra apoio, e, a outra no abdômen
infralateral do pulmão dependente. O terapeuta coloca-se em pé atrás do paciente e irá, a
partir da CRF, exercer uma pressão abdominal infralateral em direção ao ombro oposto,

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auxiliando na desinsuflação pulmonar infralateral. O paciente deve manter a boca aberta
durante a execução da técnica.

PERIODICIDADE
Quando houver necessidade de remoção de secreções pulmonares.

RECURSOS NECESSÁRIOS
Humanos: Fisioterapeuta/Paciente.
 Materiais/Equipamentos: Luvas, máscara, estetoscópio, bocal (opcional).
 Ferramentas e instrumentos: Protocolos de avaliação.

CUIDADOS ESPECIAIS
O paciente deve ser cooperante e manter a boca aberta, para que seja possível perceber os
ruídos bucais. Na impossibilidade de manter a glote aberta, deve-se utilizar um bocal para
realização da técnica.

DESVIOS E AÇÕES NECESSÁRIAS


Em caso de intercorrência clínica, comunicar e encaminhar imediatamente o paciente ao
Serviço de Enfermagem, e registrar o ocorrido em prontuário.

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POP 009-08 TÉCNICA DE EXPIRAÇÃO FORÇADA - TEF

I. INFORMAÇÕES GERAIS

OBJETIVOS
Estabelecer, sistematizar e padronizar as diretrizes e os procedimentos para a utilização
da Técnica de Expiração Forçada (TEF).

DEFINIÇÃO
É a combinação de uma ou duas expirações forçadas (Huffs) iniciadas a alto, médio ou
baixo volume pulmonar e período de controle diafragmático e relaxamento. Os huffs são obtidos
graças à contração energética dos músculos expiratórios, essencialmente os abdominais. Tem por
objetivo auxiliar na remoção de secreções brônquicas ou da periferia pulmonar. Pode ser
realizada de forma ativa em crianças maiores e passivamente em crianças menores ou não
colaborativas, quando é realizada uma pressão toracoabdominal manual pelo fisioterapeuta.

II. DESCRIÇÃO DAS TAREFAS

ETAPAS DO PROCEDIMENTO

 Lavar as mãos.

Utilizar EPI.

 Fazer ausculta pulmonar antes da realização do procedimento, para identificar possíveis


ruídos adventícios e sua localização.

Posicionar o paciente sentado.

 O fisioterapeuta orienta o paciente a executar de forma ativa uma inspiração tranquila ou


utilizando o volume de reserva inspiratório seguida de um huff de baixo volume para
mobilizar secreções localizadas na periferia pulmonar. Para mobilizar o muco das vias
aéreas mais proximais solicita-se um huff ou tosse com alto volume pulmonar (iniciado
na capacidade pulmonar total), com a boca aberta, no caso de crianças maiores.

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 Nas crianças menores e não colaborativas deve ser realizado de forma passiva com uma
pressão manual toracoabdominal feito pelo fisioterapeuta.

 Caso a criança esteja em VPM, aconselha-se a utilizar técnicas de expiração máxima


antes da TEF para promover um aumento do pico de fluxo expiratório em pacientes que
apresentam capacidade vital reduzida e força muscular respiratória reduzida.

PERIODICIDADE
Quando houver indicações para remoções de secreções brônquicas ou da periferia
pulmonar.

RECURSOS NECESSÁRIOS
Humanos: Fisioterapeuta/Paciente.
 Materiais/Equipamentos: Luvas, máscara e estetoscópio.
 Ferramentas e instrumentos: Protocolos de avaliação.

CUIDADOS ESPECIAIS
Estar atento às seguintes condições: presença de broncoespasmo, pós-dieta e
doença do refluxo gastroesofágico.

DESVIOS E AÇÕES NECESSÁRIAS


Em caso de intercorrência clínica, comunicar e encaminhar imediatamente o paciente ao
Serviço de Enfermagem, e registrar o ocorrido em prontuário.

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POP 009-09 DRENAGEM AUTÓGENA ASSISTIDA-DAA

I. INFORMAÇÕES GERAIS

OBJETIVOS
Estabelecer, sistematizar e padronizar as diretrizes e os procedimentos para a utilização
da técnica de Drenagem autógena assistida (DAA).
DEFINIÇÃO
A DAA é uma adaptação da técnica de DA em lactentes ou crianças pequenas,
incapazes de cooperar ou realizar a técnica ativamente. Com o objetivo de higiene brônquica, a
técnica visa aumentar o tempo expiratório até o volume residual e acelerar o fluxo expiratório, a
fim de melhorar o transporte do muco para as vias aéreas de maior calibre.

II. DESCRIÇÃO DAS TAREFAS

ETAPAS DO PROCEDIMENTO
 Lavar as mãos.
Utilizar EPI.
 Fazer ausculta pulmonar antes da realização do procedimento, para identificar possíveis
ruídos adventícios e sua localização.
 Posicionar a criança em decúbito dorsal, colocando uma faixa elástica entre as últimas
costelas e as cristas ilíacas para estabilizar o abdome. As mãos do fisioterapeuta deverão
envolver o tórax do lactente realizando uma pressão suave, acompanhando o padrão
respiratório do mesmo e ir aumentando lentamente a velocidade do fluxo expiratório até
o VR.
 Em RNPT, pode-se utilizar a fralda para apoio abdominal e a utilização somente de uma
das mãos, que será posicionada entre a fúrcula esternal e a linha intermamária,
desenvolvendo a técnica da forma descrita anteriormente.

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PERIODICIDADE
Quando houver necessidade de higiene brônquica, desde que o paciente apresente
condições clinicas favoráveis à realização da técnica.

RECURSOS NECESSÁRIOS
Humanos: Fisioterapeuta/Paciente.
 Materiais/Equipamentos: Luvas, máscara, estetoscópio e cinta abdominal ou fralda.
 Ferramentas e instrumentos: Protocolos de avaliação.

CUIDADOS ESPECIAIS
A pressão exercida pelo terapeuta sobre o tórax da criança deverá ser suave, de modo a
não desencadear respostas protetoras do paciente, tais como: fechamento da glote bloqueio da
respiração.

DESVIOS E AÇÕES NECESSÁRIAS


Em caso de intercorrência clínica, comunicar e encaminhar imediatamente o paciente ao
Serviço de Enfermagem, e registrar o ocorrido em prontuário.

