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Daniel Menezes - Infestação - Manifetacao Demoniaca PDF
Daniel Menezes - Infestação - Manifetacao Demoniaca PDF
Infestação
© 2008, Danprewan Editora
Edição de texto: Alexandre Emilio Silva Pires
Revisão: Josemar de Souza Pinto
Capa: Ronan Pereira
Diagramação: Futura
Consultoria editorial: Josemar de Souza Pinto
As citações bíblicas foram extraídas da Nova Versão Internacional [NVI], publicada
pela Editora Vida, salvo indicação em contrário.
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÀO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
Menezes, Daniel Araújo de, 1965- Infestação / Daniel Araújo de Menezes.
- Rio de Janeiro: Danprewan,
194p.
Inclui bibliografia ISBN 978-85-7767-003-1
1. Guerra espiritual. 2. Possessão demoníaca. I. Título.
Digitalização: E.banner
Formatação: sssuca
Agradecimentos
Apresentação............................................................................................... 5
Introdução................................................................................................... 7
1. Vivendo no Meio da Infestação .............................................................. 9
2. Desmistificando o Senhor das Trevas ................................................. 12
3. O Acampamento Seguro .......................................................................28
4. Domesticação dos Espíritos: Força ou Poder? .................................... 42
5. O Preço da Desobediência ................................................................... 56
6. Demarcação de Terreno: uma Estratégia Diabólica ............................ 72
7. Partindo para a Luta ............................................................................84
Conclusão................................................................................................. 111
Referências Bibliográficas ....................................................................... 113
Apresentação
Os ares daquele bairro eram tão densos que quase dava para cortar
com uma faca, mas uma faca muito bem afiada — do contrário, corria-se
o risco de não conseguir cortá-los tão facilmente. Esta seria, na verdade,
a descrição mais exata do ambiente que compunha aquele local. Muita
gente entrava e saía dali sem se dar conta do que estava acontecendo nas
regiões celestes ali representadas. E, no entanto, não era preciso ser um
especialista para notar que existia algo de diferente no ar, quando se
cruzava o limite daquele bairro. o céu era azul, mas não havia como
contemplar a beleza do firmamento — o ar como que sufocava e
deprimia. E isso não se devia ao fato de ser um local de pessoas de baixa
renda, mas, sim, de um lugar sob o jugo de forças cósmicas. As brigas
eram constantes e em demasia, sem contar os assassinatos, que
periodicamente aconteciam, sem que isso causasse desespero ou
estranheza aos moradores. Não há necessidade de definir como era a
moralidade dos seus habitantes, nem falar do vasto uso de drogas, que ali
imperavam, garantindo a manutenção de um verdadeiro reino,
independentemente de quem fosse o rei.
Era essa, sem dúvida, a realidade que me esperava quando ali
cheguei para pastorear uma igreja. Uma igreja cujos membros não
tinham conhecimento do inimigo e, conseqüentemente, das artimanhas
por ele estabelecidas.
Já no primeiro momento, convidei um grupo da igreja, com a qual
trabalhara no período do seminário, para realizarmos uma evangelização
de impacto. Qual não foi minha surpresa quando uma das "ovelhas", no
momento em que orávamos para sair à batalha, apresentou-se possuída
de um espírito, que não era o do Deus que habita em nós, o Espírito
Santo. Durante alguns minutos, pudemos resistir àquela entidade e
proclamar a libertação que há em Cristo Jesus. Contudo, o que me
chamou a atenção foi o fato de não poucos membros terem afirmado que
a experiência não passava de um ataque de histeria, que já se tornara
constante, uma rotina, na vida daquela senhora...
Se um membro da igreja desconhece realmente do que se trata, já é
uma situação delicada para o pastor; mas como definir a dimensão e
implicação dessa questão se, porventura, a igreja toda, praticamente, não
acredita na existência e manifestação de agentes cósmicos do mal? Desde
cedo, percebi que teria dois problemas: lutar contra inimigos não
contados e abrir, pela orientação do Espírito Santo, a visão daquela igreja
quanto à existência dos seres que proliferavam na vida dos que residiam
naquele bairro.
— Pastor, no dia em que eu acreditar nessas representações, quero
que o Senhor Deus me tire deste mundo. Pois eu sou batista!...
Essas palavras foram proferidas por um dos diáconos, que não cria
na manifestação, talvez nem mesmo na existência de Satanás e de seus
anjos. Não estávamos, porém, de modo algum, diante de um desvio
doutrinário, mas, sim, de um fato espiritual, cujo agente principal era o
Príncipe das Trevas, Satanás. Havia uma decisão a se tomar: ou fechar os
olhos, ou encarar a situação. O que fazer? Como soldado de Cristo e
consciente da minha função, optei pela segunda, sem romper com a
minha denominação e igreja local, mas, sim, sendo um batista por
convicção e, ao mesmo tempo, servo por submissão.
A partir daí, já sabia o que fazer: resistir ao Diabo, pois ele tinha de
bater em retirada diante do poder de Cristo Jesus.
Não foi essa minha primeira experiência com as hostes da maldade,
pois minha infância foi marcada por um misticismo muito grande.
Lembro-me das idas a um centro espírita e a um centro de macumba.
Neste último, algumas coisas me chamaram a atenção e me intrigaram.
Creio que toda criança normal é dotada de um senso empírico de
curiosidade e investigação, pois, para a criança, todos os acontecimentos
carecem de uma explicação plausível.
Era uma sexta-feira, e quando lá chegamos já havia um grupo
muito grande de pessoas à espera da consulta com "exu caveira", este o
nome designado para aquela entidade do mal.
Enquanto aguardávamos, eu corria, como criança, de um lado para
o outro. Foi quando, de repente, houve um silêncio sepulcral: estava
chegando o pai-de-santo que receberia a entidade a que consultariam as
pessoas presentes. A incorporação aconteceu diante dos meus olhos, e foi
então que ele entrou em um quarto, cuja escuridão dominava. Mas era
uma escuridão diferente, pois o natural seria que a luz mais forte
penetrasse o cômodo cuja luz era menos intensa; como ali não havia luz,
era de esperar que a luz do terreiro invadisse aquele quarto, contudo não
foi isso o que aconteceu. Durante todo aquele "trabalho", observei que
em nenhum momento a luz penetrara o recinto onde se encontrava a
entidade. Fiquei cismado, pensando comigo mesmo sobre o porquê
daquilo.
Meus questionamentos eram muitos, e todos sem uma resposta
convincente. Embora essa prática de ir ao terreiro de macumba não fosse
comum, era o bastante para trazer ainda mais a ruína para o nosso lar.
Não havia paz, amor, unidade diante de situações terríveis como a de
tentativa de assassinato de minha mãe por parte do meu pai. E me
perguntava, porém, como poderia ser isso se tudo o que a entidade pedia
era feito!
O tempo passou e, com ele, o envolvimento de alguns dos meus
irmãos com o "baixo espiritismo". Meu irmão de idade imediata acima da
minha, sendo eu o caçula de cinco filhos, passara no concurso para a
Polícia Militar. Como eu, ele sempre teve problemas com as impressões
digitais. Precisava superar esse problema para ser em definitivo
incorporado ao batalhão da PM, mas todas as vezes que tentara não
obtivera êxito. Foi quando, mais uma vez, decidiu recorrer à macumba.
Em um dos mais conceituados terreiros da Baixada Fluminense,
procurou algum meio de ver seu problema solucionado. Lá, mandaram-
no mergulhar as mãos em um pote cheio de sangue de animais
sacrificados, pois, afirmavam, a partir daquele momento as suas digitais
apareceriam, e ele seria, então, contratado. Lembro-me que a única coisa
que ele recebeu foi um cheiro de carniça, que o acompanhou por semanas
a fio, mas a prometida solução não aconteceu. Pude perceber, então, que
Satanás dá pouco ou nada e cobra muito; promete o que não pode
cumprir.
Esse insucesso, aliás, deveria abrir os olhos de meu irmão, mas não
foi isso o que aconteceu...
Naquele bairro onde eu estava agora exercendo o meu ministério,
pude então entender o porquê de tantas coisas acontecerem comigo e de
como Deus me livrara de cada uma delas. Então, o que deveria fazer?
Nada! Pois muito cedo entendi que somos apenas instrumentos nas mãos
de Deus, barro nas mãos do Oleiro, ovelhas aguardando o comando do
Pastor.
Escolhi, portanto, depender das estratégias de Deus para aquele
local. E qual era a estratégia de Deus? A mesma de sempre: fazer o nome
de Seu Filho crido e exaltado. Pude, então, entender que a minha infância
e adolescência tinham sido um estágio para o ministério que o Senhor me
reservara para aquela localidade. Existiam, de fato, seres cósmicos do
mal aprisionando e oprimindo as pessoas que ali residiam, e o Senhor
Deus me escolhera, justamente, para exercer o ministério de libertação
dos cansados, oprimidos e cativos do mal.
2
2
SHEDD, Russel. O mundo, a carne e o Diabo. São Paulo: Edições Vida Nova, 1991, p. 90.
Há, enfim, espíritos malignos soltos, submissos às ordens do
maioral, Satanás. Esses seres infestam lugares e coisas com o propósito
de promover discórdias, guerras, mortes, etc. por onde passam. Paulo
procura então, por meio desse texto, demonstrar que há uma unidade e
propósitos preestabelecidos nesse reino das trevas. Lembremo-nos de
que Jesus afirma que o reino dividido entre si não subsiste. Mas o reino
de Satanás subsiste. E por que subsiste? Justamente por existir unidade
nos intentos maléficos.
Quando os competidores de qualquer esporte vão se enfrentar, a
primeira providência a tomar é conhecer o adversário e a forma como ele
atua. São horas e horas despendidas para saber quais foram as
estratégias usadas pelo adversário em diferentes confrontos. Não termina
aí, pois o técnico estabelecerá como vencer o adversário, procurando
corrigir os pontos fracos de sua equipe e aperfeiçoar aqueles que são
considerados fortes.
O conhecimento total do nosso adversário, de acordo com os
princípios bíblicos, é igualmente de vital importância, se desejamos ser
vitoriosos no campo de batalha. Paulo vê tanta necessidade em se
conhecer o inimigo que, por conhecê-lo, apresenta uma armadura para
esse confronto eterno: "Finalmente, fortaleçam-se no Senhor e no seu
forte poder. Vistam toda a armadura de Deus, para poderem ficar firmes
contra as ciladas do Diabo" (Ef 6.10,11). Sem essa armadura, já sairemos
com deficiência para o campo de batalha, e a vitória na esfera espiritual
estará comprometida.
Infestação no Universo
Nos objetos, nos animais, nas casas, etc.
Quando falamos de infestação, queremos dizer que os demônios,
num sentido mais amplo, estão em toda parte. Isso não significa, no
entanto, que os demônios são onipresentes: eles estão em todos os
lugares por causa do seu grande número. Mas, num sentido mais
limitado, referimo-nos, neste livro, a lugares e situações peculiares que se
tornaram o foco de uma investida mais incisiva e palco de atuação mais
específica desses seres espirituais.
Parece que há lugares ou ambientes específicos onde os demônios
têm alguma predileção em freqüentar e atuar. Isso, certamente, pela
maior influência que poderão exercer. Há os que habitam cemitérios,
câmaras municipais, assembléias legislativas, tribunais, órgãos
executivos dos governos, penitenciárias, fábricas, parques, casas, pessoas
e, pasme, até igrejas! Não há lugar que esteja isento da sua atuação.
Alguns cristãos, que não querem se comprometer com as verdades
espirituais, negam a possibilidade de os demônios com parecerem aos
cultos com a finalidade de impedir que as pessoas creiam no poder
transformador de Cristo Jesus. O próprio Jesus, no entanto, afirma que,
seja no culto, seja em qualquer lugar ou momento em que o evangelho
esteja sendo pregado, o inimigo é capaz de retirar a mensagem do
coração do homem: "Quando alguém ouve a mensagem do Reino e não a
entende, o Maligno vem e lhe arranca o que foi semeado em seu coração.
Este é o que foi semeado à beira do caminho"
Neuza Itioka analisa essa situação dando-nos algumas sugestões:
No meio do povo animista existe uma forte crença de que
certos espíritos se assenhoreiam de determinadas porções da
terra; às vezes, de um território, ou de uma casa, ou de uma
propriedade, e fazem deles o seu lugar de habitação. É curioso
notar que "o gadareno" escolheu viver em túmulos (Mc 5.2,3).
Devemos observar que ainda hoje muitas das feitiçarias e
trabalhos assim chamados espirituais exigem que um dos
seus elementos seja terra de túmulos e de cemitérios. Parece
de fato existir lugares onde os demônios preferem repousar
ou morar.5
5
ITIOKA, Neuza. Os deuses da umbanda: o baixo espiritismo, implicações teológicas e pastorais. São Paulo:
ABU, 1988, p. 98-9.
Somente tempos depois, fiquei sabendo da implicação daquela família
que me vendera o carro com uma vida de domínio de demônios.
