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BREVES COMENTÁRIOS SOBRE O SISTEMA PENAL CHILENO E O PAPEL DA

DEFENSORIA PÚBLICA NO PARADIGMA DEMOCRÁTICO

BRIEF COMMENTS ON THE CHILEAN PENAL SYSTEM AND THE ROLE OF


PUBLIC DEFENSE IN THE DEMOCRATIC PARADIGM
Leonardo Cardoso de Magalhães1

Abstract
This article will make brief comments on the new Chilean accusatory criminal system, as
well as the role of the Chilean Public Criminal Defender as an institution responsible for
defense and legal assistance. Most of the information and data were obtained during the
Exchange Program sponsored by the Mercosul Official Public Defender's Block. The
Chilean procedural reform, while putting an end to the inquisitorial process, emphasized
the tricotomy of the system, distinguishing the functions of judging, prosecuting and
defending. In this context, the Chilean Public Defender's Office is structured and provided
with legal and procedural instruments for the inalienable exercise of the right to defense
by the accused, as established in the Chilean Constitution. Criminal proceedings then take
place in oral trials, in which the participation of the defense and prosecution is cleared,
without any legal or practical impediments. The article also intends to address some
similarities and distinctive traits in relation to the Brazilian criminal process, still marked
by interdity and inquisitorial. The democratic process, as foreseen in the Brazilian and
Chilean Constitutions, precludes any obstacle to the participation and influence of the
parties in the formation of the judicial jurisdiction; assures him a broad right to probative
production and reinforce the inertia and impartiality of the judging authority. In fact,
highlighting the application of the democratic paradigm in the criminal law of the two
countries will be the objective of the present study.
Keywords: Penal Process. Democracy. Latin America. Public Defense. Accusatory
System.

Resumo
O presente artigo tecerá breves comentários sobre o novo sistema penal acusatório
chileno, bem como o papel da Defensoria Penal Pública chilena enquanto Instituição
responsável pela defesa e assistência jurídica integral. A maior parte das informações e
dados foram obtidos durante do Programa de Intercâmbio promovido pelo Bloco de
Defensorias Públicas Oficiais do Mercosul. A reforma processual chilena, ao tempo que
pôs fim a inquisitoriedade do processo, enfatizou a tricotomia do sistema, ao distinguir as
funções de julgar, acursar e defender. Nesse contexto, a Defensoria Penal Pública chilena
foi estruturada e munida de instrumentos legais e processuais para o exercício
irrenunciável do direito à defesa pelos acusados, como estabelece a Constituição Chilena.

1
Defensor Público Federal, participante do Programa de Intercâmbio das Defensorias Públicas do Mercosul em 2016; mestre em direitos humanos e
doutorando em Ciências Políticas e Jurídicas pela Universidade Pablo Olavide-Espanha.
O processo penal, então, se desenvolve em juízos orais, no quais a participação da defesa
e acusação é franqueada, sem quaisquer empecilhos de ordem prática ou jurídica. O
artigo, ainda, pretende abordar algumas semelhanças e traços distintivos com relação ao
processo penal brasileiro, ainda marcado por interditalidade e inquisitoriedade. O
processo democrático, como previsto nas Constituições brasileira e chilena, impede
qualquer obstáculo à participação e influência das partes na formação do provimento
jurisdicional; assegura o amplo direito à produção probatória e reforça a inércia e a
imparcialidade da autoridade julgadora. Com efeito, realçar a aplicação do paradigma
democrático no direito penal dos dois países será objetivo do presente estudo.
Palavras-chave: Processo Penal. Democracia. América Latina. Defensoria Pública.
Sistema Acusatório.

Sumário: 1. Introdução. 2. Da reforma do sistema penal chileno. 3. Os Tribunais de


Garantia e de Juízo Oral. 4. Os contornos institucionais das Defensorias Públicas chilena
e brasileira: o papel da defesa no sistema acusatório. 4.1 O processo no paradigma
democrático. 5. Sistema chileno x sistema brasileiro: similitudes e diferenças. 5.1. O
processo penal democrático: por uma visão garantista da assistência jurídica. 6.
Conclusão. 7. Referências bibliográficas.

