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Tecnologia Metalúrgica

Webaula 4

Prof. Dr. Iury Sousa e Silva


OBJETIVOS DA UNIDADE

• Entender os processos de corrosão e materiais resistentes a ele;

• Conhecer metais utilizados para trabalhos a altas temperaturas


AÇOS INOXIDÁVEIS E LIGAS RESISTENTES
À CORROSÃO; MATERIAIS PARA ALTAS
TEMPERATURAS

▪ Aços inoxidáveis e ligas ▪ Materiais para altas


resistentes à corrosão temperaturas
Corrosão

• A corrosão é uma degradação que ocorre nos metais devido à ação do ambiente
(atmosfera, meios líquidos, químicos ou gasosos).

• Os metais transformam-se em sais ou óxidos, devido a reações químicas que ocorrem


com elementos destes ambientes.

• Se o metal não sofre a corrosão, é porque formou-se uma camada passiva, protetora,
na superfície, que evita a ocorrência de reações de degradação do material.
Tipos de Corrosão
• Existem diversos tipos de corrosão, porém o mais comum é a atmosférica.

• A corrosão do ferro é considerada a mais importante.

• Potencial eletroquímico do ferro é maior que o do hidrogênio (Fe acima do H na tabela


periódica).

• Ao se aproximar de uma molécula de água, ele desloca um átomo de hidrogênio. Com


sua valência positiva de 2 elétrons (2e+), difunde-se com 2 íons de OH- (a molécula de
água perdeu um átomo de H, por isso ficou eletronegativa): Fe(OH)2.

• Juntando-se ao oxigênio do ar, forma-se o Fe(OH)3, porque ocorre uma difusão através
da água.

• Essa molécula é insolúvel, por isso ocorre uma reação de quebra 2 Fe(OH)3 -> Fe2O3 + 3
H2O.

• Resultado final: óxido de ferro (Fe2O3) precipitado, mais conhecido como ferrugem.
Experimento: Formação de ferrugen
Experimento: Formação de ferrugen

Reação base (oxidação) – Formação de Ferrugem


Fe(s) + NaClO(aq) --> Fe2O3(s) + NaCl(aq)

Reação balanceada
2 Fe(s) + 3 NaClO(aq) --> Fe2O3(s) + 3 NaCl(aq)
Experimento: Formação de ferrugen
Tipos de Corrosão
Tipos de Corrosão

• Corrosão atmosférica : Os agentes corrosivos que se encontram na atmosfera

Ex: Um aço-carbono comum dura em torno de cinco anos, enquanto um aço ligado com cobre dura
cerca de três anos. A adição de cobre em pequenas quantidades (de 0,01% para 0,04%) altera
bastante a resistência à corrosão do material. O níquel e o cromo também provocam mudanças nos
aços. Por isso, alguns métodos de combate à corrosão incluem adição ou retirada de elementos das
ligas, como pintura e galvanização, por exemplo.

• Corrosão no solo: quantidade de água e oxigênio é o fator mais importante para avaliar
a corrosão dos materiais no solo, mas é claro que correntes parasitas, bactérias e
resistividade do solo são pontos a serem considerados
Tipos de Corrosão

• Corrosão em água doce: É considerada água doce toda água natural não salina,
poluída ou não.

Ex: O maior causador de corrosão nesses tipos de água são os gases dissolvidos (dióxido de carbono,
sulfeto de hidrogênio). Sais dissolvidos na água têm pouco efeito nesses caso, pois diminuem a
solubilidade do oxigênio e do hidróxido de ferro.

• Corrosão em água salgada: Água salgada contém sais, como cloreto de sódio e
magnésio, dissolvidos, que são agentes corrosivos nos metais. Existem outros fatores que
também causam corrosão: material biológico, velocidade da água e concentração de
oxigênio.
Aços Inoxidáveis

• São ligas ferrosas contendo quantidades maiores do que 11% de cromo.

• São assim chamados porque em sua superfície forma-se uma camada fina, mas
resistente, de óxido de cromo (Cr2O3). Ela é caracterizada como uma camada
passivadora, pois evita a passagem de elementos, principalmente o oxigênio, principal
causador de corrosão.

• Existem cinco tipos de aços inoxidáveis: aços inoxidáveis ferríticos, austeníticos,


martensíticos, duplex e endurecíveis por precipitação, sendo assim chamados por sua
microestrutura predominante.

• Alguns elementos nesses aços favorecem ou são os responsáveis pela formação destas
estruturas.
Aços Inoxidáveis

• Agentes :

Ferritizantes: Cr, Si, Al, Mo, W, Ti, Nb. Elementos que favorecem e estabilizam a formação da
ferrita;

Austenitizantes: Ni, Mn, N, C, Cu, Co. Elementos que favorecem e estabilizam a formação
da austenita.
Diagrama de Schaeffler

• É um diagrama muito utilizado para prever a estrutura predominante no aço inox


soldado (cordão de solda).
• Ele baseia-se na quantidade de cromo e níquel equivalente, dada pelas equações 1 e
2.

