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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

FACULDADE DE DIREITO
Prática Forense Trabalhista

PEÇA: RECURSO DE REVISTA

2019/1

Aluna: Joyce de Souza Victorino

Matrícula nº 201410235511

PROFESSOR: Daniel Queiroz

JULHO. 2019
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ PRESIDENTE DO EGRÉGIO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA x REGIÃO.

Processo nº 0000-2017-001-10-00.0

INDUSTRIA DE BOARRACHA S/A, devidamente qualificada nos autos


da reclamação trabalhista em epígrafe, por seu advogado que esta subscreve,
na reclamação trabalhista proposta pelo recorrido, VANDERSON POLINÁRIO,
inconformada com o venerando acórdão de folhas xx, vem tempestiva e
respeitosamente à presença de Vossa Excelência, interpor

RECURSO DE REVISTA

com fulcro no artigo 896, alínea "c" da CLT, de acordo com as razões
em anexo, as quais requer que sejam recebidas e remetidas ao Egrégio
Tribunal Regional do Trabalho da ___ Região, seguindo em anexo os
comprovantes das custas e depósito recursal, devidamente recolhidos.

A matéria abordada nas razões está devidamente prequestionada,


conforme Súmula nº 297 do TST.

O presente recurso está em consonância com a transcendência descrita


no artigo 896-A da CLT.

O presente recurso está de acordo com a Instrução Normativa nº 23/03.

Nestes termos,

Pede deferimento.
Rio de Janeiro, 27 de julho de 2019

_______________________________________________________________
Nome do Advogado
OAB/RJ

RAZÕES DO RECURSO DE REVISTA

Recorrente: Industrias de Borracha S/A.

Recorrido: Vanderson Polinário

Origem: X Vara do Trabalho da X Região

Processo n.°: 0000-2017-001-10-00.0

Egrégio Tribunal Superior do Trabalho,

I – DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE

a. REGULARIDADE DE REPRESENTAÇÃO

A recorrente está devidamente representada nos autos, por seu procurador


regularmente construído por meio de procuração.

b. TEMPESTIVIDADE

Não houve interrupção do prazo recursal, conforme o artigo 538, CPC,


de forma que o presente recurso foi interposto dentro do prazo de 8 dias, a
contar da publicação do r. acórdão, o que comprova que o recurso é
plenamente tempestivo.

Além disto, merece ser conhecido em face do exposto pelo artigo 896 da
CLT, por contrariedade ao entendimento do TST.
Desta forma, o presente recurso preenche em plenitude todos os
requisitos exigidos para sua interposição, restando cumpridos os pressupostos
extrínsecos e intrínsecos, tais como tempestividade, adequação, regularidade
processual, legitimidade, capacidade, entre outros.

Tendo em vista o preenchimento de todos os pressupostos recursais


exigíveis, o presente Recurso de Revista deve ser conhecido para que seu
mérito seja apreciado por este Egrégio Tribunal.

II – DO PREQUESTIONAMENTO

O presente Recurso de Revista preenche o pressuposto recursal


específico do prequestionamento, nos termos do Art. 896, § 1.°-A, CLT, e da
súmula 297 do TST.

Com efeito, deve ser conhecido e ter seu regular processamento.

III – DA TRANSCEDÊNCIA

O presente Recurso de Revista preenche o pressuposto recursal


específico da transcendência, nos termos do Art. 896-A, CLT.

Com efeito, a matéria objeto deste recurso possui reflexos gerais de


natureza econômica, social e jurídica, devendo ser conhecido e ter seu regular
processamento.

IV – RESUMO DA DEMANDA

Em acórdão o Egrégio Tribunal do Trabalho da x Região entendeu pelo


provimento parcial do recurso a fim de condenar o recorrente ao pagamento do
valor médio das gratificações recebidas, com os reflexos nos termos e limites
do pedido.

Porém, com a devida vênia, o v. acórdão merece reforma. Vejamos:


V – RAZÕES RECURSAIS

A redação do artigo 468, caput e parágrafo primeiro, da CLT, que


dispõe sobre a matéria, inclusive antes da reforma é a seguinte:

Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é


lícita a alteração das respectivas condições por mútuo
consentimento, e ainda assim desde que não resultem,
direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob
pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.

§ 1º Não se considera alteração unilateral a


determinação do empregador para que o respectivo
empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente
ocupado, deixando o exercício de função de
confiança.

