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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ


Juliana Richinitti Vilanova

HÁBITOS E SAÚDE VOCAIS, AMBIENTE DE TRABALHO E ROTINA


PROFISSIONAL DE ATORES DE TEATRO

CURITIBA

2010
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HÁBITOS E SAÚDE VOCAIS, AMBIENTE DE TRABALHO E ROTINA


PROFISSIONAL DE ATORES DE TEATRO

CURITIBA

2010
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JULIANA RICHINITTI VILANOVA

HÁBITOS E SAÚDE VOCAIS, AMBIENTE DE TRABALHO E ROTINA


PROFISSIONAL DE ATORES DE TEATRO

Dissertação de Mestrado apresentada ao


Programa de Pós-graduação em Distúrbios da
Comunicação, da Universidade Tuiuti do Paraná,
como requisito parcial para obtenção do título de
mestre em fonoaudiologia.
Orientador: Profº. Dr. Jair Mendes Marques.
Co-orientadora: Profa. Dra. Kelly C. A. Silverio

Curitiba

2010
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DEDICATÓRIA

Dedico esta pesquisa especialmente ao meu avô, Nilson. Se eu cheguei até aqui foi

por ele, e é por ele que eu seguirei em frente (In Memorian). À minha queria avó,

Jessi, e à minha amada mãe, Simara, sem eles nada disso seria possível.
5

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus e à Nossa Senhora Desatadora de Nós, por terem

estado comigo iluminando meus pensamentos e meu caminho em todos os

momentos da minha vida, mas, em especial, durante o desenvolvimento desta

pesquisa.

Ao meu querido e amado avô, Nilson, por ter me dado amor e carinho todos os dias

da minha vida e por ter me apoiado em todos os momentos, tendo grande

responsabilidade por minha chegada até aqui (In Memorian).

À minha avó, Jessi, pelo amor, carinho e preocupação sempre, torcendo e rezando

muito pelo meu sucesso.

À minha mãe, Simara (Mala), que “eu amo do tamanho do mundo inteirinho e muito

mais”, por ter me dado a vida, pelos ensinamentos, pelo esforço, amor, carinho, zelo,

pela garra de ter sido pai e mãe, pela preocupação, orientação, proteção, pelas

brigas e castigos, pelo ombro amigo, pelo colo materno, por seu amor incondicional,

enfim, por tudo, pelo passado, presente e futuro, pelo que tive, tenho e terei, pelo

que fui, sou e serei. E além disso, por ter se mantido firme ao meu lado acreditando,

mesmo quando tudo parecia perdido.

À Pita, minha amiga-irmã, pelo carinho, pelo cuidado, pela atenção, pelo amor, pela

preocupação e por tudo mais que fez por mim, não só durante esse processo, mas a

vida toda.

Às minha primas, Lívia, Betinha, Nicole, Lúcia, e primo, Fábio, e a toda minha família

por torcerem por mim sempre.

À Fátima, uma pessoa muito especial, amiga e parceira de todas as horas, sempre

pronta a ajudar, que esteve comigo todas as horas e em todos os lugares que
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precisei. Obrigada pelo carinho, pela atenção, preocupação, pelo cuidado e pela

amizade sincera.

À minha comadre-irmã, Angélica, ao meu compadre, Eduardo, e ao meu afilhado,

Hígor, pela preocupação e ajuda, tendo estado sempre à disposição quando mais

precisei durante este processo.

Ao Doutor Jair Marques Mendes, orientador deste estudo, que esteve sempre

disponível a me auxiliar durante este processo. À Fonoaudióloga Doutora Kelly C. A.

Silvério, minha co-orientadora, sem a qual não conseguiria chegar ao final deste

estudo. Obrigada pelo esforço, por acreditar e “pegar” junto.

Agradeço também ao Zé Adão Barbosa, professor do TEPA (Teatro Escola de Porto

Alegre), por te aberto as portas de sua escola e colocando os seus alunos à

disposição para participarem deste estudo.

Aos atores e alunos de teatro que se propuseram a participar deste estudo, não só

pela ajuda que deram a mim, mas por sua contribuição à fonoaudiologia.

À Regina e à Dona Ivani, anjos que Deus colocou em meu caminho, as quais me

forneceram pouso na cidade de Curitiba, quando precisei.

E a todas as pessoas que não foram nomeadas, mas que de alguma forma, direta

ou indiretamente, fizeram parte deste processo e torceram por mim.

A todos o meu mais sincero e profundo MUITO OBRIGADA!


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EPÍGRAFE

“Ao assistir o ator falando seu texto um dos ângulos que


pode observar é o de perceber um corpo de ator a procura
de um personagem ainda indefinido, a tentativa de trilhar
corpo, voz, emoção em um só sentido. Tudo é leitura, tudo
é atuação, é manifestação do personagem e com certeza
também é voz”.
(Gayotto, 2002)
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 14
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................. 17
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS................................................................... 25
3.1 CASUÍSTICA ...................................................................................... 25
3.2 PROCEDIMENTO ............................................................................................................25
3.3 ANÁLISE DE DADOS ........................................................................... 64
4 RESULTADOS ........................................................................................................... 29
5 DISCUSSÃO .............................................................................................................. 44
6 CONCLUSÃO ............................................................................................................ 53
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 54
APÊNDICE 1 .............................................................................................. 59
APÊNDICE 2 .............................................................................................. 62
APÊNDICE 3 .............................................................................................. 65
ANEXO 1 .................................................................................................... 68
9

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – DISTRIBUIÇÃO DOS SUJEITOS DO GE QUANTO AO TEMPO COMO


ATOR DE TEATRO ....................................................................................................... 29

TABELA 2 – DISTRIBUIÇÃO DOS SUJEITOS DO GE E GC QUANTO A REALIZAÇÃO


DE OUTRA ATIVIDADE COM USO DA VOZ................................................................ 29

TABELA 3 – DISTRIBUIÇÃO DOS SUJEITOS DO GE E GC QUANTO AO TIPO DE


ATIVIDADE REALIZADA COM O USO DA VOZ .......................................................... 30

TABELA 4 - ENVOLVIMENTO ATUAL DOS SUJEITOS DO GE E GC EM ALGUM


ESPETÁCULO TEATRAL ............................................................................................. 30

TABELA 5 - MÉDIA E DESVIO PADRÃO DO TEMPO DE DURAÇÃO DOS


ESPETÁCULOS DOS SUJEITOS DO GE .................................................................... 30

TABELA 6 - QUANTIDADE DE APRESENTAÇÕES SEMANAIS DOS ESPETÁCULOS


DOS SUJEITOS DO GE E GC ...................................................................................... 31

TABELA 7 – DURAÇÃO DOS ENSAIOS DOS SUJEITOS DO GE E GC EM HORAS . 31

TABELA 8 – OCORRÊNCIA DAS CARACTERÍSTICAS DO LOCAL EM QUE


OCORREM OS ENSAIOS DOS SUJEITOS DO GE E GC ........................................... 32

TABELA 9 – DISTRIBUIÇÃO DOS SUJEITOS DO GE E GC COM RELAÇÃO AO USO


DE MICROFONE DURANTE O ENSAIO E A APRESENTAÇÃO ................................. 32

TABELA 10 – COMPARAÇÃO DOS PROBLEMAS DE VOZ NOS SUJEITOS DO GE E


GC ................................................................................................................................. 33

TABELA 11 - DISTRIBUIÇÃO DOS SUJEITOS DO GE E GC QUANTO AO TIPO DE


PROBLEMA DE VOZ .................................................................................................... 33

TABELA 12 - DISTRIBUIÇÃO DOS SUJEITOS DO GE E GC QUANTO À


DIFICULDADE VOCAL NO DIA A DIA .......................................................................... 34

TABELA 13 - DISTRIBUIÇÃO DOS SUJEITOS DO GE E GC QUANTO AO TIPO DE


DIFICULDADE VOCAL NO DIA A DIA .......................................................................... 34

TABELA 14 – RELAÇÃO ENTRE AS DIFICULDADES VOCAIS EM CENA DOS


SUJEITOS DO GE E DURANTE AS AULAS DE TEATRO DOS SUJEITOS DO GC ... 35
10

TABELA 15 – COMPARAÇÃO DA OCORRÊNCIA DOS TIPOS DE DIFICULDADES


VOCAIS EM CENA DOS SUJEITOS DO GE E DURANTE AS AULAS DE TEATRO
DOS SUJEITOS DO GC ............................................................................................... 35

TABELA 16 – COMPARAÇÃO ENTRE AS DIFICULDADES DE VARIAÇÃO DO


VOLUME VOCAL EM CENA DOS SUJEITOS DO GE E DURANTE AS AULAS DE
TEATRO DOS SUJEITOS DO GC ................................................................................ 35

TABELA 17 – DISTRIBUIÇÃO DOS TIPOS DE DIFICULDADES DE VARIAÇÃO DE


VOLUME VOCAL EM CENA DOS SUJEITOS DO GE E DURANTE AS AULAS DE
TEATRO DOS SUJEITOS DO GC ................................................................................ 36

TABELA 18 - COMPARAÇÃO ENTRE AS DIFICULDADES DE VARIAÇÃO DE


FREQUÊNCIA VOCAL EM CENA DOS SUJEITOS DO GE E DURANTE AS AULAS
DE TEATRO DOS SUJEITOS DO GC ......................................................................... 36

TABELA 19 - DISTRIBUIÇÃO DOS TIPOS DE DIFICULDADES DE VARIAÇÃO DA


FREQUÊNCIA VOCAL EM CENA DOS SUJEITOS DO GE E DURANTE AS AULAS
DE TEATRO DOS SUJEITOS DO GC .......................................................................... 37

TABELA 20 - DISTRIBUIÇÃO EM RELAÇÃO A MUDANÇA NA VOZ ANTES OU


DEPOIS DO ENSAIO OU DO ESPETÁCULO DOS SUJEITOS DO GE E DAS AULAS
DE TEATRO DOS SUJEITOS DO GC .......................................................................... 37

TABELA 21 - DISTRIBUIÇÃO EM RELAÇÃO À MELHORA OU PIORA NA VOZ


ANTES OU DEPOIS DO ENSAIO OU DO ESPETÁCULO DOS SUJEITOS DO GE E
DAS AULAS DE TEATRO DOS SUJEITOS DO GC ..................................................... 37

TABELA 22 - DISTRIBUIÇÃO EM RELAÇÃO AO TIPO DE MUDANÇA NA VOZ


ANTES OU DEPOIS DO ENSAIO OU DO ESPETÁCULO DOS SUJEITOS DO GE E
DAS AULAS DE TEATRO DOS SUJEITOS DO GC ..................................................... 38

TABELA 23 – OCORRÊNCIA DOS HÁBITOS VOCAIS E DE SAÚDE DOS SUJEITOS


DO GE E GC ................................................................................................................. 39

TABELA 24 – DISTRIBUIÇÃO DOS SUJEITOS DO GE E GC EM RELAÇÃO AO USO


DE DROGAS ................................................................................................................. 40

TABELA 25 – OCORRÊNCIA DO TIPO DE DROGA UTILIZADA PELOS SUJEITOS


DO GE E GC ................................................................................................................. 40
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TABELA 26 – DISTRIBUIÇÃO DOS SUJEITOS DO GE E GC EM RELAÇÃO AO USO