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POP 009-10 MANOBRA DE HIPERINSUFLAÇÃO MANUAL

I. INFORMAÇÕES GERAIS

OBJETIVOS
Estabelecer, sistematizar e padronizar as diretrizes e os procedimentos para a utilização
da técnica de Hiperinsuflação Manual.

DEFINIÇÃO
A Hiperinsuflação manual (HM) é uma técnica que utiliza uma bolsa autoinflável para
fornecer um volume corrente maior que o basal aos pulmões de pacientes que utilizam prótese
ventilatória (tubo orotraqueal ou traqueostomia). A insuflação lenta e o platô inspiratório
permitem recrutar áreas atelectasiadas do pulmão, enquanto que o fluxo de ar turbulento causado
pela expiração favorece o deslocamento de secreções. A manobra de HM pode ser associada ou
não às técnicas de vibração/vibrocompressão e aspiração traqueal.

II. DESCRIÇÃO DAS TAREFAS

ETAPAS DO PROCEDIMENTO
 Lavar as mãos.
 Separar os materiais que serão utilizados durante o atendimento (bolsa de insuflação
manual do tamanho adequado para a idade da criança, máscara para conexão se for o
caso; sondas de aspiração traqueal, soro fisiológico 0,9% e luvas estéreis, caso for
associar à técnica de aspiração traqueal).
 Utilizar equipamentos de proteção individual.
 Fazer ausculta pulmonar antes da realização do procedimento, para identificar e localizar
possíveis áreas atelectasiadas, ruídos adventícios e sua localização.
 Verificar sinais vitais (frequência cardíaca, frequência respiratória e saturação
periférica de oxigênio - SpO2).
 Encaixar o conector da bolsa autoinflável na via aérea artificial do paciente.

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 Realizar compressão da bolsa gerando fluxo inspiratório lento, com pausa inspiratória de
2 a 3 segundos, seguido de uma liberação abrupta da pressão manual.
 Realizar a vibração/vibrocompressão e aspiração traqueal, no caso de associação das
técnicas.
Auscultar o paciente.
 O número de repetições da técnica de HM dependerá dos objetivos a serem atingidos.
Verificar os sinais vitais novamente.
Descartar os materiais utilizados em locais apropriados.

PERIODICIDADE
Quando houver necessidade de remoção de secreções brônquicas e/ou reexpansão
pulmonar.

RECURSOS NECESSÁRIOS
Humanos: Fisioterapeuta/Paciente.
 Materiais/Equipamentos: Luvas de procedimento, luvas estéreis, avental descartável,
máscara, óculos de proteção, estetoscópio, touca, bolsa autoinflável e máscara para
conexão; se for o caso, sondas para aspiração traqueal, soro fisiológico (0,9% cloreto de
sódio), manômetro de pressão para monitorar o pico de pressão inspiratório (PPI), caso
esteja disponível.
 Ferramentas e instrumentos: Protocolos de avaliação.

CUIDADOS ESPECIAIS
A PPI fornecida durante a HM não pode ultrapassar 20cm H2 O em recém-nascidos, e
30cmH2 O na população pediátrica, por isso sugere-se utilizar bolsa autoinflável que possuam
válvulas que limitam a pressão inspiratória ou um manômetro de pressão, para evitar baro e/ou
volutrauma.
DESVIOS E AÇÕES NECESSÁRIAS
Em caso de intercorrência clínica, comunicar e encaminhar imediatamente o paciente ao
Serviço de Enfermagem, e registrar o ocorrido em prontuário.

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POP 009-11 DESOBSTRUÇÃO RINOFARÍNGEA RETRÓGRADA (DRR)

I. INFORMAÇÕES GERAIS

OBJETIVOS
Estabelecer, sistematizar e padronizar as diretrizes e os procedimentos para a utilização
da técnica de desobstrução rinofaríngea retrógrada (DRR).

DEFINIÇÃO
A DRR é uma manobra inspiratória forçada indicada para a remoção de secreções das
vias aéreas superiores. É uma técnica em que se realiza uma manobra de inspiração rápida e
forçada, aproveitando o reflexo inspiratório como recurso para a desobstrução da rinofaringe. É
frequentemente usada em crianças com menos de 24 meses com obstrução dessas vias. Esta
técnica beneficia principalmente RN e lactentes, em que a respiração é predominantemente nasal
e está bastante vulnerável a entrada de agentes patológicos, sendo o foco inicial para infecções
(rinites, faringites, amigdalites, por ex.). A DDR pode ser completada por instilação de cloreto de
sódio a 0,9% ou de substância medicamentosa (por indicação médica), que permite sua
penetração até a região do cavum, sendo neste caso denominada DDR +I.

II. DESCRIÇÃO DAS TAREFAS

ETAPAS DO PROCEDIMENTO
 Lavar as mãos.
 Providenciar seringa com soro fisiológico 0,9% ou medicação conforme prescrição
médica, no caso de associação de técnicas.
 Utilizar equipamentos de proteção individual.
 Posicionar a criança em decúbito dorsal, elevado a aproximadamente 30°.
 O fisioterapeuta pode posicionar-se atrás da maca, e com uma das mãos, elevar a
mandíbula, apoiando os dedos indicador e médio na base da língua ao final do tempo
expiratório, obrigando a criança a inspirar profundamente pelo nariz. No caso de DDR +
I, a cabeça da criança deve ser colocada em ligeira hiperextensão e rotação ipsilateral,

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pois nesta posição a penetração da solução na região do cavum é favorecida. A instilação
então deve ser feita no tempo inspiratório.
 Após o procedimento anterior, a criança deve ser mantida em decúbito dorsal por
aproximadamente um minuto, durante o qual o terapeuta exerce leves pressões na base da
língua, com o polegar, de forma a empurrá-la contra o palato. Isso provoca obstrução da
via respiratória e desconforto respiratório momentâneo, com movimentos ventilatórios
nasais de “vai-e-vem” rápidos e desordenados, que permitem agitar as secreções e
medicações contidas no cavum.
 Após 1 ou 2 minutos as secreções podem ser eliminadas por tosse espontânea e por
deglutição, e quando isso não acontece o fisioterapeuta pode recorrer a tosse provocada.

PERIODICIDADE
Quando houver necessidade de remoção de desobstrução de vias aéreas.

RECURSOS NECESSÁRIOS
Humanos: Fisioterapeuta/Paciente.
Materiais/Equipamentos: Luvas de procedimento, avental descartável, máscara, óculos
de proteção, estetoscópio, touca, soro fisiológico (0,9% cloreto de sódio).
 Ferramentas e instrumentos: Protocolos de avaliação.

