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O juiz de 1ª instância e o Tribunal de Justiça concordaram com o pedido e concederam indenização aos
autores no valor de R$ 60 mil.
O jornal interpôs, então, recurso extraordinário.
Em suma:
Jornal divulgou a foto do cadáver de um indivíduo morto em tiroteio ocorrido em via pública.
Os familiares do morto ajuizaram ação de indenização por danos morais contra o jornal alegando que
houve violação aos direitos de imagem.
O STF julgou a ação improcedente argumentando que condenar o jornal seria uma forma de censura, o
que afronta a liberdade de informação jornalística.
STF. 2ª Turma. ARE 892127 AgR/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 23/10/2018 (Info 921).
AÇÃO RESCISÓRIA
Sentença proferida com base no entendimento vigente do STF e que, após o trânsito em julgado,
houve mudança de posição. Cabe rescisória?
Obs: o julgado envolvia um caso concreto ocorrido na vigência do CPC/1973. Não se sabe se o
entendimento seria o mesmo se o fato tivesse ocorrido na égide do CPC/2015. Isso por conta da nova
previsão de ação rescisória contida no § 15 do art. 525 do CPC/2015.
Ação rescisória
Diante dessa alteração na jurisprudência do STF, a União ajuizou ação rescisória pedindo a desconstituição
do acórdão transitado em julgado e que havia sido favorável a João.
A autora pretendia rescindir o julgado ao fundamento de que, algum tempo depois do trânsito em julgado,
o STF mudou seu posicionamento e passou a permitir que o TCU retire a URP da aposentadoria dos
servidores.
Desse modo, a União argumentou que o acórdão transitado em julgado violou literal disposição de lei e
deveria ser rescindido, com base no art. 485, V, do CPC/1973:
Art. 485. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:
(...)
V - violar literal disposição de lei;
Obs: quando esta ação rescisória foi proposta ainda estava em vigor o CPC/1973.
O STF julgou procedente essa ação rescisória? O acórdão favorável a João deverá ser desconstituído?
NÃO. O STF negou seguimento à ação rescisória e determinou a manutenção do acordão atacado.
Súmula 343-STF
O STF entendeu que o presente caso se amolda perfeitamente à situação descrita na Súmula 343:
Súmula 343-STF: Não cabe ação rescisória por ofensa a literal dispositivo de lei, quando a decisão
rescindenda se tiver baseado em texto legal de interpretação controvertida nos tribunais.
(...)
“Se a cada vez que houver uma alteração jurisprudencial for possível ajuizar novas rescisórias, a
todo momento em que houver uma mudança será necessário julgar todos os processos
novamente.”
Prospective overruling
Prospective overruling é uma técnica segundo a qual “os tribunais, ao mudarem suas regras
jurisprudenciais, podem, por razões de segurança jurídica (boa-fé e confiança legítima), aplicar a nova
orientação apenas para os casos futuros” (OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende de. Curso de Direito
Administrativo. 2ª ed., São Paulo: Método, 2014, p. 103).
O CPC/2015 trouxe previsão expressa da possibilidade da modulação dos efeitos da superação
(prospective overruling):
Art. 927 (...)
§ 3º Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal e dos
tribunais superiores ou daquela oriunda de julgamento de casos repetitivos, pode haver
modulação dos efeitos da alteração no interesse social e no da segurança jurídica.
Em suma:
Se a sentença foi proferida com base na jurisprudência do STF vigente à época e, posteriormente, esse
entendimento foi alterado, não se pode dizer que essa decisão impugnada tenha violado literal
disposição de lei.
Desse modo, não cabe ação rescisória em face de acórdão que, à época de sua prolação, estava em
conformidade com a jurisprudência predominante do STF.
STF. Plenário. RE 590809/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 22/10/2014 (Info 764).
STF. Plenário. AR 2422/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25/10/2018 (Info 921).
Como dito, o julgado envolvia um caso concreto ocorrido na vigência do CPC/1973. Diante disso, indaga-
se: o entendimento acima explicado permanece válido com o CPC/2015? A Súmula 343 do STF
permanece aplicável?
Há divergência. Isso por conta da nova previsão de ação rescisória contida no § 15 do art. 525 do CPC/2015:
Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento voluntário, inicia-se o prazo
de 15 (quinze) dias para que o executado, independentemente de penhora ou nova intimação,
apresente, nos próprios autos, sua impugnação.
§ 1º Na impugnação, o executado poderá alegar:
III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;
(...)
§ 12. Para efeito do disposto no inciso III do § 1º deste artigo, considera-se também inexigível a
obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado
inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei
ou do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição
Federal, em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso.
(...)
§ 15. Se a decisão referida no § 12 for proferida após o trânsito em julgado da decisão exequenda,
caberá ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo
Supremo Tribunal Federal.
O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação civil pública que vise anular ato
administrativo de aposentadoria que importe em lesão ao patrimônio público.
STF. Plenário. RE 409356/RO, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25/10/2018 (repercussão geral) (Info 921).
Previsão constitucional
O Ministério Público possui legitimidade para a tutela coletiva destinada à proteção do patrimônio público.
Essa legitimidade encontra amparo em diversos dispositivos da Constituição Federal, valendo destacar os
seguintes:
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e
individuais indisponíveis.