Podemos concluir, portanto, que qualquer lugar que não seja o céu,
morada de Deus, é local com a possibilidade de que haja uma infestação.
Na mente do homem
Viver piamente, em Cristo e para Cristo, requer que você aceite a
nova direção que Ele deseja dar aos seus pensamentos. Ele irá orientá-los
para que os seus pensamentos O agradem, e não a você mesmo. Foi esta a
conclusão que Paulo chegou e procurou compartilhar com os cristãos de
Roma, Corinto, Éfeso e Colossos: "Não se amoldem ao padrão deste
mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que
sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita
vontade de Deus" (Rm 12.2); "Destruímos argumentos e toda pretensão
que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levamos cativo todo
pensamento, para torná-lo obediente a Cristo" (2 Co 10.5); "Quanto à
antiga maneira de viver, vocês foram ensinados a despir-se do velho
homem, que se corrompe por desejos enganosos, a serem renovados no
modo de pensar e a revestir-se do novo homem, criado para ser
semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade"
(Ef 4.22-24); "Portanto, já que vocês ressuscitaram com Cristo, procurem
as coisas que são do alto, onde Cristo está assentado à direita de Deus.
Mantenham o pensamento nas coisas do alto, e não nas coisas terrenas"
(Cl 3.1,2).
Há um motivo pelo qual Jesus nos conclama a dedicarmos todo o
nosso pensamento ao Deus que criou todas as coisas: para que estejamos
livres de sentimentos tais como:
o ódio: "Quem odeia seu irmão é assassino, e vocês sabem que
nenhum assassino tem a vida eterna em si mesmo" (1 Jo 3.15);
o ressentimento e a amargura: "Livrem-se de toda amargura,
indignação e ira, gritaria e calúnia, bem como toda maldade. Sejam
bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se
mutuamente, assim como Deus os perdoou em Cristo" (Ef 4.31,32);
o egoísmo: "Nada façam por ambição egoísta, ou por vaidade,
mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada
um cuide não somente dos seus interesses, mas também dos interesses
dos outros (Fp 2.3,4);
o ciúme e a inveja: "... ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo,
dissensões, facções e inveja [...]. Eu os advirto, como antes já os adverti:
aqueles que praticam essas coisas não herdarão o reino de Deus" (Gl
5.20,21);
a ira: "Meus amados irmãos, tenham isto em mente: sejam todos
prontos para ouvir, tardios para falar e tardios para irar-se, pois a ira do
homem não produz a justiça de Deus" (Tg 1.19,20);
a ansiedade: "Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em
tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus
pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo entendimento,
guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus" (Fp 4.6,7);
o medo: "No amor não há medo; ao contrário, o perfeito amor
expulsa o medo, porque o medo supõe castigo. Aquele que tem medo não
está aperfeiçoado no amor" (1 Jo 4.18);
a lascívia: "Vocês ouviram o que foi dito: Não adulterarás. Mas eu
lhes digo: Qualquer que olhar para uma mulher para desejá-la, já
cometeu adultério com ela no seu coração" (Mt 5.27,28);
a dúvida: "Se algum de vocês tem falta de sabedoria, peça-a a
Deus [...]. Peça-a, porém, com fé, sem duvidar, pois aquele que duvida é
semelhante à onda do mar, levada e agitada pelo vento. Não pense tal
pessoa que receberá coisa alguma do Senhor, pois tem mente dividida e é
instável em tudo o que faz" (Tg 1.5-8);
o engano: "Quem odeia disfarça as suas intenções com os lábios,
mas no coração abriga a falsidade" (Pv 26.24).
A renovação de sua mente, conforme nos afirma categoricamente
Paulo, é o processo pelo qual seus pensamentos e sua vontade irão se
tornar mais e mais semelhantes aos de Cristo. Tornar o pensamento e a
vontade semelhantes aos de Cristo requer uma vida de sacrifício, pois
constantemente o nosso eu deseja ter primazia em nossas ações diárias:
"Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam
em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de
vocês" (Rm 12.1). O apelo de Paulo é o de que nos ofereçamos "em
sacrifício vivo" por ser o nosso Deus o Deus dos vivos. A palavra
"portanto" dá a entender que o ato de dedicação total é uma
conseqüência de tudo quanto foi dito antes. A própria vida, não mais o
ritual, é, agora, o modo de se expressar o verdadeiro sacrifício do povo de
Deus.
A renovação de nossa mente se revela por meio de uma resposta
cada vez mais fiel e obediente à Palavra de Deus. Esta obediência às
Escrituras Sagradas oferece o desenvolvimento necessário à nossa mente
para que se torne semelhante à de Cristo. "Mas o alimento sólido é para
os adultos, os quais, pelo exercício constante, tornaram-se aptos para
discernir tanto o bem quanto o mal" (Hb 5.14); "Portanto, já que vocês
ressuscitaram com Cristo, procurem as coisas que são do alto, onde
Cristo está assentado à direita de Deus. Mantenham o pensamento nas
coisas do alto, e não nas coisas terrenas" (Cl 3.1,2). Para tanto, torna- se
necessário, quanto à Palavra que nos é ofertada por Deus,
ouvir - "Conseqüentemente, a fé vem por se ouvir a mensagem, e a
mensagem é ouvida mediante a palavra de Cristo" (Rm 1017);
ler - "Até a minha chegada, dedique-se à leitura pública da
Escritura, à exortação e ao ensino" (1 Tm 4.13); "Feliz aquele que lê as
palavras desta profecia e felizes aqueles que ouvem e guardam o que nela
está escrito, porque o tempo está próximo" (Ap 1.3);
estudar - "Procure apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro
que não tem do que se envergonhar e que maneja corretamente a palavra
da verdade" (2 Tm 2.15);
memorizar - "Guardei no coração a tua palavra para não pecar
contra ti" (Sl 119.11);
meditar - Não deixe de falar as palavras deste Livro da Lei e de
meditar nelas de dia e de noite, para que você cumpra fielmente tudo que
nele está escrito. Só então os seus caminhos prosperarão e você será
bem-sucedido"(Js 1.8); "Como é feliz aquele que [...] sua satisfação está
na lei do SENHOR, e nessa lei medita dia e noite" (Sl 1.1,2).
Isso nos há de assegurar que a Palavra de Deus habite ricamente
em nossa vida, tal como almeja o apóstolo: "Habite ricamente em vocês a
palavra de Cristo; ensinem e aconselhem-se uns aos outros com toda a
sabedoria, e cantem salmos, hinos e cânticos espirituais com gratidão a
Deus em seu coração" (Cl 3.16). Com a mesma intensidade, você deverá
exercitar na prática a Palavra em todas as áreas de sua vida que
necessitem de mudança em Cristo. Conseqüentemente, seu espírito e sua
mente se renovarão à semelhança de Cristo Jesus.
O homem sem Cristo pensa, acerca das coisas espirituais, somente
com a razão; mas as coisas de Deus, na verdade, se discernem
espiritualmente: "Quem não tem o Espírito não aceita as coisas que vêm
do Espírito de Deus, pois lhe são loucura; e não é capaz de entendê-las,
porque elas são discernidas espiritualmente. Mas quem é espiritual
discerne todas as coisas, e ele mesmo por ninguém é discernido; pois
'quem conheceu a mente do Senhor para que possa instruí-lo?' Nós,
porém, temos a mente de Cristo" (1 Co 2.14-16). A primeira coisa que
Satanás fez foi seqüestrar a capacidade do homem de pensar por conta
própria (Gn 3). Houve uma indução. Por indução, devemos entender o
argumento capaz de levar uma pessoa a pensar como queremos que
pense.
Por que Satanás não pode roubar a mente do cristão? Quando
Paulo nos afirma que temos a mente de Cristo, garante-nos que isso só é
possível pelo fato de estarmos crucificados com o Senhor: "Fui
crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive
em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no Filho de Deus,
que me amou e se entregou por mim" (Gl 2.20). O salmista diz ao Senhor
que guardou Sua palavra no coração, "para não pecar contra ti" (Sl
119.11). O que isso significa? Que o homem espiritual pensa com o
coração. Quando lemos acerca de Deus falando a Josué, em Josué 1.8:
"Não deixe de falar as palavras deste Livro da Lei e de meditar nelas de
dia e de noite, para que você cumpra fielmente tudo o que nele está
escrito. Só então os seus caminhos prosperarão e você será bem-
sucedido" —, verificamos que o SENHOR o aconselhou a guardar a Lei no
coração e ainda meditar nela dia e noite. Como o coração simboliza o
todo do homem, e o cristão tem o coração, ou seja, seu todo, entregue e
submisso a Deus, ele pode vir a ser induzido, como foi Pedro,
temporariamente, mas não roubado, como o gadareno.
Satanás rouba o raciocínio do homem, e o homem não consegue
pensar por conta própria, mas, sim, motivado e induzido por forças (ou
seres) que o impulsionam à rebeldia para com Deus, o que constitui o
próprio pecado. Não é somente quando um indivíduo está possesso que
se encontra sob o domínio do ladrão; isso acontece todas as vezes que
ocorre ausência de domínio do Espírito Santo. Já pude presenciar e ser
usado por Deus como interventor em diversas manifestações
demoníacas, e todas elas, quando encerradas pelo poder que há no nome
de Cristo, demonstraram que aquele que fora dominado não se lembrava
do acontecido. E diariamente conversamos com pessoas cuja mente não
consegue perceber o seu estado pecaminoso nem lembrar de
acontecimentos que as separaram de Deus.
Aquilo que diferencia o homem dos animais, ou seja, sua
capacidade de pensar, é também o que o coloca em relacionamento
íntimo com Deus. Paulo nos chama a pensar de uma forma que em tudo
agrademos a Deus: "Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo
o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que
for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou
digno de louvor, pensem nessas coisas" (Fp 4.8). Estará você disposto a
viver desta maneira?
6
TANNERY, Paul. Platão, vida, obra, doutrina. Trad. Jorge Paleikat. 2. ed. Rio de Janeiro: Ed. Globo, 1954.
3
O Acampamento Seguro
7
KIERKEGAARD, Sdren. Desespero: a doença mortal. Trad. Ana Keil. Porto, Portugal: Rés-Editora, p. 5-6.
Reflitamos, pois: mesmo que Cristo não tivesse "acordado" Lázaro,
nem por isso seria menos verdade que, em Cristo, a doença, a própria
morte, não é mortal!
Vida e morte sempre foram temas fundamentais nos relatos
bíblicos. Este tema é pela primeira vez expresso por Deus ao ordenar a
Adão: "Mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal,
porque no dia em que dela comer, certamente você morrerá" (Gn 2.17); e
finaliza em Apocalipse convidando: "... e quem quiser, beba de graça da
água da vida" (Ap 22.17). Após a Queda, a morte se tornou um fato na
existência humana, ou seja, homens morrem em todas as partes e
variedades de circunstâncias.
Analisemos a idéia que os homens do Antigo Testamento tinham
acerca da morte, pois esse pensamento é que iria influenciar os homens
do Novo Testamento. Jesus é o Senhor dos vivos: "Ele é a cabeça do
corpo, que é a igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para
que em tudo tenha a supremacia" (Cl 1.18). Em oposição aos preceitos do
homem do Antigo Testamento, Jesus vem ressaltar que a morte não é a
cessação de tudo, como pensavam os judeus. Jesus não compactua com
este estado de espírito por ser Ele próprio O que venceu a morte:
"Quando, porém, o que é corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o
que é mortal, de imortalidade, então se cumprirá a palavra que está
escrita: 'A morte foi destruída pela vitória' [...]. Mas graças a Deus, que
nos dá a vitória por meio de nosso Senhor Jesus Cristo" (1 Co 15.54,57).
Da mesma forma que Ana, mãe do profeta Samuel, possuía a
certeza de que a chave da morte está nas mãos de Deus (1 Sm 2.6), eu
também pude experimentar o grande livramento que somente o Deus
todo-poderoso pode garantir. Há "tempo de nascer e tempo de morrer",
assim como "tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou" (Ec
3.2), e estas são verdades que estão sob o poder de Deus. Jesus, ao
morrer, decretou o domínio da chave da morte. Foi com Sua morte que a
morte da morte foi decretada. Paulo clama: "Onde está, ó morte, a sua
vitória? Onde está, ó morte, o seu aguilhão? O aguilhão da morte é o
pecado, e a força do pecado é a Lei. Mas graças a Deus, que nos dá a
vitória por meio de nosso Senhor Jesus Cristo" (1 Co 15.55-57).
Jesus nos adverte, ainda: "Não tenham medo dos que matam o
corpo, mas não podem matar a alma. Antes, tenham medo daquele que
pode destruir tanto a alma como o corpo no inferno" (Mt 10.28). Aquele
que tem o poder de matar o corpo e também enviá-lo para o interno,
juntamente com a alma, é somente Deus. O inimigo é um assassino.
Algumas vezes, tentará investir contra nós, mas lembre-se: não temos
por que temê-lo. Deus é por nós. Debaixo das Suas asas, estaremos
seguros. Sua fidelidade será o nosso escudo.
