Você está na página 1de 110

Modelação Sísmica para Diferentes Rigidezes

Fendilhadas

Hugo Miguel da Silva Barreto dos Santos

Dissertação para a obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Civil

Orientador: Prof. Doutor José Manuel Matos Noronha da Camara

Júri

Presidente: Prof. Doutor Luís Manuel Coelho Guerreiro


Orientador: Prof. Doutor José Manuel Matos Noronha da Camara
Vogal: Prof. Doutor António José da Silva Costa

Outubro 2016
Agradecimentos

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer ao Prof. Camara, por ter aceite orientar este trabalho,
demonstrando sempre acessibilidade e disponibilidade para o esclarecimento de dúvidas,
procurando sempre o enquadramento do tema no contexto da engenharia de estruturas.

Gostaria de agradecer também aos meus amigos e colegas de curso, pela amizade e pela ajuda
ao longo do meu percurso académico.

Queria também agradecer a toda a minha família, em especial aos meus pais, pelo apoio ao
longo de toda a minha formação e me terem dado todas as condições para poder estudar, e à
minha avó Firmina, por me ter recebido em Lisboa.
Resumo

Neste trabalho aborda-se a modelação sísmica de estruturas de betão armado considerando na


análise diferentes valores de rigidez em cada elemento. O Eurocódigo 8 estipula que a rigidez a
considerada na análise sísmica deve ser a rigidez secante no inicio da cedência das armaduras,
e, portanto, deve incluir o efeito da fendilhação. A mesma norma indica que a rigidez a utilizar na
análise pode ser considerada uniforme em toda a estrutura e igual a metade da rigidez não
fendilhada. Contudo, a perda de rigidez depende dos valores de esforço axial reduzido e da
percentagem de armadura adoptada. Deste modo, a rigidez a usar na análise não deverá ser
uniforme em toda a estrutura. Além disso, sabe-se também que a perda de rigidez por
fendilhação deverá ser superior a 50% da rigidez não fendilhada.

Começa-se por apresentar alguns princípios básicos do dimensionamento de edifícios à acção


sísmica, referindo a importância da rigidez da estrutura. Refere-se que a perda de rigidez no
início da cedência pode ser determinada recorrendo à relação momento-curvatura.

Realiza-se uma análise de secções genéricas, correntemente usadas em paredes e pilares (em
estruturas de betão), determinando a rigidez no ponto de cedência, para diferentes valores de
esforço axial reduzido e percentagem de armadura e comparando os valores obtidos com o
proposto no EC8.

Por fim, analisa-se e dimensiona-se um edifício considerando a simplificação proposta no


Eurocódigo 8 e as perdas de rigidez estimadas no capítulo referente à análise de secções,
discutindo-se os resultados obtidos.

Palavras-chave: Rigidez, fendilhação, relação momento-curvatura, análise sísmica,


dimensionamento sísmico

i
ii
Abstract

The aim of this work is to study the seismic design of reinforced concrete buildings using different
values of cracked stiffness in each resistant element. Eurocode 8 indicates that the stiffness of
concrete members used in analysis should correspond to the initiation of yielding of the
reinforcement, and should take into account the effect of cracking. Eurocode 8 also states that it
is permitted to take that stiffness as equal to 50% of the uncracked stiffness, in every member of
the structure. However, since the cracked stiffness of a certain concrete member is influenced by
the axial force and reinforcement ratios, it is safe to assume that the loss of stiffness should not
be considered uniform in every concrete member. Moreover, it is known that the loss of stiffness
due to cracking should be higher than 50% of the corresponding stiffness of the uncracked
member.

A summary of some basic principles of seismic design of reinforced concrete structures is


presented. Also, it is shown how the stiffness corresponding to the initiation of yielding can be
determined using the moment-curvature relation.

Furthermore, it will be discussed whether or not the simplification suggested in Eurocode 8


constitutes a good approximation to estimate the cracked stiffness in different types of structural
members.

Finally, an evaluation is made comparing the differences between designing a structure


considering the effective stiffness in each concrete member and designing the same structure
considering a loss of stiffness uniform in every concrete member.

Keywords: Stiffness, cracking, moment-curvature diagram, seismic analysis, seismic design

iii
iv
Índice

Lista de Tabelas ............................................................................................................................ix


Lista de Figuras .............................................................................................................................xi
Simbologia ................................................................................................................................... xiii
1. Introdução .............................................................................................................................. 1
1.1. Enquadramento e Objectivos ........................................................................................ 1

1.2. Organização da Dissertação ......................................................................................... 2

2. Características da Resposta de uma Estrutura de Betão Armado à Acção Sísmica ........... 3


2.1. Acção Sísmica em Estruturas ....................................................................................... 3

2.2. Definição da Acção Sísmica .......................................................................................... 6

2.2.1. Tipo de terreno e zonamento sísmico do território ................................................ 6


2.2.2. Definição da acção sísmica ................................................................................... 7
2.3. Filosofia EC8 ................................................................................................................. 9

2.4. Concepção de Edifícios ................................................................................................. 9

2.4.1. Princípios básicos de concepção .......................................................................... 9


2.4.2. Elementos primários e secundários .................................................................... 10
2.5. Comportamento não Linear ......................................................................................... 10

2.5.1. Introdução ............................................................................................................ 10


2.5.2. Comportamento mecânico do betão ................................................................... 12
2.5.3. Fendilhação ......................................................................................................... 12
2.5.4. Dissipação de energia e ductilidade .................................................................... 17
2.5.5. Dimensionamento por capacidade real ............................................................... 19
2.6. Análise Estrutural ........................................................................................................ 21

2.6.1. Análise modal por espectro de resposta ............................................................. 21


2.6.2. Componentes horizontais da acção sísmica ....................................................... 21
2.6.3. Cálculo de deslocamentos .................................................................................. 21
2.7. Rigidez Fendilhada ...................................................................................................... 22

2.7.1. Introdução ............................................................................................................ 22


2.7.2. Flexão simples e composta ................................................................................. 23
2.7.3. Rigidez na cedência ............................................................................................ 24
2.8. Verificação de segurança ............................................................................................ 26

2.8.1. Estado limite último ............................................................................................. 26


2.8.2. Estado de limitação de danos ............................................................................. 28
2.8.3. Âmbito e restrições da EN 1998-1 em edifícios de betão armado ...................... 28
2.8.4. Capacidade de dissipação de energia e classes de ductilidade ......................... 29
2.8.5. Tipos de sistemas estruturais .............................................................................. 29

v
2.8.6. Coeficiente de comportamento ........................................................................... 30
2.8.7. Condição de ductilidade local .............................................................................. 30
2.8.8. Cálculo de capacidades resistentes para a classe DCM .................................... 31
3. Cálculo da Rigidez na Cedência: Análise de Secções ....................................................... 33
3.1. Introdução .................................................................................................................... 33

3.2. Relações Constitutivas dos Materiais ......................................................................... 34

3.2.1. Betão ................................................................................................................... 34


3.2.2. Aço....................................................................................................................... 35
3.3. Materiais Utilizados ..................................................................................................... 35

3.4. Procedimento para Determinar a Rigidez na Cedência .............................................. 36

3.5. Métodos EC8-2............................................................................................................ 39

3.5.1. Método 1 .............................................................................................................. 39


3.5.2. Método 2 .............................................................................................................. 39
3.6. Análise de Secções de Pilares .................................................................................... 40

3.7. Análise de Secções de Paredes ................................................................................. 44

3.8. Comparação Entre os Resultados Obtidos com o Gala e Método 2 .......................... 47

3.9. Considerações ............................................................................................................. 50

4. Análise e Dimensionamento Estrutural ............................................................................... 51


4.1. Introdução .................................................................................................................... 51

4.2. Descrição da Estrutura ................................................................................................ 51

4.3. Materiais ...................................................................................................................... 52

4.4. Acções ......................................................................................................................... 53

4.4.1. Acções permanentes ........................................................................................... 53


4.4.2. Ações variáveis ................................................................................................... 53
4.4.3. Acção sísmica ..................................................................................................... 53
4.5. Combinações ............................................................................................................... 54

4.5.1. Combinação fundamental ................................................................................... 54


4.5.2. Combinação sísmica ........................................................................................... 54
4.6. Modelação ................................................................................................................... 54

4.7. Análise de Resultados ................................................................................................. 55

4.7.1. Análise modal ...................................................................................................... 55


4.7.2. Definição da acção sísmica de projecto .............................................................. 56
4.8. Verificações Preliminares ............................................................................................ 59

4.8.1. Estado limite de limitação de danos .................................................................... 59


4.8.2. Efeitos de segunda ordem .................................................................................. 60

vi
4.9. Dimensionamento Estrutural ....................................................................................... 61

4.9.1. Dimensionamento das paredes dúcteis .............................................................. 61


4.9.2. Dimensionamento das vigas ............................................................................... 66
4.9.3. Dimensionamento dos pilares P1 e P2 ............................................................... 71
4.10. Considerações ......................................................................................................... 77

5. Conclusões .......................................................................................................................... 79
6. Referências Bibliográficas ................................................................................................... 81
Anexos ......................................................................................................................................... 83
Anexo A.1 Tabelas usadas no traçado dos gráficos do Capítulo 3 ........................................ 83

vii
viii
Lista de Tabelas

Tabela 3.1 - Valores de εc1 e εcu1 para o betão C30/37. .............................................................. 35


Tabela 3.2 - Propriedades do betão C30/37 e do aço A500NR. ................................................ 35
Tabela 3.3 - Características da secção. ...................................................................................... 36
Tabela 3.4 - Tensões calculadas recorrendo a tabelas. ............................................................. 37
Tabela 4.1 - Valores a considerar para os parâmetros que definem o espectro de resposta
elástico horizontal. ....................................................................................................................... 53
Tabela 4.2 - Perda de rigidez considerada em cada elemento, na segunda análise. ................ 55
Tabela 4.3 - Frequências, períodos e factores de participação de massa em ambas as análises.
..................................................................................................................................................... 56
Tabela 4.4 - Forças de corte basal nos diferentes elementos resistentes. ................................ 57
Tabela 4.5 - Avaliação da contribuição dos pilares pertencentes ao sistema de laje fungiforme.
..................................................................................................................................................... 58
Tabela 4.6 - Valor básico do coeficiente de comportamento em cada direcção. ....................... 58
Tabela 4.7 - Deslocamento entre pisos e verificação do estado limite de serviço. .................... 59
Tabela 4.8 - Cálculo do coeficiente de sensibilidade θ. .............................................................. 60
Tabela 4.9 - Determinação do factor 1/(1-θ). .............................................................................. 60
Tabela 4.10 - Esforços actuantes na base da parede. ............................................................... 63
Tabela 4.11 - Esforços de tracção e compressão calculados com o método dos pilares fictícios.
..................................................................................................................................................... 63
Tabela 4.12 - Armadura vertical adoptada nos elementos de extremidade e momento
resistente. .................................................................................................................................... 64
Tabela 4.13 - Armadura vertical adoptada em toda a parede. ................................................... 64
Tabela 4.14 - Dimensionamento ao esforço transverso e armadura horizontal adoptada. ........ 65
Tabela 4.15 - Cálculo da armadura longitudinal para a tramo AB da Viga 1, para as análises 1 e
2. .................................................................................................................................................. 68
Tabela 4.16 - Armadura adoptada na viga. ................................................................................. 69
Tabela 4.17 - Valores de cálculo do esforço transverso. ............................................................ 69
Tabela 4.18 - Armadura transversal adoptada nas zonas críticas. ............................................. 70
Tabela 4.19 - Dispensa de armadura transversal. ...................................................................... 70
Tabela 4.20 - Momentos resistentes mínimos para os pilares, para garantir o princípio “coluna
forte/viga fraca”............................................................................................................................ 74
Tabela 4.21 - Armaduras adoptadas e momentos resistentes nos pilares, no primeiro piso. .... 75
Tabela 4.22 - Armaduras adoptadas e momentos resistentes nos pilares, nos restantes pisos.
..................................................................................................................................................... 75
Tabela 4.23 - Determinação do esforço transverso de cálculo ................................................... 76
Tabela 4.24 - Dimensionamento ao esforço transverso. ............................................................ 77

ix
x
Lista de Figuras

Figura 2.1 - Sistema com um grau de liberdade [4] ...................................................................... 3


Figura 2.2 - Factor de amplificação dinâmica [6] .......................................................................... 5
Figura 2.3 - Espectro de resposta de aceleração [4] .................................................................... 6
Figura 2.4 - Curva tensão-extensão para o betão à compressão [8].......................................... 12
Figura 2.5 - Curva tensão-extensão para o betão à tracção. Adaptado de [9] ........................... 12
Figura 2.6 - Tirante de betão armado [8] .................................................................................... 13
Figura 2.7 - Distância, s, necessária para reestabelecer um estado de tensão capaz de formar
uma nova fenda [8] ...................................................................................................................... 13
Figura 2.8 - Tensões e deformações nas armaduras e no betão, na fase estabilizada [8] ........ 14
Figura 2.9 - Relação entre o esforço axial e a deformação de um tirante [8] ............................. 15
Figura 2.10 - Relação momento curvatura para flexão simples, desde a fase elástica à rotura [9]
..................................................................................................................................................... 15
Figura 2.11 e 2.12 - Aumento de curvatura provocado pela fendilhação (esquerda) e realação
momento-curvatura média (direita) [8] ........................................................................................ 16
Figura 2.13 - Diagramas força-deslocamento ............................................................................. 17
Figura 2.14 - Relações constitutivas de osciladores com a mesma ductilidade e diferentes
capacidades de dissipação de energia. [11] ............................................................................... 18
Figura 2.15 - Formação de rótulas plásticas em pórticos [2] ...................................................... 19
Figura 2.16 - Excentricidade variável devido a esforço axial constante. Adaptado de [14] ....... 24
Figura 2.17 - Relação momento-curvatura média de um elemento em flexão composta, com
esforço axial constante [15] ......................................................................................................... 24
Figura 2.18 - Perda de rigidez entre estados I e II, em função da quantidade de armadura, para
tracção e flexão simples, para uma determinada secção [16] .................................................... 25
Figura 2.19 - Comparação entre as relações momento-curvatura para as situações de flexão
simples (esquerda) e flexão composta com tracção (à direita, a vermelho) e compressão (à
direita, a azul) [15] ....................................................................................................................... 26
Figura 3.1 - Relações constitutivas para o betão à compressão [12]. ........................................ 34
Figura 3.2 - Relações constitutivas para o aço à tracção e compressão [8]. ............................. 35
Figura 3.3 - Propriedades dos materiais introduzidas no Gala Reinforcement. ......................... 37
Figura 3.4 - Tensões e extensões obtidas através do Gala Reinforcement para uma relação
tensão-extensão linear para o betão. .......................................................................................... 37
Figura 3.5 - Relação tensão-extensão não linear, adoptada no programa. ............................... 38
Figura 3.6 - Tensões e extensões obtidas através do Gala Reinforcement, considerando a não
linearidade da relação tensão-extensão do betão. ..................................................................... 38
Figura 3.7 - Relação momento-curvatura obtida no Gala Reinforcement, identificando o ponto
de cedência. ................................................................................................................................ 38
Figura 3.8 - Pilares estudados. ................................................................................................... 41
Figura 3.9 - Perda de rigidez no Pilar A. .................................................................................... 41

xi
Figura 3.10 - Perda de rigidez no Pilar B. ................................................................................... 42
Figura 3.11 - Perda de rigidez no Pilar C. ................................................................................... 42
Figura 3.12- Comparação da perda de rigidez nos pilares, para o mesmo valor de esforço axial
reduzido. ...................................................................................................................................... 43
Figura 3.13 – Paredes testadas. ................................................................................................. 44
Figura 3.14 - Perda de rigidez na Parede A. ............................................................................... 45
Figura 3.15 - Perda de rigidez na Parede B. ............................................................................... 46
Figura 3.16 - Perda de rigidez na Parede C. .............................................................................. 46
Figura 3.17 - Estimativa da perda de rigidez na Parede A obtida através do Gala e do EC8-2. 48
Figura 3.18 - Estimativa da perda de rigidez na Parede A obtida através do Gala e do EC8-2. 49
Figura 4.1 - Planta da estrutura................................................................................................... 52
Figura 4.2 - Fachada do edifício: Direcção X (à esquerda) e direcção Y (à direita). .................. 52
Figura 4.3 - Espectro de resposta. .............................................................................................. 57
Figura 4.4 - Envolvente de momento flector na Parede PR. ...................................................... 62
Figura 4.5 - Envolvente de esforço transverso na Parede PA. ................................................... 62
Figura 4.6 - Confinamento dos elementos de extremidade da Parede PA, na Análise 1
(esquerda) e na Análise 2 (direita). ............................................................................................. 66
Figura 4.7 - Momentos flectores na Viga V1. .............................................................................. 67
Figura 4.8 e 4.9 - Diagramas de esforço axial de dimensionamento e esforço transverso
segundo X, resultantes da análise para a combinação sísmica, no Pilar P1. ............................ 72
Figura 4.10 e 4.11 - Diagramas de momentos segundo Y e X, resultantes da análise para a
combinação sísmica, no Pilar P1. ............................................................................................... 72
Figura 4.12 e 4.13 - Diagramas de esforço axial de dimensionamento e esforço transverso
segundo X, resultantes da análise para a combinação sísmica, no Pilar P2. ............................ 73
Figura 4.14 e 4.15 - Diagramas de momentos segundo Y e X, resultantes da análise para a
combinação sísmica, no Pilar P2. ............................................................................................... 73

xii
Simbologia

Letras maiúsculas latinas:

1/R curvatura
1/R1 curvatura em estado I
1/R2 curvatura em estado II
1/Rm curvatura média
1/Ry curvatura correspondente ao início da cedência das armaduras
A acção de acidente
A área da secção transversal
Ac área da secção transversal de betão
Ac,ef área efectiva de betão
As área de armadura para betão armado
As,min área mínima de armadura
Asv área total da armadura vertical de alma de uma parede
Asw área de armaduras de esforço transverso
AEd valor de cálculo da acção sísmica (=γIAEk)
AEk valor característico da acção sísmica
E efeito de uma acção
Ec módulo de elasticidade do betão
Ecm módulo de elasticidade secante do betão
Ed valor de cálculo do efeito das acções
EE efeito da acção sísmica
EEdx, EEdy valores de cálculo dos efeitos devidos às componentes horizontais (x e y) da
acção sísmica
Es módulo de elasticidade do aço
EI rigidez à flexão
Fb força de corte basal
G acção permanente
Gd valor de cálculo de uma acção permanente
Gk valor característico da acção permanente
H altura do edifício desde a fundação
I momento de inércia
Ic momento de inércia da secção de betão em estado I, sem armaduras
I1 momento de inércia da secção de betão em estado I, com armaduras
I2 momento de inércia da secção de betão em estado II
M momento flector
Mi,d momento no extremo de uma viga ou de um ou de um pilar para o cálculo de
esforço transverso pela capacidade real

xiii
My momento de cedência
MEd valor de cálculo do momento flector actuante
MRb,i valor de cálculo do momento resistente de uma viga na extremidade i
MRc,i valor de cálculo do momento resistente de um pilar na extremidade i
MRD valor de cálculo do momento flector resistente
N esforço normal
NEd valor de cálculo do esforço normal actuante (tracção ou compressão)
Pk valor característico de pré-esfroço
Q acção variável
Qd valor característico de uma acção variável
Qk valor característico de uma acção variável
R resistência
Rd valor de cálculo da resistência
S coeficiente de solo
Sd (T) espectro de cálculo (para análise elástica)
T período de vibração de um sistema linear com um grau de liberdade
T1 período fundamental do edifício na direcção horizontal considerada
TB limite inferior do período no patamar de aceleração espectral constante
TC limite superior do período no patamar de aceleração espectral constante
TD valor que define no espectro o início do ramo de deslocamento constante
V esforço transverso
VEd valor de cálculo do esforço transverso actuante
VRd valor de cálculo do esforço transverso resistente
VRD,máx valor de cálculo do esforço transverso resistente máximo

xiv
Letras minúsculas latinas:

ag valor de cálculo da aceleração à superfície de um terreno do Tipo A


agR valor de referência da aceleração máxima à superfície de um terreno do Tipo A
b largura do banzo inferior de uma viga
bc dimensão da secção transversal de um pilar
bi distância entre varões consecutivos abraçados pelo canto de uma cinta ou
gancho num pilar
bo largura do núcleo confinado num pilar ou elemento de extremidade de uma
parede
bw largura da alma de uma viga ou espessura das zonas confinadas de uma secção
de parede
d altura útil de uma secção
dbL diâmetro de um varão longitudinal
de deslocamento num determinado ponto da estrutura, determinado pela análise
elástica linear, baseada no espectro de resposta de projecto
dr valor de cálculo do deslocamento relativo entre pisos
ds deslocamento de um ponto do sistema estrutural devido à acção sísmica de
cálculo
e excentricidade (e=M/N)
f frequência de vibração
fcd calor de cálculo da tensão de rotura do betão à compressão
fck valor característico da tensão de rotura do betão à compressão
fcm valor médio da tensão de rotura do betão à compressão
fctk valor característico da tensão de rotura do betão à tracção simples
fctm valor médio da tensão de rotura do betão à tracção
fyd valor de cálculo da tensão de cedência à tracção do aço das armaduras
fyk valor característico da tensão de cedência à tracção do aço das armaduras
h altura entre pisos
h altura de uma secção transversal
hc altura da secção transversal de um pilar
hcr altura crítica
ho Altura do núcleo confinado do elemento num pilar
hs altura livre do piso
hw altura da secção transversal de uma viga ou altura de uma parede
lcl comprimento livre de uma viga ou pilar
lcr comprimento da zona crítica
lw comprimento da secção transversal de uma parede
m massa
q coeficiente de comportamento

xv
qd coeficiente de comportamento em deslocamento
q0 valor básico do coeficiente de comportamento
s espaçamento entre armaduras longitudinais ou transversais
x profundidade do eixo neutro
z braço do binário das forças interiores

xvi
Letras minúsculas gregas:

Α (αe) relação entre o módulo de elasticidade do aço e o módulo de elasticidade do


betão (Es/Ec)
αn Coeficiente incluído no coeficiente de eficácia do confinamento α
αs Coeficiente incluído no coeficiente de eficácia do confinamento α
γ peso volúmico do aço
γc coeficiente parcial relativo ao betão
γG coeficiente parcial relativo às acções permanentes G
γI coeficiente de importância
γm coeficiente parcial relativo às propriedades dos materiais
γQ coeficiente parcial relativo às acções variáveis Q
γRd coeficiente parcial de segurança relativo às resistências
ε deformação/extensão
ε0 extensão última do betão à tracção
εc extensão no betão à compressão
εc1 extensão associada à tensão máxima do betão à compressão em serviço
εcm extensão média do betão
εcu extensão última do betão à compressão
εm extensão média
εs extensão no aço
εsm extensão média do aço
εsr extensão relativa entre o aço e o betão
εsrm extensão relativa média entre o aço e o betão
εsu extensão última do aço
εsy extensão de cedência do aço
ζ coeficiente de amortecimento
θ Ângulo de inclinação das bielas comprimidas em relação ao eixo longitudinal do
elemento estrutural e coeficiente de sensibilidade ao deslocamento relativo entre
pisos
µ momento flector reduzido
µRd momento flector reduzido resistente
µϕ factor de ductilidade em curvatura
νd esforço normal reduzido no pilar
ρ taxa de armadura num elemento estrutural
ρ’ taxa de armadura de compressão
ρL taxa de armadura longitudinal
ρmax Taxa de armadura de tração máxima
ρmin Taxa de armadura de tração mínima
ρw taxa de armaduras de esforço transverso

xvii
σc tensão no betão
σs tensão no aço
ϕ diâmetro de um varão
τ coeficiente de repartição para a determinação da curvatura média
φ factor de redução pertencente a ψE
ψE coeficiente de combinação para uma acção variável, a utilizar no cálculo dos
esforços sísmicos de cálculo.
Ψ0 coeficiente para a determinação do valor de combinação de uma acção variável
Ψ1 coeficiente de combinação para o valor frequente de uma acção variável
Ψ2 coeficiente para a determinação do valor quase-permanente de uma acção
variável
ω taxa mecânica de armadura
ωRD taxa mecânica de armadura resistente
ωtot taxa mecânica total de armadura
ωv taxa mecânica de armadura vertical de alma
ωwd taxa mecânica volumétrica de armadura de confinamento
ωwd,min taxa mecânica volumétrica mínima de armadura de confinamento

xviii
1. Introdução

1.1. Enquadramento e Objectivos

Este trabalho tem como objectivo estudar as implicações que a consideração de diferentes
valores de rigidez nos vários elementos estruturais terá na análise sísmica, por comparação com
a hipótese simplificativa sugerida na EN 1998-1 [1], que consiste em assumir uma perda de
rigidez uniforme em toda a estrutura e igual a metade da rigidez não fendilhada. Sabe-se,
antecipadamente, que a perda de rigidez não deverá ser equivalente em toda a estrutura e que
esta deverá ser maior que 50% da rigidez não fendilhada. Pretende-se então estudar de que
maneira a rigidez de um elemento estrutural deve ser calculada e que parâmetros a influenciam.
Também se pretende avaliar em que casos a simplificação sugerida no EC8 constitui uma boa
estimativa para a perda de rigidez de determinado elemento, que dificuldades adicionais surgem
caso se decida considerar uma perda de rigidez não uniforme e se é possível tirar partido da
consideração de uma menor rigidez no dimensionamento sísmico.

Como se sabe, o betão é um material com pouca capacidade para resistir a tensões de tracção.
Assim, as tensões de tracção desenvolvidas num elemento de betão armado submetido à flexão
(ou tracção simples), atingem o valor de rotura para baixos valores de momento flector. Quando
a tensão de rotura à tracção é atingida, o elemento de betão fendilha. O momento flector que
provoca esta tensão designa-se por momento de fendilhação. Após a fendilhação da secção de
betão, as tensões de compressão passam a ser equilibradas através de tensões de tracção que
se desenvolvem nas armaduras. A perda do contributo do betão da zona traccionada da secção,
provoca uma súbita diminuição da rigidez da secção. Tendo em conta que os momentos flectores
desenvolvidos num edifício durante a actuação do sismo, serão superiores ao momento de
fendilhação, a EN 1998-1 prevê que a fendilhação deverá ser considerada na avaliação da
rigidez.

O EC8 estipula que a rigidez a considerar na análise sísmica deve ser a correspondente ao início
da cedência das armaduras longitudinais. Um dos objectivos desta dissertação passa por
perceber que parâmetros influenciam a rigidez no início da cedência. Para já, refere-se apenas
que, além dos materiais, as dimensões geométricas da secção, esforço axial e armadura
longitudinal, são os principais parâmetros que condicionam o valor da inércia em Estado II e que
serão discutidos no desenvolvimento desta dissertação.

É então expectável que a rigidez a considerar na análise seja variável entre elementos
estruturais. Simplificadamente, o EC8 considera a perda de rigidez provocada pela fendilhação
através da redução em 50% da rigidez de flexão e corte, de uma forma uniforme, em todos os
elementos do edifício. Esta é a hipótese sugerida pelo EC8, caso não se efectue uma análise
mais detalhada, e que actualmente corresponde a uma opção bastante adoptada na prática. No

1
entanto, e como defendem vários autores [2] esta simplificação é, geralmente, demasiado
conservativa, resultando em esforços mais elevados.

O objectivo desta dissertação passa por avaliar as diferenças que a consideração de uma perda
de rigidez superior, mais próxima da rigidez correspondente ao início da cedência, tem na análise
sísmica, em relação à abordagem mais simples e conservativa sugerida pelo EC8. Para cumprir
este objectivo, será estudado um caso prático, de um edifício com uma solução estrutural
simples, que será analisado e dimensionado para duas análises. Na primeira análise, considerar-
se-á a hipótese simplificativa do EC8. Na segunda análise, irá adoptar-se diferentes perdas de
rigidez nos diferentes elementos estruturais.

Para perceber que valores de rigidez se irão adoptar na análise, e para compreender que
aspectos a condicionam, efectua-se primeiro uma análise de secções, estimando-se a perda de
rigidez em cada uma delas, para diferentes valores de esforço axial e taxa de armadura. As
secções analisadas serão secções correspondentes a pilares e a paredes, de dimensões
comuns, tipicamente adoptadas na prática.

1.2. Organização da Dissertação

A presente dissertação organiza-se da seguinte forma:

 No Capítulo 1, enquadra-se o objectivo proposto neste trabalho, através de uma breve


explicação de como a rigidez é tipicamente considerada na análise sísmica e porque
razão a fendilhação deve ser considerada quando se determina a perda de rigidez.
 No Capítulo 2 aborda-se os princípios nos quais se baseia a resposta de estruturas de
betão face à acção sísmica, apresentando alguns dos aspectos mais relevantes que
interferem na resposta. Discute-se o comportamento tipicamente não linear das
estruturas de betão armado, e de que modo este aspecto influencia a filosofia de
dimensionamento à acção sísmica, prevista no EC8. Analisa-se também que aspectos
influenciam a perda de rigidez por fendilhação e de como esta pode ser quantificada.
 No capitulo 3, abordam-se alguns métodos que permitem determinar a rigidez em estado
fendilhado. Analisam-se algumas secções tipicamente utilizadas em pilares e paredes
de edifícios de betão. Traça-se gráficos que permitem uma estimativa rápida da perda
de rigidez e tece-se algumas considerações em relação aos parâmetros que a afectam.
Discute-se também a validade dos métodos simplificados sugeridos no EC8-2 [3].
 No capítulo 4, analisa-se e dimensiona-se uma estrutura, comparando os resultados
obtidos para duas análises diferentes. A primeira análise realiza-se considerando
hipótese simplificativa do EC8. A segunda análise tem em conta a perda de rigidez em
cada elemento estrutural.
 No capítulo 5 faz-se uma síntese das conclusões resultantes da realização do trabalho.

