Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Gandra
ORDENS LUSO-BRASILEIRAS
E SUAS INSÍGNIAS
Preâmbulo 5
ORDENS MÍTICAS
Ordem de Mariz 15
Ordem da Asa de São Miguel 23
Ordem da Espada 31
ORDENS EFÉMERAS
Ordem da Madressilva 41
Ala dos Namorados 43
Ordem da Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo 45
ORDENS MILITARES
Ordem de S. Bento de Avis 57
Ordem de Santiago da Espada 65
Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo e divisa de São Sebastião 77
ORDENS HONORÍFICAS
Ordem da Torre e Espada 107
Grã-Cruz das Três Ordem Militares 133
Duas Ordens Militares de Cristo e Avis 153
Duas Ordens Militares de Cristo e Santiago da Espada 155
Ordem de Nossa Senhora da Conceição 157
Real Ordem de Santa Isabel 173
Imperial Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo 183
Imperial Ordem de S. Bento de Avis 189
Imperial Ordem de Santiago da Espada 193
Três Ordens Militares – Brasil 197
Banda das Três Ordens 199
Banda das Duas Ordens 201
ORDENS ANTIMAÇÓNICAS
Nobre Ordem do Apostolado dos Cavaleiros de Santa Cruz 231
Ordem de São Miguel da Ala 233
ADENDA
Lei Orgânica das Ordens Honoríficas Portuguesas 243
3
Acrónimos
4
PREÂMBULO
1 A Lei nº 635 de 28 de Setembro de 1916 veio permitir que os feitos cívicos e os actos
militares pudessem ser galardoados com ordens honoríficas, condecorações ou diplomas
especiais, sendo restaurada pelo Decreto n. 3384, de 25 de Setembro de 1917, a Ordem
de Avis, e restabelecida pelo Decreto n. 3386, do seguinte dia 26, a Ordem da Torre e
Espada, mas com os graus respectivos escalonados em classes.
2 Para uma apreciação global da questão, além da legislação a seu tempo citada e
transcrita, consulte-se: Aleixo Tavano e José Augusto da Silva, Notícia Histórica das
Ordens Militares e Civis Portuguesas e Legislação respectiva desde 1789, Lisboa,
Imprensa Nacional, 1881; Regulamento para a cobrança dos emolumentos pelo registo
de cartas de mercês honoríficas...: aprovado por decreto de 24 de Dezembro de 1901,
Lisboa, Imprensa Nacional, 1902 [BN: SC 11357 (19º) P]; Álvaro Augusto da Fonseca e
João de Macedo e Chaves, Ordens Honoríficas Portuguesas, Lisboa, Imprensa
Nacional-Livraria Sá da Costa, 1964, 2 vols.; Ordens honoríficas portuguesas:
5
*
decretos-lei nº 44721, 45281, 45480 e 45498, Lisboa, [s.n.], 1964 [BN: SC 23704 V];
Ordens Honoríficas Portuguesas, Lisboa, Imprensa Nacional, 1968 [BN: SC 32106 V],
Diário da República, I série, n. 287 (15 Dez. 1986), Lei Orgânica das Ordens
Honoríficas Portuguesas (Decreto-Lei n. 414-A/86, de 15 de Dezembro), Regulamento
das Ordens Honoríficas Portuguesas (Decreto Regulamentar n. 71-A/86 de 15 de
Dezembro, Diário da República, I série, n. 58 de 10 Mar. 1988), Lei das Ordens
Honoríficas Portuguesas, n. 5/2011 (Diário da República, I série, n. 43 de 2 Mar. 2011).
3 Com efeito, a carta de nomeação era acompanhada pela entrega da medalha (com ou
sem a banda de seda), cujo custo era suportado pelo Erário Régio. A medalha teria de
ser devolvida, por morte do dignitário, para ser entregue ao próximo nomeado. Algumas
destas devoluções acham-se documentadas em assentos coevos e em livros de registo
pertencentes ao acervo do ANTT.
4 Artidoro Xavier Pinheiro publicou a estatística das condecorações concedidas por D.
João VI no Brasil, bem como, a estatística completa e anual das insígnias concedidas
por D. Pedro I e por D. Pedro II nas diferentes Ordens Honoríficas do Império, com
base nos livros de registo das condecorações brasileiras existentes no ANTT. Cf.
Organização das Ordens Honoríficas do Império do Brasil, São Paulo, 1884. Tal
estatística seria depois alargada até à implantação da República, em 1889, por Luis
Marques Poliano, Ordens Honoríficas do Brasil (História, Organização, Padrões,
Legislação), Rio de Janeiro, 1943.
5 Cf. Gazeta do Rio de Janeiro, n. 11 (6 Fev. 1819), n. 27 (3 Mar. 1819), n. 84 (20 Out.
1819), n. 9 (29 Jan. 1820), n. 23 (21 Mar. 1820), etc. A casa Durand & Comp.ª cessou a
sua actividade no Rio de Janeiro. em Julho de 1821.
6
A 22 de Abril de 1820, dias antes de regressar à metrópole, D.
João VI delegou no primogénito o governo geral e a administração do
Reino do Brasil, outorgando-lhe os títulos de Príncipe Regente e de
seu Lugar-Tenente, “deixando-o amparado com as Instruções” por que
devia reger-se, publicadas em anexo ao real decreto dessa data, onde
ficou expresso que:
6
Gazeta Extraordinária do Rio de Janeiro, n. 8 (26 Abr. 1821).
7 Esta Carta-Patente foi assinada em Queluz, por ocasião do derradeiro aniversário
natalício de D. João VI. Publicada por António Vianna, A Emancipação do Brasil
1808–1825, Lisboa, Anuário Comercial, 1922, doc. n. 7, p. 519.
7
A morte de D. João VI, em Março de 1826, e a aclamação do
Imperador do Brasil como Rei de Portugal e dos Algarves, apesar de
efémera, elevou, transitoriamente, D. Pedro à dignidade de Grão-
Mestre das Ordens Militares e Honoríficas Portuguesas, e veio
suscitar a necessidade de resolver a questão pendente da definição dos
termos da posse e gozo pelo Império do Brasil, de todos os direitos e
privilégios anteriormente concedidos pela Santa Sé ao reis de Portugal,
enquanto administradores do Grão-Mestrado das Ordens Militares de
Cristo, Avis e Santiago.
D. Pedro solicitou ao Papa Leão XII a concessão de tais direitos
e privilégios, dele tendo obtido a bula Praeclara Portugalliae
Algarbiorumque Regum, remetida de Roma, aos 15 de Maio de 1827,
mediante a qual foi criado no Brasil um novo Grão-Mestrado das
Ordens Militares de Cristo, de São Bento de Avis e de Santiago da
Espada, independente do Grão-Mestrado das Ordens Militares de
Portugal. Além disso, concedia à Ordem de Cristo brasileira o
padroado das igrejas e benefícios do Império, transformando os
Imperadores do Brasil em seus Grão-Mestres perpétuos.
No entanto, tal bula uma vez submetida ao escrutínio do poder
legislativo brasileiro, seria liminarmente rejeitada pela Câmara dos
Deputados, em Outubro de 1827, como “manifestamente ofensiva à
Constituição e aos direitos de Sua Majestade o Imperador”.
As antigas Ordens Militares Portuguesas deixaram de existir
desde então no Brasil, tendo sido substituídas por outras com a
mesma denominação, mas reformuladas nas suas insígnias.
Foi, de facto, nesse período, entre 1825 e 1827, que D. Pedro I
modificou as insígnias brasileiras, para que se distinguissem
claramente das portuguesas, nelas introduzindo emblemática nova,
específica do Império do Brasil, apesar de inspirada na Legião de
Honra francesa:
8
Tão prematura introdução das novas insígnias das Imperiais
Ordens de Cristo, de Avis e de Santiago 8 é, de resto, atestada por dois
óleos iconografando D. Pedro e D. Maria da Glória (futura D. Maria
II), que integram a galeria dos retratos dos senhores Reis de Portugal
da Real Companhia Velha (Vila Nova de Gaia), onde ambos já as
ostentam em data anterior à abdicação do Imperador 9.
8 Marques Poliano chamou a atenção para o facto de não existir na legislação brasileira
qualquer disposição anterior a 1843, que autorize a modificação das tradicionais
insígnias das antigas Ordens portuguesas – que eram, uma cruz singela esmaltada na
cor da Ordem, para os Cavaleiros; uma cruz pendente do emblema do Sagrado Coração
de Jesus, para os Comendadores; e uma medalha oval pendente da Banda dos Grã-
Cruzes, juntamente com a placa de resplendor estrelado em raios de prata concêntricos,
tendo ao centro a cruz da Ordem e na cabeceira o mesmo emblema do Sagrado Coração.
Cf. Ob. cit., p. 81.
9 Trata-se de duas pinturas anónimas e sem data, atribuídas ao pintor portuense João
Baptista Ribeiro (1790-1868), cerca de 1830. Cf. Stanislaw Herstal, Dom Pedro. Estudo
Iconográfico, v. 3, São Paulo–Lisboa, 1972, p. 220-221, n. 627.
9
A abdicação de D. Pedro I abriu um longo período de regência,
que se prolongou de Abril de 1831 até à declaração da maioridade de
D. Pedro II, em 1840, e durante o qual não foram concedidas mercês
honoríficas.
A nacionalização das Ordens Militares Portuguesas por D.
Pedro II, doravante, consideradas Ordens Imperiais Brasileiras,
meramente civis e políticas 10, bem assim como a concessão dos seus
graus no Império do Brasil seria final e definitivamente regularizada e
regulamentada pelo Decreto n.º 321, de 9 de Setembro em 1843, cujos
três primeiros artigos estabeleciam:
“Art. 1.º - As Ordens Militares de Cristo, São Bento de Avis e São Tiago
da Espada ficam de ora em diante tidas e consideradas como
meramente civis e políticas, destinadas para remunerar serviços feitos
ao Estado, tanto pelos súbditos do Império como por estrangeiros
beneméritos.
Art. 2.º - Cada uma destas Ordens constará de Cavaleiros e
Comendadores, sem número determinado, e de 12 Grã-Cruzes; não
compreendidos neste número os Príncipes da Família Imperial e os
estrangeiros, que serão reputados supranumerários.
Art. 3.º - Os Cavaleiros, Comendadores e Grã-Cruzes das três Ordens
continuarão a usar das mesmas insígnias de que até agora têm usado,
e com as fitas das mesmas cores; sendo, porém as das Ordens de
Cristo e S. Tiago orladas de azul, e a da Ordem de S Bento de Avis
orlada de encarnado”.
10 A identidade emblemática específica das insígnias brasileiras das três antigas Ordens
Militares Portuguesas foi objecto de duas comunicações apresentadas por António
Miguel Trigueiros ao I e ao II Congresso Luso-Brasileiro de Numismática (Rio de
Janeiro, 2000 e Brasília, 2002, respectivamente).
11 As placas de fabrico local revelam no reverso um fecho duplo em U recto invertido,
10
placa de 22 raios perfurados, abrilhantados com pérolas ou
pequenas esferas, com elementos de ligação do mesmo tipo entre os
raios, sem interrupção ou interstícios; na cabeceira, o emblema do
Sagrado Coração com as fieiras de espinhos entrelaçadas de recorte
nítido; ao centro, um festão duplo prateado e dourado, perolado,
emoldura o círculo de esmalte branco onde repousa a cruz da Ordem.
No reverso, a placa mostra os raios perfurados.
11
placa de 24 raios perfurados (as placas portuguesas têm
normalmente 22 raios), abrilhantados com pontas de diamante, com
uma ponte de ligação entre os raios, separados entre si; na cabeceira, o
mesmo emblema do Sagrado Coração; ao centro, um festão dourado
ornamentado com 5 grupos de flores esmaltadas (nas placas de fabrico
português, este festão só tem normalmente 4 grupos de flores). No
reverso, a placa mostra os interstícios entre os raios perfurados.
12
ORDENS MÍTICAS
Ordem de Mariz
"[…] a Ordem de Aviz (São Bento de Aviz), por sua vez, Ordem
militar e religiosa, ou melhor, com o mesmo cunho exotérico e
esotérico das verdadeiramente iniciáticas, foi instituída por Dom
Afonso Henriques, em 1162. Depois da conquista de Évora, os freires
habitaram uma parte dessa cidade, ainda hoje chamada Freiria;
passaram depois a Aviz. Em 1789, Dona Maria I secularizou esta
Ordem, cujos estatutos e insígnias foram modificados por Dom Carlos.
Suas Cruz e fita eram verdes.
Tal Ordem, entretanto, servia de escudo (ou "cobertura
exterior", Círculo de Resistência, etc.) a uma outra intitulada "Ordem
de Mariz", pouco importa que a História a desconheça por completo.
Seus raros filiados espalhavam-se por toda a parte do mundo, como
"Membros do Culto de Melquisedeque", sendo que o nome "Mariz",
que aliás inúmeras famílias nobres de Portugal o possuíram, tem por
origem: Morias, Mouros, Marús, etc., etc. Os mais antigos se reuniram
nas proximidades de certo lugar, que ainda hoje traz o nome de S.
Lourenço dos Anciães.
No distrito de Bragança, e concelho de Anciães, fica a 6
quilómetros desta vila a aldeia de Pombal, distando 104 quilómetros
para NE de Braga e 360 para N de Lisboa. No fundo de extenso
"monte", descendo para o rio Tua, brotam aí duas nascentes num local
15
denominado São Lourenço, por se achar o tanque que as recebe
construído em uma casa, que em outros tempos foi a capela dedicada
ao referido santo... Tão modesto balneário foi mandado construir em
1730 pelo Padre António de Seixas, talvez membro da referida Ordem...
16
Igreja de São Lourenço de Anciães
17
O balneário de S. Lourenço, edificado pelo Padre António de Seixas
(Caldas de Anciães, Carrazeda de Anciães, Bragança)
12 Cf. Henrique José de Sousa, Cagliosto e São Germano, in Dhâranâ (1941), p. 77-78.
18
O interior do balneário das Caldas de Anciães, em três ocasiões distintas
19
A Casa dos Marizes, na localidade de Amedo
(Carrazeda de Anciães, Bragança)
20
de Portugal. […]. S. Lourenço de Anciães ligava-se, outrora,
subterraneamente, com os Mundos de Duat. […]. […] a Ordem de
Mariz [reunia-se] em S. Lourenço de Anciães, sob a chancela do Barão
Henrique Antunes da Silva Neves, que adoptava outro nome secreto.
21
[…]. Conforme já foi dito, a Ordem de Mariz não existe mais. Por
isso mesmo não pode nem deve ser reorganizada, pois todo o
Movimento Esotérico obedece a determinado Ciclo. […] Está cerrada
para o século ou ciclo profano, praticamente desde os finais do reinado
de D. João I e o desaparecimento do Condestável Santo, Nuno Álvares
Pereira, reencarnação anterior do Barão Henrique Álvares Antunes da
Silva Neves, de nome esotérico Malaquias, Dharani de 1ª classe, Grão-
Chefe dos Cavaleiros de Mariz, relacionados à 5ª cidade de Laizin ou
Laisin, as Três Chamas, Luzes ou Lumes do Candelabro Universal.
Daí para cá, ou agem fraca e abertamente só em Baixo, em
Badagas-Duat, ou então agem junto de Jivas isolados com Missão
Divina sobre a Terra, como agiram como Encobertos ou Encapuçados
através da Ordens de Avis (Fohat) e de Cristo (Kundalini), cuja fusão
cromática dá o Púrpura de Kala-Shista, Kurat-Ararat ou Sintra”.
22
Ordem da Asa de São Miguel
A Ordem da Asa de São Miguel passa por ser a mais remota das
Ordens de cavalaria de origem portuguesa, supostamente criada por
Afonso Henriques, em data incerta, entre 1165 e 1171, em memória da
aparição e auxílio do braço alado e armado de S. Miguel Arcanjo,
quando da tomada de Santarém (1147).
Uma imagem de vulto, em pedra, outrora colocada na muralha
de Santarém, que retrata o primeiro Afonso, e se crê que constitua o
único monumento do género que subsiste contemporâneo do fundador
da monarquia portuguesa, tem sido muitas vezes invocada como
indício seguro da existência desta Ordem. No supedâneo da escultura,
que ora se acha no Museu da Associação de Arqueólogos [Convento do
Carmo, em Lisboa], lê-se: “El Rei D. Afonso Henriques, que esta vila
[Santarém] tomou aos Mouros em dia de São Miguel, 8 de Maio de
1147”.
23
Consta por tradição que a instituição desta Ordem equestre,
cuja missão consistia em escoltar o rei e custodiar o estandarte real,
ocorreu numa ermida de Alfange (localidade da freguesia de Santa Iria
da Ribeira de Santarém) fundada por Afonso Henriques e dedicada a S.
Bartolomeu dos Cavaleiros. Diz-se que nela foram sepultados muitos
cavaleiros da milícia e, igualmente da Ordem do Templo, a cuja posse a
capela havia de passar antes de transitar para a de Cristo, da qual foi
comenda nova. Em 1750, do edifício já só restavam os alicerces.
Não se mostra adepto desta opinião Frei Bernardo de Brito, o
qual transcreve no capítulo XIX, da sua Crónica de Cister (1597 -1602),
“o modo da instituição, e as Leis, e Regra que haviam de guardar os
Cavaleiros”, cujo teor em vernáculo é o seguinte:
24
aventurado Arcanjo S. Miguel, que viessem em meu socorro e me
livrassem da mão de meus inimigos, como na verdade e com efeito
sucedeu. Porque sendo na guerra quase ganhado o meu Guião pelos
meus inimigos, saltei do carro em que ia para o defender e neste
grande aperto e pelejando a pé (caso digno de toda a admiração) eis
que vi junto de mim, miserável pecador, um braço que pelejava e me
favorecia, o qual (segundo meus olhos puderam julgar) andava
armado, cujo remate cobriam umas asas, como de Anjo. Não vi porém
o corpo que o governava, nem outra pessoa alguma, sendo que muitos
Mouros viram aquela prodigiosa mão, como depois de cativos
confessaram alguns deles. Vendo eu tal mão, esforçado dentro de mim
e interiormente animado, me lancei sobre os inimigos e com tanta
felicidade que ao meu lado caiam mil e dez mil à minha mão direita,
sem que me tocasse ou ferisse golpe algum. Ficou o inimigo vencido e
nós gozámos dos seus despojos e vimos prostrada nos campos de
Santarém aquela bárbara mas valorosa multidão, que tanto nos
perseguira e cantámos louvores a nosso Deus e Senhor por sua
bondade e por sua infinita misericórdia. Depois deste sucesso,
preparando-me eu para dar batalha a El-Rei de Leão, soube que tinha
vindo em meu socorro e se tomara em paz. E alegre e gozoso com tão
boas notícias, caminhei para o Mosteiro de Alcobaça a dar louvores a
meu Senhor Jesus Cristo. Neste Mosteiro me detive trinta e três dias
servindo a Deus e meditando nas coisas da Bem-aventurança. E por
que se não ponha em esquecimento o auxílio de S. Miguel e do meu
Anjo, de Conselho dos sobreditos determinei de fazer uma Ordem e
Companhia de Soldados que tragam sobre o peito uma asa de cor
encarnada, esmaltada com perfil de ouro, assim como se figurou à
minha vista ser aquela que vi na batalha. As condições que hão-de
guardar os Cavaleiros desta Ordem e Companhia e o que hão-de jurar
quando receberem o Hábito da Asa são as seguintes:
1. Aquele que não for Fidalgo da nossa Casa e Corte não poderá
trazer Asa, nem ser admitido à nossa Cavalaria;
2. Todos aqueles, que pelejarem na batalha sobre defenderem o
meu Guião, serão admitidos a esta cavalaria e poderão trazer Asa;
3. Aquele que for admitido a esta Companhia andará nas
batalhas junto de El-Rei ou do seu Guião, o qual não poderá levar
aquele que não for Cavaleiro da Asa;
25
4. Aquele a quem se der a Asa jurará nas mãos do Abade de
Alcobaça e prometerá fidelidade a deus, ao Pontífice Romano e a El-
Rei. E ninguém poderá lançar a insígnia da Asa senão for o Abade de
Alcobaça;
5. Os cavaleiros desta Ordem dirão cada dia o número de
Orações que costumam rezar os Conversos da Ordem de Cister, ou
estejam em paz, ou andem na guerra;
6. Quando algum receber esta Ordem, pagará cinquenta soldos
para reparar o altar de S. Miguel que está no Mosteiro de Alcobaça;
7. Todos os Irmãos desta Cavalaria irão ao Mosteiro de Alcobaça
em véspera de S. Miguel e ouvirão as Vésperas, Matinas e Missa do dia,
na qual comungarão da mão do Abade, vestidos com capas brancas, na
forma que trazemos Irmãos Conversos;
8. O Abade de Alcobaça terá jurisdição sobre os Cavaleiros e os
poderá excomungar, se viverem mal e constrangê-los a que se apartem
de mancebas e devida desonesta;
9. O Cavaleiro desta Irmandade, se tiver filhos ou filho
herdeiro do primeiro matrimónio, não case segunda vez, mas viva em
continência depois da morte da primeira mulher;
10. Quando entrarem na guerra, levem consigo nos escudos a
divisa da Asa, sem nenhuma outra insígnia e na paz não andem em
algum tempo sem ela;
11. Os Cavaleiros desta Irmandade serão brandos aos humildes,
ásperos aos soberbos e em todas as coisas prontos para dar favor às
mulheres, principalmente nobres, às donzelas e viúvas. Serão
defensores da Fé, guerreiros contra os inimigos e obedientes aos
Superiores;
12. O número de Cavaleiros será conforme El-Rei ordenar, e
aquele que escolher será mandado ao Abade de Alcobaça, o qual lhe
dará a Asa e capa branca com sua bênção e lhe tomará juramento na
forma costumada e lhe lerá estas Ordenações e outras da sua Ordem e
assentará o nome dos Cavaleiros em um livro.
E porque esta é a minha vontade e quero deixar minha
lembrança a meus sucessores do benefício do Senhor S. Miguel e do
meu Anjo da Guarda, constituí eu, El-Rei D. Afonso, esta Cavalaria no
Mosteiro de Alcobaça na Era de César de 1205, que fica sendo no ano
de Cristo de 1167”.
26
Apesar de alguns autores colocarem sérias reservas quanto à
legitimidade e verosimilhança do diploma divulgado pelo alcobacense,
outros dão-lhe crédito, não obstante possam até discordar da maioria
dos pormenores relativos à instituição.
Assim, Manuel Severim de Faria afirma que os primeiros
cavaleiros da milícia se instalaram no convento que o monarca
fundador fizera construir no castelo antigo de Évora, aí permanecendo
até à sua transferência para Avis.
Por seu turno, Frei Leão de S. Tomás afirma que Afonso
Henriques, “depois da vitória, que milagrosamente alcançou, foi-se ao
Real Mosteiro de Alcobaça e aí instituiu como agradecido, uma milícia,
cujos cavaleiros trouxessem por insígnias uma asa vermelha no peito
esquerdo, ornada com uns raios, e resplandores de ouro, como a tinha
visto na batalha”.
Já Frei Francisco de S. Luís assevera que a instituição teria sido
amplamente dotada, sendo constituída pelos mais nobres cavaleiros do
Reino.
27
Retrato de Afonso Henriques oriundo do Mosteiro de Alcobaça
No escudo divisa-se a Asa de S. Miguel. Ao fundo, Santarém
28
Por ter sido a Ordem de Cister a publicar, em 1630, a primeira
Constituição conhecida da Ordem da Asa de São Miguel
(Constitutiones Militum S. Michaelis sive de Ala) há quem sustente
que, até essa data, os cavaleiros da Ordem integravam dois grupos, um
de religiosos e outro de militares, sendo um composto por professos da
própria Ordem de Cister, e o outro por capitães e nobres.
13 Cf. v. 2, p. 418-419.
29
O Abade Bernardo Giustiniani, na sua Historie Cronologiche
dell'origine degl'Ordini Militari e di tutte le Religioni Cavalleresche
14, disponibiliza um rol de cavaleiros, sustentando ter havido vinte e
14 Veneza, 1692, Parte I, cap. XXVIII: Cavalieri dei Ala di S. Michiele in Portogallo, p.
428-433.
15 Cf. cap. II, p. 70.
30
Ordem da Espada
31
“Auia en la ciudad de Fez grande y poderosa una torre fuerte, y
en la mas principal que era la torre del homenage estava con mucha
arte una espada en la ultima piedra de ella o en la bola que estava por
remate, la qual puso un Moro supersticioso alli diziendo que entonces
vernia a acabarse el reyno de los Moros en Africa quando aquella
espada fuesse quitada por un Christiano. Esto era en aquel tiempo en
que se mirava, y como el rey [D. Afonso V] lo supiesse y deseasse
continuar la conquista de Africa ordeno de criar cierto collar y divisa
que se diesse a cierto numero de cavalleros que trayendola los
encendiesse a conquistar la tierra de los Moros y llegar si pudiesse a
ganar aquela espada”.
32
D. Afonso V (iluminura)
33
Por seu turno, o académico luso admitiria a verosimilhança da
Milícia em apreço ao escrever:
34
quem é devido o inventário e estudo sistemático das fontes impressas e
manuscritas respeitantes à Ordem da Espada até 1918, só podia ter
acolhido displicentemente os relatos de tão distintos cronistas, os
quais crismou, depreciativamente, de lendários.
35
Indícios seguros, de resto, de que o monarca cognominado
Africano não foi um homem comum. Com efeito, um significativo
número das suas acções pressupõem uma cosmovisão não
compaginável com a agenda da generalidade da historiografia
convencional hodierna.
Astrólogo, músico, alquimista confirmado, iniciado na Kaballah,
talvez pela arte e pelo engenho de Dom lsaac Abravanel, seu
conselheiro indefectível, almoxarife e rabi-mór de Portugal, Afonso V
dedicou-se de igual modo à exegese bíblica e, sobretudo, aos cálculos
das cronologias e à epilogística, como se deduz do passo seguinte de
uma carta (1503) de Cristóbal Colón aos Reis Católicos:
18 Cf. Livro de Profecia. Ver Manuel J. Gandra, Livro das Profecias de Cristóbal Colón,
Mafra, Cesdies, 2013 e Cadernos da Tradição, s. 2, n. 1 (Mafra-Rio de Janeiro, Cesdies-
Instituto Mukharajj, Out. 2013).