Jorge, o "Encantador"
Fui procurado certa vez por uma irmã, membro de nossa igreja, que
estava muito impressionada com o que me narrou, pois participara,
embora indiretamente, de um acontecimento extraordinário em sua casa.
Certo homem, que passarei a chamar de Jorge, fora indagado, pelo
esposo dessa irmã, se conhecia alguém ou algum veneno capaz de matar
lagartas, que já tinham se tornado uma praga em um pé de cajá-manga
do seu quintal.
Por não saber como resolver tal problema, o esposo da irmã
decidira pedir orientação a quem quer que fosse e, como Jorge era um
homem muito entrosado na comunidade, perguntou-lhe se sabia de
algum remédio que resolvesse o problema.
Jorge prontamente pediu que ele trouxesse uma panela com água e,
depois de algumas rezas, lançou a água para cima; quando a água tocou o
chão, formou com ela uma bola com todas as lagartas.
Em outra ocasião, todavia, fui chamado às pressas pela esposa
desse mesmo Jorge, pois ele estava muito violento e quebrando tudo em
casa. Antes de me dirigir àquela casa, ela me relatou o que sempre
acontecera com ele e por que fora aposentado como louco. Todas as vezes
que era tomado por aquela crise de loucura, ninguém conseguia contê-lo,
nem mesmo quatro bombeiros, que, uma vez, saíram machucados ao
tentar imobilizá-lo, em virtude de seu estado insano e agressivo. Após
isso, recebera a aposentadoria, com a qualificação médica de loucura,
motivo pelo qual as pessoas do bairro o temiam, sobretudo por ser sua
violência acobertada pela proteção e relevância dos seus atos por parte
das autoridades da área de Saúde.
Ao chegar ao portão, no entanto, eu já sabia, interiormente, do que
se tratava: aquele era um quadro típico de possessão. Perdi a noção de
tempo e espaço. Momentos antes, quando saíra de casa, tinha visto a rua
movimentada, com carros passando e pessoas que entravam e saíam
normalmente de suas casas; mas, naquele instante, todas essas coisas
eram passadas e pertenciam ao mundo material: eu agora estava nas asas
da eternidade, não importando mais o tempo, o lugar, nem o que estava
acontecendo fora daquele portão.
Antes mesmo que eu abrisse o portão e Jorge me visse, já ouvi uma
voz aterrorizante, que vinha da sala de visitas, me ameaçando:
— Seu desgraçado! Por que você veio?
Então, fugir ou enfrentar? Esse era o dilema que inflamava o meu
coração! Por que eu estava ali? Ao abrir a porta, avistei uma cena que
nunca vira antes. Não foi ilusão: era real! Ele estava correndo pelas
paredes e, quando me avistou, parou no canto das paredes que davam
para a porta da entrada e, mais uma vez, disse:
— Vou te matar!
Parou na parede, como se estivesse agarrado por cola, fixou o olhar
em mim e se arremessou na minha direção. Sem pensar em mais coisa
alguma, bradei:
— Você está amarrado!
Houve repentina calmaria e, em nome de Cristo Jesus, repreendi
aquele demônio, que nem mesmo os quatro bombeiros, mediante força
humana, tinham conseguido dominar. Enquanto repreendia aquela
entidade, ela dizia que estava ali porque naquele local tudo lhe era
favorável. De fato, não estava mentindo, pois aquela família morava,
literalmente, em cima do lixo. Toda sorte de porcaria estava depositada
naquele quintal e dentro da casa. Não se conseguia ver um local limpo e
livre de sujeira. Todos os familiares se conformavam com aquela pobreza
de espírito e opressão imputadas pelos espíritos que dominavam aquele
local.
Aquela situação me levou a fazer um paralelo com o
endemoninhado gadareno (Mc 5.1-20), que morava no cemitério e vivia
atormentando e agredindo as pessoas da região em que habitava. As
pessoas, desesperadas, não sabiam mais o que fazer, porquanto, se nas
poucas horas de tranqüilidade, conseguiam amarrá-lo com grilhões e
cadeias, ele em seguida os quebrava como se fossem fios de teia de
aranha. Quando viu Jesus, a legião de demônios que possuía o homem
perguntou o que Jesus tinha que ver com eles. Jesus travou conversa com
os demônios, pois, em cada situação de possessão, o Senhor procurava
nos revelar as verdades do mundo onde acontecem as batalhas
espirituais. Quando os demônios deixaram aquele homem, este
conseguiu conversar e saber o que estava acontecendo; portanto, sua
mente já não estava mais dominada. Ocorrera sua libertação, que só é
possível em Cristo Jesus.
Cegando o inimigo
Os meses se passaram e, com eles, a lembrança daquele episódio
aterrorizador. Mas, ao contrário do gadareno, a libertação de Jorge não
se dera totalmente; pelo contrário, suas atitudes iam de mal a pior em
casa e na comunidade que eu chamei de "ilha Dominação". O relato
anterior, porém, foi feito para que você possa entender o livramento
realizado por Deus quando Jorge, possuído, me procurou para atentar
contra a minha vida.
Eu estava em minha casa, descansando, naquela tarde. Havia
voltado de uma visita pastoral e pretendia resolver algumas pendências
antes do findar do dia. Foi quando aquele homem entrou no quintal da
igreja, onde estava localizada a casa pastoral. Como era seu costume fazer
isso, embora não como muita freqüência, decidi ir ao seu encontro para
saber o que o trazia ali. Logo me causou estranheza o fato de ele não
haver respondido ao meu cumprimento e às perguntas quanto ao motivo
de estar entrando e o que desejava. Empunhava ele um facão, e eu não
conseguia entender o que Jorge estava fazendo com aquele objeto; se iria,
e de que modo, usá-lo ali na igreja:
— Boa tarde, Jorge! — comecei, cumprimentando-o, amavelmente.
Ele não me respondeu, nem mesmo parecia notar minha presença.
Durante alguns minutos, ficou olhando o quintal da igreja. Mais uma vez,
dirigi-lhe a palavra, e então ele, sem me responder, saiu e foi embora.
Confesso que não entendi, mas, por ter uma firme confiança na soberania
de Deus e de que nenhuma coisa acontece na minha vida sem Sua
permissão (Rm 8.28), descansei no Senhor. Aquela experiência foi tão
incomum que cheguei até a comentar com minha esposa.
Não demorou, e a esposa de Jorge foi à igreja. Queria saber como
eu me saíra daquela situação, para ela tremendamente embaraçosa.
Assim que chegou, foi me bombardeando com muitas perguntas, que
para mim não faziam o menor sentido, pois eu não sabia realmente do
que ela estava falando, do porquê de tantas perguntas. Foi quando
consegui acalmá-la e saber toda a verdade. Ela me contou, então, que seu
esposo, naquela tarde, ficara possuído de uma entidade e que esta havia
declarado que me mataria.
Pude louvar a Deus, pois o meu inimigo fora cegado. A entidade,
quando Jorge chegou de volta em sua casa, para honra e glória do nome
do nosso Deus, declarou à esposa de Jorge que só não me matou porque
não me encontrara! No entanto, eu estivera ali, bem diante dele, e ele não
conseguia me enxergar! Ele estava com uma arma na mão, mas não
podia usá-la — porquanto as armas de Deus, de que dispomos, são
espirituais e mais poderosas. O escudo da fé estava me protegendo
daquela investida mortal. "Além disso, usem o escudo da fé, com o qual
vocês poderão apagar todas as setas inflamadas do Maligno", diz Paulo
(Ef 6.16).
8
Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento. 3. ed. Trad. Gordon Chown. São Paulo: Edições Vida
Nova, 1989, p. 85.
No Reino de Deus, a independência é morte! Quem quiser viver fora do
acampamento seguro estará à mercê das investidas daquele que tem como
objetivo constante matar, roubar e destruir. Permanecer nesse Reino é entrar
na esfera do amor de Deus, que é o componente da natureza e da essência do
próprio Deus. O amor a Deus e o amor ao próximo derivam do próprio amor de
Deus: "Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor [...]. Nisto
consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos
amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados" (1 Jo
4.8,10).
Observemos que os homens que se aprofundaram no relacionamento e
propósitos de Deus estavam convictos de que eram escravos, ou servos, de
Cristo, como foi o caso, entre outros, de Paulo ("Paulo, servo de Cristo
Jesus, chamado para ser apóstolo, separado para o evangelho de Deus" -
Rm 1). Essa escravidão não é imposta, mas amorosa e espontaneamente
aceita pelo servo do Senhor. Ovelha que anda fora do acampamento
poderá se tornar petisco de Satanás.
Concluo que a tentação que nos será impingida pelo inimigo é o
ledo engano de pensarmos que há vida e segurança fora das potentes
mãos de Deus. Lembremo-nos de que a nossa segurança está
proporcionalmente atrelada não ao lugar, mas com Quem estamos, o
nosso general vitorioso, Jesus Cristo!
9
ITIOKA, Neuza, Os deuses da umbanda, p. 113.
chegara. Não dando ouvidos, ordenei, portanto, que ele saísse, e o
espírito deixou aquela vida, para honra e glória de Jesus.
O erro daquele irmão foi acreditar que Satanás ou os seus anjos
podem tocar-nos, aos salvos, sem prévia autorização de Deus. Mesmo
que nos toquem, ainda assim Deus está no comando de nossa vida: "O
Senhor disse a Satanás: 'Pois bem, tudo que ele possui está nas suas
mãos; apenas não toque nele" (Jó 1.12). Jó foi tocado; contudo, existiria
um motivo? Dentre as muitas razões, quero destacar apenas esta: para
nos ensinar que Satanás não é onisciente.
A onisciência de Deus é uma verdade cheia de consolação para o
crente. Em tempos de aflição, ele diz com Jó: "Mas ele sabe meu
caminho..." (23.10). Pode ser profundamente misterioso para mim,
inteiramente incompreensível para os meus amigos, mas "Ele sabe"! Em
tempos de fadiga e fraqueza, os crentes podem assegurar-se de que Deus
"... conhece a nossa estrutura; lembra-se de que somos pó" (Sl 103.14).
Em tempos de dúvida e vacilação, eles apelam para este atributo,
dizendo: "Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e
conhece os meus pensamentos. E vê se há em mim algum caminho mau,
e guia- me pelo caminho eterno" (Sl 139.23,24). Em tempos de triste
fracasso, quando os nossos corações foram traídos por nossos atos;
quando os nossos feitos repudiaram a nossa devoção, e nos é feita a
penetrante pergunta: "Amas-me?", dizemos, como o fez Pedro: "...
Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo..." (Jo 21.17) . Deus é
onisciente. Ele sabe todas as coisas — todas as coisas possíveis, todas as
coisas reais, todos os eventos, conhece todas as criaturas, todo o passado,
presente e futuro. Conhece perfeitamente todos os pormenores da vida
de todos os seres que há no céu, na Terra e no inferno. "... conhece o que
jaz nas trevas..." (Dn 2.22). Nada escapa à Sua atenção, nada pode ser
escondido Dele, não há nada que Ele esqueça. Bem podemos dizer com o
salmista: "Tal ciência é para mim maravilhosíssima; tão alta que não
posso atingir" (Sl 139.6). Seu conhecimento é perfeito. Ele jamais erra,
nem muda, nem passa por alto coisa alguma. "E não há criatura alguma
encoberta diante dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos
olhos daquele com quem temos de tratar" (Hb 4.13). Sim, tal é o Deus a
quem temos de prestar contas! 10
Paulo nos afirma que fomos abençoados com toda sorte de bênçãos
espirituais; não quaisquer tipos de bênçãos, mas todas as bênçãos
espirituais. Isso vale dizer que espiritualmente somos mais do que
vencedores por Cristo Jesus, nosso Senhor! Estamos conscientes de que o
nosso inimigo é espiritual, e, se as bênçãos são espirituais, logo somos
imbatíveis em qualquer confronto que tivermos com Satanás, desde que
estejamos em Cristo Jesus e as palavras dEle estejam em nós. Ainda que
10
PINK, A. W. Os atributos de Deus. Trad. Odayr Olivetti. São Paulo: PES, 1985,p. 16-8.
o Maligno diga que vai nos destruir, sabemos que essa declaração faz
parte de sua natureza de mentira desenfreada.
4
12
BRANDÃO, Junito de Souza. Mitologia grega, v. II. 2. ed., Petrópolis: Vozes, 1988, p. 37
na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes
ou autoridades; todas as coisas foram criadas por ele e para ele" (Cl 1.16);
logo, o que Satanás pode fazer, e o faz de uma forma imperfeita, é tentar
imitar as obras de Deus — o sacrifício de sangue, usando animais, a
cerimônia de purificação, as 12 pedras das cerimônias de candomblé ou
umbanda não passam de imitação barata de ritos do culto prestado a
Deus no Antigo Testamento.