CUIDADOS ESPECIAIS
Grandes volumes de solução instilados podem gerar episódio breve de sufocação. Sugere-
se cautela em relação a isso e, caso ocorra, colocar a criança em posição sentada para
normalização da situação.
Nos casos em que o paciente não apresenta tosse reflexa ou eficaz, como nos casos de
crianças com afecções neurológicas e na presença de estridor laríngeo a técnica está contra
indicada.
DESVIOS E AÇÕES NECESSÁRIAS
Em caso de intercorrência clínica, comunicar e encaminhar imediatamente o paciente ao
Serviço de Enfermagem, e registrar o ocorrido em prontuário.

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POP 009-12 TÉCNICAS DE TOSSE

I. INFORMAÇÕES GERAIS

OBJETIVOS
Estabelecer, sistematizar e padronizar as diretrizes e os procedimentos para a utilização
das modalidades das técnicas de tosse.

DEFINIÇÃO
A tosse é um mecanismo de defesa quando há necessidade de expulsar o muco da árvore
traqueobrônquica proximal. Os tipos de tosse podem ser classificados em: Tosse provocada (TP)
ou estimulada, utilizada na criança pequena ou no indivíduo incapaz de realizá- la
espontaneamente, e Tosse Dirigida (TD) ou voluntária, que pode ser solicitada ao paciente
colaborativo. A TP está fundamentada no mecanismo de tosse reflexa, induzida pela estimulação
dos receptores mecânicos, situados na parede da traqueia extratorácica. Este reflexo é imaturo ao
nascimento (menos da metade dos recém-nascidos tem tosse por estimulação traqueal ou
laríngea) consolidando-se após algumas semanas e mantendo-se até 3 ou 4 anos, quando começa
a se atenuar. A TP está contraindicada na presença de estridor laríngeo e em casos de RNs
prematuros pelos riscos de colabamento da traqueia e de alterações da pressão intracraniana que
estes apresentam. A TD é um esforço de tosse voluntária solicitada pelo fisioterapeuta ao
paciente cooperante. Porém, na criança pequena, ainda que ela colabore, na maioria das vezes a
força necessária não é alcançada, e o fisioterapeuta pode torná-la mais eficaz exercendo uma
pressão manual de contenção no abdômen, a fim de otimizar a expulsão de ar dos pulmões. A
TD é recomendada a pacientes a partir de cinco anos de idade, e não é recomendada a pacientes
neuromusculares, com hiper-reatividade da musculatura lisa brônquica ou com instabilidade das
vias aéreas.

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II. DESCRIÇÃO DAS TAREFAS

ETAPAS DO PROCEDIMENTO
 Lavar as mãos.
 Utilizar equipamentos de proteção individual.
 Para TP, coloca-se a criança em decúbito dorsal ou elevada a 30º ou 45º. Coloca-se o
polegar perpendicularmente à traqueia, na região da fúrcula esternal. Com o dedo
posicionado, sem exercer pressão, procura-se suavemente a porção extratorácica mais
baixa da traqueia. O estímulo deve ser realizado, de preferência ao final da inspiração ou
no início da expiração por serem estes os momentos de maior volume pulmonar. A
pressão deve ser suave, mas aplicada de uma só vez. Em lactentes recomenda-se sustentar
o abdômen da criança com uma das mãos, impedindo a dissipação energética abdominal
e direcionando assim o fluxo para a região da traqueia, potencializando a tosse. Pode ser
repetida algumas vezes até a eliminação da secreção, mas é limitada pelo esgotamento do
reflexo.
 Para TD a tosse pode ser realizada na mesma postura que a TP ou com leve inclinação de
tronco e membros superiores relaxados. Orientar o paciente a realizar uma inspiração
profunda, seguido de fechamento da glote e contração dos músculos abdominais. A tosse
pode ser solicitada ao paciente em diferentes volumes pulmonares e o fisioterapeuta pode
auxiliar com uma pressão abdominal de contenção potencializando o efeito da expulsão
do ar.

PERIODICIDADE
Quando houver necessidade de desobstrução de vias aéreas proximais.

RECURSOS NECESSÁRIOS
Humanos: Fisioterapeuta/Paciente.
Materiais/Equipamentos: Luvas de procedimento, avental descartável, máscara, óculos
de proteção, estetoscópio e touca.
 Ferramentas e instrumentos: Protocolos de avaliação.

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CUIDADOS ESPECIAIS
Respeitar um intervalo de pelo menos uma a uma hora e meia após as refeições, em
função do risco de vômitos e broncoaspirações.

DESVIOS E AÇÕES NECESSÁRIAS


Em caso de intercorrência clínica, comunicar e encaminhar imediatamente o paciente ao
Serviço de Enfermagem, e registrar o ocorrido em prontuário.

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POP 009-13 ASPIRAÇÃO DE VIAS AÉREAS SUPERIORES

I. INFORMAÇÕES GERAIS

OBJETIVOS
Estabelecer, sistematizar e padronizar as diretrizes e os procedimentos para a remoção
passiva de secreções contidas nas vias aéreas superiores em pacientes incapazes de removê-las
ativamente.

DEFINIÇÃO

Introdução de uma sonda de aspiração via nasal e/ou oral, até a faringe, seguida da aplicação
de pressão negativa, a fim de remover passivamente as secreções contidas nas vias aéreas
superiores, mantendo sua permeabilidade.

II. DESCRIÇÃO DAS TAREFAS

ETAPAS DO PROCEDIMENTO
 Separação do material a ser utilizado (sonda de aspiração, luva estéril, seringa, soro
fisiológico).
 Uso de EPIs adequados (luvas, máscara cirúrgica, touca, avental e óculos de proteção).
 Verificação do sistema de aspiração.
 Higienização/lavagem das mãos.
Posicionar o paciente.
Realizar ausculta pulmonar.
 Monitorizar paciente com oxímetro de pulso sempre que possível.
 Pré-oxigenar o paciente quando estiver respirando em ar ambiente ou incrementar a FiO2
quando em oxigenoterapia.
 Introduzir a sonda por uma das narinas até a faringe, ou até desencadear reflexo de tosse,
durante a inspiração, com a pressão negativa desligada. (Sempre que possível,

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 medir/estimar previamente a extensão da sonda a ser inserida, considerando o tamanho e
comprimento da via aérea do paciente).
 Ligar a pressão negativa e retirar lenta e cuidadosamente a sonda, evitando movimentos
circulares, de modo que o procedimento não ultrapasse 15 segundos.
 Instilar SF 0,9% para fluidificar secreção, se necessário.
 Repetir o procedimento até remoção total ou suficiente das secreções.
 Ao final, aspirar resíduos de secreção remanescentes na cavidade oral.
Repetir ausculta pulmonar.
Descartar sonda, luvas e seringas utilizadas em local apropriado.
 Retornar paciente ao ar ambiente ou à oferta de oxigênio anteriormente ajustada.