19 A este propósito lê-se num folheto intitulado Anti-Sebastianismo, ou Antídoto contra
vários abusos (Lisboa, 1809, p. 22-23): “Vamos a outra profecia a que deu lugar ter-se
criado novamente a Ordem da Torre e Espada. Já dizem que a Espada significa os
Portugueses que hão-de aterrar o Mundo, e a Torre são as cidades do Além-Tejo, onde
há-de vir a morrer Napoleão por mãos de um homem de estatura extraordinária e
barbas compridas e brancas, o qual há-de sair de entre dois montes, os quais se hão-de
abrir para sair este homem. Pode dar-se mais desatino! Se estes sujeitos [sebastianistas]
estivessem certos no que aconteceu em tempo de El-Rei D. Afonso [V], saberiam que
nesse mesmo ano (?) fundou a Ordem da Espada, cuja empresa e divisa era uma Torre
que no alto dela tinha uma espada, metida a terça parte dela pelo capitel, em sinal da
36
Assim sendo, as Tapeçarias de Pastrana 20, poderão mesmo
celebrar o encerramento do primeiro ciclo de existência da Ordem da
Espada, encetado pela cunhagem de uma moeda denominada
Espadim. De facto, as insígnias particulares da milícia ali se observam
reiteradas vezes, irmanadas com o corpo da empresa real bordado nos
guiões: um “rodízio de moinho com gotas de água derrador espargidas
que tomara pela rainha D. Isabel, sua mulher”, o qual tinha, sobreposto
aos eixos, o respectivo mote ou alma, consubstanciado na palavra
JAMAIS.
A Roda das Navalhas espargindo gotas de água (ou línguas de fogo?), divisa
de D. Afonso V, na portaria do convento do Varatojo (Torres Vedras)
conquista de Fez, cabeça da Mauritânia adonde está uma Torre com aquela Espada, e
têm os bárbaros o agouro de que a há-de tirar dali um Príncipe cristão”.
20 António Filipe Pimentel (coord.), A Invenção da Glória: D. Afonso V e as Tapeçarias
37
Afonso V de Portugal nunca logrou apoderar-se de Fez,
extraindo a espada da torre onde se dizia embebida. Sem embargo,
uma crónica anónima, contemporânea, asseverava que havia de
cumprir as profecias de Santo Isidoro, entrando em Castela com o
título de Encoberto (a ele aplicado pela primeira vez, antes das
Germanias e de D. Sebastião!), montado num cavalo de madeira, para
instaurar um reinado de ordem e virtude 21:
38
ORDENS EFÉMERAS
Ordem da Madressilva
41
último alento da vida, porque murchariam as folhas, mas não havia de
desmaiar o seu incendido coração. […] as folhas desta planta nascem
dos nós dos ramos, duas em duas, que exprime união e ordem, precisas
virtudes nas batalhas, e que estas folhas são verdes por cima e alvadias
por baixo. Admirável Empresa desta ordem Militar que na união e na
igualdade estabelecia no verde a firme esperança do triunfo, pelo
cândido a Fé com que à Igreja e ao Reino sacrificavam as vidas. […]
todas as espécies de madressilva compreende o nome de Periclymenon,
composto de peri, que é o mesmo que ao redor, e de Chylio, que é o
mesmo que envolver, porque todas se envolvem e se abraçam com as
plantas vizinhas. Grande razão para esta Empresa, porque abraçados e
unidos estes cavaleiros com as plantas vizinhas da outra Ordem dos
Namorados, se elevavam triunfantes às outras matas da Campanha;
razão por que a esta planta chamam muitos Volucrum maius, porque
excede a todas” 23.
Bibliografia
23Cf. História das Ordens Militares que houve no Reyno de Portugal, Lisboa, 1735, p.
464-466.
42
Ala dos Namorados
Bibliografia
43
LOBO, Rodrigues, O Condestabre, Lisboa, Pedro Crasbeeck, 1610, XIII
LOPES, Fernão, Chronica de El-Rei D. João I, Lisboa, 1897, cap. XLII, p. 160-168
MARTINS, Oliveira, Vida de Nun’Álvares, cap. VI (Aljubarrota)
SOUSA, Frei Luís de, Chronica de S. Domingos, Lisboa, 1623, parte 1, liv. 6, cap. 5
VASCONCELOS, Adriano Mendes de, Breve notícia das Ordens-Monástico-militares
em Portugal, Viseu, 1909, p. 144-145
44
Ordem da Cruz
de Nosso Senhor Jesus Cristo
e divisa de São Sebastião
45
O ofício que D. Sebastião enviou ao embaixador em Roma na
ocasião faz luz sobre o evento:
Frontispícios dos
Tombos, bens e jurisdições das Ordens Militares e do Livro das Escrituras da
Ordem de Cristo, do Doutor Pedro Álvares
46
dia em que se comemora a festa litúrgica de S. Sebastião e,
exactamente, no momento em que a procissão anual realizada pela
cidade de Lisboa em seu louvor chegava às Portas do Sol, diversas
vezes foi evidenciada pelo monarca, designadamente:
28 Cf. Da Fabrica que falece à Cidade de Lisboa, 1571, fl. 26v-27r [BA: 51-III-9].
47
Projecto da igreja circular dedicada a S. Sebastião, visionada por
Francisco de Holanda (Da Fábrica que falece à Cidade de Lisboa)
48
4. Em 1574 (Fevereiro), em virtude do envio pelo papa Gregório
XIII (Breve Permagnum est, de 8 de Novembro de 1573), de uma seta
embebida no sangue do santo, evento cantado por Luís de Camões na
Oitava III das suas Rhymas 29:
29Cf. Oitava sobre a Seta que o Santo Padre mandou a El-Rei D. Sebastião, no ano do
Senhor de 1575, in Rhymas de […], Lisboa, 1595, fl. 69r-70v.
49
pregando-se nos peitos que as tiravam.
Ó querido de Deus, por quem peleja
o ar também e o vento conjurado,
ao atambor acode, por que veja
que quem a Deus ama é de Deus amado.
Os contrários, revéis à madre Igreja,
atroarão com o som do Céu irado,
que assim deu já favor maior que humano
a Josué hebreu, a Teodósio hispano.
Pois se as setas, tiradas da inimiga
corda, contra si só nocivas são,
que farão, Rei, as vossas, que têm liga
co’a que já tocou Sebastião?
Tinta vem do seu sangue com que obriga
a levantar a Deus o coração,
crendo que as que vós atirareis
No sangue sarraceno as tingireis.
Ascânio — se trazer-me é concedido,
entre santos exemplos, um profano —,
rei do largo Império conhecido
Romano, e só relíquia do Troiano,
vingou, com seta e ânimo atrevido,
as soberbas palavras de Numano;
e logo foi dali remunerado,
com louvores de Apolo celebrado.
Assim vós, Rei, que fostes segurança
de nossa liberdade, e que nos dais
de grandes bens certíssima esperança;
nos costumes e aspeito que mostrais,
concebemos segura confiança
que Deus, a quem servis e venerais,
vos fará vingador dos seus revéis,
e os prémios vos dará que mereceis.
Estes humildes versos, que pregão
são destes vossos Reinos, com verdade,
recebei com benigna e leda mão,
pois é devida a Reis benignidade.
Tenham — se não merecem galardão —
favor, sequer, da régia Majestade;
50
assim tenhais, de quem já tendes tanto,
com o nome e Relíquia, favor Santo.
51
Tábua de Gaspar Soares da matriz de Évora de Alcobaça
52
Iluminura do Elogio dos Reis de Portugal de Pêro Andrade de Caminha
Repare-se na presença ostensiva das setas, e na repetição
do feixe de setas associadas à coroa
53
A única iconografia conhecida da insígnia desta milícia ocorre
numa iluminura do Elogio dos Reis de Portugal (1578?) de Pêro
Andrade de Caminha, autor que compôs diversas obras em verso em
louvor do Desejado, entre as quais um epigrama (CLXXXVII)
justamente intitulado A El-Rei Nosso Senhor da Setta que traz no
peito:
Bibliografia
XXIV, pela qual D. Maria I criou a Grã-Cruz das Três Ordens Militares. Ver, infra.
54
ORDENS MILITARES
Ordem de São Bento de Avis
57
cerca de 1223-1224, sob o mestrado de Fernão Rodrigues Monteiro,
transferindo-se os freires de Évora para Avis, o instituto militar havia
de adoptar a designação Ordem Militar de Avis.
As grandes obras militares e conventuais promovidas em Avis
neste período são devidas ao mesmo mestre, tal como a segunda carta
de foral concedida à vila, em 1223.
A partir de então suceder-se-iam as visitações a Avis realizadas
pelo mestre de Calatrava ou por emissários seus.
Em recompensa pela efectiva participação nas campanhas de
expugnação do Algarve, durante o reinado de D. Afonso III, o
património fundiário da instituição cresceu significativamente, vendo-
se drasticamente reduzido por D. Afonso IV em virtude de litígios e
abusos de autoridade exercidos pela Ordem sobre os respectivos
súbditos.
No ano de 1365, D. João, filho bastardo de D. Pedro I, assumiu,
por vontade de seu pai, o cargo de mestre da Ordem de Avis dando
início à nacionalização dela, a qual viria a consumar-se imediatamente
após a crise de 1383-1385. O Cisma do Ocidente foi a circunstância
que desencadeou a ruptura, porquanto enquanto a Ordem de
Calatrava adaptara o partido do antipapa de Avinhão, Clemente VII,
Avis mantivera-se fiel ao papa Urbano VI, de Roma. Consumada a
cisão, em Outubro de 1387, Fernão Rodrigues havia de ser eleito
mestre da Milícia sem que tivesse sido solicitada a presença do mestre
de Calatrava, facto inédito até então.
Com as letras Pastoralis Officii Cura, decretadas por Bonifácio
IX, em 1391, pareceu institucionalizada a independência de Avis face a
Calatrava. Porém, o processo não ficaria encerrado, uma vez que o
mestre de Calatrava diligenciou reiteradamente o regresso de Avis à
sua dependência. A questão voltaria à baila por ocasião do Concílio de
Basileia (1437), no qual interveio o bispo do Porto, enquanto porta-voz
de D. Duarte, na defesa da tese de que Avis se desligara
definitivamente de Calatrava 31.
Nos finais do século XV e inícios do XVI, a Ordem de Avis foi
objecto de alterações estatutárias de enorme repercussão: em 1496,
31O ano de 1438 marcou uma das últimas tentativas de Castela para reafirmar a sua
tutela sobre a Ordem de Avis, mediante o envio de uma embaixada a Portugal, com o
intuito de a posição de Calatrava.
58
por decisão de Alexandre VI, os cavaleiros passaram a poder contrair
matrimónio, mesmo que ligados perenemente à Ordem; em 1505, nova
concessão, desta vez por intermédio de Júlio II, permitiu-lhes
desvincularem-se do voto de pobreza, salvaguardando os seus bens de
raiz e dando-lhes liberdade para transaccionar, herdar e testamentar
esses bens; finalmente, em 1550-1551, os mestrados das Ordens
haviam de ser definitivamente anexados pela Coroa.
No século XVII a Ordem de Avis detinha jurisdição sobre 18
cidades e vilas, 128 igrejas e 49 comendas.
59
Bernardim Freire de Andrada e Castro
Gravura de G. F. de Queirós
60
Sebastião Drago Valente de Brito Cabreira
Retrato por Francisco A. Silva Oeirense, gravado por J. V. Sales
61
No período compreendido entre 1789 e 1834 os membros da
Ordem estiveram limitados a 3 Grã-Cruzes (6, em 1796), 49
Comendadores e um número ilimitado de Cavaleiros, sendo também
admitido um número limitado de militares estrangeiros.
Em 1834, após a perda das suas possessões e benfeitorias, a
Ordem de Avis tornou-se uma Ordem de Mérito destinada a agraciar
militares, políticos, diplomatas e outros serviços relevantes. Civis
foram também condecorados, até 1894, ano em que a Ordem de Avis
se tornou exclusiva dos Oficiais do Exército e da Marinha 32.
Actualmente, a propositura do agraciamento compete
exclusivamente ao Ministro da Defesa, destinando-se a premiar
serviços militares relevantes e distintos, sendo exclusivamente
reservada a oficiais das Forças Armadas, da Guarda Nacional
Republicana e da Guarda Fiscal (extinta e integrada enquanto brigada
especial na GNR, em 1995) e, ainda, a unidades, órgãos,
estabelecimentos e corpos militares, na redacção dada ao artigo 5° da
Lei Orgânica das Ordens Honoríficas Portuguesas, pelo art. 1° do
Decreto-Lei n. 85/88, de 10 de Março.
A Classe da Ordem concedida depende do posto do recipiente,
consoante as Alterações introduzidas aos artigos 35º, 36º e 37º, pelo
Decreto Regulamentar nº 12/2003, de 29 de Maio (ver Adenda).
Insígnias
32Desconhece-se o número dos seus membros de 1834 a 1894, ano em que foram
aprovados novos Estatutos.
62
Insígnias dos vários graus
63
Grã-Cruz: usa a banda da Ordem posta a tiracolo da direita para a
esquerda e, a placa de ouro, igual à de grande-oficial.
Bibliografia
REGO, D. Francisco Xavier do, Descrição cronológica, histórica e crítica da Vila e Real
Ordem de Avis, Avis, 1985
REGRA DA CAVALARIA e Ordem Militar de São Bento de Avis, Lisboa, Jorge
Rodrigues, 1631
64
Ordem de Santiago da Espada
65
O reconhecimento da autonomia do ramo português da Ordem
de Santiago da Espada ocorreu em 1288, mercê da bula Pastoralis
Officii, do papa Nicolau IV.
Face aos sucessivos protestos de Castela, outra bula, a Ex
apostolice sedis (1452), do papa Nicolau V, declarou definitiva a
autonomia do ramo português, durante o mestrado do Infante D.
Fernando, duque de Viseu e de Beja.
66
Entrega do guião da Ordem de Santiago da Espada ao mestre
D. Pedro Fernandes: painel do retábulo de Santiago [MNAA]
67
O mestre D. Paio Correia invoca a Virgem em Tentúdia:
painel do retábulo de Santiago [MNAA]
68
Investidura do mestre da Ordem de Santiago da Espada:
painel do retábulo de Santiago [MNAA]
69
Afonso de Albuquerque, cavaleiro de Santiago da Espada
70
Cunho de prata com insígnia da Ordem de Santiago da Espada
[MNAA; 60 x 52 mm], destinado a autenticar os documentos produzidos
pela Mesa da Consciência e Ordens
Insígnias
71
Grande-Colar: formado por vieiras, com 30 mm x 30 mm, suspensas
em corrente dupla; ao centro, uma vieira, com 35 mm x 35 mm,
ladeada por dois golfinhos; o colar, todo de ouro, tem pendente e
encadeada por uma coroa de louros com os seus frutos, com 25 mm x
32 mm, a cruz da Ordem, de esmalte violeta e perfilada de ouro, com
40 mm x 60 mm, circundada por um festão de folhas de louro com os
seus frutos, atado com fitas cruzadas nos topos e nos lados, também de
ouro, com 52 mm x 65 mm. Nos actos solenes, os agraciados com a
Ordem Militar de Santiago da Espada usá-lo-ão à volta do pescoço
assente sobre os ombros, em prata, para os cavaleiros e, de ouro, para
os demais graus.
72
Oficial: a mesma insígnia, tendo sobre a fivela uma roseta da cor da
fita, com 10 mm de diâmetro e, o colar de ouro.
Banda da Grã-Cruz
73
especial, destinado, exclusivamente, a agraciar Chefes de Estado
estrangeiros.
74
Insígnia magistral e Placa para a banda de Grã-Cruz da
Ordem de Santiago de Espada
Bibliografia
75
Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo
onde pintou, além de outras, trinta e duas bandeiras com a cruz de Cristo. Cf. Notícia de
Alguns Pintores, s. 2, Lisboa, 1906, p. 36, n. XXI. Ver ainda: Augusto Cardoso Pinto, As
bandeiras das três Ordens Militares, in Elucidário Nobiliarchico, v. 2, Lisboa, 1929, p.
127-137 (também com o título Subsídios para o estudo das Signas Portuguesas: I. As
Bandeiras das três Ordens Militares, Lisboa, 1932); Vieira Guimarães, A Cruz da
Ordem de Cristo nos navios dos descobrimentos Portugueses, Lisboa, 1935; [Rocha
Martins?], A Cruz da Ordem de Cristo nas velas dos navios de guerra, in Arquivo
Nacional, a. 8, n. 366 (11 Jan. 1939), p. 28-29; Frazão de Vasconcelos, A Cruz da Ordem
de Cristo na Marinha Portuguesa, in Anais da União dos Amigos dos Monumentos da
Ordem de Cristo, v. 2 (Jun. 1951), p. 248-252.
77
A cruzeta branca interior, que torna a cruz vazada, remete
certamente para S. João (X, 9: “Eu sou a porta. Se alguém entrar por
mim, será salvo”) ou para S. Mateus (VII, 13: “Entrai pela porta
estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que guia para a
perdição”).
A conduta moral impoluta exigível aos detentores de uma venera
de tão elevada craveira espiritual, nem sempre imperou, como deixa
adivinhar uma célebre tirada do carmelita D. Baltasar Limpo, bispo do
Porto e depois arcebispo de Braga, o qual
37Cf. Ditos portugueses dignos de memória, n. 966, p. 350. Manuel Severim de Faria,
na sua Vida de Diogo do Couto, assevera que o cronista escrevera ao Rei afirmando:
“Eu não peço a Sua Majestade que me faça fidalgo, nem me dê o hábito de Cristo,
porque o mundo está tão cheio deles que ainda hei-de ser conhecido por homem que
não tem hábito”. Ver Alexandre Pinheiro Torres, Velhas receitas para se obter o hábito
da Ordem de Cristo, in JL, a. 1, n. 14 (1 a 14 Set. 1981), p. 18.
78
Também os estrangeiros em trânsito comentaram a proliferação
das insígnias da Ordem de Cristo.
Richard Twiss considerou que recebê-la constituía quase uma
desgraça. Em 1730, Saussure afirmava-se surpreendido por o Rei e os
Príncipes a ostentarem, porquanto “é depreciada devido ao grande
número de pessoas de todas as classes que a possuem”.
O criado do cardeal Cunha chegava a exibi-la ao peito, para
escândalo de muitos, enquanto servia chocolate e água fresca nos
serões palacianos.
A insígnia era oferecida aos agraciados pelos respectivos
padrinhos.
D. João V, 20º Grão-Mestre da Ordem de Cristo, recebeu-a das
mãos de seu pai, em 1696, com sete anos de idade, após ter sido jurado
herdeiro da Coroa. Por seu turno, o Príncipe Regente D. João receberia
o Hábito de Cristo a 25 de Maio de 1785, no Oratório do Palácio da
Ajuda.
79
Com efeito, a cruz pátea, também chamada orbicular (Garrett),
espalmada de braços concâvos (Félix Alves Pereira) e de braços
curvilíneos (Abel Viana), tem origem oriental, devendo-se a sua
difusão à propagação do cristianismo ao Império bizantino, bem como
ao Médio-Oriente e Egipto, onde ganhou expressão o cristianismo dito
sírio, caldaico ou copta. Símbolo do reino da Arménia, acabaria por
chegar à China e à Mongólia, por intermédio dos missionários
nestorianos.
Entre diversos outros casos rastreáveis no actual território
Português, podem apontar-se: o epitáfio com circulus in quo crux do
Museu Nacional de Arqueologia (onde é possível observar o ponto que
serviu de apoio ao compasso utilizado para desenhá-la) 38; os epitáfios
de Cyprianus (25 de Agosto de 537) e de Antónia (3 de Agosto de 571),
ambos de Mértola 39; as cabeceiras discóides do cemitério paleocristão
de S. Miguel de Odrinhas (Sintra) 40; algumas pilastras visigóticas de
Sines 41.
38 Cf. Maria Manuela Alves Dias, Três fragmentos de inscrições paleocristãs, p. 314.
39 Cf. Ficheiro Epigráfico.
40 Félix Alves Pereira, Por caminhos da Ericeira, in O Archeologo Portuguez, v. 19
(1914), p. 324-362.
41 D. Fernando de Almeida, Sines Visigótica, in Arquivo de Beja, v. 25-27 (1968-70), p.
17-19.
80
Cruciforme profiláctico constituído
pelo espaço vazado entre os braços da cruz orbicular
81
Quanto à cruz concedida aos cavaleiros de Cristo, uma das mais
antigas, porventura a mais remota das suas representações conhecidas,
patente num emprazamento realizado (1322) pelo mestre Frei João
Lourenço, torna inviável a tese que a considera adaptação da dos
templários, resultante da mera eliminação dos arcos convexos das suas
extremidades.
O assunto é de tal modo controverso que até Leite de
Vasconcelos se equivoca quando descreve estelas discóides do Museu
Nacional de Arqueologia e do Museu de Beja, ao ponto de atribuir a
cruz pátea à Ordem de Cristo43.
82
português, Frei Estêvão de Belmonte, Grão-Mestre do Templo nos três
Reinos 45, antes de surgir insculpida em discóides de Tomar e Nisa.
45 Trata-se de um selo pendente, preso por tiras de cabedal [ANTT: gaveta VII, maço 6,
n. 8]. Cf. D. Luís Gonzaga de Lancastre e Távora, Um selo medieval português da
Ordem do Templo, in Revista da Associação dos Cavaleiros Templários de Portugal, n.
0 (Mai. 1981), p. 5-6 e O Estudo da Sigilografia Portuguesa, Lisboa, 1983, p. 162, n.
129.
46 Manuel Luciano da Silva, Os Pioneiros Portugueses e a Pedra de Dighton, Porto,
1974, p. 108-118.
47 Raúl da Costa Couvreur, A Cruz de Cristo na moeda portuguesa e em particular a da
Ordem de Cristo, in Anais da União dos Amigos dos Monumentos da Ordem de Cristo,
83
na cartografia 48, na ourivesaria 49, em edifícios (enquanto nas rosáceas
da Torre de Belém, de cerca de 1520, a cruz é grega, já nos escudos-
ameias o braço inferior é maior que qualquer um dos três restantes!) 50.
União dos Amigos dos Monumentos da Ordem de Cristo, v. 2 (Dez. 1948), p. 169-172.
84
e não como distintivo de qualquer Ordem monástica" 51. Dessas
conheço, ao todo, apenas oito: três de Tomar, outras tantas de Ulme
(igreja Santa Marta) 52, uma de Torres Vedras (adro da igreja de S.
Pedro) 53, outra no Museu do Carmo (proveniente do adro da igreja de
S. Pedro de Dois Portos, Torres Vedras) 54 e, finalmente, uma no
Museu Municipal de Mafra, presumivelmente oriunda do adro da
igreja de Santo André da mesma vila 55.
1985.
53 José Beleza Moreira, Cabeceiras de sepultura do Museu de Torres Vedras, Torres
Vedras, 1982.
54J. M. Cordeiro de Sousa, Comunicação feita pelo sócio titular […] à Secção de
85
Pés da arca tumular de Dom Frei Gonçalo de Sousa (Museu do Carmo. Lisboa)
Cabeceira de sepultura de Maria Domingues (idem)
86
Insígnias da Ordem de Cristo - Cruz grega
87
88
89
90
91
D. Vasco da Gama, enquanto Vice-Rei da Índia;
D. Sebastião, do Kunsthistorisches Museum de Viena [inv. n. GG 3493]
92
Cavaleiros de Cristo: D. Álvaro de Lencastre [Ega] e D. Álvaro da Costa,
pormenor do Casamento de Santo Aleixo, 1538 [S. Roque]
93
Insígnias nanbam da Ordem de Cristo
94
Marco de Porto Seguro (Brasil)
95
Cunho de prata com insígnia da Ordem de Cristo
[MNAA; 60 x 52 mm], destinado a autenticar os documentos produzidos
pela Mesa da Consciência e Ordens
96
D. Nuno Álvares Pereira de Melo e D. Luís da Cunha
97
Grã-Cruz da Ordem de Cristo
Concebida por Ambroise Pollet, durante o terceiro quartel do século XVIII, em
prata, esmalte, brilhantes, granadas, rubis e minas novas. Sabe-se que D.
Pedro III possuiu três destes Hábitos de Cristo, um dos quais era constituído
por 292 brilhantes e 38 rubis.
98
Projecto de Grã-Cruz da Ordem de Cristo, de Joaquim Félix de Carvalho
99
D. Maria I e D. Pedro III (Grã-Cruz da Ordem de Cristo)
Pormenor do retábulo principal do Paço Real Bemposta
A família de D. Maria I por Giusepe Troni
100
2º visconde de Santarém, ostentando a Grã-Cruz da Ordem de Cristo
101
Conde de Novion, com hábito e Grã-Cruz da Ordem de Cristo
102
Projecto de Diadema, destinado à Princesa Augusta Vitória
(Leitão e Irmão, 1913) [MNAA]
Bibliografia
ANÓNIMO, A cruz de Cristo nas velas dos navios de guerra, in Arquivo Nacional, a. 8,
n. 366 (11 Já. 1939), p. 28-29
COUVREUR, Raul da Costa, A cruz na moeda Portuguesa e em particular a da Ordem
de Cristo, in AUAMOC, v. 1 (Fev. 1943), p. 209
Idem, A cruz da Ordem de Cristo em moeda estrangeira, in AUAMOC, v. 2 (Out. 1943),
p. 4
GUIMARÃES, Vieira, A Cruz da Ordem de Cristo nos navios dos Descobrimentos
Portugueses, in Bol. da Sociedade de Geografia de Lisboa, s. 54, n. 1-2 (Jan.-Fev.
