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Módulo I - Controladoria Geral da União: Estrutura e Instrumentos de... https://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=38712
Sumário
Módulo I - CGU: Estrutura e Instrumentos de Apuração
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A Controladoria-Geral da União (CGU) foi criada no dia 2 de abril de 2001, pela Medida Provisória n° 2.143-31.
Inicialmente denominada Corregedoria-Geral da União (CGU), o órgão é vinculado diretamente à Presidência da
República. A CGU teve originalmente como propósito declarado o de combater, no âmbito do Poder Executivo Federal, a
fraude e a corrupção e promover a defesa do patrimônio público.
Quase um ano depois, o Decreto n° 4.177, de 28 de março de 2002, integrou a Secretaria Federal de Controle Interno
(SFC) e a Comissão de Coordenação de Controle Interno (CCCI) à estrutura da então Corregedoria-Geral da União. O
mesmo Decreto n° 4.177 transferiu para a Corregedoria-Geral da União as competências de Ouvidoria-Geral, até então
vinculadas ao Ministério da Justiça.
A Medida Provisória n° 103, de 1° de janeiro de 2003, convertida na Lei n° 10.683, de 28 de maio de 2003, alterou a
denominação do órgão para Controladoria-Geral da União, assim como atribuiu ao seu titular a denominação de Ministro
de Estado do Controle e da Transparência.
Posteriormente, o Decreto n° 5.683, de 24 de janeiro de 2006, alterou a estrutura da CGU, conferindo maior organicidade
e eficácia ao trabalho realizado pela instituição, trazendo à Corregedoria-Geral da União (unidade integrante da CGU) uma
estrutura para acompanhamento, fiscalização e orientação dos trabalhos correcionais. Além disso, também foi criada a
Secretaria de Prevenção da Corrupção e Informações Estratégicas (SPCI) - atualmente Secretaria de Transparência e
Prevenção da Corrupção (STPC) -, responsável por desenvolver mecanismos de prevenção à corrupção. Desta forma, o
agrupamento das principais funções exercidas pela CGU – controle, correição, prevenção da corrupção e ouvidoria – foi
efetivado, consolidando-as em uma única estrutura funcional.
Mais recentemente, a estrutura regimental da CGU foi alterada por meio do Decreto nº 8.109/13. Assim, no âmbito da
Corregedoria-Geral da União, além das Corregedorias Adjuntas das Áreas Econômica, de Infraestrutura e Social, que
englobam um total de dezoito Corregedorias Setoriais, foram criadas duas novas coordenações: Responsabilização de
Entes Privados e Monitoramento de Processos Disciplinares.
Nesse rumo, o art. 18 da Lei nº 10.683, de 28/05/03, impõe à Controladoria-Geral da União encaminhar aos órgãos
competentes as representações ou denúncias fundamentadas que receber e acompanhar e inspecionar as apurações. Daí,
sempre que a Controladoria-Geral da União constatar omissão da respectiva autoridade instauradora ou, facultativamente,
nos casos envolvendo lesão ou ameaça de lesão a patrimônio federal, os §§ 1º, 2º e 4º do artigo supra conferem-lhe os
poderes de avocar o apuratório e de instaurar procedimento para apurar a inércia da autoridade originariamente
competente. A saber, a Lei nº 10.683, de 28/05/03, dispõe sobre a atual organização da Presidência da República e dos
Ministérios e prevê a Controladoria-Geral da União como um órgão integrante da Presidência da República, com status de
Ministério, assistindo diretamente o Chefe do Poder Executivo nos assuntos relacionados à defesa do patrimônio público,
no sentido amplo da expressão.
Em relação especificamente ao Sistema de Correição do Poder Executivo Federal, tal sistema foi criado pelo Decreto nº
5.480, de 30 de junho de 2005, e constitui-se de unidades voltadas às atividades de prevenção e apuração de
irregularidades disciplinares, desenvolvidas de forma coordenada e harmônica.
Alterado pelo Decreto nº. 7128, de 2010, o Decreto 5.480, de 30/06/2005, e elenca as competências de seus órgãos
integrantes, a saber, da Controladoria-Geral da União, como órgão central; das unidades correcionais setoriais, junto aos
Ministérios (corregedorias vinculadas técnica e hierarquicamente ao órgão central); das unidades correcionais seccionais
(corregedorias dos órgãos componentes da estrutura dos Ministérios, bem como de suas autarquias e fundações e
empresas estatais); e da Comissão de Coordenação e Correição (colegiado de função consultiva, com o fim de uniformizar
entendimentos). Em reforço ao já abordado linhas acima (que, embora ainda como exceção, alguns órgãos públicos
federais já contam em seu organograma com uma unidade especializada para a matéria correcional), este Decreto impõe
a tendência crescente de os órgãos instituírem suas corregedorias, como reflexo da atual relevância da matéria.
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Atendendo aos dispositivos acima, a Portaria-CGU nº 335, de 30/05/06, regulamentou o Sistema de Correiçãodo
Poder Executivo Federal e, em síntese, definiu os instrumentos a serem utilizados no Sistema, nas atividades
relacionadas à correição, e estabeleceu competências.
Quanto a este último tema, em que pese à conceituação dos procedimentos correcionais se refletir em todo o
Sistema, desde o órgão central até as unidades seccionais, tem-se que, a rigor, a Portaria-CGU nº 335, de
30/05/06, em quase toda sua abrangência, tão-somente disciplinou competências da Controladoria-Geral da
União e das unidades setoriais. A citada Portaria-CGU não disciplinou as competências das unidades seccionais,
preservando, tanto para apuração de irregularidades quanto para responsabilização, as respectivas
normatizações já adotadas em cada órgão. Assim, tem-se que os ordenamentos internos vigentes nas unidades
correcionais seccionais para a matéria disciplinar permanecem integralmente aplicáveis e válidos, não conflitando
com o ordenamento do órgão central e das unidades setoriais.