1. INTRODUÇÃO

O Chile passou, recentemente, por uma ampla reforma de sua legislação penal,
expurgando-se de seu ordenamento traços inquisitoriais como os presentes, ainda, no
processual penal brasileiro. Estabeleceu-se um processo penal democrático por origem e
participativo por definição. O processo, no paradigma democrático, é direito fundamental
e espaço de discursividade para o resguardo de outros direitos fundamentais promove a
democracia participativa e condiciona o exercício da jurisdição a parâmetros fiscalizáveis
e previamente estatuídos em lei.
Nesse contexto, pretende-se estabelecer um panorama geral e comparativo do
funcionamento e das principais características do processo penal chileno, legitimamente
acusatório, e o modelo brasileiro. Igualmente, objetiva-se realçar a importância do direito
à defesa e à comparticipação do cidadão-acusado na geração e fiscalidade dos
provimentos. Pois, o processo é, na teoria do discurso democrático, uma instituição
constitucionalizada (em sentido diverso do postulado por Jaime Guasp), balizadora da
soberania popular e da cidadania; condicionante do exercício da jurisdição na solução dos
conflitos e validadora da tutela judicacional (LEAL, 2009, p. 38).
2. DA REFORMA DO SISTEMA PENAL CHILENO

Em dezembro de 2000, passou o ordenamento jurídico chileno por uma grande


transformação: abandonou o sistema penal inquisitivo e se abriu epistemologicamente ao
modelo acusatório. Inicialmente, o rito processual acusatório foi implementado nas
províncias de Araucania e Coquimbo, para, em 2005, ser aplicado nas demais regiões,
incluindo a capital.
O sistema processual penal chileno era marcado pela inquisitoriedade, na qual se
concentrava no magistrado as funções de investigar, acusar, processar, julgar, condenar
ou absolver. Não havia a divisão de tarefas essenciais ao devido processo legal
democrático, onde a ampla defesa, o contraditório e as garantias de imparcialidade
judicial são premissas básicas para seu funcionamento. Outra característica marcante é a
oralidade. O sistema anterior era escrito e contava com expedientes e alguns atos
processuais secretos. O contato com o acusado era, em maioria, formal.
Orlando Poblete Iturrate, um dos juristas responsáveis pela reforma processual
chilena, identifica na “ausencia de plazos en la instrucción, que la prolongaba
indefinidamente, el secreto del sumario, traducido en la reserva de las diligencias de
investigación y de las evidencias y el ocultamiento de los antecedentes de que el juez2”,
aliado a desinformação sobre os limites do direito de defesa, os principais obstáculos à
processualidade democrática. O princípio da inocência era letra morta, pois “inmerso en
serias restricciones a su defensa y afectado por medidas cautelares desproporcionadas,
el imputado pudiere ser considerado ni estimado inocente durante la sustanciación del
processo3.”
O magistrado que determinava a prisão preventiva, era também responsável pela
acusação e pelo julgamento. Não existia, até então, um agente de persecução criminal.
Com efeito, foi naquele período aprovada a nova legislação da magistratura e criado o
Ministério Público com a função primordial de dirigir as investigações, formalizar a
denúncia e acusar. Há uma clara separação de papéis no sistema penal, o que significou
uma ruptura paradigmática com o sistema inquisitorial, fomentado, inclusive, pela
ditadura Pinochet.
Igualmente, para assumir o papel de defender o acusado, é criada a Defensoria
Penal Pública, encarregada de promover a defesa em todos os âmbitos do processo penal.
Na estrutura do poder judiciário, o Juízo do Crime é dividido em Tribunal de
Garantia e o Tribunal Oral, compostos, o primeiro, por um magistrado e, o segundo, por
três.
O processo penal, então, assume uma feição democrática, baseada no respeito
impostergável do contraditório, ao fundamenta-se na tricotomia do sistema de justiça. É
possível qualificar o processo penal chileno como exemplo de devido processo

2
Chile. Ministério da Justiça. A 10 años de la reforma procesal penal: los desafíos del nuevo sistema.
Disponível em http://www.cwagweb.org/wp-content/uploads/2016/08/LIBRO-10-ANOS-DE-LA-
REFORMA-PROCESAL.pdf, acesso em 20.08.2017, p. 138.
3
Idem ibidem.
democrático. Como resultados desse novo sistema, se destacam: a) a introdução de
mecanismos de solução de conflitos que permitiram a racionalização do uso da estrutura
persecutória criminal; b) a defesa é altamente técnica, especializada e proporcionada pelo
Estado; c) a implementação de recursos de gestão que reduziram os custos com a máquina
judiciaria; d) o fortalecimento da tricotomia do sistema; da oralidade, da publicidade, da
transparência, do imediatismo, da concentração e da oportunidade; e) a incorporação de
mecanismos de seletividade penal que permitiram racionalizar a persecução penal e,
sobretudo, expurgar qualquer reminiscência ou traço inquisitorial do processo penal4.
Nesse contexto, convém esclarecer que esse modelo constitucional de processo,
de base uníssona e tipologia plúrima, a serviço da construção comparticipada do
provimento jurisdicional, via contraditório concreto e efetivo e direito impostergável à
ampla argumentação, em contraponto ao poder interdital do órgão público decisor foi
objetivo da reforma processual dos anos 2000 no Chile. A Constitucição chilena prevê
em seu art. 19 o direito irrenunciável à defesa e que o processo prévio a qualquer
provimento jurisdicional seja baseado em normas processuais anteriores que garantam
um julgamento justo e racional.
Com efeito, é essencial à legitimidade e constitucionalidade do procedimento
penal que seus provimentos, além de serem fruto de um “esforço reconstrutivo do caso
concreto pelas partes afetadas” (BARROS, 2009, p. 109), sejam conformados à estrutura
do processo como constitutivo de direitos fundamentais. Assim, buscar-se-á demonstrar
que a legislação infraconstitucional não tem aptidão para limitar os direitos fundamentais
ao contraditório e à ampla argumentação e impedir o direito de participar nos atos
processuais, tido como consequência imediata do direito à defesa (art. 5.º, LIV e LV, da
CRFB).