O derramamento de sangue de animais ocupava o lugar central no
culto do tabernáculo (mais tarde no templo de Jerusalém), onde sempre
existia uma vítima sendo imolada e oferecida, em conformidade com o
que diz o Senhor em Sua Palavra:
Já era de esperar que Satanás, por ser imitador barato das obras de
Deus, estabelecesse semelhança entre o sacrifício de sangue instituído
por Deus e o pacto de sangue estabelecido por ele. Assim como o
sacrifício em honra a Deus fazia a união do adorador com o Senhor, da
mesma forma o faria o pacto com Satanás.
Enfim, enfatizando: enquanto o sangue de animal, imolado a Deus
pelo judeu piedoso, em lugar do próprio, servia à libertação dos pecados
de sua vida — e assim como o sangue do Cordeiro de Deus, imolado na
cruz como oferta voluntária, em lugar de todos nós, serviu
definitivamente à libertação dos nossos pecados, de toda a humanidade,
de ontem, hoje e sempre —, assim também o derramamento de sangue,
no mundo das trevas, serve tão-somente à opressão e ao aprisionamento
no inferno, pelo Diabo, daquele que faz esse tipo de oferenda.
No livro de Levítico, capítulo 1, temos todos os passos que
marcavam o ritual do sacrifício judaico:
• Apresentação da vítima. "Se o holocausto for de gado, [o
ofertante] oferecerá um macho sem defeito. Ele o apresentará à entrada
da Tenda do Encontro, para que seja aceito pelo SENHOR" (v. 3).
• Imposição da mão do ofertante sobre a vítima: "e porá a mão
sobre a cabeça do animal do holocausto para que seja aceito como
propiciação em seu lugar" (v. 4).
• Morte da vítima: "Então o novilho será morto perante o
Senhor..." (v. 5).
•Aspersão do sangue: "... e os sacerdotes, descendentes de Arão,
trarão o sangue e o derramarão em todos os lados do altar, que está à
entrada da Tenda do Encontro" (v. 5).
13
PACKER, J. I.; TENNEY, Merril C.; WHITE, William Jr. O mundo do Antigo Testamento, 2. ed. São Paulo:
Editora Vida, 1991, p. 101.
• Ato de esfolar o animal: "Depois se tirará a pele do animal..." (v.
6).
• Ato de dividir o animal em partes: "... que será cortado em
pedaços" (v. 6).
• Preparo do altar. "Então os descendentes do sacerdote Arão
acenderão o fogo do altar e arrumarão a lenha sobre o fogo" (v. 7).
• Ato de queimar o holocausto: "Em seguida arrumarão os pedaços,
inclusive a cabeça e a gordura, sobre a lenha que está sobre o fogo do
altar. As vísceras e as pernas serão lavadas com água. E o sacerdote
queimará tudo isso no altar. É um holocausto, oferta preparada no fogo,
de aroma agradável ao SENHOR" (v. 8,9).
A seguir, os passos para se dedicar o sacrifício e o que isso
garantiria ao adorador:
1. Logo que chegava ao átrio, o ofertante encontrava o altar do
sacrifício, primeiro requisito para alguém se aproximar de Deus: "De
fato, segundo a Lei, quase todas as coisas são purificadas com sangue, e
sem derramamento de sangue não há perdão" (Hb 9.22).
2. Depois de queimar o sacrifício no altar, o sacerdote lavava as
mãos e os pés com água do lavabo ou lavatório: "Quem poderá subir o
monte do SENHOR? Quem poderá entrar no seu santo lugar? Aquele que
tem as mãos limpas e o coração puro, que não recorre aos ídolos nem
jura por deuses falsos" (Sl 24.3,4).
3. Só então poderia entrar pela cortina: "Para a entrada da tenda
faça uma cortina de linho fino trançado e de fios de tecidos azul, roxo e
vermelho, obra de bordador. Faça ganchos de ouro para essa cortina e
cinco colunas de madeira de acácia revestidas de ouro. Mande fundir
para eles cinco bases de bronze" (Êx 26.36,37); no Lugar Santo, para
acender as lâmpadas do candelabro: "Ordene aos israelitas que lhe
tragam azeite puro de olivas batidas para a iluminação, para que as
lâmpadas fiquem sempre acesas. Na Tenda do Encontro, do lado de fora
do véu que se encontra diante das tábuas da aliança, Arão e seus filhos
manterão acesas as lâmpadas diante do SENHOR, do entardecer até de
manhã. Este será um decreto perpétuo entre os israelitas, geração após
geração" (Êx 27.20,21/Lv 24.1-4); ou para trocar os pães: "Apanhem da
melhor farinha e asse doze pães, usando dois jarros para cada pão.
Coloque-os em duas fileiras, com seis pães em cada uma, sobre a mesa de
ouro puro perante o SENHOR [...]. Esses pães serão colocados
regularmente perante o SENHOR, cada sábado, em nome dos israelitas,
como aliança perpétua. Pertencem a Arão e a seus descendentes, que os
comerão num lugar sagrado..." (Lv 24.5-9); ou para queimar o incenso
aromático sobre o altar de ouro: "Arão queimará incenso aromático
sobre o altar todas as manhãs, quando vier cuidar das lâmpadas e
também quando acendê-las ao entardecer. Será queimado incenso
continuamente perante o SENHOR, pelas suas gerações" (Êx 30.7,8).
4. A partir da vinda de Cristo, o cristão, qual sacerdote — "Vocês,
porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de
Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para
a sua maravilhosa luz" (1 Pe 2.9); "E nos constituiu reino e sacerdotes
para servir a seu Deus e Pai. A ele sejam glória e poder para todo o
sempre! Amém" (Ap 1.6) — ministra, com base na crucificação de Cristo
pelos nossos pecados: "Ora, se o sangue de bodes e touros e as cinzas de
uma novilha espalhadas sobre os que estão cerimonialmente impuros os
santificam, de forma que se tornam exteriormente puros, quanto mais o
sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu de forma
imaculada a Deus, purificará a nossa consciência de atos que levam à
morte, para que sirvamos ao Deus vivo!" (Hb 9.13,14); "Livrem-se do
fermento velho, para que sejam massa nova e sem fermento, como
realmente são. Pois Cristo, nosso Cordeiro Pascal, foi sacrificado" (1 Co
5.7). Lavados, então, pela regeneração efetuada pelo Espírito de Deus,
mediante Jesus Cristo — "Não por causa de atos de justiça por nós
praticados, mas devido à sua misericórdia, ele [Deus] nos salvou pelo
lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou
generosamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador" (Tt 3.5,6) —,
entramos no gozo da comunhão com Deus (ilustrada pela mesa dos pães
da proposição), pela luz de Sua Palavra (o candelabro) e a oração (sobre o
altar de ouro, ante o Trono da Graça: "Outro anjo, que trazia um
incensário de ouro, aproximou-se e se colocou em pé junto ao altar. A ele
foi dado muito incenso para oferecer com as orações de todos os santos
sobre o altar de ouro diante do trono. E da mão do anjo subiu diante de
Deus a fumaça do incenso com as orações dos santos" (Ap 8.3,4).
Além de imitador, o inimigo também aceita migalhas que caem das
mãos do homem, o que é inversamente oposto a Deus, que exige
exclusividade na adoração e na vida de serviço do adorador: "Respondeu
Jesus: 'Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua
alma e de todo o seu entendimento'" (Mt 22.37). Isso não é tremendo? Se
existe exclusividade, também existirá a necessária limpeza, e essa
limpeza é chamada na Bíblia de santificação.
Pode-se observar que a umbanda, o candomblé e todas as religiões
pagãs afins apresentam deuses antropomórficos (isto é, como seres
humanos). A mensagem mítica relata que os deuses tinham as mesmas
necessidades que os seres humanos, as mesmas fraquezas e as mesmas
imperfeições. Os deuses eram seres humanos ampliados — se porventura
houvesse diferença do homem, seria apenas de grau.
Alan Kardec define os demônios simplesmente como espíritos
inferiores, almas daqueles que viveram na Terra e em outros mundos e
que depois da morte passam a povoar o espaço. Eles são dotados de livre-
arbítrio; todavia, ao que parece, exercem essa escolha de forma
equivocada, pois são ignorantes, sendo a encarnação a forma de eles
evoluírem em direção ao estágio de inteligência e amor. Kardec
acreditava que somente por meio da reencarnação os espíritos poderiam
ter o mesmo direito de oportunidade.
Contudo, essas definições contrastam com os ensinamentos da
Bíblia, que nos garantem que os espíritos malignos, originalmente bons,
faziam parte do exército celestial, antes da Queda. Eles são diferentes dos
homens pelo fato de habitarem a eternidade, serem altamente perigosos
e não estarem à procura de evolução, ao contrário do que afirma Kardec.
Por serem dotados de força espiritual, somente por meio de uma força
mais poderosa poderemos conter os seus ataques constantes e
ininterruptos para com a nossa vida. Essa força mais poderosa, aliás
todo-poderosa, está unicamente em Deus.
14
ITIOKA, Neuza, Os deuses da umbanda, p. 87.
decaída, e isso era doloroso demais para eles. "Então o povo começou a
suplicar a Jesus que saísse do território deles" (veja Marcos 5.1-20).
A um outro grupo, Jesus apresentou a escravidão que oprimia e
amarrava toda uma comunidade, mas aqueles homens não conseguiram
entender como se dava essa escravidão. O pecado é que estabelece a
prisão do homem. Jesus revelou a inter-relação do pecado com o Diabo, e
isso causou revolta. Desde a época de Jesus, o homem deseja ser filho de
Deus, sem se preocupar com as exigências do Reino (Jo 8). Ser filho de
Abraão não garantiria a filiação no Reino dos céus: mais uma vez, Jesus
confronta a libertação e as suas exigências com o domínio do reino das
trevas e suas implicações. A verdade é que um dia ocorreu uma queda no
mundo angelical, queda na qual legiões de anjos apartaram de Deus. A
ocasião exata dessa queda não é indicada, mas, em João 8.44, Jesus fala
do Diabo como assassino desde o princípio, e em 1 João 3.8 é dito que
"Aquele que pratica o pecado é do Diabo, porque o Diabo vem pecando
desde o princípio. Para isso o Filho de Deus se manifestou: para destruir
as obras do Diabo". A opinião predominante é a de que a expressão, aqui,
"desde o princípio" — em grego, kaf arches — significa "desde o começo
da história do homem". Muito pouco se diz, contudo, sobre o pecado que
ocasionou a queda dos anjos.
15
BROWN, Rebecca. Ele veio libertar os cativos. 4. ed. Trad. Margaret de Jesus Ramos. Belo Horizonte:
Dynamus, 2000, p. 178-9.
5
O Preço da Desobediência
Sinalizando o Perigo
Calculando o custo de ser um discípulo
O que custou para que nos tornássemos discípulos? Jesus conta
uma parábola de dois homens que estavam endividados (Mt 18.23-35).
Os homens referidos como servos na parábola eram provavelmente
oficiais de alta posição a serviço do rei, alguns dos quais, certamente,
muitas vezes, tinham ocasião de tomar emprestadas grandes somas do
tesouro real. Na parábola, a quantia do débito do primeiro é
deliberadamente apresentada com certo exagero por Jesus para tornar
mais vivido o contraste com a dívida do segundo. O Senhor nos mostra,
com essa narrativa, que, ainda que tentássemos, não conseguiríamos
pagar a dívida que contraímos com os nossos pecados para com Deus. O
perdão da nossa dívida para com o Senhor gera gratidão, mas, acima de
tudo, também, uma atitude de adoração a Deus.
Uma proposta leviana gera uma decisão também leviana! Com esta
assertiva, quero reafirmar que os valores do Reino dos céus são
inversamente proporcionais aos valores estabelecidos pelo mundo
perdido e seu príncipe. Ninguém melhor do que nosso Senhor Jesus
Cristo para definir o custo dessa decisão. O "médico amado" Lucas (6.46-
49) faz, deste modo, o relato, que é o mais completo, da parábola de
Jesus da casa edificada sobre a rocha:
Onde está a rocha? A Palavra de Deus nos informa que a rocha não
está, mas a rocha é o próprio Senhor Jesus: Israel, que buscava uma lei
que trouxesse justiça, não a alcançou. Por que não? Porque não a buscava
pela fé, mas como se fosse por obras. Eles tropeçaram na 'pedra de
tropeço'. Como está escrito: 'Eis que ponho em Sião uma pedra de
tropeço e uma rocha que faz cair; e aquele que nela confia jamais será
envergonhado' "(Rm 9.31-33/1 Pe 2.6,7). Não é de admirar que a queda
da segunda casa tenha acontecido tão rápida e precocemente, mas como
entender a opção de alguém por uma tal situação efêmera? Cavar uma
vala na rocha, na verdade, já é uma tarefa difícil, mas Jesus nos diz que a
vala fora cavada profundamente!
Em nossos dias, com o advento da dinamite (descoberta por Alfred
Bernhard Nobel), temos imensa facilidade para abrirmos valas profundas
na rocha, mas nos dias de Jesus essa tarefa era simplesmente manual:
Jesus não mostra que existisse naquela época descoberta alguma que
facilitasse essa escavação. Tenho visto e ouvido muitos pregadores
oferecendo um evangelho barato, descolorado e dissociado da mensagem
cristocêntrica. Se Jesus estabeleceu um preço, quem sou eu para negociar
com aquilo que não me pertence?