1936), p. 3-14
SILVA, Nuno Vassalo e, Os Polet, joalheiros de D. Maria I, Fundação das Casas de
fronteira e Alorna, Junho 1993 (policopiado)
TAMMANN, Gustav A. / TRIGUEIROS, António Miguel, The Three Portuguese
Military Orders of Knightwood (1789-1910), in O.M.S.A. Medal Notes, n. 1 (Glassboro,
NJ, USA, 1997)
TRIGUEIROS, António Miguel, As Ordens Militares Portuguesas No Império do Brasil
(1822-1889), in Moeda, n. 1 (2011), p. 24-46
Idem, Estudos inéditos de falerística das antigas Ordens Militares portuguesas:
insígnias quinhentistas e seiscentistas com iconografia oriental do espólio da ilustre
Casa de Sousa (Arronches), in Congresso Internacional A Ordem de Cristo e a
Expansão (Lisboa, 24 a 27 de Julho de 2013)
VASCONCELOS, Frazão de, A cruz de Cristo na Marinha Portuguesa, in AUAMOC, v.
2 (Jun. 1951), p. 248
Idem, A cruz de Cristo: Cruz de Portugal, Lisboa, 1960
103
ORDENS HONORÍFICAS
Ordem da Torre e Espada
ouro, realizadas nesse período, destinadas à manufactura das “novas medalhas”. Cf.
Ordens honoríficas do Brasil.
107
Silva, estabelecido no Rio de Janeiro, o qual auferiria 700$000 réis
pelo feitio, sendo referidas na relação das jóias do rei D. João VI feita
pelo seu criado particular em Janeiro de 1825, bem como no posterior
inventário de 1842-1844.
A Ordem achava-se organizada em três classes: Grã-Cruz,
Comendador e Cavaleiro, competindo aos membros da Família Real
portuguesa ocupar os cargos mais elevados e simbólicos: o Príncipe
Regente, tal como já acontecia com as outras Ordens Honoríficas, era
o Grão-Mestre; o Infante D. Pedro, Príncipe da Beira, o Grã-Cruz
Comendador-Mor; o Infante D. Miguel, o Grã-Cruz Claveiro; o
Almirante-General da Armada Real Portuguesa e Infante de Espanha,
D. Pedro Carlos de Bourbón e Bragança, o Grã-Cruz Alferes.
Um dos mais marcantes aspectos da organização desta Ordem
era o facto dos efectivos de algumas das classes estarem limitados.
Originalmente, em 1808, a Ordem admitia 12 Grã-Cruzes, dos quais 6
eram Grã-Cruzes efectivos (que tinham direito a uma tença anual de
100$000) e 6 Honorários. Os Comendadores efectivos eram,, apenas,
8, não existindo limite para os Honorários. De igual modo, não existia
limite para o número de Cavaleiros. No entanto, por Alvará de 5 de
Julho de 1809, com o propósito de evitar abusos e garantir alguma
exclusividade no acesso à Ordem, o número de Comendadores
Honorários foi limitado a 24 e o de Cavaleiros a 100.
Quando da criação desta Ordem, e a exemplo do que acontecia
com as antigas Ordens Militares, estava previsto que os Grã-Cruzes e
Comendadores tivessem direito ao rendimento de Comendas, o que, de
facto, não aconteceu, gerando tal um movimento no sentido de a
desconsiderarem. Nas suas Memórias a Condessa de Linhares, refere
que, por esse motivo, havia quem chamasse, depreciativamente, à
Ordem da Torre e Espada uma "Ordem de petas”, destinada mais aos
círculos estrangeiros "de hereges" do que aos portugueses.
Rapidamente, porém, se havia de tornar popular e cobiçada.
Durante a guerra civil, ambos os campos em conflito (Liberais e
Absolutistas) concederam a Ordem da Torre e Espada. Do lado de D.
Miguel esta somente era concedida a Oficiais, motivo por que foi criada
uma nova insígnia (de bordar no uniforme) chamada Cruz de Valor e
Mérito, destinada a ser concedida às Praças e Oficiais inferiores, mas
que gozava de prestígio idêntico à Torre e Espada.
108
Do lado Liberal assistir-se-ia à concessão de centenas de
insígnias da Ordem, nomeadamente aos inúmeros mercenários
estrangeiros que militavam nas suas fileiras.
109
No âmbito da Guerra Peninsular, foram muitos os oficiais
britânicos ao serviço do exército português que a receberam, assim
como foi crescente o número de oficiais portugueses condecorados.
Com o termo do conflito e a assinatura da Convenção de Évora-
Monte, D. Maria II estabeleceu o padrão-base da Ordem tal como
ainda hoje é concedida.
110
Decreto de 13 de Maio de 1808
instaura a nova Ordem da Espada 58
58BRASIL. Leis etc., Colecção das Leis do Brazil de 1808, Rio de Janeiro, Imprensa
Nacional, 1891, p. 28-29.
111
lealmente me acompanharam e assistiram, sacrificando os seus
próprios interesses ao maior bem da honra e da vassalagem que me é
devida; e por outra parte, não convém demorar mais tempo a
publicação desta tão importante obra, tanto mais estimável, quanto
mais próxima for da sua origem: hei por bem confirmar a sobredita
Ordem de Cavalaria denominada da Espada, que se acha haver sido
instituída por meu Avô de gloriosa memória, o Senhor D. Afonso o V,
chamado o Africano, na era de 1459; para que haja de ter o seu devido
efeito, como se fosse novamente criada por mim, e suscitada logo
depois que cheguei tão felizmente ao Porto da Cidade da Baía. Quero
que sirva este Decreto de base à lei da criação, que mando formar; e
ordeno a D. Fernando José de Portugal, do meu Conselho de Estado,
Ministro Assistente ao Despacho do meu Gabinete e Presidente do Real
Erário, me haja de apresentar os novos Estatutos que houverem de
resultar das conferencias de que o tenho incumbido, e das mais
instruções que for servido dar-lhe. Palácio do Rio de Janeiro em 13 de
Maio de 1808.
59BRASIL. Leis etc., Colecção das Leis do Brazil de 1808, Rio de Janeiro, Imprensa
Nacional, 1891, p. 167-171.
112
as que há nesta Monarquia; mas não podendo bastar, porque tendo-
se-lhes unido instituições e cerimónias religiosas, não quadram aos
estrangeiros de diversa crença e comunhão, merecedores de prémios
desta natureza: querendo eu não só assinalar nas eras vindouras esta
memorável época, em que aportei felizmente a esta parte
importantíssima dos meus Estados, os quais por meio deste grande e
extraordinário acontecimento e pela imensa riqueza dos tesouros que
lhes prodigalizou a natureza e pela liberdade e franqueza do Comércio
que fui servido conceder aos seus naturais, hão de elevar-se a um grau
de consideração mui vantajoso: desejando outrossim premiar os
distintos serviços de alguns ilustres estrangeiros, vassalos do meu
amigo e fiel aliado El-Rei da Grã-Bretanha, que me acompanharam
com muito zelo nesta viagem: considerando que a única ordem
puramente politica e de instituição portuguesa é a que foi criada na era
de 1459 pelo Senhor Rei D. Afonso V, de muito ilustre e esclarecida
memoria, denominado o Africano, com o título de Ordem da Espada,
para celebrar o ditoso acontecimento da conquista que empreendera: e
que com a renovação dela se enchem os ponderosos e uteis fins de
assinalar o feliz acontecimento da salvação da Monarquia e da
prosperidade e aumento deste Estado do Brasil, e de premiar também
aqueles meus vassalos, que preferiram a honra de acompanhar-me a
todos os seus interesses, abandonando-os para terem a feliz dita de me
seguirem: fui servido instaurar e renovar a sobredita Ordem da Espada
por Decreto de 13 de Maio do corrente ano, que se publicará com esta
minha Carta de Lei, e para dar-lhe mais estabilidade e esplendor,
tendo ouvido o parecer de pessoas mui doutas, e mui zelosas do meu
real serviço e da felicidade desta Monarquia, hei por bem determinar o
seguinte:
I. A mencionada Ordem ficará designada com o nome da Torre e
Espada, sendo eu o Grão-Mestre dela; e Grã-Cruz Comendador-Mor o
Príncipe da Beira; Grã-Cruz Claveiro o Infante D. Miguel, meus muito
amados e prezados Filhos; e Grã-Cruz Alferes o Infante D. Pedro
Carlos, meu muito prezado sobrinho; e me praz outrossim determinar
que para o futuro serão sempre Grão-Mestres os Senhores Reis desta
Monarquia, e Grã-Cruzes os Príncipes e Infantes, sendo Comendador-
Mor o sucessor presuntivo da Coroa e Claveiro o mais velho dos
Infantes e Alferes o que se lhe seguir.
113
II. Terá a mesma Ordem, além dos sobreditos, mais doze Grãos
Cruzes, seis efectivos e seis honorários, os quais passarão por
antiguidade a efectivos na morte de algum deles. Serão os nomeados
para ela pessoas da maior representação e a quem já competia o
tratamento de Excelência pela graduação em que estiverem; e caso o
não tenham, pela nomeação de Grã-Cruz lhes ficará pertencendo.
VI. A insígnia desta Ordem será uma chapa de ouro redonda que
terá de um lado a minha real efígie e no reverso uma espada com a
letra – Valor e Lealdade – para os simples Cavaleiros: e para os
Comendadores e Grã-Cruzes terá mais uma torre no cimo dela; e
poderão na casaca usar de chapa, em que tenham a espada, a torre e a
legenda acima referida.
114
determinado e praticam os Grã-Cruzes, Comendadores e Cavaleiros
das três Ordens Militares; e os colares e chapas serão conformes aos
padrões que vão desenhados.
115
desaproveitados que convenham para esta instituição, cujo regime se
estabelecerá melhor nos Estatutos, que mando formar para esta
ordem.
116
organizado tudo o mais que convém, se formem os Estatutos para
firmeza e bom governo desta Ordem.
E esta se cumprirá, como nela se contém. Pelo que mando á Mesa
do Desembargo do Paço, e da Consciência e Ordens; Presidente do
meu Real Erário; Regedor da Casa da Suplicação do Brasil; Conselho
da minha Real Fazenda; Governador da Relação da Baía;
Governadores e Capitães Generais e mais Governadores do Brasil, e
dos meus Domínios Ultramarinos; e a todos os Ministros de Justiça e
mais pessoas, a quem pertencer o conhecimento e execução desta
Carta de Lei, que a cumpram e guardem e façam inteiramente cumprir
e guardar como nela se contém, não obstante quaisquer Leis, Alvarás,
Regimentos, Decretos ou ordens em contrário; porque todos e todas
hei por derrogados para este efeito somente, como se deles fizesse
expressa e individual menção, aliás ficando sempre em seu vigor; e ao
Doutor Tomás António da Vilanova Portugal, do meu Conselho,
Desembargador do Paço e Chanceler-Mor do Brasil, mando que a faça
publicar na Chancelaria, e que dela se remetam cópias a todos os
Tribunais, cabeças de Comarcas e Vilas deste Estado: registando-se
nos lugares, onde se costumam registrar semelhantes Cartas,
remetendo-se o original para o Real Arquivo, onde se houverem de
guardar os das minhas Leis, Regimentos, Cartas, Alvarás e Ordens.
117
Comércio, franqueando-o a todos os navios Nacionais, e Estrangeiros:
mas também para premiar os ilustres e beneméritos Vassalos de El-Rei
da Grã-Bretanha, Meu Amigo, e Fiel Aliado, que me acompanharam
com muito zelo nesta viagem, e aqueles dos Meus Vassalos, que
antepuseram a honra de seguir-me:
E sendo os Prémios desta natureza os mais capazes de produzir
estímulos de honra, e de virtude, quando são repartidos com
economia, sobriedade de maneira, que se não tornem vulgares, e
percam o seu preço, e valor: Desejando atulhar estes inconvenientes,
que frustrariam o fim, e desígnio da Instituição desta Ordem
meramente Civil e Política e Querendo outro sim regular melhor a
forma, com que se deve lançar a Insígnia àqueles, a quem Eu fizer
Mercê: Hei por bem, em ampliação e declaração do sobredito Decreto,
e Carta de Lei, Determinar seguinte:
118
E este se cumprirá como nele se contem, Pelo que Mando à Mesa do
Desembargo do Paço e da Consciência e Ordem, e a todos os Tribunais
e mais Pessoas a quem haja de pertencer o conhecimento deste Alvará
que o cumpram, e guardem. E valerá como Carta passada pela
Chancelaria, posto que por ela não há-de passar, e que o seu efeito haja
de durar mais de um ano, sem embargo da Lei em contrário.
119
Decreto de 5 de Maio de 1821
120
Chancelaria e registar nos Livros respectivos, remetendo-se o original
ao Arquivo da Torre do Tombo e cópias a todas as estações do estilo.
121
Edital da Mesa da Consciência e Ordens
(Gazeta de Lisboa, n. 217, 1824)
122
Diploma, para em virtude dele prestarem o juramento de "Valor e
Lealdade" pela forma determinada no § 16 da Carta de Lei de 29 de
Novembro de 1808, e achando-se aplanados os obstáculos que
retardaram o pronto cumprimento das Soberanas Determinações,
deverão os agraciados que tiverem prontificados os seus Diplomas,
apresentar-se perante o sobredito Deputado Conselheiro para
receberem e serem instalados na mencionada Ordem, em uma das
Salas do predito Tribunal, na conformidade do Alvará de 5 de Julho de
1809.
E para assim constar, se mandou afixar o presente Edital.
123
Placa da Ordem da Torre e Espada
Seis braços bipartidos, tendo o superior aposto um castelo. Ao centro
apresenta um laurel interceptado por uma espadinha, emoldurado por uma
faixa de esmalte azul-escuro com a inscrição VALOR E LEALDADE. Ouro,
prata, brilhantes, esmeraldas, rubis, esmalte, seda; 116 x 25 mm. A peça que
pertenceu a D. João VI possui 493 brilhantes de diversas dimensões e 88
diamantes rosa.
124
Insígnia da Ordem da Torre e Espada – 1º modelo (1808)
Estrela de 8 braços, em ouro, ligados por um ramo de loureiro atado (77 x 66 x
11 mm). No topo, o braço da estrela é substituído por uma torre, também em
ouro. No anverso, no medalhão central, apresenta a efígie laureada, à direita,
do Príncipe Regente D. João, circundada pela legenda “JOÃO D: G. REG. DE
PORTº PRINCIPE DO BRASIL” (João por Graça de Deus Regente de Portugal
Príncipe do Brasil). No reverso, o medalhão central, apresenta uma espada
(por vezes uma cimitarra, de lâmina curva) envolta por uma coroa de louros,
tudo em ouro, e todo o conjunto circundado pela legenda “VALOR E
LEALDADE”. Banda azul-ferrete.
125
Insígnia – 2º modelo
126
Insígnia – 3º modelo
127
Em dias de gala, os Grã-Cruzes podiam usar um Colar (com elos
na forma de espadas e torres) de onde pendia a insígnia da Ordem.
Os Comendadores usavam a insígnia da Ordem pendente do
pescoço por uma fita de suspensão azul-ferrete e uma Placa de peito
idêntica à dos Grã-Cruzes.
Inicialmente, os Cavaleiros usavam, suspensa no peito, uma
insígnia sem a torre no topo.
Por Alvará de 23 de Abril de 1810, a insígnia da Ordem seria
alterada. A Placa de peito passou a ostentar a legenda "Valor e
Lealdade" inscrita a letras de ouro, em campo azul-ferrete. De igual
forma, a venera dos Cavaleiros da foi alterada, tendo passado a ser
idêntica à das demais classes. O seu pendente de peito passou a
ostentar uma torre em ouro, no topo.
Actualmente, e de acordo com a Lei Orgânica das Ordens
Honoríficas Portuguesas, a Ordem Militar da Torre e Espada pode
ser conferida em três casos:
128
Contudo, a título excepcional e, mediante autorização conferida
por decreto-lei, foram atribuídos grandes-colares da Ordem da Torre e
Espada, ao Presidente da República do Brasil - Emílio Garastazu
Médici, em 1973 e, na vigência da actual Lei Orgânica, a S. M. a Rainha
Isabel II, do Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte, por
ocasião da visita de Estado àquele país, realizada pelo Presidente da
República Dr. Mário Soares, em Fevereiro de 1993.
129
forma de laço, tendo pendente do mesmo, o distintivo, com a medida
de 78 mm x 68 mm.
130
comprimento, suspensos da platina direita, passando o mais comprido
por baixo do braço e indo ambos prender a um botão da farda,
conforme o estabelecido no respectivo plano de uniformes; os cordões,
serão terminados por duas agulhetas de 60 mm de comprimento. Os
cordões e agulhetas serão, respectivamente, de seda e prata dourada
para os oficiais, de algodão e prata para os sargentos e de algodão e
cobre para as praças.
Bibliografia
131
Grã-Cruz das Três Ordens Militares
60Coimbra, 1929. Cf. Paulo Jorge Estrela, As Ordens Militares Portuguesas até ao
Reinado de D. João VI, in Ob. cit., p. 23-25.
133
A génese remota desta distinção honorífica pode ser achada no
facto do Papa Júlio III ter concedido in perpetuum, à Coroa
portuguesa, o grão-mestrado das três Ordens monástico-militares
nacionais, pela bula Praeclara Charissimi, de 30 de Novembro de
1551.
Esta venera foi concebida pelo ourives Ambroise Gottlieb Polet
(1790), tendo sido ordenada por João António Pinto da Silva “para Sua
Majestade a Rainha Nossa Senhora [D. Maria I] Quem Deus Guarde
muitos anos”.
61Ver José Rosas Júnior, Catálogo das Jóias e Pratas da Coroa, Lisboa, PNA, 1954;
Ouros do Brasil no Palácio da Ajuda, Lisboa, PNA, 1986; D. Luís I Duque do Porto e
Rei de Portugal, Lisboa, PNA, 1990.
134
D. João VI, retratado com a Banda das Três Ordens
135
Medalhão e Placa das Três Ordens Militares do
Tipo IV (1834-c. 1850)
136
No Almanach de Lisboa de 1793, editado pela Academia das
Ciências, é referida como a insígnia, com a Banda tricolor, usada pelos
soberanos (rainha D. Maria I e D. Pedro III), bem como pelo Príncipe
do Brasil (futuro D. João VI), o qual era Comendador-Mor das Três
Ordens.
137
Ambrósio Gottlieb Polet, autor da peça, em 8.164$500 réis 62. No
recibo de conta, datado de Lisboa (14 de Novembro de 1789), refere
ainda ter utilizado nove brilhantes que recebeu “do Sr. José Dias
Pereira Chaves do espólio de sua Majestade El Rei Dom Pedro Quem
Santa Glória haja”. Mediante esse documento, é possível estimar que,
nessa data, o valor da placa equivalia a 8.913$380 réis 63.
138
implantação das três cruzes. Encima-o remate de laçaria que acolhe, ao
centro sobre uma estrela, o símbolo do Sagrado Coração de Jesus.
A Placa que pertenceu a D. João VI é citada na relação das jóias
do monarca feita pelo seu criado particular em 1825, no capítulo em
que este nomeia as Ordens e medalhas com as quais o soberano fora
agraciado [PNA: inv. n. 4772], ocorrendo novamente numa relação das
jóias propriedade da Coroa, datada de 1827, onde é avaliada em
81.800$000 réis [PNA: inv. 4777 e 4784].
Desde a sua criação, em 1789, até ao advento do regime
republicano (1910), a Placa das Três Ordens Militares foi objecto de
variações sensíveis, sendo conhecidos sete tipos distintos de insígnias,
a saber: tipo I – 1789-c. 1823; tipo II – c. 1823-1834; tipo III – 1825-
1830; tipo IV – 1834-c. 1850; tipo V – c. 1850-1862; tipo VI – 1862-
1888; tipo VII – 1888-1910.
No período compreendido entre 1789 e 10 de Junho de 1796 as
cores da Banda foram vermelho / verde / vermelho (Cristo / Avis /
Santiago), passando desde então a vermelho / verde / violeta.
De 1789 a 1910 seriam concedidas sessenta e oito destas veneras,
a primeira das quais a Carlos IV de Espanha, em 1796.
No ano de 1824, D. João VI concedê-la-ia aos seguintes
monarcas:
139
Carta de Lei pela qual D. Maria I ordena novas
Providências, e Regulamentos para Bem,
Melhoramento, e Dignidade Civil, e Política das três
Ordens militares de Nosso Senhor Jesus Cristo, São
Bento de Avis e São Tiago da Espada. Criando Grã-
Cruzes. Regulando as insígnias e distintivos delas, dos
Comendadores e Cavaleiros e dispondo a este respeito
o mais que nela vai declarado
(19 de Junho de 1789)
140
Meu, e da Causa Pública do estado, que nisto se interessa; Ordenar aos
ditos Respeitos, para Bem, Melhoramento, e Dignidade Civil, e Política
das Três Ordens Militares, de Cristo, Avis, e São Tiago da Espada o
seguinte:
II. Outro fim hei-de por bem, que o Príncipe Meu Muito Amado, e
Prezado Filho como Herdeiro do Reino, e os que depois dele o forem,
seja Comendador-Mor de todas as Três Ordens, em razão de ser a
Dignidade de Comendador-Mor na Ordem Civil, Temporal, e Política a
primeira depois do grão-mestre; e ser a Pessoa a quem toca pelos
Estatutos governar o Mestrado por falecimento do grão-mestre, como e
expresso no Capítulo 30 das definições do Senhor Rei Dom Manuel,
substanciado no Capítulo 34 &. I. da P. I. dos Estatutos da Ordem de
Cristo.
V. Os Grã-Cruzes, que por esta carta de Lei Sou Servida Criar, serão
Doze, Seis da Ordem de Cristo; Três da Ordem de São Bento de Avis; e
Três da Ordem de São Tiago da Espada.
141
VI. Os Infantes serão Grã-Cruzes da Ordem, ou Ordens em que forem
Providos, sem que se espere pela idade, nem se entenda que entra no
número dos Doze.
X. Nenhum será Grã-Cruz sem ser Comendador. Pelo que sendo algum
já Comendador promovido a Grã-Cruz, se conceberá a Mercê
designando-se a Comenda que tem, ou uma das que tem, e
denominando-se por ela Grã-Cruz da Ordem, por exemplo hei-de por
bem elevar a F... Duque, Marquês, Conde, Tenente-General, etc.
Comendador à Dignidade de Grã-Cruz da Ordem na dita Comenda.
XI. Não tendo, porém, Comenda aquele, que por qualidade, Serviços, e
merecimentos se faz digno da honra, e dignidade de Grã-Cruz, deverá
juntamente fazer-se-lhe Mercê de uma Comenda, que lhe sirva como
de Título ou Grão para a promoção.
142
XIII. A Insígnia, Venera, ou Medalha de Grã-Cruz, será a mesma em
substância, que por esta Carta deverá ser a dos Comendadores; com a
diferença, porém, aqui declarada.
143
precedência é ordenada em benefício da regularidade, e ordem, sem
que dela se possa concluir, nem pretender, que os Grã-Cruzes de São
Tiago são inferiores aos de Cristo.
144
XXVIII. Quanto, porém, à Criação, e Provimento deles, para desterrar
confusões, e restituir quanto for possível estas coisas a melhor ordem
que deve haver: Ordeno o seguinte em Regra.
XXIX. Que o Ordem de São Bento de Avis, seja destinada para premiar,
e ornar o Corpo Militar, de forte que despachando-se os Serviços
Militares, Políticos, ou Civis, em benefício de Militar, que sirva no
Exército de Terra, ou Mar, deverá ser o despacho em lugar de outro
como até agora com o Hábito de São Bento de Avis. Tendo-se
entendido que para este efeito se não devem considerar do Corpo
Militar os Oficiais dos Auxiliares, que não servirem em tempo de
Guerra.
145
XXXVI. Estabeleço que daqui em diante se não pretenda Mercê de
Hábito das Ordens com Faculdade de renunciar indefinidamente:
Tendo entendido, e resoluto, abolir estas renúncias, como destrutivas
da decência, e dignidade das Ordens: E somente será permitido
imperar o despacho para carta, e determinada pessoa, de cuja
qualidade, e circunstâncias se tome exacto conhecimento antes de se
deferir ao Impetrante.
146
Decreto de 20 de Julho de 1789
147
Publicada na Chancelaria-Mor em 23 de Julho de 1789 e registada a fl.
141 do Livro das Leis.
148
Nos actos, porém, e festividades, em que represente cada uma das Três
Ordens singularmente, sem concurso necessário das outras, deverá ser
a ordem a preceder a todos o Grã-Cruz Cavaleiro, e depois dele o
Alferes, seguindo-se os Grã-Cruzes ou Grã-Cruz. Aos quais precederam
as ditas dignidades, posto que sejam mais modernas na criação.
Guardando-se nestes casos a regularidade estabelecida nos Estatutos
de cada uma das Ordens a respeito das dignidades delas, e não a
etiqueta, e ordem da Minha Corte.
Pelo que mando à Mesa do Desembargo do Paço, Mesa da
Consciência e Ordens, Presidente do Meu real Erário, Regedor da Casa
da Suplicação, Conselhos da Minha Real fazenda e do Ultramar, Real
Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação destes Reinos e
seus domínios, Governador da Relação e Casa do Porto ou quem seu
lugar servir, E a todos os Vice-reis, Capitães-Generais, Governadores
do Reino, e Domínios Ultramarinos, Desembargadores, Corregedores,
Provedores, Ouvidores, Juízes, e mais Oficiais a quem o conhecimento
deste Alvará com força de Lei pertença, e haja pertencer, que o
cumpram, guardem, hajam de cumprir e guardar tão inteira, e
inviolavelmente, como nele se contém, sem dúvida, ou embargo algum
qualquer que ela seja. E ao Doutor José Ricardo Pereira de castro do
Meu Conselho, Meu Desembargador do Paço, e Chanceler Mor destes
Reinos, Ordeno que o faça publicar na Chancelaria, passar por ela, e
registar nos Livros dela a que tocar, remetendo os exemplares dele
impressos debaixo do Meu Selo, e seu sinal a todos os Lugares e
Estações a que se costumam remeter semelhantes Alvarás, e
guardando-se o Original deste no Meu Real Arquivo da Torre do
Tombo.
149
Alvará de 10 de Junho de 1796
150
cor, segundo os padrões que estão determinados, pendam as medalhas
e veneras.