HIGIENIZAÇÃO DO EQUIPAMENTO

Lavar a mangueira de silicone do aspirador com água destilada ou soro fisiológico, até
que todos os resíduos sejam depositados no vidro.

PERIODICIDADE
Após a realização de fisioterapia respiratória/manobras de higiene brônquica; na presença
de sinais de acúmulo de secreção provocando obstrução parcial ou total da via aérea, com
comprometimento do trabalho respiratório e oxigenação/ventilação pulmonar.

RECURSOS NECESSÁRIOS
Humanos: Fisioterapeuta
 Materiais/Equipamentos: estetoscópio; EPIs (máscara cirúrgica, avental, óculos, luvas
de procedimento, touca); luvas estéreis; oxímetro de pulso; sonda de aspiração, seringa
de 10 ou 20 ml; soro fisiológico 0,9%; fonte de oxigênio; balão autoinflável (ambu); kit
de aspiração (rede de vácuo ou ar comprimido) ou aspirador portátil.

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CUIDADOS ESPECIAIS

 Certificar-se de que o equipamento esteja em adequado funcionamento para sua


realização.
 Monitorizar o paciente antes, durante e logo após o procedimento.
 Checar a disponibilidade de oxigenoterapia e balão autoinflável (AMBU) no caso de
hipoxemia e/ou apneia.
 Quando disponível o sistema de aspiração a vácuo, limitar pressões negativas em 80-100
mmHg para neonatos e <150 mmHg para lactentes e crianças maiores.
 Escolher adequadamente o tamanho da sonda de aspiração de acordo com o tamanho e
idade da criança, a fim de evitar lesões da mucosa nasal.
 Considerar a necessidade de umidificação prévia das narinas com SF 0,9% ou gel
analgésico (sob orientação médica) para evitar lesões da mucosa nasal.
 Preferir uso de luva estéril na mão dominante, sempre que possível, sobretudo se houver
intenção de atingir traqueia (vias aéreas inferiores).

DESVIOS E AÇÕES NECESSÁRIAS


Em caso de intercorrência clínica, suspender procedimento e comunicar imediatamente
médico e enfermagem, e registrar o ocorrido em prontuário.
Em caso de não funcionamento adequado do equipamento, cancelar o procedimento e
solicitar troca e/ou reposição do mesmo.

OBSERVAÇÃO

A aspiração traqueal é função do fisioterapeuta, quando este a considerar necessária,


imediatamente após a realização de sua conduta fisioterapêutica, não sendo atribuição exclusiva
deste profissional, por ser uma técnica comum a todos os profissionais de saúde envolvidos no
cuidado ao paciente (COFFITO - ACÓRDÃO Nº 474, DE 20 DE MAIO DE 2016).

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POP 009-14 ASPIRAÇÃO ENDOTRAQUEAL COM VIA AÉREA ARTIFICIAL

I. INFORMAÇÕES GERAIS

OBJETIVOS
Estabelecer, sistematizar e padronizar as diretrizes e os procedimentos para a remoção de
secreções contidas nas vias aéreas inferiores em pacientes pediátricos com via aérea artificial
(tubo endotraqueal ou traqueostomia), submetidos à ventilação mecânica.

DEFINIÇÃO

Introdução de uma sonda de aspiração dentro da traqueia (através da VAA) seguida da


aplicação de pressão negativa (sistema de vácuo), a fim de remover passivamente as secreções
contidas nas vias aéreas inferiores, e evitar a obstrução da via aérea.

II. DESCRIÇÃO DAS TAREFAS

ETAPAS DO PROCEDIMENTO
 Separação do material: sonda de aspiração; par de luvas estéril; seringa com soro
fisiológico 0,9%; EPIs descartáveis – máscara, óculos de proteção, avental, touca.
 Escolha do cateter de acordo com a idade e/ou o diâmetro interno da VAA.
 Checar pressão negativa (sistema de aspiração a vácuo ou ar comprimido).
 Higienização/lavagem das mãos.
 Incrementar a FiO 2 do paciente (hiperoxigenação), 30 a 60 segundos antes do
procedimento.
o Crianças e adultos = FiO 2 100%
o Neonatos = incrementar 10 a 20% à FiO 2 ajustada
Realizar ausculta pulmonar.
 Desconectar paciente da ventilação mecânica se for o caso.

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 Proceder método de aspiração profunda ou superficial:
o Aspiração profunda: inserir a sonda, com a pressão negativa desligada, até um
obstáculo ou resistência e imediatamente prosseguir a retirada da sonda por 1 cm
antes de iniciar a sucção, realizando movimentos circulares.
o Aspiração superficial: inserir a sonda de aspiração, com a pressão negativa
desligada, até uma medida predeterminada (considerando o comprimento do tubo
dentro da via aérea), quando então se inicia a pressão negativa e retirada da sonda
com movimentos circulares.
 Instilar SF 0,9% se necessário, para fluidificar a secreção.
 Ventilar paciente manualmente com balão autoinflável, em caso de hipoxemia
importante, ou reconectar paciente à ventilação mecânica.
 Repetir o procedimento de aspiração até que a ausculta pulmonar evidencie remoção total
ou suficiente da secreção.
 Manter hiperoxigenação por pelo menos 1 minuto.
Descartar em lixo apropriado sonda, luvas e seringas utilizadas no procedimento.
 Retornar valor de FiO 2 para o ajustado anteriormente, assim que possível.

HIGIENIZAÇÃO DO EQUIPAMENTO

Lavar a mangueira de silicone do aspirador com água destilada ou soro fisiológico, até
que todos os resíduos sejam depositados no vidro.

PERIODICIDADE
Após realização de fisioterapia respiratória (manobras de higiene brônquica); na presença
de sinais de acúmulo de secreção; coleta de secreção traqueal para cultura.