2
2. Características da Resposta de uma Estrutura de
Betão Armado à Acção Sísmica

2.1. Acção Sísmica em Estruturas

A ocorrência de um sismo consiste na passagem de ondas de vibração pelo solo. Estas ondas
geram acelerações na estrutura e, consequentemente, deformações que geram forças de
inércia. Em regiões sísmicas, estas forças poderão ser bastante elevadas, o que conduz a que,
em muitos casos, a acção sísmica seja a acção condicionante dos elementos verticais da
estrutura, como pilares e paredes.

Embora a análise sísmica de estruturas seja um processo complexo, é possível caracterizar os


efeitos da acção sísmica utilizando sistemas simples. Estes efeitos podem ser analisados
recorrendo a um sistema com um grau de liberdade, constituído por um pilar com rigidez k e uma
massa m no seu topo, sujeito a um rápido movimento imposto na base, que representa a acção
sísmica. Com o objectivo de perceber que aspectos afectam a resposta estrutural face à acção
sísmica, analisa-se o sistema descrito anteriormente, e que se apresenta na Figura 2.1.

Figura 2.1 - Sistema com um grau de liberdade

Neste sistema, o movimento da base do pilar coincide com o movimento do solo, 𝑥𝑔 , e o


movimento da massa m é caracterizado pela coordenada 𝑥. O movimento imposto na base do
sistema implica o movimento da massa m, caracterizado, por deslocamento, 𝑥, velocidade 𝑥̇ e
aceleração, 𝑥̈ .

Desenvolvem-se então, três tipos de força na massa m.

• Força de inércia (2ª lei de Newton): 𝐹𝑖 = 𝑚𝑥̈ (2.1)


• Força de restituição elástica: 𝐹𝑟 = 𝑘(𝑥 − 𝑥𝑔 ) (2.2)
• Força de amortecimento: 𝐹𝑎 = 𝑐(𝑥̇ − 𝑥̇𝑔 ) (2.3)

3
A força de inércia é devida à aceleração na massa, 𝑥̈ , e dada pela 2ª lei de Newton. A força de
restituição elástica (que depende da rigidez, k), tende a anular o deslocamento da massa m,
relativamente à base do pilar. A força de amortecimento está relacionada com a capacidade que
a estrutura apresenta para dissipar a energia imposta pelo movimento do solo. O coeficiente c
representa o coeficiente de amortecimento viscoso. Esta força deve-se ao comportamento
viscoso dos materiais e a outros fenómenos de dissipação, onde se inclui o comportamento
histerético dos materiais, no caso de respostas não lineares [5].

Estas forças estão em equilíbrio dinâmico, de acordo com a expressão 2.4:

𝑚𝑥̈ + 𝑐(𝑥̇ − 𝑥̇𝑔 ) + 𝑘(𝑥 − 𝑥𝑔 ) = 0 (2.4)


Definindo a coordenada 𝑑 = 𝑥 − 𝑥𝑔 , que exprime o deslocamento da massa m relativamente à
base, a expressão anterior toma a forma:

𝑚𝑑̈ + 𝑐𝑑̇ + 𝑘𝑑 = −𝑚𝑥̈𝑔 (2.5)


A expressão 2.5 traduz o movimento devido a uma aceleração 𝑥̈𝑔 na base do oscilador, e permite
analisar a resposta do sistema à acção sísmica. Desprezando o contributo do amortecimento, e
aplicando um deslocamento inicial à massa, esta irá oscilar de forma estacionária. A equação
2.5 pode ser reescrita na seguinte forma:

𝑚𝑎 + 𝑘𝛿 = 0 (2.6)
Com,

𝑎 = 𝑥̈ e 𝛿 = 𝑑

Quando o deslocamento no topo do pilar atingir o valor máximo, a aceleração será também
máxima, e de sinal oposto ao deslocamento. A aceleração máxima a que a massa está sujeita é
dada pela expressão:

𝑘
𝑎𝑚𝑎𝑥 = − 𝛿 (2.7)
𝑚 𝑚𝑎𝑥

Conclui-se assim, que a aceleração na massa é directamente proporcional à rigidez do pilar,


assumindo um comportamento elástico para o pilar. Esta equação caracteriza a resposta elástica
das estruturas face a deslocamentos impostos.

A acção sísmica pode ser representada graficamente, através de um acelerograma, que ilustra
a aceleração do solo, em função do tempo. O acelerograma permite determinar o valor de pico
da aceleração, o conteúdo de frequências de vibração e a duração do sismo, parâmetros que
têm influência relevante no efeito da acção sísmica em estruturas.

Caso se considere um acelerograma com determinada aceleração de pico e frequência


constante, o deslocamento máximo d, pode ser determinado através da relação entre a
frequência da aceleração, ωf, e a frequência da estrutura, ω n. A relação entre o deslocamento
máximo d e o deslocamento que a estrutura teria sob a acção de uma força estática, resultante

4
da multiplicação da massa pela aceleração máxima do solo, define-se pelo factor de amplificação
dinâmica, β1. Este factor é função da relação entre a frequência de vibração do solo e da
frequência própria da estrutura, além do nível de amortecimento, como se ilustra na Figura 2.2.

Figura 2.2 - Factor de amplificação dinâmica [6]

Ao analisar a Figura 2.2 , constata-se que a resposta da estrutura é máxima quando a frequência
da acção iguala a frequência própria da estrutura. Este fenómeno designa-se de ressonância, e
deve ser evitado, controlando a frequência própria da estrutura, f, que é função da massa e
rigidez e é dada por:

1 𝑘
𝑓= √ (2.8)
2𝜋 𝑚

O gráfico representado na Figura 2.2 pode levar à interpretação errada de que as frequências da
acção e da estrutura são constantes no tempo. Contudo, a realidade mostra que, não só a
frequência e valores de pico da acção sísmica são variáveis, como a frequência própria da
estrutura varia no tempo, diminuindo devido à perda de rigidez da estrutura por fendilhação. Na
prática, interessa apenas conhecer os valores máximos de um determinado parâmetro
(deslocamento, velocidade ou aceleração) durante a acção do sismo.

A forma mais usual de representar o efeito da acção sísmica nas estruturas, para os parâmetros
referidos, é através da definição de um espectro de resposta. O espectro de reposta é obtido
submetendo ao mesmo acelerograma, uma série de osciladores com períodos de vibração
fundamental crescentes (e amortecimento igual), determinando-se a resposta máxima ao longo
do tempo. Obtém-se então um gráfico, que representa o espectro, como se ilustra na Figura 2.3
(neste caso o espectro de resposta de aceleração).

5
Figura 2.3 - Espectro de resposta de aceleração [4]

O espectro de resposta é, essencialmente, a função que dá o valor de pico de determinado


parâmetro de um oscilador de um grau de liberdade, com um período de vibração fundamental
T, durante a ocorrência de um dado sismo. Os espectros de resposta são definidos de acordo
com as disposições indicadas no EC8-1, com parâmetros definidos para cada país em Anexo
Nacional. Estes parâmetros estão relacionados com o local de implantação do edifício, tipo de
terreno onde este será implantado e da distância focal do sismo.

Um aspecto importante e que vale a pena referir, é que os espectros de resposta referem-se a
um oscilador com comportamento elástico. A exploração do comportamento não linear é
tipicamente considerada através da redução dos resultados obtidos através de uma análise
elástica linear baseada em forças, de acordo com um coeficiente de comportamento q, escolhido
em função do grau em que se pretende explorar a ductilidade. Este é o método previsto na
EN 1998-1, e será referido posteriormente.

Resumidamente, pode dizer-se que a resposta estrutural face à acção sísmica depende
essencialmente de:

 Características da acção sísmica, que depende de:


o Sismicidade do local de implantação do edifício;
o Magnitude e distância focal do sismo;
o Tipo de terreno;
 Características da estrutura:
o Período de vibração (depende da rigidez e massa da estrutura);
o Coeficiente de amortecimento;
o Ductilidade.

2.2. Definição da Acção Sísmica

2.2.1. Tipo de terreno e zonamento sísmico do território

O Eurocódigo 0 [7] define a acção sísmica como sendo uma acção provocada pelos movimentos
do solo durante um sismo. Assim, é importante conhecer as características do solo para melhor
definir a acção sísmica. Deverão ser efectuados estudos de modo a classificar o solo de acordo
com as categorias definidas na EN 1998-1 no Quadro 3.1 do parágrafo § 3.1.2.

6
O parágrafo § 3.2.1 estabelece que os territórios nacionais devem ser divididos em zonas, de
acordo com a sismicidade do local. Em Portugal, a definição da acção sísmica é feita para dois
tipos de sismos: a acção sísmica do Tipo 1 (para sismos afastados) e a acção sísmica do Tipo 2
(para sismos próximos). Assim, o zonamento sísmico do território está definido em separado
para a acção sísmica do Tipo 1 e Tipo 2.

2.2.2. Definição da acção sísmica

Para a representação da acção sísmica, a EN 1998-1 admite o recurso a espectros de resposta


elásticos. Estes espectros representam graficamente a resposta máxima de um sistema de um
grau de liberdade, em função do período de vibração. Apesar do EC8 apresentar espectros de
resposta elástica e espectros de resposta de cálculo, apenas serão abordados os segundos.

2.2.2.1. Espectro de resposta horizontal de projecto

Como já foi referido, uma vez que as estruturas são capazes de resistir à acção sísmica exibindo
um comportamento não linear, a EN 1998-1 permite que o seu cálculo seja efectuado para
resistirem a forças sísmicas inferiores às que resultariam de uma análise elástica. De modo a
evitar uma utilização explícita de uma análise não linear, a capacidade de dissipação de energia
da estrutura é considerada efectuando-se uma análise elástica baseada num espectro de
resposta, obtido da redução do espectro de resposta elástica através do coeficiente de
comportamento, que será abordado posteriormente neste trabalho. Este espectro é designado
por “espectro de cálculo”.

O espectro de cálculo, 𝑆𝑑 (𝑇), referente às componentes horizontais da acção sísmica é definido


pelas seguintes expressões:

2 𝑇 2.5 2
0 ≤ 𝑇 ≤ 𝑇𝐵 ∶ 𝑆𝑑 (𝑇) = 𝑎𝑔 ∙ 𝑆 ∙ [ + ∙ ( − )] (2.9)
3 𝑇𝐵 𝑞 3
2.5
𝑇𝐵 ≤ 𝑇 ≤ 𝑇𝐶 ∶ 𝑆𝑑 (𝑇) = 𝑎𝑔 ∙ 𝑆 ∙ (2.10)
𝑞
2.5 𝑇𝐶
= 𝑎𝑔 ∙ 𝑆 ∙ ∙[ ]
𝑇𝐶 ≤ 𝑇 ≤ 𝑇𝐷 ∶ 𝑆𝑑 (𝑇) { 𝑞 𝑇 (2.11)
≥ 𝛽 ∙ 𝑎𝑔
2.5 𝑇𝐶 𝑇𝐷
= 𝑎𝑔 ∙ 𝑆 ∙ ∙[ 2 ]
𝑇𝐷 ≤ 𝑇 ∶ 𝑆𝑑 (𝑇) { 𝑞 𝑇 (2.12)
≥ 𝛽 ∙ 𝑎𝑔

Com:

𝑆𝑑 (𝑇) espectro de cálculo;

𝑎𝑔 valor de cálculo da aceleração à superfície de um terreno do Tipo A;

𝑆 coeficiente de solo;

7
𝑇 período de vibração de um sistema linear com um grau de liberdade;
𝑇𝐵 limite inferior do período no patamar de aceleração espectral constante;
𝑇𝐶 limite superior do período no patamar de aceleração espectral constante;
𝑇𝐷 valor que define no espectro o início do ramo de deslocamento constante;
𝑞 coeficiente de comportamento;
𝛽 coeficiente que corresponde ao limite inferior do espectro de calculo horizontal.

2.2.2.2. Combinação da acção Sísmica com outras acções

O parágrafo § 3.2.4 da EN 1998-1, indica que o valor de cálculo, 𝐸𝑑 , dos esforços na situação de
projecto sísmica deve ser determinado recorrendo à seguinte expressão, indicada no
Eurocódigo 0:

∑ 𝐺𝑘,𝑗 " + " 𝐴𝐸𝑑 " + "𝑃𝐾 " + " ∑ 𝜓2,𝑖 ∙ 𝑄𝑘,𝑖 (2.13)
𝑗≥1 𝑖≥1

Com:
𝐺𝑘,𝑗 valor característico da acção permanente 𝑗;

𝐴𝐸𝑑 = 𝛾𝐼 ∙ 𝐴𝐸𝑘 valor de cálculo da acção sísmica;


𝛾𝐼 factor de importância;
𝐴𝐸𝑘 valor característico da acção sísmica;
𝑃𝐾 valor característico de pré-esforço;
𝜓2,𝑖 coeficiente para a determinação do valor quase-permanente de uma
acção variável i;
𝑄𝑘,𝑖 valor característico da acção variável 𝑖.

O coeficiente de combinação, 𝜓2,𝑖 , é definido no Anexo A1 do Eurocódigo 0, no Quadro A1.1. A


cláusula § 3.2.4 da EN 1998-1, indica que os efeitos de inércia da acção sísmica devem ser
avaliados englobando todas as massas associadas a forças gravíticas, de acordo com:

∑ 𝐺𝑘,𝑗 " + " ∑ 𝜓𝐸,𝑖 ∙ 𝑄𝑘,𝑖 (2.14)

Com:

-𝜓𝐸,𝑖 = 𝜑 ∙ 𝜓2,𝑖

-𝜑 factor de redução, definido de acordo com o Quadro 4.2 do parágrafo § 4.2.4 da


EN 1998-1

O factor de redução, 𝜑, considera a probabilidade reduzida de as sobrecargas 𝑄𝑘,𝑖 estarem


presentes em toda a estrutura durante o sismo. O seu valor está dependente da categoria do
edifício, bem como do piso em análise.

8
2.3. Filosofia EC8

O Eurocódigo 8 procura assegurar que no caso de ocorrência de um sismo, a estrutura esteja


dimensionada para responder de forma a assegurar:

1. A protecção de vidas humanas


2. A limitação de danos

O primeiro requisito é assegurado através da prevenção do colapso da estrutura para a acção


sísmica. Caso ocorra um sismo de elevada intensidade, admite-se que a estrutura possa sofrer
danos significativos, desde que a sua integridade estrutural seja preservada, necessitando
posteriormente de acções de reabilitação. A estrutura deve manter a sua capacidade de
transmissão de carga vertical, bem como alguma resistência e rigidez lateral, para que possa
resistir a eventuais réplicas. Edifícios correntes devem ser capazes de resistir a um sismo com
probabilidade de 10% de ser excedido em 50 anos, ou seja, para um período de retorno de 475
anos. A classe de importância de um edifício está relacionada com as consequências de um
eventual colapso durante o sismo. Edifícios, que devem permanecer operacionais durante e após
o sismo, como hospitais ou quarteis de bombeiros, devem ser dimensionados para um sismo
com período de retorno superior, de 1303 anos, como definido em Anexo Nacional.

Deste modo, é necessário conferir ductilidade aos elementos resistentes, para que não haja risco
de rotura súbita, quando a capacidade resistente do elemento é atingida. Em particular, em zonas
de sismicidade média ou alta, é importante assegurar um comportamento dúctil, que passa por
projectar o edifício de forma a que este apresente condições para dissipar a energia transmitida
pelo sismo.

O segundo requisito visa reduzir o impacto económico do sismo, através da limitação de danos
em elementos estruturais e não estruturais, para sismos considerados frequentes. Apesar de se
admitir alguns danos em elementos não estruturais, desde que estes não ponham em causa a
operacionalidade da estrutura, é importante garantir que os elementos resistentes mantenham a
sua capacidade resistente e configuração indeformada. Este requisito é cumprido através da
limitação de deformações laterais que não ponham em causa a integridade de todos os
elementos do edifício, em especial dos elementos não estruturais. Este requisito deve ser
cumprido para sismos com probabilidade de ocorrência de 10% de ser excedido em 10 anos.

2.4. Concepção de Edifícios

2.4.1. Princípios básicos de concepção

Para que uma estrutura exiba um comportamento adequado face à acção sísmica, esta deve
apresentar determinadas características que possibilitem uma resposta estrutural simples e

9
clara. Estas características facilitam a análise estrutural do edifício e devem ser consideradas
desde o início do projecto, isto é, na fase de concepção da estrutura. Assim, a EN 1998-1
apresenta no parágrafo § 4.2.1 algumas indicações que devem ser consideradas na fase de
concepção da estrutura, de modo a que o sistema estrutural obtido satisfaça, com custos
aceitáveis, os requisitos fundamentais de desempenho (exigência de não colapso e de limitação
de danos):

1. Simplicidade estrutural
2. Uniformidade, simetria e redundância
3. Resistência e rigidez em ambas as direcções
4. Resistência e rigidez à torção
5. Acção de diafragma ao nível dos pisos
6. Fundação adequada

2.4.2. Elementos primários e secundários

O parágrafo § 4.2.1 da EN 1998-1 prevê que um determinado número de elementos estruturais,


como vigas ou pilares, poderão ser considerados como “elementos secundários”. A resistência
e rigidez destes elementos à acção sísmica não deverá ser considerada, e deste modo, não é
necessário que obedeçam aos requisitos previstos na EN 1998-1. No entanto, também se
estabelece que os elementos secundários devem ser dimensionados e pormenorizados de modo
a resistir às forças gravíticas, quando sujeitos aos deslocamentos devidos à situação de projecto
sísmica mais desfavorável, considerando os efeitos de segunda ordem, caso estes sejam
relevantes.

Para que um conjunto de elementos seja classificado como secundário, a sua contribuição para
a rigidez lateral do edifício não deverá ser superior a 15% da de todos os elementos sísmicos
primários. A escolha do conjunto de elementos secundários não pode alterar a classificação da
estrutura quanto à regularidade estrutural.

2.5. Comportamento não Linear

2.5.1. Introdução

As características da resposta global de uma estrutura à acção sísmica podem ser controladas
durante a fase de dimensionamento. Embora seja possível dimensionar uma estrutura para que
responda em regime dito elástico (isto é, com fendilhação do betão, mas sem cedência das
armaduras), tal procedimento seria pouco económico e desnecessário. Apesar do estado limite
último ser tipicamente verificado através de uma análise baseada em forças, a realidade é que
os danos causados em estruturas pela acção sísmica, devem-se a deslocamentos e
deformações [2].

10
O EC8 permite a exploração do comportamento não linear da estrutura, desde que as
deformações inelásticas não ponham em causa a integridade dos elementos estruturais. Ao
explorar esta característica, procura-se que a estrutura dissipe grande parte da energia
transmitida pelo sismo, em vez de explorar apenas a sua resistência. Ao contrário das
deformações impostas e cargas gravíticas, uma boa resposta à acção sísmica passa pela
exploração simultânea da ductilidade e resistência da estrutura.

A utilização de modelos não lineares, além de exigir um grande esforço de cálculo, requer que
se realize um dimensionamento iterativo que obriga, em cada análise, o conhecimento da
distribuição de armaduras nos elementos resistentes. Assim, o mais usual é recorrer-se a
análises lineares. O comportamento não linear é considerado, indirectamente e
simplificadamente, através de uma redução dos resultados obtidos, por um coeficiente de
comportamento, q, função do nível de ductilidade a explorar. O coeficiente de comportamento
representa a razão entre os esforços a que a estrutura estaria sujeita caso a sua resposta fosse
elástica e os esforços associados a uma resposta elasto-plástica. A estruturas com menor
ductilidade, isto é, que exibem um comportamento mais próximo do linear, está associado um
menor coeficiente de comportamento.

As indicações de dimensionamento propostas na EN1998-1 pressupõem que a estrutura


responde em regime bilinear, próximo de um comportamento elástico-perfeitamente plástico. Em
regime bilinear, a não linearidade da estrutura é considerada após a cedência das armaduras,
através do coeficiente de comportamento. Antes da cedência, a resposta é, simplificadamente,
considerada elástica linear. A inclinação do ramo elástico é igual à rigidez adoptada nos
elementos resistentes da estrutura, que deve ser reduzida, para ter em conta a perda de rigidez
por fendilhação do betão. Contudo, antes da cedência, o comportamento do betão armado é não
linear, devido à fendilhação e também às próprias características do comportamento mecânico
do betão à compressão. Idealmente, para que o modelo da estrutura analisada se aproxime o
mais possível da realidade, seria importante que a rigidez do ramo elástico fosse definida tendo
em conta estes fenómenos. Como se viu no Capítulo 1, o EC8 sugere que a fendilhação seja
contabilizada diminuindo em 50% a rigidez não fendilhada, caso não se realize uma análise mais
detalhada. Esta análise mais detalhada, passa por avaliar, em cada elemento, a rigidez secante
no ponto de cedência das armaduras, sabendo de antemão, que esta não deverá corresponder
a 50% da rigidez não fendilhada em todos os elementos.

Neste parágrafo abordam-se alguns dos fenómenos responsáveis pela não linearidade da
resposta estrutural de edifícios de betão à acção sísmica, antes e depois da cedência das
armaduras, e faz-se referência à filosofia de dimensionamento por capacidade real, prevista no
EC8, e que assenta na exploração da não linearidade da resposta estrutural.

11
2.5.2. Comportamento mecânico do betão

O betão é um material que apresenta boas características de resposta a tensões de compressão.


Por oposição, a sua resistência à tracção é consideravelmente inferior (cerca de 10% da
resistência à compressão).

A Figura 2.4, ilustra a relação tensão-extensão do betão, para as situações de compressão


(tensões negativas) e tracção (tensões positivas).

Figura 2.4 - Curva tensão-extensão para o betão à compressão [8]

O módulo de elasticidade do betão, Ec, corresponde ao módulo secante obtido para um valor de
tensão de 0.4fcm. Até esse ponto, o betão exibe um comportamento muito próximo do elástico
linear. Para valores superiores de tensão, observa-se um comportamento não linear até se atingir
a tensão de rotura fck, à qual está associada uma extensão εc. Uma vez atingida fck, ocorre uma
diminuição de tensão até se atingir a extensão última do betão à compressão, εcu.

À tracção, o diagrama tensão-extensão apresenta apenas um troço, aproximadamente linear


com o mesmo módulo de elasticidade secante, Ec, até atingir a tensão máxima fct, ocorrendo
uma rotura súbita do betão, como se ilustra na Figura 2.5.

Figura 2.5 - Curva tensão-extensão para o betão à tracção. Adaptado de [9]

2.5.3. Fendilhação

A fendilhação do betão é um dos principais fenómenos causadores de um comportamento não


linear do betão armado, antes da plastificação das armaduras, a curto prazo (a longo prazo é

12
preciso considerar também o efeito da fluência do betão). Neste parágrafo procura-se estudar o
processo de formação de fendas, com o objectivo de perceber que parâmetros conferem o
comportamento não linear a este fenómeno.

Para melhor se interpretar o processo de formação de fendas, considere-se um elemento em


betão armado submetido a tracção pura, como representado na Figura 2.6. A tensão no betão é
dada pelo quociente entre o esforço axial, N, e a secção equivalente, A c,eq. Como já se referiu,
até a tensão no betão atingir a tensão de rotura do betão à tracção, f ct, o comportamento é
aproximadamente elástico linear.

Figura 2.6 - Tirante de betão armado [8]

Quando a tensão no betão, σc, for igual a fct, forma-se a primeira fenda, numa dada secção do
elemento. Nessa secção, as tensões de tracção serão transferidas para as armaduras, que
sofrem um súbito aumento de tensão, e que poderá provocar a cedência das armaduras. Este
aumento será inversamente proporcional à quantidade de armadura adoptada. É, então,
necessário definir uma percentagem de armadura mínima, ρmin, de modo a que as tensões
transferidas para o aço não precipitem uma rotura frágil do tirante.

Após a formação da primeira fenda, e para quantidades de armadura superiores à mínima, o


nível de tensão instalado estará ainda no domínio elástico [8]. Na região adjacente à fenda,
ocorre uma transferência de tensão, τm, do aço para o betão, devido à aderência entre estes
materiais. Como se ilustra na Figura 2.7, é preciso uma distância mínima, s, para que se
desenvolva novamente um estado de tensão que possibilite a formação de uma nova fenda. Um
dos parâmetros que condiciona a eficiência da transmissão de tensões do aço para o betão está
relacionado com a superfície de contacto entre o aço e o betão. Assim, a uma maior quantidade
de armadura está associada uma melhor transmissão de tensão. A adopção de varões de menor
diâmetro também contribui para melhorar a eficiência de transmissão de tensão, pois para a
mesma quantidade de aço, a área total da superfície dos varões é maior. Pode então concluir-
se que maiores quantidades de armadura e menores diâmetros diminuem a distância entre
fendas.

Figura 2.7 - Distância, s, necessária para reestabelecer um estado de tensão capaz de formar uma
nova fenda [8]

13
O aumento da tracção aplicada levará à formação de novas fendas, até que a distância entre
estas seja insuficiente para desenvolver tensões de tracção iguais à resistência à tracção do
betão. Nesta fase, diz-se que se atingiu a fendilhação estabilizada, em que um aumento da força
de tracção apenas provocará a abertura das fendas existentes, em vez da formação de novas
fendas.

Além da distância entre fendas, a caracterização da fendilhação passa também por determinar
a sua abertura. Este parâmetro corresponde à diferença de alongamento entre a armadura e o
betão, na zona de influência da fenda. A natureza não linear dos diagramas de tensões no aço
e no betão, como se mostra na Figura 2.8, implica que se considere extensões médias para o
aço e betão, para simplificar o modelo de avaliação de fendas.

Figura 2.8 - Tensões e deformações nas armaduras e no betão, na fase estabilizada [8]

Como se pode ver, o betão tem capacidade de reter tensões de tracção entre fendas, tornando
mais rígida a resposta após a fendilhação. Este fenómeno é designado por efeito de tension
stiffening, e não é uma característica do comportamento do aço ou do betão, mas sim do betão
armado, enquanto material compósito. Este aumento de rigidez é devido à participação do betão
e, por um lado, diminui a extensão do aço fora das secções fendilhadas, por outro, a extensão
do betão contribui para diminuir a abertura da fenda [8]. Como se pode ver na Figura 2.8, nas
zonas fendilhadas, a tensão no betão é nula e máxima no aço. Entre fendas, a contribuição do
betão aumenta não linearmente, até a uma distância correspondente à metade da distância entre
fendas. Na Figura 2.9, apresenta-se a relação entre o esforço axial e extensão no aço. Como se
pode ver, a extensão média no aço é inferior à extensão em estado II, devido à participação do
betão entre fendas. A contribuição do betão vai diminuindo à medida que N aumenta, e a
fendilhação se propaga, tendendo o comportamento do betão para o estado II puro.

14
Figura 2.9 - Relação entre o esforço axial e a deformação de um tirante [8]

Em casos de flexão simples, como em vigas, a evolução da fendilhação baseia-se nos mesmo
princípios descritos para a tracção simples. A deformação resultante de um elemento sujeito a
flexão é a curvatura. Assim, o comportamento de um elemento estrutural submetido a flexão é
caracterizado pela relação momento-curvatura. Como se verá mais à frente, esta relação pode
ser utilizada para determinar a rigidez de elementos em estado II. A Figura 2.10 apresenta a
evolução da relação momento-curvatura nas fases descritas anteriormente (fase elástica,
formação de fendas e fendilhação estabilizada) até à rotura.

Figura 2.10 - Relação momento curvatura para flexão simples, desde a fase elástica à rotura [9]

A fissuração de uma secção, embora seja um fenómeno localizado, tem como consequência o
aumento global da curvatura do elemento, como se ilustra na Figura 2.11. É então necessário
considerar um comportamento médio, que tenha em consideração as secções do elemento que
não estejam fendilhadas, definindo a curvatura média. Esta, resulta da interpolação da curvatura
nos estados I e II, como se ilustra na Figura 2.12.

15
Figura 2.11 e 2.12 - Aumento de curvatura provocado pela fendilhação (esquerda) e relação
momento-curvatura média (direita) [8]

As expressões 2.15 e 2.16, propostas por Jacoud e Favre, permitem determinar a curvatura
média:

1 1 1
= (1 − ζ) + ζ (2.15)
𝑅𝑚 𝑅1 𝑅2

O coeficiente de repartição 𝜁 é dado por:

𝑀𝑐𝑟 2
𝜁 = 1 − 𝛽1 𝛽2 ( ) (2.16)
𝑀
Em que:

𝛽1 coeficiente que considera as propriedades de aderência dos varões (1.0 para


varões de alta aderência e 0.5 para varões normais);
𝛽2 coeficiente que considera a duração ou repetição das cargas (1.0 para uma
carga única e de curta duração e 0.5 para cargas permanentes ou com vários
ciclos de carga);
𝑀𝑐𝑟 Momento de fendilhação.