Pelo que mando à Mesa do Desembargo do Paço, Mesa da
Consciência e Ordens, Presidente do meu Real Erário, Regedor da
Casa da Suplicação, Conselhos da minha Real Fazenda e do Ultramar,
Real Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação destes
Reinos e seus Domínios, Governador da Relação e Casa do Porto, ou
quem em seu lugar servir, e a todos os Vice-Reis, Capitães-generais,
Governadores do Reino e Domínios Ultramarinos, Desembargadores,
Corregedores, Provedores, Ouvidores, Juízes e mais Oficiais a quem o
conhecimento deste Alvará com força de Lei pertença e haja de per-
tencer, que o cumpram, guardem, hajam de cumprir e guardar tão
inteira c inviolavelmente como nele se contém, sem dúvida ou
embargo algum, qualquer que ele seja. E ao Doutor José Alberto
Leitão, do Meu Conselho, Meu Desembargador do Paço e Chanceler
Mor destes Reinos, ordeno que a faça publicar na Chancelaria, passar
por ela e registar nos livros dela a que tocar, remetendo os exemplares
dela, impressos debaixo do meu selo e seu sinal, a todos os lugares e
estações a que se costumam remeter semelhantes cartas de lei e
guardando-se o original desta no meu Real Arquivo da Torre do
Tombo.
151
D. Maria II usando a Banda das Três Ordens Militares
Bibliografia
BRAGANÇA, José Vicente, L’Empereur Napoléon I – Grand Cordon des Trois Ordres
Militaires – du Christ, d’Avis et de St. Jacques, in Catalogue de l’exposition La Berline
de Napoléon, Musée National de la Légion d’honneur, Paris, Albin Michel, 2012, p. 185-
188.
Idem, A evolução da Banda das Três Ordens Militares (1789-1826), in Revista Lusíada
História, n. 8 (2011), p. 259-284
MINISTÉRIO DO REINO
Registo dos Diplomas de Condecorações das Ordens Portuguesas concedidas pêlos
nossos Reis a outros Soberanos e Príncipes, liv. 1 (1789-1865), Ministério do Reino.
Liv. 914
TRIGUEIROS, António Miguel, A Banda das Três Ordens Militares Portuguesas de
Cristo, S. Bento de Avis e Sant’Iago da Espada, in D. João VI e o seu Tempo, Lisboa,
1999, p. 232-233
Idem, O Início da Modernidade Emblemática em Portugal, in Moeda, n. 2 (2000), p.
59-63
152
Duas Ordens Militares de Cristo e Avis
153
O Infante D. Miguel ostentando diferentes insígnias, entre as quais a
das Duas Ordens Militares de Cristo e Avis
154
Duas Ordens Militares
de Cristo e Santiago da Espada
155
Ordem de Nossa Senhora da Conceição
157
ordem puramente civil, todos os Grã-Cruzes, Comendadores,
Cavaleiros e Serventes eram obrigados a assistir à festividade da
Padroeira da Ordem, no dia a ela consagrado (oito de Dezembro),
desde que se encontrassem à distância de uma légua.
Em tal festividade todos os dignitários, com excepção dos
Serventes, usavam um manto branco com a insígnia bordada no ombro
esquerdo e cordões de cor azul-clara, mas, se pertencessem também a
outra ordem do reino, usariam o manto dessa ordem, apondo-lhe a
insígnia da Conceição.
158
159
Assinados pelo Grão-mestre, os respectivos títulos de nomeação
e registados estes na Chancelaria das Ordens, deviam os galardoados
ir pessoalmente ou mandar seus bastantes procuradores apresentar-se
com eles ao deão da Real Capela de Vila Viçosa, que era comendador
nato da Ordem, jurando em suas mãos defender o mistério da
Imaculada Conceição, matriculando-se seguidamente na Real
Corporação dos Escravos, bem como na dos oficiais da Igreja da
Conceição.
E, como esta tinha sido criada no Brasil, determinava-se
também que deveria existir, na Real Capela da corte, um livro para
nele se matricularem todos os agraciados que tivessem títulos passados
pela Mesa da Consciência e Ordens do Rio de Janeiro, embora
devessem depois prestar juramento perante o deão da real capela de
Vila Viçosa e matricular-se também na Corporação dos Escravos.
Parece, no entanto, que grande parte destas formalidades caíram em
desuso com o tempo 66.
A insígnia da Ordem, desenhada por Debret 67, tinha a
originalidade de ser uniface. Era uma estrela de nove pontas,
esmaltadas de branco, raiadas e perfiladas de ouro, tendo nos
intervalos dos respectivos raios nove estrelas pequenas também
esmaltadas de branco, perfiladas de ouro, mas de cinco pontas. No
centro, em campo de ouro fosco, a saudação angélica na cifra AM (Avé
Maria) entrelaçado, em ouro polido, circundada por uma faixa
esmaltada de azul-claro, tendo escrita, em letras de ouro, a legenda
“Padroeira do Reino”, sendo todo o conjunto decorado, na parte
superior, com a coroa real. Esta insígnia variava de dimensões
conforme os graus, sendo usada com fita de chamalote azul orlada de
branco: os Grã-Cruzes suspensa numa fita larga, traçada do ombro
direito para o lado esquerdo, como nas outras Ordens, os
David e, em 1815, integrou a missão artística chamada ao Rio de Janeiro para formar o
Instituto de Belas Artes. Tornar-se-ia o pintor da família imperial do Brasil, onde
permaneceu até 1831.
160
Comendadores numa fita pendente do pescoço, e os Cavaleiros, no
peito, do lado esquerdo, pendente de uma fita das mesmas cores.
A placa com a insígnia era usada pelos Comendadores e pelos
Grã-Cruzes simultâneamente com as veneras próprias do seu grau.
Competia aos Serventes uma insígnia semelhante à dos
Cavaleiros, mas toda de prata e sem qualquer adorno.
Foi interditada qualquer extravagância na uniformidade das
insígnias, sendo apreendidas as que se divergissem do dito padrão,
impondo-se a pena de 40 cruzados e a perda da venera apreendida.
No período compreendido entre 1808 e 1821, foram agraciados
79 Cavaleiros, 38 Comendadores e 11 Grã-Cruzes.
Esta Ordem, que cedo se revelaria uma das mais populares do
Reino, seria extinta em 1910 e restabelecida em 1985.
161
Decreto de 6 de Fevereiro de 1818
162
Aguarela de Jean Baptiste Debret – Alegoria à instituição da
Real Ordem de Nossa Senhora da Conceição [PNQ: inv 755]
163
Aguarela de Jean Baptiste Debret – Estudo para a Alegoria à instituição
da Real Ordem de Nossa Senhora da Conceição
[Museus Castro Maya – Rio de Janeiro]
164
Alvará com força de Lei, estabelecendo e mandando
observar os Estatutos da Ordem de Mérito de Nossa
Senhora da Conceição de Vila Viçosa, criada por
decreto de 6 de Fevereiro de 1818, no dia da aclamação
de Sua Majestade
(10 de Setembro de 1819) 68
Eu El-Rei faço saber aos que o presente alvará com força de lei
virem, que sendo muito frequentes e conhecidos os benefícios que a
nação portuguesa sempre recebeu do patrocínio da Santíssima Virgem
da Conceição, em todas as épocas arriscadas da monarquia, não têem
sido menos constantes os reconhecimentos e devoção que os
Soberanos de Portugal, meus augustos predecessores, tributaram em
todos os tempos à mesma Virgem, de tal maneira, que El-Rei D. João
IV, por decreto de 24 e carta régia de 25 de Março de 1646, se lhe
constitui feudatário, e a declarou e fez jurar Padroeira do Reino,
determinando por outra carta régia de 30 de Junho de 1654, que este
padroado fosse escripto em lapides na entrada de todas as igrejas dos
seus domínios, para que fosse patente a todos os seus vassalos e ficasse
entregue à memória os séculos, continuando a mesma devoção em El-
Rei D. Pedro II, que em 1694 confirmou a confraria dos escravos da
Senhora da Conceição, erecta na sua igreja de Vila Viçosa, em El-Rei D.
João V, que por sua carta régia de 12 de Novembro de 1717 mandou
celebrar com toda a pompa a festividade da Conceição, em El-Rei D.
Pedro III, meu senhor e pai, que tanto engrandeceu a real capela da
Conceição do palácio de Bemposta, que tinha sido erecta por minha tia
a Sereníssima Rainha da Grã-Bretanha, quando se recolheu a Portugal
por morte de seu marido El-Rei D. Carlos II; e na Rainha D. Maria I, de
boa memória, minha senhora e mãe, que em 1751 se alistou na referida
confraria dos escravos da Conceição.
E, tendo-me eu também alistado na mesma confraria em 1769
havendo herdado com estes meus reinos aquela devoção de meus pais
e avós, e reconhecido a protecção eficaz da Padroeira do Reino,
mediante a qual o Omnipotente tem livrado esta monarquia dos
grandes perigos que a cercam pela geral revolução da Europa, salvando
de todos eles, não só a representação e caracter da mesma monarquia,
165
mas também a minha real pessoa, até ser aclamado solenemente no
faustoso dia 6 de Fevereiro de 1818, na sucessão da coroa desta reino
unido de Portugal, do Brasil e Algarves, me resolvi a dar testemunho
público e permanente de devoção e reconhecimento à mesma Senhora,
por tantos e tão assinalados benefícios, criando por decreto do mesmo
dia a Ordem militar da Conceição. E tendo mandado formalizar pela
mesa da consciência e ordens do Brasil os estatutos necessários para o
governo desta nova ordem: sou servido conformar-me com o parecer
da referida mesa, na consulta que sobre esta matéria fez subir à minha
real presença, e decretar os mencionados estatutos na maneira
seguinte:
166
casa; e as mercês de cavaleiro aos nobres e empregados que me fizeram
serviços ou merecerem a minha real contemplação.
VI. A insígnia desta ordem será uma estrela grande de nove pontas,
esmaltadas de branco e arraiadas de oiro, com nove estrelas pequenas
do mesmo esmalte, colocadas entre os raios entre cada uma das suas
pontas, e decorada com coroa real sobre a ponta superior. Terá no
centro, em campo de ouro fosco, a saudação angélica em cifra de ouro
polido, e em circunferência, sobre faixa esmaltada de azul claro, estará
escrita com letras de oiro a legenda: Padroeira do Reino.
167
meirinho do tribunal e a outra metade para a fábrica da cabeça da
ordem, além da perda de venera apreendida, que ficará pertencendo ao
meirinho.
XII. Hei por bem que a real capela de Nossa Senhora da Conceição de
Vila Viçosa, na província do Alentejo, e a minha capela real da corte,
onde estiver, sejam cabeças desta nova Ordem. Em ambas estas reais
capelas deverá celebrar-se anualmente, com pompa, a festividade da
Padroeira da ordem: na de Vila Viçosa no dia oitavo da Conceição.
168
desta nova ordem; os que não tiverem outro, assistirão à festividade
com mantos brancos iguais aos das outras ordens, usando uns e outros
de cordões ou cingidouro azul claro e da insígnia bordada sobre o
ombro esquerdo. Os serventes não usarão de manto, nem terão
assento, estando sempre desembaraçados e prestes para o serviço da
ordem.
XV. O deão da minha real capela de Vila Viçosa, seja qual for a
dignidade de que se ache revestido, será comendador nato desta
ordem, e serão cavaleiros igualmente natos os cónegos da mesma real
capela, o prior e beneficiados da igreja de Nossa Senhora da Conceição
e os da mesa da real corporação dos escravos, erecta na mesma igreja,
que forem perpétuos. A mesa da consciência e ordens lhes mandará
passar os seus títulos à vista das suas colações e posses nos
mencionados benefícios e mesa.
169
nesse acto à referida corporação com a oferta do costume. A mesa dos
escravos passará também a competente certidão da matrícula e oferta,
no reverso dos títulos dos Grã-Cruzes honorários, comendadores,
cavaleiros e serventes que se matricularem; e com estas certidões
reconhecidas se haverão por pertencentes à ordem os candidatos e
gozarão das prerrogativas que por ela lhes competirem.
XVIII. Mando que a minha real capela da corte haja também um livro
para nele se matricularem todos os Grã-Cruzes honorários,
comendadores, cavaleiros e serventes que tiverem títulos passados pela
Mesa da Consciência e Ordens do Rio de Janeiro. Esta matrícula será
feita na presença da autoridade que eu for servido nomear, e escrita
pelo escrivão da matrícula das outras ordens militares, e servirá
somente para regular as antiguidades e apontar os que não assistirem à
festividade da ordem. Em tudo isto entenderá a sobredita Mesa da
Consciência e Ordens, dando as providências que lhe parecerem
oportunas, e multando em 40 cruzados, para a fábrica da cabeça da
ordem, os que faltarem sem causa urgente e justificada.
170
XXI. Estes estatutos serão exactamente observados enquanto eu não
for servido modifica-los ou altera-los por novas providências que me
proponho dar, e as mesas da consciência e ordens terão particular
cuidado na sua observância, como lhes tenho incumbido.
Dom João, por graça de Deus etc. Faço saber ao Deão da minha
Real Capela na mesma Vila ou quem seu encargo servir, que atendendo
ao que me representou D. Bernardina Teresa Caupers de Sande e
Vasconcelos e aos seus bons serviços feitos no Paço no Foro de Açafata
pelo espaço de muitos anos: Hei por bem fazer mercê ao seu filho
Manuel Maria Holbeche Granate d’Oliveira da Cunha e Silva de o
nomear Comendador Supranumerário da referida Ordem para entrar
em efectivo quando houver vaga. Pelo que vos mando que o dito
Manuel Maria Holbeche Granate de Oliveira da Cunha e Silva ou a a
171
seu bastante procurador tomeis o juramento que deve prestar nas
vossas mãos, na conformidade do § 17 do Alvará de 10 de Setembro de
1819, de defender o Mistério da Imaculada Conceição da Virgem Maria,
de que lhe passareis certidão no verso desta com a qual irá matricular-
se no Livro da Real Corporação dos Escravos que se acha no Arquivo
da Igreja de Nossa Senhora da Conceição desta Vila contribuindo nesse
acto à referida Corporação com a oferta do costume. A Mesa dos
Escravos passará também a competente certidão da matrícula e a
oferta no reverso desta, e com as sobreditas certidões reconhecidas se
haverá o referido Manuel Maria Holbeche Granate de Oliveira da
Cunha e Silva por pertencer à Ordem e gozará das prerrogativas que
por ela lhe competirem sendo obrigado a apresentar no meu Tribunal
da Mesa da Consciência e Ordens as mencionadas certidões dentro de
seis meses contados do dia em que pela Chancelaria das Ordens
Militares transitar esta carta, a qual se cumprirá e guardará como nela
se contém, sendo primeiro registada no registo geral das Mercês e
passada pela referida Chancelaria.
Bibliografia
FONSECA, Belard da, A Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa,
Lisboa, Fundação da Casa de Bragança, 1955
LISBOA, Elysio de Carvalho, As Ordens Honorificas Brasileiras anteriores à
Independência, in Jornal de Ala, a. 3, n. 5 (1941), p. 25-26
172
Real Ordem de Santa Isabel
173
Teve estatutos aprovados por Carlota Joaquina, em 25 de Abril
de 1804, tratando-se de uma Ordem Honorífica, de carácter nobiliário,
exclusivamente reservada às Damas Nobres.
Por decreto assinado no Palácio de Queluz, em 17 de Dezembro
do mesmo ano, D. João decretou que competia a D. Carlota Joaquina,
Princesa do Brasil e Infanta de Espanha, a administração da Ordem.
A admissão nela estava limitada a 26 Damas, além das Senhoras
da Família Real.
A recepção das primeiras Damas ocorreu no Palácio de Queluz, a
4 de Julho de 1804.
Durante a regência e reinado de D. João VI foram admitidas 46
damas nacionais e 4 estrangeiras. Até à sua extinção, seriam admitidas
72 Damas nacionais e 136 Damas estrangeiras.
174
Carlota Joaquina
[PNA: inv. 41367]
175
Alvará por que Vossa Alteza Real, usando das
faculdades que lhe são cometidas no decreto de 17
de Dezembro de 1801, há por bem determinar os
estatutos da Real Ordem de Santa Isabel
(25 de Abril de 1804)
I. Esta Ordem terá por insígnia ou venera uma medalha de ouro com a
imagem de Santa Isabel de uma parte, e a inscrição pauperum solatio,
e da outra com as letras iniciais do meu nome em cifra, e à roda a
inscrição Real Ordem de Santa Isabel; pendendo esta medalha de
uma banda cor-de-rosa, lançada do ombro direito ao lado esquerdo
sobre o vestido e desta forma se usará nas festas da Ordem, nos dias
de gala e em todas as funções públicas e quotidianamente posta ao
peito, da parte esquerda, com o laço de fita mais estreita da mesma
cor.
176
II. Será composta, além da família real e todas as mais pessoas reais,
de vinte e seis damas que eu eleger, não sendo a minha real intenção
aumentar este número, sem considerações muito essenciais e
atendíveis.
IV. A recepção de cada uma das damas à Ordem se fará em uma das
salas do Paço e as damas se assentarão em duas fileiras à direita e à
esquerda da minha cadeira, ficando a mais antiga no primeiro assento
à direita e as mais alternativamente, e na sala imediata de fora estará a
que houver de ser recebida na Ordem.
VI. As insígnias para este acto estarão em bandeja sobre uma mesa
imediata à minha cadeira, e me serão apresentadas pela dama mais
antiga; e o secretário da Ordem entrará na mesma sala do acto para
estar presente ao recebimento, de que há-de fazer assento no livro
competente, e dele dar certidão à dama provida para seu título.
177
VIII. As damas desta ordem serão obrigadas a visitar pelo seu turno,
uma vez em cada semana, o hospital dos expostos e a observar os
artigos pertencentes ao regime particular e governo económico do
hospital, e os mais actos de caridade que devem praticar sobre o
tratamento dos expostos, os quais, depois de acabados e postos em
regra, os mandarei unir a estes estatutos.
IX. Todas as damas desta ordem devem mandar celebrar seis missas,
ouvindo uma por alma de cada uma que falecer.
XIII. Estes são os estatutos que por ora mando observar, reservando
para mim ampliá-los, revogá-los e fazer outros de novo, como melhor
convier ao maior lustre, perpetuidade e proveito da Ordem. E mando
que se imprimam, guardando-se o original no arquivo da ordem e
entregando-se um exemplar deles a cada uma das damas que forem
providas com o aviso da sua nomeação, na forma já determinada.
178
Carlota Joaquina ostentando a Insígnia da Real Ordem de Santa Isabel
Óleo de João Baptista Ribeiro [PNQ: inv. 247A – 1824]
179
180
181
Imperial Ordem de
Nosso Senhor Jesus Cristo
183
O Imperador era o seu Grão-Mestre e o Príncipe Imperial o seu
Comendador-mor. A Ordem era composta por três graus:
184
O Duque de Caxias ostentando as condecorações de cinco
Ordens Honoríficas Imperiais, entre as quais a de Comendador da
Imperial Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo
185
186
187
Insígnias
188
Imperial Ordem de São Bento de Avis
189
Inicialmente, era igualmente outorgável a nacionais e
estrangeiros, tendo as suas insígnias permanecido iguais às da milícia
portuguesa. Todavia, a partir de 1843, por decreto imperial de 9 de
Setembro, a insígnia havia de tornar-se diferente, passando a fita de
suspensão verde a ser orlada de amarelo.
190
191
Insígnias
192
Imperial Ordem de São Tiago da Espada
193
194
O Imperador era o seu Grão-Mestre e o Príncipe Imperial o seu
Comendador-mor. A Ordem era composta por três graus:
Insígnias
71
Consoante cálculos de Xavier Pinheiro (1884), Marques Poliano (1943) e António
Trigueiros (19??). Não incluem as condecorações conferidas às pessoas da família
Imperial e a Príncipes, Soberanos, ou Chefes de Estado estrangeiros.
195
Fita: violeta, orlada de azul claro. O Cavaleiro usava a sua venera,
enfiada na respectiva fita, atada em uma das casas do lado esquerdo
do casaco, ou farda.
Bibliografia
196
Três Ordens militares – Brasil
Bibliografia
197
Pendente da Banda da Imperial Ordem das Três Ordens Militares,
com coroa do Império do Brasil (prata dourada e esmaltes)
198
Banda das Três Ordens
199
Até à reforma das Ordens pela Lei Orgânica de 1962, a Banda
das Três Ordens podia ser outorgada a Chefes de Estado estrangeiros,
porém, doravante, tornar-se-ia exclusiva do Presidente da República
Portuguesa, ficando interditado o seu uso fora do exercício desse
cargo. Tal regra havia de ser mantida pela Lei Orgânica de 1986,
persistindo ainda hoje.
A Banda, tripartida, ostenta as cores das Ordens de S. Bento de
Avis, de Cristo e de Santiago da Espada, respectivamente, de verde, de
vermelho e de violeta. O Distintivo pende sobre o laço, o qual é
encadeado por uma coroa de louros, de esmalte verde, perfilada e
frutada de ouro (33 mm x 25 mm).
O Distintivo é um medalhão oval, com motivos decorativos, de
ouro, em recorte aberto e perfilado do mesmo metal, com 50 mm x 65
mm, com três ovais de esmalte branco, carregada cada uma do
distintivo de uma das três Ordens, ficando o de Cristo em chefe, o de
Avis à dextra da ponta e o de Santiago à sinistra da ponta, colocados os
dois últimos, respectivamente, em banda e em barra, envolvida por
coroa circular de esmalte vermelho e bordadura lavrada e perfilada de
ouro, donde partem raios prateados.
A Placa é dourada, em radiantes abrilhantados, de 85 mm de
diâmetro, tendo ao centro e sobre uma superfície circular de esmalte
azul (de 30 mm de diâmetro), lavrada com motivos decorativos de
ouro, três ovais de esmalte branco, carregada cada uma do distintivo
de cada uma das Três Ordens e com uma bordadura de esmalte da
respectiva cor da Ordem, contida em filetes de ouro, conforme a
Ordenação já descrita no que concerne ao Distintivo.
Com a Banda das Três Ordens não poderão ser usadas
quaisquer outras distinções honoríficas.
200
Banda das Duas Ordens
201
Esta condecoração, pela primeira vez concedida a S.A.R.
Eduardo, Príncipe de Gales (o futuro rei Eduardo VIII) aquando da sua
visita oficial a Portugal, em Abril de 1931, havia de ser suprimida pela
Lei Orgânica das Ordens Honoríficas promulgada em 1962.
202
ORDEM TEMPLÁRIA
DE PORTUGAL
Ordem Templária de Portugal
73Com esta tomada de posição oficial visou a Santa Sé dar resposta a um problema com
vários séculos de existência. Ver Hidalguia, n. 177 (1983) e Hygenius Eugene Cardinale
(ed. e revisão por Peter Bander van Duren), Orders of Knighthood Awards and the
Holy See, 1985, p. 231-237. Consultem-se ainda: H. C. Zeininger de Borja, Vanitas
Vanitatum, o el trafico de condecoraciones fantasticas, Leysin, 1939; Arnaud
Chaffanjon / Bertrand Galimard Flavigny, Ordres & Contre-Ordres de Chevalerie,
Paris, 1982 e Patrick Chairoff, Faux Chevaliers Vrais Gogos, Paris, 1985.
205
disso também o cânone VI, 5º do Código de Direito Canónico de 1917
declara abolidas ou revogadas todas as penas “latae vel ferendae
sententias”, i. e., a incorrer ipso facto, ou por decreto ou sentença na
autoridade competente, não mencionadas no mesmo código 74.
A dar-se crédito a um artigo de Marius Lapage, director da
revista Le Symbolisme, publicado em 1961, "trezentas Ordens do
Templo autênticas" encontrar-se-iam então em actividade, dedicando-
se a maioria delas ao comércio da iniciação nos "mistérios templários"
75.
de Fevereiro de 1988, por Raymond Bernard, expressão pública do CIRCES (por sua vez
exteriorização da Ordem Soberana do Templo Iniciático ou OSTI).
206
3. Na sua qualidade de ser espiritual, a única responsabilidade
de cada ser humano consiste em buscar e encontrar a melhor forma
possível de exprimir os ideais do amor, compreensão, tolerância, etc.,
nos pensamentos, palavras e acções quotidianos, sem excepção e
independentemente da raça, religião, opção política, género ou estado
social;
4. Aquilo que separa o ser humano do poder e do ensinamento
da natureza espiritual essencial e, consequentemente, interfere na
expressão quotidiana da espiritualidade inata, é a psicologia individual
77.
207
sedimentação das contradições a seu respeito suscitadas pelas
singulares exegeses de que têm sido alvo.
Em suma, todas as Ordens que se perfilam como restaurações
históricas do Templo, adoptam uma das seguintes três filiações
consagradas (ou aspectos conjugados de várias delas), a saber 78:
1. Filiação Beaujeu
Alguns dias antes do seu suplício, Jacques de Molay teria pedido
ao conde François de Beaujeu (que não era templário professo), para
descer à cripta do Templo de Paris onde repousavam os restos mortais
dos Grão-mestres da Ordem e recolher do sepulcro do seu tio,
Guillaume de Beaujeu, um estojo em cristal.
Uma vez recuperado o estojo em cristal, supostamente entregue
a Molay, este teria iniciado François de Beaujeu nos mistérios
templários. Confiando-lhe o referido estojo, no qual se conservaria o
index da mão direita de São João Baptista, relíquia oferecida à Ordem
pelo rei Balduíno, entregou-lhe, igualmente, três chaves, revelando-lhe
que no sepulcro sob o qual achara o estojo se encontrava uma caixa em
prata e que, num nicho adjacente, uma outra caixa conservava os anais
do Templo e os principais segredos de que a milícia era guardiã.
Acrescentou ainda que Beaujeu encontraria aí a coroa dos reis de
Jerusalém, o candelabro de ouro de sete braços e os quatro Evangelhos
de ouro que haviam ornado o Santo Sepulcro e se julgavam caídos na
posse dos infiéis. Finalmente, disse-lhe que as duas colunas do coro do
Templo, à entrada da cripta, eram ocas e ocultavam um tesouro que
podia ser resgatado, bastando para o efeito desmontar os capitéis e
retirar-lhes os fundos.
