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Materiais e Corrosão - Cap 3

„ FORMAS DE CORROSÃO

Fontana, cap. 3

Formas de Corrosão- A.Simões_2006 3a.1


FORMAS DE CORROSÃO

„ No aspecto morfológico, a corrosão pode ser


classificada em duas grandes categorias:
„ Corrosão Uniforme (ou generalizada)
„ Zonas anódicas e catódicas distribuem-se uniformemente na
superfície
„ Corrosão Localizada
„ Zona anódica espacialmente separada da zona catódica,
tipicamente com zona anódica de menores dimensões.

Formas de Corrosão- A.Simões_2006 3a.2


Formas de Corrosão / 1. Corrosão Uniforme
Material dissolvido

Aço macio, meio salino,


humidades elevadas

Corrosão uniforme

ă a mais comum.
ă a que conduz a maior perda de material
ƒPrevisível (diagramas E-pH,...)
ƒEm geral controlável (ex: pintura)
ƒTaxa de perda de massa determinável por testes simples
(rectas de Tafel, Rp)

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Formas de Corrosão / 2. Corrosão Galvânica
Deve-se à formação de uma pilha entre dois metais (ou ligas) com
diferentes tendencias termodinâmica para a oxidação.

Fe Zn

Pode ser prevista com base nos potenciais mistos dos metais ou
ligas, i.e., na série galvânica.
Série galvânica: ordena metais e ligas, para cada meio, com base
nos seus potenciais mistos e no resultado de testes de corrosão.
Trata-se portanto de uma ordem de nobreza, e que depende do
meio em causa. Assim, se ligarmos electricamente dois materiais no
meio em causa, irá oxidar-se o menos nobre, e ficar catódico o de
maior nobreza.

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Formas de Corrosão / 2. Corrosão Galvânica

⇒ A Série Galvânica varia em função da composição do meio e da


temperatura.
Ex: Fe / Zn em água potável: polaridade altera-se acima dos ~60ºC

⇒ A corrosão galvânica é normalmente controlada por polarização


catódica
ex: Ti catódico, mas provocando baixa actividade no ânodo
devido a polarização catódica no Ti

⇒ Corrosão atmosférica:
Zn (anódico) vs. Aço
estanho, níquel (catódicos) vs. Aço
Alumínio vs. Aço : variável

⇒ A corrosão não progride em meio totalmente seco

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Formas de Corrosão / 2. Corrosão Galvânica
Parâmetros determinantes:

Nobreza dos metais e ligas


Au > Cu> Ni > Fe > Zn... série galvânica

• Passividade

• Condutibilidade iónica do meio (humidade, concentração salina)

• Distância cátodo / ânodo (maior actividade perto do cátodo)

• Proporção das áreas catódica e anódica


Cátodo grande + ânodo pequeno corrosão intensa
(grande perda de espessura)
Ia = Ic ex: rebites da aço em estrutura de cobre
ia Ac
=
ic Aa

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Formas de Corrosão / 2. Corrosão Galvânica
PREVENÇÃO:
ƒSeleccionar metais (ou ligas) próximos na série galvânica
ƒEscolher baixas razões Área catódica / Area anódica
ƒIsolar electricamente os metais quando possível
ƒProjectar a estrutura de forma a poder substituir as partes anódicas
ƒInstalar entre os dois metais um terceiro metal anódico em relação aos
outros dois.
ƒ Aplicar pintura em todo o sistema, em particular na zona catódica

UTILIZAÇÃO BENÉFICA da corrosão galvânica:


Protecção catódica por meio de ânodos sacrificiais (Zn, Mg)

Ex:

Fe Zn Fe Zn

Água do mar Protecção catódica do ferro pelo zinco

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Formas de Corrosão / 3. Corrosão Intersticial

Corrosão intersticial ou em fendas (crevice corrosion):

Ocorre em juntas, flanges, rebites, sob depósitos ou em


contactos metal/ não metal (madeira, vidro, plásticos), onde se
formem zonas estagnantes. É muito grave e insidiosa.
Resulta da formação de uma célula de concentração (de
arejamento diferencial), i.e., gera-se uma zona anódica e uma zona
catódica com diferentes concentrações de oxigénio.
Associada quase sempre à presença de cloretos.

Corrosão intersticial
inerte

Aço inox

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Células de concentração
São células com eléctrodos idênticos em meios diferentes

Célula de concentração iónica

+ A - Célula de arejamento diferencial

ar N2
Cu Cu

Conc. Diluída + A -

Membrana porosa

Fe Fe

NaCl dil. NaCl dil.