DE EXERCÍCIOS DE AQUECIMENTO VOCAL............................................................ 41

TABELA 27 - DISTRIBUIÇÃO DOS TIPOS DE EXERCÍCIOS UTILIZADOS PELOS


SUJEITOS DO GE E GC PARA AQUECIMENTO VOCAL ........................................... 41

TABELA 28 - DISTRIBUIÇÃO QUANTO À REALIZAÇÃO DE EXERCÍCIOS DE


DESAQUECIMENTO VOCAL UTILIZADOS PELOS SUJEITOS DO GE E GC............ 42

TABELA 29 - TIPO DE EXERCÍCIOS UTILIZADOS PELOS SUJEITOS DO GE PARA


DESAQUECER A VOZ ................................................................................................. 42

TABELA 30 – COMPARAÇÃO DAS MÉDIAS DO QVV ENTRE OS SUJEITOS DO GE


E GC ............................................................................................................................. 43
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RESUMO

O objetivo deste estudo é verificar hábitos vocais e de saúde, aspectos relacionados


à voz profissional – presença ou não de queixa vocal, sintomas laríngeos e vocais,
cuidados com a voz, rotina profissional, ambiente de trabalho e índice de qualidade
de vida relacionada à voz de atores profissionais de teatro. Participaram 60 sujeitos
de ambos os sexos, subdivididos em 2 grupos: Grupo Experimental (GE) - atores
profissionais de teatro e Grupo Controle (GC) - alunos de teatro sem experiência
teatral. Ambos grupos responderam um questionário e o protocolo Qualidade de
Vida e Voz (QVV). Após análise estatística dos dados, observou-se que a maioria
dos sujeitos do GE (93,3%) estavam envolvidos em algum espetáculo teatral; a
proporção de dificuldades vocais durante as aulas de teatro no GC foi maior que
durante o espetáculo no GE (p = 0,0210); a maioria dos sujeitos (80% do GE e
66,7% do GC) não sente dificuldades vocais no dia a dia; todos os sujeitos de
ambos grupos apresentam algum hábito de saúde vocal inadequado; a maior parte
do (96,6% do GE e 70,0% do GC) realiza algum tipo de exercício para aquecer a
voz; as dificuldades vocais não interferem na qualidade de vida do GE e GC. Com
base nos resultados obtidos, observa-se a importância de outros estudos referentes
à voz do ator de teatro a fim de minimizar o grau de risco de alterações vocais nesse
grupo de profissionais da voz.

Palavras-chave: voz; teatro; disfonia; qualidade de vida.


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ABSTRACT

The goal of this study is to show vocal habits and vocal health caring issues related
to the professional people who work with their voice, including the presence or
absence of vocal complaints, laryngeal symptoms, voice care, routine of work
environment and an index of quality of life related to voice of professional actors from
the theater. Sixty subjects of both sexes participated and were divided into two
groups: Experimental group (EG) - professional actors for theater and Control Group
(CG) - students of theater without theater experience. Both groups answered a
questionnaire and the V-RQOL (Voice-Related Quality of Life – protocol). After
statistical analysis, we found that most subjects in the EG (93.3%) were involved in a
theatrical show and the proportion of vocal difficulties during school of theater in CG
was higher than during the show in the EG ( p = 0.0210), while most subjects (80%
of EG and 66.7% of CG) did not feel any vocal difficulties in everyday life. All subjects
of both groups have a habit of inappropriate vocal health; most of (96.6% of EG and
70.0% CG) performs some type of exercise to warm up. However, the vocal
difficulties do not affect the quality of life of the EG and CG. Based on these results,
we observe the importance of other studies about the actor's voice from theaters in
order to reduce the risk of voice disorders in this group of professional voice users.

Keywords: voice, theater, dysphonia, quality of life.


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1 INTRODUÇÃO

O teatro e, por consequência, o uso da voz cênica fazem parte da nossa cultura

desde a antiguidade em que os espetáculos eram encenados ao ar livre

(VASCONCELLOS, 1987).

O uso da voz de maneira profissional existe desde a Grécia antiga. Iniciou com

oradores famosos e, a partir daí, surgiu a preocupação com o cuidado do uso da voz

não só referente à projeção, mas também com boa modulação, timbre e outros

aspectos que compõem seu som. Assim, o ator grego dedicava-se intensamente ao

trabalho vocal dando início ao surgimento das primeiras técnicas vocais para o ator

de teatro (QUINTEIRO,1995; BEHLAU et al., 2005; MÁSTER, 2005; LIMA, 2005;

SILVA, 2008; UEDA, SANTOS E OLIVEIRA, 2008).

Para o ator de teatro, espera-se uma voz flexível, com boa projeção, boa

articulação, qualidade vocal adequada a cada personagem, sem marcas de

alteração, com foco de ressonância alto e com plasticidade suficiente para se

adequar aos diversos personagens. Da mesma forma, a psicodinâmica vocal tem

que manter o equilíbrio corpo-voz e voz-personagem (BEHLAU et al. 2001;

GUBERFAIN, 2005).

O conhecimento de técnicas de aquecimento e desaquecimento para o cuidado

com uso da voz, a fim de buscar uma emissão equilibrada com o menor esforço

possível, evitando abusos e o mau uso vocal, são fundamentais para profissionais

que a utilizam como instrumento de trabalho, a fim de manter sua saúde vocal

(SOUZA e FERREIRA, 2000; SCARPEL e PINHO, 2001; BEHLAU, DRAGONE e

NAGANO, 2004; ZAMBON e BEHLAU, 2006; NAVAS, 2007).


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Para os atores de teatro, o grau de risco de desenvolver um problema vocal é

elevado, principalmente aos que não fazem uso de algum meio de amplificação

sonora. Portanto, qualquer alteração vocal, mesmo que discreta, pode causar sérias

consequências para sua atividade profissional (KOUFMAN e ISACSON,1991;

BEHLAU et al 2001).

Existe um período de preparação dos espetáculos em que os atores são

expostos a rotinas muitas vezes exaustivas de ensaios que se mantêm intensas até

a estréia do espetáculo, tendo que manter sua qualidade vocal até o final da

temporada de apresentações (STANISLAVSKI,1999; GUBERFAIN 2005; BEHLAU et

al., 2005).

Além do uso vocal excessivo dos atores de teatro, o ambiente teatral a que o

ator está exposto, tanto nos ensaios como também nas apresentações, normalmente

são úmidos, secos, empoeirados, com uma acústica ruim e, por vezes, os atores

competem com outros profissionais que estejam trabalhando ao mesmo tempo na

preparação do espetáculo. Os atores devem ser capazes de superar essas

dificuldades e manter uma boa qualidade vocal (BEHLAU et al., 2005; LIMA, 2005;

SILVA, 2008).

Cada vez mais profissionais da voz têm apresentado sinais e sintomas clínicos de

alterações vocais. Assim, vê-se a importância de abordagens referentes aos cuidados

com o uso da voz para profissionais que a usam como instrumento de trabalho (ORTIZ

et al., 2004; SILVÉRIO et al., 2008; SPINA et al., 2009; MOTA et al., 2010).

Alguns hábitos vocais podem causar prejuízos à qualidade vocal. Dentre eles, os

mais prejudiciais são: tabagismo, álcool e hábitos como tossir e pigarrear, pois

aumentam o atrito das pregas vocais. (RODRIGUES, AZEVEDO e BEHLAU, 1996;

PINHO, 1998; BEHLAU e PONTES, 2001).


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Vários relatos de experiências foram feitos em capítulos de livros de

Fonoaudiologia relacionando voz e teatro (VASCONCELLOS, 1987; QUINTEIRO,

1995; GAYOTTO et al., 1997; KYRILLOS, NASCIMENTO e BORTOLAI, 1998;

BEHLAU et al., 2001; MÄRTZ, 2002; GAYOTTO, 2004; BEHLAU et al., 2005;

GUBERFAIN, 2005; GUBERFAIN e BEHLAU, 2006; NAVAS, 2007). Pesquisas na

área da Fonoaudiologia com esse grupo de profissionais, que utiliza a voz como

instrumento de trabalho, são de grande importância (GAYOTTO e CLEMENTE,

2004) e, embora exista a preocupação com a saúde vocal e qualidade vocal do ator

de teatro, pesquisas relacionadas à saúde vocal e voz desse profissional são

escassas (MÁSTER, 2005; GUBERFAIN e BEHLAU, 2006; UEDA, SANTOS E

OLIVEIRA, 2008).

Considerando a pequena quantidade de pesquisas realizadas com atores de

teatro e sabendo-se as condições dos locais cênicos, hábitos vocais e de saúde

inadequados e a grande demanda vocal a que estão expostos, nota-se uma

necessidade cada vez maior de realizar estudos voltados aos cuidados de saúde e

preparo vocal, direcionados a esse grupo de profissionais da voz.

Frente ao exposto, o objetivo do presente estudo é verificar hábitos vocais e de

saúde, aspectos relacionados à voz profissional – presença ou não de queixa vocal,

sintomas laríngeos e vocais, cuidados com a voz, rotina profissional, ambiente de

trabalho e índice de qualidade de vida relacionada à voz de atores profissionais de

teatro.
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Conforme Vasconcellos (1987), desde a antiguidade o teatro faz parte da nossa

cultura, trazendo consigo o uso da voz como principal elemento da representação

dos espetáculos.

Koufman e Isacson (1991) criaram uma classificação, definida em quatro níveis,

dos riscos de alterações vocais para profissionais da voz. Para os autores, os atores

profissionais de teatro encontram-se no primeiro nível, sendo o grupo de

profissionais com maior risco de consequências vocais ocupacionais.

Quinteiro (1995) argumenta que o ator de teatro faz parte dos profissionais que

dependem diretamente do uso da voz e da fala, pois a utilizam como instrumento de

trabalho.

De acordo com Gayotto et al. (1997), a voz do personagem deve ser bem

projetada em cena, preenchendo todo espaço cênico para que o ator mantenha-se

ligado ao público e, da mesma forma, o público mantenha-se ligado a ele até o final

do espetáculo.

Conforme Kyrillos, Nascimento e Bortolai (1998), dentre os sujeitos que fazem

uso da voz profissionalmente, os atores de teatro têm grande importância, pois

devem adaptar sua voz à representação de cada personagem.

Stanislavski (1999) ressalta que com o excessivo uso da voz e a tensão

emocional de cada espetáculo, a musculatura do ator pode sofrer uma sobrecarga

durante a atuação e pode acarretar prejuízos vocais como rouquidão ou perda da

voz, além de afetar outros órgãos ligados à respiração, como o diafragma, por

exemplo, dificultando a coordenação pneumofônica em cena.


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Behlau et al. (2001) afirmam que os profissionais da voz normalmente tentam

adequar sua voz à sua profissão, porém nem sempre essa voz escolhida pelo

falante é agradável ao ouvinte. No caso do ator de teatro, os traços preferidos são

voltados a uma voz flexível, com boa projeção, boa articulação, qualidade vocal

adequada a cada personagem, sem marcas de alteração, com foco ressonantal alto

e com plasticidade suficiente para se adequar aos diversos personagens.

Segundo Gayotto (2004), o ator que se preocupa com a criação de uma voz

para seu personagem não modifica simplesmente sua fala; ele busca estímulos que

modifiquem todo seu estado vocal para que consiga passar ao público todas as

intenções do personagem, suas sensações e imagens durante o espetáculo. Assim,

a voz torna-se a ação, e o público absorve e a transforma em imagens próprias de

sua compreensão do espetáculo.

Para Gayotto e Clemente (2004), é através da projeção vocal e da articulação

das palavras durante a interpretação de um personagem que o ator é compreendido

pelo público durante o espetáculo.

Conforme Lima (2005), os atores de teatro necessitam de ajustes vocais que

caracterizem seus personagens. Além disso, devem adaptar essa voz cênica a cada

tipo diferente de palco, projetando-a para preencher todo espaço cênico e chegar de

forma clara, agradável e audível ao espectador. Segundo o autor, o grande desafio

enfrentado pelos atores é manter uma boa qualidade vocal mesmo com a

quantidade de ensaios e de espetáculos. Sem contar que enfrentam ambientes

teatrais não adequados aos cuidados necessários para manutenção de uma voz

saudável e, muitas vezes, sem amplificação acústica. Essas são apenas algumas

das inúmeras “barreiras” que podem surgir durante um ensaio ou mesmo


19

apresentação. Contudo, segundo o autor, os atores devem ser capazes de manter

suas vozes saudáveis.