1 1
As curvaturas em estado I, , e estado II, , são dadas por:
𝑅1 𝑅2

1 𝑀
= (2.17)
𝑅1 𝐸𝐼1
1 𝑀
= (2.18)
𝑅2 𝐸𝐼2

Se o momento aplicado for inferior ao momento de fendilhação o coeficiente de repartição é igual


a 0 e a curvatura média é igual à curvatura em estado I.

16
2.5.4. Dissipação de energia e ductilidade

O conceito de ductilidade pode ser definido como a capacidade de deformação que um elemento
de betão apresenta, para além do comportamento elástico (ponto de cedência), suportando
vários ciclos de carga, sem perda de rigidez e capacidade de carga.

Num elemento de betão submetido à flexão simples, a ductilidade pode ser directamente avaliada
recorrendo ao coeficiente de ductilidade de determinada grandeza cinemática (rotação,
curvatura, etc.) definido através da razão entre o valor máximo que essa grandeza assume
durante o comportamento não linear e o valor no ponto de cedência.

No dimensionamento de estruturas à acção sísmica é vantajoso tirar partido da resistência e


ductilidade da estrutura. Este conceito pode ser ilustrado através da consideração de um pilar
sujeito à acção de uma deformação imposta, δ, no topo do pilar. A Figura 2.13 ilustra a relação
força/deslocamento para diferentes níveis de armadura.

Figura 2.13 - Diagramas força-deslocamento (adaptado de [5])

A força resistente 𝐹𝑖 , diminui com a redução da taxa de armadura que tem como consequência
a perda de rigidez do pilar, resultando num aumento do deslocamento no topo do pilar. Como se
pode observar, quanto menor for a força resistente do pilar, maior terá que ser o deslocamento
inelástico (com a formação de uma rótula plástica na base do pilar), isto é, maior terá que ser a
sua ductilidade, para que a energia absorvida na deformação seja equivalente.

A capacidade de dissipação por histerese da energia transmitida pela acção sísmica é o factor
determinante para um bom comportamento estrutural face a um sismo de forte intensidade.
Refira-se que, apesar de relacionados, os conceitos de ductilidade e capacidade de dissipação
de energia não são totalmente equivalentes. A capacidade de dissipar energia pode ser ilustrada
recorrendo a gráficos força/deslocamento, de uma estrutura submetida a uma história de
carregamento cíclico (com inversão de carga), como é o caso da acção sísmica [10]. A Figura
2.14 mostra a relação carga deslocamento para dois osciladores com a mesma ductilidade, mas
diferentes capacidades de dissipação de energia.

17
Figura 2.14 - Relações constitutivas de osciladores com a mesma ductilidade e diferentes
capacidades de dissipação de energia. [11]

Em ambos os casos, o valor da força e deslocamento de cedência são os mesmos, bem como a
rigidez pós-cedência. Se ambos os osciladores forem submetidos a um carregamento cíclico de
modo a que o deslocamento máximo, e portanto, a ductilidade, seja igual em ambos os casos, o
oscilador da direita dissiparia mais energia que o da esquerda [11]. A capacidade de dissipar
energia é representada pela área interior dos ciclos. Quanto maior for essa área, melhor serão
as características de dissipação. Portanto, para níveis superiores de ductilidade, maior será o
deslocamento máximo num ciclo de carga e consequentemente, a sua área. Por outro lado,
quanto mais envolvente forem os ciclos melhor será a eficiência na absorção de energia.

A ductilidade de elementos de betão armado sujeitos a flexão composta é significativamente


influenciada pelo valor do esforço axial actuante. Quando o esforço axial reduzido se situa entre
0.4 e 0.5, numa situação de flexão composta, ocorre o balanceamento de cargas, caso em que
teoricamente se atinge, em simultâneo, a extensão de rotura no betão nas fibras extremas da
secção e a extensão de cedência nas armaduras. É nesta situação que se atinge máximo valor
do momento resistente. A partir deste nível, a rotura dá-se pelo betão, sem que as armaduras
tenham entrado em cedência, não se explorando a ductilidade do aço. Assim, a ductilidade
diminui com o aumento do esforço axial de compressão. Deve, então, limitar-se o nível de esforço
axial actuante nos pilares, definindo adequadamente as secções transversais dos elementos
verticais.

Uma vez que a extensão última do betão é muito inferior à do aço, a ductilidade é tipicamente
condicionada pelo betão. Deste modo, uma outra forma de aumentar a ductilidade de elementos
de betão passa por aumentar a ductilidade do próprio betão. Este aumento consegue-se à custa
do incremento da extensão última do betão, através do confinamento do betão, colocando
armaduras transversais à secção, que envolvam a armadura longitudinal.

Tendo em conta que o recobrimento do betão não é abrangido pelo confinamento, a sua
extensão última é inferior à do betão confinado entrando em rotura para extensões pouco
superiores à extensão associada à plastificação das armaduras. Assim, é preciso especial
cuidado com a amarração das cintas (idealmente, devem ser amarradas para o interior do pilar),
para que a perda do recobrimento não provoque a diminuição da sua aderência e a perda do
confinamento do betão.

18
2.5.5. Dimensionamento por capacidade real

Os coeficientes de comportamento indicados no EC8 têm por base hipóteses estabelecidas


sobre o comportamento não linear das estruturas. Para que a estrutura apresente um bom
comportamento face à acção sísmica, em regime não linear, é preciso assegurar que o
comportamento real da estrutura coincida com as hipóteses admitidas no projecto [10].

A entrada em regime não linear é um processo que ocorre, não simultaneamente em toda a
estrutura, mas sim em zonas localizadas. Estas zonas, designadas de zonas críticas, são
responsáveis pela dissipação histerética de grande parte da energia transmitida pela acção
sísmica. Um bom comportamento sísmico passa por uma selecção estratégica destas zonas,
desenvolvendo um mecanismo capaz de dissipar a energia transmitida pelo sismo, sem que
ocorra a rotura frágil dos elementos resistentes.

É então necessário seleccionar estas zonas, forçando a formação de rótulas plásticas por flexão
(evitando comportamentos frágeis) assegurando a sua ductilidade e capacidade de dissipação
de acordo com o valor adoptado para o coeficiente de comportamento [2], mantendo as restantes
zonas da estrutura em regime dito elástico, isto é, sem a plastificação das armaduras. O controlo
da localização da formação de rótulas plásticas faz-se aumentando a resistência das zonas que
devem permanecer em regime elástico e garantindo a ductilidade das zonas plásticas [11].

O dimensionamento por capacidade resistente permite, dentro de certos limites, condicionar e


controlar o comportamento da estrutura perante um sismo intenso, mesmo desconhecendo as
características deste.

2.5.5.1. Aplicação do dimensionamento por capacidade a pórticos de betão armado

De modo a maximizar a dissipação de energia em pórticos, é necessário que se forme o maior


número possível de rótulas plásticas sem que a estrutura se transforme num mecanismo, tirando
partido do elevado grau de redundância deste tipo de estrutura. Assim, a formação de rótulas
plásticas deve formar-se nas vigas e não nos pilares, como se indica na Figura 2.15.

Figura 2.15 - Formação de rótulas plásticas em pórticos [2]

19
Como se pode observar, no exemplo da esquerda, são necessárias apenas oito rótulas plásticas
para que se forme um mecanismo, enquanto no exemplo da direita, são precisas vinte e oito
(vinte e quatro nas vigas e quatro junto às fundações). Caso as rótulas plásticas se formem nos
pilares, pode ocorrer a rotura de piso flexível (soft storey). Esta rotura deve ser evitada, pois
aumenta muito as exigências de ductilidade local, havendo o risco de a ductilidade disponível
nas rótulas ser excedida. Além disso, tendo em conta o número reduzido de rótulas plásticas, a
capacidade de dissipação deste tipo de rotura é bastante limitada.

Tipicamente, as rótulas plásticas em vigas formam-se nas extremidades, local onde ocorre o
momento máximo devido à acção sísmica. Para que a rótula se forme na viga e não no pilar, é
necessário que o momento resistente da viga seja inferior ao momento resistente do pilar. Assim,
em cada nó, é preciso que a soma dos momentos resistentes dos pilares seja superior à soma
dos momentos resistentes das vigas.

É também importante evitar a rotura por esforço transverso em vigas ou pilares. As rótulas
plásticas devem formar-se por cedência das armaduras em flexão para que a dissipação de
energia ocorra de forma estável [11]. De modo a evitar a rotura por esforço transverso, procura-
se que o seu valor de cálculo seja superior ao máximo que se pode desenvolver na viga durante
a formação das rótulas plásticas nas extremidades dos elementos resistentes (vigas ou pilares).
Uma das vantagens desta abordagem é ser baseada em considerações de equilíbrio, evitando
assim, a rotura por esforço transverso para qualquer tipo de sismo [10].

2.5.5.2. Aplicação do dimensionamento por capacidade a paredes de betão armado

Uma das principais vantagens da utilização de paredes de betão armado para resistir à acção
sísmica está relacionada com o controlo que estas permitem dos deslocamentos da estrutura,
devido à sua elevada rigidez. Em edifícios de estrutura mista, com sistemas porticados e
paredes, e devido à rigidez axial dos pisos estruturais, os deslocamentos assumem valores
semelhantes nas paredes e pilares. Atendendo às maiores dimensões das secções transversais
das paredes, as extensões nas armaduras longitudinais nas extremidades da parede tendem a
ser superiores às dos pilares. Assim, em edifícios de estrutura mista, as primeiras rótulas
plásticas formam-se, tipicamente, nas paredes, podendo a rótula localizar-se na zona de
momento máximo, em zonas de dispensa de armaduras ou lintéis de ligação, caso se adopte
paredes acopladas.

Para garantir um bom comportamento sísmico, a rótula deve formar-se na base da parede
garantindo que as secções acima do piso térreo permanecem em regime elástico, controlando
de forma mais eficaz os deslocamentos globais e entre pisos, bem como efeitos de segunda
ordem e danos em elementos não estruturais.

Para que apenas se forme uma rótula plástica na parte inferior da parede, é preciso
sobredimensionar a zona que deve permanecer em regime elástico. A formação de uma rótula

20
plástica acima da base implica que as exigências de ductilidade aumentem uma vez que, para
um mesmo deslocamento no topo, são necessárias maiores rotações e curvaturas na base.

A aplicação dos princípios do capacity design a estruturas com paredes de betão armado exige,
novamente, que a rótula plástica se forme por flexão e não por esforço transverso. Para que a
rotura ocorra por flexão, é então necessário dimensionar a parede para resistir ao valor do
máximo esforço transverso que se desenvolve na parede durante a formação da rótula plástica.

2.6. Análise Estrutural

2.6.1. Análise modal por espectro de resposta

Embora o EC8 permita a utilização de diversos métodos de análise para o dimensionamento de


edifícios e avaliação do seu desempenho sísmico, neste trabalho apenas se utilizará a análise
modal por espectro de resposta, o método de referência preconizado pelo EC8 e que tem a
vantagem de ser aplicável a todo o tipo de edifícios. Esta análise considera os efeitos da acção
sísmica separadamente, calculados por modo de vibração, e combinando posteriormente todos
os modos que contribuam significativamente para a resposta estrutural. De acordo com o EC8,
os modos relevantes serão os que, em cada direcção de análise, somem uma participação das
suas massas modais efectivas de pelo menos 90% da massa total da estrutura, ou cuja massa
modal efectiva seja superior a 5% da massa total.

2.6.2. Componentes horizontais da acção sísmica

O EC8 indica que os esforços devido à combinação das componentes horizontais da acção
sísmica podem ser determinados, simplificadamente, usando as expressões:

𝐸𝐸𝑑𝑥 "+" 0.30 ∙ 𝐸𝐸𝑑𝑦 (2.19)


0.30 ∙ 𝐸𝐸𝑑𝑥 "+" 𝐸𝐸𝑑𝑦 (2.20)
Com:
"+" representa “a combinar com”;
𝐸𝐸𝑑𝑥 efeito da acção sísmica segundo o eixo horizontal x;
𝐸𝐸𝑑𝑦 efeito da acção sísmica segundo o eixo horizontal y.

2.6.3. Cálculo de deslocamentos

Caso se efectue uma análise linear, os deslocamentos provocados pela acção sísmica de
cálculo, num determinado ponto da estrutura, deverão ser calculados com base nas deformações
elásticas do sistema estrutural, utilizando a expressão:

𝑑𝑠 = 𝑞𝑑 ∙ 𝑑𝑒 (2.21)

21
Com:

𝑑𝑠 deslocamento de um ponto do sistema estrutural devido à acção sísmica de


cálculo;
𝑞𝑑 coeficiente de comportamento em deslocamento, que se admite igual a 𝑞;
𝑑𝑒 deslocamento do mesmo ponto do sistema estrutural, provocado pelo sismo e
determinado pela análise elástica linear baseada no espectro de resposta de
projecto.

2.7. Rigidez Fendilhada

2.7.1. Introdução

Como tem sido referido, um dos principais factores que influencia o comportamento sísmico é a
rigidez da estrutura que deve ser considerada na análise sísmica. Além de influenciar o valor dos
deslocamentos da estrutura, condiciona a frequência de vibração e, consequentemente, o valor
espectral da acção. De modo a considerar a perda de rigidez por fendilhação durante a acção
sísmica, deve reduzir-se a rigidez dos elementos resistentes no modelo estrutural.

A fendilhação de uma secção de betão, implica a perda da participação do betão à tracção,


resultando na diminuição da inércia da secção. Na modelação de estruturas, é mais fácil reduzir
o módulo de elasticidade, em função da perda de rigidez a considerar. Nos elementos dúcteis,
para os quais se preveja o desenvolvimento de deformações plásticas, a rigidez elástica a
considerar numa relação bilinear, deverá ser a rigidez secante no ponto de cedência. A estimativa
da rigidez secante ao ponto de cedência pressupõe o conhecimento prévio das características
da secção, incluindo a disposição da armadura longitudinal dos elementos, situação que não
acontece no dimensionamento de novas estruturas. A simplificação sugerida no EC8-1 permite
contornar este problema assumindo uma perda de rigidez equivalente a 50% da rigidez não
fendilhada em toda a estrutura para os casos em que não se realize uma análise mais detalhada.
Porém, esta consideração pode eventualmente resultar num dimensionamento demasiado
conservativo, para casos correntes. De acordo com Fardis [2], resultados experimentais
demonstram que, no início da cedência, a rigidez de um elemento de betão corresponde, em
média, a 25% da rigidez da secção não fendilhada. Este valor está de acordo com o valor para
a rigidez efectiva estipulada na EN 1992-1-1 [12], a considerar no cálculo de efeitos de 2ª ordem
em estruturas de betão, de acordo com o método da rigidez nominal. Esta norma, em §5.8.7
prevê que a rigidez de flexão de elementos comprimidos esbeltos (caso não se considere a
fluência) é igual a 30% da rigidez da secção não fendilhada, se a taxa de armadura for superior
a 1%.

A regulamentação portuguesa aborda esta questão de forma oposta, propondo um aumento de


25% ao módulo de elasticidade. A consideração de maiores rigidezes na análise sísmica é
considerada conservativa, uma vez que tem como consequência a diminuição do período de
vibração e, em geral, o aumento da aceleração espectral para qual a estrutura deve ser

22
dimensionada. Este conceito está associado ao facto do betão, como material, para acções muito
rápidas, responder com um módulo de elasticidade superior. No entanto, esta hipótese é
claramente irrealista, atendendo ao comportamento do betão considerando a fendilhação. Além
disso, a consideração de uma maior rigidez subestima os deslocamentos impostos, importantes
na avaliação dos efeitos de 2ª ordem, bem como na verificação dos estados limite de serviço.

2.7.2. Flexão simples e composta

O comportamento do betão à tracção e flexão já foi abordado em § 2.5.3. Neste parágrafo,


pretende demonstrar-se de que modo se pode recorrer à relação momento-curvatura para
determinar a rigidez em estado II, e como se pode determinar esta relação para os casos de
flexão simples e composta. A curvatura é dada pela expressão 2.28, e representa a rotação por
unidade de comprimento longitudinal do elemento.

1 |𝜀𝑐 |+|𝜀𝑠 |
= : (2.22)
𝑅 𝑑

Com:
𝜀𝑐 extensão na fibra mais comprimida do betão;
𝜀𝑠 extensão na fibra mais traccionada do aço;
𝑑 altura útil da secção.
A relação entre a extensão no betão e a extensão no aço é dada em função da posição da linha
neutra, x, de acordo com:

𝜀𝑐 𝑥
= (2.23)
𝜀𝑆 𝑑 − 𝑥

Antes da fendilhação, o comportamento de determinada secção de betão, é elástico linear, com


rigidez dada pelo produto do módulo de elasticidade do betão, Ec, com a inércia da secção, Ic. A
presença de esforço axial, antecipa ou retarda, consoante este seja de tracção ou compressão,
respectivamente, a formação da primeira fenda.

Em estado II, perde-se a participação do betão traccionado, provocando a perda de rigidez do


elemento. Quando submetida à flexão simples, a posição da linha neutra em estado II é uma
propriedade da secção, e pode ser determinada através de uma equação que traduza a
igualdade de momentos estáticos. Assim, é possível determinar a inércia da secção em estado II
com relativa facilidade. Nesta situação, a rigidez em estado II é constante, sendo possível
determinar a relação momento-curvatura média recorrendo às equações 2.15 a 2.18.

Em flexão composta, é possível analisar duas situações distintas. A primeira é para um esforço
axial variável, de modo a que se desenvolva uma excentricidade, e=M/N, constante. Neste caso,
a posição da linha neutra continuaria constante, como na flexão simples. No entanto, o caso mais
comum é o de flexão composta com esforço axial de compressão constante. Nesta situação,
gera-se uma excentricidade variável e=M/N e a posição da linha neutra deixa de ser constante

23
[13]. Como se mostra na Figura 2.16, a posição da linha neutra vai subindo à medida que o
momento flector aumenta, diminuindo a rigidez da secção.

Figura 2.16 - Excentricidade variável devido a esforço axial constante. Adaptado de [14]

A equação que permite determinar a posição da linha neutra em estado II para esforço axial
constante é algo complexa. Além disso, a relação momento-curvatura média deve ser obtida por
interpolação entre os estados I e II, para cada nível de momento flector [13]. É então bastante
conveniente recorrer a programas de cálculo numérico para determinar esta relação de forma
expedita. Na Figura 2.17, apresenta-se a relação momento-momento curvatura para esforço
axial constante, onde é possível observar o andamento não linear da curvatura em estado II.

Figura 2.17 - Relação momento-curvatura média de um elemento em flexão composta, com esforço
axial constante [15]

2.7.3. Rigidez na cedência

A rigidez em estado II pode ser determinada através da relação momento-curvatura. Como


referido no EC8, deve considerar-se a rigidez secante no ponto de cedência das armaduras. A
rigidez, correspondente ao início da cedência das armaduras, Ky, é dada por:

𝑀𝑦
𝐾𝑦 = (2.24)
(1⁄𝑅)𝑦
Com:

𝑀𝑦 Momento de cedência;

24
1
( ) Curvatura correspondente ao início de cedência
𝑅 𝑦

Interessa então perceber que parâmetros afectam a relação momento-curvatura. Além de


depender das propriedades da secção, como a sua geometria (forma e dimensões), materiais, e
distribuição de armaduras, é também função dos esforços actuantes.

Começa-se por abordar a influência da quantidade de armadura longitudinal adoptada. Em


estado I, geralmente não se considera a participação das armaduras longitudinais, portanto,
estas não contribuem para o aumento da rigidez. Em estado II, as armaduras são responsáveis
pela resistência a tensões de tracção e participam na rigidez da secção. Assim, o aumento da
quantidade de armadura resulta no aumento da rigidez em estado II, que se traduz numa menor
curvatura para o mesmo valor de momento flector.

A perda de rigidez, em função da percentagem de armadura, apresenta-se na Figura 2.18, para


as situações de tracção e flexão simples, numa determinada secção. A perda de rigidez é maior
para o caso da fendilhação por esforço axial de tracção do que para a flexão simples, situação
em que o betão comprimido contribui para a rigidez da secção.

Figura 2.18 - Perda de rigidez entre estados I e II, em função da quantidade de armadura, para
tracção e flexão simples, para uma determinada secção [16]

A presença de esforço axial pode aumentar ou diminuir a rigidez em estado II, consoante este
seja de compressão ou de tracção. Tipicamente, um pilar apresenta uma maior rigidez em
estado II que uma viga devido à presença de esforço axial de compressão. Apesar da rigidez em
estado I não ser afectada pelo esforço axial, o momento de fissuração aumenta caso esse
esforço seja de compressão. Comparam-se as relações momento-curvatura para as situações
de flexão simples e composta na Figura 2.19. Também se apresenta a situação de flexão
composta com tracção, que reduz a rigidez do elemento em estado II em relação à flexão
simples.

25
Figura 2.19 - Comparação entre as relações momento-curvatura para as situações de flexão
simples (esquerda) e flexão composta com tracção (à direita, a vermelho) e compressão (à direita,
a azul) [15]

O aumento de rigidez em estado II devido ao esforço axial, é tanto maior quanto menor for a área
da secção transversal do elemento resistente. Em edifícios, o esforço axial actuante em
determinado elemento vertical está relacionado com a área de influência desse elemento vertical.
Apesar da área de influência de uma parede ser superior à de um pilar (e, portanto, o esforço
axial de compressão será maior), este aumento não será proporcional ao aumento de área. É
então expectável que o esforço axial reduzido, ν, seja menor em paredes que em pilares. Deste
modo, num pilar, as perdas de rigidez resultantes da fendilhação serão menos acentuadas que
nas paredes que têm um comportamento mais próximo da flexão simples. Apesar do esforço
normal contribuir positivamente para a limitação da abertura de fendas, a maior rigidez em
estado II resultará num aumento dos valores dos esforços de flexão por efeito da acção sísmica.

Resumindo, a rigidez em estado II pode ser avaliada determinando o momento e curvatura de


cedência. Para se obter a curvatura média, é preciso fazer uma ponderação entre os estados I e
II, sendo que para maiores valores de momento flector, o comportamento tende a aproximar-se
do estado II puro.

A EN 1998-2 propõe uma abordagem alternativa, que contempla dois métodos aproximados e
que permitem determinar a rigidez fendilhada de uma forma simplificada. Estes métodos serão
abordados no Capítulo 3.

2.8. Verificação de segurança

2.8.1. Estado limite último

Considera-se satisfeita a exigência de não colapso, caso o dimensionamento e pormenorização


dos diferentes elementos resistentes cumpra as condições estipuladas no parágrafo § 4.4.2,
relativas à resistência, ductilidade, entre outros.

26
2.8.1.1. Condições de resistência

A cláusula § 4.4.2.2 (1)P estabelece que, em todos os elementos estruturais, se deve verificar a
seguinte condição:

𝐸𝑑 ≤ 𝑅𝑑 (2.25)
Com:

𝐸𝑑 valor de cálculo do efeito da acção devido à situação de projecto sísmica,


incluindo efeitos de 2ª ordem, caso estes sejam relevantes;
𝑅𝑑 resistência de cálculo correspondente do elemento em análise.

De acordo com a cláusula § 4.4.2.2 (2) os efeitos de segunda ordem, P-Δ, podem não ser
considerados, caso a seguinte condição seja verificada em todos os pisos:

𝑃𝑡𝑜𝑡∙𝑑𝑟
𝜃= ≤ 0.10 (2.26)
𝑉𝑡𝑜𝑡 ∙ℎ

Com,

𝜃 coeficiente de sensibilidade ao deslocamento relativo entre pisos;


𝑃𝑡𝑜𝑡 carga gravítica total no piso, considerando o próprio piso e todos acima deste,
para a combinação sísmica;
𝑉𝑡𝑜𝑡 força de corte sísmica no piso considerado;
ℎ altura entre pisos;
𝑑𝑟 valor do deslocamento relativo entre pisos, calculado como a diferença entre os
deslocamentos laterais médios, 𝑑𝑠 , no topo e na base do piso. O valor de 𝑑𝑟 deve
ser calculado de acordo com § 4.3.4.
Nos seguintes parágrafos da EN1998-1 refere-se que o valor de 𝜃 não deverá ser superior a 0.3
e que caso este esteja compreendido entre 0.1 e 0.2, os efeitos de segunda ordem podem ser
considerados de forma simplificada multiplicando os esforços sísmicos por 1⁄(1 − 𝜃).

2.8.1.2. Condições de ductilidade global e local

No parágrafo § 4.4.2.3 estabelece-se que, quer os elementos estruturais, quer a estrutura no seu
todo, devem exibir um comportamento dúctil, de forma a aproveitar a ductilidade associada ao
sistema estrutural escolhido e de acordo com o coeficiente de comportamento adoptado. Em
edifícios de betão armado, será necessário seguir as disposições indicadas na secção 5 da
EN 1998-1, incluindo regras de cálculo pela capacidade real, de modo a garantir a definição de
uma hierarquia de resistências dos diversos componentes estruturais, requerida para assegurar
que as rótulas plásticas se formam nas secções pretendidas, enquanto as restantes secções
permanecem em regime elástico. Deste modo, é necessário garantir que estas zonas tenham
capacidade de deformação inelástica e dissipação histerética de energia.

O parágrafo § 4.4.2.3 (4) indica que a formação de um mecanismo plástico de piso flexível (soft
storey, Figura 2.15), que conduz a exigências de ductilidade excessivas para os pilares do piso

27
flexível, pode ser evitada em edifícios com estrutura porticada (incluindo sistemas equivalentes
a pórtico) caso se verifique a expressão 2.24, em todos os nós das vigas sísmicas primárias ou
secundárias com os pilares sísmicos primários:

∑ 𝑀𝑅𝑐 ≥ 1.3 ∑ 𝑀𝑅𝑏 (2.27)

Com:

∑ 𝑀𝑅𝑐 soma dos valores de cálculo dos momentos resistentes dos pilares ligados ao
nó;
∑ 𝑀𝑅𝑏 soma dos valores de cálculo dos momentos resistentes das vigas ligadas ao nó;

Esta condição visa assegurar o cumprimento do princípio “coluna forte/viga fraca”, já discutido
no parágrafo § 2.5 deste trabalho, forçando a formação de rótulas plásticas nas extremidades
das vigas e não nos pilares.

2.8.2. Estado de limitação de danos

Considera-se satisfeito o requisito de limitação de danos caso os deslocamentos relativos entre


pisos, 𝑑𝑟 , sejam limitados de acordo com § 4.4.3.2.

1. Para edifícios com elementos não estruturais frágeis fixos à estrutura:

𝑑𝑟 𝜈 ≤ 0.005ℎ (2.28)
2. Para edifícios com elementos não estruturais dúcteis:

𝑑𝑟 𝜈 ≤ 0.0075ℎ (2.29)

3. Para edifícios com elementos não estruturais fixos de forma a não interferir com as
deformações estruturais ou sem elementos não estruturais:

𝑑𝑟 𝜈 ≤ 0.010ℎ (2.30)
Com:
-ℎ altura entre pisos;

-𝜈 coeficiente de redução que considera que a limitação de danos deve ser


verificada para um sismo de retorno com um período de retorno inferior ao sismo
de cálculo. Em Portugal, 𝜈 é igual a 0.4 para a acção sísmica do Tipo 1, e 0.55
para o Tipo 2.

2.8.3. Âmbito e restrições da EN 1998-1 em edifícios de betão armado

As regras indicadas na EN 1998-1-1 deverão ser aplicadas no cálculo de edifícios de betão


armado em regiões sísmicas, quer estes sejam pré-fabricados ou betonados in situ. Como

28
indicado em § 5.1.1 (3)P, as disposições previstas na EN1998-1, são adicionais às regras
indicadas na EN 1992-1-1.

Nesta mesma secção da EN 1998-1, refere-se que edifícios que adoptem soluções de laje
fungiforme como elementos sísmicos primários não estão totalmente abrangidos por esta norma.

2.8.4. Capacidade de dissipação de energia e classes de ductilidade

A filosofia de dimensionamento da EN 1998-1 baseia-se nos princípios do capacity design, que


passa por assegurar que o edifício deverá possuir capacidade de dissipação de energia (sem
perda significativa de resistência global às acções horizontais e verticais) e com um
comportamento dúctil global. As exigências de ductilidade devem distribuir-se o mais possível ao
longo da estrutura e envolver diferentes elementos resistentes. Deste modo, é indispensável
garantir que os modos de rotura dúcteis (flexão) deverão anteceder os modos de rotura frágil
(esforço transverso), com grande fiabilidade.

O parágrafo § 5.2.1 (1)P indica que nas zonas críticas, os requisitos de deformação não linear
deverão ser compatíveis com a ductilidade global assumida nos cálculos, além de uma
resistência adequada em todos os elementos resistentes. As regras indicadas na EN 1998-1
condicionam a pormenorização das zonas críticas, de modo a que estas estejam preparadas
para acomodar a ductilidade adoptada no dimensionamento e modelos de análise. Em regiões
não críticas, deve observar-se as regras indicadas na EN 1992-1-1.