Acontece que após interpretações a respeito do tema, o TST consolidou a


sua jurisprudência, por intermédio da súmula 372, assim redigida:

I - Percebida a gratificação de função por dez ou mais


anos pelo empregado, se o empregador, sem justo
motivo, revertê-lo a seu cargo efetivo, não poderá
retirar-lhe a gratificação tendo em vista o princípio da
estabilidade financeira. (ex-OJ nº 45 da SBDI-1 -
inserida em 25.11.1996)

II - Mantido o empregado no exercício da função


comissionada, não pode o empregador reduzir o valor
da gratificação.

Portanto, segundo o disposto no item I da súmula citada, em relação


ao empregado que percebia gratificação pela função de confiança por 10
(dez) ou mais anos, se ocorresse a reversão ao cargo anterior, sem justo
motivo, deveria ser mantida a gratificação.

Ocorre que, no caso em tela, o recorrido não a atende exigência


mínima de 10 anos recebendo gratificação pela função de confiança. Diante
disto, seu pedido não deve prosperar.

Além disto, considerando que foi introduzido o § 2º, ao artigo 468.


Confira-se a sua redação:

§ 2º A alteração de que trata o § 1º deste artigo, com ou


sem justo motivo, não assegura ao empregado o direito
à manutenção do pagamento da gratificação
correspondente, que não será incorporada,
independentemente do tempo de exercício da respectiva
função.

A norma é bastante clara ao prever que na hipótese de reversão ao


cargo anterior a gratificação percebida deixará de ser devida,
independentemente do tempo de serviço e da motivação.

Se o empregado recebe gratificação pelo exercício do


cargo de confiança, não constitui redução de salário a
cessação do pagamento da gratificação, caso o
empregado deixe de exercer cargo de confiança, mesmo
que depois de muitos anos. O fato gerador do
pagamento da gratificação é o exercício do cargo de
confiança. Deixando a pessoa de exercer o cargo de
confiança, perde o direito à gratificação. Esta tem por
pressuposto remunerar o exercício do cargo de
confiança, sem se incorporar ao patrimônio jurídico do
trabalhador. O mesmo caso ocorre quando o empregado
trabalha à noite e passa para o período diurno,
perdendo direito ao adicional noturno (S. 265 do TST).
Há julgados no mesmo sentido do TRT da 2ª Região:

Terminado o exercício do cargo de confiança não há que


se falar em pagamento de gratificação de função, que
dependente do exercício da respectiva função. Trata-se
de salário que depende de condição: o exercício da
função. O parágrafo único do artigo 468 da CLT permite
a reversão ao cargo anterior. Assim, também é permitida
indiretamente a redução da gratificação. (3ª T., Proc.
20020441490, Ac. Nº: 20030083847, Rel. Sergio Pinto
Martins, DJ 18.3.2003).

GRATIFICAÇÃO - Supressão - Gratificação de função.


Exercício da função por muitos anos. Supressão.
Permite o parágrafo único do artigo 468 da CLT o
retorno do empregado ao cargo efetivo, anteriormente
ocupado, deixando o exercício de função de confiança.
No mesmo sentido o parágrafo 1º do artigo 499 e o
artigo 450 da CLT. Entretanto, nenhum desses
dispositivos determinam que o empregador deva pagar a
gratificação de função depois do retorno ao cargo de
origem. Ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer
algo a não ser em virtude de lei (art. 5º, II da
Constituição) e não existe lei determinando o pagamento
da referida gratificação depois do retorno ao cargo de
origem. Logo, não tinha a empresa obrigação de
continuar pagando a referida gratificação (TRT-SP, 3ª
T., 02990287455 - RO 20000249801, Rel. SÉRGIO
PINTO MARTINS, DOE 6/6/2000)
Não existe fundamento legal para a incorporação da gratificação. Não
se pode dizer que há violação ao inciso VI do artigo 7.º da Constituição em
razão da supressão de gratificação, pois esta é devida enquanto estiver
havendo o exercício da função em comissão. Deixando o empregado de
exercer a função, perde a gratificação.

Deste modo está evidenciado que o respeitável acórdão proferido está


em desacordo com a CLT, sendo necessária a reforma da decisão.

VI- DA CONCLUSÃO

Diante de todo exposto, espera-se que o recurso seja conhecido e


provido e, ao final o acórdão prolatado seja reformado, objetivando decisão no
sentido de reconhecer que a recorrente não deve gratificação ao recorrido
pelos fatos anteriormente expostos.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Rio de Janeiro, 27 de junho de 2019

_______________________________________________________________
Nome do Advogado
OAB/RJ

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