Segundo Guberfain (2005), os atores de teatro devem sempre estar com corpo

e voz preparados, pois cada espetáculo e cada personagem têm suas

características próprias. Por vezes, é preciso se movimentar muito em cena, gritar,

gargalhar, chorar, correr, falar, dentre outras tantas coisas que a peça possa exigir.

Por isso, é importante que o ator seja orientado a aquecer e desaquecer a voz,

conforme suas necessidades e dificuldades vocais em cena.

Conforme Souza e Ferreira (2000), o conhecimento de técnicas vocais é

fundamental para a manutenção da qualidade vocal de profissionais que a utilizam

como instrumento de trabalho.

Para Navas (2007), as técnicas de aquecimento, relaxamento e cuidados com a

higiene vocal são de fundamental importância para o uso da voz profissional. No

caso de atores de teatro, técnicas de apoio vocal auxiliam nas cenas que exigem um

abuso vocal maior.

De acordo com Behlau et al. (2005), os atores de teatro não pertencem a uma

classe de trabalhadores bem remunerada, por isso normalmente não desfrutam de

seguro saúde, favorecendo assim a automedicação e o uso de receitas caseiras,

sem orientação médica, na tentativa de sanar problemas alérgicos, gástricos,

infecciosos ou vocais. O ambiente teatral quase sempre é um local úmido,

empoeirado, pouco ventilado e com acústica ruim.

Segundo Grillo e Penteado (2005), os profissionais que utilizam a voz como

instrumento de trabalho estão expostos a intensas e longas jornadas e precárias

condições de trabalho durante longos anos. Dessa forma, as alterações vocais


20

ocupacionais podem comprometer tanto a saúde vocal como interferir na atividade

profissional do sujeito, influenciando na qualidade de vida do profissional da voz.

Guberfain e Behlau (2006) realizaram uma pesquisa com 28 alunos de teatro

do curso de Bacharelado em Artes Cênicas da Escola de Teatro do Centro de Letras

e Artes da Universidade do Rio de Janeiro. Aplicaram um questionário com 13

perguntas abertas, com o objetivo de verificar se esses sujeitos consideravam-se

com bom desempenho vocal nas atividades teatrais ao final do curso. Os resultados

foram: 39,3% dos alunos não apresentavam qualquer problema vocal; 53,6%

apresentavam algum tipo de restrição vocal; 10,7% achavam que a emissão vocal

poderia melhorar; 78,6% dos alunos consideravam a preparação vocal satisfatória

apesar das restrições; 17,8% relatavam problemas orgânicos como desvio de septo

nasal, adenóide e outros; 3,6% relatavam problemas funcionais como tensão na voz;

57,1% referiram não possuir nenhum hábito nocivo; 35,7% às vezes bebiam gelado

e fumavam cigarro; 78,6% viam a importância da preparação vocal, pois achavam a

voz um importante instrumento de trabalho. Os autores observaram que os alunos

tinham plena consciência sobre saúde vocal, e esse conhecimento advinha do

aproveitamento dos alunos nas disciplinas de técnica e expressão vocal abordadas

no curso. Concluíram que é importante a participação do preparador vocal durante a

montagem teatral, pois, além de trabalhar na manutenção da saúde vocal, auxilia na

articulação, projeção e nos ajustes vocais necessários a cada personagem.

Segundo Navas (2007), o ator profissional deve ser capaz de dominar sua voz

e expressão vocal tanto quanto suas expressões corporais e faciais para que

consiga uma melhor projeção e articulação do texto. Daí a importância do

conhecimento e utilização de técnicas de projeção vocal e articulação das palavras,

para que saiam de forma clara e precisa. Dessa forma, o profissional que trabalha
21

com atores de teatro não deve estar só preparado para atuar na reeducação da fala,

auxiliando em fatores como projeção, articulação e respiração, mas também

conhecer a linguagem teatral e o espaço cênico em que o ator está inserido

adaptando essas condições a fim de manter a saúde e qualidade vocal do ator de

teatro.

Máster (2005) realizou estudo com 11 atores e 10 não atores do sexo

masculino, com idades entre 20 e 60 anos, sem queixas vocais. O objetivo da

pesquisa foi conhecer as diferenças entre vozes de atores e não atores, avaliando

loudness habitual, moderada e forte, através da análise acústica e perceptiva. Os

resultados da análise perceptivo-auditiva mostraram que os valores do “formante do

ator” foram maiores para os atores. A mesma análise mostrou que o grau de

projeção e de loudness foi maior para do que para não atores nas três loudness

estudadas. A autora concluiu que as vozes de atores e não atores se diferenciaram

significativamente tanto na análise acústica quanto na perceptivo-auditiva.

Ueda, Santos e Oliveira (2008) realizaram uma pesquisa com 100 profissionais

da voz de ambos os sexos, com idades entre 16 e 55 anos. Aplicaram um

questionário com objetivo de analisar as informações adquiridas por profissionais da

voz em ação preventiva e verificar seu impacto na saúde vocal. Os sujeitos foram

professores de ensino infantil, fundamental, médio, universitário e de academias,

locutores de rádio, cantores de coral, líricos e populares, atores de teatro e

operadores de tele-serviços. Dentre os sujeitos da amostra, 22 (22%) eram atores

de teatro. Dentre o grupo de atores, observaram que 19 (31,1%) consideraram suas

vozes saudáveis. A maior parte dos atores de teatro, 13 (59,1%), referiu ter recebido

orientações quanto a cuidados de saúde vocal. Na comparação intra-grupos,

observaram diferença significativa entre os atores que relataram os exercícios de


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respiração quando comparados aos exercícios de aquecimento e evitar gelado, e os

que relataram exercícios de projeção quando comparados ao item evitar gelado. Os

autores concluíram que há relevante falta de conhecimento por parte da amostra

estudada em relação aos cuidados com a saúde vocal.

Para Ortiz et al. (2004), embora exista uma preocupação quanto aos prejuízos

vocais que podem ocorrer no profissional da voz, as alterações vocais por motivos

ocupacionais têm sido cada vez mais frequentes.

Segundo Silvério et al. (2008), cada vez mais profissionais da voz têm

apresentado sinais e sintomas clínicos de alterações vocais. Assim, vê-se a

importância de abordagens referentes aos cuidados com o uso da voz para

profissionais que a usam como instrumento de trabalho.

Mota et al. (2010) referiram que as alterações vocais são comuns em

profissionais da voz, muitas vezes em virtude de hábitos vocais inadequados,

podendo lhes causar dificuldades de manter sua rotina profissional.

Para Behlau e Pontes (2001), o fumo, as bebidas alcoólicas, a poluição do

meio ambiente, as drogas ilícitas, as alergias, o uso de ar condicionado, a

alimentação inadequada e o uso de medicamentos são os principais fatores de

risco dentre os hábitos vocais nocivos à saúde da voz.

Conforme Santana et al. (2009), a manutenção dos cuidados quanto à saúde

do profissional da voz é de extrema importância. Para tanto, práticas de orientação

podem ser incorporadas a fim de minimizarem os riscos vocais dos profissionais

que utilizam a voz como instrumento de trabalho.

Segundo Fleck (2000), o THE WHOQOL GROUP, criado em 1995 pela

Organização Mundial da Saúde (OMS), caracteriza qualidade de vida como a

“percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e sistema de


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valores em que vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e

preocupações”. Para o autor, qualidade de vida está relacionada à auto-estima e ao

bem-estar do sujeito, incluindo aspectos da capacidade funcional, nível sócio-

econômico, estado emocional, nível cultural, interação com a sociedade, suporte

familiar, estados de saúde, fatores éticos e religiosos. No entanto, é um conceito

subjetivo, pois depende das experiências de vida e interação com o meio de cada

sujeito.

Hogikyan e Sethuraman (1999) observaram a necessidade de haver um

instrumento para mensurar e caracterizar a influência das dificuldades vocais na

qualidade de vida dos sujeitos. Para tanto, elaboraram e validaram um instrumento a

que chamaram de Voice-Related Quality of Life (V-RQOL).

Spina et al. (2009) confirmaram a necessidade de protocolos objetivos que

avaliem a qualidade vocal e mensurem a suas consequências na qualidade de vida

dos sujeitos, pois as disfonias podem comprometer a qualidade da comunicação e,

com isso, suas relações interpessoais.

Gasparini e Behlau (2009) adaptaram e validaram o protocolo Voice-Related

Quality of Life (V-RQOL) para o português, denominando-o Protocolo de Qualidade

de Vida e Voz (QVV). O QVV é um instrumento que possibilita ao sujeito uma

observação global sobre suas questões vocais, correlacionando-as com o grau de

influência que elas acarretam no seu dia a dia. Esse protocolo é composto por dez

perguntas divididas em três domínios ou escores: domínio sócio-emocional, domínio

do funcionamento físico e o escore total. Cada pergunta é composta de cinco

alternativas referentes à influência que o problema vocal causa na rotina diária do

sujeito, sendo o número um o menor problema possível, e o número cinco, um

problema muito grande.


24

Conforme Penteado e Pereira (2007), a qualidade de vida vem sendo apontada

como uma categoria importante para a saúde geral do sujeito, a partir daí, políticas

integradoras e interdisciplinares vem sendo desenvolvidas nessa área com

profissionais da voz.

Segundo Ferreira et al. (2008), para realizar uma coleta de dados mais

consistente sobre a qualidade de vida relacionada à voz do sujeito, devem-se

abordar questões endógenas, inerentes ao próprio sujeito, e exógenas, que se

referem a fatores externos como as condições do meio ambiente em que o sujeito

está inserido, hábitos vocais e de saúde.


25

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 CASUÍSTICA

Participaram deste estudo 60 sujeitos de ambos os sexos, com idades entre

15 e 53 anos, subdivididos em dois grupos: Grupo Experimental (GE) e Grupo

Controle (GC). O GE foi constituído de 30 sujeitos de 17 a 53 anos de idade (média

= 35 anos; dp = 9,0 anos), sendo 20 (66,7%) do sexo feminino e 10 (33,3%) do sexo

masculino, atores profissionais de teatro da cidade de Porto Alegre. O GC foi

constituído de 30 sujeitos de 15 a 38 anos (média 24,4 anos e dp = 5,2 anos), sendo

19 (63,3%) sujeitos do sexo feminino e 11 (36,7%) do sexo masculino, estudantes de

Teatro em início do Curso, sem qualquer experiência como ator.

Foram incluídos no GE sujeitos registrados no Sindicato dos Artistas e

Técnicos em Espetáculos de Diversão do Estado do Rio Grande do Sul (SATED),

bem como aqueles que possuíam graduação em artes cênicas, condições para

atuarem profissionalmente. Foram excluídos os sujeitos que não eram atores

profissionais de teatro.

Para o GC, foram incluídos alunos de cursos de teatro que nunca tiveram

experiência de palco, sendo excluídos os alunos que tiveram qualquer tipo de

experiência como ator de teatro anteriormente.

3.2 PROCEDIMENTOS

Os sujeitos do GE foram inicialmente contatados por telefone pela

pesquisadora, a qual agendou uma entrevista inicial com cada ator que se propôs

participar da pesquisa. Nesse encontro, foi explicado o estudo e entregue o Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido (CEP/UTP 00045/2008). Os sujeitos do GC


26

foram contatados por e-mail e diretamente em seus locais de curso de teatro antes

do início das aulas.