2.8.5. Tipos de sistemas estruturais

O EC8 permite classificar a estrutura em diferentes tipos de sistema estrutural, sendo os sistemas
de pórtico, parede e misto, os mais usuais. A menos que o edifício seja classificado como
torsionalmente flexível, é possível classificar um edifício de betão segundo um tipo estrutural
diferente em cada direcção horizontal.

Um sistema é classificado como porticado ou de parede, quando 65% da resistência horizontal


é assegurada pela resistência dos pórticos ou das paredes, respectivamente. Quando o sistema
não é porticado ou de parede, é classificado como misto, equivalente a pórtico, caso a
contribuição dos pórticos seja superior à das paredes, ou equivalente a parede, caso contrário.

Um sistema é classificado como torsionalmente flexível quando não apresenta uma resistência
mínima à torção. Esta condição é satisfeita caso o primeiro modo de vibração de torção
apresente um período inferior aos períodos de vibração dos dois modos de translação nas
direcções principais da estrutura.

29
2.8.6. Coeficiente de comportamento

Como se referiu em § 2.5, o coeficiente de comportamento, q, é função da ductilidade da


estrutura representando o quociente entre os esforços a que a estrutura estaria sujeita caso a
sua resposta fosse elástica e os esforços de cálculo da estrutura.

Os valores sugeridos no EC8 para o coeficiente de comportamento correspondem a valores


máximos, sendo possível adoptar um valor inferior. A adopção de um valor superior para o
coeficiente de comportamento resulta num menor nível de esforços (que conduz a estruturas
mais esbeltas e económicas) e numa menor solicitação de mecanismos de resistência frágeis e
das fundações, ambos dimensionados por capacidade real. Contudo, coeficientes de
comportamento mais elevados resultam em estruturas mais flexíveis e esbeltas, originando
maiores deslocamentos entre pisos e consequentemente, maiores danos em elementos não
estruturais.

O coeficiente de comportamento deve ser definido de acordo com as disposições indicadas na


EN 1998-1 em § 5.2.2.2.

2.8.7. Condição de ductilidade local

O requisito de ductilidade global exige que as zonas de potencial formação de rótulas plásticas
devem possuir elevada capacidade de deformação plástica. Este requisito é cumprido caso se
verifiquem as seguintes disposições:

1. É assegurada a ductilidade necessária em curvatura, em todas as zonas críticas dos


elementos sísmicos primários, incluindo as extremidades dos pilares;
2. É impedida a encurvadura local das armaduras comprimidas em zonas de potencial
formação de rótulas plásticas em elementos sísmicos primários;
3. Adopta-se qualidades adequadas de aço e betão para garantir a ductilidade local.

Na ausência de dados mais precisos, o parágrafo § 5.2.3.4 (3) prevê que as disposições
anteriores são cumpridas caso o factor de ductilidade em curvatura, 𝜇𝜙 , seja pelo menos igual a
um dos seguintes valores:

𝜇𝜙 = 2 ∙ 𝑞0 − 1, 𝑠𝑒 𝑇1 ≥ 𝑇𝐶 (2.31)
𝑇𝐶
𝜇 𝜙 = 1 + 2 ∙ ( 𝑞 0 − 1) ∙ , 𝑠𝑒 𝑇1 < 𝑇𝐶 (2.32)
𝑇1

Onde 𝑞0 corresponde ao valor básico do coeficiente de comportamento, 𝑇1 ao período


fundamental da estrutura e 𝑇𝐶 o período no limite superior da zona de aceleração constante do
espectro.

30
2.8.8. Cálculo de capacidades resistentes para a classe DCM

Segundo os parágrafos § 5.4.3.1.1 (1), § 5.4.3.2.1 (1), § 5.4.3.4.1 (1) e § 5.4.3.5.1 (1), do EC8, a
resistência à flexão e esforço transverso dos elementos estruturais (vigas, pilares e paredes)
devem ser determinados de acordo com a EN 1992-1-1.

Deste modo, devem observar.se as seguintes disposições para garantir a segurança à flexão
desviada e ao esforço transverso.

2.8.8.1. Flexão desviada

A verificação à flexão desviada pode ser feita de dois modos. No entanto, neste trabalho apenas
se considera o primeiro. Este método passa por verificar a flexão uni-axial, garantindo que, em
cada direcção, a relação entre o momento flector actuante, 𝑀𝐸𝑑 , e o momento flector resistente,
𝑀𝑅𝑑 , respeite as condições:

𝑀𝐸𝑑,𝑥
≤ 1.0 (2.33)
𝑀𝑅𝑑,𝑥
𝑀𝐸𝑑,𝑦
≤ 1.0 (2.34)
𝑀𝑅𝑑,𝑦

O parágrafo § 5.4.3.2.1 (2) da EN 1998-1, indica que em pilares sísmicos primários, os momentos
resistentes em ambas as direcções devem ser reduzidos em 30%.

2.8.8.2. Esforço transverso

A segurança ao esforço transverso é garantida caso o esforço transverso actuante seja inferior
ao esforço transverso resistente. Em elementos que necessitem de armaduras de esforço
transverso, constituída por estribos verticais, o § 6.2.3 (3) da EN 1992-1-1 estipula que o esforço
transverso resistente, 𝑉𝑅𝑑 , é igual ao menor dos valores obtidos através das seguintes
expressões:

1. Resistência à rotura dos estribos:

𝐴𝑠𝑤
𝑉𝑅𝑑,𝑠 = ∙ 𝑧 ∙ 𝑓𝑦𝑤𝑑 ∙ 𝑐𝑜𝑡(𝜃) (2.35)
𝑠

2. Resistência do betão ao esmagamento nas bielas comprimidas:

𝜈1 ∙ 𝑓𝑐𝑑 ∙ 𝑧 ∙ 𝑏𝑤 ∙ 𝛼𝑐𝑤
𝑉𝑅𝑑,𝑚𝑎𝑥 = (2.36)
𝑐𝑜𝑡(𝜃) + 𝑡𝑎𝑛(𝜃)
Com:

𝐴𝑠𝑤 área da secção transversal das armaduras de esforço transverso;


𝑠 espaçamento dos estribos;

31
𝑓𝑦𝑤𝑑 valor de cálculo da tensão de cedência das armaduras de esforço transverso;

𝑓𝑐𝑑 valor de cálculo da tensão de rotura do betão à compressão;


𝜈1 factor de redução que tem em conta a perda de resistência do betão fendilhado por
𝑓
esforço transverso, e é igual a 0.6 [1 − 𝑐𝑘 ];
250

𝑓𝑐𝑘 valor característico da tensão de rotura do betão à compressão;


𝛼𝑐𝑤 coeficiente que considera o estado de tensão no banzo comprimido;
𝑧 braço interior da peça, normalmente considerado igual a. 0.9𝑑;
𝜃 valor considerado para o ângulo entre as bielas inclinadas e o eixo da viga perpendicular
à força de corte.

32
3. Cálculo da Rigidez na Cedência: Análise de Secções

3.1. Introdução

Nesta fase do trabalho analisam-se diferentes secções, avaliando a perda de rigidez em função
da percentagem de armadura e esforço axial reduzido. Na modelação de estruturas de betão, a
consideração da perda de rigidez por fendilhação passa por simplificadamente, reduzir o módulo
de elasticidade do betão. Na verdade, a perda de rigidez tem origem na redução da inércia,
devido à perda do betão traccionado após a fendilhação. Como na modelação de estruturas, a
perda de rigidez é considerada uniforme, e igual a 50% da rigidez não fendilhada, em todos os
elementos, é mais simples reduzir o módulo de elasticidade do betão do que modificar a inércia
de cada elemento. Assim, na modelação, a redução da rigidez é considerada em relação à rigidez
em estado I. Deste modo, neste capítulo, quando se compara a perda de rigidez entre diferentes
elementos, é sempre tendo em conta a perda de rigidez relativamente à rigidez em estado I dos
elementos em análise.

Como referido no EC8, a rigidez a considerar na análise sísmica deve ser a rigidez secante no
ponto de cedência das armaduras. Viu-se anteriormente que a rigidez depende de factores como
o esforço axial actuante, percentagem de armadura adoptada e geometria da secção.

Além de servir de base ao dimensionamento sísmico que será abordado no capítulo 4, o estudo
da perda de rigidez, que será realizado neste capítulo, tem o objectivo de perceber de que modo
o esforço axial e percentagem de armadura afectam a perda de rigidez de determinada secção.
Serão traçados gráficos, para cada secção, que mostrarão a evolução da perda de rigidez em
função da percentagem de armadura adoptada, para determinado valor de esforço axial
reduzido.

Outro objectivo passa por comparar os resultados obtidos para a perda de rigidez, com a
simplificação sugerida no EC8. Tendo em consideração os parâmetros que afectam a rigidez em
estado II não deverão ser iguais em todo o tipo de elementos sísmicos primários, é expectável
que a perda de rigidez não seja uniforme em toda a estrutura. Neste capítulo pretende estimar-
se a perda de rigidez em função destes parâmetros, para perceber em que casos, considerar
uma perda de rigidez de 50%, como sugerido no EC8, se aproxima mais da realidade.

A perda de rigidez pode ser avaliada através do quociente entre a rigidez em estado II e em
estado I. Em estado I, a rigidez é de fácil determinação, uma vez que só depende das
propriedades da secção. A determinação da rigidez em estado II é um processo algo complexo
principalmente quando a secção está submetida a flexão composta com esforço axial constante,
situação em que a posição da linha neutra deixa de ser uma propriedade da secção. Em edifícios,
o esforço axial é, sobretudo, provocado pelas cargas permanentes. Assim, a situação mais
comum é precisamente a que é mais difícil de calcular.

33
A rigidez em estado II pode ser determinada a partir da relação momento-curvatura. Tendo em
conta que o cálculo da rigidez em estado II, além de ser um processo complexo, será realizado
um grande número de vezes para traçar os gráficos, é particularmente útil recorrer-se a
programas de cálculo automático. Neste trabalho utiliza-se o Gala Reinforcement, um software
de análise de secções, que permite determinar a relação momento-curvatura, identificando o
ponto de cedência. Este programa também permite considerar diferentes relações tensão-
extensão para os materiais. No entanto, a relação momento-curvatura calculada pelo Gala é
relativa à curvatura em estado II, e não à curvatura média, que devia ser considerada no cálculo
de perda de rigidez. Considerando que o cálculo da curvatura média é um processo complexo,
e que não se espera que o betão traccionado contribua de forma significativa para o aumento da
rigidez na cedência, opta-se por calcular a perda de rigidez em função da curvatura em estado
II.

Também serão apresentados os métodos simplificados previstos no EC8-2, que permitem


determinar a rigidez em estado II. Os resultados obtidos através do programa de cálculo
automático serão comparados com estes métodos, para perceber que abordagem é mais
vantajosa.

3.2. Relações Constitutivas dos Materiais

As relações constitutivas dos materiais traduzem a relação entre a tensão normal, σ, provocada
por uma deformação (extensão) ε. Os diagramas que se utilizam são diagramas simplificados,
uma vez que estes dependem de diversos factores (temperatura, história de carga,
confinamento, no caso do betão, entre outros).

3.2.1. Betão

Para o betão utilizam-se as relações tensão-extensão que se apresentam na Figura 3.1.

Figura 3.1 - Relações constitutivas para o betão à compressão [12].

Os valores de εc1 e εcu1 obtiveram-se a partir do Quadro 3.1 da EN 1992-1-1 e apresentam-se


na Tabela 3.1.

34
Tabela 3.1 - Valores de εc1 e εcu1 para o betão C30/37.

C30/37
εc1[‰] 2.2
εcu1 [‰] 3.5

3.2.2. Aço

Para o aço utilizou-se uma relação elasto-plástica como indicado na Figura 3.2. Caso não se
considere fenómenos de instabilidade, o comportamento à tracção e à compressão é
equivalente. Não se considerou nenhum incremento de resistência a partir da cedência.

Figura 3.2 - Relações constitutivas para o aço à tracção e compressão [8].

Na figura indica-se o intervalo de tensões que se espera atingir no comportamento em serviço,


no entanto pode considerar-se uma relação semelhante à dos estados limite últimos em que a
tensão máxima corresponde a fyk [8].

3.3. Materiais Utilizados

Para este estudo, adoptou-se betão C30/37 e aço A500NR. As propriedades destes materiais
apresentam-se na Tabela 3.2.

Tabela 3.2 - Propriedades do betão C30/37 e do aço A500NR.

C30/37 A500NR
fck [MPa] 30 fyk [MPa] 500
fcd [MPa] 20 fyd [MPa] 435
fctm [MPa] 2.9 εyd 2.175 E-3
Ec,28 [GPa] 33 Es [GPa] 200

35
3.4. Procedimento para Determinar a Rigidez na Cedência

Nesta fase, o processo consiste em calcular a rigidez das secções em estado I e estado II. No
estado I a rigidez, Kc, é calculada sem a participação das armaduras como é, em geral, razoável,
de acordo com a seguinte expressão:

𝑏𝑐 ∙ ℎ𝑐 3
𝐾𝑐 = 𝐸𝑐 𝐼𝑐 𝐼𝑐 = (3.1)
12
Onde:
𝐼𝑐 inércia da secção, em estado I, sem a a participação das armaduras;
𝑏𝑐 largura da secção de betão;
ℎ𝑐 altura da secção de betão.

Como referido anteriormente, a rigidez em estado II pode ser calculada através da relação
momento-curvatura, que pode ser obtida recorrendo ao Gala Reinforcement. Neste caso
interessa obter os valores do momento e curvatura no ponto de cedência, My e (1/R)y, para
determinar a rigidez no ponto de cedência, Ky, dada pela equação 2.30.

Para cada secção fixa-se determinados valores de esforço axial e, para cada um deles, faz-se
variar a área de armadura longitudinal para obter as curvas correspondentes à perda de rigidez
dessa secção. Os valores de esforço axial foram escolhidos tendo em conta o esforço normal
reduzido, e, portanto, são diferentes para cada secção.

Antes de se proceder ao traçado dos ábacos, efectuou-se uma análise de uma secção genérica
de um pilar recorrendo ao programa e a tabelas de cálculo de tensões em estado fendilhado
submetidas a flexão composta, com o objectivo de, por comparação, aumentar o grau de
confiança nos resultados obtidos através do programa. Aproveita-se, também, para demonstrar
como foram obtidas as relações momento-curvatura, através do Gala Reinforcement. As
características da secção analisada e materiais utilizados apresentam-se na Tabela 3.3, tal como
os esforços considerados.

Tabela 3.3 - Características da secção.

Esforços Secção Materiais


M [kN.m] 250 bc [m] 0.3 Betão C30/37
N [kN] -750 hc [m] 0.7 Aço A500NR
Ms [kN.m] 475 d [m] 0.65
es [m] 0.63 As- [cm2] 10.5
As+ [cm2] 10.5
ρl1 [%] 0.5

Uma vez que as tabelas utilizadas admitem uma relação tensão-extensão linear para o betão,
será esta a relação introduzida no programa para a primeira comparação. Na Figura 3.3 , mostra-
se a relação tensão-extensão utilizada para o betão e o aço.

36
Figura 3.3 - Propriedades dos materiais introduzidas no Gala Reinforcement.

Introduzidas as propriedades da secção no programa, obtiveram-se os resultados que se


reproduzem na Figura 3.4.

Figura 3.4 - Tensões e extensões obtidas através do Gala Reinforcement para uma relação tensão-
extensão linear para o betão.

As tensões calculadas recorrendo a tabelas apresentam-se na Tabela 3.4.

Tabela 3.4 - Tensões calculadas recorrendo a tabelas.

Parâmetros Tensões
CS 5.016 σs+ [MPa] 113.91
CC 4.534 σs- [MPa] -81.10
x [m] 0.309 σc [MPa] -16.99

Como se pode verificar, os resultados obtidos através de ambos os métodos são bastante
semelhantes. O programa também permite a consideração de uma relação tensão-extensão não
linear, como se apresenta na Figura 3.5.

37
Figura 3.5 - Relação tensão-extensão não linear, adoptada no programa.

Os resultados apresentam-se na Figura 3.6.

Figura 3.6 - Tensões e extensões obtidas através do Gala Reinforcement, considerando a não
linearidade da relação tensão-extensão do betão.

Como seria de esperar, para uma relação não linear do betão, observa-se a diminuição da tensão
no betão, acompanhada por um aumento de tensão nas armaduras de tracção, devido à
diminuição do braço.

O Gala Reinforcement também permite a obtenção directa do diagrama momento-curvatura de


uma secção, como se mostra na Figura 3.7.

Figura 3.7 - Relação momento-curvatura obtida no Gala Reinforcement, identificando o ponto de


cedência.

38
O par momento-curvatura na cedência obtém.se de forma expedita, através da análise do gráfico,
como se ilustra na Figura 3.7. O ponto de cedência pode ser identificado quando a extensão na
armadura de tracção for igual a εsy. Em alguns casos, o Gala não traça nenhum ponto próximo
do de cedência. Nesses casos, o ponto de cedência é obtido por interpolação linear entre os
pontos mais próximos.

3.5. Métodos EC8-2

O EC8-2 propõe dois métodos que, na ausência de um cálculo mais detalhado, permitem obter
uma estimativa aproximada da rigidez secante no ponto de cedência.

3.5.1. Método 1

O primeiro método baseia-se em modelos não lineares simplificados de um pilar em consola, de


secção rectangular vazada e de secção circular, cheia e vazada. Este método considera a
participação do betão entre fendas somando 8% da inércia da secção não fendilhada à inércia
da secção fendilhada. Uma das desvantagens deste método passa pela necessidade de calcular
o momento de cedência, bem como a inércia fendilhada. Como se referiu, o cálculo da inércia
fendilhada com esforço normal constante não é imediata. Assim, este método é pouco prático
quando comparado com comparado com o método 2 e não será explorado neste trabalho.

3.5.2. Método 2

O segundo método tem uma aplicação mais generalizada e estipula que a rigidez efectiva de um
pilar fendilhado pode ser estimada segundo:

𝜈𝑀𝑅𝑑
𝐸𝑐 𝐼𝑒𝑓𝑓 = (3.2)
(1⁄𝑅 )𝑦

Onde:

𝑀𝑅𝑑 momento resistente da secção


𝜈 coeficiente que tem em consideração a parte não fendilhada do pilar e assume
o valor de 1.2

A curvatura de cedência pode ser determinada por:

𝜀𝑠𝑦 − 𝜀𝑐𝑦
(1⁄𝑅 )𝑦 = (3.3)
𝑑𝑠

Em que:
𝜀𝑠𝑦 extensão de cedência do aço

39
𝜀𝑐𝑦 extensão de compressão do betão na cedência

𝑑𝑠 altura útil até ao centro da armadura longitudinal

O EC8-2 sugere as expressões aproximadas para a determinação da curvatura de cedência de


secções de pilares rectangulares e circulares, respectivamente.

(1⁄𝑅 )𝑦 = 2.1 𝜀𝑠𝑦 ⁄𝑑 (3.4)

(1⁄𝑅 )𝑦 = 2.4 𝜀𝑠𝑦 ⁄𝑑 (3.5)

O método 2 permite uma estimativa expedita da rigidez na cedência, uma vez que o momento
resistente é o único parâmetro que não é de determinação imediata. Para a sua determinação
pode recorrer-se a tabelas de dimensionamento para os pilares ou a fórmulas aproximadas para
as paredes, como a que se apresenta na expressão 3.6 [5], dispensando-se assim o recurso a
programas de cálculo.

𝑙𝑤 𝑁
𝑀𝑅𝑑 = 𝐴𝑆 ∙ 𝑓𝑦𝑑 ∙ 𝑧 + 𝑁 ∙ ( − ) (3.6)
2 2 ∙ 𝑏 ∙ 𝑓𝑐𝑑

3.6. Análise de Secções de Pilares

Os pilares testados foram escolhidos tendo em conta as disposições do EC8 e EC2. Procurou-
se também que os pilares tivessem dimensões comuns, mas variadas, de modo a tentar
compreender a influência da geometria na perda de rigidez.

Na Figura 3.8 apresentam-se os pilares que serão estudados. Procurou-se que as secções
escolhidas fossem correntemente utilizadas em zonas sísmicas. Optou-se por estudar três
secções, uma quadrada e duas rectangulares.

No traçado dos gráficos, teve-se em consideração que, em pilares, os valores de esforço axial
reduzido são bastante variáveis. Nos pilares as secções de pilares são escolhidas para que o
esforço axial reduzido assuma um valor entre 0.5 e 0.65. No entanto, em pilares situados no
bordo ou nos cantos, o esforço axial reduzido pode ser inferior. Assim, opta-se por determinar a
perda de rigidez para uma gama mais alargada de esforço axial reduzido. Relativamente à taxa
de armadura, teve-se em conta os valores indicado no EC8.

40
Figura 3.8 - Pilares estudados.

Os gráficos, obtidos através do Gala Reinforcement, que traduzem a perda de rigidez por
fendilhação nos pilares estudados, apresentam-se nas Figuras 3.9 a 3.11. Em anexo, apresenta-
se as tabelas utilizadas no traçado das curvas. Os valores de ρ indicados nos gráficos
representam a taxa de armadura como indicado na seguinte expressão:

𝐴𝑠1 + 𝐴𝑠2
𝜌1 + 𝜌2 = (3.7)
𝑏𝑐 ℎ𝑐

Em pilares, a taxa de armadura é tipicamente calculada tendo em conta toda a área de armadura
longitudinal, tal como os valores indicados no EC8. No entanto, neste trabalho estima-se a perda
de rigidez em função de ρ1+ ρ2 uma vez que no Gala Reinforcement apenas é possível introduzir
armaduras em duas camadas.

Pilar A
0.80

0.70

0.60

0.50
I2/Ic

0.40
v=0.8
0.30 v=0.7

v=0.4≈0.5≈0.6
0.20
v=0.2
0.10 v=0.1

0.00
0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50 3.00 3.50 4.00 4.50
ρ1+ρ2 [%]

Figura 3.9 - Perda de rigidez no Pilar A.

41
Pilar B
0.80

0.70

0.60

0.50
I2/Ic

0.40
v=0.8
0.30 v=0.7

v=0.4≈0.5≈0.6
0.20
v=0.2
0.10
v=0.1

0.00
0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50 3.00 3.50 4.00 4.50
ρ1+ρ2 [%]

Figura 3.10 - Perda de rigidez no Pilar B.

Pilar C
0.80

0.70

0.60

0.50
I2/Ic

0.40
v=0.8
0.30 v=0.7

v=0.4≈0.5≈0.6
0.20
v=0.2
0.10 v=0.1

0.00
0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50 3.00 3.50 4.00 4.50
ρ1+ρ2 [%]

Figura 3.11 - Perda de rigidez no Pilar C.

42
A análise dos gráficos confirma o que se tinha referido no Capítulo 2, em relação ao aumento da
rigidez em estado II provocado pela presença de esforço axial de compressão. O aumento de N,
provoca a descida da linha neutra, aumentando a área de betão em compressão. Para valores
de esforço axial reduzido até 0.4, as extensões nas armaduras de tracção atingem a extensão
de cedência.

Para valores de esforço axial reduzido situados entre 0.4 e 0.6, ocorre a situação de
balanceamento de cargas, em que teoricamente, a extensão de cedência e rotura é atingida nas
armaduras e no betão. Para um valor de esforço axial reduzido próximo de 0.6, a linha neutra
situa-se ligeiramente abaixo do centro da secção, passando a rotura a dar-se pelo betão, sem
as armaduras de tracção entrarem em cedência. Para estes valores de esforço axial reduzido, a
linha neutra situa-se muito próxima do centro da secção, o que se traduz em valores de rigidez
em estado II muito semelhantes. Para valores de maiores que 0.6, a linha neutra continua a
descer, a rotura continua a dar-se pelo betão, e a extensão nas armaduras de tracção é cada
vez menor.

O aumento da percentagem de armadura, implica, naturalmente, que a rigidez em estado II


aumente. Caso a armadura adoptada seja simétrica em relação ao eixo de flexão, o aumento da
percentagem de armadura “puxa” a linha neutra para o centro da secção. Isto quer dizer que, a
inércia fendilhada tenderá a ser dada pela armadura adoptada, e pela parte da secção que está
em compressão, que, com o aumento de ρ, tenderá a ser cada vez menos dependente do esforço
axial de compressão. A Figura 3.12, ilustra a comparação da perda de rigidez entre os vários
pilares, para o mesmo valor de esforço axial reduzido.

v=0.2 v=0.7
Pilar A Pilar B Pilar C Pilar A Pilar B Pilar C

1 1
0.8 0.8
0.6 0.6
I2/Ic

I2/Ic

0.4 0.4
0.2 0.2
0 0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
ρ1+ρ2 [%] ρ1+ρ2 [%]

Figura 3.12- Comparação da perda de rigidez nos pilares, para o mesmo valor de esforço axial
reduzido.

A Figura 3.12, mostra que a perda de rigidez é igual na secção A e C. Esta verificação é
consistente com o gráfico apresentado na Figura 2.18, que ilustra que a perda de rigidez, em
relação à rigidez inicial, não é afectada pela largura da base da secção. Na secção B, a perda

43
de rigidez é ligeiramente inferior, uma vez que altura desta secção é maior que a altura das
secções A e C. Esta diferença deve-se ao facto de na secção B, a distância entre a linha neutra
e as armaduras ser superior. Como se pode ver na Figura 3.12, as diferenças na perda de inércia
entre as secções B e as outras, aumentam com o aumento de ρ, sendo praticamente
equivalentes para valores correntes de ρ.

3.7. Análise de Secções de Paredes

Tal como nos pilares, as paredes estudadas foram escolhidas tendo em conta as disposições
previstas na EN 1998-1, relativas às dimensões das secções (incluindo elementos de
extremidade), taxa de armadura e esforço axial admissível.

De acordo com o EC8, nas paredes a armadura longitudinal deve ser colocada nas extremidades
das paredes, em elementos de comprimento dado por:

𝑙𝑐 ≥ 𝑚𝑎𝑥 { 0.15𝑙𝑤 ; 1.5𝑏𝑤 } (3.8)

Para as paredes, admitiu-se uma distribuição simétrica de armadura longitudinal, dentro do


elemento de extremidade de modo a que o centro de gravidade dos varões longitudinais se situe
no centro do elemento de extremidade. Optou-se por esta simplificação para facilitar a introdução
do valor de armadura longitudinal no Gala. Deste modo, concentra-se toda a armadura
longitudinal numa camada situada no centro do elemento de extremidade.

Na Figura 3.13, apresentam-se as paredes testadas. O comprimento do elemento de


extremidade é também apresentado.

Figura 3.13 – Paredes testadas.

Nas paredes, espera-se que o esforço axial reduzido seja consideravelmente mais baixo,
próximo de valores entre 0.05 e 0.10. Assim, nos gráficos apresentam-se a perda de rigidez para
valores de ν mais reduzidos, até 0.4, o máximo admissível em paredes de acordo com o EC8.

44
É importante referir que, nas paredes, é usual calcular-se a taxa de armadura, ρEE, como se
mostra na seguinte expressão:

𝐴𝑠1
𝜌𝐸𝐸 = (3.9)
𝑏𝑤 𝑙𝑐𝑟

A área de armadura introduzida no programa, foi calculada para valores de ρEE compreendidos
entre 0.5% e 4%. No entanto, para efeitos de comparação com os pilares, apresenta-se a taxa
de armadura relativa a toda a secção, ρ, optando-se por representar ρEE em eixo secundário. A
taxa de armadura é dada de acordo com a seguinte expressão:

𝐴𝑠1 + 𝐴𝑠2
𝜌= (3.10)
𝑏𝑤 𝑙𝑤

A perda de rigidez nas paredes testadas apresenta-se nas Figuras 3.14 a 3.16.

Parede A
ρEE [%]
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
0.45

0.40

0.35

0.30

0.25
I2/Ic

0.20
v=0.4
0.15 v=0.3
v=0.2
0.10
v=0.1
0.05 v=0.05

0.00
0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20
ρ [%]

Figura 3.14 - Perda de rigidez na Parede A.

45
Parede B
ρEE [%]
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
0.45

0.40

0.35

0.30

0.25
I2/Ic

0.20
v=0.4
0.15 v=0.3
v=0.2
0.10
v=0.1
0.05 v=0.05

0.00
0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20 1.40
ρ [%]

Figura 3.15 - Perda de rigidez na Parede B.

Parede C
ρEE [%]
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
0.45

0.40

0.35

0.30

0.25
I2/Ic

0.20
v=0.4
0.15 v=0.3
v=0.2
0.10
v=0.1
0.05 v=0.05

0.00
0.00 0.25 0.50 0.75 1.00 1.25 1.50 1.75 2.00 2.25
ρ [%]

Figura 3.16 - Perda de rigidez na Parede C.