RECURSOS NECESSÁRIOS
Humanos: fisioterapeuta
 Materiais/Equipamentos: estetoscópio; EPIs (máscara cirúrgica, avental, óculos, luvas
de procedimento, touca); luvas estéreis; oxímetro de pulso; sonda de aspiração; seringa

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de 10 ou 20 ml; soro fisiológico 0,9%; balão autoinflável (ambu); fonte de oxigênio; kit
de aspiração (rede de vácuo ou ar comprimido) ou aspirador portátil.

CUIDADOS ESPECIAIS

 Certificar-se de que o equipamento esteja em adequado funcionamento para sua


realização.
 Monitorizar o paciente antes, durante e logo após o procedimento.
 Considerar a necessidade de sedação junto à equipe médica.
 Não ultrapassar 15 segundos no evento de aspiração dentro da VAA.
 Quando disponível o sistema de aspiração a vácuo, limitar pressões negativas em 80-100
mmHg para neonatos e <150 mmHg para crianças e adultos.
 Escolher a sonda de aspiração adequada conforme sugestão abaixo:

Quadro 1 – Tamanho da sonda de aspiração conforme a idade.

Idade Tamanho da VAA Sonda de aspiração


RnPT 2,5 a 3,0 4–6
Rn termo 3,0 a 3,5 6–8
6 meses 3,5 a 4,0 6–8
1 ano 4 a 4,5 8
2 anos 4,5 a 5,0 8
4 anos 5,0 a 5,5 8
6 anos 5,5 10
8 anos 6,0 10
10 anos 6,5 10
12 anos 7,0 12
Adolescente 7,0 a 8,0 12

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DESVIOS E AÇÕES NECESSÁRIAS
 Em caso de intercorrência clínica, suspender o procedimento e comunicar médico e
enfermeiro, e registrar o ocorrido em prontuário.
 Em caso de não funcionamento adequado do equipamento, cancelar o procedimento e
solicitar troca e/ou reposição do mesmo.

OBSERVAÇÕES

 A aspiração traqueal é função do fisioterapeuta, quando este a considerar necessária,


imediatamente após a realização de sua conduta fisioterapêutica, não sendo atribuição
exclusiva deste profissional, por ser uma técnica comum a todos os profissionais de saúde
envolvidos no cuidado ao paciente (COFFITO - ACÓRDÃO Nº 474, DE 20 DE MAIO DE
2016).

 A coleta isolada de secreções para obtenção de cultura de secreção traqueal não é atribuição
do fisioterapeuta (COFFITO - ACÓRDÃO Nº 477, DE 20 DE MAIO DE 2016).

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POP 009-15 VENTILAÇÃO MECÂNICA NÃO INVASIVA

I. INFORMAÇÕES GERAIS

OBJETIVOS
Estabelecer, sistematizar e padronizar as diretrizes para ventilação mecânica não invasiva
no paciente pediátrico.

DEFINIÇÃO
A ventilação mecânica não invasiva (VMNI) é utilizada em pacientes que necessitam
aumentar ventilação alveolar sem a necessidade de introdução de via aérea artificial. A VMNI
tem como objetivos melhorar a fadiga muscular, melhorar a capacidade residual funcional,
através da diminuição de áreas de atelectasias, melhorar a troca gasosa e evitar a introdução de
via aérea artificial.

II. DESCRIÇÃO DAS TAREFAS

ETAPAS DO PROCEDIMENTO

 No modo ventilatório CPAP uma pressão maior do que a pressão atmosférica é aplicada
durante todo o ciclo, sem aumento de pressão durante a fase inspiratória. O CPAP
mostra-se como boa alternativa para manutenção da capacidade residual funcional,
reduzir áreas de shunt pulmonar e contrabalancear PEEP intrínseca. Seu uso requer que o
paciente seja capaz de ventilar espontaneamente, os parâmetros ajustáveis são a fração
inspirada de oxigênio, pressão expiratória positiva e, em alguns aparelhos, o fluxo.
 A VMNI no modo ventilatório com dois níveis de pressão (BiPAP) envolve uma
assistência inspiratória, na qual uma pressão maior do que a pressão expiratória é
aplicada à via aérea.
 Os aparelhos de ventilação mecânica (VM) desenhados especificamente para fornecer a
VNIPP fornecem uma pressão positiva inspiratória na via aérea (IPAP) e uma pressão
expiratória positiva na via aérea (EPAP). Sendo a IPAP sinônimo de pressão positiva

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inspiratória (PIP) e a EPAP (nível de pressão expiratória) é sinônimo de pressão
expiratória final positiva (PEEP). Nos aparelhos de VPM, utilizados em cuidados
intensivos, o parâmetro da PIP está acima do nível da PEEP.
 Em ambos os modos ventilatórios, dependendo do aparelho de VM, é possível associar
uma pressão de suporte. A diferença entre a IPAP e EPAP representa o nível de suporte
de pressão não invasiva, o que irá determinar o volume corrente do paciente. A
frequência respiratória espontânea pode é influenciada pelo gatilho da respiração
selecionado, pelo que dirige o fluxo de gás e pelo término da respiração.
 Todos os modos ventilatórios aplicados na VM invasiva podem ser utilizados para a
VNIPP, dentre eles estão:
 Pressão de suporte: paciente desencadeia o gatilho, limitado a pressão, ciclado a fluxo.
 Pressão assistida: paciente desencadeia o gatilho, limitado a pressão, ciclado a tempo.
 Pressão controlada: aparelho desencadeia o gatilho, limitado a pressão, ciclado a tempo.
 Volume assistido: paciente desencadeia o gatilho, limitado a fluxo, ciclado a volume.
 Volume controlado: aparelho desencadeia o gatilho, limitado a fluxo, ciclado a volume.
 O paciente que inicia a inspiração ao vencer a sensibilidade do aparelho e o ventilador
oferecerá o suporte necessário para se completar o nível de inspiração desejado. O final
da inspiração ocorre quando o ventilador detecta queda no fluxo inspiratório abaixo de
determinada percentagem ou de determinado valor de pressão.
 Além de um ventilador mecânico, precisa-se de uma interface para aplicar a VMNI: a
máscara ou pronga. As regiões onde há o contado da máscara ou pronga nasal deve ser
monitorada de modo a aliviar a pressão evitando ulcerações e lesões cutâneas.
Recomenda-se a troca de máscaras para alívio dos pontos de pressões.
Máscaras
 A máscara pode ser facial (compreendendo nariz e boca), nasal ou capacete, de diversas
formas e tamanhos, inclusive com proteção em áreas de pressão (p. ex., protetores
nasais). São acopladas à face por meio de fitas elásticas, no formato de um “capacete” ou
“cabresto”, e sua adequação ao paciente representa sucesso ou insucesso no
procedimento, evidenciando a importância de se dispor de certa variedade de máscaras. O
ventilador é montado de forma semelhante para a ventilação invasiva, o tubo Y se