3. OS TRIBUNAIS DE GARANTIA E DE JUÍZO ORAL

O Tribunal de Garantia é responsável pela primeira audiência, nominada de


controle de detenção, com o indiciado, tão logo se opera o flagrante. É o juízo encarregado
de analisar as condições de existência do crime, aplicar as medidas preventivas iniciais e,
sobretudo, velar pelo devido processo legal durante a prisão. É uma audiência de custódia
ampliada, pois, são analisadas outras questões processuais além da prisão. Se o juiz
entende pela manutenção da prisão e não sendo hipótese de suspensão ou extinção do
processo, uma vez ouvidas as partes, é fixado o prazo para a duração da investigação, e
assegurado à defesa a produção de provas. Geralmente, tais investigações duram, no
máximo, 90 dias. É importante registrar que ao final da audiência, já é marcada data para
o Tribunal Oral, que faz as vezes de audiência de instrução e julgamento.
No Tribunal Oral, composto por 3 magistrados, distintos do Tribunal de Garantia,
o acusado presta seu depoimento, assim como as testemunhas e eventuais peritos. O
interessante, aqui, é que a Defensoria Pública possui uma dotação orçamentaria específica
4
Chile. Ministério da Justiça. A 10 años de la reforma procesal penal: los desafíos del nuevo sistema.
Disponível em http://www.cwagweb.org/wp-content/uploads/2016/08/LIBRO-10-ANOS-DE-LA-
REFORMA-PROCESAL.pdf, acesso em 20.08.2017, p. 120.
para custear a elaboração de perícias e outros exames técnicos necessários à comprovação
da inocência do assistido. A sentença é dada ao final da audiência, da qual saem as partes
devidamente notificadas.
O Centro de Justiça de Santiago, um grande complexo arquitetônico que reúne os
órgãos do Poder Judiciário, a Defensoria Pública e o Ministério Público, é um exemplo
materializado desta tricotomia processual penal chilena. Antes de iniciar as audiências, o
acusado aporta ao Centro e é conduzido para as cabines de oitiva dentro do prédio da
Defensoria Púbica, para a sua visita reservada com o Defensor Público. Ao final, é
conduzido por um emaranhado de túneis, para o setor reservado à espera do
julgamento/audiência, nas dependências do judiciário. O Defensor Público sai de seu
gabinete e, no mesmo prédio, atende seu assistido antes da audiência criminal. Tal
medida, sem dúvidas, potencializa e garante maior liberdade na entrevista com o assistido
preso, sobretudo porque é realizada nas dependências da Defensoria Pública sem a
supervisão do judiciário, como acontece na maior parte das vezes no Brasil, quando o
Defensor Público tem este contato minutos antes do início da audiência e na antessala do
magistrado.

4. OS CONTORNOS INSTITUCIONAIS DAS DEFENSORIAS PÚBLICAS


CHILENA E BRASILEIRA: O PAPEL DA DEFESA NO SISTEMA
ACUSATÓRIO

A Defensoria Penal Pública chilena, malgrado sua recente trajetória institucional,