46
A perda de rigidez nas paredes apresenta uma evolução parecida aos pilares, com a parede C
(que tem as secções mais reduzidas) a apresentar o comportamento mais semelhante ao dos
pilares. As considerações tecidas em relação à importância do esforço axial, em função da taxa
de armadura, continuam a verificar-se nas paredes. Contudo, observa-se que com o aumento do
comprimento da secção, lw, a importância do esforço axial continua relevante com o aumento de
ρ. Como se referiu, nas paredes a armadura é concentrada nos elementos de extremidade. É
comum calcular-se a percentagem de armadura adoptada, relativa às dimensões destes
elementos. Assim, obtém-se valores muito baixos de taxa de armadura, considerando a
armadura presente nas extremidades em relação a toda a secção. A título de exemplo, na
Parede A, ao valor de ρEE=4% está associada uma armadura na extremidade de 90 cm 2. Mesmo
considerando que se adoptam 90 cm2 em ambas as extremidades, o valor de ρ, relativamente
às dimensões de toda a secção, seria apenas de 1.2%. Assim, nas paredes, é expectável que a
influência do esforço axial para elevados valores de ρ, se assemelhe à influência nos pilares,
para valores mais baixos de ρ. Esta tendência é mais acentuada quanto menor for a dimensão
dos elementos de extremidade relativamente às dimensões da secção.

No Gala, a armadura é considerada numa só camada, que concentra toda a armadura do


elemento de extremidade, posicionada no centro de gravidade das armaduras. No cálculo da
perda de rigidez, considerou-se a armadura simetricamente distribuída dentro do elemento, o
que implica que a armadura esteja concentrada numa camada no centro do elemento de
extremidade. Este factor contribui para uma rigidez fendilhada ligeiramente inferior, tendo em
conta a perda do braço entre armaduras. Eventualmente, poderia posicionar-se a camada mais
próxima da face da parede, aumentando z, e diminuindo as perdas de rigidez. No entanto, como
se desconhece a distribuição de armaduras, optou-se por posicionar a camada no centro do
elemento de extremidade.

3.8. Comparação Entre os Resultados Obtidos com o Gala e


Método 2

O objectivo deste parágrafo é comparar os resultados obtidos através do método 2 do EC8-2 e


do Gala. Como se referiu, o método 2 permite determinar a rigidez secante no ponto de cedência
sem recurso a programas de cálculo, sendo apenas necessário estimar o valor do momento
resistente através de fórmulas aproximadas ou recorrendo a tabelas. Assim, este método pode
revelar-se bastante útil em situações em que não se disponha de programas de cálculo.

Vale a pena referir que o EC8-2 considera a participação do betão entre fendas. Este fenómeno
é tido em conta na expressão 3.3, através do coeficiente ν, que aumenta a rigidez em 20%. Como
a rigidez calculada através do programa de cálculo é a rigidez em estado II (sem considerar a
curvatura média), optou-se por não se considerar o coeficiente ν nesta comparação. As Figuras
3.17 e 3.18 mostram comparam a perda de rigidez no Pilar B e na Parede A, obtida com o Gala
e o Método 2.

47
Pilar B

v=0.2 v=0.4
0.90 0.90
0.80 0.80
0.70 0.70
0.60 0.60
0.50 0.50
I2/Ic

I2/Ic
0.40 0.40
0.30 0.30
0.20 Gala 0.20 Gala

0.10 EC8-2 0.10 EC8-2


0.00 0.00
0.00 1.00 2.00 3.00 4.00 0.00 1.00 2.00 3.00 4.00
ρ1+ρ2 [%] ρ1+ρ2 [%]

v=0.5 v=0.6
0.90 0.90
0.80 0.80
0.70 0.70
0.60 0.60
0.50 0.50
I2/Ic

I2/Ic

0.40 0.40
0.30 0.30
0.20 Gala 0.20 Gala

0.10 EC8-2 0.10 EC8-2


0.00 0.00
0.00 1.00 2.00 3.00 4.00 0.00 1.00 2.00 3.00 4.00
ρ1+ρ2 [%] ρ1+ρ2 [%]

v=0.7 v=0.8
0.80 0.90
0.70 0.80

0.60 0.70
0.60
0.50
0.50
I2/Ic

I2/Ic

0.40
0.40
0.30
0.30
0.20 Gala 0.20 Gala
0.10 EC8-2 0.10 EC8-2
0.00 0.00
0.00 1.00 2.00 3.00 4.00 0.00 1.00 2.00 3.00 4.00
ρ1+ρ2 [%] ρ1+ρ2 [%]

Figura 3.17 - Estimativa da perda de rigidez no Pilar B obtida através do Gala e do EC8-2.

48
Parede A

v=0.05 v=0.1
ρEE [%] ρEE [%]
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
0.45 0.45
0.40 0.40
0.35 0.35
0.30 0.30
0.25 0.25
I2/Ic

I2/Ic
0.20 0.20
0.15 0.15
0.10 Gala 0.10 Gala
0.05 EC8-2 0.05 EC8-2
0.00 0.00
0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20 0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20
ρ [%] ρ [%]

v=0.2 v=0.4
ρEE [%] ρEE [%]
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
0.45 0.45
0.40 0.40
0.35 0.35
0.30 0.30
0.25 0.25
I2/Ic

I2/Ic

0.20 0.20
0.15 0.15
0.10 Gala 0.10 Gala
0.05 EC8-2 0.05 EC8-2
0.00 0.00
0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20 0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20
ρ [%] ρ [%]

Figura 3.18 - Estimativa da perda de rigidez na Parede A obtida através do Gala e do EC8-2.

A análise dos gráficos mostra que, no geral, a rigidez obtida com o Gala é superior à rigidez
obtida com o Método 2. As fórmulas que permitem determinar a rigidez efectiva apresentaram-
se anteriormente. A expressão 3.5, para o cálculo da curvatura de cedência, considera que as
armaduras dos dois elementos de extremidade da parede encontram-se em cedência. A
curvatura de cedência dada pela expressão 3.5 do método 2, assume um valor constante, que
só depende da altura útil da secção, d, e do aço adoptado. Na verdade, a curvatura de cedência
varia com o aumento da quantidade de armadura e esforço axial de compressão.

Ao analisar as Figuras 3.17 e 3.18, constata-se que a rigidez em estado II determinada pelo
método 2 aproxima-se dos valores obtidos com o Gala para valores de esforço axial reduzido
compreendidos entre 0.4 e 0.6. No Capítulo 2, mencionou-se que para este nível de esforço axial,
ocorre, em teoria, o balanceamento de cargas. Nesta situação, as extensões de cedência das

49
armaduras e rotura do betão ocorrem simultaneamente, e, portanto, para estes valores de
esforço axial, a curvatura de cedência tende a ser maior.

Para os restantes valores de esforço axial reduzido, a curvatura de cedência será menor que na
situação descrita atrás. Deste modo, observa-se que a perda de rigidez determinada a partir do
Método 2 do EC8-2 é significativamente inferior às perdas calculadas com o Gala.

3.9. Considerações

Analisando os gráficos, pode concluir-se que, de um modo geral, a perda de rigidez varia pouco
com as dimensões da secção, caso a percentagem de armadura e esforço axial reduzido
assumam valores iguais. Assim, o facto de se poder considerar menores rigidezes em maiores
secções, não é uma consequência directa do aumento da secção, mas sim por a este aumento
estar associada uma diminuição do esforço axial reduzido (e eventualmente da percentagem de
armadura).

Considerando que, tipicamente, as dimensões de um pilar são escolhidas tendo em vista a que
o esforço axial reduzido devido às cargas verticais assuma um valor entre 0.5 e 0.65, e que a
taxa de armadura adoptada deverá ser um pouco superior a 0.75% (considerando a taxa de
armadura como se indicou no parágrafo § 3.6), verifica-se, que a rigidez da secção fendilhada
deverá situar-se entre 30% a 45% da rigidez da secção não fendilhada. Se se considerar o
aumento de rigidez devido à participação do betão entre fendas pode concluir-se que, para
pilares, assumir uma perda de rigidez equivalente a 50% da rigidez não fendilhada constitui uma
boa simplificação, principalmente em pilares submetidos a esforços normais de compressão
elevados. Em pilares submetidos a menores esforços de compressão, como em pilares de canto,
poderá, eventualmente, considerar-se uma menor rigidez, mais próxima de 0.30 EcIc.

Nas paredes, a percentagem de armadura, relativamente às dimensões da secção, tende a


diminuir com o aumento do comprimento da parede, lw, tal como o esforço axial reduzido. Em
paredes mais compridas, como a Parede A, considerando um esforço axial reduzido entre 0.05
e 0.10, e uma taxa de armadura entre 0.5% e 1%, pode considerar-se uma rigidez à volta de
0.15 a 0.25 EcIc. Em paredes de menor comprimento, como a Parede C, para valores de esforço
axial reduzido na ordem de 0.15 a 0.25, e percentagens de armadura entre 1.5% e 2%, a perda
de rigidez será menor, e poderá considerar-se uma rigidez igual a 0.25 a 0.35 EcIc. Em paredes
de dimensão superior à parede A, a rigidez na cedência poderá ser inferior e próxima de valores
entre 0.05 a 0.10 EcIc.

50
4. Análise e Dimensionamento Estrutural

4.1. Introdução

Neste capítulo estuda-se um caso prático para perceber de que modo a consideração de
diferentes rigidezes fendilhadas afecta a resposta de uma estrutura quando submetida à acção
sísmica. Este objectivo pode ser conseguido analisando a estrutura recorrendo a dois modelos.
Num dos modelos considera-se a perda de rigidez do betão por fendilhação, como indicado no
EC8, através da consideração de um módulo de elasticidade reduzido em 50%, para todos os
elementos da estrutura. No segundo modelo, a perda de rigidez por fendilhação é determinada
para cada elemento estrutural.

Como se referiu nos capítulos anteriores, a perda de rigidez por fendilhação depende das
características geométricas da secção, da taxa de armadura e do esforço normal de compressão
actuante. O esforço axial actuante nos elementos estruturais é, sobretudo, devido às forças
verticais aplicadas na estrutura (peso próprio, restantes cargas permanentes e sobrecargas). A
taxa de armadura depende dos esforços obtidos através da verificação dos estados limite, sendo,
portanto, obtida após a análise sísmica. Neste trabalho, a análise em que se considera diferentes
rigidezes é efectuada após a análise considerando a simplificação do EC8.Foi então possível
considerar uma rigidez fendilhada, com base numa estimativa obtida a partir das percentagens
de armadura adoptada na análise simplificada.

Numa situação em que não se realizasse uma primeira análise, e se pretendesse adoptar
diferentes rigidezes fendilhadas, a estimativa da perda de rigidez numa determinada secção
poderia basear-se no valor do esforço axial actuante, que pode ser determinado antes de
considerar a fendilhação no modelo, e na consideração de um valor corrente de percentagem de
armadura, tendo em conta o tipo de elemento considerado, como se fez no parágrafo 3.9.

No segundo modelo, considera-se a perda de rigidez relativa ao estado II, sem considerar a
participação do betão entre fendas. Esta opção baseia-se, por um lado, no facto de não se
esperar diferenças significativas a nível do dimensionamento sísmico por se considerar
diferentes rigidezes fendilhadas, por outro, não se espera que a consideração de uma rigidez
média contribua significativamente para o aumento da rigidez. Assim, esta consideração, além
de possibilitar um cálculo mais simples da rigidez fendilhada, permite a melhor exploração de
uma menor rigidez, no dimensionamento sísmico, que é um dos objectivo deste trabalho.

4.2. Descrição da Estrutura

Analisar-se-á um modelo de uma estrutura em betão armado regular, localizado em Lisboa, com
uma ocupação de escritórios. O edifício tem 30m de comprimento, 18 m de largura e 5 pisos
acima do solo. A estrutura apresenta-se nas Figuras 4.1 e 4.2.

51
Figura 4.1 - Planta da estrutura.

Figura 4.2 - Fachada do edifício: Direcção X (à esquerda) e direcção Y (à direita).

Como se pode observar nas figuras, as paredes foram dispostas segundo a menor direcção,
colocadas nas extremidades do edifício com o objectivo de aumentar a sua rigidez à torção. Na
outra direcção, adoptou-se uma solução porticada. O objectivo passou por estudar, em cada
direcção, as implicações da consideração de diferentes rigidezes em estruturas do tipo pórtico e
parede, que são as mais utilizadas.

Para a definição da acção sísmica, considerar-se-á que o edifício está localizado em Lisboa,
implantado num solo do Tipo B (areia muito compacta).

4.3. Materiais

Na estrutura adoptou-se um betão C30/37 e um aço A500 NR SD. Estes materiais são os
mesmos que se adoptaram na análise de secções e as suas características apresentam-se na
Tabela 3.2.

52
4.4. Acções

4.4.1. Acções permanentes

4.4.1.1. Peso Próprio

O peso próprio da estrutura será determinado de acordo com as dimensões adoptadas para os
elementos estruturais do edifício. De acordo com a EN 1991-1-1 o peso volúmico para o betão
armado é igual a 25 kN/m 3.

4.4.1.2. Restante carga permanente

A restante carga permanente (RCP) contabiliza o peso de revestimentos, paredes divisórias,


entre outros, e contabiliza-se através da aplicação de uma carga uniforme igual a 3.5 kN/m 2, em
cada piso. Neste exemplo não se fez distinção entre os valores de RCP nos vários pisos.

4.4.2. Ações variáveis

4.4.2.1. Sobrecarga

Como indicado na EN 1991-1-1, a sobrecarga a aplicar à estrutura é função do tipo de utilização


do edifício. Neste exemplo, considerou-se que a sobrecarga actuante assume o valor de 3.0
kN/m2, correspondente à utilização de escritórios.

4.4.3. Acção sísmica

Como referido no parágrafo 2.2, a EN 1998-1 indica que devem ser considerados dois tipos de
sismo: a acção sísmica do Tipo 1, para os sismos afastados, e a acção sísmica do Tipo 2, para
os sismos próximos. O sismo considerado condicionante é aquele cujo espectro de resposta
apresenta valores mais elevados. Como se referiu, considerou-se que o edifício está implantado
em Lisboa, num solo do Tipo B. Os valores necessários para a definição da acção sísmica
apresentam-se na Tabela 4.1.

Tabela 4.1 - Valores a considerar para os parâmetros que definem o espectro de resposta elástico
horizontal.

Solo B Smax TB [s] TC [s] TD [s] agr [m/s2] S


Tipo 1
1.35 0.1 0.6 2.0 1.5 1.292
(1.3)
Tipo 2
1.35 0.1 0.25 2.0 1.7 1.268
(2.3)

Recorrendo às expressões 2.9 a 2.12, apresentadas no parágrafo 2.2, utilizando os valores da


Tabela 4.1, é possível traçar os espectros de resposta elásticos horizontais.

53
4.5. Combinações

Neste exemplo consideram-se as combinações previstas no Eurocódigo 0, para os Estados


Limites Últimos.

4.5.1. Combinação fundamental

A combinação de acções para o estado limite de resistência, para situações de projecto


persistentes ou transitórias, é dada por:

∑ 𝛾𝐺,𝑗 ∙ 𝐺𝑘,𝑗 + 𝛾𝑄,1 ∙ 𝑄𝑘,1 + ∑ 𝛾𝑄,𝑖 ∙ 𝜓0,𝑖 ∙ 𝑄𝑘,𝑖 (4.1)


𝑗≥1 𝑖≥1

Com:
𝛾𝐺,𝑗 = 1.35 coeficiente parcial relativo à acção permanente 𝑗;

𝐺𝑘,𝑗 valor característico da acção permanente 𝑗;

𝛾𝑄,1 = 1.5 coeficiente parcial relativo à acção variável de base;

𝑄𝑘,1 valor característico da acção variável de base;

𝛾𝑄,𝑖 = 1.5 coeficiente parcial relativo à acção variável 𝑖;

𝑄𝑘,𝑖 valor característico da acção variável acompanhante 𝑖.

4.5.2. Combinação sísmica

A combinação de acções a utilizar na situação de projecto sísmica, para a verificação de


membros e secções, deve ser a expressão 2.13 indicada no parágrafo 2.2.

Neste exemplo dimensiona-se um edifício corrente e, portanto, o factor de importância, 𝛾𝐼 , é igual


a 1.0. O valor do coeficiente 𝜓2,𝑖 assume o valor de 0.3, para zonas de escritórios (Categoria B),
de acordo com o Eurocódigo 0. Relativamente ao factor de redução, 𝜑, conservativamente,
considera-se igual a 1.0 em todos os pisos da estrutura.

4.6. Modelação

A modelação da estrutura analisada foi feita através do software de cálculo automático


SAP 2000. Os pilares, vigas e paredes foram modelados através de elementos de barra,
enquanto as lajes foram modeladas recorrendo a elementos shell. Os apoios dos elementos
verticais foram considerados como encastramentos rígidos.

Foi necessário fazer dois modelos, um em que se considera a perda de rigidez por fendilhação
uniforme em toda a estrutura e igual a 50% da rigidez não fendilhada, e outro onde se tem em

54
conta a perda de rigidez em cada elemento, utilizando os gráficos traçados no Capítulo 3 para a
quantificação desta perda.

A perda de rigidez por fendilhação é considerada no modelo através da redução do módulo de


elasticidade do betão, Ec. Foi necessário definir diversos materiais com as características do
betão C30/37, mas com módulos de elasticidade reduzidos em função da perda de rigidez a
considerar em cada elemento. A redução a aplicar a cada elemento, no segundo modelo,
apresenta-se na Tabela 4.2. Nos pilares dos pórticos considerou-se uma menor perda de rigidez,
atendendo a que esta direcção já apresenta alguma flexibilidade. Aos pilares pertencentes ao
sistema de laje fungiforme, atribui-se uma baixa rigidez (0.1Ec), com o objectivo de serem
classificados como elementos secundários. Esta opção não está relacionada com a perda de
rigidez nos pilares secundários mas sim com o facto destes pilares poderem ser dimensionados
de modo a apenas suportar os deslocamentos impostos pela acção sísmica mantendo a
capacidade de transmissão de cargas verticais.

Tabela 4.2 - Perda de rigidez considerada em cada elemento, na segunda análise.

Elemento ρ ν I2/Ic
0.7
Parede 0.08 0.25
(ρEE=2.25)
Pilar P1 1.3 0.15 0.4
Pilar P2 1.1 0.25 0.4
Viga 0.7 0 0.20

4.7. Análise de Resultados

4.7.1. Análise modal

Uma vez que a avaliação da resposta dinâmica de uma estrutura não é imediata, são necessários
métodos de cálculo para decompor a resposta estrutural. Deste modo, a análise dinâmica pode
ser feita a partir da determinação dos vários modos de vibração, que representam configurações
deformadas da estrutura. Os modos de vibração da estrutura dependem unicamente das suas
características geométricas e materiais. A cada modo de vibração está associada uma
frequência de vibração, que aumentará com o aumento da rigidez da estrutura à deformação
associada a esse modo. Ao primeiro modo de vibração corresponde a menor frequência, a que
se dá o nome de “frequência fundamental da estrutura”, por estar associada ao modo que ocorre
com mais facilidade, isto é, ao que requer menor energia de deformação.

Recorrendo ao SAP 2000 é possível efectuar a análise modal do edifício, que permite determinar
as frequências próprias e modos de vibração da estrutura. Os resultados da análise apresentam-
se na Tabela 4.3.

55
Tabela 4.3 - Frequências, períodos e factores de participação de massa em ambas as análises.

Análise 1 Análise 2
Período Freq Ux Uy Rz Período Freq Ux Uy Rz
Modo
[Seg] [Hz] [%] [%] [%] [Seg] [Hz] [%] [%] [%]
1 1.086 0.921 81.8 0.0 15.5 1.274 0.785 82.8 0.0 15.7
2 0.570 1.753 0.0 71.7 37.7 0.738 1.354 0.0 73.8 38.8
3 0.429 2.331 0.0 0.0 20.1 0.553 1.809 0.0 0.0 20.6
4 0.337 2.967 10.9 0.0 2.1 0.397 2.518 10.5 0.0 2.0
5 0.182 5.508 4.5 0.0 0.8 0.307 3.259 4.2 0.0 0.8
6 0.163 6.119 0.0 0.0 0.0 0.277 3.615 0.0 18.7 9.8
7 0.162 6.159 0.0 0.0 0.0 0.231 4.326 0.0 0.0 0.0
8 0.159 6.282 0.0 0.0 0.0 0.214 4.670 0.0 0.0 0.0
9 0.155 6.433 0.0 0.0 0.0 0.192 5.200 0.0 0.0 0.0
10 0.148 6.748 0.0 20.2 10.6 0.192 5.206 0.0 0.0 5.6
11 0.136 7.367 0.0 0.0 0.0 0.188 5.317 0.0 0.0 0.0
12 0.133 7.518 0.0 0.0 0.0 0.179 5.580 1.9 0.0 0.4
Σ 97.2 91.9 86.8 Σ 99.4 92.5 93.7

Definiram-se como relevantes os 10 primeiros modos de vibração, uma vez que a o somatório
das percentagens de participação de massa, em ambas as direcções horizontais, é superior a
90%. Aos dois primeiros modos de vibração estão associadas translações na direcção X e Y.
Tendo em conta que as paredes resistentes estão dispostas segundo a direcção Y, a direcção X
apresenta uma rigidez bastante inferior à direcção Y, atendendo à diferença entre as frequências
de ambos os modos.

Como se esperava, uma vez que na análise 2 foram considerados elementos resistentes mais
flexíveis, as frequências de vibração são inferiores em todos os modos. Na direcção X a diferença
entre as frequências de ambas as análises não é tão significativa como na direcção Y. Esta
diferença era expectável, atendendo que a resistência da direcção Y é garantida sobretudo pelas
paredes resistentes, e que estas foram alvo de uma redução de rigidez maior (0.5 para 0.25E cIc)
que os pórticos (0.4 para 0.5 EcIc), que sãos os elementos que garantem a maior parte da rigidez
na direcção X.

4.7.2. Definição da acção sísmica de projecto

4.7.2.1. Tipo de estrutura

Tendo em conta a simetria da estrutura, nas duas direcções, e que esta não apresenta
descontinuidades em altura, o edifício classifica-se como regular, em altura e em planta.

O sistema estrutural é avaliado para cada direcção, dependendo da contribuição para a


resistência às acções horizontais dos diferentes tipos de elemento resistente vertical. Assim, é
possível avaliar a contribuição para a resistência horizontal da estrutura através da determinação
das forças de corte basal.

56
A aceleração espectral é um dos parâmetros que afectam o valor da força de corte basal. Como
se viu, a menor rigidez adoptada na análise 2 resultou numa resposta globalmente mais flexível,
e, deste modo, é expectável que a força de corte basal diminua. Caso se considerasse diferentes
rigidezes, mas a aceleração espectral continuasse a ser a aceleração correspondente ao ramo
máximo, a força de corte basal continuava a ser a mesma, observando-se uma redistribuição de
esforços entre os diferentes elementos. O espectro de resposta, assinalado com os períodos de
vibração dos dois primeiros modos de vibração para ambas as análises, apresenta-se na Figura
4.3.

Espectro de resposta
1.8 (0.57; 1.625)
1.6
1.4 (0.74; 1.318)
1.2 Espectro 1
Sd m.s-2

(1.09; 0.894)
1.0
(1.27; 0.768) T1 A1 (Translacção X)
0.8
T1 A2 (Translacção X)
0.6
0.4 T2 A1 (Translacção Y)
0.2 T2 A2 (Translacção Y)
0.0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5
T [s]

Figura 4.3 - Espectro de resposta.

Recorrendo ao SAP 2000, efectuou-se uma análise com base no espectro de resposta
correspondente ao sismo afastado previsto no EC8, nas direcções X e Y. Esta análise permite
estimar a participação de cada elemento na rigidez horizontal do edifício, através da
determinação da força basal em cada elemento. Os resultados apresentam-se na Tabela 4.4.

Tabela 4.4 - Forças de corte basal nos diferentes elementos resistentes.

Força Basal Fparede Fpórtico Fpilar Fparede Fpórtico Fpilar


Análise Direcção
[kN] [kN] [kN] [kN] [%] [%] [%]
x 2363 327 1748 288 13.84 73.99 12.18
1
y 3756 3444 144 168 91.70 3.84 4.48
x 2046 266 1666 114 13.02 81.43 5.55
2
y 3210 2919 202 89 90.93 6.30 2.77

Assim, a estrutura classifica-se como pórtico na direcção X e como parede na direcção Y, em


ambas as análises.

4.7.2.2. Elementos sísmicos primários e secundários

Classificam-se como elementos sísmicos secundários o conjunto de elementos cuja contribuição


para a rigidez lateral da estrutura seja inferior a 15% da contribuição dos elementos sísmicos

57
primários. Neste exemplo, os pilares pertencentes ao sistema de laje fungiforme são passíveis
de serem considerados secundários. Tendo em consideração os valores apresentados na Tabela
4.4, determina-se a contribuição dos pilares centrais do edifício, face à contribuição dos pórticos
e paredes. Estes resultados apresentam-se na Figura 4.5.

Tabela 4.5 - Avaliação da contribuição dos pilares pertencentes ao sistema de laje fungiforme.

Fparede+Fportico Fpilar
Análise Direcção Fpilar/(Fparede+Fportico)
[kN] [kN]
x 2075 288 0.139
1
y 3588 168 0.047
x 1932 114 0.059
2
y 3121 89 0.029

Em ambas as análises os pilares do sistema de laje fungiforme são classificados como


secundários. Na análise 2, atribuiu-se uma baixa rigidez a estes pilares (0.1Ec), com o objectivo
de serem dimensionados com baixa armadura, apenas sendo necessário garantir a sua
capacidade para resistir aos deslocamentos provocados pelo sismo, mas mantendo a sua
capacidade de transmitir cargas verticais.

4.7.2.3. Coeficiente de comportamento

O coeficiente de comportamento q, define-se através da seguinte expressão:

𝑞 = 𝑞0 𝑘𝑤

Inicialmente é necessário definir o valor básico do coeficiente de comportamento, q0. O EC8


𝛼𝑢
indica ainda um factor de majoração, , que, conservativamente, se considera unitário. A Tabela
𝛼1

4.6 apresenta os valores escolhidos para q0.

Tabela 4.6 - Valor básico do coeficiente de comportamento em cada direcção.

Direcção Sistema Estrutural q0


X Sistema Porticado 3
Y Sistema de Paredes Dúcteis 3

Relativamente ao factor kw, este assume o valor de 1.0 para sistemas porticados. Para sistemas
de parede, deve usar-se a expressão:

∑ ℎ𝑤𝑖 15 (1 + 𝛼0 ) 4
𝛼0 = = = 3.0 𝑘𝑤 = = → 𝑘𝑤 = 1.0
∑ 𝑙𝑤𝑖 5 3 3

Assim, o coeficiente de comportamento é igual a 3.0, em ambas as direcções.

58
4.8. Verificações Preliminares

4.8.1. Estado limite de limitação de danos

O requisito de limitação de danos está associado à verificação dos Estados Limites de Serviço.
É necessário que os deslocamentos entre pisos sejam limitados de modo a que a integridade de
todos os elementos estruturais e não estruturais seja assegurada. Esta verificação ganha
especial relevância na segunda análise, onde a rigidez dos elementos resistentes é mais
reduzida, e, portanto, espera-se que os deslocamentos entre pisos sejam maiores.

Para edifícios que possuam elementos não estruturais frágeis fixos à estrutura, é necessário
respeitar a expressão 2.27:

𝑑𝑟 𝜈 ≤ 0.005ℎ = 0.005 ∗ 3000 = 15 𝑚𝑚

O coeficiente de redução é, neste caso, igual a 0.4, uma vez que o sismo condicionante é o do
Tipo 1. O deslocamento horizontal obtido a partir do modelo deve ser multiplicado pelo coeficiente
de comportamento, como descrito no parágrafo § 2.6.3. A Tabela 4.7, apresenta a verificação
da expressão 2.27, em todos os pisos e para ambas as análises.

Tabela 4.7 - Deslocamento entre pisos e verificação do estado limite de serviço.

drx dry νdrx νdry


Análise Piso
[mm] [mm] [mm] [mm]
1 18.7 5.3 7.5 2.1
2 29.5 10.4 11.8 4.1
1 3 26.9 13.2 10.8 5.3
4 20.3 14.2 8.1 5.7
5 12.4 13.7 4.9 5.5
1 22.4 8.1 9.0 3.2
2 34.7 15.0 13.9 6.0
2 3 31.4 18.5 12.5 7.4
4 23.7 19.4 9.5 7.8
5 14.6 18.5 5.8 7.4

Como se pode verificar, em ambas as análises o Estado Limite de Limitação de Danos é


cumprido, verificando-se um aumento dos deslocamentos para a segunda análise, como seria
de esperar. Na direcção Y, os deslocamentos entre pisos aumentam, mas estão ainda dentro do
limite regulamentar, folgadamente. Na direcção X, reduziu-se a rigidez nos pilares para 0.4Ec, e
os deslocamentos, apesar de serem admissíveis, já se encontram próximos do limite
regulamentar.

Pode então dizer-se que em sistemas de pórtico, que são geralmente mais flexíveis, a exploração
da perda de rigidez fendilhada deve ser feita com algum cuidado, sendo aconselhável verificar
os deslocamentos entre pisos, antes de se proceder ao dimensionamento dos elementos
estruturais. Tendo em conta que uma das principais funções das paredes é limitar o

59
deslocamento entre pisos, não surpreende que os deslocamentos continuem a ser reduzidos, na
direcção Y, sendo, portanto, mais vantajoso adoptar rigidezes mais baixas nas paredes.