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conecta a máscara. O nível de pressão da fixação da máscara deve ser o mínimo que não
permita vazamento de ar.
Pronga nasal
 O ventilador mecânico é conectado nas fontes de ar comprimido e oxigênio. Do copo
umidificador conecta-se o ramo inspiratório do ventilador. O ramo inspiratório conecta-se
a pronga nasal. O ramo exalatório do ventilador é conectado na entrada da válvula PEEP
do aparelho de ventilação mecânica.
 O sensor de monitoração de pressão vem incluso nos kits de prongas nasais. Uma
extremidade desta deve ser conectada no local específico do ramo exalatório do circuito.
A outra extremidade é conectada no local de medida da pressão do aparelho de ventilação
mecânica.

PERIODICIDADE
Conforme avaliação do profissional habilitado.

RECURSOS NECESSÁRIOS
 Humanos: Paciente/Fisioterapeuta
 Materiais/Equipamentos: Luva de procedimento, Kit VNI composto por circuitos,
pronga e touca de tamanho adequado, placa de hidrocoloide na região nasal, e ventilador
mecânico com modo VNI.

CUIDADOS ESPECIAIS

 O paciente deve estar monitorizado em relação à pressão arterial, saturação periférica de


oxigênio pressão, além da vigilância de membros da equipe e/ou familiares para
rebaixamento do nível de consciência, vômitos, sudorese e desconforto respiratório.

 A VMNI é contra indicada em casos de:


 cirurgia, trauma ou deformidade facial (impeditivos do uso da máscara);
 obstrução total de vias aéreas superiores;
 ausência de reflexo de proteção de via aérea;

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 hipersecreção respiratória;
 alto risco de broncoaspiração (vômitos ou hemorragia digestiva alta);
 pneumotórax não drenado;
 hemoptise e epistaxe;
 arritmia cardíaca e instabilidade hemodinâmica;
 agitação, confusão, e ansiedade;
 intolerância ao tratamento por parte do paciente.

 Os parâmetros iniciais sugeridos pelo consenso de ventilação pulmonar mecânica


pediátrica e neonatal estão descritos nos quadros 2 e 3.

DESVIOS E AÇÕES NECESSÁRIAS

 Vazamentos ou não pressurização do sistema:


 Ação necessária: verificar a montagem do aparelho e circuito, reajuste ou troca da
máscara ou pronga nasal.

 Vômitos, rebaixamento de consciência, distensão abdominal ou aerofagia:


 Ação necessária: retirada do aparelho.

 Queda na saturação periférica de oxigênio


 Ação necessária: aumentar a FiO2, avisar ao médico do setor sobre o ocorrido e
auxiliá-lo caso seja necessária a intubação.

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Quadro 2 – Parâmetros iniciais para pacientes pediátricos.

Legenda: IPAP = pressão inspiratória positiva; EPAP= pressão expiratória positiva final; cpm= ciclos por minuto. * Recém -nascidos: 01
constante de tempo = 0,15 segundos; Lactente: 01 constante de tempo = 0,20 segundos. São necessárias de 03 a 05 constantes de tempo para que
ocorra o equilíbrio de pressões nos pulmões, para que ocorram as trocas gasosas.
Fonte: Associação de Medicina Intensiva Brasileira. Ventilação não Invasiva com Pressão Positiva – Vnipp. Consenso Ventilação Pulmonar
Mecânica em Pediatria/Neonatal. Disponível em: http://www.sbp.com.br/departamentos-cientificos/terapia-intensiva.

Quadro 3 - Parâmetros iniciais para pacientes neonatais.

Legenda: IPAP = pressão inspiratória positiva; EPAP= pressão expiratória positiva final; CPAP= pressão continua nas vias aéreas; cpm= ciclos
por minuto. * Recém-nascido: 01 constante de tempo = 0,15 segundos; Lactente: 01 constante de tempo = 0,20 segundos. São necessárias de 03 a
05 constantes de tempo para que ocorra o equilíbrio de pressões nos pulmões, para que ocorram as trocas gasosas.
Fonte: Associação de Medicina Intensiva Brasileira. Ventilação não Invasiva com Pressão Positiva – Vnipp. Consenso Ventilação Pulmonar
Mecânica em Pediatria/Neonatal. Disponível em: http://www.sbp.com.br/departamentos-cientificos/terapia-intensiva.

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POP 009-16 ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NA RESSUCITAÇÃO
CARDIOPULMONAR

I. INFORMAÇÕES GERAIS

OBJETIVOS
Descrever a atuação do profissional fisioterapeuta mediante a parada cardiorrespiratória
(PCR), mais especificamente nas compressões torácicas e na ventilação, junto à equipe
multidisciplinar geralmente composta por fisioterapeutas, médicos e enfermeiros, quando é
muito importante o trabalho organizado e rápido da equipe, pois cada segundo numa PCR é
essencial para a sobrevivência e a qualidade de vida dos pacientes.

DEFINIÇÃO
Parada cardíaca é a cessação da atividade mecânica cardíaca clinicamente detectável pela
falta de resposta a estímulos, apneia ou respiração agônica e ausência de pulsos centrais
detectáveis. A ressucitação cardiopulmonar (RCP) de alta qualidade é a base do suporte básico e
avançado de vida para o tratamento da parada cardíaca. Até a chegada do desfibrilador, um
membro da equipe deve realizar compressões torácicas de alta qualidade associadas às
ventilações.

II. DESCRIÇÃO DAS TAREFAS

ETAPAS DO PROCEDIMENTO
 COMPRESSÃO TORÁCICA
 Na identificação de uma criança que não responde a estímulos ou em gasping,
chamar auxílio e tentar identificar pulso.
 Se não houver pulso iniciar compressões com 1/3 da profundidade do tórax, em
uma frequência maior ou igual a 100 compressões por minuto, permitindo o retorno
completo da caixa torácica após as compressões; no caso de apenas um reanimador,
com crianças menores de oito anos, realizar duas ventilações a cada 30
compressões e quando dois reanimadores duas ventilações a cada 15 compressões;

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em crianças maiores de oito anos realizar sempre duas ventilações a cada trinta
compressões.
 Sempre minimizar as interrupções e não hiperventilador a criança.
 Realizar as compressões conforme as figuras a seguir:

Figura 2 - Ressucitação utilizando apenas dois dedos, na distância de dois dedos acima do
processo xifoide do esterno, no caso de um reanimador.
Fonte: Berg M D et al. Circulation 2010; 122: S862-S875.