desempenha papel essencial no sistema acusatório chileno. Isso porque a defesa criminal
é concentrada em profissionais do direito, aprovados em concurso público e que se
dedicam, diuturnamente, no desempenho de assistência judicial e na efetiva instrução
probatória, requerendo e custeando prova técnica, seja por seu corpo de servidores de
apoio ou pela contratação privada.
Tanto a Constituição do Chile como brasileira asseguram ao acusado, alvo da
persecução criminal, o direito ao devido processo legal e seus princípios institutivos do
contraditório, ampla defesa/argumentação, isonomia e direito à defesa técnica, e impõe
um sistema penal acusatório (art. 5.º, LIII, LIV; LV e §1º, da CRFB). Isso significa dizer
que a fala jurídica do acusado, por meio de seu Defensor, em qualquer fase do
procedimento penal é indispensável a sua regularidade constitucional. A posição central
ocupada pelo direito de defesa no âmbito do Processo Constitucional do Estado
Democrático de Direito positiva-se nas Cartas Fundamentais latino-americanas como
garantia fundamental em diversas oportunidades.
A toda evidência, a defesa, seja viabilizada pela Defensoria Pública, a quem a
Carta de 1988 outorgou a função de assistir juridicamente os necessitados, seja pela
advocacia, apresenta papel crucial nesse movimento pela democratização das normas
inerentes ao procedimento penal, sobretudo, diante de seu poder-dever de influência,
participação e fiscalização dos provimentos jurisdicionais. Nesse ponto, a Constituição
Chilena é certeira: nenhum acusado poderá renunciar5 a seu direito de defesa (art. 19)
Desta forma, o direito ao defensor deve ser encarado como consequência imediata
e indissociável do direito à ampla defesa técnica; contraditório e do devido processo
penal, afirma Nunes. Sem defesa, isto é, sem possibilidade de contradizer e resistir a um
provimento jurisdicional desfavorável, inviabilizada estará a ampla defesa do acusado e,
assim, desatendido o modelo constitucional de processo, que pressupõe, dentre outros, a
ampla argumentação.
A participação da defesa durante a fase instrutória, no caso chileno, concretiza o
direito da parte de fiscalizar o acerto e o erro desse ato estatal, dificultando, em
contrapartida, o poder interdital do magistrado na condução do procedimento, bem como
o estabelecimento de espaços antidemocráticos dentro do processo, isto é, imunes à
crítica. Como o magistrado não assume papel de direcionar a prova na falaciosa busca da
verdade real, cabe às partes, em contraditório instalado, provar suas pretensões.
Nessa medida, impõe-se uma releitura das normas processuais penais brasileiras
de modo a adequá-las ao paradigma do Estado Democrático de Direito, segundo o qual
cabe ao cidadão, enquanto parte legitimada ao processo, participar de todas as fases do
procedimento, de maneira a influir, formar, gerir e resistir aos atos processuais, em
igualdade de participação em relação à parte contrária.

4.1 O processo no paradigma democrático

O Processo Constitucional tem por finalidade assegurar a ampla efetividade dos


direitos fundamentais, sem condicionamentos ou restrições. O direito de defesa, então,
assume papel importante nesse processo de concretude e realização dos direitos
fundamentais, na medida em que viabiliza a participação do afetado em todas as esferas
de decidibilidade. Assim, qualquer interferência legal na conformação do referido direito
deve ser avaliada e adequada ao modelo constitucional de Processo, sem o qual
inevitavelmente estaria fadada à pecha da nulidade por incompatibilidade material com o
texto constitucional.
Apropriando-se da teoria do processo como procedimento em contraditório, o
Processo Constitucional centra no contraditório substancial e concreto as garantias
irredutíveis (arts. 5º, LV, e 62, § 4º, IV, da CRFB) da liberdade e da igualdade, pois provê
e mantém o equilíbrio de participação dos envolvidos (leia-se isonomia como combinação
entre os fatores isomênicos, isocríticos e isotópicos) em todas as fases do procedimento.
Cumpre relembrar a lição de DIAS (2010) sobre a garantia constitucional em apreço:

5
Constituição Política do Chile, 1980: art. 19, 3º “Toda persona imputada de delito tiene derecho Art.
ÚNICO Nº 1 b) irrenunciable a ser asistida por un abogado defensor D.O. 11.07.2011 proporcionado por
el Estado si no nombrare uno en la oportunidad establecida por la ley.”
O contraditório, princípio componente do devido processo legal, na
atualidade, não mais pode ser entendido na concepção restritiva de ciência
bilateral e contrariedade aos atos e termos do processo. Seu alcance técnico-
científico é bem maior, devendo-se compreendê-lo como garantia fundamental
das partes de participação e manifestação efetivas em todos os atos e fases do
procedimento, sem exceções de quaisquer espécies, possibilitando-lhes
influírem na geração de um pronunciamento decisório favorável aos seus
interesses. Somente assim, ter-se-á decisão gerada democraticamente pela
comparticipação dos sujeitos do processo (partes contraditoras e juiz), com
implementação técnica dos direitos e garantias constitucionais ostentados
pelas partes. (DIAS, 2010, p. 169-170).

Afigura-se, portanto, numa análise preliminar do tema, conflitante com o modelo


constitucional de Processo, em que o contraditório e a ampla defesa são postulados
basilares, admitir como constitucionalmente legítima a participação ativa do magistrado
na comprovação da pretensão acusatória.
A Defensoria Pública no Chile é instrumentalizada para uma atuação judiciária,
isto é, para o desempenho de funções processuais no âmbito do processo penal.
Diferentemente da Defensoria Pública brasileira que está vocacionada a solução
extrajudicial de conflitos e na prestação de uma assistência jurídica e não somente
judiciária, no Chile, é possível perceber alguns avanços na seara extrajudicial, que podem,
ao logo do tempo, ampliar o foco de atuação dos Defensores chilenos.
Uma iniciativa da Defensoria Pública digna de nota é o Projeto Inocentes que
pretende reunir os casos de absolvição e detectar eventuais falhas do sistema penal, tais
como: identificação errônea dos fatos; declaração falsa de testemunhas ou vítimas;
confissão inverídica; erro pericial ou ausência de prova de materialidade ou autoria; má
conduta dos agentes estatais ou deficiência na defesa.

