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OS SIMBOLISMOS DO ALFA E DO ÔMEGA E DO CORAÇÃO

Daniel Carlos Ferreira Silva. 19 jun. 2019.

O simbolismo do A (Alfa) e do Ω (Ômega) remonta à época dos apóstolos e está presente


na Sagrada Escritura. No livro do Apocalipse 1: 8 escreve São João: “Eu sou o Alfa e o Ômega,
diz o Senhor Deus, ‘Aquele-que-é, Aquele-que-era e Aquele-que-vem’, o Todo-poderoso”. Mais
tarde, no mesmo livro, Jesus atribui essa frase a si mesmo: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o
Princípio e o Fim” (Ap. 21: 6); e reafirma o mesmo no capítulo seguinte (22: 12).

A palavra Princípio (Bereshyt) aparece pela primeira vez na Bíblia no livro do Gênesis,
logo no versículo um: "No princípio, Deus criou o céu e a terra”; e aparece novamente no
primeiro capítulo do Evangelho segundo São João (1-3): “No princípio era o Verbo1, e o Verbo
estava com Deus, e o Verbo era Deus. No princípio, ele estava com Deus. Tudo foi feito por
meio dele e sem ele nada foi feito”.

Segundo Santo Agostinho, este princípio no qual Deus criou o céu e a terra é o próprio
Verbo, o Filho de Deus. Nas palavras do autor (p. 224): “E assim, eu já sabia que pelo nome
de Deus se entende o Pai, que criou; e pelo nome de Princípio, o Filho, no qual Deus criou”.
Portanto, quando Deus diz “Eu sou o Alfa” ele afirma que é o Criador e Fundamento de todas
as coisas.

O simbolismo do Ômega, por sua vez, encontra-se em estreita relação com o simbolismo
do Alfa (Princípio) e do Centro: se todas as coisas partem do Princípio, a ele devem retornar,
uma vez que é ele seu fundamento, da mesma forma que todos os raios de uma convergem no
Centro que une em si todos os pontos da circunferência. Esta interpretação encontra respaldo
na famosa frase de Agostinho (p. 21): “fizeste-nos para ti, e inquieto anda nosso coração
enquanto não repousa em ti”.

Portanto, o simbolismo do Alfa e do Ômega representa a relação de Deus para com sua
Criação: Fundamento e Sentido desta; o Eterno, porque, como afirma Agostinho (p. 24), seus
anos não têm princípio nem fim, e por isso são o dia de do hoje, pois é Ele mesmo o Alfa e o
Ômega, o Princípio e o Fim.

1
Em grego, Logos. Também pode ser traduzido como Razão ou Sentido.
Sobre o simbolismo do Coração, é suficiente verificar que ele possui um duplo
significado: por um lado, Centro do Ser: “Acima de tudo, guarde seu coração, pois dele
depende toda a sua vida” (Prv. 4: 23); por outro, Amor. Portanto, no plano divino, o simbolismo
do Coração representa Deus, pois, como afirma o apóstolo São João: “Deus é amor” (1 Jo. 4:
8); e, no plano humano, o lugar no homem onde se encontra Deus, pois, como afirma Agostinho
(p. 52), Deus habita no mais íntimo do homem.

***

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGOSTINHO, Santo. Patrística: CONFISSÕES. Paulus. Disponível em:


https://www.google.com/url?sa=t&source=web&rct=j&url=https://catolicotridentino.files.wor
dpress.com/2017/11/patrc3adstica-vol-10-confissoes-santo-
agostinho.pdf&ved=2ahUKEwi586SypvbiAhVDGrkGHb4pDooQFjAAegQIAxAB&usg=AO
vVaw0mFJcQqtR9ffm8koMxX53z Acesso em: 19 jun. 2019.

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