(1) CrEq = Cr + Mo + 1,5 . Si + 0,5 . Nb


(2) NiEq = Ni + 30 . C + 0,5 . Mn
Aços inoxidáveis ferríticos

• São aços com baixo carbono (0,5% máx.) e quantidades de cromo na faixa de 16% a 30%.
• Para teores de cromo altos e de carbono baixos, a estrutura é ferrítica, mesmo se a temperatura
for alta.

• Não são temperáveis, por isso somente recristalizam mediante deformação mecânica e
recozimento.

• Com a adição de níquel, esse aço torna-se martensítico. O níquel favorece e estabiliza a
formação da austenita. Em níveis moderados, esta austenita é metaestável e permite que o aço
possa ser temperado.

• Eles são designados pela série 4XX (sistema SAE-AISI), sendo a mesma designação usada para os
martensíticos, também. Alguns aços inoxidáveis ferríticos conhecidos são: 430, 430F, 405, 409, 434,
436, 442 e 446.
Aços inoxidáveis austeníticos

• Adicionando-se níquel ou manganês, estabiliza-se a austenita.

• O teor de níquel varia de 8% a 30% nesses aços.

• São materiais que não endurecem por têmpera e não são ferromagnéticos (estrutura CFC). Por
isso, têm boa tenacidade e ductilidade.

• Aços inoxidáveis austeníticos ao manganês : A única vantagem da adição de manganês na


composição, no lugar do níquel, é com relação ao custo mais baixo

• Esses aços são classificados na série 3XX, pelo sistema SAE-AISI.

• Alguns aços inoxidáveis austeníticos conhecidos são: 301, 302, 302B, 303, 304, 308, 309, 309S,
• 310, 316, 317, 321, 347, 201, 202, 304N e 316N
Aços inoxidáveis martensíticos

• São aços com baixo carbono (acima de 0,1%), cromo entre 12% e 18% e níquel entre 2% e 4%,
todos tratáveis termicamente.

• Antes do tratamento, apresentam estrutura austenítica, mas, depois da têmpera, tornam-se


martensíticos.

• Consequentemente, sua resistência mecânica e dureza tornam-se mais altas.

• Por sua característica de elevada resistência à corrosão, mecânica e dureza, pode ser usado em
componentes de turbinas a vapor, bombas de líquidos corrosivos, aeronaves, árvores e hélices
marinhas, utensílios de cozinha e cutelaria, lâminas de barbear e outras.

• Esses aços são classificados na SAE-AISI pela série 4XX.

• Alguns aços inoxidáveis martensíticos conhecidos são: 403, 410, 420, 431, 414, 416, 416Se, 420F,
440, 440B e 440C.
Aços inoxidáveis duplex

• O aumento de ferrita, em aços inoxidáveis austeníticos, melhorava algumas propriedades desses


materiais (aumento do limite de escoamento).

• Aço inoxidável composto pela combinação de dois tipos de microestrutura: Ferrítica e


austenítica
Aços inoxidáveis endurecíveis por precipitação

• São aços com cromo (12% a 17%), níquel (4% a 8%) e molibdênio (até 2%).

• Podem apresentar estrutura com matriz martensítica ou austenítica e, consequentemente, a


resistência à corrosão é semelhante ao austenítico e a resistência mecânica é semelhante ao
martensítico.

• O tratamento térmico dos aços inox endurecíveis por precipitação consiste na solubilização
seguida pelo envelhecimento.
Ligas resistentes à corrosão

• A proteção contra a corrosão pode ser feita com a aplicação de uma camada protetora,
proveniente de um material orgânico ou metálico, ou através da formação de uma camada
proveniente da reação de determinado elemento contido na composição do metal, com o
meio ambiente a que ele foi submetido – esse tipo de processo também é chamado de
passivação.

• A absorção de oxigênio pelo cromo e, consequentemente, a formação de uma camada finade


óxido é um exemplo de passivação.

• Esta camada possui alta concentração de cromo e, à medida que o material sofre polimento,
torna-se mais espessa e aumenta sua capacidade de proteção contra a corrosão. Ele é
considerado o elemento mais eficiente e importante na maioria dos casos, exceto em meiosque
contenham ácido clorídrico.
Película passiva x revestimento
PELÍCULA PASSIVA em AÇO INOXIDÁVEL :
Oxi-hidróxidos de Fe e Cr

Oxigênio
2-3 nm de espessura
(0,002-0,003 µm)

Transparente
Aderente
Auto reparação

Revestimento superior REVESTIMENTOS MULTICAMADAS

Revestimento
Tipicamente
20-200 µm de
Primer espessura
Pode descolar
AÇO COMUM
Não se auto
repara
Película passiva x revestimento
Aço inoxidável Aço Comum

Camada passiva Revestimento Multicamadas

Auto reparação Produtos de corrosão


Ligas resistentes à corrosão
PASSIVIDADE DO AÇO EXPOSTO DURANTE DEZ ANOS A UMA ATMOSFERA INDUSTRIAL
Ligas resistentes à corrosão
EFEITO DO CROMO NA RESISTÊNCIA À OXIDAÇÃO A ALTAS TEMPERATURAS

Quando a temperatura
aumenta, esse efeito
protetor continua. Além
disso, o material apresenta
resistência mecânica mais
elevada, passando a ser
classificado como aço
resistente ao calor.