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De forma muito sintética, pode-se estabelecer que o presente texto, ao longo de todos os seus tópicos,
visa a, precipuamente, descrever em detalhes a condução do rito disciplinar no âmbito específico das
unidades seccionais.
Todavia, em função da edição da Portaria-CGU nº 335, de 30/05/06, como exceção, no presente tópico,
a partir deste ponto, serão apresentadas as inovações e as peculiaridades mais relevantes deste
dispositivo de interesse restrito, em comparação com aquelas normas de aplicação geral. A
concentração, em um tópico à parte, dos dispositivos que vinculam apenas o órgão central e as
unidades setoriais obriga que aqui tão-somente sejam citados conceitos, institutos e princípios, de
forma bastante resumida e sem intuito de descrevê-los ou explicá-los.
O conteúdo final do presente tópico deve ser visto como uma breve antecipação de temas, que serão
detidamente descritos e explicados ao longo de todos os demais tópicos deste texto, voltados para o
regramento geral.
Em que pese à aplicação restrita do presente tópico, as inovações e peculiaridades trazidas pela
Portaria-CGU nº 335, de 30/05/06, que, em sua maior parte, não vincula as unidades seccionais, onde
for cabível, podem ser tomadas nessas corregedorias como recomendações, visto que não afrontam o
que será detalhadamente descrito ao longo dos demais tópicos deste texto.
A Portaria-CGU elenca que a atividade correcional utilizará como instrumentos a investigação preliminar,
a sindicância investigativa, a sindicância patrimonial, a sindicância contraditória, o processo
administrativo disciplinar e a inspeção. Dentre esse universo de instrumentos, empregam-se para
apuração de irregularidades a investigação preliminar, as três espécies de sindicância e o processo
administrativo disciplinar (excluindo-se a inspeção); e, para a apuração de responsabilidade, apenas
sindicância contraditória e o processo administrativo disciplinar são válidos (excluindo também a
investigação preliminar e as sindicâncias investigativa e patrimonial).
Parágrafo único. A atividade de correição utilizará como instrumentos a investigação preliminar, a inspeção, a sindicância, o processo administrativo
geral e o processo administrativo disciplinar.
Art. 5° No âmbito do Órgão Central e das unidades setoriais, a apuração de irregularidades será realizada por meio de investigação preliminar,
sindicância, inclusive patrimonial, e processo administrativo disciplinar.
Parágrafo único. Nas unidades seccionais, a apuração de irregularidades observará as normas internas acerca da matéria.
A sindicância investigativa (ou preparatória), a cargo das mesmas autoridades acima, também é um
procedimento, no âmbito do órgão central e das corregedorias setoriais, que antecede a instauração da
sede contraditória e, portanto, tem rito inquisitorial, pois não há a quem garantir prerrogativas de
defesa e pode ser conduzida por um ou mais servidores (não necessariamente estáveis). Tem prazo de
trinta dias, podendo ser prorrogada por igual prazo.
Portaria-CGU nº 335, de 30/05/06 - Art. 4° Para os fins desta Portaria, ficam estabelecidas as seguintes definições:
II - sindicância investigativa ou preparatória: procedimento preliminar sumário, instaurada com o fim de investigação de irregularidades funcionais,
que precede ao processo administrativo disciplinar, sendo prescindível de observância dos princípios constitucionais do contraditório e da ampla
defesa;
Art. 12. § 1° No caso de sindicância meramente investigativa ou preparatória, o procedimento poderá ser instaurado com um ou mais servidores.
A sindicância patrimonial é um procedimento instaurado de forma sigilosa (sem publicidade), por ordem
do Ministro de Estado do Controle e da Transparência, do Secretário-Executivo, do Corregedor-Geral ou
dos Corregedores Adjuntos, de ofício ou destinado a apurar denúncia (inclusive anônima) ou
representação que noticie indícios de enriquecimento ilícito em decorrência de incompatibilidade
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patrimonial com a renda. Tem rito inquisitorial, pois não há a quem garantir prerrogativas de
defesa e pode ser conduzida por dois ou mais servidores (não necessariamente estáveis).
Dentre seus atos de instrução, pode-se fazer necessário solicitar o afastamento de sigilos fiscal
e bancário (primeiramente ao próprio sindicado). A sindicância patrimonial tem prazo de trinta
dias, podendo ser prorrogado por igual período, e pode redundar em arquivamento ou na
instauração de processo administrativo disciplinar. Não obstante, da mesma forma como se
aplica ao processo administrativo disciplinar, esses prazos não devem ser entendidos como
fatais, podendo, desde que haja motivação e justificativa, a sindicância ser novamente
designada após sessenta dias.
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As instaurações desses dos ritos disciplinares a cargo das corregedorias setoriais
devem ser comunicadas à Corregedoria-Geral, para acompanhamento e avaliação. O
julgamento cabe ao Ministro de Estado do Controle e da Transparência, em caso de
penas expulsivas e suspensão superior a trinta dias; ao Corregedor-Geral, em caso
de suspensão de até trinta dias; e aos Corregedores Adjuntos, em caso de
advertência ou arquivamento, cabendo pedido de reconsideração à autoridade que
decidiu e um grau de recurso nas decisões dos Corregedores Adjuntos e do
Corregedor-Geral.
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Lei nº 8.112, de 11/12/90 - Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregularidade no serviço público é obrigada a promover a sua apuração
imediata, mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar, assegurada ao acusado ampla defesa.
Art. 320. Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício de cargo ou, quando lhe falte
competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente: Pena -detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa.
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