5. SISTEMA CHILENO X SISTEMA BRASILEIRO: SIMILITUDES E


DIFERENÇAS

A primeira diferença entre os sistemas chileno e brasileiro reside no princípio


tempus regit actum, que, no primeiro, vigora, inclusive para as normas tipicamente
processuais. A Lei chilena, diferentemente da brasileira, impõe a aplicação do novo
regime processual apenas para os delitos cometidos após a sua entrada em vigor, isto é,
após 2000/2005.
O juiz em momento algum conduz a investigação, interfere no oferecimento da
denúncia ou julga indefeso o réu. Os papéis de julgar, defender e acusar estão muito bem
delineados e desempenhados por seus atores, não havendo que se falar em magistrado
determinando, sponte sua, a oitiva de testemunha não arrolada pelas partes; a repetição
de prova; a destituição de defensor porque entende que o réu está indefeso ou
manifestando sua discordância com o eventual não oferecimento de denúncia pelo
Ministério Público, como sucede com o fatídico art. 28 do Código de Processo Penal
brasileiro.
Uma das marcas mais importantes e essenciais ao sistema acusatório chileno é
impedir que o magistrado avance em funções processuais distintas da decidibilidade.
Expurgou-se qualquer resquício de inquisitoriedade que pudesse permitir ao magistrado
imiscuir-se em funções típicas da parcialidade, ou seja: acusar ou defender. Sobre o papel
da Defensoria Pública e do Ministério Público, comenta Orlando Poblete Iturrate:

De no menor trascendencia resulta la operación del Ministerio Público y de


la Defensoría Penal Pública. La existencia de un órgano perseguidor
profesional y autónomo, capaz de llevar adelante la persecución penal pública
con eficacia efectiva y perceptible, además con relevancia en la determinación
de la política criminal, ha sido un paso trascendental en la historia jurídica
nacional. El Ministerio Público no sólo ha resuelto los endémicos problemas
de la investigación del delito sino que ha generado en la sociedad confianza
en su capacidad para esclarecer los delitos y requerir la aplicación de las
sanciones. Al mismo tiempo, la Defensoría Penal Pública ha abierto paso a un
ministerio público de defensa que, con celo profesional, ha proporcionado
defensa jurídica, con estándares antes desconocidos, a quienes carecen de
abogado y ha dotado de dignidad a la defensa de los imputados, haciendo
realidad aquello de que “la tutela de los inocentes y la refutación de las
pruebas de culpabilidad constituyen funciones de interés no menos público que
la de castigo de los culpables y recolección de las pruebas de cargo6.

Em contrapartida, o Código de Processo Penal brasileiro tem suas bases fixadas


no sistema inquisitório e fascista, de inspiração germânica, no qual o decididor, aqui,
Estado-juiz, está umbilicalmente comprometido, de um lado, com a apuração e
comprovação dos fatos objeto da persecução penal, como se parte interessada no êxito da
pretensão punitiva fosse e, de outro, com um decidir sempre solitário e imune a qualquer
interferência discursiva externa. Para tanto, foram idealizados poderes amplos e irrestritos
de iniciativa de persecução, instrução (“dever” de alcançar a “verdade real”) e decisão,
concentrados nas mãos de um homem pré-destinado à descoberta de uma verdade
enxergada por poucos privilegiados, à feitura do bem e ao alcance da ilusória paz social,
o juiz (LEAL, 2002, p. 112).

5.1. O processo penal democrático: por uma visão garantista da assistência jurídica

A proposta de reformulação ou, até mesmo, de recodificação da teoria processual


penal fortaleceu-se com o advento da Constituição de 1988, que, ao imprimir contornos
democráticos ao exercício da função jurisdicional e definir nova estrutura ao sistema
acusatório brasileiro, qualificada de garantista (pois calcada no status libertatis, no
princípio da inocência e no devido processo legal), impôs, além de uma adequação
interpretativa das normas procedimentais ao texto constitucional, uma mudança de