Entretanto, Molay receberia de Beaujeu o juramento de
perpetuar a Ordem, mediante a criação de quatro lojas em Paris,
78
A Ordre des Veilleurs du Temple (Militia Templi ou OVDT), inscrita na lista das
seitas activas em França (organizada pelo Parlamento gaulês), adiantou,
modernamente, uma quarta via: Geofroy de Gonneville, preceptor templário da
Aquitânia, que teria assumido a liderança da Mílicia na Dalmácia, em 1318. Cf. Manuel
J. Gandra, O Neotemplarismo e Subsídio para a constituição do elenco das
Organizações e Ordens de Cavalaria Privativas Neotemplárias, activas e extintas, in
Cadernos da Tradição, n. 1 (Solstício de Verão de 2000), p. 173-213 e José Manuel
Anes, O Imaginário milenarista no Esoterismo Neo-templário contemporâneo, in O
Esoterismo e as Humanidades, Lisboa, 2001, p. 93-116.
208
Edimburgo, Estocolmo e Nápoles, com o objectivo de destruir a
Autoridade Espiritual (Papado) e o Poder Temporal (Monarquia) 79.
Após o suplício do 22º Grão-mestre do Templo (18 de Março de
1314), Beaujeu terá convocado nove outros cavaleiros sobreviventes
para um consistório que reuniu em Paris. Nesse conclave teria ficado
consagrado por um pacto de sangue um programa de actuação
mediante o qual, além de se obrigarem a manter a instituição activa,
no maior segredo, enquanto houvesse no mundo Nove Arquitectos
Perfeitos (denominação que, segundo consta, adoptaram para si
próprios). Duas congregações aparentemente antagónicas, para cuja
organização os presentes supostamente se haviam comprometido
pugnar, seriam as executoras do legado: a Companhia de Jesus e a
Maçonaria. Posteriormente, Beaujeu havia de obter permissão do rei
de França para retirar da cripta do Templo o sepulcro do seu tio,
recuperando, simultaneamente, os tesouros guardados nas duas
colunas e transferindo tudo para Chipre, onde ainda permanecia o
Grande Capítulo da Milícia.
Por morte de Beaujeu, sucedeu-lhe Pierre d’Aumont 80.
2. Filiação Aumont
Surgida no âmbito da Estrita Observância Templária, instituída,
entre 1751 e 1755, por Karl Gotthelf von Hund von Altengrotkau (1722-
1776), barão do Império, senhor de Leipzig e de Colónia, o qual, com o
objectivo de combater o igualitarismo e o racionalismo que
campeavam na maçonaria, introduziu nela o templarismo.
Recusa Pierre d’Aumont como sucessor de François de Beaujeu,
antes fazendo dele o herdeiro de Molay e vigésimo terceiro Grão-
mestre da Ordem do Templo.
Tendo recolhido as cinzas do mártir 81, este Grão-mestre
provincial do Auvergne, ter-se-ia refugiado na ilha escocesa de Mull
com cinco (algumas versões referem nove) outros cavaleiros
templários que haviam feito um voto conjunto de vingança contra os
209
reis capetos e o papado, pela libertação dos povos do seu jugo e pela
constituição de uma República universal 82.
Em Mull encontraram o comendador de Hamptoncourt, George
de Harris, e diversos outros confrades, com quem combinaram a
manutenção da Ordem, no decurso de um capítulo realizado no dia de
S. João do ano de 1312.
Para evitar serem perseguidos, terão começado a intitular-se
pedreiros livres, passando a exercer esse ofício e a adoptar os
respectivos sinais e códigos.
A partir do ano de 1361, a sede da instituição seria transferida
para Aberdeen 83.
A mesma narrativa lendária assevera que estes templários
continentais (maioritariamente franceses e flamengos) terão pegado
em armas para apoiar o rei da Escócia, Robert Bruce, contra os
ingleses, auxiliando-o a alcançar a vitória de Bannockburn, batalha
que asseguraria a independência da Escócia, em 1314. Como
recompensa, o soberano terá criado para os pedreiros livres a Ordem
de Hérodom de Kilwinning 84 e para os templários a Ordem dos
Cavaleiros de Santo André do Cardo, reservando o título de Grão-
mestre para si e seus sucessores. Esta milícia seria extinta em
consequência da Reforma e os seus bens confiscados, tendo sido
restabelecida, em 1685, pelo rei Jacques III Stuart, com o intuito de
torná-la um marco distintivo para os maçons.
3. Carta de Larmenius
Consignada num manuscrito descoberto em Estrasburgo
(datável de 1742 ou 1743, cuja autenticidade é contestada) e remetido
ao príncipe Christian de Hesse pelo duque de Sudermania, futuro
Carlos XIII da Suécia 85.
Citado por G. A. Schiffmann, ob. cit. e Die Entstehung der Rittergrade in der
Freimaurerei um die Mitte des XVIII. Jahrhunderts, Leipzig, 1882.
210
Aponta um arménio, primaz da Ordem do Templo e
comendador de Jerusalém, João Marco Larménius, como sucessor
indigitado por Jacques de Molay. Larménius, uma vez instalado como
grão-mestre, teria acusado de desertores os cavaleiros alegadamente
refugiados na Escócia, e decidido estabelecer em Paris a sede da
Ordem (a qual doravante passaria a dispor de quatro tenentes generais
para a Europa, África, Ásia e América).
Tese invocada pela Ordem Soberana e Militar do Templo de
Jerusalém, fundada, em 1808, por Bernard Fabré-Palaprat, sob os
auspícios de Napoleão Bonaparte.
211
“E é de notar que estando a S[ociedade de] J[esus] dentro da
O[rdem de] C[risto] e fazendo dela parte, os Chefes Secretos de uma e
de outra são todavia diferentes (diversos, distintos). O próprio nome S.
J. não é senão o nome O. C. traduzido para a designação de uma
Ordem do Átrio (Pátio): onde está Ordem em cima está Sociedade em
baixo, onde está Cristo em cima está em baixo Jesus, que é a
incarnação de Cristo” 86.
212
prata e que, num nicho adjacente, uma outra caixa conservava os anais
do Templo e os principais segredos de que a milícia era detentora.
Acrescentou ainda que encontraria aí a coroa dos reis de Jerusalém, o
candelabro de ouro de sete braços e os quatro Evangelhos de ouro que
haviam ornado o Santo Sepulcro e se julgavam caídos na posse dos
infiéis. Finalmente, disse-lhe que as duas colunas do coro do Templo, à
entrada da cripta, eram ocas e ocultavam um tesouro que podia ser
resgatado, bastando para o efeito desmontar os capitéis e retirar-lhes
os fundos.
Entretanto, Molay receberia de Beaujeu o juramento de
perpetuar a Ordem, mediante a criação de quatro lojas em Paris,
Edimburgo, Estocolmo e Nápoles, com o objectivo de destruir a
Autoridade Espiritual (Papado) e o Poder Temporal (Monarquia).
Após o suplício do 22º Grão-mestre do Templo (18 de Março de 1314),
Beaujeu convocaria nove outros cavaleiros sobreviventes para um
consistório que reuniu em Paris.
Nesse conclave ficaria consagrado por um pacto de sangue um
programa de actuação mediante o qual, além de se obrigarem a manter
a instituição activa, no maior segredo, enquanto houvesse no mundo
Nove Arquitectos Perfeitos (denominação que, segundo consta,
adoptaram para si próprios). Duas congregações aparentemente
antagónicas, para cuja organização os presentes supostamente se
haviam comprometido pugnar, seriam as executoras do legado: a
Companhia de Jesus e a Maçonaria.
Não deixa de ser curioso que a divisa Ad Majorem Dei Gloriam,
evidente eco da Non nobis, non nobis, sed nomen tuo da Gloria dos
templários, tenha sido partilhada pela Companhia ou Sociedade de
Jesus e pelo grau maçónico do Sublime Príncipe do Real Segredo,
trigésimo-segundo grau do Rito Escocês Antigo e Aceite (REAA), cuja
designação se reporta ao cume do conhecimento maçónico alcançado
pelo respectivo detentor. No ritual figura um acampamento com nove
tendas e cinco estandartes, onde se reúnem, em exército, os maçons de
todos os graus, prontos para o assalto final que lhes facultará o acesso
e a posse do Templo de Jerusalém, o que tem sido interpretado como a
união de todos os maçons no combate por uma humanidade nova, uma
vez suplantadas a injustiça, a mentira e a superstição.
Apesar de as certezas históricas serem ténues, a hipótese
segundo a qual os jesuítas desempenharam papel nuclear na formação
e propagação da maçonaria escocesa (também denominada escocismo)
213
é sustentada por argumentos consistentes. Um dos mais pertinentes
baseia-se na circunstância de os designados Altos Graus traduzirem
preocupações filosófico-místicas, claramente transcendendo o
catolicismo, stricto sensu.
Atribui-se, geralmente, a Nicolas de Bonneville a divulgação da
supracitada tese, advogando a aliança entre o partido jesuíta (os
Stuarts) e a maçonaria jacobita, incontestável no quadro da política e
plausível no domínio das ideias, ao ponto de a Santa Sé ter mantido
um longo silêncio relativamente à maçonaria enquanto o escocismo
manteve o ascendente sobre as lojas anglicanas (a primeira bula contra
a maçonaria foi publicada por Clemente XII, a 4 de Maio de 1738).
De facto, Bonneville mais não fez que retomar, adicionando-lhes
uns quantos comentários pessoais, as acusações contra os jesuítas,
veiculadas pelos meios maçónicos, designadamente no seio da Estrita
Observância, compelida a sucessivas rectificações, alegadamente em
consequência das interferências constantes dos membros da Sociedade
de Jesus. A infiltração dos jesuítas seria mesmo expressamente
denunciada no convento de Kohlo, em 1772, porém, o mesmo já
sucedera relativamente aos graus ditos templários, nomeadamente
desde a criação do grau de Cavaleiro Kadosh, cerca de 1762.
Glosa invariável de um género literário com público vasto, o
tema encontra-se consignado em tradução portuguesa, anónima e
manuscrita, de uma obra famosa de Cadet-Gassicourt, intitulada O
Túmulo de Jacob Molai ou História Secreta e abreviada dos Iniciados
antigos, e modernos, dos Templários, Franc-Massões, Illuminados:
pesquisas e indagações da sua influência na Revolução Francesa,
seguida da Chave, signaes ou verdadeira intelligencia das lojas. A
relevância do texto, compele-me a transcrever uma esclarecedora
passagem dele:
214
ter uma correspondência que os estranhos não pudessem perceber com
os sócios que habitavam nos diferentes países do mundo lhes fez
inventar a escrita das cifras, como a mais conducente ao Universal
sistema da sua instituição. [...] diz Smith que os jesuítas exprimiam as
letras por um número igual ao lugar que elas têm no alfabeto servindo-
se das letras para exprimir as cifras, vindo a ser por este meio fácil a
correspondência sem que os outros a entendessem ou adivinhassem.
Os graus da Ordem eram os mesmos que são hoje os da Franco-
Maçonaria ou pelo menos correspondem em tudo aos outros, de modo
que as letras iniciais dos títulos que tomavam e os Santos, senhas ou
divisas são as mesmas:
215
templários e jesuítas por toda a parte, nos privados Conselhos dos
Soberanos, dentro do Directório, nos Tribunais, nas Administrações
Civis, à frente dos Exércitos de todas as nações, nos Parlamentos
Ingleses, no mesmo Vaticano, no..., os Governos os reconhecerão um
dia..., mas pode muito bem ser que já, seja tarde” 88.
216
Uma vez, pelo menos, no decurso da longa vigência da
instituição, a Ordem de Cristo interna assumiria visivelmente a sua
liderança, como deixa adivinhar o cronista frei Bernardo da Costa, o
qual assevera que, após a morte de Frei António de Lisboa, em 22 de
Junho de 1551:
217
Ordem Templária de Portugal. Por isso eu disse, legitimamente, que
não pertencia a Ordem nenhuma. Não podia legitimamente dizer que
não tinha iniciação. Antes, para quem pudesse entender, insinuei que a
tinha, quando falei de «uma preparação especial, cuja natureza me não
proponho indicar». Essa frase escapou, e ainda mais o seu sentido
possível, aos iledores antimaçónicos. Só posso pois dizer que pertenço
à Ordem Templária de Portugal. Posso dizer, e digo, que sou templário
português. Digo-o devidamente autorizado. E, dito, fica dito. Ora, é à
luz dos conhecimentos que recebi pelos três Graus Menores da Ordem
Templária que pude ler com entendimento livros e rituais maçónicos.
Ausentes esses conhecimentos, estaria lendo às escuras” 90.
218
da nação, sobre cujo grau supremo ela tinha jurisdição ainda em 1804.
Foi nestes termos que os cavaleiros de Cristo conservaram as vestes
dos templários e a cerimónia de iniciação. Na ordem civil passaram os
cavaleiros a distinguir-se somente por trazerem a cruz no traje
ordinário, como sucede com as outras ordens militares da Europa. Um
médico espanhol, por nome Nunez, que fora iniciado na Ordem de
Cristo em Portugal, transplantou-a para França em 1807. Foi
autorizado a estabelecer um ramo da Ordem onde o julgasse
conveniente. Por isso fundou ele um em Paris no qual o marechal
Lefébre, duque de Dantzig, foi eleito Grão-Mestre de França e o lrmão
Nunez Grão-Mestre honorário, reservando este para si o direito de
fundar outro ramo, que todavia seria subordinado ao de Paris,
eetabelecido como cabeça da Ordem. Apresentou-se um projecto para
secularizar a Ordem de Cristo em França, da mesma sorte que o havia
sido em Portugal a com este intento dedicou-se ela inteiramente ao
serviço de Napoleão e da sua dinastia. Mas foi infrutuosa esta adulação
e a Ordem ficou na sua condição primitiva. Em 1809, o Irmão Nunez
visitou Rennes e ali persuadiu a muitos maçons influentes que
aderissem a estabelecer naquela cidade uma casa provincial
metropolitana da Ordem de Cristo. Foi ela criada e o presidente do
Instituto de Rennes assumiu o título de Soberano de Soberanos,
Comendador Metropolitano da Ordem de Cristo. Foi ele reconhecido
como o segundo na hierarquia da Ordem e natural sucessor do Grão-
mestre, duque de Dantzig. A forma que a Ordem tomara e os fins que
lhe imputaram não permitiram que ela se perpetuasse depois da queda
do primeiro Império (1814). Por mútuo acordo resolveram os dois
Grão-mestres de Paris e de Rennes cessar de criar mais cavaleiros e
proibir que de futuro se congregassem os seus Consistórios. Assim se
executou e a maioria dos cavaleiros fundiram-se com outra instituição
de templários, que os tinha havido como rivais, e com esta transacção
se extinguiram as pretensões exclusivas de ambos os lados. Para entrar
no sistema, que terminava com o grau de Cavaleiro de Cristo, era
necessário que o postulante fosse cavaleiro Rosa-Cruz. Entre os graus
subsequentemente conferidos aos candidatos achamos enumerados os
seguintes agora incluídos no Rito Escocês Antigo e Aceite:
Comendador do Templo (27º); Cavaleiro da Águia Branca e Negra,
Cavaleiro Kadosh (30º); Grande Inspector, Inquisidor Comendador
(31º); Grande Inspector Deputado ou Soberano Príncipe do Real
219
Segredo (32º); Grão-mestre (33º), sendo todos governados por um
grande Consistório cujo presidente era um Soberano de Soberanos”.
93Irmão Clavel, História Pitoresca da Maçonaria, p. 214 e 216, citado por Miguel
António Dias.
220
apascentará e lhes servirá de guia para as fontes das águas da vida [...]"
(Apocalipse, VII, 17).
O exílio dos pastores da Lusitânia Transformada, autêntica
tribulação, comparável ao Êxodo do povo eleito, é evocada pela
referência à precaridade das choças, nas quais, em virtude da perda da
Tenda-Santuário (o convento de Cristo), onde Deus se fazia ouvir,
vivem como refugiados, dedicando-se à aprendizagem da fidelidade ao
Amor divino.
221
Alemanha durante o século XVII, como justificar a ocorrência no
Convento de Cristo, já em 1535, dos símbolos que o ramo germânico só
cerca de um século mais tarde havia de adoptar? 94
222
223
224
À esquerda da antiga entrada, a outra matrona [Contemplação
Divina] denota, pela postura do Bom Pastor (braços cruzados sobre o
peito), reverência e submissão. A legenda que lhe respeita inspira-se
em Isaías (XL, 3-4: “Preparai o caminho do Senhor: endireitai, no
ermo, vereda a nosso Deus. Todo o vale será exaltado e todo o monte e
todo o outeiro serão abatidos: e o que está torcido se endireitará, e o
que é áspero se aplainará”) ou em Lucas (III, 4-6: “Preparai o caminho
do Senhor: aplanai os seus sendeiros, todos os vales serão cheios, todas
as montanhas e todas as colinas serão abaixadas e os maus caminhos
tornar-se-ão direitos e os escabrosos planos e todo o homem verá o
Salvador enviado por Deus”):
95 Isaías, II, 3-4 e XI, 5-8; Daniel, II, 34; Miqueias, IV, 1-3; Salmos, LXXI, 7; etc.
96 Dialogo entre Discipulo, e Mestre Cathechizante […], Lisboa, 1621, cap. LXV.
97 Obras Espirituais, 1701, tratado II, toque 1, clamor 1, p. 145.
225
A ascensão a um monte escarpado como metáfora da Vida Humana
1. Gravura de Matthaus Merian (1638), que ilustra o diálogo ao estilo
platónico, intitulado Tabula Cebetis (Tábua de Cebes), um dos textos mais
estimados pelos moralistas desde o Renascimento ao Barroco, conjuntamente
com o Enchiridion de Epicteto. O cenário é uma montanha, onde cada figura e
lugar possuem um sentido preciso, amplamente explanado no texto por um
sábio ancião. Citado por Francisco de Holanda (Diálogos de Roma, II, 1548) e
João de Barros (Diálogo com dous filhos sobre Preceitos Moraes, 1548).
2. Tela (finais do séc. XVII) do pintor Bento Coelho da Silveira, figurando o
colóquio entre Cristo e a Alma Staurofila (amante da cruz). Serve-lhe de
legenda um versículo do Êxodo (XXIV, 1) que diz: “Ascende ad me in Monte”
(Sobe até mim, no Monte). Integra um ciclo de oito telas, expressamente
concebidas para aos espaldares dos dois arcazes da sacristia do convento de S.
Pedro de Alcântara (Lisboa), cuja fonte iconográfica é o livro Regia Via Crucis
(Antuérpia, 1625) do beneditino flamengo Jacques van Haeften.
226
atingir a presença de Deus, ora nos vales, designação que havia de ser,
ulteriormente, adoptada pela maçonaria para aludir às suas lojas?
Pelo seu lado, Fernando Pessoa não se coibirá de sublinhar que
o termo vale comprova “a baixa qualidade da iniciação que ela [a
Ordem] ministra, em relação à alta iniciação, nas Altas Ordens,
referida sempre a uma montanha, seja a de Heredom, seja a de
Abiegno”! Seja a Kâf, seja a do Horeb, seja a do Tabor, seja a do Merú,
seja a de Shamballah, seja a do Parnaso dos poetas laureados.
Bibliografia
227
ORDENS ANTI-MAÇÓNICAS
Nobre Ordem do Apostolado
dos Cavaleiros de Santa Cruz
Bibliografia
231
Ordem de São Miguel da Ala
233
A Ordem admitia nos seus quadros de oitocentos e sessenta e
quatro a mil e oitocentos Noviços; de cento e oito a cento e oitenta
segundos e primeiros Cavaleiros; de trinta e seis a sessenta
Comendadores; de sete a doze Grã-Cruzes; de quatro a nove Mestres e
um Grão-mestre.
Cada grupo de Noviços, com o seu respectivo Cavaleiro, formava
um Colégio; um grupo de Colégios, com o seu respectivo Comendador,
formava um Capítulo; um grupo de Capítulos, com o seu Grã-Cruz,
formava uma Província.
234
supostamente os dos primeiros membros da Milícia, a saber: D. Egas
Moniz, D. Pedro Afonso, D. Gonçalo Gonçalves, D. Pedro Pais, D.
Gonçalo de Sousa, D. Lourenço Veigas, etc., bem como sinais idênticos
aos dos maçons: aos três pontos em triângulo usado por estes,
preferiam, todavia, quatro pontos em losango (também uma cruz ou as
cinco chagas de Cristo), como atesta a carta de D. Miguel, expedida do
Palácio de Heubech, em 3 de Julho de 1855:
235
São Miguel coloca-se ao lado de D. Miguel
no combate ao Demónio (liberalismo)
236
Uma vez que todos os títulos e direitos da Ordem de São Miguel
da Ala eram apanágio exclusivo de D. Miguel, a sua actividade, bem
como a investidura com as suas insígnias, foram suspensas em
Portugal a partir do reinado de D. Maria II, assim permanecendo até
ao de D. Manuel II.
237
legal e moral da OSMA, sustentada no título de Soberano Grão-Mestre
Nato da Ordem de São Miguel da Ala, do qual é o exclusivo detentor.
A validade do mesmo decreto havia de ser reconhecido pela Santa Sé,
que confirmou não haver impedimento Legal ou Canónico para o
reconhecimento da existência contínua da Ordem de São Miguel ou
para o reconhecimento das Condecorações da Ordem conferidas pelo
Chefe da Casa Real.
Grã-Cruz
238
Grã-Colar da Ordem de São Miguel da Ala. É usado pelo Grão-Mestre
Hereditário, O Chanceler-Mor, O Chanceler e Os Dois Vice-Chanceleres
239
Uma vez aprovados por Sua Alteza Real o Duque de Bragança, a
8 de Maio de 2001, os actuais Estatutos, elaborados em conformidade
com o Código de Direito Canónico e aplicáveis às Associações
Privadas de Fiéis, receberam também parecer favorável das
autoridades eclesiásticas competentes.
Doravante, a Ordem de São Miguel da Ala voltaria a integrar o
Livro Oficial de Ordens de Cavalaria, Condecorações da Santa Sé
(Orders of Knighthood, Awards and the Holy See), constando a
respectiva história do suplemento The Cross on the Sword, publicado
desde 1983 por Peter Bander van Duren, com a anuência do Secretário
de Estado do Vaticano.
240
ADENDA
LEI ORGÂNICA
DAS ORDENS HONORÍFICAS PORTUGUESAS
Decreto-Lei n.º 414-A/86 de 15 de Dezembro
Nestes termos:
O Governo decreta, nos termos da alínea a) do n.º.1 do artigo 201.º da
Constituição, o seguinte:
Artigo 1.º
É aprovada a Lei Orgânica das Ordens Honoríficas Portuguesas, anexa a este
diploma e dele fazendo parte integrante.
Artigo 2.º
1 - Os agraciados com a Ordem do Império ou com graus de outras Ordens
extintos pela presente Lei Orgânica, bem como os agraciados com Ordens ou
243
graus já extintos por legislação anterior, manterão o direito ao uso das
respectivas insígnias.
2 - Em virtude de a Ordem de Mérito passar a designar a Ordem da
Benemerência, os agraciados com esta última serão oficiosamente incluídos
naquela, com todos os seus direitos e obrigações.
Artigo 3.º
1 - As pensões concedidas aos agraciados com a Ordem Militar da Torre e
Espada, do Valor, Lealdade e Mérito ao abrigo da legislação anterior serão
actualizadas nos termos da presente Lei Orgânica, independentemente de
requerimento.
2 - Os herdeiros hábeis dos agraciados com a Ordem Militar da Torre e
Espada, de Valor, Lealdade e Mérito já falecidos à data do presente diploma
poderão requerer a concessão da pensão a que teriam direito nos termos da
Lei Orgânica desde que reúnam as condições na mesma prescritas.
Artigo 4.º
1 - Os processos dos agraciamentos pendentes à data da entrada em vigor
deste diploma só terão seguimento se a proposta for renovada pela entidade
proponente.
2 - No caso de extinção do cargo exercido pela entidade proponente, a
competência para o exercício da medida contemplada no número anterior
passará para o titular do cargo que lhe sucedeu ou, não o havendo, para o
Primeiro-Ministro.
Artigo 5.º
1 - É revogado o Decreto-Lei n.º 132/85, de 30 de Abril.
2 - São igualmente revogados, a partir da entrada em vigor do Regulamento
das Ordens Honoríficas Portuguesas, os Decretos n.ºs. 45.498, 45.786 e
48.285, respectivamente de 31 de Dezembro de 1963, de 23 de Dezembro de
1965 e de 22 de Março de 1968, e o Decreto Regulamentar n.º 27/79, de 24 de
Maio.
Artigo 6.º
O Regulamento das Ordens Honoríficas Portuguesas será aprovado por
decreto regulamentar.
244
LEI ORGÂNICA
DAS ORDENS HONORÍFICAS PORTUGUESAS
SECÇÃO I
I - Das Ordens honoríficas e seus fins
Artigo 1º
1 - As Ordens honoríficas destinam-se a distinguir, em vida ou a título
póstumo, os cidadãos portugueses que se notabilizarem por méritos pessoais,
por feitos cívicos ou militares ou por serviços prestados ao País.
2 - Poderão também as Ordens honoríficas ser atribuídas a estrangeiros, de
harmonia com os usos internacionais.
Artigo 2º
As Ordens honoríficas portuguesas são as seguintes:
I) Antigas Ordens militares:
a) Da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito;
b) De Cristo;
c) De Avis;
d) De Sant'Iago da Espada;
II) Ordens nacionais:
Do Infante D. Henrique;
b) Da Liberdade;
III) Ordens de mérito civil:
Do mérito;
b) Da Instrução Pública;
c) Do Mérito Agrícola, Comercial e Industrial.
Artigo 3º
A Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito destina-se a
galardoar:
a) Méritos excepcionalmente relevantes demonstrados no exercício das
funções dos cargos supremos que exprimem a actividade dos órgãos de
soberania ou no comando de tropas em campanha;
b) Feitos de heroísmo militar e cívico;
c) Actos excepcionais de abnegação e sacrifício pela Pátria e pela Humanidade.
Artigo 4º
A Ordem Militar de Cristo será concedida por destacados serviços prestados
ao País no exercício das funções de soberania ou na Administração Pública, em
geral, e na magistratura e diplomacia, em particular, e que mereçam ser
especialmente distinguidos.