Jesus ensina, em Lucas 14.25-34, na parábola acerca da
previdência, que existe um alto preço para o discípulo que aceita o seu
chamamento: "Da mesma forma, qualquer de vocês que não renunciar a
tudo o que possui não pode ser meu discípulo" (v. 33). Em poucos
minutos, Ele leva Seus discípulos a terem uma noção do Reino de Deus e
suas implicações. Jamais uma pessoa é por Ele chamada sem que antes
possa parar para calcular o preço de segui-Lo. Qual é o preço a que Jesus
se refere? Negar-se a si mesmo. Muitos pregadores afirmam que o
homem pode vir como está, mas param por aí; não são honestos o
suficiente para continuarem apresentando a necessidade pungente de
deixar tudo para ganhar tudo. Não é uma troca, mas, sim, uma condição
estabelecida pelo próprio Deus. É negar a mim mesmo, deixar o pecado.
A Palavra de Deus nos manda fugir das concupiscências da
mocidade: "Fuja dos desejos malignos da juventude e siga a justiça, a fé,
o amor e a paz, com aqueles que, de coração puro, invocam ao Senhor" (2
Tm 2.22); fugir da fornicação: "Fujam da imoralidade sexual. Todos os
outros pecados que alguém comete, fora do corpo os comete; mas quem
peca sexualmente peca contra o seu próprio corpo" (1 Co 6.18); fugir da
adoração a falsos deuses: "Por isso, meus amados irmãos, fujam da
idolatria" (1 Co 10.14); fugir da cobiça de ser rico, endinheirado: "Pois o
amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. Algumas pessoas por
cobiçarem o dinheiro desviaram-se da fé e se atormentaram com muitos
sofrimentos. Você, porém, homem de Deus, fuja de tudo isso e busque a
justiça, a piedade, a fé, o amor, a perseverança e a mansidão" (1 Tm
6.10,11). Lembremo-nos de que para Deus o pecado deve ser tratado
como pecado, e não apenas como simples deslize que eu pratico sem
responsabilidade. Trata-se, portanto, de abrir mão da minha vontade.
Em Cristo, existe uma nova vontade, e essa vontade é:
Entregar o homem integral ao Cristo integral, para segui-lo
durante todos os dias da minha vida; é abrir mão do direito
de mim mesmo, a despesa de diariamente levar a sua cruz da
separação do mundo. É a despesa de perder os amigos e os
entes queridos que se opõem à escolha. Sim, é a perda de
todas as coisas para ser seu discípulo. Somos advertidos de
que aquele que, tendo posto a mão no arado, olha para trás,
não é apto para o reino de Deus (Lucas 9:62). Além disso,
somos advertidos a nos lembrar da esposa de Ló, que se
voltou para trás, para a condenação e a perdição (Lucas
17:32).16
16
SHELTON, L. R. A decisão por Cristo: o que isto significa? São José dos
Campos, SP: Editora Fiel, 1990, p. 38.
17
HALE, Broadus David. Introdução ao estudo do Novo Testamento. Trad. Cláudio Vital de Souza. Rio de
Janeiro: JUERP, 1983, p. 279-80.
Quero, de uma forma sintetizada, abordar especificamente nossa
condição diante do pecado. Como estávamos? Quem governava nossa
vida? Poderíamos nos desvencilhar dessa situação? Afora a declaração
anteriormente citada do dr. Broadus David Hale, podemos destacar o que
Paulo nos diz no capítulo 2 de Efésios, que estávamos mortos em nossas
transgressões e pecados.
Já participei de muitos velórios ao longo da minha vida. Lembro-
me, porém, que na minha juventude acontecera um assassinato brutal, e,
quando estávamos velando o corpo, a esposa entrou, depois de algumas
horas, e pediu que o seu esposo se levantasse, falasse com ela,
respondesse às suas perguntas, dissesse que aquilo não estava
acontecendo. Contudo, ele não a podia ouvir, não podia pensar, não
podia entendê-la, não podia vê-la. Se fizermos uma reflexão sobre os
mortos, com base no que diz Jesus em Marcos 4.12 quanto aos que não
têm acesso à Palavra porque não querem, não a aceitam, podemos notar
que:
• Eles não vêem: "a fim de que, ainda que vejam, não percebam".
Aquilo que de fato deve ser observado, o homem natural não consegue
enxergar. Vê que há necessidade de mudança na vida de outrem, mas não
na sua própria. Consegue ver até nas entidades, nos "trabalhos"
ocultistas, nos patuás e nas "simpatias" a forma de se livrar dos
problemas — mas não consegue ver que em Jesus está o caminho para a
verdadeira libertação.
• Não ouvem: "ainda que ouçam, não entendam", pois "a fé vem
por se ouvir a mensagem" (Rm 10.17). Dia após dia, convivemos com
pessoas que ouvem o que dizemos acerca do Reino dos céus, mas não
apresentam mudança de vida. Esse texto de Marcos não fala de ouvir
com os ouvidos, mas ouvir com o espírito e pelo Espírito Santo. As coisas
espirituais só podem ser discernidas espiritualmente e se assim for da
vontade de Deus, "pois é Deus quem efetua em vocês tanto o querer
quanto o realizar, de acordo com a boa vontade dele" (Fp 2.13).
Se um homem tentar entender as coisas de Deus pelo simples uso
das suas faculdades mentais, perderá o significado exato de tais verdades.
Homens que passaram pela História tentando compreender dessa
maneira, o máximo que conseguiram foi entrar para a História como
néscios em se tratando das coisas de Deus. Ouvi certa vez que Karl Marx,
após escrever seu livro O capital, fez a seguinte declaração: "Preciso
apenas de vinte anos para que o meu livro seja mais lido do que a
Bíblia". Não sei se você já leu ou mesmo conhece essa obra. Pobre Marx!
Bom seria que tivesse ficado quieto e se pronunciasse no momento em
que o seu livro chegasse a vender e ser mais conhecido que a Bíblia.
• Não andam, não se locomovem. Jesus declarou: "Contudo, vocês
não querem vir a mim para terem vida" (Jo 5.40) . Eles não dispõem de
liberdade de locomoção e tempo para poderem desfrutar das obras
criadas por Deus. Lembremo-nos do que aconteceu a Adão e Eva: foram
expulsos do gozo do Eden por haverem pecado. Paulo nos adverte que o
andar do homem sem Cristo é segundo o curso deste mundo,ou seja,
alienado de Cristo. É uma escravidão cultural segundo o desejo do
"príncipe das potestades do ar"; e é essa que estamos vivendo, em um
mundo secularizado, no qual não há espaço para pensar nas coisas
espirituais. Nele, o Diabo deixou de ser considerado um ser maligno,
prejudicial, tenebroso, tornando-se "inexistente", só presente "na mente
doentia dos cristãos" ou daqueles que são "medrosos" ou "piegas". Diz
ainda Paulo que o comportamento do homem sem Cristo é segundo a
carne, ou as inclinações, ou os desejos, da carne — e carne, aqui, não se
refere àquele tecido que cobre o nosso esqueleto, mas, sim, aos desejos
que conflitam com as verdades estabelecidas por Deus. Ter fome e comer
não é um desejo da carne? Sim, e não é pecado; mas, se comermos
demasiadamente, estaremos caindo no pecado da glutonaria. Isso, sim, é
viver segundo as inclinações da carne.
• Estão em processo de putrefação.Na biologia, a morte das células
leva ao apodrecimento dos tecidos e órgãos que compõem o corpo
humano ou dos outros seres vivos. Mas, no que se refere ao pecado, o
apodrecimento por ele causado é o da mente, da alma, dos sentimentos,
das relações interpessoais, tudo isso por entrar o espírito do homem em
estado de deterioração. É o homem como um todo que se degenera. Daí,
a transformação, a ressurreição, em Cristo, atingir a integralidade do ser
humano.
O verdadeiro cristianismo é um compromisso total com o Senhor
Jesus Cristo. Observe que eu disse Senhor Jesus Cristo. Alguns cristãos
querem ter um relacionamento com Jesus que lhes garanta a entrada no
céu; mas, quero ressaltar, uma pessoa não é salva somente para ir para o
céu. É chamada, sim, para uma vida de serviço incondicional, sendo o céu
conseqüência dessa vida de serviço. Para que o céu seja uma realidade na
vida do discípulo, é necessário que Jesus Se torne Senhore,
conseqüentemente, Salvador da sua vida.
Muitos cristãos sentiram-se repreendidos quando o grande
evangelista Billy Graham leu pela primeira vez a seguinte carta, escrita
por um estudante universitário americano que se convertera ao
comunismo no México. O propósito da carta era explicar à sua noiva por
que precisava romper seu compromisso matrimonial:
18
McDONALD, William. O discípulo verdadeiro. 3. ed. Trad. Odayr Olivetti. São Paulo: Mundo Cristão, 1990, p.
29.
pois nossas igrejas estão cheias de "soldados feridos", sem o
saber.19
19
PICKERING, Gilberto. Guerra espiritual: estratégias missionárias de Cristo. Rio de janeiro: CPAD, 1987 p. 157-
8.
Todavia, o discípulo chamado por Jesus deveria entender que o
mais importante seria nEle confiar e se entregar ao Senhor e a esse seu
chamamento, tornando-se manso e pacífico.
Na verdade, não se pode ser um discípulo sem que antes sejam
feitos os ajustes necessários. Pelo fato de sermos um todo, formado de
corpo, alma e espírito, Deus Se relaciona conosco tomando como base
nossa integralidade. Deus nos chama para que nos ajustemos a Ele e à
Sua vontade. Ajustar a vida a Deus é algo decisivo. Se você se recusa a
fazê-lo, perderá o que Deus reservou para a sua vida.
Meu pai era um perito sapateiro. Na minha infância, quando
comprávamos qualquer sapato, independente da marca, sempre
precisava de um ajuste. Recordo-me das muitas fôrmas que meu pai
utilizava como sapateiro e que tinham os mais variados ajustes para que
os sapatos ficassem confortáveis para uso. Nas mãos do meu pai, o sapato
tomava a forma que ele julgasse melhor, mais adequada para cada caso, e
que ele já estabelecera em sua mente. A primeira coisa que ele fazia era
saber se o problema estava no sapato mesmo ou nos pés dos seus filhos.
Feita essa análise, era sempre o sapato, naturalmente, que ele ajustava
aos nossos pés.
Assim como os sapatos deveriam se adequar aos nossos pés, somos
nós que precisamos nos adaptar aos princípios preestabelecidos por Deus
para nós.
Contudo, o que significa ser manso? De acordo com William
Barclay, ninguém pode chegar, por si só e mediante seus próprios
esforços, a obter semelhante caráter. Ele lembra que, em grego, praotês é
chamada a força que está sob controle; mas seria errado dizer que o
homem, que no caso é praus, tenha perfeito autocontrole. O homem, no
entanto, é perfeitamente controlado por Deus, pois somente Deus pode
exercer sobre o homem esse domínio total.20 Quando o Novo Testamento
nos transmite o conceito de praotês, não dá a entender que seja uma
atitude que dependa de modo algum, exclusivamente, da vontade
humana, mas, sim, algo que emana da soberana graça de Deus. É um
sinal da salvação: sinal do chamamento: "Sejam completamente
humildes e dóceis, e sejam pacientes, suportando uns aos outros com
amor" (Ef 4.2); da eleição: "Portanto, como povo escolhido de Deus,
santo e amado, revistam-se de profunda compaixão, bondade,
humildade, mansidão e paciência" (Cl 3.12); e de ser obra do Espírito
Santo: "Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência,
amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra
essas coisas não há lei" (G15.22,23). Não é uma virtude no sentido
helenístico, grego, mas, sim, uma possibilidade outorgada por Deus, de
20
BARCLAY, William. Palavras-chaves do Novo Testamento. 2. ed. Trad. Gordon Chown. São Paulo: Edições
Vida Nova, 1988, p. 172.
vida e atuação. Não é também um simples aspecto do temperamento
humano. Daí, concluímos que ser manso vem a ser uma realidade
quando os homens se vinculam a Cristo e se conformam à Sua imagem.
Portanto, ser manso é ter um domínio completo de Deus sobre si.
Esta era a maior virtude de Moisés, porquanto, logo após um ato
impensado, se deixava quebrantar pelo Deus Soberano. A subida de
Moisés no monte Sinai foi conseqüência das suas constantes "descidas à
casa do oleiro":
Acerca dos soldados que de fato lutam para que o Corpo, a Igreja,
saia vitoriosa nas batalhas, lembremos que, para estes, a guerra já está
ganha, pela morte e ressurreição de Cristo; contudo, enquanto
permanecermos neste mundo, precisaremos nos valer da armadura e das
estratégias estabelecidas pelo Senhor da obra. Para isso, os discípulos
devem cultivar a disposição sadia de servirem uns aos outros — serviço
sacrificial —, conscientizando-se de que essa é a maneira mais prática de
servir ao Senhor: "O rei responderá: 'Digo-lhes a verdade: o que vocês
fizeram a alguns dos meus menores irmãos, a mim o fizeram'" (Mt
25.40); "Deus não é injusto; ele não se esquecerá do trabalho de vocês e
do amor que demonstraram por ele, pois ajudaram os santos e
continuam a ajudá-los" (Hb 6.10).