4.8.2. Efeitos de segunda ordem

Tal como foi apresentado no parágrafo § 2.8.1.1 , é necessário avaliar a necessidade de


consideração de efeitos de segunda ordem, em cada direcção. Assim, é necessário verificar a
condição 2.25, em cada piso. Os deslocamentos considerados foram os mesmo que se utilizaram
na verificação do estado limite de danos. A Tabela 4.8 apresenta o cálculo do coeficiente de
sensibilidade, para ambas as análises.

Tabela 4.8 - Cálculo do coeficiente de sensibilidade θ.

Análise Piso Ptot [kN] Vx [kN] Vy[kN] drx [mm] dry [mm] θx θy
1 29512.5 2334.0 3754.0 18.7 5.3 0.079 0.014
2 23610.0 2117.9 3549.1 29.5 10.4 0.110 0.023
1 3 17707.5 1721.8 3086.5 26.9 13.2 0.092 0.025
4 11805.0 1314.7 2409.6 20.3 14.2 0.061 0.023
5 5902.5 701.8 1435.9 12.4 13.7 0.035 0.019
1 29512.5 2045.9 3210.3 22.4 8.1 0.108 0.025
2 23610.0 1872.0 3015.1 34.7 15.0 0.146 0.039
2 3 17707.5 1589.4 2603.6 31.4 18.5 0.116 0.042
4 11805.0 1236.1 2044.1 23.7 19.4 0.075 0.037
5 5902.5 754.3 1259.3 14.6 18.5 0.038 0.029

A menor rigidez dos elementos verticais adoptados na segunda análise conduz a deslocamentos
mais elevados, entre pisos, e a menores forças de corte em cada piso. Assim, o coeficiente de
sensibilidade ao deslocamento relativo entre pisos é maior na Análise 2.

Na direcção Y, não é necessário considerar os efeitos de segunda ordem, uma vez que os
deslocamentos estão restringidos pela parede, resultando em baixos valores para o coeficiente
de sensibilidade, em ambas as análises.

Na direcção X, é necessário considerar os efeitos de segunda ordem, em ambas as análises, e


os esforços obtidos terão que ser multiplicados por 1/(1-θ). Como se pode ver, o coeficiente de
sensibilidade na segunda análise é maior. Assim, é expectável que as diferenças entre os valores
de esforços obtidos em ambas as análises seja atenuada pelo facto de os efeitos de segunda
ordem serem mais importantes na segunda análise, onde se espera que os esforços sejam
menores.

O cálculo de 1/(1-θ) apresenta-se na Tabela 4.9 com os valores de θ obtidos a partir da Tabela
4.8.

Tabela 4.9 - Determinação do factor 1/(1-θ).

Análise θ 1/(1-θ)
1 0.110 1.124
2 0.146 1.171

60
4.9. Dimensionamento Estrutural

Neste parágrafo dimensionam-se os diferentes elementos resistentes da estrutura, para as


análises 1 e 2, comparando as diferenças que a consideração de diferentes rigidezes tem nos
esforços de cálculo e quantidade de armadura adoptada.

4.9.1. Dimensionamento das paredes dúcteis

Começa-se pelo dimensionamento da Parede PR, orientada segundo Y de dimensões 5x0.3,


como apresentado na Figura 4.1. na verificação das disposições da EN 1998-1, indicadas nas
cláusulas § 5.4.1.2.3, § 5.4.2.4 e § 5.4.3.4. Foi também necessário atender aos requisitos da EN
1992-1-1 no parágrafo § 9.6.

4.9.1.1. Definição de zonas críticas

A altura crítica da parede define-se de acordo com:

ℎ𝑐𝑟 = 𝑚𝑎𝑥[𝑙𝑤 , ℎ𝑤 ⁄6] = 𝑚𝑎𝑥[5, 15⁄6] = 5 𝑚

mas,

2 ∙ 𝑙𝑤 = 2 ∗ 5 = 10
ℎ𝑐𝑟 ≤ { → ℎ𝑐𝑟 = 2.8 𝑚
ℎ𝑠 = 2.8 𝑚

4.9.1.2. Esforços de cálculo

Uma vez obtidos os esforços elásticos, através da análise sísmica para a combinação
condicionante, que neste caso é para o sismo do tipo 1 na direcção Y, aplicaram-se os
procedimentos descritos no EC8, para obter as envolventes de esforços utilizadas no
dimensionamento da parede.

A filosofia de dimensionamento por capacidade prevê a formação de uma rótula plástica na base
da parede, mantendo as restantes secções em regime elástico. A definição de uma envolvente
de esforços permite aplicar este conceito, através do sobredimensionamento das secções que
devem permanecer em regime elástico. O diagrama de momentos flectores resulta de uma
translação vertical de uma envolvente de momentos linear. Esta translação deve estar de acordo
com a inclinação considerada para as bielas comprimidas no dimensionamento ao esforço
transverso (adopta-se 45º). Considera-se este deslocamento igual à altura do piso.

Em paredes, os modos de vibração mais elevados tendem a aumentar consideravelmente os


valores de esforço transverso, em relação aos valores que se obteriam quando se mobiliza a
capacidade resistente à flexão. O EC8 considera, então, uma envolvente de esforços
transversos, baseada na majoração dos resultados obtidos na análise sísmica em 50%, no
primeiro terço da altura da parede.

A envolvente de momento flector e esforço transverso, apresentam-se nas Figuras 4.4 e 4.5.

61
MEd na Parede PR
15 Manálise A1
Envolvente Linear A1

12 Med EC8 A1
Manálise A2
Envolvente Linear A2
9
Cota [m]

Med EC8 A2

0
0 2500 5000 7500 10000 12500 15000 17500
MEd [kN.m]

Figura 4.4 - Envolvente de momento flector na Parede PR.

VEd na Parede PR
15
Vanalise A2
Vanálise A1
Ved A2
Ved A1
10
Cota [m]

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000
VEd [kN]

Figura 4.5 - Envolvente de esforço transverso na Parede PA.

Como seria de esperar, os momentos e esforços transverso ao longo da parede são inferiores
na Análise 2, tendo em conta que a rigidez adoptada para a parede é significativamente inferior
(0.5Ec para 0.25Ec).

62
Como se pode observar nas Figuras 4.4 e 4.5, os maiores valores de esforços ocorrem na base
da parede, sendo esta secção a condicionante para o dimensionamento das armaduras
longitudinais . A Tabela 4.10, apresenta os valores dos esforços usados no dimensionamento.

Tabela 4.10 - Esforços actuantes na base da parede.

MEd
Análise NEd [kN] VEd [kN]
[kN.m]
1 -2429.5 14934.4 2583.1
2 -2817.9 11055.7 2189.2

4.9.1.3. Cálculo da armadura longitudinal

A armadura longitudinal deve estar concentrada junto às extremidades da parede, nos elementos
de extremidade. O comprimento mínimo destes elementos é dado por:

𝑙𝑐 ≥ 𝑚𝑎𝑥 { 0.15𝑙𝑤 ; 1.5𝑏𝑤 } = 𝑚𝑎𝑥 { 0.15 ∗ 5 ; 1.5 ∗ 0.3} = 0.75 𝑚

Dimensionou-se as paredes com base no método dos pilares fictícios. Os esforços de


compressão e tracção utilizados no cálculo da área de armadura, são dados por:

𝑁𝐸𝑑 𝑀𝐸𝑑 𝑁𝐸𝑑 𝑀𝐸𝑑


𝑁𝑇 = +| | 𝑁𝑐 = −| |
2 𝑧 2 𝑧

Após a determinação dos esforços simplificados, é possível calcular a área de armadura, através
das expressões:

𝑁𝑇 𝐴𝑠,𝑣,𝑝𝑖𝑙𝑎𝑟 𝑓𝑖𝑐𝑡í𝑐𝑖𝑜
𝐴𝑠,𝑣,𝑝𝑖𝑙𝑎𝑟𝑓𝑖𝑐𝑡í𝑐𝑖𝑜 = 𝜌𝑣,𝑝𝑖𝑙𝑎𝑟 𝑓𝑖𝑐𝑡í𝑐𝑖𝑜 =
𝑓𝑠𝑦𝑑 𝐿𝑝𝑖𝑙𝑎𝑟 𝑓𝑖𝑐𝑡í𝑐𝑖𝑜 ∙ 𝑒𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒

Os resultados obtidos para as diferentes análises apresentam-se na Tabela 4.11:

Tabela 4.11 - Esforços de tracção e compressão calculados com o método dos pilares fictícios.

NEd MEd NC NT
Análise νEd<0.4
[kN] [kN.m] [kN] [kN]
1 2505 14934 -4571 2066 0.084
2 2889 11056 -3901 1012 0.096

De forma a garantir uma ductilidade adequada, é necessário controlar o valor do esforço axial
reduzido, que deve ser inferior a 0.4.

Para as zonas não críticas a EN1992-1 estabelece em § 9.6.2 (1) que a armadura vertical
adoptada (em toda a secção) deve estar dentro dos limites máximo, As,v,max, e mínimo, As,v,min,
de acordo com:

𝐴𝑠,𝑣,𝑚𝑖𝑛 = 0.002 ∙ 𝐴𝑐 ≤ 𝐴𝑠,𝑣 ≤ 𝐴𝑠,𝑣,𝑚𝑎𝑥 = 0.04 ∙ 𝐴𝑐

63
Com:

𝐴𝑐 área de betão.

Fora dos elementos de extremidade, adopta-se a mesma armadura em ambas as análises:

𝜌𝑣 ≥ 0.002 → 𝐴𝑠,𝑣,𝑎𝑙𝑚𝑎 ≥ 6 𝑐𝑚2 /𝑚

Considera-se em ambas as faces, uma armadura 𝜙10//0.20 = 7.86 𝑐𝑚2 /𝑚.

O EC8 impõe condições mais restritas nos elementos de extremidade relativamente à


percentagem de armadura, que deve ser superior a 0.5%, bem como ao espaçamento máximo
entre varões, que não deverá exceder 200 mm.

A armadura adoptada em cada elemento de extremidade, para ambas as análises, apresenta-se


na Tabela 4.12. O momento resistente foi também calculado segundo o princípio dos pilares
fictícios.

Tabela 4.12 - Armadura vertical adoptada nos elementos de extremidade e momento resistente.

Asv,EE MRd ρEE


Análise
[cm2] [kN.m] [%]
4ϕ25+10ϕ20
1 15629 2.26
(51.05)
3ϕ25+8ϕ16
2 12531 1.37
(30.81)

A armadura longitudinal adoptada nos elementos de extremidade é significativamente inferior na


análise 2, como seria de esperar, atendendo à diferença do momento na base da parede em
ambas as análises.

A totalidade da armadura adoptada em cada análise apresenta-se na Tabela 4.13, juntamente


com as verificações prescritas no EC2.

Tabela 4.13 - Armadura vertical adoptada em toda a parede.

As,v,min As,v,max
As,v ρv
Análise (0.002Ac) (0.04Ac)
[cm2] [%]
[cm2] [cm2]
1 51.05*2+7.86*3.5=129.6 0.86
30 600
2 30.81*2+7.86*3.5=89.1 0.59

4.9.1.4. Armadura transversal

A verificação ao esforço transverso deve ser feita tendo em conta a envolvente de esforço
transverso descrita anteriormente. O valor do esforço transverso resistente deverá ser o menor
dos valores resultantes das expressões 2.35 e 2.36, que correspondem, respectivamente, à
resistência à rotura dos estribos e à resistência ao esmagamento do betão.

64
A EN1992-1-1 apresenta algumas condicionantes que devem ser verificadas em toda a altura da
parede resistente, em zonas críticas e não críticas. O parágrafo § 9.6.3 (1) indica que a armadura
horizontal mínima, As,h,min, deve ser igual a 25% da armadura longitudinal ou 0.001𝐴𝑐 , caso este
valor seja superior.

0.25∗129.6
𝐴𝑠,ℎ,𝑚𝑖𝑛 = 𝑚𝑎𝑥{0.25 ∙ 𝐴𝑠,𝑣 ; 0.001 ∙ 𝐴𝑐 } = 𝑚𝑎𝑥 { ; 0.001 ∗ 30} = 6.48 𝑐𝑚2 /𝑚, para a
5

análise 1
0.25∗89.1
𝐴𝑠,ℎ,𝑚𝑖𝑛 = 𝑚𝑎𝑥{0.25 ∙ 𝐴𝑠,𝑣 ; 0.001 ∙ 𝐴𝑐 } = 𝑚𝑎𝑥 { ; 0.001 ∗ 30} = 4.46 𝑐𝑚2 /𝑚, para a
5

análise 2

O parágrafo § 9.6.4 (1) prescreve que em qualquer parte da parede em que a armadura vertical
seja superior a 0.02Ac deve dispor-se armadura transversal de acordo com os requisitos relativos
aos pilares. O espaçamento entre estribos ao longo da parede não deverá exceder scl,tmax

𝑠𝑐𝑙,𝑡𝑚𝑎𝑥 = {20 ∙ 𝜙𝑙,𝑚𝑒𝑛𝑜𝑟 ; 𝑏𝑚𝑖𝑛 ; 400 𝑚𝑚} = {20 ∗ 20; 300; 400} = 300𝑚𝑚, para a análise
1
𝑠𝑐𝑙,𝑡𝑚𝑎𝑥 = {20 ∙ 𝜙𝑙,𝑚𝑒𝑛𝑜𝑟 ; 𝑏𝑚𝑖𝑛 ; 400 𝑚𝑚} = {20 ∗ 16; 300; 400} = 300𝑚𝑚, para a análise
2

Em zonas localizadas a uma distância igual a 4bw (1.2 metros) acima ou abaixo de uma viga ou
laje, scl,tmax, deve ser reduzido por um factor igual a 0.6. Assim:

𝑠𝑐𝑙,𝑡𝑚𝑎𝑥 = 0.6 ∗ 300 = 180 𝑚𝑚, para ambas as análises

Na Tabela 4.14, apresenta-se o dimensionamento das paredes ao esforço transverso, para


ambas as análises, tendo em conta as restrições listadas anteriormente. Conservativamente,
considerou-se um ângulo de 45º para a inclinação do campo de compressões.

Tabela 4.14 - Dimensionamento ao esforço transverso e armadura horizontal adoptada.

Cota VRdmax VEd Asw/s As,h,min As,h,adopt VRd


Análise
[m] [kN] [kN] [cm2/m] [cm2/m] [cm2/m] [kN]
0a5 2583 13.20 ϕ10//10 (2R) (15.7) 3073
1 6.48
5 a 15 2308 11.79 ϕ10//12.5 (2R) (12.6) 2467
6732
0a5 2189 11.18 ϕ10//12.5 (2R) (12.6) 2467
2 4.46
5 a 15 1896 9.69 ϕ10//15 (2R) (10.5) 2055

4.9.1.5. Armadura de confinamento

Os requisitos de armadura de confinamento apresentam-se no EC8, e são adicionais às


verificações ao esforço transverso do EC2.

O espaçamento das cintas, s, nas zonas confinadas pertencentes à zona crítica da parede, deve
respeitar a seguinte condição:

𝑏 230
𝑠 = 𝑚𝑖𝑛 { 0 , 175, 8 ∙ 𝑑𝑏𝐿 } = 𝑚𝑖𝑛 { , 175,8 ∗ 20} = 115 𝑚𝑚, para a análise 1
2 2

65
𝑏 230
𝑠 = 𝑚𝑖𝑛 { 0 , 175, 8 ∙ 𝑑𝑏𝐿 } = 𝑚𝑖𝑛 { , 175,8 ∗ 16} = 115 𝑚𝑚, para a análise 2
2 2

Assim, adopta-se, em ambos os casos, uma armadura de confinamento conforme se apresenta


na Figura 4.6. O EC8 também indica que, varões longitudinais consecutivos abraçados por
cintas, não devem situar-se a uma distância superior a 200 mm. Na segunda análise, o
confinamento adoptado é ligeiramente inferior, atendendo ao menor número de varões
longitudinais necessários para resistir ao momento flector.

Figura 4.6 - Confinamento dos elementos de extremidade da Parede PA, na Análise 1 (esquerda) e
na Análise 2 (direita).

4.9.2. Dimensionamento das vigas

A viga seleccionada corresponde a uma viga disposta segundo Y, pertencente ao segundo piso
do edifício. Procurou-se dimensionar a viga que estivesse submetida aos maiores valores de
momento flector, adoptando a mesma solução para as vigas dos outros pisos. Dimensiona-se
um tramo de viga correspondente a um tramo de extremidade. Tal como as restantes vigas do
edifício, esta viga tem 0.30 m de largura e 0.5 m de altura. A viga foi dimensionada de acordo
com as disposições dos parágrafos § 5.4.1.2.1, § 5.4.2.2, § 5.4.3.1 do EC8 e § 9.2 do EC2.

4.9.2.1. Definição de zonas críticas

Define-se como zona crítica, a região da viga medida a partir de ambas as extremidades da viga
até a uma distância lcr, calculada de acordo com:

𝑙𝑐𝑟 = ℎ𝑤 = 0.5 𝑚

4.9.2.2. Esforços de cálculo

Os valores para o momento flector foram obtidos a partir da envolvente máxima de momentos
na viga, definida tendo em conta as diversas combinações de acções. É também necessário ter
em consideração os efeitos de 2ª ordem, multiplicando os valores obtidos para o momento flector
pelo factor 1/(1-θ), determinado na Tabela 4.9. O diagrama de momentos flectores de cálculo
apresenta-se na Figura 4.7.

66
Momentos na Viga
MIN A1 Min A2 Max A1 Max A2

-200
-150
-100
MEd (kN .m)

-50
-0
0 6 12 18 24 30
50
100
150
Distância (m)

Figura 4.7 - Momentos flectores na Viga V1.

Os valores de esforço transverso em zonas críticas devem ser obtidos com base no equilíbrio da
viga sob a acção da carga transversal na situação de projecto sísmica e dos momentos
resistentes nas extremidades da viga. O valor do esforço transverso, Ved, é dado por:

− +
𝑀𝑅𝑑,𝑏𝑖 + 𝑀𝑅𝑑,𝑏𝑗
𝑉𝑒𝑑 = 𝛾𝑅𝑑 + 𝑉(𝑔+𝜑2 ∙𝑞),𝑖
𝑙𝑐𝑙

Com:

𝛾𝑅𝑑 = 1.0;

− +
𝑀𝑅𝑑,𝑏𝑖 e 𝑀𝑅𝑑,𝑏𝑗 momento resistente na extremidade da viga, considerando direcções
opostas;
𝑙𝑐𝑙 comprimento livre da viga;
𝑉(𝑔+𝜑2∙𝑞),𝑖 esforço transverso devido às cargas gravíticas na combinação sísmica.

Através da análise da Figura 4.7, verifica-se que os esforços obtidos na análise 2 são
significativamente inferiores aos valores obtidos na análise 1, na zona dos apoios. A meio vão,
os momentos são reduzidos, e é expectável que nestas zonas se adopte a armadura mínima em
ambas as análises.

4.9.2.3. Cálculo de armadura longitudinal

Nesta secção determina-se a quantidade de armadura longitudinal a adoptar de modo a verificar


a segurança à flexão. Os valores de momento flector condicionante ocorrem na zona dos apoios
e a meio dos vãos. Nessas secções, avalia-se os valores máximos e mínimos da envolvente
apresentada na Figura 4.7, de modo a obter os valores do momento actuante 𝑀𝐸𝑑 .
Posteriormente, verifica-se o Estado Limite Último de flexão através das seguintes expressões:

67
𝑀𝐸𝑑 1 − √1 − 2.42𝜇 𝑓𝑐𝑑
𝜇= 𝜔= 𝐴𝑠 = 𝜔 ∙ 𝑏𝑤 ∙ 𝑑 ∙
𝑏𝑤 ∙ 𝑑 2 ∙ 𝑓𝑐𝑑 1.21 𝑓𝑠𝑦𝑑

Os resultados, para ambas as análises, apresentam-se na Tabela 4.15.

Tabela 4.15 - Cálculo da armadura longitudinal para a tramo AB da Viga 1, para as análises 1 e 2.

Análise Secção Camada x [m] MEd [kN.m] μ ω As [cm2]


Apoio A Superior 0 -167.4 0.138 0.152 9.41
(extremidade) Inferior 0 131.7 0.108 0.117 7.24
1 1/2 vão Inferior 3 10.2 0.008 0.008 0.53
Apoio B Superior 6 -151.1 0.124 0.135 8.41
(interno) Inferior 6 135.2 0.111 0.120 7.45
Apoio A Superior 0 -90.2 0.074 0.078 4.84
(extremidade) Inferior 0 56.6 0.047 0.048 2.98
2 1/2 vão Inferior 3 8.4 0.007 0.007 0.43
Apoio B Superior 6 -82.2 0.068 0.071 4.39
(interno) Inferior 6 61.1 0.050 0.052 3.22

Para que 𝑀𝑅𝑑 ≥ 𝑀𝐸𝑑 , a armadura adoptada deverá ser maior que o valor apresentado na Tabela
4.15. No entanto, a EN1992-1 e a EN1998-1 apresentam algumas disposições adicionais que
devem ser verificadas, e se apresentam de seguida.

A armadura longitudinal de tracção mínima para a viga em análise é dada pela EN 1992-1-1:

𝑓𝑐𝑡𝑚
𝐴𝑠,𝑚𝑖𝑛 = 𝑚𝑎𝑥 (0.26 ∙ ∙ 𝑏 ∙ 𝑑 ; 0.0013 ∙ 𝑏𝑤 ∙ 𝑑) = 2.34 𝑐𝑚2
𝑓𝑠𝑦𝑘 𝑤

Como armadura mínima adopta-se 3𝜙12 (𝐴𝑠 = 3.39 𝑐𝑚2 ).

A EN1998-1 apresenta ainda uma disposição adicional que deve ser verificada ao longo de todas
as vigas primárias, relativa à taxa mínima de armadura nas zonas traccionadas:

𝑓𝑐𝑡𝑚 2.9
𝜌𝑚𝑖𝑛 = 0.5 ( ) = 0.5 ∗ = 0.0033
𝑓𝑦𝑘 435

A esta taxa mínima de armadura está associada uma área de armadura de 4.5 𝑐𝑚2 , que deve
ser adoptada em todas as zonas traccionadas da viga.

A percentagem máxima de armadura de tracção é dada por:

0.0018 𝑓𝑐𝑑 0.0018 20


𝜌𝑚𝑎𝑥 = ρ′ + ∙ = ρ′ + (2∗3−1)∗0.002175 = ρ′ + 0.00761
𝜇𝜑 𝜀𝑠𝑦,𝑑 𝑓𝑦𝑑 435

A Tabela 4.16 apresenta, de forma resumida, a armadura longitudinal adoptada em cada secção
da viga no tramo AB. A secção A corresponde a um apoio de extremidade e a secção B a um
apoio intermédio. Tendo em conta que os valores de momento flector nos apoios intermédios

68
são da mesma ordem de grandeza, irá adoptar-se a mesma armadura que se adopta em B. Nos
apoios de extremidade adopta-se a armadura da secção A.

Tabela 4.16 - Armadura adoptada na viga.

As As,adopt As ρ' ρ ρmax MRd


Análise Secção Camada
[cm2] [cm2] [cm2] [%] [%] [%] [kN.m]
Apoio A Superior 9.41 2ϕ25+1ϕ16 11.83 0.88 0.60 1.64 205
(extremidade) Inferior 7.24 4ϕ16 8.04 0.60 0.88 1.36 145
Superior 0.00 3ϕ12 (min) 3.39 0.25 0.33 1.01 64
1 1/2 vão
Inferior 0.53 4ϕ12 4.52 0.25 0.33 1.01 85
Apoio B Superior 8.41 3ϕ20 9.42 0.70 0.60 1.46 167
(interno) Inferior 7.45 4ϕ16 8.04 0.60 0.70 1.36 145
Apoio A Superior 4.84 2ϕ16+1ϕ12 5.15 0.38 0.38 1.14 96
(extremidade) Inferior 2.98 2ϕ16+1ϕ12 5.15 0.38 0.38 1.14 96
Superior 0.00 3ϕ12 (min) 3.39 0.25 0.25 1.01 64
2 1/2 vão
Inferior 0.43 2ϕ16+1ϕ12 5.15 0.25 0.25 1.01 64
Apoio B Superior 4.39 2ϕ16+1ϕ12 5.15 0.38 0.38 1.14 96
(interno) Inferior 3.22 2ϕ16+1ϕ12 5.15 0.38 0.38 1.14 96

4.9.2.4. Cálculo da armadura transversal

Os valores de cálculo do esforço transverso foram obtidos através do equilíbrio de cargas, como
descrito anteriormente. Os valores obtidos para o tramo AB, apresentam-se na Tabela 4.17.
Conservativamente, considerou-se uma inclinação de 45º para as bielas comprimidas.

Tabela 4.17 - Valores de cálculo do esforço transverso.

lcl MRb- MRb+ g+ψ2q Vg+ψ2q (MRb-+MRb+)/lcl VEd VEd,zcot


Análise
[m] [kN.m] [kN.m] [kN/m] [kN] [kN] [kN] θ [kN]

1 145.0 204.9 66 77.3 75.8


5.3 3.75 11.25
2 95.8 95.8 36.1 47.4 45.9

Obtidos os valores de cálculo de esforço transverso, é possível determinar a distribuição de


armadura transversal necessária para que VEd ≤ VRd. O valor do esforço transverso resistente
assume o menor valor obtido através das expressões 2.40 e 2.41, apresentadas no parágrafo §
2.8.8.2 desta tese.

Além da verificação da resistência, é necessário atender a disposições adicionais relativas ao


espaçamento máximo da armadura transversal. Fora das zonas críticas, é preciso verificar a
seguinte condição, indicada no EC2:

𝑠 < 0.75 ∙ 𝑑 ∙ (1 + 𝑐𝑜𝑡(𝛼)) = 0.75 ∗ 0.45 ∗ (1 + 𝑐𝑜𝑡(90)) = 0.338𝑚

69
Onde α é a inclinação das armaduras de esforço transverso.

A percentagem de armadura transversal não deverá ser inferior ao valor indicado por:

0.08 ∙ √𝑓𝑐𝑘 0.08 ∗ √30


𝜌𝑤,𝑚𝑖𝑛 = = = 0.00088 = 0.088%
𝑓𝑦𝑘 500

Nas zonas críticas, o espaçamento deve ser respeitar, o valor definido na EN 1998-1:

𝑠 < 𝑚𝑖𝑛{0.5⁄4; 24 ∗ 0.006; 225; 8 ∗ 16} = 125 𝑚𝑚 para a Análise 1

𝑠 < 𝑚𝑖𝑛{0.5⁄4; 24 ∗ 0.006; 225; 8 ∗ 12} = 96 𝑚𝑚 para a Análise 2

Tendo em consideração as limitações ao espaçamento indicadas anteriormente, apresenta-se


na Tabela 4.18, os valores calculados para a armadura transversal, bem como a armadura
adoptada.

Tabela 4.18 - Armadura transversal adoptada nas zonas críticas.

VEd,zcotθ Asw/s Asw,adopt/s ρw Vrd Vrd,max


Análise
[kN] [cm2] [cm2] [%] [kN.m] [kN.m]
1 75.8 4.30 2Rϕ6//0.125 (4.52) 1.21 79.6 641.5
2 45.9 2.36 2Rϕ6//0.10 (5.66) 1.89 99.7 641.5

Em ambas as análises o valor de cálculo do esforço transverso é condicionado pelos requisitos


do dimensionamento por capacidade.

Na análise 1, uma vez que os momentos resistentes da viga são relativamente elevados, e as
disposições relativas ao espaçamento nas zonas críticas pouco restritas, foi possível adoptar
uma armadura transversal próxima da necessária. Considerando que o valor de VEd varia pouco
ao longo do tramo em análise, optou-se por não efectuar dispensa de armadura.

Na análise 2, os momentos resistentes nas extremidades da viga são menores que na análise 1,
resultando em menores valores de esforço transverso. No entanto, os requisitos de espaçamento
de armaduras transversais nas zonas críticas, impostos pelo EC8, são mais restritos que na
primeira análise. Deste modo, é necessário utilizar nas zonas críticas, uma armadura transversal
superior à necessária para garantir o confinamento da viga. Assim, apenas se adopta a armadura
transversal apresentada na Tabela 4.18, dentro das zonas críticas, optando por se aumentar o
espaçamento entre estribos em toda a zona não crítica. Estes cálculos apresentam-se
resumidamente na Tabela 4.19.

Tabela 4.19 - Dispensa de armadura transversal.

(MRb-
Secção Vg+ψ2q VEd Asw/s Asw,adopt/s ρw Vrd
Análise +MRb+)/lcl
dispensa [kN] [kN] [cm2] [cm2] [%] [kN.m]
[kN]
1 - - - - - - - -
2 0.85 a 5.15 8.10 36.1 44.2 2.51 2R6//0.2 (2.82) 0.47 49.68

70
4.9.3. Dimensionamento dos pilares P1 e P2

Nesta secção analisam-se dois pilares diferentes: um pilar de canto e um pilar pertencente ao
pórtico da fachada. No dimensionamento dos pilares observou-se as disposições dos parágrafos
§ 5.4.1.2.2, § 5.4.2.3 e § 5.4.3.2 do EC8 e § 9.5 do EC2.