O único detalhe está para


quantidades de cromo, que
devem ser maiores de 20%
Materiais para altas temperaturas

• São aços que suportam o trabalho ou a exposição, de maneira contínua ou não, a ambientes
com altas temperaturas.

• São conhecidos como “aços refratários”, bastante usados em indústrias de refino de petróleo,
equipamentos para aquecimento (fornos, estufas etc.) em turbinas a gás e a vapor, indústrias
automobilística, aeronáutica e outras.

• A exigência quanto aos materiais refratários é em relação à resistência à fluência, corrosão,


oxidação, expansão térmica, fadiga e estabilidade estrutural.

• O níquel tem um papel especial neste caso, pois sua resistência ao calor é alta (maior que o
ferro). Por isso, ligas Fe-Cr-Ni e Cr-Ni são muito aplicadas nos trabalhos em altas temperaturas.
Assim, ele melhora a resistência à corrosão, bem como a rigidez e a ductilidade (estrutura
austenítica nos aços).
Materiais para altas temperaturas

TEMPERATURAS DE UTILIZAÇÃO DE UM AÇO EM FUNÇÃO DO TEOR DE CROMO


Materiais para altas temperaturas
• Para a resistência à fluência, temos o molibdênio, o vanádio, o tungstênio, o titânio e o nióbio
como elementos influenciadores.

• Em aços com 0,1% a 0,2% de carbono, a adição de 0,5% de molibdênio faz com que o material
consiga suportar o dobro de carga a 500°C (fluência de 0,10% em 100.000 horas).

• Em aços austeníticos com 18% de cromo e 8% de níquel, 1% a 3% de molibdênio aumentam a


resistência à fluência, mantendo ainda a estrutura austenítica.

• Com 0,2% de vanádio em aços baixos teores de carbono, cromo e molibdênio, ele os torna
utilizáveis satisfatoriamente (em temperaturas de 550°C e 600°C).

• O tungstênio é formador de carbonetos. Assim, aumenta a resistência à fluência. Com 0,5% de


titânio nos aços austeníticos, esta característica também se manifesta entre 550°C e 700°C.

• Com o nióbio, pode-se obter os mesmos resultados do titânio.

• O cobalto em aços austeníticos com 18% de cromo e 8% de níquel também melhora a


resistência à fluência (em torno de 2% entre 600°C e 700°C).
Aços fundidos resistentes ao calor

Aços cromo: o cromo varia entre 10% a 30% e o níquel está em pouquíssima
quantidade, podendo chegar a ser nulo. O principal objetivo é sua resistência à
oxidação, pois possuem pouca resistência em altas temperaturas.

Aços cromo-níquel: aqui se incluem aços que contêm uma quantidade


maior ou igual a 18% de cromo e 5% ou mais de níquel e são austeníticos. São
aços usados em atmosferas oxidantes ou redutoras, possuindo o cromo como
elemento predominante. Algumas propriedades deles, como resistência e
ductilidade, são melhores do que as dos aços-cromo.

Aços cromo-níquel: apesar da mesma classificação e da estrutura austenítica,


são materiais que possuem o níquel predominante no lugar do cromo. O níquel
está em torno de 25%, enquanto o cromo está na faixa de 10%. Não podem ser
utilizados em condições com grande quantidade de enxofre. Em outros tipos de
atmosferas, tanto oxidantes como redutoras, seu uso é irrestrito.
Aços fundidos resistentes ao calor

TEMPERATURA MÁXIMA DE OPERAÇÃO PARA


ALGUNS AÇOS
RESISTENTES AO CALOR
Considerações são feitas para os aços resistentes ao calor

a) Os aços com estrutura grosseira possuem melhor resistência em altas temperaturas do que
granulações menores, o que não ocorre quando o material está em temperatura ambiente;

b) Por conta disto, os materiais com estruturas trabalhadas são menos resistentes do que os materiais
com estruturas fundidas;

c) Materiais com estruturas estáveis são mais resistentes que as metaestáveis;

d) Materiais que apresentam estrutura austenítica apresentam melhor resistência do que estruturas
ferríticas;

e) Um material que apresenta m elhor durabilidade ao trabalhar em altas temperaturas normalmente


apresentará
defeito (ruptura) com menor ductilidade;
Considerações são feitas para os aços resistentes ao calor

SELEÇÃO DE UM AÇO REFRATÁRIO DE ACORDO


COM O EMPREGO DESEJADO
PRÓXIMOS
PASSOS

Fazer a AOL Contribuir com o Desafio AV2


Colaborativo
OBRIGADO

E-mail:
iury.silva@sereducacional.com
Prof. Dr. Iury Sousa e Silva Professor Executor EAD
Instagram:
@prof.iurysousa
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