Pode imaginar se porventura no campo de batalha os soldados se
desentendessem? Tal como um batalhão (por isso também chamado,
muitas vezes, de "corpo"), assim é o corpo humano e assim deve ser o
Corpo de Cristo. As características básicas de um corpo são: unidade,
harmonia e sincronia ou comunhão, o que, aplicado à Igreja,
automaticamente anula:
• O isolacionismo. O membro no corpo não pode ser comparado a
uma ilha; portanto, não existe um membro que esteja fora do Corpo de
Cristo e permaneça vivo. Quando falamos "permanecer" não é estar
arrolado no rol de membros de uma igreja, mas ter seu nome escrito no
Livro da Vida. A Bíblia nos mostra que todos os salvos (e cada salvo, na
sua individualidade) são responsáveis ao mesmo tempo pela vida total da
Igreja, tanto pela sua natureza como por todas as suas funções.
• O individualismo.Todas as ações de cada membro devem ser
feitas para trazer mais vida ao corpo, e não para adoecê-lo. O corpo é
assim chamado pelo fato de todos os órgãos trabalharem para um mesmo
objetivo, o crescimento. Mas, além disso, o texto bíblico nos mostra, com
clareza, que cada salvo recebeu de Deus, mediante o Espírito Santo,
responsabilidade e capacitação especial para exercer, com eficiência,
funções específicas na vida e ministério da Sua Igreja na Terra:
Assim como cada um de nós tem um corpo com muitos membros e
esses membros não exercem todos a mesma função, assim também em
Cristo nós, que somos muitos, formamos um corpo, e cada membro está
ligado a todos os outros. Temos diferentes dons, de acordo com a graça
que nos foi dada. Se alguém tem o dom de profetizar, use-o na proporção
da sua fé. Se o seu dom é servir, sirva; se é ensinar, ensine; se é dar
23
STOTT, John R. W. A mensagem de Efésios. 2. ed. Trad. Gordon Chown. São Paulo: ABU, 1987, p. 123.
ânimo, que assim faça; se é contribuir, que contribua generosamente; se
é exercer liderança, que a exerça com zelo; se é mostrar misericórdia, que
o faça com alegria (Rm 12.4-8).
• Atitudes divisionistas. Lucas, ao relatar o progresso da Igreja
primitiva, nos informa sobre o amor à Igreja, como Corpo de Cristo, e os
membros do Corpo como parte deste. Você mesmo estará matando a vida
do Corpo de Cristo na Terra, a Sua Igreja, se impedir que alguém faça
parte do Corpo, seja salvo: "Todos os dias, continuavam a reunir-se no
pátio do templo [...] louvando a Deus e tendo a simpatia de todo o povo.
E o Senhor lhes acrescentava diariamente os que iam sendo salvos" (At
2.46,47). Não há lugar para briguinhas, para ciúmes partidários. Jesus
disse que nenhuma casa dividida poderia subsistir. Para tanto, os
soldados devem se manter unidos.
• Manobras para satisfação pessoal. Já é tempo de nos
apercebermos que estamos em guerra e devemos fazer todos os cortes de
modo que o máximo de nossos recursos possa ser empregado na luta. O
cristianismo verdadeiro está completamente dissociado de uma vida de
"lazer" espiritual. Ao contrário, é uma luta mortal, um constante conflito
com as forças do inferno.
Esta guerra exige sofrimento. Contudo, todos quantos não derem
crédito à mensagem de salvação em Cristo experimentarão a mais
extrema manifestação do desprazer divino: fogo inextinguível(geena,
referindo-se a um vale ao sul de Jerusalém chamado Hinom, lugar de
incineração) — "Ele traz a pá em sua mão e limpará a sua eira, juntando
seu trigo no celeiro, mas queimará a palha com fogo que nunca se apaga";
"Se a sua mão o fizer tropeçar, corte-a. É melhor entrar na vida mutilado
do que, tendo as duas mãos, ir para o inferno, onde o fogo nunca se apaga
[...]. E se o seu olho o fizer tropeçar, arranque-o. É melhor entrar no
Reino de Deus com um só olho do que, tendo os dois olhos, ser lançado
no inferno, onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga" (Mt 3.12;
Mc 9.43,47,48); fogo eterno, preparado para o Diabo e seus anjos —
"Então ele dirá aos que estiverem à sua esquerda: 'Malditos, apartem-se
para o fogo eterno, preparado para o Diabo e os seus anjos'" (Mt 25.41);
trevas, choro, ranger de dentes — "E lancem fora o servo inútil, nas
trevas, onde haverá choro e ranger de dentes" (Mt 25.30); castigo eterno
— "E estes irão para o castigo eterno, mas os justos para a vida eterna"
(Mt 25.46); o lago de fogo e enxofre, a morte espiritual — "Mas os
covardes, os incrédulos, os depravados, os assassinos, os que cometem
imoralidade sexual, os que praticam feitiçaria, os idólatras e todos os
mentirosos — o lugar deles será no lago de fogo que arde com enxofre.
Essa é a segunda morte" (Ap 21.8). Se tais declarações de Jesus não nos
deixarem com o coração perto do infarto, a nossa cristandade está
seriamente comprometida.
Paulo, quando precisou defender o seu apostolado contra os
ataques dos críticos carnais, não deu ênfase à sua ascendência familiar,
nem à sua educação aos pés de Gamaliel, nem às suas realizações como
cidadão. A ênfase foi colocada nos seus sofrimentos por amor de Jesus:
24
ITIOKA, Neuza, Os deuses da umbanda, p. 99.
sabe o que aconteceu? O inimigo bateu em retirada, como prova viva do
poder que há no nome de Jesus Cristo.
Com esses relatos, não quero insinuar, mas, sim, afirmar que, se
você não consagrar a Deus, com uma oração específica de declaração,
todos os bens que existem na sua casa, fique sabendo que podem estar
dominados e virem a trazer momentos desagradáveis e constrangedores
à sua família.
Tenho um amigo, pastor, cuja esposa sempre desejou ter uma blusa
de um tecido não muito barato. Chamou-lhes a atenção, todavia, que
todas as vezes que o casal se preparava para sair e a esposa desejava usar
aquela blusa, havia uma discórdia. Muitas vezes, repetiu-se tal situação,
até o dia quando, pelo Espírito Santo, foi revelado que houvesse o
cancelamento de toda e qualquer dedicação da blusa. Para honra de
Jesus, não houve necessidade de se desfazer da blusa, pois a declaração
de posse do Filho de Deus já havia acontecido.
Esse procedimento, porém, não deve ser adotado com relação a
objetos como esculturas, quadros, etc.... Para tais objetos, Deus
determinou uma ação mais específica. Não bastaria apenas orar
declarando, mas deveriam ser destruídos, e o despojo retirado do meio
do povo. Neuza Itioka afirma existir uma correlação entre esses
mandamentos e o risco de o povo de Deus se expor aos poderes
demoníacos presentes naqueles lugares, que haviam-se tornado moradas
de espíritos imundos. Por isso, do ponto de vista da prática do ministério
de libertação das pessoas dos maus espíritos, é de vital importância a
exigência de destruição da idolatria, ou seja, das imagens de ídolos, dos
amuletos e de todos os objetos usados na prática do ocultismo ou
qualquer culto que seja.
Os relatos aqui apresentados me fazem pensar, de fato, nas
orientações de Deus a Josué para o momento em que viesse a dominar as
cidades de Canaã. O caráter dos cultos cananeus justificava inteiramente
as ordens do Senhor para destruição de seus seguidores. Não
encontramos base teológica com que se possa questionar a justiça de
Deus ao ordenar o extermínio de povos tão depravados, ou negar a
integridade de Israel, como povo de Deus, em executar tais ordens
divinas. Os cultos cananeus eram perigosamente contagiosos. A falha dos
israelitas em executar as ordens de Deus de maneira completa foi, na
verdade, dos mais graves erros que eles cometeram, na realidade um
sério pecado, que resultaria em injúria permanente para a nação judaica.
Três foram os grandes erros de Josué:
1. Fez um acordo com os gibeonitas: "Os descendentes de Judá não
conseguiram expulsar os jebuseus, que viviam em Jerusalém; até hoje os
jebuseus vivem ali com o povo de Judá" (Js 15.63).
2. Não destruiu todos os lugares que habitavam os cananitas,
permitindo assim que os jebuseus permanecessem residindo em
Jerusalém: "Contudo, Israel não incendiou nenhuma das cidades
construídas nas colinas, com exceção de Hazor, que Josué incendiou" (Js
11.13).
3. Não conseguiu desapossar os filisteus e controlar a região
marítima.
25
ITIOKA, Neuza, Os deuses da umbanda, p. 119.
Lembremo-nos de que o Senhor Jesus nos advertiu, por meio da
parábola do trigo e do joio, que o inimigo semearia representantes no
meio do seu povo (Mt 13.24- 30). A nossa incumbência não deve ser a de
apenas cortarmos o falso membro, mas adubarmos a terra de tal maneira
que os verdadeiros filhos possam sobressair no dia da colheita.
Contudo, por que Jesus não impede que isso ocorra? Creio que esta
deve ser a estratégia de que Deus se vale para nos manter alerta quanto
ao ataque constante do inimigo. Que Deus nos dê discernimento e
autoridade para vencer dia a dia esta tentativa de Satanás de infestar o
povo de Deus com seus representantes malévolos.
26
PICKERING, Gilberto, Guerra espiritual, p. 135.
constituem a armadura completa de que devemos nos revestir para esse
enfrentamento.
O cinto da verdade
Mesmo sendo uma parte interna, o cinto era de vital importância
para o soldado que se dirigia ao campo de batalha.
Servia para prender a túnica e a espada, e usá-lo garantiria a
desenvoltura no caminhar — todo e qualquer embaraço poderia custar-
lhe a vida. Paulo nos adverte de que nem sempre é o pecado o que
conspira contra a vida do servo de Deus, mas também o embaraço, muito
embora não sendo pecado: "Nenhum soldado se deixa envolver pelos
negócios da vida civil, já que deseja agradar aquele que o alistou.
Semelhantemente, nenhum atleta é coroado como vencedor, se não
competir de acordo com as regras" (2 Tm 2.4,5). Apertar o cinto, como
todo bom e cauteloso soldado fazia, seria então sinônimo de preparação
para o combate.
Jesus nos revela que o "sim, sim" é a exemplificação do uso da
verdade, haja o que houver! As mentiras de Satanás no momento da
possessão deverão ser refutadas pelas verdades da Bíblia. Em todo estado
de domínio, o inimigo fará declarações tais como: matarei esta pessoa
que está por mim aprisionada, em oposição ao ensinamento bíblico de
que "o SENHOR é quem dá a vida e a tira" (1 Sm). Ele dirá que você não
tem poder para expulsá-lo, em oposição à declaração bíblica de que estar
conectado a Jesus é estar conectado ao poder (Rm 8.37). Ele dirá que
ainda que você o expulse, não haverá como impedir que ele volte, em
oposição à declaração de que a libertação imputada por Jesus é final (Jo
8.36).
Contudo, por que o cinto do soldado de Cristo é a verdade? Porque
o Reino dos céus é justamente o oposto do reino das trevas. Se Jesus nos
afirma que o Diabo é mentiroso desde o início, logo a mentira é não só
uma prática, mas faz parte da própria natureza de Satanás; e, se é da
natureza dele, justifica-se a afirmação de que todo aquele que profere
mentiras se torna semelhante ao seu "pai", o Maligno.
As trevas são a morada do Diabo; logo, quando ele profere
mentiras, está edificando sua própria morada eterna. As trevas se opõem
à luz — e é por isso, exatamente, que há uma grande batalha acontecendo
cujo propósito é obscurecer a luz de Cristo, que resgata e salva o pecador.
Portanto, só podemos vencer as obras do Diabo pela verdade: "Pois
nada podemos contra a verdade, mas somente em favor da verdade" (2
Co 13.8).
A cada dia, o Diabo estabelece novas mentiras e consegue engodar
muitas pessoas; mas Jesus veio para desfazer as obras do Diabo, pela
verdade. Aleluia!
Ao chegar a este mundo, Jesus encontrou os homens submersos
nos mais variados conceitos sobre a verdade. Havia a verdade apregoada
por Pitágoras, Parmênides, Heráclito de Éfeso, Sócrates, Platão,
Aristóteles, etc.; mas, no bojo de sua mensagem, Jesus não apresenta
mais uma verdade, e, sim, se intitula como a Verdade Absoluta e,
conseqüentemente, o Caminho para a libertação das mentiras
apregoadas pelo Diabo. Por ser a Verdade Absoluta, Jesus afirma: "'E
conhecerão a verdade, e a verdade os libertará [...]. Portanto, se o Filho
os libertar, vocês de fato serão livres' " (Jo 8.32,36). Jesus não fala sobre
a libertação de conceitos, pois os conceitos são relativos e causam
polêmica, mas, sim, da libertação de um domínio, de uma opressão, de
um cativeiro.