Figura 3 – Ressucitação utilizando as duas mãos, envolvendo o tórax da criança quando houver
dois reanimadores.
Fonte: Berg M D et al. Circulation 2010; 122: S862-S875.

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Figura 4 – Compressões em crianças maiores de oito anos.
Fonte: Berg M D et al. Circulation 2010; 122: S862-S875.

 Realizar checagem do pulso a cada 2 minutos de RCP.

 VENTILAÇÃO

Nos casos de PCR deve-se sempre obter uma via aérea patente, quando necessário
realizar a desobstrução das vias aéreas antes da ventilação com auxilio de um aspirador quando
na presença de vômitos ou secreção.
A Bolsa-Válvula Auto-Inflável (AMBU) deve estar conectada a uma fonte de oxigênio e
a uma máscara (tamanho adequado para cada paciente) que deve estar bem acoplada à face da
criança (figura 4), observando sempre a expansão simétrica do tórax, ausculta bilateral do
murmúrio vesicular, coloração e perfusão do paciente; quando houver sonda nasogástrica mantê-
la aberta para evitar a hiperdistensão gástrica por possível aerofagia, que prejudica a
expansibilidade pulmonar.

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Figura 5 – Acoplamento correto da mascara/AMBU no paciente.
Fonte: Berg M D et al. Circulation 2010; 122: S862-S875.

RECURSOS NECESSÁRIOS
 Humanos: Fisioterapeuta e equipe multidisciplinar.
 Materiais/Equipamentos: luvas de procedimento, máscara cirúrgica, óculos, bolsa de
reanimação auto-inflável com máscara, fonte de oxigênio, monitor cardíaco e oxímetro
de pulso.

CUIDADOS ESPECIAIS

Certificar-se de que há disponível o mínimo de material necessário para realizar


principalmente a ventilação adequada e monitorização.

DESVIOS E AÇÕES NECESSÁRIAS


O fisioterapeuta deve sempre comunicar a equipe multidisciplinar quando observar uma
PCR, solicitando o auxílio da mesma e se prontificar a auxiliar na RCP naquilo que é habilitado
(manobra de compressão cardíaca e ventilação artificial).

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POP 009-17 DESMAME E EXTUBAÇÃO

I. INFORMAÇÕES GERAIS

OBJETIVOS
Estabelecer, sistematizar e padronizar as diretrizes e os procedimentos necessários para o
desmame e a extubação de pacientes pediátricos.

DEFINIÇÃO
O termo desmame da ventilação mecânica é definido como o processo de retirada,
abrupta ou parcial, do paciente em ventilação artificial para ventilação espontânea. Estudos
demonstram que o processo de desmame da ventilação mecânica corresponde a 40% do tempo
do tempo em ventilação mecânica. Seu sucesso é obtido quando o paciente permanece por tempo
superior a 24 horas sem necessidade de retornar a ventilação artificial.

A descontinuação da ventilação invasiva deve ser buscada o mais rápido possível tão logo
o paciente atinja estabilidade clínica. O tempo prolongado de VMI está associado à pneumonia,
escape de ar, displasia broncopulmonar, instabilidade cardiovascular, maior tempo de
permanência hospitalar e aumento da mortalidade.

II. DESCRIÇÃO DAS TAREFAS

ETAPAS DO PROCEDIMENTO
 Verificar se o paciente atende aos critérios de desmame:
 Resolução do quadro que indicou VMI;
 Oxigenação apropriada com PaO2 ≥ 60mmHg e SaO2 ≥ 94% com FiO2 ≤ 0,5,
PIP ≤ 20 e PEEP ≤ 5, sem aumento de suporte ventilatório nas últimas 24h;
 Estabilidade hemodinâmica, independência de vasopressores e ausência de
arritmias graves;
 Estado neurológico apropriado (Glasgow ≥ 11 ou Ramsay ≤ 3);

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 Capacidade de iniciar esforço inspiratório sem desconforto (menor que 60 no
lactente, 40 na criança e 30 no adolescente);
 Reflexo de tosse;
 Nível de hemoglobina ≥ 8mg/dl em crianças e ≥12 mg/dl em neonatos;
 pH entre 7,32 e 7,47;
 Correção de sobrecarga hídrica;
 Eletrólitos séricos normais;
 Ausência de intervenção cirúrgica para as próximas 24h.

RETIRADA BRUSCA

Geralmente ocorre quando os pacientes não estão em quadro de insuficiência respiratória


e possuem boas condições clínicas. O uso de ventilação mecânica invasiva faz-se necessário
devido pós-operatório de cirurgias complexas ou uso de anestésicos para procedimentos.

REDUÇÃO DOS PARÂMETROS VENTILATÓRIOS

Segundo dados da literatura, o método mais utilizado para o desmame em pediatria é a


redução gradativa de parâmetros ventilatórios. Opta-se pela redução dos níveis de Pressão
Inspiratória Positiva e Fração Inspirada de Oxigênio; estudos sugerem 1 a 2 cmH2 0 e 10% da
FiO2 a cada 4 horas. Em caso de desconforto do paciente, alterações dos sinais vitais e/ou
alterações gasométricas, deve-se retornar aos parâmetros iniciais e aguardar 24 horas para a nova
tentativa.

DESMAME GRADUAL EM TUBO “T”

Conecta-se uma peça no formato de T à via aérea artificial do paciente (cânula


orotraqueal ou traqueostomia). Em uma extremidade é ofertado oxigênio enquanto a outra fica
livre. O paciente deve ser monitorizado ininterruptamente, os períodos de retirada geralmente se
iniciam por 5 a 10 minutos intercalando com período de descanso no ventilador, progredindo até
duas horas.

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O desmame com peça T pode aumentar o trabalho respiratório, uma vez que o paciente
tem que vencer a resistência da cânula orotraqueal para realizar a respiração. O aumento do
esforço pode levar ao insucesso do desmame

VENTILAÇÃO MANDATÓRIA INTERMITENTE (IMV) E VENTILAÇÃO


MANDATORIA INTERMITENTE SINCRONIZADA (SIMV)

Esse modo de ventilação permite ao paciente realizar ciclos espontâneos entre os ciclos.
As ventilações controladas podem ser sincronizadas com esforço do paciente (SIMV) ou não
(IMV).

