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TRANS-MISSÃO

Filipe Feijó

RESUMO

A missão do presente artigo é trazer esclarecimentos acerca das principais


terminologias de Marshall McLuhan, para só então pensar a idéia de meio ao longo da
história e ir além, no intuito de compreender como se articulam as práticas
comunicacionais hodiernamente. Para elucidar as questões relativas aos modos atuais
de comunicação, apresentamos o texto “G.A.M.E.S 2.0 – Gêneros e Gramáticas de
Arranjos e Ambientes Midiáticos Mediadores de Experiências de Entretenimento,
Sociabilidades e Sensorialidades”, de Vinícius Pereira.

1
Introdução

Antes de iniciarmos essa investigação é preciso tentar esclarecer algumas idéias-

chave na obra de Marshall McLuhan, posto que, uma vez iniciadas suas dinâmicas de

pensamento, fica difícil fluir e explicar o que está sendo apresentado ao mesmo tempo.

Algo imprescindível para compreender a maneira como o autor apresenta suas

idéias é colocar menos ênfase nos significados das mensagens do que nos processos

pelos quais as mensagens são transmitidas. Um bom exemplo da importância referente

à maneira como são passadas as mensagens em determinados ambientes é o das

tradições orais e poéticas gregas, ressaltado por Erick Havelock em Prefácio para

Platão. Poesia, para o grego antigo, é algo bastante diferente da nossa concepção. O

que havia ali era um processo didático e coletivo, e não individual e exclusivamente

artístico, e a principal questão consistia em transmitir informações para os discípulos

das novas gerações da melhor maneira possível. Para que os tutores pudessem incutir,

de uma vez por todas, essas informações nas cabeças dos aprendizes, diversos recursos

mnemônicos como a melodia, o ritmo, a rima, repetições, aliterações e gestos foram

utilizados nas récitas. Com o tempo, os alunos não precisavam mais “pensar” para

acessá-las, pois as mesmas já estavam definitivamente gravadas em suas mentes. Os

efeitos subjetivos desse modo de ensino estão ligados à forma, e não ao conteúdo do

poema.

Isso não significa, contudo, que McLuhan desprezava o conteúdo dos meios, tal

como já apontaram alguns críticos. A questão presente aqui é compreender o que, para

ele, é o conteúdo de um meio.

Geralmente, o conteúdo de um meio é encarado como a mensagem, como o

significado que este meio está portando. Porém, fica evidente que, se uma mesma

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mensagem é transmitida por diferentes sistemas ou meios, não há garantia nenhuma de

que venham a ter os mesmos significados. Um caso ilustrativo disso é a música happy

birthday to you cantada por Marilyn Monroe em trajes sensuais, no aniversário do

presidente John Kennedy e a mesma canção executada pelos membros da extensa

família de uma senhora que completa 100 anos. Dois sentidos diferentes são agregados

a essa mesma mensagem e isso, portanto, é o significado. Assim, não estando

necessariamente amarrado a esta ou aquela mensagem, o significado dependerá daquele

ou daquilo que está processando a mensagem. E se analisarmos com mais afinco esse

ponto, perceberemos que a tal dependência é tão definidora que a mensagem nem existe

enquanto conteúdo prévio de um meio. Logo, não pode ser conteúdo de um meio. A

mensagem só se dá atravessada por um sistema (aquele- usuário; ou aquilo – outro

meio), e este sistema, então, será, do meio, seu conteúdo.

Entretanto a questão da “forma” ainda está pendente, já que no exemplo

anterior, os efeitos subjetivos do modo de ensino grego (oral) estão ligados à forma, e

não ao conteúdo do poema. Que forma é essa? A noção de que o meio pode ser tomado

como uma extensão tecnológica nos dará pistas.

No fim da vida, em reprimenda ao artigo The meaning of the message que

supostamente haveria deturpado os sentidos da palavra meio, McLuhan além de

destacar os serviços e desserviços criados, em termos ambientais, por determinados

meios, algo que indicaria a idéia de meio como extensão tecnológica, também enfatiza

o caráter sintático e a peculiar gramática desse “texto” que é o ambiente. Vejamos que,

possuindo uma gramática, esse texto apresenta uma linguagem que o ordena, o organiza

e é, portanto, sua forma.

Uma nova tecnologia, uma nova extensão, um novo meio, implicam uma nova

gramática. Essa nova gramática possibilita mensagens que são, na verdade, o produto

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dessa própria organização. Portanto a mensagem (happy birthday to you) é produto de

uma gramática (alfabeto fonético) que possuirá distintos significados em distintos

meios (cantada por Marilyn Monroe, cantada pelos membros da família). Posto isso,

torna-se claro que as significações, muito variáveis, não amarram as mensagens, mas os

meios (através das gramáticas). “O meio é a mensagem”.

Resta saber, por conta de qual processo podemos tomar o meio como extensão

tecnológica, ou melhor, como o ser humano transforma o seu meio e a si mesmo através

de extensões tecnológicas.

Em princípio e, antes de agir, o ser humano percebe as coisas no mundo. Mas

essa noção aparentemente simples possui extensas implicações filosóficas que, ao longo

do tempo, foram modificando-se na tentativa de abarcar todos os seus desdobramentos,

todos os possíveis ângulos de abordagem. “Desde Kant, ao menos, é sabido que

perceber coisas no mundo não significa que as coisas percebidas são o mundo, a coisa

em si, Das Ding. A percepção marcada por determinações apriorísticas, tal como

salientado pelo filósofo alemão, só pode ter acesso ao fenômeno e nunca ao noumenon”

(PEREIRA, 2004, pg. 8) Eis, então, a marca do humano para Kant; nunca perceber as

coisas em si mesmas e, portanto, ter acesso as coisas tão somente pelos sentidos.