6
Chile. Ministério da Justiça. A 10 años de la reforma procesal penal: los desafíos del nuevo sistema.
Disponível em http://www.cwagweb.org/wp-content/uploads/2016/08/LIBRO-10-ANOS-DE-LA-
REFORMA-PROCESAL.pdf, acesso em 20.08.2017, p. 157.
paradigma (do estado social e liberal para o democrático procedimentalizado), em que a
participação do cidadão deve ser precedente legitimante de qualquer decisão.
Nessa perspectiva, o estudo de sistemas penais latinoamericanos apresenta-se de
fundamental importância para a efetividade do devido processo legal e da amplitude do
direito de defesa no procedimento penal, eis que “há de se assegurar o processo, tal qual
esclareceu Fazzalari, em todo o cronograma de produção, atuação e aplicação da
legalidade” (LEAL, 2002, p. 112).
O modelo constitucional de Processo define-se a partir da combinação dos
princípios do contraditório, da ampla defesa, da isonomia, da fundamentação das
decisões, da participação do terceiro imparcial que formam uma base principiológica
uníssona (devido processo legal) de tipologia plúrima, segundo a qual o processo
funciona como instituto garantidor de direitos fundamentais e reitor inafastável da
legalidade e legitimidade dos atos estatais. É por meio do processo, que o cidadão
participa da tomada de decisão e fiscaliza a atuação dos órgãos estatais, que
desempenham funções fundamentais no Estado brasileiro, enfim, são criados,
exercitados, modificados e extintos direitos constitucionalizados.
O princípio do contraditório, em direito democrático, além da mera bilateralidade
da audiência e possibilidade jurídica de contradizer, pressupõe a efetiva participação na
formação da decisão por meio da influência e garantia de não-surpresa, ensina Barros
(2009, p. 18). A aceitabilidade racional da decisão, então, decorreria da verificação no
corpo do provimento das alegações das partes, que deverão ser fundamentadamente
acatadas ou repelidas pelo órgão público decisor.
A seu turno, a ampla defesa consiste, em linhas gerais, no direito da parte afetada
de suscitar, discutir, resistir, enfim, argumentar livremente, com o fito de participar, em
simétrica paridade em relação a parte ex adversa e ao julgador, da formação e revisitação
do provimento, em tempo processual oportunizado pela lei. Da mesma maneira, também
lhe é assegurado o direito ao amplo requerimento de prova e à assistência de Defensor
Público ou Advogado (BARROS, 2009, p. 21). No Chile, cabe rememorar que o Defensor
além de participar da instrução, tem a faculdade de apresentar prova técnica própria que,
mais tarde, é aderida ao processo.
Não se pode esquecer que a isonomia, no caso chileno, congrega a igualdade para
criticar, no sentido popperiano, a lei; a igualdade de interpretar a lei, já que as partes e o
julgador estão em posição homotópica; e a igualdade legal.
Nessa quadra, o direito à assistência jurídica, em ambos os sistemas, possibilita
uma inafastável e irrecusável “intervenção das partes e um diálogo destas com o juízo
todas as vezes que a decisão recorrida não tenha levado em consideração o seu contributo
crítico” (NUNES, 2006, p. 163). Então, caberia ao defensor, continua Dierle Nunes
(2006) fomentar e estruturar um “espaço procedimental discursivo”, no qual se
viabilizaria, além da intervenção efetiva e comparticipada dos interessados na lide e seus
provimentos, o “controle da falibilidade do sistema processual.” (NUNES, 2006, p. 60).
A fiscalidade irrestrita da constitucionalidade dos provimentos é decorrência da
participação discursivo-construtiva das partes envolvidas no conflito (agentes de
efetivação da cidadania (LEAL, 2002, p. 109-111)) e, amiúde, das bases democráticas do
Estado. Assim:

(...) não se pode conceber que o magistrado, que recebe do Estado, mesmo no
paradigma liberal, a ordem-dever de aplicar direitos, possa ter faculdades ou
poderes de ditar o direito ao seu alvedrio ou sentimento se, como ressaltado,
sequer o Estado tem, nos sistemas democráticos atuais, arbítrio ou
discricionariedade no cumprimento de sua função jurisdicional. Está também
a instituição do Estado, como pessoa de direito público interno e externo,
passível de controle pelo processo que, em última análise, é a expressa
afirmadora dos direitos fundamentais da cidadania processualmente criados
pela soberania popular para construção da Sociedade Democrática de
Direito, com ampla reafirmação nos ordenamentos supranacionais das
Comunidades (Tratados) (g.n., LEAL 2009, 39).