Após lerem e assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(Apêndice 1), todos os sujeitos responderam a um questionário que investigou:

1. aspectos relacionados à rotina profissional - tempo como ator de teatro,

outra atividade exercida com o uso da voz e tipo de atividade, envolvimento atual em

algum espetáculo, tempo de duração do espetáculo e dias por semana dos

espetáculos, tempo de duração dos ensaios, características do local de ensaio, uso

de microfone durante os ensaios e durante a apresentação;

2. aspectos relacionados à voz profissional - presença ou não de queixa

vocal, sintomas laríngeos e vocais - problema de voz e o tipo de problema,

dificuldade vocal no dia a dia e o tipo de dificuldade, dificuldade vocal em cena e o

tipo de dificuldade, dificuldade de variação do volume de voz em cena e o tipo de

dificuldade, dificuldade na variação de frequência de voz em cena e o tipo de

dificuldade, mudanças vocais ocorridas antes ou depois do ensaio, mudanças vocais

antes ou após o espetáculo. Para os sujeitos do GC, todos os aspectos referentes

ao uso da voz em cena foram relacionados ao uso da voz durante as aulas de

teatro;

3. hábitos vocais e de saúde: falar sussurrando, falar sem respirar, falar

enquanto inspira o ar, falar alto, gritar, falar com esforço, imitar vários sons, usar voz

em posturas corporais inadequadas, usar a voz profissionalmente quando está

gripado, tossir frequentemente, pigarrear, permanecer em ambientes com poluição

ou fumaça, uso de ar condicionado, uso de aquecedor, permanecer em local com

poeira, mofo ou pouca ventilação, ingerir achocolatado ou comer chocolate antes

dos ensaios/espetáculos, ingerir bebidas geladas, ficar muito tempo sem ingerir
27

água, tomar café, chá ou chimarrão frequentemente, comer alimentos gordurosos ou

condimentados antes do uso profissional da voz; uso de algum tipo de droga;

4. cuidados com a voz – uso de exercício vocal para preparar a voz para

atuar, desaquecimento vocal (Apêndice 2 – questionário do GE e Apêndice 3 –

questionário do GC).

Após responderem ao questionário, todos os sujeitos responderam ao

Protocolo de Qualidade de Vida relacionada à Voz – QVV (Gasparini e Behlau,

2009) (Anexo 1). Esse protocolo consiste de dez afirmativas relacionando o quanto

as dificuldades vocais influenciam na qualidade de vida do sujeito. Essas afirmativas

são divididas em três domínios ou escores: domínio sócio-emocional, composto por

quatro afirmativas; domínio funcionamento físico, composto por seis afirmativas; e o

escore total que caracteriza a soma das dez afirmativas que compõem o protocolo.

Cada uma das afirmativas é composta de cinco alternativas de respostas: 1 – não é

um problema; 2 – é um problema pequeno; 3 – é um problema moderado/médio; 4 –

é um grande problema; 5 – é um problema muito grande. O cálculo do escore total

engloba as afirmativas de 1 a 10; do escore sócio emocional, as afirmativas 4, 5, 8 e

10, e do escore funcionamento físico, as afirmativas 1, 2, 3, 6, 7, 9. As fórmulas dos

cálculos de cada um dos escores encontram-se no anexo 1.

3.3 ANÁLISE DE DADOS

Os dados obtidos foram tabulados e analisados estatisticamente. Para análise

dos dados referentes ao GE, foi realizada estatística descritiva.

Para comparação dos dados entre GE e GC, foram utilizados os seguintes

testes: Teste Qui-quadrado; Teste de Fisher; Teste de Diferença de Proporções e


28

Teste t de Student. Nas aplicações dos testes, foi utilizado o nível de significância de

0,05 (5%).
29

4 RESULTADOS

As tabelas de 1 a 9 referem-se aos aspectos relacionados à rotina profissional;

de 10 a 20 são referentes aos aspectos relacionados à voz profissional; de 21 a 23

estão relacionadas a aspectos de hábitos vocais e de saúde; de 24 a 27 se referem

aos cuidados com a voz; e a tabela 28 refere-se aos resultados do QVV dos sujeitos

do GE e GC.

TABELA 1 – DISTRIBUIÇÃO DOS SUJEITOS DO GE QUANTO AO TEMPO


COMO ATOR DE TEATRO

TEMPO SUJEITOS (GE)

N %
De 1 a 3 anos 2 6,7
De 4 a 6 anos 8 26,7
De 7 a 10 anos 11 36,7
11 anos ou mais 9 30,7
Nenhum - -
TOTAL 30 100,0
FONTE: a autora

TABELA 2 – DISTRIBUICÃO DOS SUJEITOS DO GE E GC QUANTO À


REALIZAÇÃO DE OUTRA ATIVIDADE COM USO DA VOZ

ATIVIDADE SUJEITOS (GE) SUJEITOS (GC)


N % N %
Não 11 36,6 14 46,7
Sim 19 63,3 16 53,3
TOTAL 30 100,0 30 100,0
FONTE: a autora
30

TABELA 3 – DISTRIBUIÇÃO DOS SUJEITOS DO GE E GC QUANTO AO TIPO


DE ATIVIDADE REALIZADA COM O USO DA VOZ

QUAL ATIVIDADE SUJEITOS (GE) SUJEITOS (GC)

N % N %
Professor de teatro 7 23,3 - -
Professor de escolas de - - 4 13,3
educação
Comerciais de televisão e 1 3,3 - -
cantar
Ministrar palestras 2 6,6 - -
Locução 6 20,0 1 3,3
Produção 2 6,6 - -
Cantar - - 5 16,6
Cantar e imitar vozes - - 1 3,3
Participação como aluno - - 3 10,0
em oficinas de teatro
Jornalista - - 2 6,6
Operador de telemarketing - - 1 3,3
Nenhum 12 40,0 14 46,6
TOTAL 30 100,0 30 100,0
FONTE: a autora

TABELA 4 – ENVOLVIMENTO ATUAL DOS SUJEITOS DO GE E GC EM


ALGUM ESPETÁCULO TEATRAL

ENVOLVIMENTO SUJEITOS (GE) SUJEITOS (GC)


N % N %
Não 2 6,7 17 56,7
Sim 28 93,3 13 43,3
TOTAL 30 100,0 30 100,0
FONTE: a autora

TABELA 5 – MÉDIA E DESVIO PADRÃO DO TEMPO DE DURAÇÃO DOS


ESPETÁCULOS DOS SUJEITOS DO GE

ESTATÍSTICA RESULTADO (MINUTOS)


Média 67,3
Desvio padrão 33,7
FONTE: a autora
31

TABELA 6 – QUANTIDADE DE APRESENTAÇÕES SEMANAIS DOS


ESPETÁCULOS DOS SUJEITOS DO GE E GC

APRESENTAÇÕES SUJEITOS (GE) SUJEITOS (GC)

N % N %
Entre 1 a 2 dias 11 36,6 - -
Entre 3 a 4 dias 14 46,6 - -
Não é consistente 3 10,0 - -
Em processo de - - 13 43,3
montagem
Nenhum 2 6,6 17 56,6
TOTAL 30 100,0 30 100,0
FONTE: a autora

TABELA 7 – DURAÇÃO DOS ENSAIOS DOS SUJEITOS DO GE E GC EM


HORAS

HORAS SUJEITOS (GE) SUJEITOS (GC)

N % N %
De 1 a 3 horas 16 53,3 5 16,6
De 3 a 5 horas 11 36,6 - -
Mais de 5 horas 1 3,3 - -
Em processo de - - 8 26,6
montagem
Nenhum 2 6,6 17 56,6
TOTAL 30 100,0 30 100,0
FONTE: a autora
32

TABELA 8 – OCORRÊNCIA DAS CARACTERÍSTICAS DO LOCAL EM QUE


OCORREM OS ENSAIOS DOS SUJEITOS DO GE E GC

CARACTERÍSTICAS OCORRÊNCIAS (GE) OCORRÊNCIAS (GC)

N % N %
Local fechado 30 100,0 15 50,0
Local aberto 5 16,6 11 36,6
Empoeirado 23 76,6 10 33,3
Ventilado 15 50,0 3 10,0
Limpo 9 30,0 3 10,0
Úmido 9 30,0 3 10,0
No mesmo local do 4 13,3 8 26,6
espetáculo
Em local diferente do 26 86,6 7 23,3
espetáculo
Boa acústica 10 33,3 7 23,3
Acústica ruim 19 63,3 10 33,3
Com ar condicionado 2 6,6 - -
Nenhum - - 17 56,6
TOTAL 30 100,0 30 100,0
FONTE: a autora

TABELA 9 – DISTRIBUIÇÃO DOS SUJEITOS DO GE E GC COM RELAÇÃO AO


USO DE MICROFONE DURANTE O ENSAIO E A APRESENTAÇÃO

USO ENSAIO APRESEN- ENSAIO APRESEN-


(GE) % TAÇÃO % (GC) % TAÇÃO %
(GE) (GC)
Não 29 96,7 24 80,0 30 100,0 30 100,0
Sim 1 3,3 6 20,0 - - - -
TOTAL 30 100,0 30 100,0 30 100,0 30 100,0
FONTE: a autora
33

TABELA 10 – COMPARAÇÃO DOS PROBLEMAS DE VOZ NOS SUJEITOS DO GE


E GC

PROBLEMAS DE GE GC p
VOZ
Não 17 25 0,0242*
Sim 13 5
FONTE: a autora

Análise: a partir do teste Qui-quadrado observa-se que existe diferença


significativa de resultados entre os grupos GE e GC. A proporção de problemas de
voz no GE é significativamente maior que no GC.

TABELA 11 – DISTRIBUIÇÃO DOS SUJEITOS DO GE E GC QUANTO AO TIPO


DE PROBLEMA DE VOZ

SUJEITOS (GE) SUJEITOS (GC)


QUAL PROBLEMA
N % N %
Afonia 2 6,6 1 3,3
Fenda de prega vocal 1 3,3 - -
Rouquidão 7 23,3 1 3,3
Rouquidão e cansaço na 1 3,3 - -
voz
Rouquidão na 1 3,3 - -
adolescência
Não consegue sons 1 3,3 - -
agudos
Voz baixa - - 1 3,3
Voz anasalada - - 1 3,3
Cisto vocal - - 1 3,3
Nenhum 17 56,6 25 83,3
TOTAL 30 100,0 30 100,0
FONTE: a autora
34

TABELA 12 – DISTRIBUIÇÃO DOS SUJEITOS DO GE E GC QUANTO À


DIFICULDADE VOCAL NO DIA A DIA

DIFICULDADE GE GC p
Não 24 20 0,2429
Sim 6 10
FONTE: a autora

Análise: a partir do teste Qui-quadrado observou-se que existe


diferença significativa de resultados entre os grupos GE e GC em relação a
dificuldades vocais no dia a dia.

TABELA 13 – DISTRIBUIÇÃO DOS SUJEITOS DO GE E GC QUANTO AO TIPO


DE DIFICULDADE VOCAL NO DIA A DIA

QUAL DIFICULDADE SUJEITOS (GE) SUJEITOS (GC)

N % N %
No final das aulas 1 3,3 - -
Respiração 1 3,3 - -
Voz grossa e pastosa 1 3,3 1 3,3
quando acorda
Dificuldade de dicção 1 3,3 2 6,6
Falar com esforço 1 3,3 - -
Coceira na garganta 1 3,3 - -
Dificuldade de mudar de - - 2 6,6
tom
Dor na região da garganta - - 1 3,3
e perda da voz
Pigarro - - 1 3,3
Rouquidão - - 3 10,0
Nenhum 24 80,0 20 66,6
TOTAL 30 100,0 30 100,0
FONTE: a autora
35

TABELA 14 – COMPARAÇÃO ENTRE AS DIFICULDADES VOCAIS EM CENA DOS


SUJEITOS DO GE E DURANTE AS AULAS DE TEATRO DOS
SUJEITOS GC

DIFICULDADE GE GC p
Não 9 2 0,0210*
Sim 21 28
FONTE: a autora

Análise: a partir do teste de Fisher observou-se que existe diferença significativa


de resultados entre os grupos GE e GC. A proporção de dificuldade vocal nos
sujeitos do GC é significativamente maior que no GE.