4.9.3.1. Definição de zonas críticas

As zonas críticas são definidas a partir das zonas de extremidade do pilar até um comprimento
lcr, definido por.

3 − 2 ∗ 0.1
𝑙𝑐𝑟 = 𝑚𝑎𝑥{ℎ𝑐 ; 𝑙𝑐𝑙 ⁄6 ; 0.45} = 𝑚𝑎𝑥 {0.7; ; 0.45} = 0.7 𝑚
6

4.9.3.2. Definição de esforços

Na definição dos esforços de cálculo de um pilar primário, é necessário considerar, além dos
resultados obtidos através da análise sísmica (considerando eventuais efeitos de segunda
ordem), as disposições adicionais da EN1998-1.

Em todos os cruzamentos dos pilares primários com vigas (primárias ou secundárias), é


necessário garantir que expressão 2.24 é verificada, garantindo assim o princípio “coluna
forte/viga fraca”. Tal como nas vigas, o esforço transverso de cálculo é determinado por
equilíbrio, tendo em conta os valores de momento resistente nas extremidades do pilar, de
acordo com:

− +
𝑀𝑅𝑑,𝑐,𝑖 + 𝑀𝑅𝑑,𝑐𝑗 ∑ 𝑀𝑅𝑏
𝑉𝑒𝑑 = 𝛾𝑅𝑑 ∙
𝑙𝑐𝑙 ∑ 𝑀𝑅𝑐

𝛾𝑅𝑑 = 1.1;
− +
𝑀𝑅𝑑,𝑐𝑖 e 𝑀𝑅𝑑,𝑐𝑗 momento resistente na extremidade do pilar, considerando direcções
opostas;
𝑙𝑐𝑙 comprimento livre do pilar;
∑ 𝑀𝑅𝑏 𝑒 ∑ 𝑀𝑅𝑐 somatório dos momentos resistentes das vigas e pilares no nó em
análise, respectivamente.

Nas Figuras 4.8 a 4.15, apresenta-se os esforços obtidos na análise sísmica, para os pilares em
análise.

71
Cota [m] Cota [m]
15 15
Max A1 Max A1
Max A2
Max A2
12 12 Min A1
Min A1
Min A2
Min A2

9 9

6 6

3 3

0 0
-1200 -1000 -800 -600 -400 -200 0 -150 -100 -50 0 50 100 150
N [kN] Vanalise,x [kN]

Figura 4.8 e 4.9 - Diagramas de esforço axial de dimensionamento e esforço transverso segundo X,
resultantes da análise para a combinação sísmica, no Pilar P1.

Cota [m] Cota [m]


15 15
Max A1
Max A2
12 12 Min A1
Min A2

9 9

6 6

Max A1

3 Max A2 3
Min A1
Min A2
0 0
-150 -100 -50 0 50 100 -400 -200 0 200 400
Manalise,y [kN] Manalise,x [kN]

Figura 4.10 e 4.11 - Diagramas de momentos segundo Y e X, resultantes da análise para a


combinação sísmica, no Pilar P1.

72
Cota [m] Cota [m]
15 15
Max A1 Max A1

Max A2 Max A2
12 12 Min A1
Min A1
Min A2
Min A2

9 9

6 6

3 3

0 0
-2000 -1500 -1000 -500 0 -200 -100 0 100 200
N [kN] Vanalise,x [kN]

Figura 4.12 e 4.13 - Diagramas de esforço axial de dimensionamento e esforço transverso segundo
X, resultantes da análise para a combinação sísmica, no Pilar P2.

Cota [m] Cota [m]


15 15
Max A1 Max A1
Max A2 Max A2
12 Min A1 12 Min A1
Min A2 Min A2

9 9

6 6

3 3

0 0
-150 -100 -50 0 50 100 150 -400 -200 0 200 400
Manalise,y [kN] Manalise,x [kN]

Figura 4.14 e 4.15 - Diagramas de momentos segundo Y e X, resultantes da análise para a


combinação sísmica, no Pilar P2.

Na direcção X, os valores obtidos para o momento flector são equivalentes, uma vez que a
redução de esforços que seria expectável devido à redução do valor da acção espectral é
atenuada pelo aumento de esforços devido à passagem de esforços das vigas para os pilares,

73
tendo em conta que na segunda análise se considerou nas vigas uma rigidez equivalente a 20%
da rigidez não fendilhada e nos pilares equivalente a 40%.

Na direcção Y, por se ter adoptado uma rigidez significativamente inferior para as paredes
resistentes, os pilares do pórtico têm uma participação mais relevante na rigidez da estrutura
nesta direcção. Assim, os momentos segundo Y, aumentam na segunda análise.

Os pilares serão dimensionados apenas para um piso, não se efectuando dispensas em todo o
desenvolvimento do pilar. A excepção é a secção da base, que como se pode observar nas
figuras, está submetida a valores de momento flector consideravelmente maiores que as
restantes secções do pilar.

4.9.3.3. Armadura longitudinal

Nesta secção determina-se a armadura longitudinal a adoptar para verificar a resistência a


esforços de flexão. Como se referiu anteriormente, é necessário que o momento resistente nas
extremidades do pilar cumpra os requisitos de “coluna forte/viga fraca” em todos os pisos.

A Tabela 4.20, apresenta os valores de momento flector resistentes mínimos nas extremidades
do pilar, para a verificação do princípio “coluna forte/viga fraca”. O momento total no nó é
distribuído 55% para o pilar inferior e 45% para o superior, como sugerido por [2]. A viga disposta
na direcção Y, que cruza com o pilar de canto P1, apresenta esforços reduzidos, sendo possível
adoptar a armadura mínima para verificar a condição de resistência, e à qual está associado um
momento resistente de 84.6 kN.m.

Tabela 4.20 - Momentos resistentes mínimos para os pilares, para garantir o princípio “coluna
forte/viga fraca”.

Mc,min Mc,min
Mrb,esq Mrb,dir Σ1.3Mrb Pilar Pilar
Análise Pilar Direcção
[kN.m] [kN.m] [kN.m] inferior superior
(55%) (45%)
x --- 205 217.1 119.4 97.7
P1
1 y 84.6 --- 124.8 68.6 56.2
P2 x 145 167 405.6 223.1 182.5
x --- 95.8 124.5 68.5 56.0
P1
2 y 84.6 --- 110.0 60.5 49.5
P2 x 95.8 95.8 249.1 137.0 112.1

No dimensionamento à flexão, em cada pilar procurou escolher-se o nó mais condicionante, isto


é, o que apresenta a combinação mais desfavorável de esforços de flexão e compressão, para
cada direcção de cada pilar.

Uma vez que os esforços na base dos pilares do pórtico são consideravelmente maiores que nas
restantes secções, considerou-se razoável efectuar dispensa de armadura a partir do primeiro
piso elevado. As armaduras foram calculadas considerando o dimensionamento uniaxial, tendo
em conta, para cada direcção, a secção do pilar mais condicionante. As Tabelas 4.21 e 4.22,

74
apresentam de forma resumida a determinação das armaduras adoptadas, no primeiro e nos
restantes pisos, para ambas as análises.

Primeiro piso:

Tabela 4.21 - Armaduras adoptadas e momentos resistentes nos pilares, no primeiro piso.

NEd Manálise MEd As Atot,adoptado Asl MRd ρl


Análise Pilar Direcção
[kN.m] [kN.m] [kN.m] [cm2] [cm2] [cm2] [kN.m] [%]
P1 x 430.9 314.8 505.5 26.10 4ϕ25+4ϕ16 (27.67) 515
32.19 1.53
(0.7x0.3) y 401.5 25.4 68.6 0.0 4ϕ25+4ϕ12 (24.15) 176
1
P2 x 1177.0 343.6 552.0 21.24 4ϕ25+2ϕ16 (23.65) 588
28.17 1.34
(0.7x0.3) y 931.7 106.4 152.0 9.66 4ϕ25+4ϕ12 (24.15) 195

P1 x 407.3 303.5 507.9 27.03 4ϕ25+4ϕ16 (27.67) 515


32.19 1.53
(0.7x0.3) y 343.9 33.2 68.6 0.00 4ϕ25+4ϕ12 (24.15) 163
2
P2 x 1328.0 326.6 546.3 20.28 4ϕ25+2ϕ12 (21.89) 588
26.42 1.26
(0.7x0.3) y 1048 100.1 167.4 12.55 4ϕ25+4ϕ12 (24.15) 214.2

Restantes pisos:

Tabela 4.22 - Armaduras adoptadas e momentos resistentes nos pilares, nos restantes pisos.

NEd Manálise MEd As Atot,adoptado Asl MRd ρl


Análise Pilar Direcção
[kN.m] [kN.m] [kN.m] [cm2] [cm2] [cm2] [kN.m] [%]
P1 x 192.4 132.7 213.1 11.59 4ϕ25+2ϕ12 (21.89) 368
26.42 1.26
(0.7x0.3) y 72.8 73.3 104.7 19.31 4ϕ25+4ϕ12 (24.15) 132
1
P2 x 692.9 222.8 357.8 7.72 6ϕ20 (18.85) 426
23.37 1.11
(0.7x0.3) y 172.5 48.9 69.9 10.62 4ϕ20+4ϕ12 (17.09) 107

P1 x 249.9 147.8 247.2 11.59 4ϕ25+2ϕ12 (21.89) 382


26.42 1.26
(0.7x0.3) y 58.0 95.3 136.2 24.13 4ϕ25+4ϕ12 (24.15) 139
2
P2 x 810.1 204.4 341.9 9.66 4ϕ25+2ϕ12 (21.89) 515
26.42 1.26
(0.7x0.3) y 203.9 50.4 72.0 9.66 4ϕ25+4ϕ12 (24.15) 139

4.9.3.4. Armadura transversal

Como referido anteriormente, o dimensionamento de pilares ao esforço transverso deve ser


efectuado tendo em conta o equilíbrio de momentos resistentes nas extremidades do pilar, para
o esforço axial máximo.

Deste modo, e tendo em conta que em cada pilar a armadura longitudinal adoptada é diferente
no piso térreo, os valores de esforço transverso também serão diferentes nesse piso. A
determinação do esforço transverso de cálculo apresenta-se na Tabela 4.23, para as ambas as
análises.

75
Tabela 4.23 - Determinação do esforço transverso de cálculo

Cota Mrc,1 Mrc,2 M1 M2 Ved


Análise Pilar
[m] [kN.m] [kN.m] [Kn.M] [Kn.M] [kN]
P1 646.8 646.8 711.5 191.5 322.5
1
P2 676.4 676.4 744.0 192.9 334.6
0a3
P1 617.4 617.4 679.1 115.0 283.6
2
P2 617.4 617.4 679.1 108.0 281.1
P1 514.5 514.5 171.9 171.9 122.8
1
P2 529.2 529.2 171.9 171.9 122.8
3 a 15
P1 514.5 514.5 105.4 105.4 75.3
2
P2 588.0 588.0 105.4 105.4 75.3

Além de garantir a resistência da secção ao esforço transverso, a armadura horizontal adoptada


deve respeitar as disposições construtivas indicadas no EC2, bem como algumas disposições
do EC8, relativas ao confinamento de zonas críticas dos pilares. O EC2 impõe as seguintes
condições:

A cláusula § 9.5.3 (3) estabelece que a seguinte condição, relativamente ao espaçamento de


armaduras deve ser verificada em todas as secções.

𝑠𝑚𝑎𝑥 = {20𝜙𝑙,𝑚𝑒𝑛𝑜𝑟 ; 𝑏𝑚𝑖𝑛 ; 400 𝑚𝑚} = {20 ∗ 12; 300; 400} = 240 𝑚𝑚

Nesta equação, ϕlmenor, representa o menor diâmetro dos varões longitudinais do pilar (12 mm
em todos os pilares em ambas as análises), e bmin a menor dimensão do pilar (300 mm em todos
os pilares). Em § 9.5.3 (4) refere-se que, em secções adjacentes a vigas ou lajes numa extensão
inferior à maior dimensão da secção do pilar, o espaçamento deve ser reduzido a:

0.6 𝑠𝑚𝑎𝑥 = 0.6 ∗ 240 = 144 𝑚𝑚

O EC8 especifica em § 5.4.3.2.2 (12), que as disposições relativas poderão ser ignoradas caso
o esforço axial reduzido seja inferior a 0.2 e o coeficiente de comportamento não superior a 2.0.
Uma vez que o coeficiente de comportamento adoptado é igual a 3.0, é necessário considerar
as disposições do EC8 relativas ao confinamento.

Em zonas críticas, o espaçamento entre varões horizontais deve ser inferior ao valor indicado
por:

300 − 30 ∗ 2 − 10
𝑠𝑚𝑎𝑥 = {𝑏0 /2; 175; 8𝑑𝑏𝐿 } = { ; 300; 8 ∗ 12} = 96 𝑚𝑚
2

Simplificadamente, adoptou-se uma distância de 10 mm.

O dimensionamento ao esforço transverso apresenta-se na Tabela 4.24.

76
Tabela 4.24 - Dimensionamento ao esforço transverso.

Zonas Críticas Zonas não críticas


Cota VEd VRd,max As,adopt VRd,max As,adopt VRd,max
Análise Pilar Asw/s Adoptado Adoptado
[m] [kN] [kN] [cm2] [kN] [cm2] [kN]
P1 322.5 12.67 ϕ 10//10(2R) 15.70 399.5 ϕ 10//10(2R) 15.7 399.5
1
P2 334.6 13.15 ϕ 10//10(2R) 15.70 399.5 ϕ 10//10(2R) 15.7 399.5
0a3
P1 283.6 11.14 ϕ 10//10(2R) 15.70 399.5 ϕ 10//12.5(2R) 12.56 319.6
2
P2 281.1 11.05 ϕ 10//10(2R) 15.70 399.5 ϕ 10//12.5(2R) 12.56 319.6
926.6
P1 122.8 4.82 ϕ 8//10(2R) 10.10 256.0 ϕ 8//20(2R) 5.02 127.7
1
P2 122.8 4.82 ϕ 8//10(2R) 10.10 256.0 ϕ 8//20(2R) 5.02 127.7
3 a 15
P1 75.3 2.96 ϕ 8//10(2R) 10.10 256.0 ϕ 6//17.5(2R) 3.24 82.4
2
P2 75.3 2.96 ϕ 8//10(2R) 10.10 256.0 ϕ 6//17.5(2R) 3.24 82.4

No piso 0, foi adoptada uma armadura transversal igual em todo o piso, uma vez que os valores
do esforço transverso de cálculo são relativamente elevados. Nas zonas críticas dos restantes
pisos, o esforço transverso de cálculo é bastante reduzido, sendo a armadura horizontal nas
zonas críticas condicionada pelas disposições relativas ao confinamento indicadas no EC8.

4.10. Considerações

A consideração de menores rigidezes fendilhadas para os diversos elementos resultou,


naturalmente, numa estrutura mais flexível. Como se viu, a menor frequência dos modos de
vibração implicou que a aceleração espectral diminuísse, para ambos os modos de vibração
associados a translação. A importância de controlar a aceleração espectral, está associada ao
facto de edifícios mais rígidos possuírem períodos de vibração mais baixos, que podem pertencer
ao ramo constante do espectro de resposta (ou até ao primeiro ramo). Nestes casos, diminuir a
rigidez dos elementos resistentes, resultará num maior período de vibração, que pode continuar
a situar-se no ramo constante, e a aceleração espectral continua a ser a mesma. A força de corte
basal mantém-se, observando-se uma redistribuição de esforços pela estrutura. A adopção de
uma menor rigidez nas paredes (por comparação com os pilares), como neste exemplo, resultará
numa redistribuição de esforços que implicará um aumento de esforços nos pilares. Este
aumento tem potencial para ser mais gravoso caso a aceleração espectral se mantenha, o que
poderá ser o suficiente para inviabilizar a consideração de uma rigidez nas paredes
significativamente inferior à rigidez considerada nos pilares.

Na direcção X, em que a estrutura é do tipo pórtico, o estado limite de serviço é verificado em


ambas as análises, sendo que na segunda análise, o valor máximo admissível para o
deslocamento entre pisos ficou muito próximo do limite regulamentar. Devido à menor rigidez, os
deslocamentos entre pisos aumentaram, enquanto que os esforços de corte na base de cada
piso diminuíram, resultado numa maior sensibilidade da estrutura a efeitos de segunda ordem,
na direcção X. Na direcção Y, devido à presença das paredes, e apesar de se ter considerado

77
uma rigidez mais reduzida nas paredes por comparação com a rigidez adoptada nos pilares, os
deslocamentos entre pisos aumentaram, mas mantiveram-se reduzidos, ao ponto do estado
limite de serviço ser verificado folgadamente e os efeitos de segunda ordem continuarem
irrelevantes.

A nível de esforços de cálculo e armadura adoptada os resultados variaram consoante o tipo de


elemento adoptado. Nas paredes, tendo em conta que contribuem para a quase totalidade da
resistência na direcção Y (cerca de 90% em ambas as análises), a redução da sua rigidez terá
maior impacto nos esforços actuantes. Assim, verificou-se que os valores de momento flector e
esforço transverso de cálculo foram significativamente inferiores na análise 2 (cerca de 25% para
os momentos e 15% para o esforço transverso). Foi então possível utilizar menos armadura
longitudinal na análise 2, o que também permitiu adoptar menos armadura de confinamento.
Relativamente à armadura de esforço transverso, foi possível adoptar varões mais espaçados,
mas neste caso as diferenças foram menos acentuadas.

Na direcção X, foi preciso ter em conta os efeitos de segunda ordem no dimensionamento de


vigas e pilares. Nas vigas, tendo em conta que a rigidez considerada na análise 2 foi
significativamente inferior, os valores de momento flector de cálculo, foram também inferiores
(cerca de 50% dos momentos da análise 1). Relativamente à armadura transversal, na análise
2, os valores do esforço transverso, obtidos por equilíbrio dos momentos resistentes na viga,
conduzem a uma armadura significativamente mais reduzida que na análise 1. No entanto, as
disposições relativas ao espaçamento dos varões de confinamento das zonas críticas, não
permitiram a adopção de uma armadura próxima da necessária para resistir ao esforço
transverso. Foi, no entanto, possível efectuar dispensa de armaduras nas zonas não críticas, ao
contrário do que se verificou na análise 1, onde a armadura adoptada foi próxima da necessária
para resistir ao esforço transverso, e, portanto, não se efectuou dispensa.

Na direcção Y, os pilares do pórtico têm uma maior participação na rigidez do edifício, na análise
2, tendo em conta que a perda de rigidez considerada nestes elementos não é tão significativa
como nas paredes. Assim, os momentos flectores provocados pelo sismo na direcção Y são,
geralmente, maiores na análise 2. Na direcção X, os esforços são ligeiramente inferiores na
análise 2. No entanto, essa diferença é atenuada atendendo à maior relevância dos efeitos de
segunda ordem nesta direcção. Deste modo a diferença entre as armaduras longitudinais
adoptadas é pouco relevante, e não necessariamente inferior na segunda análise. Relativamente
ao esforço transverso, tal como nas vigas, foi determinado por equilíbrio dos momentos flectores
resistente nas extremidades dos pilares. Os valores calculados foram ligeiramente inferiores na
análise 2, mas não o suficiente para se traduzir numa armadura transversal mais reduzida em
zonas críticas. Fora das zonas críticas, foi possível adoptar uma armadura transversal mais
afastada, nos pisos elevados.

78
5. Conclusões

O principal objectivo deste trabalho consistia no estudo das implicações que a consideração de
diferentes rigidezes fendilhadas tem ao nível da resposta sísmica, por comparação com a
hipótese simplificativa indicada no EC8, e que é geralmente utilizada na prática. Sabia-se,
antecipadamente, que a perda de rigidez por fendilhação, nos diferentes elementos, não deveria
ser uniforme. Esperava-se que nas secções com menor nível de esforço axial de compressão,
como em paredes, a perda de rigidez fosse maior que 50%. Assim, também foi estabelecido
como objectivo desta tese a análise da perda de rigidez em diferentes tipos de secção, para
averiguar, em função de valores correntes de esforço axial reduzido e percentagem de armadura,
que perda de rigidez deve ser considerada na análise sísmica, e se a consideração de metade
da rigidez não fendilhada constitui uma boa aproximação.

Relativamente à rigidez que deve ser utilizada na análise, referiu-se que se deve considerar a
rigidez secante no ponto de cedência, uma vez que os princípios do capacity design idealizam,
para a resposta sísmica, um comportamento bilinear, próximo de uma relação elástica-
perfeitamente plástica, e que o comportamento do troço elástico é controlado pela rigidez
considerada na análise. A rigidez considerada na análise deve ter em conta a perda de rigidez
por fendilhação, sendo que esta é condicionada pelo nível de esforço axial, e pela percentagem
de armadura adoptada. O esforço axial, consoante este seja de compressão ou tracção, aumenta
ou diminui a área de betão comprimida, o que resulta num aumento ou redução da rigidez em
estado II. O aumento da taxa de armadura resulta no aumento da inércia em estado II, e, portanto,
reduz a perda de rigidez devido à fendilhação. Viu-se que uma das formas de calcular a rigidez
fendilhada de determinado elemento de betão armado submetido à flexão, simples ou composta,
é através do quociente entre o momento flector e a curvatura. O cálculo da rigidez secante no
ponto de cedência passa por traçar a relação momento-curvatura para determinado valor de
esforço axial e percentagem de armadura. Obtida esta relação, a determinação da rigidez em
estado II, e da perda de rigidez relativamente à rigidez não fendilhada é quase imediata.

No Capítulo 3 estudou-se a evolução da rigidez na cedência, em função do esforço axial de


compressão e armadura adoptada, em diversas secções, correspondentes a secções
tipicamente utilizadas para pilares e paredes resistentes. O objectivo passou por determinar a
rigidez na cedência nas diferentes secções, de modo a perceber de que modo os valores de ν e
ρ influenciam a perda de rigidez. Constatou-se que a perda de rigidez em diferentes secções não
será muito diferente caso se considere o mesmo valor de esforço axial reduzido e percentagem
de armadura. Assim, em edifícios, a diferença da rigidez de cedência entre os vários elementos
advém do facto de ser expectável que a percentagem de armadura adoptada não seja
equivalente em todos os elementos resistentes, tal como o esforço axial reduzido, considerando
que o esforço axial actuante em certo elemento não é proporcional às dimensões da secção
transversal desse elemento.

79
Verificou-se, como esperado, que a perda de rigidez tende a diminuir com o aumento do esforço
axial de compressão e percentagem de armadura, e que a influência do esforço axial tende a
diminuir com o aumento da percentagem de armadura. No geral, para valores comuns de esforço
axial reduzido e percentagem de armadura, a perda de rigidez por fendilhação é menor do que
o indicado por Fardis [2] (0.25 a 0.3 EcIc) . A perda de rigidez sugerida pelo EC8 (0.5EcIc), constitui
uma aproximação um pouco conservativa em pilares, que estão normalmente sujeitos a maiores
valores de esforço axial reduzido. Caso se opte por considerar uma rigidez inferior em pilares, ,
é necessário atender aos deslocamentos entre pisos, que podem condicionar a consideração de
uma menor rigidez, principalmente se não se adoptar paredes resistentes.

Em paredes resistentes, viu-se que a perda de rigidez está condicionada pelo seu comprimento.
Para maiores paredes, os valores de ν e ρ tendem a ser mais reduzidos, sendo possível
considerar perdas de rigidez superiores. A redução do comprimento da parede, resulta numa
menor perda de rigidez, mais próxima dos pilares. Relativamente à hipótese sugerida no EC8
pode dizer-se que esta é demasiado conservativa para as paredes. Apesar de ser possível
considerar uma rigidez inferior nas paredes, é necessário ter em atenção que reduzir a rigidez
nas paredes incrementa os esforços nos pilares, o que pode condicionar a rigidez a adoptar nas
paredes.

Também se comparou os resultados obtidos através do programa de cálculo com o método 2,


indicado no EC8-2 e que permite determinar a rigidez de uma secção fendilhada de forma
simplificada. Constatou-se que este método, no cálculo da rigidez, considera que as armaduras
de tracção e compressão estão em cedência, e, assim, fornece melhores resultados para
situações em que o esforço axial de compressão seja tal que v=0.4 a 0.6, situação em que
teoricamente ocorre o balanceamento de cargas. No entanto, no geral o método 2 oferece uma
aproximação aceitável (principalmente se se tiver em conta que no Capítulo 3, no método 2, não
se considerou o coeficiente v, que aumenta a rigidez para considerar o betão entre fendas) e,
considerando a sua simplicidade, constitui uma alternativa válida ao cálculo por programas de
cálculo automático.

No capítulo 4, analisou-se e dimensionou-se o mesmo edifício, considerando a hipótese


simplificativa do EC8 para a perda de rigidez e considerando diferentes perdas de rigidez entre
os vários elementos. Concluiu-se que a consideração de uma rigidez inferior a 0.5EcIc pode ser
vantajosa em paredes, e eventualmente nas vigas, que são os casos onde a rigidez é menor,
por nestes elementos o esforço axial de compressão ser relativamente reduzido. Nos pilares,
concluiu-se ser pouco vantajoso considerar uma menor rigidez, principalmente se a estrutura for
pouco rígida na direcção segundo a qual os pilares estão dispostos. Ao considerar menores
valores de rigidez a estrutura torna-se mais flexível sendo então necessário especial atenção na
verificação do estado de limitação de danos e avaliação da importância dos efeitos de segunda
ordem.