O juízo é oral tanto no Brasil como no Chile, mas é possível notar uma primazia
da oralidade sobre a forma, o que garante, no sistema chileno, uma maior celeridade na
prestação da tutela jurisdicional. Como o Ministério Público é autorizado a investigar e a
defesa a produzir prova durante a fase do Tribunal de Garantia, boa parte da discussão
processual é materializada na instrução probatória.
Outro ponto interessante do sistema penal chileno é a rigidez e a certa sacralidade
com o cumprimento de prazos e na efetiva isonomia entre as partes processuais. Com
efeito, o Estado (decisor e acusador) “não é mais o todo do ordenamento jurídico, mas
está no ordenamento jurídico em situação homotópica (isonômica) com as outras
instituições” (LEAL, 2009, p. 38) [Defensoria Pública e Advocacia] e, assim, no plano
processual, está submetido à demonstração de seus direitos como qualquer outra parte,
livre de privilégios ou preferências hegelianas. Em que pese a Lei fundamental brasileira
ter juridificado (co-institucionalizado) inúmeros atores/entidades, atribuindo-lhes igual
importância, mediante o estabelecimento de um plano poliárquico de atuação, ainda é
possível perceber uma cumplicidade entre o magistrado e o membro do Ministério
Público que compromete a imparcialidade do julgador e a isonomia que deveria reinar
entre as partes.
Por essas razões, também se impõe a supressão dos poderes de atuação irrestrita e
ex officio do julgador (v.g., a imunidade crítico-discursiva de parte das decisões
interlocutórias proferidas no curso do procedimento penal, o procedimento de recusa ao
não-oferecimento de denúncia previsto no art. 28 do CPP; o direito a ouvir testemunha
não arrolada pelas partes entre outras), decorrentes em boa parte do princípio autoritário
(NUNES, 2009, p.58-59), porque dissonantes do paradigma democrático, pelo qual a
distribuição, especificação e delimitação das funções fundamentais do Estado (legislar,
julgar, acusar e defender) são acometidas a instituições, previamente estabelecidas no
texto constitucional e cujos poderes decorrem do sistema de garantias fundamentais
definidoras do modelo constitucional de processo. E, assim, desautoriza o legislador a
impor restrições ao direito de defesa e à capacidade ampla de participar e influenciar os
provimentos jurisdicionais.
No caso chileno, essa divisão de papéis processuais garante maior celeridade em
todo o procedimento, sem comprometer ou prejudicar a ampla defesa do acusado. Em
média, entre a prisão em flagrante e a sentença condenatório em primeira instancia
decorrem cerca de 6 meses. O julgamento de eventual recurso no Tribunal de Apelação
dura outros 6 meses. Essa realidade, infelizmente, está distante do processo penal
brasileiro, cujos prazos são geralmente excedidos pela Polícia e, em alguns casos, pelas
próprias partes. Embora a legislação brasileira preveja recursos e outras medidas jurídicas
para contornar situações de ilegalidade, não é esta a causa do atraso na tramitação
processual, mas sim o descompromisso com a razoável duração do processo.
Não se olvida que a realidade brasileira é distinta tanto em aspectos demográficos
como socioeconômicos, se comparada à chilena, mas a falta de investimento público no
sistema de justiça, isto é, na estruturação física/material dos órgãos também dificulta a
conclusão dos processos.
É comum, no labor diário da Defensoria Pública, a interposição de habeas corpus
para discutir exatamente o excesso de prazo na conclusão das investigações a influenciar
na manutenção da prisão preventiva.

6. CONCLUSÃO

O Programa de Intercâmbio de Defensores Públicos, organizado e mantido pelas


Defensorias Públicas do Mercosul, permite o contato, a troca de experiências e a vivência
laboral nos diversos sistemas jurídicos da América do Sul.
O Chile, certamente, em matéria penal, se destaca por manter um sistema
acusatório de vanguarda, cujas funções processuais estão bem delineadas e divididas entre
judiciário, defesa e acusação; célere sem que isso repercuta negativamente na ampla
defesa, no contraditório e no devido processo penal; e que prioriza a oralidade e a efetiva
participação das partes em todo o processo investigativo. Nesse contexto, o judiciário não
se utiliza do direito penal para impingir uma ética inerente ao Estado Social e Liberal de
Direito e formatar o acusado a um modelo subjetivo [“normal”], pressuposto na mente
prodigiosa do julgador7.
A defesa deve funcionar como freio à atuação desmedida e arbitrária do decididor
descompromissado com os imperativos do Estado Democrático de Direito, já que, repise-
se, é inconciliável com a sociedade democrática, cuja pluralidade decorre de sua essência,
a definição de um modelo universal de conduta, em que inviável a coexistência de
diferenças pelo exercício consciente e livre dos direitos fundamentais. Retirar a
possibilidade da defesa de participar ativamente da colheita da prova ou de qualquer fase
do processo significa impor ao acusado uma realidade pressuposta na mente do julgador,