O modo IMV é mais utilizado em crianças com peso inferior a 15 kg. É ofertado por
aparelhos limitados à pressão, ciclados a tempo ou com fluxo contínuo. A frequência respiratória
é ajustada e não é necessário esforço inspiratório do paciente para disparar o aparelho.

Na SIMV ajusta-se a frequência e o modo de ventilação, o paciente pode realizar


respirações espontâneas dentro das primeiras janelas de tempo, porém o esforço deve ser
superior à sensibilidade do aparelho. Esse modo de ventilação aumenta as chances de fadiga
muscular e aumenta a chance de retorno ao modo controlado para repouso do paciente.

PRESSÃO DE SUPORTE

A pressão de suporte é ofertada no momento em que o paciente realiza esforço para


disparar o ventilador, a ciclagem ocorre a fluxo e há a oferta de PEEP e fração inspirada de
oxigênio definidas pelo profissional. O volume, fluxo, frequência, tempo inspiratório e
expiratório são variáveis de acordo com as demandas do paciente.

A pressão de suporte deve ser reduzida progressivamente e deve-se respeitar a tabela de


pressão mínima de acordo com o tamanho do tubo orotraqueal:

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Tabela 1 - Relação entre pressão de suporte mínima e o tamanho do tubo orotraqueal.

Tamanho do tubo orotraqueal Pressão de suporte

3,0-3,5 10

4,0-4,5 8

>5,0 6

FALHA NO DESMAME

Os principais sinais e sintomas de falha no desmame são: SpO2 ≤ 90%, sudorese,


agitação, alteração do nível de consciência, aumento do esforço respiratório, FC com aumento
superior a 40bpm do basal.
Alguns fatores predispõem a falha no desmame como, por exemplo: crianças de baixa
idade (principalmente menores de seis meses) pela alta complacência da caixa torácica, baixa
elasticidade e alta resistência de vias aéreas, o que ocasiona maior esforço respiratório e risco de
atelectasias, uso prolongado de analgésicos e sedativos, alta pressão média de vias aéreas, índice
de oxigenação > 0,45; uso de drogas vasoativas, altas concentrações de oxigênio e mau estado
nutricional.

TRAQUEOSTOMIA

Em adultos há indicação para traqueostomia quando o tempo de ventilação invasiva é


prolongado, pois estudos sugerem que há benefícios durante o desmame. Em crianças, não há
consenso sobre a sua realização.

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VENTILAÇÃO MECÂNICA NÃO INVASIVA

O tempo de desmame prolongado está associado a maior risco de complicações


associadas à ventilação, por outro lado, a extubação precoce e a necessidade de reintubação são
um problema relativamente frequente em UTI. A introdução da ventilação não invasiva de forma
precoce nesses pacientes parece-nos bastante atrativa. O objetivo seria diminuir o tempo de
desmame e, portanto, complicações associadas à ventilação, e impedir a necessidade de
reintubação. Estudos recentes relatam que ventilação não invasiva foi utilizada como principal
modo de ventilação em crianças com infecção do trato respiratório baixo (principalmente em
bronquiolite e pneumonia), em insuficiência respiratória aguda e crônica ou para evitar a
reintubação.

A ventilação mecânica não invasiva utiliza de máscaras nasais, faciais e prongs nasais
para promover suporte ventilatório.

EXTUBAÇÃO

Materiais
 Equipamentos de proteção individual luvas, máscara, óculos e capote nos casos de
paciente em precaução de contato.

 Seringa de 20 para desinsuflar o balonete de Cuff.

 Material para aspiração (rede de vácuo, solução fisiológica, luva estéril e sonda).

 Material para nebulização por máscara facial, caixa de Hood, cateter nasal tipo óculos ou
máscara/pronga para ventilação não invasiva.

Procedimentos

 Certificar-se que o paciente está monitorizado.

 Realizar aspiração endotraqueal, seguida de aspiração nasotraqueal e cavidade oral prévia


a extubação.

 Aumentar a FiO2 para 100%.

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 Retirada das fixações do tubo.

 Desinsuflar o balonete de Cuff.

 Remover o tubo.

 Instalar suporte de oxigênio.

 Quando possível solicitar tosse voluntária e avaliar a necessidade de aspiração pós


extubação.

 Registro do horário da extubação no prontuário.

DESVIOS E AÇÕES NECESSÁRIAS


 Processos de desmame podem aumentar o trabalho respiratório levando a necessidade de
interromper o processo e retornar a parâmetros anteriores de ventilação.
 Em caso de intercorrência clínica, comunicar e encaminhar imediatamente o paciente ao
Serviço de Enfermagem, e registrar o ocorrido em prontuário.
 Em caso de não funcionamento adequado do equipamento, cancelar o procedimento e
solicitar troca e/ou reposição do mesmo.

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REFERENCIAIS TEÓRICOS

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Ventilação Mecânica. Consenso Ventilação Pulmonar Mecânica em Pediatria/Neonatal.
Disponível em: <http://www.sbp.com.br/departamentos-cientificos/terapia-intensiva/ acesso:
20/03/2016>.

ASSOCIAÇÃO DE MEDICINA INTENSIVA BRASILEIRA. Ventilação não Invasiva com


Pressão Positiva – Vnipp. Consenso Ventilação Pulmonar Mecânica em Pediatria/Neonatal.
Disponível em: <http://www.sbp.com.br/departamentos-cientificos/terapia-intensiva/ acesso:
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BARCELLOS, P. G. Hiperinsuflação manual em pediatria. In: Associação Brasileira de


Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em Terapia Intensiva; Martins, J. A.;
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Fisioterapia Pediátrica e Neonatal: Cardiorrespiratória e Terapia Intensiva: Ciclo 3. Porto Alegre:
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Circulation. S862-77. 2010.

BRASIL. CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL.


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Acórdão nº477, de 20 de maio de 2016. Dispõe sobre o papel do Fisioterapeuta na coleta de
secreção traqueal para cultura. Disponível em: https://www.coffito.gov.br/nsite/?p=5082.

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EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH
HOSPITAL UNIVERITÁRIO MARIA APARECIDA PEDROSSIAN
Avenida Senador Filinto Muller, 355
Cidade Universitária, Vila Ipiranga | CEP: 79080-190 | Campo Grande-MS |
Telefone: (67) 3345-3000 | Site: www. ebserh.gov.br

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