80
6. Referências Bibliográficas

[1] CEN – “Eurocódigo 8 – Projecto de Estruturas para Resistência aos Sismos – Parte 1:
Regras Gerais, Acções Sísmicas e Regras para Edifícios”, EN 1998-1:2004;

[2] Fardis, Michael; Carvalho, Eduardo; Elnashai, Amr; Faccioli, Ezio; Pinto, Paolo; Plumier,
Andre – “Designers’ Guide to EN 1998-1 and EN 1998-1”, Thomas Telford, 2005;

[3] CEN – “Eurocode 8 – Design of structures for earthquake resistance – Part 2: Bridges”,
EN 1998-2:2004;

[4] Luciano, Jacinto – “Dimensionamento sísmico de edifícios de betão segundo o EC8-1”,


Instituto Superior de Engenharia de Lisboa, 2014;

[5] Appleton, Júlio – “Estruturas de Betão”, Edições Orion, 2013;

[6] Correia, António – “Dinâmica – Vibrações de Sistemas com 1 Grau de Liberdade”,


Instituto Superior Técnico, 2007;

[7] CEN – “Eurocódigo 0 – Bases para o Projecto de Estruturas”, EN 1990:2002;

[8] DECivil – “Estruturas de Betão I – Folhas de Apoio às Aulas”, Instituto Superior Técnico,
2013;

[9] Vieira, Óscar – “A Consideração de Deformações Impostas no Projecto de Tanques”,


Tese de Mestrado, Instituto Superior Técnico, 2011;

[10] Lopes, Mário – “Sismos e Edifícios”, Edições Orion, 2009;

[11] DECivil – “Comportamento Fisicamente Não Linear de Estruturas de Betão Armado”,


Instituto Superior Técnico;

[12] CEN – “Eurocódigo 2 – Projecto de Estruturas de Betão – Parte 1-1: Regras Gerais e
Regras para Edifícios”, EN 1992-1-1:2004;

[13] Camara, José – “Análise Não Linear de Estruturas de Betão Armado nas Condições de
Serviço”, Instituto Superior Técnico, 1990;

[14] Camara, José – “Comportamento em Serviço de Estruturas de Betão Armado e


Pré-Esforçado”, Tese de Doutoramento, Instituto Superior Técnico, 1988;

[15] Botelho, Diogo – “Edifícios com Dimensões Significativas em Planta: Efeitos em


Diferentes Elementos Estruturais”, Tese de Mestrado, Instituto Superior Técnico, 2014;

81
[16] Camara, José; Luís, Ricardo – “Structural Response and Design Criteria for Imposed
Deformations Superimposed to Vertical Loads”, The Second FIB Congress, Naples, 2006;

[17] CEN – “Eurocódigo 1 – Acções em Estruturas – Parte 1-1: Acções Gerais – Pesos
Volúmicos, Pesos Próprios, Sobrecargas em Edifícios”, EN 1991-1-1:2002;

[18] Costa, António – “Projecto de Estruturas para Resistência aos Sismos – EC8-1 –
Exemplo de Aplicação 1”, Ordem dos Engenheiros, 2011;

[19] Costa, António – “Projecto de Estruturas para Resistência aos Sismos – EC8-1 –
Exemplo de Aplicação 2”, Ordem dos Engenheiros, 2011;

82
Anexos

Anexo A.1 Tabelas usadas no traçado dos gráficos do Capítulo 3

Tabela A.1- Perda de rigidez no Pilar A

Pilar A (EI1=171875 kNm2)


ν ρ [%] My [kN.m] (1/r)y [m ] EI2 [kN.m2] I1/I2
-1
ν ρ [%] My [kN.m] (1/r)y [m-1] EI2 [kN.m2] I1/I2
0.5 229 0.0074 30821.0 0.179 0.5 547 0.012 44471.5 0.259
0.75 288 0.0078 37065.6 0.216 0.75 600 0.012 49586.8 0.289
1 348 0.0080 43609.0 0.254 1 648 0.012 54453.8 0.317
1.25 407 0.0082 49634.1 0.289 1.25 718 0.012 59833.3 0.348
1.5 465 0.0084 55555.6 0.323 1.5 779 0.012 64380.2 0.375
1.75 524 0.0086 61215.0 0.356 1.75 839 0.012 69338.8 0.403
2 584 0.0087 67049.4 0.390 2 902 0.012 73934.4 0.430
2.25 642 0.0088 72706.7 0.423 2.25 956 0.012 78360.7 0.456
0.1 2.5 699 0.0090 77926.4 0.453 0.6 2.5 1001 0.012 83416.7 0.485
2.75 762 0.0091 83461.1 0.486 2.75 1060 0.012 88333.3 0.514
3 821 0.0093 88756.8 0.516 3 1119 0.012 93250.0 0.543
3.25 875 0.0093 93884.1 0.546 3.25 1179 0.012 98250.0 0.572
3.5 934 0.0094 99045.6 0.576 3.5 1231 0.012 103445.4 0.602
3.75 994 0.0095 104192.9 0.606 3.75 1296 0.012 108000.0 0.628
4 1050 0.0096 109147.6 0.635 4 1353 0.012 112750.0 0.656
4.25 1110 0.0097 114315.1 0.665 4.25 1411 0.012 117583.3 0.684
4.5 1168 0.0098 119183.7 0.693 4.5 1469 0.012 122416.7 0.712
0.5 316 0.0084 37619.0 0.219 0.5 543 0.011 51714.3 0.301
0.75 376 0.0086 43771.8 0.255 0.75 589 0.011 56095.2 0.326
1 435 0.0088 49544.4 0.288 1 642 0.011 60566.0 0.352
1.25 493 0.0090 55022.3 0.320 1.25 696 0.011 65046.7 0.378
1.5 551 0.0091 60549.5 0.352 1.5 749 0.011 69674.4 0.405
1.75 609 0.0093 65766.7 0.383 1.75 802 0.011 74259.3 0.432
2 667 0.0094 71108.7 0.414 2 856 0.011 78894.0 0.459
2.25 725 0.0095 76315.8 0.444 2.25 909 0.011 83394.5 0.485
0.2 2.5 784 0.0096 81496.9 0.474 0.7 2.5 964 0.011 88036.5 0.512
2.75 842 0.0097 86625.5 0.504 2.75 1018 0.011 92545.5 0.538
3 900 0.0098 91649.7 0.533 3 1073 0.011 97104.1 0.565
3.25 959 0.0099 96673.4 0.562 3.25 1127 0.011 101531.5 0.591
3.5 1017 0.0100 101700.0 0.592 3.5 1184 0.011 106188.3 0.618
3.75 1075 0.0101 106435.6 0.619 3.75 1238 0.011 110535.7 0.643
4 1134 0.0102 111176.5 0.647 4 1296 0.011 115405.2 0.671
4.25 1193 0.0103 115825.2 0.674 4.25 1348 0.011 120357.1 0.700
4.5 1253 0.0104 120480.8 0.701 4.5 1403 0.011 125267.9 0.729
0.5 462 0.0102 45161.3 0.263 0.5 504 0.009 58604.7 0.341
0.75 517 0.0103 50145.5 0.292 0.75 562 0.009 62444.4 0.363
1 574 0.0105 54875.7 0.319 1 610 0.009 66521.3 0.387
1.25 633 0.0106 59829.9 0.348 1.25 663 0.009 70607.0 0.411
1.5 691 0.0107 64639.9 0.376 1.5 721 0.010 74715.0 0.435
1.75 749 0.0108 69416.1 0.404 1.75 767 0.010 78828.4 0.459
2 808 0.0109 74333.0 0.432 2 821 0.010 82845.6 0.482
2.25 867 0.0110 79033.7 0.460 2.25 874 0.010 86965.2 0.506
0.4 2.5 926 0.0111 83725.1 0.487 0.8 2.5 928 0.010 90980.4 0.529
2.75 985 0.0112 88261.6 0.514 2.75 982 0.010 95339.8 0.555
3 1042 0.0112 93035.7 0.541 3 1037 0.010 99711.5 0.580
3.25 1102 0.0113 97781.7 0.569 3.25 1093 0.011 104095.2 0.606
3.5 1160 0.0113 102383.1 0.596 3.5 1149 0.011 108396.2 0.631
3.75 1225 0.0114 107174.1 0.624 3.75 1200 0.011 112888.1 0.657
4 1278 0.0114 111908.9 0.651 4 1258 0.011 117570.1 0.684
4.25 1338 0.0115 116652.1 0.679 4.25 1302 0.011 122253.5 0.711
4.5 1398 0.0115 121459.6 0.707 4.5 1375 0.011 127314.8 0.741

83
Tabela A.2- Perda de rigidez no Pilar B

Pilar B (EI1=282975 kN.m2)


ν ρ [%] My [kN.m] (1/r)y [m-1] EI2 [kN.m2] I1/I2 ν ρ [%] My [kN.m] (1/r)y [m-1] EI2 [kN.m2] I1/I2
0.5 276 0.0051 54117.6 0.191 0.5 644 0.009 74023.0 0.262
0.75 350 0.0053 65913.4 0.233 0.75 731 0.009 84023.0 0.297
1 423 0.0055 77472.5 0.274 1 795 0.009 93529.4 0.331
1.25 496 0.0056 88729.9 0.314 1.25 885 0.009 102907.0 0.364
1.5 570 0.0057 99650.3 0.352 1.5 957 0.009 112588.2 0.398
1.75 644 0.0058 110463.1 0.390 1.75 1023 0.008 122661.9 0.433
2 716 0.0059 121150.6 0.428 2 1098 0.008 131654.7 0.465
2.25 791 0.0060 131395.3 0.464 2.25 1174 0.008 141445.8 0.500
0.1 2.5 860 0.0061 141680.4 0.501 0.6 2.5 1268 0.008 150059.2 0.530
2.75 938 0.0062 151534.7 0.536 2.75 1319 0.008 158153.5 0.559
3 1011 0.0063 161501.6 0.571 3 1402 0.008 168105.5 0.594
3.25 1066 0.0062 171107.5 0.605 3.25 1489 0.008 177261.9 0.626
3.5 1161 0.0064 180841.1 0.639 3.5 1551 0.008 185971.2 0.657
3.75 1233 0.0065 190277.8 0.672 3.75 1628 0.008 195203.8 0.690
4 1303 0.0065 199540.6 0.705 4 1707 0.008 204676.3 0.723
4.25 1381 0.0066 208925.9 0.738 4.25 1790 0.008 214628.3 0.758
4.5 1455 0.0067 218140.9 0.771 4.5 1860 0.008 224096.4 0.792
0.5 378 0.0058 65739.1 0.232 0.5 650 0.007 87248.3 0.308
0.75 450 0.0059 76013.5 0.269 0.75 709 0.007 95424.0 0.337
1 521 0.0060 86401.3 0.305 1 782 0.008 103851.3 0.367
1.25 595 0.0061 97063.6 0.343 1.25 852 0.008 112253.0 0.397
1.5 667 0.0062 107062.6 0.378 1.5 923 0.008 121128.6 0.428
1.75 738 0.0063 116957.2 0.413 1.75 994 0.008 129427.1 0.457
2 815 0.0064 127343.8 0.450 2 1066 0.008 138082.9 0.488
2.25 885 0.0065 136785.2 0.483 2.25 1130 0.008 146373.1 0.517
0.2 2.5 956 0.0065 146177.4 0.517 0.7 2.5 1200 0.008 155440.4 0.549
2.75 1031 0.0066 155505.3 0.550 2.75 1271 0.008 164000.0 0.580
3 1102 0.0067 164970.1 0.583 3 1343 0.008 171959.0 0.608
3.25 1176 0.0067 174480.7 0.617 3.25 1414 0.008 180357.1 0.637
3.5 1259 0.0069 183795.6 0.650 3.5 1478 0.008 189002.6 0.668
3.75 1325 0.0069 193430.7 0.684 3.75 1557 0.008 197839.9 0.699
4 1412 0.0070 202292.3 0.715 4 1629 0.008 206202.5 0.729
4.25 1472 0.0070 211494.3 0.747 4.25 1702 0.008 215170.7 0.760
4.5 1544 0.0070 220887.0 0.781 4.5 1776 0.008 223396.2 0.789
0.5 548 0.0070 78848.9 0.279 0.5 603 0.006 100500.0 0.355
0.75 620 0.0071 87694.5 0.310 0.75 677 0.006 107460.3 0.380
1 696 0.0072 96666.7 0.342 1 742 0.007 114153.8 0.403
1.25 768 0.0073 105639.6 0.373 1.25 809 0.007 120746.3 0.427
1.5 843 0.0073 114850.1 0.406 1.5 876 0.007 127883.2 0.452
1.75 916 0.0074 123951.3 0.438 1.75 944 0.007 135243.6 0.478
2 990 0.0075 132885.9 0.470 2 1010 0.007 143059.5 0.506
2.25 1061 0.0075 141844.9 0.501 2.25 1078 0.007 150558.7 0.532
0.4 2.5 1135 0.0075 151131.8 0.534 0.8 2.5 1147 0.007 158206.9 0.559
2.75 1211 0.0076 159973.6 0.565 2.75 1216 0.007 165667.6 0.585
3 1282 0.0076 168906.5 0.597 3 1280 0.007 173677.1 0.614
3.25 1353 0.0076 178260.9 0.630 3.25 1355 0.007 182368.8 0.644
3.5 1431 0.0077 187058.8 0.661 3.5 1425 0.007 190763.1 0.674
3.75 1507 0.0077 196224.0 0.693 3.75 1491 0.008 198800.0 0.703
4 1582 0.0077 205188.1 0.725 4 1565 0.008 207559.7 0.733
4.25 1657 0.0077 214359.6 0.758 4.25 1634 0.008 215852.0 0.763
4.5 1731 0.0077 223643.4 0.790 4.5 1707 0.008 223429.3 0.790

84
Tabela A.3- Perda de rigidez no Pilar C

Pilar C (EI1=103125 kN.m2)


ν ρ [%] My [kN.m] (1/r)y [m-1] EI2 [kN.m2] I1/I2 ν ρ [%] My [kN.m] (1/r)y [m-1] EI2 [kN.m2] I1/I2
0.5 137 0.0075 18364.6 0.178 0.5 327 0.012 27250.0 0.264
0.75 173 0.0077 22351.4 0.217 0.75 360 0.012 30508.5 0.296
1 209 0.0080 26125.0 0.253 1 393 0.012 33192.6 0.322
1.25 244 0.0082 29828.9 0.289 1.25 429 0.012 36386.8 0.353
1.5 280 0.0084 33373.1 0.324 1.5 463 0.012 39170.9 0.380
1.75 315 0.0086 36799.1 0.357 1.75 498 0.012 42096.4 0.408
2 350 0.0087 40183.7 0.390 2 531 0.012 44810.1 0.435
2.25 385 0.0088 43650.8 0.423 2.25 565 0.012 47679.3 0.462
0.1 2.5 420 0.0090 46822.7 0.454 0.6 2.5 601 0.012 50504.2 0.490
2.75 457 0.0091 50054.8 0.485 2.75 623 0.012 52707.3 0.511
3 493 0.0093 53182.3 0.516 3 666 0.012 56107.8 0.544
3.25 525 0.0094 56089.7 0.544 3.25 696 0.012 58883.2 0.571
3.5 561 0.0095 59302.3 0.575 3.5 725 0.012 61284.9 0.594
3.75 597 0.0096 62382.4 0.605 3.75 761 0.012 64436.9 0.625
4 630 0.0096 65488.6 0.635 4 780 0.012 66045.7 0.640
4.25 666 0.0097 68377.8 0.663 4.25 832 0.012 69916.0 0.678
4.5 701 0.0098 71312.3 0.692 4.5 851 0.012 71693.3 0.695
0.5 189 0.0083 22743.7 0.221 0.5 325 0.011 30373.8 0.295
0.75 225 0.0085 26439.5 0.256 0.75 352 0.011 33207.5 0.322
1 261 0.0088 29726.7 0.288 1 385 0.011 35981.3 0.349
1.25 296 0.0090 33035.7 0.320 1.25 418 0.011 38703.7 0.375
1.5 330 0.0091 36105.0 0.350 1.5 451 0.011 41566.8 0.403
1.75 366 0.0093 39524.8 0.383 1.75 485 0.011 44292.2 0.430
2 400 0.0094 42643.9 0.414 2 518 0.011 47090.9 0.457
2.25 435 0.0095 45789.5 0.444 2.25 552 0.011 49729.7 0.482
0.2 2.5 470 0.0096 48856.5 0.474 0.7 2.5 579 0.011 52636.4 0.510
2.75 505 0.0098 51741.8 0.502 2.75 608 0.011 55525.1 0.538
3 540 0.0099 54711.2 0.531 3 647 0.011 58288.3 0.565
3.25 575 0.0100 57673.0 0.559 3.25 687 0.011 61066.7 0.592
3.5 610 0.0100 60757.0 0.589 3.5 710 0.011 63762.9 0.618
3.75 645 0.0102 63546.8 0.616 3.75 743 0.011 66517.5 0.645
4 681 0.0102 66503.9 0.645 4 778 0.011 69278.7 0.672
4.25 715 0.0103 69417.5 0.673 4.25 809 0.011 71911.1 0.697
4.5 751 0.0104 72211.5 0.700 4.5 842 0.011 74778.0 0.725
0.5 276 0.0101 27326.7 0.265 0.5 308 0.009 34606.7 0.336
0.75 310 0.0103 30243.9 0.293 0.75 337 0.009 37033.0 0.359
1 344 0.0104 33076.9 0.321 1 369 0.009 39677.4 0.385
1.25 380 0.0106 35849.1 0.348 1.25 398 0.009 42340.4 0.411
1.5 414 0.0107 38727.8 0.376 1.5 432 0.010 44766.8 0.434
1.75 449 0.0108 41612.6 0.404 1.75 460 0.010 47422.7 0.460
2 484 0.0109 44403.7 0.431 2 492 0.010 49949.2 0.484
2.25 520 0.0110 47315.7 0.459 2.25 524 0.010 52663.3 0.511
0.4 2.5 555 0.0111 50226.2 0.487 0.8 2.5 557 0.010 55148.5 0.535
2.75 590 0.0112 52891.1 0.513 2.75 589 0.010 57745.1 0.560
3 626 0.0112 55793.2 0.541 3 622 0.010 60388.3 0.586
3.25 661 0.0113 58599.3 0.568 3.25 656 0.010 63076.9 0.612
3.5 696 0.0113 61375.7 0.595 3.5 690 0.011 65714.3 0.637
3.75 735 0.0114 64248.3 0.623 3.75 720 0.011 68246.4 0.662
4 766 0.0114 67134.1 0.651 4 755 0.011 70892.0 0.687
4.25 802 0.0115 69860.6 0.677 4.25 781 0.011 73471.3 0.712
4.5 839 0.0116 72640.7 0.704 4.5 811 0.011 76221.8 0.739

85
Tabela A.4- Perda de rigidez na Parede A

Parede A (EI1= 103125000 kN.m2)


(1/r)y (1/r)y
ν ρEE [%] ρ [%] My [kN.m] EI2 [kN.m2] I1/I2 ν ρEE [%] ρ [%] My [kN.m] EI2 [kN.m2] I1/I2
[m-1] [m-1]
0.5 0.15 5712 0.00059 9681356 0.094 0.5 0.15 18822 0.00087 21614607 0.210
0.75 0.225 6877 0.00062 11091935 0.108 0.75 0.225 19907 0.00088 22693798 0.220
1 0.3 8111 0.00064 12673438 0.123 1 0.3 20994 0.00089 23681895 0.230
1.25 0.375 9186 0.00065 14145365 0.137 1.25 0.375 22079 0.00089 24824601 0.241
1.5 0.45 10332 0.00067 15532171 0.151 1.5 0.45 23302 0.00090 25902623 0.251
1.75 0.525 11483 0.00068 16901678 0.164 1.75 0.525 24257 0.00090 27006235 0.262
2 0.6 12762 0.00070 18231429 0.177 2 0.6 25358 0.00090 28068272 0.272
0.05 2.25 0.675 13766 0.00071 19526241 0.189 0.3 2.25 0.675 26496 0.00091 29167768 0.283
2.5 0.75 14903 0.00071 20957671 0.203 2.5 0.75 27548 0.00091 30239297 0.293
2.75 0.825 16244 0.00073 22313187 0.216 2.75 0.825 28662 0.00091 31365726 0.304
3 0.9 17163 0.00073 23660050 0.229 3 0.9 29776 0.00092 32446333 0.315
3.25 0.975 18313 0.00073 25093176 0.243 3.25 0.975 30917 0.00092 33496208 0.325
3.5 1.05 19411 0.00074 26380810 0.256 3.5 1.05 31965 0.00093 34508259 0.335
3.75 1.125 20555 0.00074 27679774 0.268 3.75 1.125 33064 0.00093 35552688 0.345
4 1.2 21718 0.00075 28992124 0.281 4 1.2 34126 0.00093 36655209 0.355
0.5 0.15 8718 0.00065 13516279 0.131 0.5 0.15 22866 0.00098 23385150 0.227
0.75 0.225 9862 0.00067 14830075 0.144 0.75 0.225 24035 0.00098 24425813 0.237
1 0.3 10993 0.00068 16166176 0.157 1 0.3 25008 0.00098 25531394 0.248
1.25 0.375 12164 0.00070 17377143 0.169 1.25 0.375 26086 0.00098 26507469 0.257
1.5 0.45 13262 0.00071 18574230 0.180 1.5 0.45 27189 0.00099 27544322 0.267
1.75 0.525 14384 0.00072 19883882 0.193 1.75 0.525 28290 0.00099 28619120 0.278
2 0.6 15536 0.00073 21169097 0.205 2 0.6 29416 0.00099 29662196 0.288
0.1 2.25 0.675 16664 0.00074 22431014 0.218 0.4 2.25 0.675 30527 0.00100 30652676 0.297
2.5 0.75 17822 0.00075 23794393 0.231 2.5 0.75 31622 0.00100 31663162 0.307
2.75 0.825 18891 0.00075 25087649 0.243 2.75 0.825 32764 0.00100 32659490 0.317
3 0.9 19978 0.00076 26321476 0.255 3 0.9 33796 0.00100 33664708 0.326
3.25 0.975 21238 0.00077 27653646 0.268 3.25 0.975 35174 0.00101 34688363 0.336
3.5 1.05 22237 0.00077 28879221 0.280 3.5 1.05 36081 0.00101 35677840 0.346
3.75 1.125 23341 0.00077 30156331 0.292 3.75 1.125 37228 0.00101 36786561 0.357
4 1.2 24492 0.00078 31400000 0.304 4 1.2 38326 0.0010151 37755886 0.366
0.5 0.15 19645 0.00078 25153649 0.244
0.75 0.225 23476 0.00080 29381727 0.285
1 0.3 27312 0.00082 33388753 0.324
1.25 0.375 31190 0.00083 37487981 0.364
1.5 0.45 35120 0.00084 41660735 0.404
1.75 0.525 39043 0.00086 45664327 0.443
2 0.6 42853 0.00086 49598380 0.481
0.2 2.25 0.675 46776 0.00088 53458286 0.518
2.5 0.75 50704 0.00088 57357466 0.556
2.75 0.825 54563 0.00089 61237935 0.594
3 0.9 58306 0.00090 64640798 0.627
3.25 0.975 62340 0.00091 68807947 0.667
3.5 1.05 66348 0.00092 72511475 0.703
3.75 1.125 71407 0.00101 70700000 0.686
4 1.2 74168 0.00093 79741963 0.773

86
Tabela A.5- Perda de rigidez na Parede B

Parede B (EI1=12890625 kN.m2)


(1/r)y (1/r)y
ν ρEE [%] ρ [%] My [kN.m] EI2 [kN.m2] I1/I2 ν ρEE [%] ρ [%] My [kN.m] EI2 [kN.m2] I1/I2
[m-1] [m-1]
0.5 0.18 1532 0.00115 1332174 0.103 0.5 0.18 4831 0.00178 2714045 0.211
0.75 0.27 1987 0.00130 1523773 0.118 0.75 0.27 5138 0.00179 2870391 0.223
1 0.36 2212 0.00130 1704160 0.132 1 0.36 5438 0.00180 3021111 0.234
1.25 0.45 2550 0.00135 1894502 0.147 1.25 0.45 5757 0.00181 3180663 0.247
1.5 0.54 2886 0.00138 2095861 0.163 1.5 0.54 6075 0.00182 3337912 0.259
1.75 0.63 3220 0.00141 2283688 0.177 1.75 0.63 6377 0.00183 3484699 0.270
2 0.72 3555 0.00144 2475627 0.192 2 0.72 6712 0.00185 3628108 0.281
0.05 2.25 0.81 3887 0.00145 2673315 0.207 0.3 2.25 0.81 7003 0.00186 3765054 0.292
2.5 0.9 4220 0.00148 2855210 0.221 2.5 0.9 7321 0.00187 3914973 0.304
2.75 0.99 4593 0.00151 3041722 0.236 2.75 0.99 7636 0.00188 4061702 0.315
3 1.08 4880 0.00151 3231788 0.251 3 1.08 7978 0.00190 4198947 0.326
3.25 1.17 5202 0.00152 3417871 0.265 3.25 1.17 8270 0.00190 4352632 0.338
3.5 1.26 5534 0.00154 3593506 0.279 3.5 1.26 8585 0.00191 4494764 0.349
3.75 1.35 5859 0.00155 3775129 0.293 3.75 1.35 8890 0.00192 4630208 0.359
4 1.44 6188 0.00156 3966667 0.308 4 1.44 9160 0.00192 4770833 0.370
0.5 0.18 2281 0.00132 1728030 0.134 0.5 0.18 5835 0.00198 2946970 0.229
0.75 0.27 2628 0.00137 1918248 0.149 0.75 0.27 6156 0.00199 3093467 0.240
1 0.36 2945 0.00141 2088652 0.162 1 0.36 6479 0.00200 3239500 0.251
1.25 0.45 3288 0.00145 2267586 0.176 1.25 0.45 6769 0.00200 3384500 0.263
1.5 0.54 3611 0.00148 2439865 0.189 1.5 0.54 7077 0.00201 3520896 0.273
1.75 0.63 3929 0.00150 2619333 0.203 1.75 0.63 7394 0.00202 3660396 0.284
2 0.72 4256 0.00152 2800000 0.217 2 0.72 7701 0.00203 3793596 0.294
0.1 2.25 0.81 4606 0.00155 2971613 0.231 0.4 2.25 0.81 8017 0.00204 3929902 0.305
2.5 0.9 4912 0.00156 3148718 0.244 2.5 0.9 8337 0.00205 4066829 0.315
2.75 0.99 5244 0.00158 3318987 0.257 2.75 0.99 8659 0.00206 4203398 0.326
3 1.08 5572 0.00160 3482500 0.270 3 1.08 8978 0.00207 4337198 0.336
3.25 1.17 5889 0.00161 3657764 0.284 3.25 1.17 9303 0.00208 4472596 0.347
3.5 1.26 6216 0.00162 3837037 0.298 3.5 1.26 9628 0.00209 4606699 0.357
3.75 1.35 6541 0.00163 4012883 0.311 3.75 1.35 9939 0.00210 4737369 0.368
4 1.44 6866 0.00164 4186585 0.325 4 1.44 10286 0.00211 4874882 0.378
0.5 0.18 3636 0.00157 2315924 0.180
0.75 0.27 3953 0.00160 2470625 0.192
1 0.36 4268 0.00162 2634568 0.204
1.25 0.45 4586 0.00164 2796341 0.217
1.5 0.54 4901 0.00166 2952410 0.229
1.75 0.63 5225 0.00168 3110119 0.241
2 0.72 5539 0.00169 3277515 0.254
0.2 2.25 0.81 5861 0.00170 3447647 0.267
2.5 0.9 6175 0.00171 3611111 0.280
2.75 0.99 6498 0.00172 3777907 0.293
3 1.08 6815 0.00173 3939306 0.306
3.25 1.17 7127 0.00174 4095977 0.318
3.5 1.26 7518 0.00177 4247458 0.329
3.75 1.35 7776 0.00176 4418182 0.343
4 1.44 8115 0.00177 4584746 0.356

87
Tabela A.6- Perda de rigidez na Parede C

Parede C (EI1=2784375 kN.m2)


(1/r)y (1/r)y
ν ρEE [%] ρ [%] My [kN.m] EI2 [kN.m2] I1/I2 ν ρEE [%] ρ [%] My [kN.m] EI2 [kN.m2] I1/I2
[m-1] [m-1]
0.5 0.3 687 0.00222 309459 0.111 0.5 0.3 1857 0.00330 562727.3 0.202
0.75 0.45 874 0.00239 366303 0.132 0.75 0.45 2026 0.00334 606586.8 0.218
1 0.6 1066 0.00251 424701 0.153 1 0.6 2191 0.00338 648224.9 0.233
1.25 0.75 1246 0.00260 479231 0.172 1.25 0.75 2356 0.00342 688888.9 0.247
1.5 0.9 1428 0.00267 534831 0.192 1.5 0.9 2519 0.00347 725936.6 0.261
1.75 1.05 1605 0.00273 587912 0.211 1.75 1.05 2684 0.00351 764672.4 0.275
2 1.2 1777 0.00277 641748 0.230 2 1.2 2846 0.00354 803954.8 0.289
0.05 2.25 1.35 1952 0.00283 690973 0.248 0.3 2.25 1.35 3010 0.00358 841958.0 0.302
2.5 1.5 2129 0.00287 743106 0.267 2.5 1.5 3166 0.00360 879444.4 0.316
2.75 1.65 2326 0.00294 792504 0.285 2.75 1.65 3340 0.00365 915068.5 0.329
3 1.8 2492 0.00297 839057 0.301 3 1.8 3504 0.00368 952173.9 0.342
3.25 1.95 2665 0.00302 883914 0.317 3.25 1.95 3665 0.00371 987870.6 0.355
3.5 2.1 2828 0.00305 927213 0.333 3.5 2.1 3835 0.00374 1025401.1 0.368
3.75 2.25 3001 0.00309 971197 0.349 3.75 2.25 3988 0.00376 1060638.3 0.381
4 2.4 3172 0.00313 1013095 0.364 4 2.4 4163 0.00380 1095526.3 0.393
0.5 0.3 949 0.00254 373622.0 0.134 0.5 0.3 2220 0.00366 606557.4 0.218
0.75 0.45 1134 0.00264 429545.5 0.154 0.75 0.45 2385 0.00370 644594.6 0.232
1 0.6 1314 0.00270 486666.7 0.175 1 0.6 2540 0.00373 680965.1 0.245
1.25 0.75 1492 0.00277 538628.2 0.193 1.25 0.75 2698 0.00377 715649.9 0.257
1.5 0.9 1665 0.00283 588339.2 0.211 1.5 0.9 2868 0.00382 750785.3 0.270
1.75 1.05 1836 0.00288 637500.0 0.229 1.75 1.05 3018 0.00384 785937.5 0.282
2 1.2 2009 0.00293 685665.5 0.246 2 1.2 3178 0.00387 821188.6 0.295
0.1 2.25 1.35 2185 0.00298 733221.5 0.263 0.4 2.25 1.35 3342 0.00390 856923.1 0.308
2.5 1.5 2375 0.00303 783828.4 0.282 2.5 1.5 3504 0.00393 891603.1 0.320
2.75 1.65 2543 0.00307 828338.8 0.297 2.75 1.65 3667 0.00396 926010.1 0.333
3 1.8 2715 0.00311 872990.4 0.314 3 1.8 3832 0.00398 962814.1 0.346
3.25 1.95 2885 0.00315 915873.0 0.329 3.25 1.95 3995 0.00400 998750.0 0.359
3.5 2.1 3051 0.00319 956426.3 0.343 3.5 2.1 4189 0.00405 1034321.0 0.371
3.75 2.25 3210 0.00322 996894.4 0.358 3.75 2.25 4323 0.00404 1070049.5 0.384
4 2.4 3383 0.00326 1037730.1 0.373 4 2.4 4492 0.00407 1103685.5 0.396
0.5 0.3 1435 0.00294 488095.2 0.175
0.75 0.45 1605 0.00298 538590.6 0.193
1 0.6 1771 0.00302 586423.8 0.211
1.25 0.75 1954 0.00309 632362.5 0.227
1.5 0.9 2107 0.00312 675320.5 0.243
1.75 1.05 2292 0.00319 718495.3 0.258
2 1.2 2463 0.00323 762538.7 0.274
0.2 2.25 1.35 2634 0.00328 803048.8 0.288
2.5 1.5 2793 0.00331 843806.6 0.303
2.75 1.65 2961 0.00335 883880.6 0.317
3 1.8 3128 0.00338 925443.8 0.332
3.25 1.95 3301 0.00342 965204.7 0.347
3.5 2.1 3472 0.00346 1003468.2 0.360
3.75 2.25 3625 0.00348 1041666.7 0.374
4 2.4 3798 0.00352 1078670.8 0.387

88

Você também pode gostar