TABELA 15 – COMPARAÇÃO DA OCORRÊNCIA DOS TIPOS DE DIFICULDADES


VOCAIS EM CENA DOS SUJEITOS DO GE E DURANTE AS AULAS
DE TEATRO DOS SUJEITOS DO GC

QUAL GE % GC % P
DIFICULDADE
Articulação 12 25,5 9 20,0 0,6133
Projeção 7 14,8 16 35,5 0,0697
Respiração 9 19,1 10 22,2 0,7678
Rouquidão 9 19,1 6 13,3 0,5445
Outros 1 3,3 2 4,4 NSP
Nenhum 9 19,1 2 4,4 NSP
FONTE: a autora
NSP = o teste não se aplica

Análise: a partir do teste de Diferença de Proporções observou-se que não


existe diferença significativa de resultados entre os grupos GE e GC em nenhuma
das categorias de respostas.

TABELA 16 – COMPARAÇÃO ENTRE AS DIFICULDADES DE VARIAÇÃO DO


VOLUME VOCAL EM CENA DOS SUJEITOS DO GE E DURANTE
AS AULAS DE TEATRO DOS SUJEITOS DO GC

DIFICULDADE GE GC p
Não 22 24 0,3825
Sim 8 6
FONTE: a autora

Análise: a partir do teste Qui-quadrado observou-se que não existe


diferença significativa de resultados entre os grupos GE e GC.
36

TABELA 17 – DISTRIBUIÇÃO DOS TIPOS DE DIFICULDADES DE VARIAÇÃO DE


VOLUME VOCAL EM CENA DOS SUJEITOS DO GE E DURANTE
AS AULAS DE TEATRO DOS SUJEITOS DO GC

QUAL DIFICULDADE SUJEITOS (GE) SUJEITOS (GC)

N % N %
Alterar para cada 1 3,3 - -
personagem
Aumentar o volume 2 6,6 1 3,3
Baixar o volume 1 3,3 1 3,3
Esforço para falar 2 6,6 - -
Gritar - - 1 3,3
Dificuldade entre o meio 2 6,6 1 3,3
termo entre gritar e falar
baixo
Diminuir o volume sem - - 2 6,6
perder a voz
Nenhum 22 73,3 24 80,0
TOTAL 30 100,0 30 100,0
FONTE: a autora

TABELA 18 – COMPARAÇÃO ENTRE AS DIFICULDADES DE VARIAÇÃO


DA FREQUÊNCIA VOCAL EM CENA DOS SUJEITOS DO GE E
DURANTE AS AULAS DE TEATRO DOS SUJEITOS DO GC

DIFICULDADE GE GC p
Não 18 15 0,4363
Sim 12 15
FONTE: a autora

Análise: a partir do teste Qui-quadrado observou-se que não existe diferença


significativa de resultados entre os grupos GE e GC.
37

TABELA 19 – DISTRIBUIÇÃO DOS TIPOS DE DIFICULDADES DE VARIAÇÃO DA


FREQUÊNCIA VOCAL EM CENA DOS SUJEITOS DO GE E
DURANTE AS AULAS DE TEATRO DOS SUJEITOS DO GC

QUAL DIFICULDADE SUJEITOS (GE) SUJEITOS (GC)

N % N %
Ir para o agudo 4 13,3 8 26,6
Ir para o grave 5 16,6 2 6,6
Sustentar 1 3,3 - -
Perder projeção 1 3,3 - -
Ir do grave para o agudo - - 5 16,6
Nenhum 19 63,3 15 50,0
TOTAL 30 100,0 30 100,0
FONTE: a autora

TABELA 20 – DISTRIBUIÇÃO EM RELAÇÃO À MUDANÇA NA VOZ ANTES OU


DEPOIS DO ENSAIO OU DO ESPETÁCULO DOS SUJEITOS DO
GE E DAS AULAS DE TEATRO DOS SUJEITOS DO GC

MUDANÇA GE GC p
Não sente 8 12 0,2733
Sente depois 22 18
FONTE: a autora

Análise: a partir do teste Qui-quadrado observou-se que não existe diferença


significativa de resultados entre os grupos GE e GC.

TABELA 21 – DISTRIBUIÇÃO EM RELAÇÃO À MELHORA OU PIORA NA VOZ


DEPOIS DO ENSAIO OU DO ESPETÁCULO DOS
SUJEITOS DO GE E DAS AULAS DE TEATRO DOS SUJEITOS
DO GC

MUDANÇA ENSAIO APRESEN- AULAS DE


(GE) % TAÇÃO % TEATRO %
(GE) (GC)
Melhora 9 30,0 7 23,3 8 26,6
Piora 12 40,0 15 50,0 9 30,0
Nenhum 9 30,0 8 26,6 13 43,3
TOTAL 30 100,0 30 100,0 30 100,0
FONTE: a autora
38

TABELA 22 – DISTRIBUIÇÃO EM RELAÇÃO AO TIPO DE MUDANÇA NA VOZ


DEPOIS DO ENSAIO OU DO ESPETÁCULO DOS
SUJEITOS DO GE E DAS AULAS DE TEATRO DOS SUJEITOS
DO GC

TIPO ENSAIO APRESEN- AULAS DE


(GE) % TAÇÃO % TEATRO %
(GE) (GC)
Mais clara 9 30,0 7 23,3 8 26,6
e aberta
Cansada 12 40,0 15 50,0 9 30,0
e rouca
Nenhum 9 26,6 8 26,6 13 43,3
TOTAL 30 100,0 30 100,0 30 100,0
FONTE: a autora
39

TABELA 23 – OCORRÊNCIA DOS HÁBITOS VOCAIS E DE SAÚDE DOS


SUJEITOS DO GE E DO GC

HÁBITOS OCORRÊNCIAS (GE) OCORRÊNCIAS (GC) p

N % N %
Falar sussurrando 7 23,3 3 10,0 NSP
Falar sem respirar 13 43,3 5 16,6 0,0277*
Falar enquanto inspira o ar 9 30,0 - - -
Falar alto 19 63,3 17 56,6 0,5984
Gritar 10 33,3 3 10,0 NSP
Falar com esforço 4 13,3 4 13,3 NSP
Imitar vários sons 21 70,0 14 46,6 0,0712
Usar a voz em posturas 20 66,6 10 33,3 0,0125*
corporais inadequadas
Usar a voz profissional 29 96,6 11 26,6 NSP
quando está gripado
Tossir frequentemente 6 20,0 4 13,3 NSP
Pigarrear 15 50,0 13 43,3 0,6049
Permanecer em ambientes 13 43,3 11 36,6 0,5983
com poluição ou fumaça
Uso de ar condicionado 11 36,6 8 26,6 0,4082
Uso de aquecedor 9 30,0 3 10,0 NSP
Permanecer em local com 19 63,3 11 36,6 0,0431*
poeira, mofo ou pouca
ventilação
Ingerir achocolatado ou 5 16,6 2 6,6 NSP
comer chocolate antes dos
ensaios/espetáculos
Ingerir bebidas geladas 9 30,0 17 56,6 0,0420*
Ficar muito tempo sem 8 26,6 9 30,0 0,7711
ingerir água
Tomar café, chá ou 24 80,0 18 60,0 0,0963
chimarrão frequentemente
Comer alimentos 7 23,3 7 23,3 1,0000
gordurosos ou
condimentados antes do
uso profissional da voz
TOTAL 30 100,0 30 100,0
FONTE: a autora
NSP: o teste não se aplica

Análise: a partir do teste de Diferença de Proporções observou-se que existe


diferença significativa de resultados entre os grupos GE e GC. A proporção de
hábitos do GE é significativamente maior que no GC com relação a falar sem
respirar, usar a voz em posturas corporais inadequadas, permanecer em local com
poeira, mofo ou pouca ventilação. A proporção de hábitos do GC é
significativamente maior que no GE com relação a ingerir bebidas geladas.
40

TABELA 24 – DISTRIBUIÇÃO DOS SUJEITOS DO GE E GC EM RELAÇÃO AO


USO DE DROGA

USO SUJEITOS (GE) SUJEITOS (GC) p


N % N %
Não 7 23,3 10 33,3 0,3901
Sim 23 76,7 20 66,6
TOTAL 30 100,0 30 100,0
FONTE: a autora

Análise: a partir do teste Qui-quadrado observou-se que não existe diferença


significativa de resultados entre os grupos GE e GC com relação ao uso de drogas.

TABELA 25 – OCORRÊNCIA DO TIPO DE DROGA UTILIZADA PELOS


SUJEITOS DO GE E GC

TIPO OCORRÊNCIAS (GE) OCORRÊNCIAS (GC) p

N % N %
Cigarro 8 26,6 9 30,0 0,7711
Bebida 16 53,3 16 53,3 1,0000
alcoólica
Auto- 3 10,0 4 13,3 NSA
medicação
Maconha 9 30,0 6 20,0 0,3748
Medicamentos 5 16,6 6 20,0 0,7347
Outros 1 3,3 6 20,0 NSA
Nenhum 7 23,3 10 33,3 0,3934
TOTAL 30 100,0 30 100,0
FONTE: a autora

Análise: a partir do teste Diferença de Proporções observou-se que não existe


diferença significativa de resultados entre os grupos GE e GC com relação ao tipo de
drogas utilizadas.
41

TABELA 26 – DISTRIBUIÇÃO DOS SUJEITOS DO GE E GC EM RELAÇÃO AO


USO DE EXERCÍCIO DE AQUECIMENTO VOCAL

EXERCÍCIO GE GC p
Não 1 9 0,0061*
Sim 29 21
FONTE: a autora

Análise: a partir do teste de Fisher observou-se que existe diferença


significativa de resultados entre os grupos GE e GC. A proporção do uso de
exercícios de aquecimento vocal nos sujeitos do GE é significativamente maior que
no GC.