245
Artigo 5º
A Ordem Militar de Avis é destinada a premiar altos serviços militares, sendo
exclusivamente reservada a oficiais das Forças Armadas, da Guarda Nacional
Republicana e da Guarda Fiscal e, ainda, a unidades, órgãos, estabelecimentos
e corpos militares.
Artigo 6º
A Ordem Militar de Sant'Iago da Espada tem por objectivo distinguir o mérito
literário, científico e artístico.
Artigo 7º
A Ordem do Infante D. Henrique visa distinguir os que houverem prestado:
a) Serviços relevantes a Portugal, no País e no estrangeiro;
b) Serviços na expansão da cultura portuguesa ou para conhecimento de
Portugal, sua história e seus valores.
Artigo 8º
A Ordem da Liberdade destina-se a distinguir serviços relevantes prestados
em defesa dos valores da civilização, em prol da dignificação do homem e à
causa da liberdade.
Artigo 9º
A ordem do Mérito destina-se a galardoar actos ou serviços meritórios
praticados no exercício de quaisquer funções, públicas ou privadas, ou que
revelem desinteresse e abnegação em favor da colectividade.
Artigo 10º
A ordem da Instrução Pública tem o intuito de galardoar altos serviços
prestados à causa da educação e do ensino.
Artigo 11º
1 - A Ordem do Mérito Agrícola Comercial e Industrial tem por fim distinguir
aqueles que hajam prestado serviços relevantes no fomento ou na valorização
por qualquer forma:
a)Da riqueza agrícola, pecuária ou florestal do País ou que para tal hajam
destacadamente contribuído;
b) Do comércio ou dos serviços;
c) Das indústrias;
d) De obras de interesse público.
2 - Esta ordem terá três classes:
Do mérito agrícola;
b) Do mérito comercial;
c) Do mérito industrial.
246
Artigo 12º
Os distintivos e as insígnias das Ordens honoríficas serão os descritos no
respectivo regulamento.
Artigo 13º
1 - Os graus das antigas Ordens militares e das Ordens nacionais são por
ordem ascendente: cavaleiro ou dama, oficial, comendador, grande-oficial e
grã-cruz.
2 - Nas Ordens de mérito civil não haverá o grau de cavaleiro, que será
substituído por medalha.
Artigo 14 º
Nas Ordens Militares da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito e de
Sant’Iago da Espada e nas Ordens nacionais haverá, além dos graus
enumerados no artigo anterior, o grande-colar, exclusivamente destinado a
agraciar chefes de Estado, com excepção do correspondente à primeira, que só
será atribuído nos termos do nº 4 do artigo 15º.
Artigo 15º
1 - O Presidente da República Portuguesa, como grão-mestre de todas as
Ordens honoríficas, usará por insígnia da sua função a Banda das Três Ordens.
2 - A Banda das Três Ordens - Cristo, Avis e Sant'Iago da Espada - é privativa
da magistratura presidencial, não podendo ser concedida a nacionais ou
estrangeiros nem usada fora do exercício da Presidência da República; com a
Banda das Três Ordens não deverão ser usadas quaisquer outras insígnias.
3 - O Presidente da República, como grão-mestre de todas as Ordens
honoríficas, poderá usar, isoladamente, as insígnias de grande-colar ou grã-
cruz de qualquer ordem não compreendida na Banda das Três Ordens, sem
prejuízo do disposto no número seguinte.
4 - Aquele que tiver exercido as funções de Presidente da República será,
terminado o mandato para que foi eleito, inscrito, independentemente de acto
de agraciamento, no quadro da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor,
Lealdade e Mérito corno seu grande-colar, que só neste caso poderá ser usado.
Artigo 16º
1 - O número máximo de graus de cada uma das Ordens que pode ser
concedido a cidadãos portugueses constará do quadro anexo ao presente
diploma.
2 - Exceptua-se do disposto no número anterior a concessão do grau de
cavaleiro, quando não lhe corresponda a direito ao uso de colar, e a de
medalhas, que pode ser feita em número ilimitado.
247
3 - Em qualquer ordem cada grau só pode ser atribuído uma vez à mesma
individualidade.
4 - Os sucessivos agraciamentos, efectuados nos termos do número anterior,
consideram-se como promoções, contando só o grau mais elevado para os
efeitos do nº 1.
Artigo 17º
1 - A concessão dos graus de todas as Ordens honoríficas é da exclusiva
competência do Presidente da República e revestirá a forma de alvará, a
publicar na 2ª série do Diário da República.
2 - Quando o regulamento das Ordens não dispuser diferentemente, a
publicação do alvará será feita por extracto.
3 - Da concessão da condecoração será passado diploma pela Chancelaria das
Ordens, assinado pelo chanceler respectivo e autenticado com o selo branco da
Chancelaria.
4 - Os diplomas respeitantes ao grau de grande-colar serão também assinados
pelo Presidente da República.
Artigo 18º
A competência do Presidente da República para a concessão das Ordens
honoríficas poderá ser exercida:
a) Por sua iniciativa;
b) Sob proposta do Conselho de Ministros;
c) Sob proposta do Primeiro-Ministro;
d) Sob proposta dos ministros;
e) Sob proposta dos conselhos das Ordens.
Artigo 19º
O Presidente da República poderá, por sua iniciativa, independentemente da
existência de vaga no quadro e de audiência do respectivo conselho das
Ordens, conceder qualquer grau das Ordens honoríficas a cidadãos nacionais
ou estrangeiros dentro da finalidade delas.
Artigo 20º
1 - O Conselho de Ministros e o primeiro-ministro podem propor a concessão
dos graus de qualquer ordem a nacionais e a estrangeiros.
2 - As propostas referidas no número anterior, quando formuladas com nota
de urgência, terão seguimento imediato, ficando dispensadas de audiência do
respectivo conselho das Ordens.
Artigo 21º
1 - Qualquer ministro pode propor que ouvido o conselho das Ordens, sejam
concedidos a cidadãos nacionais ou estrangeiros graus da Ordem de Cristo, da
248
Ordem do Infante D. Henrique, da Ordem da Liberdade e da Ordem do
Mérito.
2 - A proposta da concessão da Ordem de Sant'Iago da Espada e da Ordem da
Instrução Pública é reservada ao Ministro da Educação e ao Ministro que tiver
a seu cargo a área da cultura; a da Ordem do Mérito Agrícola, Comercial e
Industrial, aos Ministros das pastas por onde corram os assuntos económicos,
de obras públicas ou de comunicações.
3 - Só o Ministro da Defesa Nacional, ouvido o Chefe do Estado-Maior-General
das Forças Armadas ou os Chefes dos Estados-Maiores do Exército, da
Armada ou da Força Aérea, pode propor a concessão da Ordem Militar de
Avis.
Artigo 22º
1 - Os conselhos das Ordens, podem propor a concessão de qualquer grau das
respectivas Ordens.
2 - Quando a iniciativa da concessão da ordem esteja reservada a algum
ministro, será este ouvido sobre a proposta; não estando reservada a iniciativa,
será pedida a concordância do Primeiro-Ministro.
Artigo 23º
1 - A concessão de qualquer condecoração a cidadãos estrangeiros, quando não
seja proposta pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros, será precedida de
informação deste.
2 - O disposto no nº 2 do artigo 20º aplica-se às propostas do Ministro dos
Negócios Estrangeiros para a concessão de condecorações a cidadãos
estrangeiros.
Artigo 24º
1 - As localidades, colectividades, instituições, corpos militarizados e unidades
e estabelecimentos militares podem ser declarados membros honorários de
qualquer das Ordens, sem indicação de grau.
2 - A concessão do título de membro honorário de uma ordem nos termos
deste artigo, quando não seja feita a corpos militarizados ou a unidades e
estabelecimentos militares, depende dos requisitos seguintes:
a) Ser a entidade proposta pessoa colectiva de direito público ou de utilidade
pública;
b) Ter, pelo menos, 25 anos de existência e oferecer garantias de duração;
c) Ser considerada digna de distinção por parecer do Conselho de Ministros ou
do respectivo conselho das Ordens.
249
III - Da orgânica das Ordens
Artigo 25º
O Presidente da República é o grão-mestre de todas as Ordens honoríficas
portuguesas e nessa qualidade concede todos os graus e superintende na sua
organização, orientação e disciplina, com a colaboração dos chanceleres e dos
conselhos das Ordens.
Artigo 26º
1 - Cada grupo de Ordens terá o seu conselho, composto por oito vogais,
nomeados por alvará do Presidente da República, sob proposta do respectivo
chanceler, de entre as grã-cruzes, grandes-oficiais e comendadores das
respectivas Ordens.
2 - Em cada conselho haverá uma representação tanto quanto possível
equitativa das Ordens que, compõem o respectivo grupo.
3 - Os vogais da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito
poderão ser escolhidos de entre os condecorados com qualquer grau.
4 - Os vogais da Ordem Militar de Avis serão sempre oficiais generais, de
preferência de ramos diferentes
5 - Os vogais dos conselhos serão nomeados por um período de oito anos ou
pelo tempo que falte para preencher o período de exercício do vogal que vão
substituir, devendo proceder-se de quatro em quatro anos à renovação de
metade do número de vogais de cada conselho.
6 - O Presidente da República pode dissolver um conselho, sob proposta do
respectivo chanceler, sempre que por falta de número, seja impossível, por três
vezes seguidas, realizar as reuniões convocadas.
7 - A falta não justificada de um vogal por três vezes seguidas às reuniões para
que tenha sido convocado implica cessação imediata do exercício das
respectivas funções.
Artigo 27º
1 - Haverá três chanceleres das Ordens honoríficas, um para cada grupo de
Ordens.
2 - Os chanceleres serão nomeados, por decreto do Presidente da República,
de entre grã-cruzes de uma das Ordens compreendidas no grupo de que vão
encarregar-se e as suas funções cessam quando, por qualquer motivo, termine
o mandato do Presidente que os nomeou.
3 - No impedimento ou ausência prolongada no estrangeiro de algum dos
chanceleres, o Presidente da República nomeará, também por decreto, de
entre os vogais dos respectivos conselhos um vice-chanceler que o substitua.
Artigo 28º
Compete aos chanceleres das Ordens:
250
a) Convocar e presidir às reuniões dos conselhos das Ordens em que
superintendam;
b) Representar o Presidente da República nas cerimónias respeitantes à
ordem, quando não tenha sido designado outro representante;
c) Assinar os diplomas, de concessão de condecorações das Ordens em
superintendam;
d) Propor a dissolução do conselho das Ordens a seu cargo, nos termos do
artigo 26º;
e) Determinar a instauração de processo disciplinar aos membros das Ordens
que infrinjam os seus deveres para com a Pátria, a sociedade ou a ordem a que
pertencerem;
f) Promover tudo quanto julguem conveniente para a defesa do prestígio das
Ordens que lhes estão confiadas.
Artigo 29º
Compete aos conselhos das Ordens:
a) Dar parecer sobre as propostas de agraciamento com as respectivas
Ordens;
b) Propor, nos termos legais, a concessão de condecorações com as suas
Ordens;
c) Funcionar como tribunal de honra nas questões desta natureza em que
estejam envolvidos dois ou mais membros das Ordens, desde que por qualquer
deles seja solicitada a sua intervenção e entre todos haja acordo nesse sentido;
d) Julgar os processos disciplinares instaurados aos membros das Ordens e
propor ao Presidente da República a irradiação dos mesmos.
IV - Dos membros das Ordens, sua investidora, seus direitos e sua disciplina
Artigo 30º
Os membros das Ordens honoríficas podem pertencer às seguintes categorias:
Titulares;
Supranumerários;
Honorários.
Artigo 31º
Membros titulares são os cidadãos portugueses nomeados para vagas dos
quadros da ordem a que pertençam.
Artigo 32º
Membros supranumerários são os condecorados que, estando nas condições
para serem titulares, excedam os quadros da sua ordem e aguardem vaga
nestes.
251
Artigo 33º
Membros honorários são os cidadãos estrangeiros e as unidades e
estabelecimentos militares os corpos militarizados, as localidades,
colectividades ou instituições pertencentes a uma ordem honorífica.
Artigo 34º
A investidura dos cidadãos portugueses em um grau de qualquer das Ordens
honoríficas depende da assinatura de compromisso de honra de observância
da Constituição e da lei e de respeito pela disciplina das Ordens.
Artigo 35º
A investidura será solene quando o Presidente da República o determinar no
despacho de concessão.
Artigo 36º
1 - A investidura solene terá lugar em acto presidido pelo Presidente da
República ou, por expressa delegação sua, pelo respectivo chanceler, por
membro do Governo, pelo ministro da República nas regiões autónomas, pelo
Governo de Macau, por chefe de estado-maior, pelo embaixador ou ministro
plenipotenciário no país onde a cerimónia for levada a efeito ou por grã-cruz
da mesma ordem especialmente designado.
2 - A solenidade consistirá na leitura da proposta fundamentada e do alvará da
concessão, na prestação do compromisso pelo agraciado e na imposição das
insígnias, feita por quem presidir ao acto.
3 - Quando a condecoração haja sido concedida com palma, a investidura será
feita em formatura de tropas.
4 - Será concedida com palma a condecoração que se destina a premiar feitos
heróicos em campanha.
5 - A solenidade da investidura pode ser simplificada quando as circunstâncias
o aconselharem.
Artigo 37º
Os membros das Ordens honoríficas têm direito ao uso das insígnias do grau
que lhes tiver sido concedido por alvará publicado no Diário da Republica e às
honras e precedências estabelecidos em regulamento.
Artigo 38º
Os militares agraciados com qualquer grau das Ordens Militares da Torre e
Espada, do Valor, Lealdade e Mérito e de Avis, quando ostentem as respectivas
insígnias, têm direito ao uso do uniforme militar, seja qual for o seu quadro ou
situação e mesmo depois de deixarem a efectividade de serviço.
252
Artigo 39º
1 - Nas cerimónias oficiais presididas pelo Presidente da República poderá ser
reservado lugar para as Ordens honoríficas portuguesas, onde terão assento os
portadores da banda e placa da grã-cruz das Ordens que. não devam ocupar
qualquer outro.
2 - Quando seja feito convite às Ordens honorificas para qualquer solenidade,
a ordem convidada será representada pelo respectivo chanceler, que poderá
delegar essa representação em qualquer membro da ordem.
Artigo 40º
1 - Aos condecorados com qualquer dos graus da Ordem Militar da Torre e
Espada, do Valor, Lealdade e Mérito são garantidas as prerrogativas
actualmente conferidas por lei e, em especial têm:
a)Preferência na admissão em estabelecimentos sociais administrados pelo
Estado;
b) Direito a haver do Estado uma pensão correspondente ao salário mínimo
nacional, nos termos do disposto nos números seguintes.
2 - A pensão a que se refere a alínea b) do número anterior será concedida aos
condecorados que:
a) Sendo militares ou funcionários públicos a requererem, demonstrando
terem deixado a efectividade de serviço;
b) Não sendo militares nem funcionários públicos, a requererem,
demonstrando terem deixado de trabalhar;
3 - O montante da pensão a que se refere a alínea b) do nº 1 não pode sofrer
redução por virtude da existência de quaisquer outras pensões.
4 - O condecorado com mais de um grau desta Ordem só terá direito a
requerer uma pensão ao abrigo deste artigo.
Artigo 41º
1 - Os cônjuges sobrevivos dos condecorados com a Ordem Militar da Torre e
Espada, do Valor, Lealdade e Mérito têm direito:
a) A preferência na admissão em estabelecimentos sociais administrados pelo
Estado;
b) A pensão referida no artigo anterior, nos termos nele previstos.
2 - O disposto na alínea a) do número anterior é extensivo às filhas solteiras
dos condecorados.
3 - Têm igualmente direito à pensão prevista na alínea b) do nº 1 os filhos
menores ou incapazes, bem corno as filhas solteiras dos condecorados, se não
houver cônjuge sobrevivo.
4 - No caso de haver mais de um filho ou filha nas condições do número
anterior, a pensão será por todos eles repartida igualmente.
5 - A concessão ou a transmissão da pensão referida na alínea b) do nº 1 é
isenta de quaisquer emolumentos ou impostos.
253
Artigo 42º
Os órfãos dos condecorados com a Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor,
Lealdade e Mérito têm preferência absoluta na admissão nos estabelecimentos
de ensino militar, bem como nos estabelecimentos escolares dependentes dos
departamentos militares.
Artigo 43º
1 - As senhoras condecoradas ou as viúvas e filhas de condecorados com a
Ordem Militar de Sant'Iago da Espada têm preferência na admissão no
Recolhimento de Santos-o-Novo.
2 - A admissão no Recolhimento da Encarnação é reservada a viúvas e filhas
de membros da Ordem Militar de Avis.
Artigo 44º
São deveres dos membros das Ordens honoríficas:
a) Defender e prestigiar Portugal em todas as circunstâncias;
b) Regular o seu procedimento, público e privado, pelos ditames da virtude e
da honra;
c) Acatar as determinações e instruções dimanadas dos órgãos directivos da
sua ordem;
d) Procurar dignificar a sua ordem por todos os meios e em todas as
circunstâncias.
Artigo 45º
1 - Sempre que haja conhecimento da violação de qualquer dos deveres
enunciados no artigo anterior, deverá ser instaurado processo disciplinar,
mediante despacho do chanceler do respectivo conselho.
2 - Para instrutor do processo será designado no mesmo despacho um
membro da ordem de grau superior ao do arguido, ou do mesmo grau, se for
grã-cruz.
3 - No processo disciplinar é diligência impreterível a audiência do arguido, ao
qual deverá ser entregue nota de culpa e facultada a apresentação de defesa.
4 - Concluída a instrução, será o processo presente ao respectivo conselho e
nele relatado pelo instrutor, que assistirá à reunião, sem voto.
5 - Se a acusação for julgada procedente, será imposta ao arguido, conforme a
gravidade da falta e do desprestígio causado à ordem, a sua admoestação ou
irradiação.
6 - A admoestação é da competência do chanceler e consiste na repreensão do
infractor, pessoalmente ou por escrito.
7 - A irradiação, que consiste na expulsão do arguido dos quadros da ordem,
com privação do uso da condecoração e perda de todos os direitos a ela
inerentes, é da competência do Presidente da República e será feita por alvará.
254
Artigo 46º
1 - As regras do processo disciplinar previstas no artigo anterior aplicar-se-
ão com as adaptações a seguir indicadas, ao julgamento das questões postas à
consideração dos conselhos das Ordens, nos termos da alínea c) do artigo 29º.
2 - Recebida a petição e acordada a deferência da questão ao conselho, o
respectivo chanceler tentará a conciliação das partes antes de designar
instrutor.
3 - Neste processo a audiência do arguido é substituída pela audiência de
todos os interessados.
4 - A decisão definitiva do processo compete ao respectivo conselho, devendo
ser dela notificadas pessoalmente as partes em litígio.
5 - Os processos e as decisões proferidas nos termos do presente artigo têm
natureza pessoal e confidencial e efeitos meramente internos.
6 - Este processo não dá lugar à aplicação de penas disciplinares, mas, se
através dele for conhecida qualquer infracção, deverá promover-se o
respectivo procedimento.
Artigo 47º
1 - Os membros honorários das Ordens têm unicamente direito ao uso das
insígnias do seu grau e o dever de, não prejudicar, de nenhum modo, os
interesses de Portugal, podendo ser irradiados quando infrinjam esse dever.
2 - Os membros honorários colectivos, a que se refere o artigo 24º, podem
usar as insígnias da ordem no escudo, brasão ou selo que os identifique e,
quando possuam bandeira ou estandarte, laço com as cores da ordem, tendo
pendente o distintivo respectivo.
Artigo 48º
1 - Os cidadãos nacionais agraciados com quaisquer condecorações
estrangeiras carecem de autorização do Governo Português para as aceitar.
2 - Consideram-se condecorações estrangeiras as medalhas, Ordens, mercês
honoríficas e condecorações, civis ou militares, concedidas por Estados
soberanos, através dos respectivos órgãos políticos, ou pelas entidades
estrangeiras, singulares ou colectivas, a quem o direito e o costume
internacionais reconheçam competência para o efeito.
Artigo 49º
1 - O pedido de autorização para aceitar condecorações estrangeiras será
apresentado na Chancelaria das Ordens, que o instruirá com a informação do
Ministro dos Negócios Estrangeiros e do ministério de que o requerente
dependa, se for funcionário público ou militar.
255
2 - Depois de instruído, o processo será submetido a despacho do Primeiro-
Ministro ou do ministro em quem aquele delegue a sua competência.
Artigo 50º
O uso de condecoração estrangeira sem autorização, fora dos casos
estabelecidos no regulamento, é considerado, para todos os efeitos, uso ilegal
de condecoração.
Artigo 51º
1 - A Chancelaria das Ordens Honoríficas Portuguesas constitui um serviço
destinado a assegurar o regular funcionamento das Ordens, integrado na
Presidência da República e dirigido pelo respectivo secretário-geral, que, por
inerência, será o secretário-geral das Ordens.
2 - Para apoio administrativo da Chancelaria haverá uma secção da
Chancelaria das Ordens, a cargo de um chefe de secção.
Artigo 52º
Compete ao Secretário-Geral das Ordens:
a) Manter o Presidente da República ao corrente das deliberações dos
conselhos e submeter a seu despacho as propostas que dependerem da sua
resolução;
b) Assistir tecnicamente os conselhos das Ordens;
c) Secretariar, sem voto, as reuniões de todos os conselhos e assistir
os chanceleres na execução das deliberações tornadas, ficando a seu cargo a
redacção e arquivo das actas;
d) Superintender todos os serviços da Chancelaria das Ordens;
e) Promover quaisquer estudos e trabalhos de investigação com vista ao
estabelecimento de assuntos respeitantes às Ordens, nomeadamente a
organização de um arquivo histórico, donde conste o nome e outros elementos
relativos a individualidades agraciadas.
Artigo 53º
1- Compete à Secção da Chancelaria das Ordens Honoríficas Portuguesas:
a) O expediente relativo às Ordens honoríficas;
b) O registo de todas as condecorações através dela concedida, bem como a
instrução de processos de autorização de aceitação de condecorações
estrangeiras a cidadãos portugueses e o respectivo registo;
c) A organização de publicações no âmbito da sua competência,
nomeadamente o Anuário das Ordens Honoríficas Portuguesas, donde conste
a indicação dos novos agraciamentos e dos membros das Ordens falecidos e
irradiados no decorrer de cada ano;
256
d) O desempenho de todas as tarefas administrativas que assegurem o regular
funcionamento da Chancelaria.
2 - Para os efeitos da última parte da alínea c) e consequente actualização dos
respectivos quadros, todas as autoridades ou funcionários que, por virtude, da
sua função, tenham conhecimento do falecimento de qualquer membro de
uma ordem honorífica deverão participá-lo à Chancelaria.
3 - No âmbito do disposto no número anterior, os conservadores do registo
civil deverão inquirir das entidades participantes dos óbitos se os falecidos
eram ou não agraciados com qualquer ordem e, tendo-o sido, comunicar o
facto à Chancelaria até, ao fim do mês imediato ao da participação.
Artigo 54º
A Chancelaria das Ordens é apoiada administrativamente pelos serviços
competentes da Secretaria-Geral da Presidência da República, cujo quadro
integrará todo o pessoal da Chancelaria.
Secção II
Quadro das Ordens honoríficas portuguesas
O número máximo de graus de cada uma das Ordens honoríficas que pode ser
concedido, consta no quadro anexo ao Dec.-Lei nº 80/91, de 19 de Fevereiro,
que deu nova redacção ao quadro anexo ao Dec.-Lei nº 414-A/86, de 15 de
Dezembro.
257
REGULAMENTO
DAS ORDENS HONORÍFICAS PORTUGUESAS 99
PARTE I
Disposições gerais
CAPITULO I
Do processo de agraciamento e da investidura
Artigo 1º
1 - As propostas de concessão de qualquer grau das Ordens honoríficas
deverão ser sempre fundamentadas e assinadas pela entidade proponente.
2 - Os requisitos exigidos para a concessão do título de membro honorário de
uma ordem a localidades, colectividades e instituições deverão ser provados
pela entidade proponente, em documentação anexa à proposta, quando não
constituam factos notórios.
Artigo 2º
1 - Se não houver vaga no quadro para a concessão do agraciamento proposto,
a Chancelaria das Ordens Honoríficas Portuguesas comunicará à entidade
proponente que, por esse motivo, a proposta não pode ter seguimento.
2 - Quando vier a verificar-se a existência de uma vaga que permita o
andamento do processo, será informada a entidade proponente, para
renovação da sua iniciativa, se assim o entender.
Artigo 3º
1 - Recebida a proposta de agraciamento na Chancelaria das Ordens, será dado
conhecimento ao chanceler, que fará convocar o respectivo conselho, a fim de,
ser ouvido sobre a mesma.
2 - Se o parecer do conselho das Ordens for favorável, será o processo
submetido à apreciação do Presidente da República para decisão final.
3 - Em caso de parecer desfavorável, que será devidamente fundamentado, a
Chancelaria comunicá-lo-á à entidade proponente.
4 - Terão seguimento imediato, ficando dispensadas da audiência do conselho:
99O Regulamento das Ordens Honoríficas Portuguesas foi aprovado pelo Decreto
Regulamentar nº 71-A/86, de 15 de Dezembro, que se transcreve.
258
a) As propostas do Conselho de Ministros e do Primeiro-Ministro formuladas
com nota de urgência;
b) As propostas do Ministro dos Negócios Estrangeiros, para concessão de
condecoração a cidadão estrangeiro, formuladas com nota de urgência.
Artigo 4º
1 - Quando um conselho das Ordens resolver formular uma proposta de
agraciamento, a Chancelaria ouvirá o ministro a quem esteja reservada a
iniciativa da concessão da ordem ou, se a mesma não estiver reservada, o
Primeiro-Ministro.
2 - Se o parecer solicitado for favorável, será a proposta assinada pelo
chanceler e apresentada ao Presidente da República para decisão.
3 - No caso de discordância, será comunicado o facto ao chanceler, que
mandará convocar o conselho, a fim de tomar conhecimento do parecer.