A Bíblia diz que somos escravos daquele a quem nos submetemos:
"Jesus respondeu: 'Digo-lhes a verdade: todo aquele que vive pecando é
escravo do pecado...'" (Jo 8.34).
Satanás garante conceder ao homem aquilo que ele não pode dar.
Se partirmos do pressuposto de que uma pessoa só pode dar aquilo que a
ela pertence, Satanás não pode dar ao homem coisa alguma — "Do
SENHOR é a terra e tudo o que nela existe, o mundo e os que nele vivem"
(Sl 24.1) —, pois todas as coisas foram criadas por Deus Pai em e por
intermédio de Deus Filho, e para Ele foram criadas: "Pois nele foram
criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis,
sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas
foram criadas por ele e para ele" (Cl 1.16). O Diabo tem seduzido
continuamente as pessoas a pensarem que ele é capaz de conceder
alguma coisa a elas, mas tudo não passa de ilusão e mentira.
O cinto da verdade irá ajustar o nosso peito para receber a couraça
da justiça, que protegerá o nosso coração contra as saídas da vida.
A couraça da justiça
Os expositores bíblicos são quase unânimes em concordar que essa
couraça só protege o peito, não as costas, pois Deus não poderia conceber
um soldado covarde, que batesse em retirada, fazer parte de Seu exército.
Isso é afirmado por Paulo quando escreve a seu filho na fé Timóteo: "Pois
Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de
equilíbrio" (2 Tm 1.7).
Por que a couraça da justiça protege o peito? Pois nele é que se
encontra o coração do homem. A Bíblia fala que o coração do homem é a
sede de todos os males, e por isso cabe uma abordagem sobre o coração
para que entendamos essa afirmação de Paulo.
O termo que caracteriza o coração, no grego, é kardia,27 que
coincide com o modo de se entender a palavra no Antigo Testamento.
Poucas vezes, este termo caracteriza o coração como órgão físico, mas
serve, sim, como metáfora, para exemplificar a realidade do homem.
Quando o pecado atingiu o homem, qual foi o ponto central dessa ação?
Veja como o nosso Senhor, pessoalmente, insistiu nesse fato diante de
Seus ouvintes. Mas poucos acreditam nessa verdade hoje, quando
ouvimos mais falar, e muito falar, em nossa própria vontade: "Você não
tem de fazer nada, senão crer". Os que assim pregam querem ser mais
sábios do que o próprio Cristo, que, no entanto, disse: "Ninguém pode vir
a mim se o Pai, que me enviou, não o atrair". Dizem que a vontade do
homem é livre, sua escolha é livre; que você pode se arrepender a
qualquer momento que achar conveniente. Os que professam Cristo
segundo tal distorcida doutrina nada sabem sobre a incredulidade do seu
próprio coração. Na verdade, o pecado atinge, marca, domina e estraga
não somente os aspectos físicos e emocionais do homem natural, não
somente seu pensar, desejar, sentir e se empenhar, mas também, e
sobretudo, a própria fonte destes, a parte mais íntima da existência
humana, seu próprio coração. Por que o coração, espiritualmente
falando, é tão importante para a vida do homem e sua salvação? Vejamos
as principais razões:
• O pecado vem do coração: "Pois do interior do coração dos
homens vêm os maus pensamentos, as imoralidades sexuais, os roubos,
os homicídios, os adultérios" (Mc 7.21).
• Desejos vergonhosos habitam o coração do homem: "Por isso
Deus os entregou à impureza sexual, segundo os desejos pecaminosos do
seu coração, para a degradação do seu corpo entre si" (Rm 1.24).
• O coração, quase sempre, é desobediente, rebelde e impenitente:
"Contudo, por causa da sua teimosia e do seu coração obstinado, você
está acumulando ira contra si mesmo, para o dia da ira de Deus, quando
se revelará o seu justo julgamento" (Rm 2.5); mau e infiel: "Cuidado,
irmãos, para que nenhum de vocês tenha coração perverso e incrédulo,
que se afaste do Deus vivo" (Hb 3.12); embotado e endurecido: "Eles
estão obscurecidos no entendimento e separados da vida de Deus por
causa da ignorância em que estão, devido ao endurecimento do seu
coração" (Ef 4.18). Jesus, referindo-se aos seus oponentes, citou o profeta
27
Kardia, no conceito grego, é o centro da vida física e da constituição psicológica do homem. A palavra ocorre
com relativa raridade, no NT, no sentido de órgão físico, sede da vida natural (Lc 21.34; At 14.17); denota mais
freqüentemente a sede da vida intelectual e espiritual, a vida interior, em contraste com as aparências externas
(2 Co 5.12; 1 Ts 2.17). Os poderes do espírito, da razão e da vontade centralizam-se no coração, bem como as
moções da alma, os sentimentos, as paixões e os instintos. O coração representa o ego do homem, ou,
simplesmente, a própria pessoa (seu "ser interior", como em 1 Pedro 3.4).
Isaías: "'Este povo me honra com os lábios [...]. Em vão me adoram; seus
ensinamentos não passam de regras, mas o seu coração está longe de
mim' (Mc 7.6,7).
• De igual modo, Jesus repreendeu Seus discípulos pela sua falta
de fé e sua dureza de coração: "Mais tarde apareceu aos Onze enquanto
ele comia; censurou-lhes a incredulidade e a dureza de coração, porque
não acreditaram nos que o tinham visto depois de ressurreto" (Mc 16.14).
Somos informados em João 16.8 que "Quando ele [o Espírito da
Verdade] vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo.
"O coração é mais enganoso que qualquer outra coisa, e sua doença
é incurável. Quem é capaz de compreendê-lo?" A queixa de Jeremias
(17.9) exprime aquilo que também é o ponto de vista do Novo
Testamento. Ninguém pode entender seu próprio coração, muito menos
mudá-lo. O homem sem Deus vive sob o poder do pecado, que fez sua
habitação em seu coração e que, dessa posição favorável, escraviza o
homem inteiro. Daí, podemos entender por que existem tantos e tão
insistentes apelos nas Escrituras para que o homem entregue de vez o seu
coração ao seu Deus todo-poderoso.
Se o pecado domina o homem por meio do coração, é também por
meio deste que o homem poderá ser liberto dessa escravidão.
Observemos o que diz a Bíblia quanto à vitória sobre o pecado, no
tocante ao coração: "Ensina-nos a contar os nossos dias, para que o nosso
coração alcance sabedoria" (Sl 90.12). Mas esta sabedoria é fruto do
temor que devemos ter para com Deus: "O temor do SENHOR é o
princípio do conhecimento, mas os insensatos desprezam a sabedoria e a
disciplina" (Pv 1.7). Tiago dá-nos uma visão acurada da sabedoria que
provém da parte de Deus. Ela é inversa à adquirida no mundo natural:
Contudo, se vocês abrigam no coração inveja amarga e ambição egoísta,
não se gloriem disso, nem neguem a verdade. Este tipo de "sabedoria"
não vem dos céus, mas é terrena; não é espiritual, mas é demoníaca. Pois
onde há inveja e ambição egoísta, aí há confusão e toda espécie de males.
Mas a sabedoria que vem do alto é antes de tudo pura; depois, pacífica,
amável, compreensiva, cheia de misericórdia e de bons frutos, imparcial
e sincera (Tg 3.14-17).
Como obter tal sabedoria? "Se algum de vocês tem falta de
sabedoria, peça-a Deus, que a todos dá livremente, de boa vontade; e lhe
será concedida" (Tg 1.5). Mas a fé deve direcionar esse pedido: "Peça-a,
porém, com fé, sem duvidar, pois aquele que duvida é semelhante à onda
do mar, levada e agitada pelo vento" (1.6). Tal sabedoria deverá servir
somente, e tão-somente, para que Deus seja adorado, louvado e crido
entre os homens.
Daí, conclui-se que o ministério de libertação é um ministério de
transparência. Logo, a sua vida, leitor, deverá revelar os valores da justiça
de Jesus. Não permita que atos pecaminosos deponham contra a sua
nova vida em Cristo. Escolha um parceiro de prestação de contas, pois, à
medida que você prestar contas, se tornará mais propenso a vencer as
suas fortalezas que desmerecem o sacrifício de Jesus e a se habilitar para
o ministério de quebrar os grilhões dos cativos pelo inimigo.
Com o peito protegido, podemos dar passos seguros e
determinados em direção ao covil do inimigo. Mas o que pode nos dar
segurança nessa jornada rumo à casa do homem valente? Pés que
possam pisar firme, sem hesitação!
O escudo da fé
A todo momento, são desferidos milhares de dardos inflamados
contra o cristão. Somente com o escudo da fé, ele poderá impedir que sua
vida seja atingida. Vale ressaltar que o escudo, tal como o dos soldados
na Antiguidade, tem a medida certa, adequada ao guerreiro do exército
de Deus, para protegê-lo inteiramente dos dardos do inimigo.
Quando Paulo se refere ao escudo, ele não está se reportando ao
broquel, um pequeno escudo redondo, que era usado na luta corpo-a-
corpo, mas ao escudo retangular, que tinha a medida do soldado. Esse
escudo serviria para proteção e, como conseqüência, o retorno ao lar;
contudo, o escudo também serviria de maca fúnebre para transportar os
que fossem abatidos no campo sangrento. Você não deve temer o
inimigo, desde que estiver corretamente protegido pelo escudo da fé.
O escudo também servia para a proteção do companheiro de
batalha. Nas batalhas, havia o momento em que os arqueiros lançavam
flechas incendiárias, embebidas em betume, que eram capazes de
transformar o exército inimigo em um amontoado de corpos
carbonizados. Todas as flechas que forem desferidas por Satanás terão
como objetivo o aniquilamento do corpo ao qual pertencemos, a
Você é recrutado para impedir, utilizando o escudo, que o
aniquilamento da igreja ocorra. Aqueles que estão em um confronto
direto com os demônios não têm como orar por proteção da sua própria
vida, porquanto a sua oração se concentrará na libertação da vida
escravizada. Conseqüentemente, deverá existir um grupo que proteja
aquele que está em combate, e essa proteção só poderá ocorrer por meio
do escudo da fé de homens e mulheres de oração!
No caso da possessão, lembremos que o inimigo intentará contra a
vida da pessoa que esteja em um estado de domínio. A pessoa que se
encontra sob o controle de Satanás não pode reagir às tentativas de
autodestruição induzida, daí ela contar com a arma que somente o cristão
que está na batalha possui. Isso quer dizer que esse escudo deverá ser
utilizado para proteção da vida da pessoa por quem estivermos
declarando a libertação.
Não sei em que fileira você estará atuando, se na fileira dos que
pelejarão diretamente contra os demônios ou dos que darão proteção aos
guerreiros da frente de batalha. No entanto, em qualquer posição que
seja, você deverá lembrar que o nosso Deus é especializado em
impossibilidades: "Pois nada é impossível para Deus" (Lc 1.37). Não há
nada que Lhe seja demasiadamente difícil. "Existe alguma coisa
impossível para o SENHOR?..." (Gn 18.14). "Jesus respondeu: 'O que é
impossível para os homens é possível para Deus' "(Lc 18.275), e Deus
deseja de uma maneira ou de outra contar com a sua disponibilidade
Se o escudo da fé protege o corpo, como poderemos proteger a
nossa mente contra os ataques desse inimigo na hora do confronto? A
resposta é: usando o capacete da salvação!
O capacete da salvação
Das seis partes que compõem a armadura para a batalha — o cinto,
a couraça, as botas, o escudo, o capacete e a espada —, quero destacar o
capacete, pois é a mente que é dominada nesta luta.
Viver piamente para Cristo requer que você aceite a nova direção
que Ele deseja dar aos seus pensamentos. Ele irá orientar os seus
pensamentos para que estes O agradem, e não a você mesmo. O motivo
pelo qual Jesus nos conclama a dedicarmos todo o nosso pensamento a
Deus, que criou todas as coisas, é para que nos tornemos livres de
sentimentos nada bons, mas totalmente prejudiciais, tais como o ódio:
"Quem odeia seu irmão é assassino, e vocês sabem que nenhum assassino
tem a vida eterna em si mesmo" (1 Jo 3.15); o ressentimento e a
amargura: "Livrem- se de toda amargura, indignação e ira, gritaria e
calúnia, bem como de toda maldade. Sejam bondosos e compassivos uns
para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus os
perdoou em Cristo" (Ef 4.31,32); o egoísmo: "Nada façam por ambição
egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros
superiores a si mesmos. Cada um cuide não somente dos seus interesses,
mas também dos interesses dos outros" (Fp 2.3,4); a ira: "Melhor é o
homem paciente do que o guerreiro, mais vale controlar o seu espírito do
que conquistar uma cidade" (Pv 16.32); a ansiedade: "Não andem
ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com
ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus" (Fp 4.6); o medo: "No
amor não há medo; ao contrário, o perfeito amor expulsa o medo, porque
o medo supõe castigo. Aquele que tem medo não está aperfeiçoado no
amor" (1 Jo 4.18); a lascívia: "Mas eu lhes digo: Qualquer que olhar para
uma mulher para desejá-la, já cometeu adultério com ela no seu coração"
(Mt 5.28); a dúvida: "... pois aquele que duvida é semelhante à onda do
mar, levada e agitada pelo vento. Não pense tal pessoa que receberá coisa
alguma do Senhor, pois tem mente dividida e é instável em tudo o que
faz" (Tg 1.6-8); o engano: "O engano está no coração dos que maquinam
o mal, mas a alegria está entre os que promovem a paz" (Pv 12.20).