TABELA 27 – DISTRIBUIÇÃO DOS TIPOS DE EXERCÍCIOS UTILIZADOS PELOS


SUJEITOS DO GE E GC PARA AQUECIMENTO VOCAL

EXERCÍCIOS SUJEITOS (GE) SUJEITOS (GC)

N % N %
Som de “s”, respiração 24 80,0 3 10,0
com o diafragma, vocal fry
e vogais
Canto, respiração com o 1 3,3 - -
diafragma e vogais
Bocejo e espreguiçar 1 3,3 - -
“v” “s” e “z” 1 3,3 2 6,6
Leitura de texto com o 1 3,3 2 6,6
dedo entre os dentes
Falar vogais e sílabas 1 3,3 4 13,4
articulando
Cantar - - 1 3,3
Exercícios que aquecem a - - 2 6,6
voz
Gritos, leitura em voz alta e - - 1 3,3
respiração
Vocalização, salivação e - - 2 6,6
respiração
Vogais e sílabas - - 2 6,6
articuladas, comer maçã e
beber água
Sugeridos em aula - - 2 6,6
Nenhum 1 3,3 9 30,0
TOTAL 30 100,0 30 100,0
FONTE: a autora
42

TABELA 28 – DISTRIBUIÇÃO QUANTO À REALIZAÇÃO DE EXERCÍCIOS DE


DESAQUECIMENTO VOCAL UTILIZADOS PELOS SUJEITOS
DO GE E GC

DIFICULDADE SUJEITOS (GE) SUJEITOS (GC)


N % N %
Não 25 83,4 30 100,0
Sim 5 16,7 - -
TOTAL 30 100,0 30 100,0
FONTE: a autora

TABELA 29 – TIPO DE EXERCÍCIOS UTILIZADOS PELOS SUJEITOS DO GE


PARA DESAQUECER A VOZ

TIPO DE EXERCÍCIO GE %
Vibração de língua, 1 3,3
ressonância “m”. Mas é
recente, nem sabia
Água, engolir bastante a 1 3,3
saliva e falar pouco
Bocejo, engolir bastante a 1 3,3
saliva, massagem no
pescoço e falar menos
Não falar muito 1 3,3
Vocais para relaxamento, 1 3,3
mas por pouco tempo
Nenhum 25 83,4
TOTAL 30 100,0
FONTE: a autora
43

TABELA 30 – COMPARAÇÃO DAS MÉDIAS DO QVV ENTRE OS SUJEITOS DO


GE E GC

GE GC
QVV N1 Média Desvio- N2 Média Desvio- p
padrão padrão
Total 30 91,2 7,4 30 87,1 12,4 0,125824
Emocional 30 95,4 9,8 30 92,9 10,2 0,338315
Físico 30 88,3 9,3 30 83,3 15,5 0,136490
FONTE: a autora

Análise: a partir do teste t de Student observou-se que não existe diferença


significativa de resultados entre os grupos GE e GC. As dificuldades vocais não
interferem na qualidade de vida dos sujeitos do GE nem do GC.
44

5 DISCUSSÃO

Os atores de teatro são profissionais da voz que apresentam um grau de risco

elevado para alterações vocais, pois normalmente enfrentam rotinas exaustivas de

ensaios e apresentações, além de estarem expostos a locais cênicos normalmente

inadequados para a manutenção da qualidade vocal (KOUFMAN e ISACSON, 1991;

STANISLAVSKI, 1999; GUBERFAIN, 2005; BEHLAU et al., 2005; LIMA, 2005;

SILVA, 2008).

Dentre os sujeitos deste estudo, a maior parte do GE, 28 (93,3%), estava

envolvida em algum espetáculo teatral com média de duração de 67,3 minutos e

quantidade de apresentações entre 3 e 4 dias por semana (46,6%). Entre os sujeitos

do GC, 13 (43,3%) estavam em processo de montagem do espetáculo. Para a maior

parte dos sujeitos do GE (53,3%), os ensaios duram de 1 a 3 horas e, para os

sujeitos do GC, dentre os que estavam em processo de montagem, 16,6% já

estavam ensaiando com duração de 1 a 3 horas cada ensaio. A quantidade de

horas de apresentação, somadas ao tempo de ensaio a que os atores estão

submetidos, fazem com que haja intenso uso da voz. Stanislavski (1999), Guberfain

(2005) e Behlau et al.(2005) concordam que os atores de teatro estão expostos a

rotinas exaustivas de ensaios até a estreia do espetáculo, tendo que manter uma

boa qualidade vocal até o final da temporada.

Quanto às características do local em que ocorrem os ensaios dos sujeitos do

GE e as aulas de teatro dos sujeitos do GC, os mais citados foram: local fechado

(100% do GE e 50,0% do GC); empoeirado (76,6% do GE e 33,3% do GC); em local

diferente do espetáculo (86,6% do GE e 23,3% do GC) e com acústica ruim (63,3%

do GE e 33,3% do GC). Mesmo enfrentando essas condições inadequadas no

ambiente teatral, a maior parte dos sujeitos do GE não utiliza microfone durante os
45

ensaios (96,7%), nem durante as apresentações (80,0%), e nenhum dos sujeitos do

GC utiliza microfone tanto nos ensaios como nas apresentações. Dados que

corroboram com Behlau et al. (2005), Lima (2005) e Silva (2008), quando afirmaram

que, além do uso intenso da voz, o ambiente teatral a que o ator está exposto

normalmente são locais úmidos, secos, empoeirados, pouco ventilados e com

acústica ruim e, muitas vezes, não fazem uso de nenhum meio de amplificação

sonora. Contudo, segundo os autores, os atores devem ser capazes de superar

essas dificuldades e manter sua qualidade vocal adequada a cada ensaio e

apresentação.

A maior parte dos sujeitos do GE (56,6%) e do GC (83,3%) não apresenta

dificuldade vocal. Entretanto, 43,3% dos sujeitos do GE e 16,6% do GC referiram

apresentar algum tipo de dificuldade. Vale ressaltar que os sujeitos do GE relataram

significativamente mais dificuldades vocais do que os sujeitos do GC (p=0,0242). As

dificuldades mais citados foram rouquidão (23,3% do GE e 3,33% do GC) e afonia

(6,66% do GE e 3,33% do GC). As dificuldades vocais citadas podem estar

associadas ao uso excessivo da voz, visto que a maior parte dos sujeitos tanto do

GE como do GC realiza outras atividades com o uso da voz além do uso vocal em

atividades teatrais. Esses resultados corroboram com Stanislavski (1999) quando

afirma que, com o excessivo uso da voz, a musculatura do ator pode sofrer uma

sobrecarga, acarretando prejuízos vocais como rouquidão ou perda da voz.

Para os atores de teatro, o grau de risco para alterações vocais é elevado, por

isso, qualquer dificuldade vocal, mesmo sendo discreta, pode causar sérias

consequências para sua atividade profissional (KOUFMAN e ISACSON,1991;

BEHLAU, 2001).
46

Guberfain e Behlau (2006), em pesquisa com 28 alunos de teatro, obtiveram

como resultados 39,3% dos alunos não apresentavam qualquer problema vocal;

53,6% apresentavam algum tipo de restrição vocal; 10,7% achavam que a emissão

vocal poderia melhorar; 78,6% dos alunos consideravam a preparação vocal

satisfatória apesar das restrições; 3,6% relatavam problemas funcionais como

tensão vocal.

Segundo Spina et al. (2009), dificuldades vocais podem comprometer a

qualidade de comunicação e as relações interpessoais dos sujeitos. Entretanto, no

presente estudo, observou-se que a maior parte dos sujeitos do GE (80,0%) e do GC

(66,6%) não referiu dificuldades vocais no dia a dia, não havendo diferença

significativa entre os grupos (p=0,2429).

Os resultados obtidos neste estudo corroboram com o estudo realizado por

Ueda, Santos e Oliveira (2008), com uma amostra de 22 atores de teatro, na qual

31,1% dos atores de teatro consideraram sua voz saudável.

Neste estudo, observou-se que a maior parte dos sujeitos do GE (70,0%) e

GC (93,3%) referiram sentir dificuldades vocais durante o uso da voz em cena e

durante as aulas de teatro. Quando comparados os grupos, foi possível observar

que os sujeitos do GC relataram mais dificuldades vocais em cena do que os

sujeitos do GE (p=0,0210). As dificuldades vocais em cena mais citadas foram:

articulação (25,5% do GE e 20,0% do GC), projeção (14,8% do GE e 35,5% do GC),

respiração (19,1% do GE e 22,2% do GC) e rouquidão (19,1% do GE e 13,3% do

GC). Esses resultados levam à reflexão de que os atores profissionais, por terem

mais prática de palco, ao longo da carreira, adquirem mais experiência para lidar

melhor com sua voz e com as dificuldades que encontram durante a atuação

profissional. Já os estudantes de teatro, por estarem iniciando a carreira, e, por


47

consequência, começando a vivenciar as questões de adaptações vocais para o

personagem, não sabem ainda como manter a saúde vocal adequada. Tendo que

lidar com questões de projeção, respiração e articulação para ter uma voz eficiente,

acabam sentindo mais essas dificuldades do que os atores profissionais. Essa

reflexão corrobora com Navas (2007), quando afirma que o ator profissional deve ser

capaz de dominar sua voz e expressão vocal para que consiga uma melhor projeção

e articulação do texto.

Espera-se que os atores de teatro tenham uma voz flexível, com boa

projeção, boa articulação, sem marcas de alteração, com foco de ressonância alto e

com qualidade e plasticidade vocal suficiente para se adequar aos diversos

personagens (BEHLAU, 2001; GUBERFAIN, 2005).

Para Gayotto e Clemente (2004), é através da projeção vocal e da

articulação das palavras durante a interpretação de um personagem que o ator é

compreendido pelo público durante o espetáculo. No presente estudo, os atores

profissionais mostraram que sentem dificuldade com relação à projeção vocal e

articulação das palavras durante a atuação teatral. Esse resultado pode estar

associado ao fato de os atores de teatro terem que enfrentar suas dificuldades

vocais do dia a dia, como rouquidão e afonia, durante a interpretação de um

personagem. Além disso, os hábitos referidos por eles, como falar sem respirar

durante a cena e usar a voz em postura corporal inadequada, também podem estar

relacionados às dificuldades de projetar a voz e articular as palavras em cena.

A maior parte dos sujeitos do GE (73,3%) e do GC (60,0%) referiu sentir

mudanças na qualidade vocal após o ensaio / espetáculo e aulas de teatro, não

havendo diferença significativa entre os grupos (p=0,2733). Os sujeitos do GE

referiram que a voz piora após o ensaio (40,0%) e também após a apresentação
48

(50,0%). Igualmente nos sujeitos do GC, a maior parte (30,0%) referiu piora na

qualidade vocal após as aulas de teatro. As dificuldades foram voz cansada e rouca

(GE 40,0% após os ensaios e 15,0% após as apresentações e GC 30,0% após as

aulas de teatro). Apesar de os atores de teatro realizarem exercícios de aquecimento

e desaquecimento vocal, eles apresentam maior dificuldade vocal após o uso

profissional da voz em relação aos estudantes de teatro. Esse resultado pode estar

associado ao fato dos atores profissionais realizarem com maior frequência outras

atividades profissionais com o uso da voz, utilizarem a voz cênica muitas vezes em

posturas corporais inadequadas, em função dos personagens, além de estarem

expostos por mais tempo a rotinas muitas vezes exaustivas de ensaios e

apresentações e também em ambientes teatrais inadequados à saúde vocal.

Quanto aos hábitos de saúde e vocais, todos os sujeitos de ambos os grupos

referiram realizar algum hábito vocal inadequado à saúde vocal. Os sujeitos do GE

referiram significativamente mais “falar sem respirar” (p=0,0277) do que os sujeitos

do GC. Da mesma forma, os sujeitos do GE relataram de maneira significativa mais

usar a voz em posturas corporais inadequadas (p=0,0125) e permanecer em local

com poeira, mofo ou pouca ventilação (p=0,0431) do que os sujeitos do GC. Por

outro lado, os sujeitos do GC referiram ingerir bebidas geladas significativamente

mais do que os sujeitos do GE (p=0,0420). Esses resultados podem estar

diretamente ligados à rotina profissional dos atores de teatro ao interpretar um

personagem, que muitas vezes precisam modificar sua postura corporal,

modificando assim a postura do trato vocal, diafragma e todos os órgãos

responsáveis pela fonação.


49

Para Mota et al. (2010), as alterações vocais são comuns em profissionais da

voz, muitas vezes em virtude de hábitos vocais inadequados, podendo lhes causar

dificuldades de manter sua rotina profissional.

A maior parte dos sujeitos do GE (76,7%) e do GC (66,6%) referiu utilizar

algum tipo de droga. As mais citadas foram a bebida alcoólica (53,3% do GE e do

GC), a maconha (30,0% do GE e 20,0% do GC) e o cigarro (26,6% do GE e 30,0%

do GC); seguidos de medicamentos (16,6% do GE e 20,0% do GC) e da auto-

medicação (10,0% do GE e 13,3% do GC). De acordo com Behlau et al. (2005), os

atores de teatro normalmente não desfrutam de seguro saúde, favorecendo assim a

automedicação e o uso de receitas caseiras, sem orientação médica, na tentativa de

sanar problemas alérgicos, gástricos, infecciosos ou vocais.