Membrana porosa

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Formas de Corrosão / 3. Corrosão Intersticial

Aço inoxidável
Corrosion Atlas

Aço inoxidável
www.corrosion-doctors.org

Aço inox após 30 dias em Corrosão Intersticial numa junta


0.5FeCl3 + 0.05M NaCl
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3. Corrosão Intersticial - Mecanismo
Reacções que provocam acidificação
no ânodo:
Fe2+ + 2 Cl- → FeCl2

FeCl2 + 2H2O → Fe(OH)2 + 2HCl

Meio exterior
Material inerte

ânodo cátodo

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Formas de Corrosão / 3. Corrosão Intersticial

Mecanismo:

1. oxidação M Æ M+ + e
redução O2 + H2O + 4e Æ 4OH-

2. Esgotamento do O2 na zona estagnante. Forma-se uma pilha,


com a zona estagnante anódica.

3. Excesso de catiões na zona anódica Æ migração de iões Cl-


para repor a electroneutralidade.

4. Hidrólise do catião metálico:


M+Cl- + H2O MOH + H+Cl-

5. Abaixamento do pH dentro da zona estagnante Æ meio


mais agressivo Æ processo autocatalítico

Comum em aços inoxidáveis e alumínios mas também noutros


metais e ligas.

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Formas de Corrosão / 3. Corrosão Intersticial

Prevenção

™Usar soldaduras em vez de juntas

™ Evitas zonas de estagnação e ângulos pouco abertos,


para prevenir a formação de depósitos.

™ Usar juntas não-absorventes (ex: teflon vs. cartão)

™ Inspeccionar e remover os depósitos frequentemente

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Formas de Corrosão / 4. Corrosão por picadas

Extremamente localizada; provoca perfuração do metal.


Metais ou ligas com comportamento activo-passivo,
na presença de Halogenetos (Cl-)

ex: aços inoxidáveis, alumínio

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Formas de Corrosão / 4. Corrosão por picadas

Mecanismo:
Fase 1: nucleação (ruptura do filme)
Fase 2: progressão (crescimento da picada)

Passos:
1. Destruição da camada passiva
2. Aumento da dissolução metálica
3. Migração de aniões Cl- para a zona da picada.
4. Hidrólise dos iões metálicos, com abaixamento do pH.
5. Interior da picada fica anódico, e a zona circundante catódica
6. Avanço do processo de uma forma autocatalítica.

A picada protege portanto a zona circundante,


enquanto se mantiver activa.

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Formas de Corrosão / 4. Corrosão por picadas
Mecanismo

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Formas de Corrosão / 4. Corrosão por picadas

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Potenciais de ruptura e de protecção

Er: potencial de rotura


(ou de picada no caso de
corrosão por picadas)
Er Eprot: potencial de protecção

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Formas de Corrosão / 4. Corrosão por picadas

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C. Picadas: Efeito da concentração de Cloretos

• Efeito do meio: concentração de halogenetos


• Er = A - B log Cx

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Parâmetros da corrosão por picadas – elementos de liga

• Selecção de materiais
Elementos de liga – Cr, Mo

• Microestrutura: precipitação de de sulfuretos, soldaduras…

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Corrosão por picadas

„ Factores que influenciam:


„ Elementos de liga (Ni, Cr, Mo, no aço)
„ Microestrutura (sulfuretos e outros precipitados; soldaduras;
sulfureto de Mg nos aços inox)
„ Composição do meio
„ cloretos, outros halogenetos, ClO4-: iões agressivos
„ Nitratos, cromatos: reduzem tendência p/ picadas
„ pH do meio
„ Temperatura (em geral Er diminui com o aumento de T)
„ Teor de oxigénio

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Corrosão por Picadas - Quantificação

Norma ASTM
(American Society for Testing and
Materials)

Factor de picada:
penetração máxima/ penetração
média

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Corrosão por picadas

•Avaliação:
•Densidade de picada: nº picadas/área
•Profundidade das picadas
•Índice de picada= profundidade máxima/ profundidade média
•Potencial de picada

• Prevenção da corrosão por picadas


Selecção de materiais: Elementos de Liga – Cr, Mo
•316 (2% Mo) melhor do que 304
•Hasteloy: 50- 60% Ni; 15- 20%Cr
•Superausteníticos: 20Cr 18Ni 6Mo 0.2N
•Superferriticos 30Cr 4Mo
•Ti

•Em geral, metais e ligas com boa resistência à corrosão por picadas
também resistem bem à corrosão intersticial

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