Aquilo que diferencia o homem dos animais, sua capacidade de
pensar, é também o que o coloca em relacionamento estreito com Deus.
Paulo nos convida a pensarmos de uma forma que em tudo agrademos a
Deus: "... se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas
coisas" (Fp 4.8).
A certeza da salvação deverá marcar a vida de todo aquele que se
aventurar nesse ministério de libertação, uma vez que Satanás tentará
lançar em seu rosto o que você foi e o que você fez. Conclui-se que o
ministério não é para aquele que hesita quanto ao que é e com quem está,
mas para todo aquele que sabe em quem tem crido e está bem certo de
que Ele, Jesus, é poderoso para guardar a sua vida até o dia final.
Espero que o leitor esteja disposto a viver assim. A renovação da
sua mente, conforme recomenda categoricamente Paulo em Romanos
12.1, é o processo pelo qual nossos pensamentos e vontade devem se
tornar mais e mais semelhantes aos de Cristo. A renovação de nossa
mente há de se revelar por meio de uma resposta cada vez mais fiel e
obediente à Palavra de Deus.
Podemos deduzir que a obra redentora em Cristo Jesus é a nossa
maior defesa quanto aos constantes ataques do inimigo. Ainda que o
inimigo coloque dúvida em seu coração, resista a essa insinuação, e ele
baterá em retirada, para a glória de Deus Pai!
Uma vez que a mente está centrada na certeza eterna da salvação, é
a Palavra quem confirma esta verdade na luta contra o mal. Qual deve ser
o lugar da Palavra de Deus na nossa vida de batalha espiritual? Vejamos
a seguir.
A espada do Espírito
Ela é a Palavra de Deus. Veja alguns aspectos de sua importância e
aplicabilidade na batalha espiritual. O cristão deve saber muito bem
manejá-la.
John Stott, no seu comentário sobre a carta aos Efésios, faz a
seguinte consideração acerca da espada: de todas as seis peças da
armadura ou arsenal alistadas, a espada é a única que pode claramente
ser usada tanto para defesa quanto para o ataque. Além disso, o tipo de
ataque em mira envolverá um encontro pessoal bem de perto, pois a
palavra empregada é machaira, a espada curta".28 Parece que Paulo está
deixando claro que o cristão jamais bate em retirada em meio ao ataque
do inimigo. Começamos a entender o porquê de a couraça proteger
somente o peito, e não as costas. O cristão que der as costas para o
inimigo por não saber manejar bem a Palavra da Verdade, sem dúvida,
sairá gravemente ferido dessa batalha espiritual.
Quando Satanás tentou Jesus, foi a Bíblia que ele usou para desviar
o Mestre do Seu sacrifício vicário. Lembro- me de que, em um confronto
com uma entidade que se manifestou na vida de uma senhora que mal
sabia ler e escrever, uma irmã afoita, que fazia parte do meu grupo de
libertação, decidiu abrir a Bíblia no salmo 91 e exigiu que aquele demônio
lesse o texto citado. Foi com surpresa que presenciei a leitura rápida e
desenvolta daquele demônio, muito embora aquela senhora fosse semi-
analfabeta. Satanás e seus demônios conhecem a Palavra não para aplicá-
la, mas para usá-la contra os filhos de Deus. A espada do Espírito deve
ser memorizada para que, no confronto corpo-a-corpo, possa servir como
instrumento de ataque contra os demônios.
Não existe nada que tanto incomode Satanás do que saber que a
Palavra de Deus teve o seu cumprimento na pessoa de Jesus Cristo, o
qual, com Sua morte salvífica e ressurreição, o derrotou, juntamente com
toda a sua horda. No confronto com o inimigo, é preciso fazer uso da
Palavra não para lembrá-lo da sua condição de derrotado, condição da
28
STOTT, John R. W. A mensagem de Efésios: a nova sociedade de Deus. 2. ed. Trad. Gordon Chown. São
Paulo: ABU, 1987, p. 217.
qual ele eternamente se lembra, mas para exaltar Jesus Cristo como a
razão da nossa vitória.
A Palavra previne o pecado. Para enfrentar o inimigo, é de vital
importância ter a vida no altar. E por vida no altar entendemos uma vida
de comprometimento com o Deus da Palavra. O soldado de Cristo que
negligenciar esta verdade corre perigo! Uma vida sem mácula é o mínimo
exigido para que o inimigo seja afugentado. Somente aqueles que amam
a Lei de Deus vão usá-la não como amuleto, mas como a verdade prática
para se entrar na batalha espiritual. "Como eu amo a tua Lei! Medito nela
o dia inteiro" (Sl 119.97). Existem muitas correntes da medicina, mas
quero destacar apenas dois ramos: a medicina preventiva e a curativa. A
Palavra de Deus tem o poder tanto de prevenir como de curar. Ela
previne o cristão contra as doenças contraídas pelo pecado, tais como: a
tristeza, a angústia, a ansiedade e a depressão. Se o coração estiver vazio,
sem a completude da Palavra, será o centro da atuação do pecado. O
desejo do Deus da Palavra é que, a cada manhã, você faça uso da vacina
que produz saúde e proteção ao espírito, à alma e, conseqüentemente,
também ao corpo físico — a Bíblia Sagrada. Vale ressaltar que não há
nenhuma contra-indicação ao uso da Palavra de Deus. Com esse uso
preventivo contínuo, estaremos isentos de ter de usar a Palavra como
emergência curativa.
Finalmente, Paulo, assevera o papel central da oração em tamanha
peleja espiritual, ao dizer: "Orem no Espírito em todas as ocasiões, com
toda oração e súplica" (Ef. 6.18).
Jesus está dizendo existir uma cidade que era considerada santa,
pois o Senhor Deus decidira ser Seu protetor e sustentador; e, nesse
mesmo momento, estava Jesus nos apresentando uma nova forma de
infestação. Qual seria essa forma de domínio do inimigo? A do
afastamento de Deus, e, como conseqüência, constantes ataques mortais,
ali, sobre os profetas. Jesus, ao entrar em Jerusalém, quis logo nos
mostrar que aqueles agentes de Satanás impeliam as pessoas contra os
profetas que pregavam a Palavra de Deus. Era essa era a estratégia de
infestação naquela cidade.
Já vimos no capítulo 1 como se dá essa infestação. Vejamos agora
algumas formas por meio das quais pode se manifestar:
Incentivo ao suicídio
O grupo de rock Pink Floyd faz apologia do suicídio como
alternativa para a "saída triunfal" desta vida. A letra de uma de suas
músicas mais tocadas diz o seguinte:
29
GAMA, José de Souza. A derrota do suicídio. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1987, p. 155.
• Por causa da falta de paz: de uma atitude de serenidade, calma,
força, tranqüilidade e quietude de espírito, produzida pelo Espírito
Santo, mesmo na adversidade e nas tribulações.
Há diferentes tipos de paz: a paz de um cemitério, a paz trazida por
tranqüilizantes. Mas, para o cristão, a paz não é simplesmente ausência
de conflito ou qualquer outro estado artificial que o mundo possa
oferecer; é a paz profunda e permanente que Jesus Cristo traz ao nosso
coração. Ele a descreve em João 14.27: essa paz pode vir somente pelo
Espírito Santo. Essa paz deriva da nossa perfeita confiança em Deus,
guarda o nosso coração da ansiedade (Fp 4.6,7), vem pela Palavra de
Deus (Sl 119.165) e devemos buscá-la (Sl 34.14).
A terapia psiquiátrica mais eficiente está em apropriar- se da
promessa de Jesus: "... e eu lhes darei descanso", ou paz (Mt 11.28). O rei
Davi é uma prova viva da terapia espiritual para a alma que o Espírito
Santo aplica, quando diz: "... me faz repousar" (Sl 23.2). Isto é descansar
em paz. Mas Davi continua: "Ele refrigera a minha alma". Isto é receber
novas forças, cheio de paz. Mesmo procurando paz sem parar, os homens
não a acharão enquanto não chegarem a esta simples conclusão: "Cristo é
a Paz"
Louvação a demônios
A televisão continua infestando muitas mentes sem que as pessoas,
e até muitos cristãos, se apercebam disso. Creio que quase todo o nosso
país esteve se valendo da expressão "Não é brinquedo", dita por uma
personagem, em uma novela de grande audiência. Mas você sabe a
origem dessa frase? A atriz que representou a personagem foi a um
terreiro de macumba, antes de começar a novela, e pediu a uma das
entidades que lhe garantisse sucesso; a entidade fez um pacto com ela:
"Se você proferir esta frase: "Não é brinquedo", eu estarei sendo louvado,
e você, na mesma proporção, estará fazendo sucesso. Assim, de norte a
sul, de leste a oeste, do Brasil, todos ou quase todos que acompanharam
aquela novela prestaram, sem o saber, culto freqüente àquela entidade,
ao repetirem constantemente tal frase.
Quantos brasileiros, crianças principalmente e seus pais, já se
renderam ante um grande sucesso de Xuxa, a conhecida música cujo
refrão diz: "Ilari, Ilariê, hô, hô, hô, é a turma da Xuxa que vai dando o
seu alô..." Você sabe quem é Ilariê? É uma das entidades do mundo
satânico. Assim, milhares e milhares de crianças brasileiras e seus pais,
que cantam isso até hoje com bastante freqüência, continuam prestando
culto a essa entidade.
E quantos bruxos são iniciados por meio do adolescente Harry
Potter? A edição especial da revista de sete anos da Sky apresenta uma
matéria sobre o novo filme do bruxo. A matéria se intitula "O bruxo está
de volta" e faz os seguintes comentários:
2. BERKHOF, Louis. Teologia sistemática. Trad. Odayr Olivetti. Campinas, SP: Luz Para o
Mundo, 1990, 791p.
3. BRANDÃO, Junito de Souza. Mitologia grega. V. 2. Petrópolis, RJ: Vozes, 1987, 407p.
4. BROWN, Rebeca. Ele veio para libertar os cativos.Trad. Margaret de Jesus Ramos. Belo
Horizonte: Dynamus, 2000, 235p.
5. CHAFER, Lewis Sperry. Teologia sistemática. V. 1. São Paulo: Imprensa Batista Regular,
1986, 498p.
6. CONNER, Walter Thomas. O evangelho da redenção. Trad. David Gomes e Jabes Torres.
2. ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1981, 285p.
7. I. CRABTREE, Asa Routh. Teologia do evangelho. 4. ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1986,3 1
Op.
8. DICIONÁRIO internacional de Teologia do Novo Testamento. 3. ed. Trad. Gordon Chown.
São Paulo: Edições Vida Nova, 1989.
9. GAMA, José de Souza. A derrota do suicídio. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1987, 176p.
10. HALE, Broadus David. Introdução ao estudo do Novo Testamento. Trad. Cláudio Vital de
Souza. Rio de Janeiro: JUERP, 1983, 453p.
11. HOEKEMA, Anthony A. A Bíblia e o futuro. Trad. Karl H. Kepler. São Paulo: Casa
Editora Presbiteriana, 1989, 461p.
13. K1RKEGAARD, Sdren. Desespero: a doença mortal. Trad. Ana Keil. Porto, Portugal:
Rés-Editora, 159p.
14. MACDONALD, William. O discípulo verdadeiro. 3. ed. Trad. Odayr Olivetti. São Paulo:
Mundo Cristão, 1990, 64p.
15. PACKER, J. I. Vocábulos de Deus. São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 195p.
17. PINK, A. W. Os atributos de Deus. Trad. Odayr Olivetti. São Paulo: PES, 1985, 96p.
18. SHEDD, Russel. O mundo, a carne e o Diabo. São Paulo: Edições Vida Nova, 26p.
19. Lei, graça e santifcação. São Paulo: Edições Vida Nova, 1990, 105p.
20. SHELTON, L. R. A decisão por Cristo: o que isto significa? São José dos Campos, SP:
Editora Fiel, 1990, 95p.
21. STOTT, John R. W. A cruz de Cristo. São Paulo: Vida, 1992, 360p.
22. _. A mensagem de Efésios: a nova sociedade de Deus. 2. ed. Trad. Gordon Chown. São
Paulo: ABU, 987, 226p.
23. TANNERY, Paul. Platão: Vida, obra, doutrina. 2. ed. Trad. Jorge Paleikat. Rio de
Janeiro: Editora Globo, 1954, 264p.