Artigo 5º
Quando a entidade proponente, se não conformar com o parecer acerca da sua
proposta, nas hipóteses previstas no artigo 3º, nº 3, e no artigo 4º, nº 3,
poderá requerer ao Presidente da República que a proposta seja objecto de
decisão.
Artigo 6º
1 - A concessão de qualquer condecoração a cidadãos estrangeiros, quando não
seja proposta pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros, será precedida de
informação deste.
2 - A informação deverá ser solicitada antes da audiência do conselho das
Ordens.
3 - Não será publicado o alvará de agraciamento de cidadãos estrangeiros sem
que haja notícia de ter sido concedida a concordância do governo do país do
agraciado.
Artigo 7º
1 - As condições exigidas na regulamentação especial de cada ordem para a
concessão de qualquer dos seus graus não se aplicam aos agraciamentos,
embora sempre dentro das finalidades delas, de cidadãos estrangeiros.
2 - O Ministro dos Negócios Estrangeiros poderá, para os efeitos da alínea b)
do nº 4 do artigo 3º, subscrever qualquer proposta de agraciamento, sem
prejuízo das competências reservadas no artigo 21º da Lei Orgânica das
Ordens.
3 - No caso de reserva de competência, a proposta será conjunta do ministro
especialmente competente para propor o agraciamento e do Ministro dos
Negócios Estrangeiros.
259
Artigo 8º
1 - A concessão dos graus de todas as Ordens honoríficas é da exclusiva
competência do Presidente da República e revestirá a forma de alvará, a
publicar no Diário da República, 2ª série.
2 - Quando o Regulamento das Ordens não dispuser diferentemente, a
publicação do alvará será feita por extracto.
3 - Os alvarás de concessão de qualquer grau da Ordem Militar da Torre e
Espada, do Valor, Lealdade e Mérito especificarão os feitos, actos ou serviços
pelos quais tenha sido concedido.
Artigo 9º
1 - Nos casos em que a investidura não seja solene, a Chancelaria das Ordens,
através da entidade proponente, enviará aos agraciados, para assinatura, um
texto de compromisso de honra, que indicará, em aditamento, os deveres dos
membros das Ordens consignadas na respectiva Lei Orgânica.
2 - Só depois de recebido na Chancelaria o compromisso de honra
devidamente assinado será passado o diploma de agraciamento, que valerá
como título de investidura.
Artigo 10º
1 - Da concessão da condecoração será passado diploma pela Chancelaria das
Ordens, assinado pelo respectivo chanceler e autenticado com o selo branco da
Chancelaria.
2 - Os diplomas relativos à concessão de grandes-colares serão também
assinados pelo Presidente da República.
Artigo 11º
As vagas que ocorrerem nos quadros de cada ordem serão preenchidas pelos
respectivos membros supranumerários por ordem de antiguidade.
CAPITULO II
Do registo das condecorações e da autorização para aceitar
condecorações estrangeiras
[…]
CAPITULO III
Do funcionamento dos conselhos
Artigo 16º
260
As reuniões dos conselhos das Ordens serão convocados pelos respectivos
chanceleres.
Artigo 17º
1 - As resoluções dos conselhos serão tomadas por maioria absoluta de votos
dos vogais que os constituírem.
2 - De todas as reuniões dos conselhos será lavrada acta, a qual, depois de lida
e aprovada, será subscrita pelo secretário-geral e assinada pelo chanceler ou
pelo vogal que houver presidido à reunião.
Artigo 18º
Não estando nomeado vice-chanceler, o chanceler de cada grupo de Ordens,
no caso de impedimento ou ausência, será substituído pelo vogal mais antigo
no conselho e, no caso na igualdade nas Ordens.
CAPITULO IV
Do uso das condecorações
Artigo 19º
Os condecorados com mais de um grau de qualquer das Ordens usarão só a
insígnia correspondente a um dos graus, com excepção do disposto no artigo
29º para os condecorados com a Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor,
Lealdade e Mérito ou quando as condecorações hajam sido concedidas com
palma.
Artigo 20º
As condecorações concedidas com palma terão sobre a fita uma palma
dourada colocada horizontalmente da esquerda para a direita.
Artigo 21º
1 - Não é permitido o uso simultâneo de duas ou mais bandas.
2 - Também só poderá ser usada uma insígnia pendente do pescoço, qualquer
que seja o grau a que corresponda.
3 - As unidades e estabelecimentos militares e os corpos militarizados aos
quais houver sido conferido uma condecoração usarão sobre o laço da
bandeira de desfile ou estandarte outro laço de fitas da cor da ordem, de 0,1 m
de largura, franjadas de ouro, tendo pendente numa das pontas o respectivo
distintivo.
4 - As localidades, colectividades e instituições que sejam membros honorários
de uma ordem têm direito a usar o laço definido no número anterior na
respectiva bandeira de desfile ou estandarte oficial, quando os possuam, não
devendo os laços das condecorações ser usados cumulativamente com
quaisquer adornos ou com outras insígnias.
261
Artigo 22º
1 - As insígnias das condecorações nacionais precedem sempre as estrangeiras
e as das Ordens honoríficas portuguesas são colocadas, da direita para a
esquerda, no lado esquerdo do peito, pela seguinte ordem de precedência:
Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, Cristo, Avis, Sant'Iago da
Espada, Infante D. Henrique, Liberdade, Mérito, Instrução Pública e Mérito
Agrícola, Comercial e Industrial.
2 - Quando as insígnias das condecorações não se contenham numa só linha, a
ordem de precedência começará pela linha superior.
Artigo 23º
1 - Com trajo civil que não seja de gala, poderão usar: os cavaleiros, as damas e
os detentores de medalhas, uma fita com as cores da ordem; os oficiais, uma
roseta de 8 mm de diâmetro, com as mesmas cores; os comendadores,
grandes-oficiais e grã-cruzes, uma roseta igual com galão de prata para os
comendadores, de ouro e prata para os grandes-oficiais e de ouro para os grã-
cruzes; os grandes-colares, uma roseta de 12 mm de diâmetro, com as cores da
ordem, filetada interiormente de ouro.
2 - Com trajo civil que não seja de gala, as senhoras agraciadas com
condecorações poderão usar, no lado esquerdo do peito: as damas e as
detentoras de medalhas, um laço das cores da ordem, e as possuidoras dos
262
restantes graus, as respectivas rosetas definidas no número anterior, sobre um
pequeno laço das mesmas cores.
3 - Nas cerimónias solenes, os agraciados com diversas condecorações poderão
usar as miniaturas dos respectivos distintivos e fitas, suspensas de uma
corrente ou de uma pequena barra metálica, colocada no topo do peito, do
lado esquerdo dos uniformes ou dos vestidos, ou na lapela esquerda dos trajos
ou uniformes adequados.
Artigo 24º
Nos uniformes em que é permitido o uso de fitas serão elas aplicadas, sem
fivelas, numa ou mais placas metálicas colocadas horizontalmente, sem
intervalo, sobrepondo-se às fitas as rosetas definidas no nº 1 do artigo 23º
para o respectivo grau.
Artigo 25º
Os distintivos e as insígnias das Ordens honoríficas portuguesas são os
descritos no presente regulamento e conforme modelos anexos.
PARTE II
Das Ordens em especial
CAPÍTULO I
Banda das Três Ordens
Artigo 26º
As insígnias da Banda das Três Ordens são constituídas por uma banda com as
cores das Ordens de Avis, Cristo e Sant'Iago da Espada, respectivamente
verde, vermelho e violeta, tendo pendente sobre o laço e encadeado por uma
coroa de louros de esmalte verde perfilada e frutada de ouro, com 33 mm x 25
mm, um medalhão oval, com motivos decorativos de ouro, em recorte aberto e
perfilado do mesmo metal, com 50 mm x 65 mm, com três ovais de esmalte
branco, carregada cada uma do distintivo de uma das três Ordens e com uma
bordadura de esmalte da respectiva cor da ordem, contida em filetes de ouro,
ficando o de Cristo em chefe, o de Avis à dextra da ponta e o de Sant'Iago à
sinistra da ponta, colocados os dois últimos, respectivamente, em banda e em
barra; e uma placa dourada, em raios abrilhantados, de 85 mm de diâmetro,
tendo ao centro e sobre uma superfície circular de esmalte azul, de 30 mm de
diâmetro, lavrada com motivos decorativos de ouro, a Ordenação atrás
descrita para o medalhão envolvida por coroa circular de esmalte vermelho e
bordadura lavrada e perfilada de ouro, donde partem raios prateados.
263
Artigo 27º
1 - Haverá na Chancelaria das Ordens as insígnias da Banda das Três Ordens,
bem como as das Ordens que o Presidente da República pode usar no exercício
do seu cargo.
2 - Com a Banda das Três Ordens não deverão ser usadas quaisquer outras
insígnias.
3 - Quando o Presidente da República for oficial de qualquer ramo das Forças
Armadas, usará normalmente com a farda apenas o distintivo da Banda das
Três Ordens, semelhante ao medalhão descrito no artigo anterior, colocado no
lado esquerdo do peito, sempre que não ostente as respectivas insígnias.
4 - Com trajo civil que não seja de gala, o Presidente da República poderá usar
uma miniatura representativa das insígnias da Banda das Três Ordens, em
forma de oval, com 15 mm X 18 mm, constituída por fita das cores da Banda,
carregada das respectivas cruzes e filetada interiormente de ouro.
CAPÍTULO II
Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito
[…]
CAPÍTULO III
Ordem Militar de Cristo
Artigo 33º
1 - O distintivo da Ordem Militar de Cristo é uma cruz latina, pátea, de esmalte
vermelho, perfilada de ouro, carregada de cruz latina de esmalte branco, e a
fita vermelha.
2 - As insígnias dos diversos graus desta Ordem são:
Para cavaleiro: a cruz singela, com 38 mm x 28 mm, suspensa de fita, de 30
mm, com fivela dourada;
Para oficial: a mesma insígnia, tendo sobre a fivela uma roseta da cor da fita
com 10 mm de diâmetro;
Para comendador: o distintivo da Ordem, com 55 mm x 43 mm, suspenso de
fita pendente do pescoço, e placa de prata em raios, com 70 mm de diâmetro,
tendo ao centro um círculo de esmalte branco carregado da cruz da Ordem,
perfilado de ouro e circundado de um festão de louro de ouro;
Para grande-oficial: insígnias iguais às de comendador, com placa dourada;
Para grã-cruz: banda de seda da cor da Ordem, posta a tiracolo da direita para
a esquerda, tendo pendente sobre o laço o distintivo com as dimensões
indicadas para comendador e placa igual à de grande oficial.
264
Artigo 34º
Nos actos solenes, os cavaleiros e oficiais da Ordem Militar de Cristo poderão
usar pendente do pescoço, por uma fita da cor da Ordem, o respectivo
distintivo com as dimensões indicadas para comendador.
CAPÍTULO IV
Ordem Militar de Avis
(Alterações introduzidas aos artigos 35º, 36º e 37º, pelo
Decreto Regulamentar nº 12/2003, de 29 de Maio)
Artigo 35º
1 - Aos diferentes graus da Ordem Militar de Avis correspondem os
seguintes postos da hierarquia militar:
a) Primeiro-tenente ou Capitão - cavaleiro ou dama;
b) Capitão-tenente ou Major - oficial;
c) Capitão-de-fragata ou tenente-coronel - comendador;
d) Capitão-de-mar-e-guerra ou coronel e contra-almirante ou major-
general - grande-oficial;
e) Vice-almirante ou tenente-general e postos superiores - grã-cruz;
2 - Salvo em casos absolutamente excepcionais, e por iniciativa do
Presidente da República, será obrigatoriamente respeitada a
correspondência estabelecida no nº 1.
Artigo 36º
1 - São condições gerais necessárias, no seu conjunto, para atribuição
de qualquer grau da Ordem Militar de Avis, as seguintes:
a) Ter prestado, pelo menos, sete anos de serviço a contar da data da
graduação ou promoção a oficial;
b) Ter no decurso da carreira militar revelado elevados atributos
morais e profissionais, manifestados através de uma irrepreensível
conduta, reconhecidas qualidades cívicas e virtudes militares;
c) Ter prestado serviços altamente meritórios, reconhecidamente
relevantes e distintos e que tenham contribuído para o prestígio
militar das Forças Armadas ou da Guarda Nacional Republicana, com
especial relevância para os serviços prestados em campanha ou com
risco de vida.
2 - As condições especiais que, salvo nos casos de concessão por
serviços excepcionais prestados em campanha ou com risco de vida,
265
devem ser satisfeitas para atribuição de qualquer grau da Ordem
Militar de Avis são as seguintes:
Cavaleiro ou Dama - ter sido previamente condecorado com a medalha
de mérito militar de 3ª classe;
b) Oficial e Comendador - ter sido previamente condecorado com a
medalha de mérito militar de 2ª classe e com uma medalha de serviços
distintos como oficial superior;
c) Grande-Oficial - ter sido previamente condecorado com a medalha
de mérito militar de 1ª classe e com uma medalha de serviços distintos
no posto correspondente ao grau para que é proposto;
d) Grã-Cruz - ter sido previamente condecorado com a medalha de
mérito militar de 1ª classe e com uma medalha de ouro de serviços
distintos, atribuída enquanto oficial general.
3 - Os chefes de Estado-Maior dos ramos, ouvidos os respectivos
conselhos superiores sobre os oficiais que satisfaçam globalmente aos
requisitos fixados nos números anteriores, propõem ao Ministro de
Defesa Nacional o agraciamento dos oficiais mais dotados do
respectivo ramo, para o efeito do nº 3, do artigo 21º, da Lei Orgânica
das Ordens Honoríficas Portuguesas, aprovada pelo Decreto-Lei nº
414-A/86, de 15 de Dezembro.
4 - Procedimento idêntico ao estabelecido no número anterior,
ajustado à orgânica da Guarda Nacional Republicana, é adoptado pelo
seu comandante-geral, devendo as respectivas propostas ser dirigidas
ao Ministro de Defesa Nacional, por intermédio do Ministro da
Administração Interna.
5 - As propostas de agraciamento devem:
a) Apresentar os fundamentos em que se baseiam, nos termos dos
números 1 e 2, nomeadamente:
i) Os louvores que revelem os elevados atributos morais e
profissionais, bem como a descrição dos serviços altamente meritórios
e reconhecidamente relevantes e distintos;
ii) Indicação de que os louvores referidos não serviram de base para a
concessão de outro grau;
iii) Nota biográfica do oficial proposto, destacando as suas
habilitações, colocações e situações, louvores e condecorações;
b) Conter os pareceres dos órgãos mencionados nos números 3 e 4,
conforme o caso;
c) Conter um juízo global dos serviços prestados à instituição militar
ou à Guarda Nacional Republicana pelos oficiais propostos.
266
6 - Ao oficial que deixar de satisfazer as condições previstas na alínea
b), do nº 1, do presente artigo é aplicável o disposto no artigo 45º, da
Lei Orgânica das Ordens Honoríficas Portuguesas, aprovada pelo
Decreto-lei nº 414-A/86, de 15 de Dezembro.
7 - O disposto nos nºs. 3 e 4 do presente artigo não é aplicável aos
casos em que a atribuição da Ordem Militar de Avis ocorra por
iniciativa do Presidente da República, nos termos do artigo 19º da Lei
Orgânica das Ordens Honoríficas Portuguesas, e à atribuição do grau
de grã-cruz aos almirantes, generais, almirantes da Armada e
marechais.
Artigo 37º
1 - O chanceler das antigas ordens militares, baseado nas vagas
existentes no quadro da Ordem Militar de Avis e em função dos
respectivos efectivos orgânicos em oficiais dos ramos das Forças
Armadas e da Guarda Nacional Republicana, comunica anualmente,
até 31 de Dezembro, aos chefes de estado-maior e ao comandante-
geral da Guarda Nacional Republicana, o número máximo de
propostas, por graus, que podem apresentar.
2 - As propostas de agraciamento deverão dar entrada na Chancelaria
das Ordens Honoríficas Portuguesas, anualmente, até 31 de Março.
3 - A imposição das insígnias da Ordem Militar de Avis é feita em
cerimónia pública, civil ou militar.
Artigo 38º
1 - O distintivo da Ordem Militar de Avis é uma cruz florida, de
esmalte verde, perfilada de ouro, e a fita verde.
2 - As insígnias dos diversos graus desta Ordem são:
Para cavaleiro, a cruz singela, com 38 mm x 28 mm, suspensa de fita,
de 30 mm, com fivela dourada;
Para oficial: a mesma insígnia, tendo sobre a fivela uma roseta da cor
da fita com 10 mm de diâmetro;
Para comendador: o distintivo da Ordem, com 50 mm x 40 mm,
suspenso de fita pendente do pescoço, e placa de prata em raios
abrilhantados, com 85 mm de diâmetro, tendo ao centro um círculo de
esmalte branco carregado da cruz da Ordem, filetado de ouro e
circundado de um festão de louro de ouro;
Para grande-oficial: insígnias iguais às de comendador, com placa
dourada;
267
Para grã-cruz: banda de seda da cor da Ordem, posta a tiracolo da
direita para a esquerda, tendo pendente sobre o laço o distintivo com
as dimensões indicadas para comendador e placa igual à de grande-
oficial.
Artigo 39º
Nos actos solenes, os cavaleiros e oficiais da Ordem Militar de Avis
poderão usar pendente do pescoço, por uma fita da cor da Ordem, o
respectivo distintivo com as dimensões indicados para comendador.
CAPÍTULO V
Ordem Militar de Sant’Iago da Espada
Artigo 40º
1 - O distintivo da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada é uma cruz
em forma de espada, de esmalte vermelho, perfilada de ouro, assente
sobre duas palmas entrelaçados, de esmalte verde, perfiladas de ouro,
com a legenda "Ciências, Letras e Artes", em letras maiúsculas de
ouro, sobre listel de esmalte branco, e a fita violeta.
2 - A insígnias desta Ordem são:
Para os diversos graus:
Cavaleiro: o distintivo acima descrito, com 22 mm x 30 mm, pendente
de uma coroa de louros de esmalte verde perfilada e frutada de ouro,
com 20mm x 14 mm, suspenso de fita, de 30 mm, com fivela dourada;
Oficial: a mesma insígnia, tendo sobre a fivela uma roseta da cor da
fita com 10 mm de diâmetro;
Comendador: placa de prata em raios, com 70 mm de diâmetro, tendo
ao centro um círculo de esmalte branco carregado do distintivo da
Ordem, envolvido por uma coroa circular de esmalte vermelho,
contida em filetes de ouro, com a legenda "Ciências, Letras e Artes",
em letras maiúsculas de ouro, tudo circundado por um festão de louro
de ouro;
Grande-oficial: placa idêntica à de comendador, mas dourada;
Grã-cruz: banda de seda da cor da Ordem, posta a tiracolo da direita
para a esquerda, tendo pendente sobre o laço o distintivo, com 65 mm
de comprimento, e placa igual à de grande-oficial:
Grande-colar: formado por vieiras, com 30 mm x 30 mm, suspensas
em corrente dupla; ao centro, uma vieira, com 35 mm x 35 mm,
ladeada por dois golfinhos; o colar, todo de ouro, tem pendente e
268
encadeado por uma coroa de louros com os seus frutos, com 25 mm x
32 mm, a cruz da Ordem, de esmalte violeta e perfilada de ouro, com
40 mm x 60 mm, circundada por um festão de folhas de louro com os
seus frutos, atado com fitas cruzadas nos topos e nos lados, também de
ouro, com 52 mm x 65 mm.
3 - Com o grande-colar serão usadas simultaneamente, a banda da
grã-cruz e a placa correspondente, onde figurará, nas dimensões
adequadas, a cruz, idêntica à pendente do grande-colar.
4 - Além das insígnias descritas para os diversos graus, os agraciados
usarão nos actos solenes um colar forrado alternadamente de coroas
de louros de esmalte verde perfiladas e frutadas, com 20 mm de
diâmetro, e distintivos da Ordem, de 22 mm x 30 mm, tendo pendente
e encadeado por uma coroa de louros semelhante às anteriores, com
33 mm x 30 mm, o distintivo, com 65 mm x 50 mm, que será, como o
colar, de prata esmaltada para os cavaleiros e de ouro esmaltado para
os demais graus.
CAPÍTULO VI
Ordem do Infante D. Henrique
[…]
CAPÍTULO VII
Ordem da Liberdade
[…]
CAPÍTULO VIII
Ordem do Mérito
[…]
CAPÍTULO IX
Ordem da Instrução Pública
[…]
CAPITULO X
Ordem do Mérito Agrícola, Comercial e Industrial
[…]
269
Promulgado em 12 de Dezembro de 1986.
ANEXOS
[…]
Promulgado em 22 de Fevereiro de 1988.
II
Artigo 1º
270
LEI DAS
ORDENS HONORÍFICAS PORTUGUESAS
(2011)
Artigo 1.º
Objecto e âmbito de aplicação
Artigo 2.º
Ordens Honoríficas Portuguesas
Artigo 3.º
Finalidade geral das Ordens Honoríficas Portuguesas
271
notabilizem por méritos pessoais, por feitos militares ou cívicos, por actos e
excepcionais ou por serviços relevantes prestados ao País.
2 - Quando a condecoração se destine a galardoar feitos heróicos em
campanha é concedida com palma.
3 - De harmonia com os usos internacionais, as Ordens Honoríficas
Portuguesas podem ser atribuídas a cidadãos estrangeiros, como membros
honorários de qualquer grau, não se lhes aplicando as condições da sua
concessão a cidadãos nacionais.
4 - Os corpos militarizados e as unidades ou estabelecimentos militares podem
ser declarados membros honorários de qualquer das Ordens Honoríficas
Portuguesas, sem indicação de grau.
5 - As localidades, assim como colectividades e instituições que sejam pessoas
colectivas de direito público ou de utilidade pública há, pelo menos, vinte e
cinco anos, podem também ser declaradas membros honorários de qualquer
das Ordens Honoríficas Portuguesas, sem indicação de grau.
6 - Em todos os casos previstos nos números anteriores, respeitam-se sempre
as finalidades específicas de cada Ordem, conforme resultam da presente lei.
Artigo 4.º
Grão-Mestre das Ordens Honoríficas Portuguesas
Artigo 5.º
Banda das Três Ordens
Artigo 6.º
Insígnias da Banda das Três Ordens
1 - As insígnias da Banda da Três Ordens são constituídas por uma banda com
as cores das Ordens de Cristo, Avis e Sant'Iago da Espada, respectivamente
vermelho, verde e violeta, tendo pendente sobre o laço e encadeado por uma
coroa de louros de esmalte verde perfilada e frutada de ouro, com 33 mm x 25
mm, um medalhão oval, com motivos decorativos de ouro, em recorte aberto e
272
perfilado do mesmo metal, com 50 mm x 65 mm, com três ovais de esmalte
branco, carregada cada uma do distintivo de uma das três Ordens e com uma
bordadura de esmalte da respectiva cor da ordem, contida em filetes de ouro,
ficando o de Cristo em chefe, o de Avis à dextra da ponta e o de Sant'Iago à
sinistra da ponta, colocados os dois últimos, respectivamente, em banda e em
barra; e uma placa dourada, em raios abrilhantados, de 85 mm de diâmetro,
tendo ao centro e sobre uma superfície circular de esmalte azul, de 30 mm de
diâmetro, lavrada com motivos decorativos de ouro, a Ordenação atrás
descrita para o medalhão envolvida por coroa circular de esmalte vermelho e
bordadura lavrada e perfilada de ouro, donde partem raios prateados.
2 - Quando o Presidente da República for oficial de qualquer ramo das Forças
Armadas, usa normalmente com a farda apenas o distintivo da Banda das Três
Ordens, colocado no lado esquerdo do peito, sempre que não ostente as
respectivas insígnias.
3 - Com traje civil que não seja de gala, o Presidente da República pode usar
uma miniatura representativa das insígnias da Banda das Três Ordens, em
forma de oval, com 15 mm X 18 mm, constituída por fita das cores da Banda,
carregada dos respectivos distintivos.
4 - Com traje civil, o Presidente da República pode ainda usar uma roseta de
12 mm de diâmetro, com as cores da Banda, filetada interiormente de ouro.
Artigo 7.º
Uso de insígnias pelo Presidente da República
1 - A Banda das Três Ordens deve ser usada sempre com a placa descrita no
artigo anterior, que precede sobre as demais placas que o Presidente da
República usar, com excepção do disposto no n.º 3.
2 - O Presidente da República pode usar, com a Banda das Três Ordens,
qualquer Grande-Colar das Ordens Honoríficas Portuguesas, sem a respectiva
Banda do Grande-Colar, devendo nesse caso a placa do Grande-Colar ser
colocada na segunda posição de precedência.
3 - Por ocasião de um encontro diplomático, o Presidente da República pode
usar o Grande-Colar ou Grã-Cruz de uma Ordem estrangeira, precedendo
nesse caso a placa dessa Ordem sobre a placa da Banda das Três Ordens, que
será colocada na segunda posição de precedência.
Secção I
Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito
[…]
273
Secção II
Ordem Militar de Cristo
Artigo 13.º
Finalidade específica
Artigo 14.º
Graus
Artigo 15.º
Distintivo e insígnias
274
3 - Nos actos solenes, os condecorados com os graus de Oficial e Cavaleiro
podem usar, pendente do pescoço por uma fita da cor da Ordem, o distintivo
com as dimensões indicadas no número anterior para o grau de Comendador.
Secção III
Ordem Militar de Avis
Artigo 16.º
Finalidade específica
Artigo 17.º
Graus e quadro
Artigo 18.º
Distintivo e insígnias
275
a) Grã-Cruz: banda de seda da cor da Ordem, com largura de 100 mm
para homem e de 60 mm para senhora, posta a tiracolo da direita para
a esquerda, tendo pendente sobre o laço o distintivo da Ordem, com
50 mm x 40 mm; e placa dourada em raios abrilhantados, com 85 mm
de diâmetro, tendo ao centro um círculo de esmalte branco carregado
da cruz da Ordem, filetado de ouro e circundado de um festão de louro
de ouro;
b) Grande-Oficial: o distintivo da Ordem, de tamanho idêntico ao de
Grã-Cruz, suspenso de fita pendente do pescoço, e placa igual à de
Grã-Cruz;
c) Comendador: insígnia idêntica à de Grande-Oficial, com placa
prateada;
d) Oficial: cruz singela, com 38 mm X 28 mm, suspensa de uma fita,
de 30 mm, com fivela dourada, tendo sobre a fivela uma roseta, da cor
da fita, com 10 mm de diâmetro;
e) Cavaleiro ou Dama: a insígnia idêntica à de Oficial, sem roseta.