Para Behlau e Pontes (2001), o fumo, as bebidas alcoólicas, a poluição do

meio ambiente, as drogas ilícitas, as alergias, o uso de ar condicionado, a

alimentação inadequada e o uso de medicamentos são os principais fatores de

risco dentre os hábitos nocivos à saúde da voz.

Com relação ao uso de exercícios para aquecer a voz, a maior parte do GE

(96,6%) e do GC (70,0%) referiu utilizar algum tipo de exercício de aquecimento

vocal. Vale ressaltar que os sujeitos do GE relataram realizar significativamente mais

aquecimento vocal do que os sujeitos do GC (p= 0,0061). Esse resultado pode nos

levar à reflexão de que devido ao fato de os atores de teatro utilizarem mais a voz

profissional, tanto em atividades teatrais como em outras atividades, do que os

estudantes de teatro, ao longo de sua carreira e experiência, eles foram adquirindo

mais conhecimento sobre os cuidados com a voz, além dos que aprenderam durante

os cursos profissionalizantes de teatro.


50

O objetivo do aquecimento vocal é a preservação da saúde do aparelho

fonador, pois, além de aumentar a temperatura da musculatura do trato vocal e o

fluxo sanguíneo, favorece a vibração adequada das pregas vocais, melhorando

assim a produção vocal (MOTA, 1998).

Os exercícios mais citados neste estudo foram: som de “s”, respiração com o

diafragma, vocal fry e vogais (80,0% do GE e 10,0% do GC); falar vogais e sílabas

articulando (3,33% do GE e 13,4% do GC); leitura de texto com os dedos entre os

dentes (3,33% do GE e 6,66% do GC); sons fricativos “v” “s” “z” (3,33% do GE e

6,66% do GC). Esses resultados revelam que os atores profissionais de teatro, ao

longo da carreira, adquirem conhecimentos de utilização de técnicas vocais e de

cuidados com o uso da voz antes dos ensaios e das apresentações. Esses

exercícios corroboram com Quinteiro (2007) que sugere que sejam realizados

exercícios pré-cênicos de respiração e emissão de vogais trabalhando articulação e

foco de ressonância. Esse resultado nos leva ainda a refletir sobre o fato de os

atores profissionais sentirem menos dificuldades de projeção e respiração do que os

estudantes de teatro, pode estar associado a um menor conhecimento das técnicas

vocais por parte dos estudantes de teatro.

Francato et al. (1996) sugerem como exercícios de aquecimento vocal a

realização de sons nasais /m/ e /n/ associados a movimentos de língua e

mastigação, vibração de lábios e língua, vocalizações com vogais = i, ê, é, a, ó, ô, u,

exercícios articulatórios e de respiração.

NAVAS (2007) ressalta a importância do conhecimento e utilização de

técnicas de projeção vocal e articulação das palavras, para que o texto saia de forma

clara e precisa sem causar prejuízos à qualidade vocal do ator.


51

A maior parte dos sujeitos, tanto do GE (83,4%) quanto do GC (100%), não

realiza nenhum tipo de exercício de desaquecimento vocal. O desaquecimento é tão

importante quanto o aquecimento. Seu objetivo é restabelecer a voz, trazendo-a ao

ajuste fonatório da emissão coloquial (PELA, REHDER e BEHLAU, 1998; MOTA,

1998).

Para Benninger, Jacobson e Johnson (1994), o desaquecimento é importante,

embora muito ignorado. Segundo os autores, deve-se esfriar a voz, principalmente

após longos períodos de uso profissional.

Dentre os sujeitos do GE que referiram realizar exercícios que desaquecem a

voz, os exercícios mais citados foram: vibração de língua e ressonância “m”; tomar

água, engolir a saliva e falar pouco; bocejo e massagem no pescoço; vocais para

relaxamento e falar pouco. É importante salientar que cada um dos exercícios foi

citado por um (3,33%) sujeito do GE. Resultados que corroboram com Francato et

al. (1996) e que sugerem como exercícios de desaquecimento vocal a técnica do

bocejo, rotação da cabeça e massagens na região do pescoço, vocalização de

vogais /a/, /o/ e /u/, sons nasais e vibrantes. Corroborando também com Quinteiro

(2007), que recomenda repouso vocal e corporal de pelo menos trinta minutos após

o espetáculo. Conforme a autora, aquecer e desaquecer a voz é um trabalho que

requer cuidados, seriedade e atenção dos atores.

Segundo Guberfain (2005), por vezes é preciso se movimentar muito em cena,

gritar, gargalhar, chorar, correr, falar, dentre outras tantas coisas que a peça possa

exigir. Por isso é importante que o ator seja orientado a aquecer e desaquecer a voz,

conforme suas necessidades e dificuldades vocais em cena.

Em relação às médias do QVV, todos os escores avaliados demonstraram

que as dificuldades vocais não interferem na qualidade de vida dos sujeitos de


52

ambos grupos estudados, não havendo diferença significativa entre eles. Segundo

Penteado e Pereira (2007), a qualidade de vida vem sendo apontada como uma

categoria importante para a saúde geral do sujeito. Esse resultado leva a refletir que,

embora os sujeitos tenham referido hábitos vocais e ambientes teatrais inadequados

à saúde da voz e sobre algumas dificuldades vocais inclusive após o uso

profissional, isso não interfere na qualidade de vida tanto dos sujeitos do GE como

do GC.

Com base nos resultados obtidos e a pequena quantidade de estudos

encontrados na literatura, observa-se a importância de outros estudos serem

realizados referentes à voz do ator de teatro, a fim de minimizar o grau de risco de

alterações vocais nesse grupo de profissionais da voz.


53

6 CONCLUSÃO

Os achados deste estudo permitem concluir que os atores profissionais de teatro

possuem hábitos vocais como: falar sem respirar, usar a voz em postura corporal

inadequada e permanecer em local com poeira, mofo ou pouca ventilação, com

maior incidência em relação aos estudantes de teatro.

Os atores profissionais apresentam: mais queixas de dificuldades vocais

(rouquidão e afonia); piora na qualidade vocal após os ensaios e apresentações de

teatro (voz cansada e rouca) do que os estudantes de teatro. Além disso, os atores

de teatro realizam exercícios de aquecimento vocal com maior frequência que os

estudantes de teatro.

Além disso, os atores profissionais de teatro apresentam maior dificuldade vocal

em cena quanto à articulação e rouquidão.

Os estudantes de teatro possuem mais dificuldades vocais em cena como:

projeção e respiração do que os atores profissionais de teatro.

Para ambos grupos o ambiente teatral em que estão inseridos é inadequado para

manutenção da saúde vocal, sendo locais fechados, empoeirados, úmidos e com

acústica ruim.

Em ambos grupos as dificuldades vocais não interferem na qualidade de vida

desses sujeitos.
54

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São Paulo: SIMPRO-SP/ CEV, 2006.


59

(APÊNDICE 1)

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado(a) para participar de uma pesquisa. As informações


existentes neste documento são para que você entenda perfeitamente os objetivos
da pesquisa, e saiba que a sua participação é espontânea. Se durante a leitura
deste documento houver alguma dúvida você deve fazer perguntas para que possa
entender perfeitamente do que se trata. Após ser esclarecido(a) sobre as
informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste
documento, que está em duas vias, sendo uma via sua e a outra do pesquisador
responsável.

01. Informações sobre a Pesquisa


Título do Projeto de Pesquisa: “AVALIAÇÃO VOCAL DE ATORES DE TEATRO”.
Pesquisador Responsável: Juliana Richinitti Vilanova
Telefone pra Contato: (51) 91085697
Pesquisadores Participantes: Jair Mendes Marques e Kelly Cristina Alves Silverio
Telefone para Contato: (41) 3331.7807

FINALIDADE DA PESQUISA
Esta pesquisa tem como objetivo avaliar o perfil vocal de atores profissionais

de teatro.

PROCEDIMENTOS
Você passará por entrevista em que responderá um questionário que

investigará presença ou não de queixa vocal, sintomas laríngeos e vocais, hábitos

de saúde vocal, uso da voz profissional e no cotidiano, utilização de técnicas durante

atuação, entre outros.


60

RISCOS E BENEFÍCIOS:

Não havendo nenhum risco para a sua saúde, uma vez que serão realizados apenas
preenchimento de questionário. Não contendo assim nenhum procedimento
invasivo.

DESCONFORTO
O desconforto será inexistente, pois a coleta consistirá em gravações de voz e
preenchimento de questionário.

CUSTOS
Você não terá nenhum gasto com a pesquisa, porque ela será custeada pela
pesquisadora.

PARTICIPAÇÃO
Caso você queira desistir de participar da pesquisa, poderá fazê-lo no momento em
que desejar. Todos os participantes da pesquisa serão informados, acompanhados e
tratados pela pesquisadora JULIANA RICHINITTI VILANOVA, fonoaudióloga
formada pelo Centro Universitário Feevale, CRFa 8999, residente na Rua Vitor Silva,
na cidade de Porto Alegre, contato no número (51) 9108.5697.
Durante o decorrer da pesquisa, caso você venha a ter alguma dúvida ou precise de
alguma orientação a mais, use o telefone acima.

PRIVACIDADE E CONFIDENCIALIDADE
Você tem o compromisso dos pesquisadores de que a sua imagem e identidade
serão mantidas em absoluto sigilo. Nos casos de fotografias, elas somente serão
realizadas e expostas com a sua autorização.
61

RESPONSABILIDADE
Caso ocorra algum tipo de dano no decorrer da pesquisa, a pesquisadora
responsável, Juliana Richinitti Vilanova, se responsabilizará pelos eventuais
ressarcimentos. No caso de novas informações no decorrer da pesquisa, elas serão
submetidas à avaliação da Comissão de Ética para um novo parecer.

DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO
Eu,_________________________________________________________,
portador(a) do RG:____________________________, abaixo assinado, concordo
em participar do estudo acima descrito como sujeito. Fui devidamente informado(a) e
esclarecido(a) pelo pesquisador,________________________ sobre a pesquisa, os
procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios
decorrentes de minha participação. Foi-me garantido que posso retirar meu
consentimento a qualquer momento, sem que isso leve a qualquer penalidade ou
interrupção de meu acompanhamento/assistência/tratamento.

Curitiba,____/_____/_____.

_______________________________
Assinatura do Sujeito ou Responsável

________________________________
Assinatura do Pesquisador Responsável
62

(APÊNDICE 2)
Número de identificação:

Dados de Identificação

SEXO: ( ) Masculino ( ) Feminino


IDADE:
Há quanto tempo você é ator de teatro?
( ) 1-3 anos ( ) 4-6 anos ( ) 7-10 anos ( ) 11 anos ou mais
Faz outra atividade com o uso da voz?
( ) Não ( )Sim
Qual? _________________________
Atualmente você está envolvido em algum espetáculo?
( )Não ( )Sim
Qual a duração do espetáculo?________________________
Quantos dias por semana?____________________________
Quanto tempo duram os ensaios? (horas/dia).
( )Menos de 1 hora ( ) de 1 a 3 horas ( ) de 3 a 5 horas
( ) mais de 5 horas
Que tipo de teatro você utiliza preferencialmente?
( ) Arena ( ) Teatro de Rua ( ) Palco Italiano ( ) Outros
Os ensaios acontecem:
( ) Em local fechado ( ) Em local aberto ( ) Úmido ( ) Empoeirado
( ) Limpo ( ) Ventilado ( ) Boa acústica ( )Acústica ruim ( ) Com ar-
condicionado ( ) No mesmo local do espetáculo ( ) Em local diferente do espetáculo
Você faz uso de microfone?
Ensaio: ( )Não ( )Sim Apresentação: ( ) Não ( )Sim
O que você acha da sua voz?_______________________
Você tem alguma queixa em relação à sua voz?____________________
Você teve ou tem algum problema de voz?
( ) Não ( ) Sim
Qual?_______________________________________________.
63

Você nota alguma dificuldade vocal no dia a dia?