7
Com efeito, explica Rosemiro Pereira Leal (2009), urge o expurgo dos filosofemas, da razão prática, dos
parâmetros pessoais e não fiscalizáveis de oportunidade e conveniência, maus antecedentes, enfim, de
conceitos jurídicos indeterminados que compõem a realidade pressuposta do saber elitizado – poder
interdital, solipsista e privativo do decididor (complexo de magnaud) e servem de base para a jurisdição
pretoriana. A decisão, desta feita, não se escoraria na tradição da autoridade, mas sim na linguagem e pela
linguagem, como salienta André Cordeiro Leal (2008, p. 27).
o qual ao rejeitar as alegações e pedidos da defesa, como, v.g., de realização de certa
diligência tida como importante para a demonstração de inocência do réu, reduz o espaço
de influência assegurado pelos princípios da ampla argumentação e contraditório.
A propósito, Orlando Poblete Iturrate elenca as principais conquistas do sistema
acusatório chileno:
Más allá de las naturales complejidades y dificultades que genera la
aplicación de la ley, es lo cierto que la información específica y clara al
imputado de los hechos que se le imputan, su asistencia por un abogado desde
los actos iniciales de investigación, su relación directa con los fiscales, los
cuidados que la ley prevé cuando ha sido privado de libertad, su derecho a
prestar declaración en cualquier momento del procedimiento como un medio
de defensa, su derecho a proponer diligencias al fiscal, la posibilidad de
controlar judicialmente una investigación antes de su judicialización, la
garantía de la formalización de la investigación, el carácter excepcional de
las medidas cautelares y su provisionalidad, el carácter de última ratio de la
prisión preventiva, su sustituibilidad y su revisión de oficio, la cautela de
garantías, la posibilidad de requerir la apertura de la investigación y de
fiscalizar con ella la vigencia del principio de objetividad de actuación de los
fiscales, las garantías para la preparación del juicio, los principios del juicio
oral, su presencia ininterrumpida y la de los jueces y del ministerio público
durante el juicio oral, y el derecho del acusado a la última palabra, configuran
una realidad jurídica de respeto al imputado y al acusado, de reconocimiento
de su dignidad y en definitiva, de su condición de inocente. Las instituciones y
fórmulas procesales señaladas aseguran al imputado y al acusado un efectivo
trato de inocente. Convertido en sujeto de derechos, nuestro orden jurídico
trata al imputado de la misma manera que trata a un inocente y la coerción
procesal que debe desplegar en su contra es sólo aquella que
excepcionalmente autoriza la ley. No se le impone carga alguna de probar su
inocencia y ni la duda ni la probabilidad son suficientes para fundar su
condena. La dignidad de la persona enjuiciada resulta así reconocida, como
nunca antes en nuestro proceso penal, y el estado de inocencia efectivamente
logrado. Con el Código Procesal Penal nació en el proceso penal chileno la
presunción de inocencia.8

O sistema processual penal brasileiro tem, no exemplo do seu coirmão chileno, a


oportunidade de nele se espelhar sobretudo no aspecto da interditalidade do magistrado
na condução do processo em busca de uma falaciosa verdade real pressuposta em sua
mente. O magistrado não deve desempenhar funções estranhas ao julgamento, como lhe
assegura o atual Código de Processo Penal, ao recursar o arquivamento do caso pelo MP
(art. 28 do CPP); ao insistir em ouvir testemunha não arrolada pelas partes ou a determinar
a realização, de oficio, de prova. O processo penal brasileiro precisa urgentemente de uma
abertura ao devido processo legal democrático, que pressupõe a separação inconteste das
funções de julgar e acusar.
Mais especificamente, reafirmar o processo como instituto estruturante e essencial
à tomada de decisão, em que a “isonomia dos interlocutores em contraditório se exercite

8
Chile. Ministério da Justiça. A 10 años de la reforma procesal penal: los desafíos del nuevo sistema.
Disponível em http://www.cwagweb.org/wp-content/uploads/2016/08/LIBRO-10-ANOS-DE-LA-
REFORMA-PROCESAL.pdf, acesso em 20.08.2017, p. 158.
pelos aspectos isotópicos (igualdade perante a lei), isomênicos (igualdade de interpretar
a lei) e isocríticos (igualdade para destruir ou recriar a lei)”, como propõe Leal, (2002,
p. 109).
É de se assegurar um tempo processual e um meio de impugnação específico para
que a defesa possa exercer em amplitude a sua tarefa de reconstrução constante do caso
e efetiva participação na formação do provimento final, garantindo, assim, com
efetividade, direitos fundamentais do cidadão (“cidadania com participação consciente
nas esferas de decisão”,(CATTONI DE OLIVEIRA; MACHADO, 2009, p. 353)), cuja
importância já logra certo consenso entre os estudiosos cônscios da função do processo
na construção do Estado Democrático de Direito (LEAL, 2009, p. 96-98).
Talvez seja esta a maior lição que se deva aprender com o novo sistema acusatório
e democrático chileno.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Revista da Faculdade Mineira de Direito – v. 1, n. 1 (Jan. – jun. 1998).

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