3 - As senhoras agraciadas com a Ordem Militar de Avis podem usar a
insígnia pendente de um laço, que é de 40 mm para as insígnias de
Grande-Oficial ou Comendador e de 30 mm para as de Oficial ou
Dama.
4 - Nos actos solenes, os condecorados com os graus de Oficial e
Cavaleiro podem usar, pendente do pescoço por uma fita da cor da
Ordem, o distintivo com as dimensões indicadas no n.º 2 para o grau
de Comendador.
5 - Na ordem de precedência das diferentes modalidades da medalha
militar, as insígnias da Ordem Militar de Avis são colocadas
imediatamente após as da Ordem Militar de Cristo e as desta a seguir à
medalha de cruz de guerra.
Artigo 19.º
Correspondência à hierarquia militar
276
e) Primeiro-tenente ou capitão: Cavaleiro ou Dama.
2 - Salvo em casos absolutamente excepcionais, e por iniciativa do
Presidente da República, é obrigatoriamente respeitada a
correspondência estabelecida no n.º 1.
Artigo 20.º
Condições de atribuição
277
d) Cavaleiro ou Dama: ter sido previamente condecorado com a
medalha de mérito militar de 3.ª classe e com uma medalha de
serviços distintos.
3 - O Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas, ouvido o
Chefe do Estado-Maior do ramo, ou os Chefes do Estado-Maior dos
ramos, ouvidos os respectivos conselhos superiores, propõem ao
Ministro da Defesa Nacional o agraciamento dos oficiais mais dotados
que satisfaçam globalmente os requisitos fixados nos números
anteriores.
4 - Procedimento análogo ao estabelecido no número anterior,
ajustado à orgânica da Guarda Nacional Republicana, é adoptado pelo
seu comandante-geral, devendo as respectivas propostas ser dirigidas
ao Ministro da Defesa Nacional, por intermédio do Ministro da
Administração Interna.
5 - As propostas de agraciamento devem:
a) Apresentar os fundamentos em que se baseiam, nos termos dos
n.º 1 e 2, nomeadamente:
i) Os louvores que revelam os elevados atributos morais e
profissionais, bem como a descrição dos serviços altamente meritórios
e reconhecidamente relevantes e distintos;
ii) Indicação de que os louvores referidos não serviram de base para a
concessão de outro grau;
iii) Nota biográfica do oficial proposto, destacando as suas
habilitações, colocações e situações, louvores e condecorações;
b) Conter os pareceres dos órgãos mencionados nos n.º 3 e 4,
conforme o caso;
c) Conter um juízo global dos serviços prestados à instituição militar
ou à Guarda Nacional Republicana pelos oficiais propostos.
6 - Ao oficial que deixar de satisfazer as condições previstas na alínea
b) do n.º 1 do presente artigo é aplicável o disposto no artigo 55º da
presente lei.
7 - O disposto nos n.º 3 e 4 do presente artigo não é aplicável aos casos
em que a atribuição da Ordem Militar de Avis ocorra por iniciativa do
Presidente da República e à atribuição do grau de Grã-Cruz aos
almirantes, generais, almirantes da Armada e marechais.
278
Artigo 21.º
Procedimento de concessão
Secção IV
Ordem Militar de Sant’Iago da Espada
Artigo 22.º
Finalidade específica
Artigo 23.º
Graus
279
Artigo 24.º
Distintivo e insígnias
1 - O distintivo da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada é uma cruz
em forma de espada, de esmalte vermelho, perfilada de ouro, assente
sobre duas palmas entrelaçadas, de esmalte verde, perfiladas de ouro,
com a legenda “Ciências, Letras e Artes”, em letras maiúsculas de
ouro, sobre listel de esmalte branco, e a fita violeta.
2 - As insígnias do Grande-Colar da Ordem Militar de Sant'Iago da
Espada são as seguintes:
a) Colar formado por vieiras, com 30 mm x 30 mm, suspensas em
corrente dupla; ao centro, uma vieira, com 35 mm x 35 mm, ladeada
por dois golfinhos; o colar, todo de ouro, tem pendente e encadeado
por uma coroa de louros com os seus frutos, com 25 mm x 32 mm, a
cruz da Ordem, de esmalte violeta e perfilada de ouro, com 40 mm X
60 mm, circundada por um festão de folhas de louro com os seus
frutos, atado com fitas cruzadas nos topos e nos lados, também de
ouro, com 52 mm x 65 mm;
b) Banda de seda da cor da Ordem, com largura de 100 mm para
homem e de 60 mm para senhora, posta a tiracolo da direita para a
esquerda, tendo pendente sobre o laço a cruz idêntica à pendente do
colar, com as dimensões adequadas;
c) Placa dourada em raios, com 70 mm de diâmetro, tendo ao centro a
cruz idêntica à pendente do colar, com as dimensões adequadas.
3 - As insígnias dos restantes graus da Ordem Militar de Sant’Iago da
Espada são as seguintes:
a) Grã-Cruz: banda de seda da cor da Ordem, com largura de 100 mm
para homem e de 60 mm para senhora, posta a tiracolo da direita para
a esquerda, tendo pendente sobre o laço o distintivo, com 65 mm de
comprimento; e placa dourada em raios, com 70 mm de diâmetro,
tendo ao centro um círculo de esmalte branco carregado do distintivo
da Ordem, envolvido por uma coroa circular de esmalte vermelho,
contida em filetes de ouro, com a legenda "Ciências, Letras e Artes",
em letras maiúsculas de ouro, tudo circundado por um festão de louro
de ouro;
b) Grande-Oficial: placa idêntica à de Grã-Cruz;
c) Comendador: placa idêntica à de Grande-Oficial, mas prateada;
d) Oficial: o distintivo da Ordem, com 22 mm X 30 mm, pendente de
uma coroa de louros de esmalte verde perfilada e frutada a ouro, com
20 mm X 14 mm, suspenso de fita, de 30 mm, com fivela dourada, ou
280
de laço, da mesma largura, para as senhoras, e tendo sobre a fivela ou
sobre o nó do laço uma roseta da cor da fita, com 10 mm de diâmetro;
e) Cavaleiro ou Dama: insígnia idêntica à de Oficial, sem roseta.
4 - Além das insígnias descritas no número anterior para os diversos
graus, os agraciados podem usar, nos actos solenes, um colar formado,
alternadamente, de coroas de louros de esmalte verde perfiladas e
frutadas, com 20 mm de diâmetro, e distintivos da Ordem, de 22 mm x
30 mm, tendo pendente e encadeado por uma coroa de louros,
semelhante às anteriores, com 33 mm x 30 mm, o distintivo, com 65
mm x 50 mm, que será, como o colar, de prata esmaltada para o grau
de Cavaleiro ou Dama e de ouro esmaltado para os demais graus.
Secção I
Ordem do Infante D. Henrique
[…]
Secção II
Ordem da Liberdade
[…]
Secção I
Ordem do Mérito
[…]
Secção II
Ordem da Instrução Pública
[…]
Secção III
Ordem do Mérito Empresarial
[…]
281
Artigo 40.º
Órgãos das Ordens Honoríficas Portuguesas
Artigo 41.º
Chanceleres
Artigo 42.º
Competência dos Chanceleres
282
Artigo 43.º
Conselho dos Chanceleres
Artigo 44.º
Conselhos das Ordens
1 - Sem prejuízo do disposto nos números seguintes, cada grupo das Ordens
Honoríficas Portuguesas dispõe de um Conselho, presidido pelo respectivo
Chanceler, e integrado por oito vogais, nomeados por alvará do Presidente da
República e pelo período do seu mandato, de entre Grã-Cruzes, Grande-
Oficiais e Comendadores das respectivas Ordens.
2 - Os vogais da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito
podem ser escolhidos de entre os condecorados com qualquer grau.
3 - Os vogais da Ordem Militar de Avis são sempre oficiais generais, de
preferência de ramos diferentes.
4 - Em cada Conselho há uma representação tanto quanto possível equitativa
das Ordens que compõem o respectivo grupo.
5 - Os membros dos Conselhos das Ordens tomam posse perante o Presidente
da República.
6 - Aos membros dos Conselhos das Ordens, por cada reunião em que
participem, é devido o pagamento das despesas de transporte e estadia
inerentes à deslocação que porventura tenham de fazer.
Artigo 45.º
Competência dos Conselhos das Ordens
283
f) Passar à condição de membro honorário os membros das Ordens que
deixem de ser portugueses nos termos da lei da nacionalidade.
g) Efectivar a irradiação automática dos membros das Ordens que, nos
termos da alínea e), tenham sido irradiados de qualquer Ordem e dos que, por
sentença judicial transitada em julgado, tenham sido condenados pela prática
de crime doloso punido com pena de prisão superior a 3 anos.
Capítulo VI - Concessão das Ordens e Investidura
Artigo 46.º
Competência do Presidente da República
Artigo 47.º
Propostas para concessão de Ordens Honoríficas
284
da apreciação das solicitações de agraciamento formuladas por quaisquer
cidadãos ou entidades.
5 - A concessão de qualquer condecoração a cidadãos estrangeiros, quando
não seja da iniciativa do Presidente da República ou por proposta do
Presidente da Assembleia da República ou do Primeiro-Ministro, é precedida
de informação do ministro responsável pelos Negócios Estrangeiros.
Artigo 48.º
Forma e conteúdo das propostas e reserva do direito de acesso
Artigo 49.º
Forma do acto de concessão
Artigo 50.º
Investidura
285
5 - A investidura solene tem lugar em acto presidido pelo Presidente da
República.
6 - O Presidente da República pode deferir ao Presidente da Assembleia da
República ou ao Primeiro-Ministro a imposição de insígnias, nomeadamente
em agraciamentos resultantes de proposta dos mesmos.
7 - O Presidente da República pode ainda, por expressa delegação sua,
encarregar da imposição das insígnias os Chanceleres das respectivas Ordens,
os Membros do Governo, os Representantes da República nas Regiões
Autónomas, em actos a realizar nelas, os Chefes de Estado-Maior ou o
Embaixador de Portugal no país onde a cerimónia ocorra.
8 - Nos casos previstos nos números 6 e 7 do presente artigo, é obrigatório que
na cerimónia de imposição de insígnias seja feita a leitura do alvará de
concessão bem como a referência de que a imposição é feita em nome de Sua
Excelência o Presidente da República.
9 - Quando a condecoração haja sido concedida com palma, a investidura tem
lugar em formatura de tropas.
10 - A solenidade da investidura pode ser simplificada em circunstâncias
especiais.
Artigo 51.º
Membros das Ordens
Artigo 52.º
Direitos dos membros das Ordens
286
2 - Os membros honorários das Ordens Honoríficas Portuguesas têm
unicamente o direito ao uso das insígnias do seu grau.
3 - Os membros honorários a que se referem os números 4 e 5 do artigo 3.º da
presente lei podem usar as insígnias da Ordem no escudo, brasão ou selo que
os identifique e, quando possuam bandeira ou estandarte, laço com as cores da
Ordem, tendo pendente o distintivo respectivo.
Artigo 53.º
Direitos específicos dos membros de algumas Antigas Ordens Militares
Artigo 54.º
Deveres dos membros das Ordens
287
Artigo 55.º
Disciplina das Ordens
Artigo 56.º
Uso de distintivos e insígnias nacionais
288
respectiva bandeira de desfile ou estandarte oficial, quando os possuam, não
devendo os laços das condecorações ser usados cumulativamente com
quaisquer adornos ou com outras insígnias.
Artigo 57.º
Uso das insígnias de Grande-Colar
Artigo 58.º
Uso das insígnias de Grã-Cruz
Artigo 59.º
Uso de distintivos e insígnias nacionais e estrangeiras
289
a) Os detentores do grau de Cavaleiro, podem usar, no lado esquerdo do peito,
uma fita das cores da ordem;
b) Os agraciados com os graus de Oficial, Comendador, Grande-Oficial e Grã-
Cruz podem usar, respectivamente e também no lado esquerdo do peito, uma
roseta de 8 mm de diâmetro, com as cores da respectiva Ordem, a qual tem
galão de prata para os comendadores, de ouro e prata para os grandes-oficiais
e de ouro para os Grã-Cruzes; e os agraciados com o Grande-Colar, uma roseta
de 12 mm de diâmetro, com as cores da Ordem, filetada interiormente de
ouro.
5 - Nas cerimónias solenes, os agraciados com diversas condecorações podem
usar as miniaturas dos respectivos distintivos e fitas suspensas de uma
corrente ou de uma pequena barra metálica, colocada no topo do peito, do
lado esquerdo dos uniformes ou dos vestidos, ou na lapela esquerda dos trajos
ou uniformes adequados.
6 - Nos uniformes em que é permitido o uso de fitas são elas aplicadas, sem
fivelas, numa ou mais placas metálicas colocadas horizontalmente, sem
intervalo, sobrepondo-se às fitas as rosetas definidas na alínea b) do n.º 4 para
o respectivo grau.
7 - As miniaturas das senhoras podem suspender de um pequeno laço das
cores da Ordem.
Artigo 60.º
Uso indevido de distintivos e insígnias
290
Capítulo X - Aceitação de condecorações estrangeiras
Artigo 61.º
Pedido de autorização
Artigo 62.º
Dispensa do pedido de autorização
Artigo 63.º
Natureza e finalidade
291
2 - A Chancelaria das Ordens está a cargo de um coordenador nomeado pelo
Secretário-Geral da Presidência da República de entre o pessoal da Secretaria-
Geral.
Artigo 64.º
Competência do Secretário-Geral das Ordens
Artigo 65.º
Competência da Chancelaria das Ordens
Artigo 66.º
Apoio técnico e administrativo
292
Capítulo XII - Disposições transitórias e finais
Artigo 67.º
Extinta Ordem do Império
Artigo 68.º
Esboços das insígnias
Artigo 69.º
Mandatos dos Chanceleres e dos vogais dos Conselhos das Ordens
Artigo 70.º
Revogações
São revogados:
a)Os Decretos-Leis nºs 414-A/86, de 15 de Dezembro, 85/88, de 10 de Março,
e 80/91, de 19 de Fevereiro;
b) Os Decretos Regulamentares nºs 71-A/86, de 15 de Dezembro, 12/88, de 10
de Março, 18/89, de 6 de Julho, 15/90, de 8 de Junho, 4/91, de 19 de
Fevereiro, e 12/2003, de 29 de Maio.
Artigo 71.º
Entrada em vigor
293
294
Regras para o uso das Insígnias das
ORDENS HONORÍFICAS PORTUGUESAS
com traje civil de gala ou uniforme
correspondente
Distintivo
100 Cf. Manual Diplomático – Direito Diplomático e Prática Diplomática, Lisboa, 1985,
p. 91.
101 Idem, p. 186.
102 É o caso da Ordem da Liberdade.
103 Como no caso da Ordem da Instrução Pública.
295
Fita
As Fitas são de seda, por vezes moiré, numa ou mais cores, e de dimensões
diferentes consoante o grau. Nalguns casos, são partidas ou tripartidas, em
palas, iguais ou desiguais ou, de uma cor, com pala central de cor diferenciada.
Nos graus de Grande-oficial e de Comendador a Fita, tem a forma de gravata,
usada à volta do pescoço, variando entre 37 mm e 55 mm de largura. Em
Portugal, esta medida não se encontra regulamentada, variando consoante as
dimensões do respectivo Distintivo pendente e do critério e bom senso dos
fabricantes.
Nos graus de Oficial, Cavaleiro/Dama e, na medalha, tem, regra geral, 30 mm
de largura, sendo usada ao peito, do lado esquerdo.
Em algumas Ordens, as Fitas usadas como insígnia, ao peito, podem ser
carregadas de distintivos especiais, como uma palma.
Para uso nos uniformes adequados e de acordo com regras próprias, existe
uma insígnia para o peito, a Fita de uniforme, vulgarmente apelidada
medalha, em tudo semelhante às insígnias usadas ao peito pelos graus de
Cavaleiro e Oficial, sendo constituída por uma fita das cores da Ordem (de 30
mm de largura) e tendo pendente o distintivo no formato adequado. Às
referidas Fitas sobrepõem-se as rosetas de acordo com o grau.
Placa
Banda
296
No caso das Senhoras, porém, é habitual verem-se, sobretudo, no Reino Unido
e na França, Bandas e os respectivos distintivos de dimensões inferiores (de 55
mm de largura e, o distintivo com 60 mm de diâmetro, em vez dos 70 mm
regulamentares), mais consentâneos com a estética e os vestidos cumpridos de
cerimónia, com os quais são usadas estas insígnias.
A Banda é usada a tiracolo, da direita para a esquerda, devendo o distintivo
que pende do respectivo laço, ser colocado sobre a anca esquerda.
Grande-Colar e Colar
Miniaturas
297
topo do peito, do lado esquerdo dos uniformes ou dos vestidos, ou na lapela
esquerda da casaca.
O tamanho das Miniaturas varia de país para país e, em Portugal tal não se
encontra também regulamentado.
Nas Miniaturas, às respectivas fitas sobrepõem-se as Rosetas (de tamanho
reduzido proporcional) colocadas sobre um galão - de ouro, de ouro e prata ou,
de prata -, conforme o grau seja, respectivamente, Grã-cruz, Grande-oficial ou
Comendador e, sem galão, para o grau de Oficial. No grau de Cavaleiro/Dama
e na medalha, a miniatura é usada sem Roseta.
As Fitas-miniatura ou barrettes para os uniformes militares adequados
(normalmente, uniforme de passeio) são usadas numa ou mais placas
metálicas, colocadas horizontalmente sem intervalo, sem fivelas e, sem
qualquer distintivo pendente. As dimensões das Fitas-miniatura das Ordens
Honoríficas não se acham regulamentadas embora, sejam fabricadas
normalmente, com cerca de 10 mm de altura x 30mm de largura.
Para além das insígnias de grande modelo, nas cerimónias solenes e com traje
de gala, os agraciados com diversas condecorações poderão usar as respectivas
Miniaturas.
As Miniaturas usam-se suspensas de uma corrente ou de uma pequena barra
metálica, colocada do lado esquerdo dos uniformes ou dos vestidos, ou na
lapela esquerda da casaca, em uma ou duas filas, no máximo.
298
5. De acordo com prática consagrada internacionalmente, a Banda de Grã-
cruz deverá ser usada por cima do colete, quando em cerimónias presididas
pelo grão-mestre da Ordem e, por debaixo do colete nos restantes casos.
Idêntica regra deverá ser adoptada, por cortesia, quando se usar a Banda de
uma ordem estrangeira na presença do respectivo Chefe de Estado.
6. As Placas com traje de gala civil, usam-se (até o máximo de quatro) no lado
esquerdo do peito, colocando-se ao alto a da Ordem mais importante, de
acordo com o seguinte esquema, estabelecido pelo Embaixador H. Mendonça e
Cunha, antigo Chefe do Protocolo do Estado:
Precedências
299
precedem sempre as estrangeiras, sendo as Fitas (quer na casaca para os graus
de Cavaleiro e Oficial, quer, para todos os demais graus nos uniformes
adequados) e as Miniaturas (em que as respectivas insígnias se colocam por
definição, lado a lado), dispostas da direita para a esquerda, no lado esquerdo
do peito, pela seguinte ordem de precedência: Torre e Espada, Cristo, Avis e
Santiago da Espada.
Às insígnias das Ordens e de outras condecorações portuguesas,
seguem-se as insígnias das Ordens e de outras condecorações estrangeiras de
uso autorizado, devendo adoptar-se a ordem alfabética dos respectivos
Estados, nunca seguindo, como se verifica em outros países, a ordem da
outorga da condecoração ou a data de instituição da respectiva Ordem.
Em cerimónias onde esteja presente um Chefe de Estado ou Chefe do
Governo estrangeiro é de cortesia usar-se em lugar de destaque a
condecoração do respectivo país.
300
Uso de Rosetas por Senhoras com traje de passeio, do lado
esquerdo do peito
301
302
Manuel J. Gandra
303
Ernesto Soares de Iconografia e Simbólica, Cadernos da Tradição (1ª e 2ª
séries), etc.
É autor de vasta bibliografia, de que se destaca:
Bibliografia crítica das fontes e estudos respeitantes ao Hermetismo em Portugal (1993); Apocalipse
de Esdras nas letras e na arte portuguesas (1994); Icones Symbolicae – contributo para o
conhecimento da recepção e difusão da Cultura Simbólica em Portugal e sua presença na Biblioteca
do Palácio Nacional de Mafra (1996); Cheiros, Sabores e Comeres regionais de Mafra: tradição e
modernidade (1998); Joaquim de Fiore, Joaquimismo e Esperança Sebástica (1999); A Cerâmica
tradicional de Mafra (1999); Os Templários na Literatura (2000); Colecção Maçónica Pisani
Burnay (2000); A Cristofania de Ourique: mito e profecia (2002); O Monumento de Mafra de A a Z
– v. 1 (2002); Dicionário do Milénio Lusíada – v. 1 (2003); A Biblioteca do Palácio Nacional de
Mafra (2003); Cartas de Jogar e Tarot em Portugal (2004); Para um elenco das edições impressas
das Trovas do Bandarra, in Newsletter do Centro Ernesto Soares de Iconografia e Simbólica, n. 17
(Mar. 2004); Para um elenco dos comentários impressos das Trovas do Bandarra, in Newsletter do
Centro Ernesto Soares de Iconografia e Simbólica, n. 18 (Mar. 2004); Bandarra na Poética
Portuguesa - séc. XVII a XX (2005); Disparates sentenciosos, do Mestiço de Malaca (2005);
Emblemas e Leitura da Imagem Simbólica no Palácio Nacional de Mafra (2005); O Monumento de
Mafra visto por estrangeiros - 1716-1908 (2005); O Projecto Templário e o Evangelho Português
(2006); O Monumento de Mafra de A a Z – v. 2 (2006); Trovas ou Disparates do Pretinho do Japão
(2007); Processo Inquisitorial de Gonçalo Anes Bandarra, sapateiro da Vila de Trancoso, ano de
1541 (2007); A Jerusalém Celeste como paradigma dos Impérios ou Teatros do Divino (2007); Do
Desejado ao Encoberto: roteiro de uma exposição virtual (2007); Colectânea das principais
censuras e interditos visando os Impérios do Divino Espírito Santo (2007); O Anjo Custódio de
Portugal (2007); Cesare Ripa na Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra e ecos da sua Iconologia
(Roma, 1603) nas Artes em Portugal (2007); Portugal Sobrenatural – v. 1 (2007); Da Face Oculta
do Rosto da Europa - 2ª ed. revista e ampliada (2009); Astrologia em Portugal: dicionário histórico-
filosófico (2010); Colecção Portuguesa I e II da Biblioteca do Congresso – subsídios para a sua
história (2012); Sebástica manuscrita na Biblioteca do Congresso (2012); Templarismo manuscrito
na Biblioteca do Congresso (2012); A Quinta da Regaleira - legado Sebástico-Templarista de
António Augusto Carvalho Monteiro (2012); Colecção Portuguesa I e II da Biblioteca do Congresso
– livros maçónicos (2012); O Império do Divino Espírito Santo em Sintra e Cascais (2012);
Iconografia e Iconologia: estudos, notas e fontes de cultura visionária (2012); Livro das Profecias de
Cristóbal Colón (2013); Amuletos da Tradição Luso-Afro-Brasileira (2013); Florilégio de Tradições
do Concelho de Mafra (2013); O Anjo da Saudade: da Hierarquia Celeste e do Custódio de Portugal
(2013); O Projecto Templário e o Evangelho Português (2013), 2ª ed. revista e ampliada; Fernando
Pessoa: Hermetismo, Iniciação, Heteronímia (2013); Mafra, do ocaso da Monarquia, ao advento da
República (2013); Itinerários da Monarquia Constitucional em Mafra (2013); Hagiografia de D.
Sebastião: de Desejado a Encoberto (2014); Cátaros para um Languedoque Português (2014);
António Augusto Carvalho Monteiro: imaginário e legado (2014); Palácio Quintela: Iconologia do
Programa Pictórico (2014); As Ilhas Míticas do Imaginário Luso: fontes e iconografia (2014); Os
Templários na Literatura de Língua Portuguesa (2014); A freguesia da Carvoeira (Mafra), de-lés-a-
lés (2014); Instituições militares no Monumento de Mafra (2014); Estudos de Emblemática I.
(2014); A Vila de Mafra, de-lés-a-lés: história e evolução urbana (2014); Promontório Sagrado:
Finisterra e Fim do Mundo (2015); Guia Templário de Portugal – v. 1 (2015); Fernando Pessoa:
Hermetismo e Iniciação (2015); Festa dos Tabuleiros – Tomar (2015); Guia Templário de Portugal:
Almourol – Cardiga (2015); Guia Templário de Portugal – Literatura Portuguesa (2015); 5 de
Outubro de 1910 – O Embarque da Família Real na Ericeira (2015); Guia Templário de Portugal:
Tomar (2015); Emblemata – estudos 1 (2016); Arte da Memória e Hermética na Biblioteca do
Palácio Nacional de Mafra (2016); São Julião (Carvoeira, Mafra) e Mateus Álvares, Falso D.
Sebastião da Ericeira ( 2016); A Vila de Mafra de lés-a-lés: Quem é quem (2016); Guia Templário de
Portugal – Convento de Cristo (2016); Palácio Nacional de Mafra: Guia (2016); Guia Templário de
Portugal: a Demanda das Ilhas Míticas (2016); Dicionário do Milénio Lusíada – v. 1 (2017); Noese e
Técnica do Símbolo: indagações acerca do imaginário e da cultura simbólica I e II (2017);
Gliptografia Lusitânica: Marcas e Siglas Lapidares (2017); Poética Sebástica (século XX) (2017);
Guia Templário de Portugal – Demanda do Santo Graal (2017); etc.
304