( ) Não ( ) Sim
Qual?_______________________________________________.
Você acha que manter uma voz saudável faz diferença no trabalho do ator?
( ) Não ( ) Sim
Por quê? ____________________________
Já realizou avaliação Otorrinolaringológica?
( ) Não ( ) Sim
Você já fez algum acompanhamento de prevenção à saúde vocal com
fonoaudiólogo?
( ) Não ( ) Sim
Você acha que manter um acompanhamento vocal com fonoaudiólogo pode trazer
melhoras à sua qualidade vocal?
( ) Não ( )Sim
Por quê? ______________________________
Você usa algum tipo de exercício para preparar sua voz para atuar?
( ) Não ( ) Sim
Quais? __________________________
Você usa algum tipo de exercício para desaquecer sua voz após atuação?
( ) Não ( )sim
Quais?___________________________
Orientado por
( )Fonoaudiólogo ( )Preparador vocal ( )Professor de canto ( )Diretor
( ) Amigos ( )Outros_____________________________.
Você sente alguma dificuldade vocal em cena?
( ) Não ( ) Sim
Qual? ( )Articulação ( )Projeção ( )Respiração ( )Rouquidão ( )Outras
Tem alguma dificuldade na variação do volume de voz em cena?
( )Não ( )Sim
Qual?______________________________
Tem alguma dificuldade na variação do grave e agudo em cena?
( ) Não ( ) Sim
Qual? _____________________
64

Sente alguma mudança na sua voz antes do ensaio ou depois?


( ) Não ( ) Antes ( ) Depois
Sente alguma mudança na voz antes ou depois do espetáculo?
( ) Não ( ) Antes ( ) Depois
Hábitos vocais e de saúde

( )Tomar achocolatado ou comer chocolate antes do ensaio ou do espetáculo


( )Ingerir bebidas geladas
( )Tossir frequentemente
( )Pigarrear
( )Falar alto
( )Gritar
( )Falar com esforço
( )Permanecer em ambientes com poluição ou fumaça
( )Ar condicionado
( )Aquecedor
( )Ficar muito tempo sem ingerir água
( )Falar sussurrando
( )Falar sem respirar
( )Falar enquanto inspira(puxa) o ar
( )Imitar vários sons
( )Usar voz em posturas corporais inadequadas
( )Usar a voz profissionalmente quando está gripado
( )Permanecer em local com poeira, mofo ou pouca ventilação
( )Tomar café, chá ou chimarrão frequentemente
( )Comer alimentos gordurosos ou condimentados antes do uso profissional
da voz
Você faz uso de algum tipo de droga?
( )Não ( ) Sim
Qual? ( )Cigarro ( )Maconha ( )Bebida alcoólica ( )Medicamento
( )Cocaína ( ) automedicação ( )Outros
Tem problemas alérgicos e/ou respiratórios?
( )Não
( )Rinite ( )Bronquite alérgica ( )Baba noturna ( )Desvio de septo nasal
( )Respiração oral ( )Ronco
( )Sinusite ( )Amigdalite ( )Asma
( )Faringite ( )Laringite
( )Outro:_______________________________
Tem problemas digestórios?
( )Não
( )Má digestão ( )Refluxo gastroesofágico
( )Outro:________________________________
Observações: _____________________________________.
65

(APÊNDICE 3)
Número de identificação:

Dados de Identificação

SEXO: ( ) Masculino ( ) Feminino


IDADE: ______ anos
Você é ator de teatro?
( ) Não ( ) Sim
Se sim, há quanto tempo você é ator de teatro?
( ) 1-3 anos ( ) 4-6 anos ( ) 7-10 anos ( ) 11 anos ou mais
Se não, você já teve alguma experiência como ator?
( ) Não ( ) sim
Se sim, há quanto tempo? ________________________________________
Faz outra atividade com o uso da voz?
( ) Não ( )Sim
Qual? _________________________
Atualmente você está envolvido em algum espetáculo?
( )Não ( )Sim
Qual a duração do espetáculo?________________________
Quantos dias por semana?____________________________
Quanto tempo duram os ensaios? (horas/dia).
( )Menos de 1 hora ( ) de 1 a 3 horas ( ) de 3 a 5 horas
( ) mais de 5 horas
Que tipo de teatro você utilizaria preferencialmente, se fosse ator profissional?
( ) Arena ( ) Teatro de Rua ( ) Palco Italiano ( ) Outros
Os ensaios acontecem:
( ) Em local fechado ( ) Em local aberto ( ) Úmido ( ) Empoeirado
( ) Limpo ( ) Ventilado ( ) Boa acústica ( )Acústica ruim ( ) Com ar
condicionado ( ) No mesmo local do espetáculo ( ) Em local diferente do espetáculo
Você faz uso de microfone?
Ensaio: ( )Não ( )Sim Apresentação: ( ) Não ( )Sim
O que você acha da sua voz?_______________________
Você tem alguma queixa em relação à sua voz?____________________
Você teve ou tem algum problema de voz?
66

( ) Não ( ) Sim
Qual?_______________________________________________.
Você nota alguma dificuldade vocal no dia a dia?
( ) Não ( ) Sim
Qual?_______________________________________________.
Você acha que manter uma voz saudável faz diferença no trabalho do ator?
( ) Não ( ) Sim
Por quê? ____________________________
Já realizou avaliação Otorrinolaringológica?
( ) Não ( ) Sim
Você já fez algum acompanhamento de prevenção à saúde vocal com
fonoaudiólogo?
( ) Não ( ) Sim
Você acha que manter um acompanhamento vocal com fonoaudiólogo pode trazer
melhoras à sua qualidade vocal?
( ) Não ( )Sim
Por quê? ______________________________
Você usa algum tipo de exercício para preparar sua voz para atuar?
( ) Não ( ) Sim
Quais? __________________________
Você usa algum tipo de exercício para desaquecer sua voz após atuação?
( ) Não ( )sim
Quais?___________________________
Orientado por
( )Fonoaudiólogo ( )Preparador vocal ( )Professor de canto ( )Diretor
( ) Amigos ( )Outros_____________________________.
Você sente alguma dificuldade vocal durante as aulas de teatro?
( ) Não ( ) Sim
Qual? ( )Articulação ( )Projeção ( )Respiração ( )Rouquidão ( )Outras
Tem alguma dificuldade na variação do volume de voz em cena?
( )Não ( )Sim
Qual?______________________________
Tem alguma dificuldade na variação do grave e agudo durante as aulas de teatro?
( ) Não ( ) Sim
67

Qual? _____________________
Sente alguma mudança na sua voz antes ou depois das aulas de teatro?
( ) Não ( ) Antes ( ) Depois
Hábitos vocais e de saúde
( )Tomar achocolatado ou comer chocolate antes do ensaio ou das aulas de
teatro
( )Ingerir bebidas geladas
( )Tossir frequentemente
( )Pigarrear
( )Falar alto
( )Gritar
( )Falar com esforço
( )Permanecer em ambientes com poluição ou fumaça
( )Ar condicionado
( )Aquecedor
( )Ficar muito tempo sem ingerir água
( )Falar sussurrando
( )Falar sem respirar
( )Falar enquanto inspira(puxa) o ar
( )Imitar vários sons
( )Usar voz em posturas corporais inadequadas
( )Usar a voz profissionalmente quando está gripado
( )Permanecer em local com poeira, mofo ou pouca ventilação
( )Tomar café, chá ou chimarrão frequentemente
( )Comer alimentos gordurosos ou condimentados antes do uso profissional
da voz
Você faz uso de algum tipo de droga?
( )Não ( ) Sim
Qual? ( )Cigarro ( )Maconha ( )Bebida alcoólica ( )Medicamento
( )Cocaína ( ) automedicação ( )Outros
Tem problemas alérgicos e/ou respiratórios?
( )Não
( )Rinite ( )Bronquite alérgica ( )Baba noturna ( )Desvio de septo nasal
( )Respiração oral ( )Ronco
( )Sinusite ( )Amigdalite ( )Asma
( )Faringite ( )Laringite
( )Outro:_______________________________

Tem problemas digestórios?


( )Não
( )Má digestão ( )Refluxo gastroesofágico
( )Outro:________________________________
Observações: _____________________________________.
68

(ANEXO 1)

PROTOCOLO DE QUALIDADE DE VIDA EM VOZ – QVV


Publicação da validação: GASPARINI, BEHLAU 2009

Estamos procurando compreender melhor como um problema de voz pode interferir


nas atividades de vida diária. Apresentamos uma lista de possíveis problemas
relacionados à voz. Por favor, responda a todas as questões baseadas em como
sua voz tem estado nas duas últimas semanas. Não existem respostas certas ou
erradas. Para responder ao questionário, considere tanto a gravidade do problema,
como sua frequência de aparecimento, avaliando cada item abaixo de acordo o
tamanho do problema que você tem. A escala que você irá utilizar é a seguinte:

1 = não é um problema
2 = é um problema pequeno
3 = é um problema moderado/médio
4 = é um grande problema
5 = é um problema muito grande

Por causa de minha voz, o quanto isto é um problema?

1. Tenho dificuldades em falar forte (alto) ou ser ouvido em lugares barulhentos 12345

2. O ar acaba rápido e preciso respirar muitas vezes enquanto eu falo 12345

3. Às vezes, quando começo a falar não sei como minha voz vai sair 12345

4. Às vezes, fico ansioso ou frustrado (por causa da minha voz) 12345

5. Às vezes, fico deprimido (por causa da minha voz) 12345

6. Tenho dificuldades em falar ao telefone (por causa da minha voz) 12345

7. Tenho problemas no meu trabalho ou para desenvolver minha profissão (por causa da minha voz) 12345

8. Evito sair socialmente (por causa da minha voz) 12345

9. Tenho que repetir o que falo para ser compreendido 12345

10. Tenho me tornado menos expansivo (por causa da minha voz) 12345
69

COMO CALCULAR ESCORES DO PROTOCOLO QVV


Publicação da validação: GASPARINI, BEHLAU 2009

O QVV produz um escore total e escores de dois domínios, o sócio-emocional e


funcionamento físico. Para o cálculo do escore final do QVV, utilizam-se as regras
geralmente pregadas na maior parte dos instrumentos de qualidade de vida. É
calculado em escore padrão a partir do escore bruto, sendo que um valor mais
elevado indica que os aspectos de qualidade de vida não estão comprometidos em
função da voz. O escore máximo é de 100 (melhor qualidade de vida), e o escore
mínimo é zero (pior qualidade de vida), tanto para um domínio particular, como para
o escore global. O escore geral de um protocolo é calculado de acordo com o
seguinte algoritmo:

100 – (escore bruto - # itens no domínio ou total) x 100


maior escore bruto possível - # itens

Escore total (itens de 1 a 10) é calculado da seguinte forma:

Total = 100 – (escore bruto – 10) x 100


40

Escore do domínio sócio-emocional (itens 4, 5, 8 e 10) é calculado assim:

Sócio-emocional = 100 – (escore bruto - 4) x 100


16

Escore do funcionamento físico (itens 1, 2, 3, 6, 7 e 9) é calculado assim:

Funcionamento físico = 100 – (escore bruto – 6) x 100


24

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