O sistema humano, então, com um aparato sensorial específico, observa o seu

entorno de modo bem diverso ao dos animais em geral. O que seria comum a todos os

animais, num primeiro momento, é estar preso ao limite cognitivo estabelecido em seu

padrão etogramático1. A peculiaridade do ser humano, porém, é a capacidade para

superar seus padrões perceptivos originais através da contínua produção de tecnologia.

Produzindo novas tecnologias, os humanos transformam o meio em que habitam e o

1
Etogramático advém de etograma, que é o inventário ou lista de comportamentos usado pela etologia
(disciplina que estuda o comportamento animal) para descrever tendências ambientais em determinadas
espécies.

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meio, por sua vez os transforma, num processo contínuo de afetação mútua. Novas

gramáticas, então, produzem novas mensagens que conquistarão consenso no momento

em que os novos padrões cognitivos e perceptuais, através de condicionamento,

estiverem aptos. A partir daí, o usuário/sistema que a atualiza, revela essa mesma

gramática. No entanto, se uma gramática não é utilizada, ela morre (línguas mortas). O

que a dará vida é o uso e, para tal é preciso aprendê-la, introjetá-la, negociar, submeter-

se a ela. Por isso mesmo é que o conteúdo de uma gramática, de um meio, é o usuário

deste meio.

Espaço ou meio acústico/ áudiotátil

“O ouvido não favorece um ‘ponto de vista’ particular” (McLuhan, 1969, pg

111). Essa afirmação, proferida em O meio é a mensagem, talvez soe, para além do

efeito cômico produzido pela aparente redundância, um tanto enigmática. Não obstante,

ao perscrutarmos seus desdobramentos um pouco mais incisivamente, notamos que a

sentença não é apenas precisa e expressiva, mas constitui uma notável síntese, um

esplêndido insight acerca da noção de espaço acústico.

Nas explicações subseqüentes, faz-se clara a característica envolvente do som,

da música, que não preenche um particular segmento do ar, mas nos atinge de todos os

lugares, por cima, por baixo, pelos lados, de tal maneira que não precisamos nem

focalizar, como fazemos com a visão. “Orelha não tem pálpera”, enfatiza o ditado.

Para McLuhan, o espaço acústico é absolutamente contrastante com o chamado

espaço visual. Ele é esférico, na medida em que se dá no entorno, descontínuo, posto

que o todo da visualidade é um grande contínuo e, se fecharmos os olhos perceberemos

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o “vão”, o “ar” que está entre as coisas, não homogêneo por ser ressonante e sujeito à

ondulações, variações e, evidentemente, dinâmicas.

É fundamental frisar que, nessa noção de espaço, nenhum dos cinco sentidos

está excluído. O que se destaca é apenas o privilégio de alguns sentidos sobre outros

(daí a terminologia áudiotátil), a partir de modalidades comunicacionais praticadas em

determinada cultura. Algo elementar, por exemplo, que observamos nas culturas orais é

o caráter pessoal da palavra falada. A palavra escrita gera um evidente distanciamento

espaço-temporal na relação entre o emissor e o receptor da mensagem.

Em A galáxia de Gutemberg é abordada a aceitação do papel passivo de

consumidor de qualquer público alfabetizado diante de um filme ou de um livro. Uma

platéia africana, por outro lado, não aprendeu a seguir esses desdobramentos narrativos

de maneira individual e introspectiva. Além disso, o envolvimento de cada povo com

sua própria cultura é tamanho que a experiência contida na história, no enredo, não é

generalizável. Podemos perfeitamente (desde que com legendas, para quem não

entende a língua) acompanhar um filme francês ou alemão, bem como não há problema

para um italiano assistir a um filme argentino. Um nativo de Gana, entretanto, mesmo

quando treinado, não acompanha adequadamente uma história passada na Nigéria. Está

por demais imerso em sua própria cultura e essa cultura, é preciso destacar, possui

aspecto material. É a materialidade do mundo que cerca uma tribo que molda seus

pensamentos, emoções, rituais, práticas sociais. A matéria, aqui, não apenas carrega,

mas conforma as mensagens2, e é justamente o envolvimento natural, empático, do

homem audiotátil na sociedade oral que se quebra com a introdução do alfabeto

fonético.

2
Nicole Boivin em Material Cultures, Material Minds ressalta como os estudos que valorizam os
aspectos simbólicos e não os materiais em culturas orais, podem ser relapsos em relação às verdadeiras
marcas distintivas dessas culturas.

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Espaço ou meio visual

No Fedro, Platão apresenta uma fala de Sócrates que diz respeito ao mito

introdução da escrita na cultura egípcia. Nele, o rei Thamos adverte o Deus Theuth por

seu invento e por este crer que a escrita é um elixir (phármakon) para a memória

(mnémes) :

“isso (a escrita) vai produzir esquecimento na mente daqueles que a aprendem:


eles não vão exercitar a memória por causa da sua confiança na escrita, que é algo
exterior (éksothen), provinda de caracteres alheios, e não vão eles mesmos praticar
a lembrança interior (éndothen), por si mesmos. Tu inventaste um elixir da
lembrança (hypomnéseos), e não da memória (mnémes), e tu ofereces aos teus
discípulos uma aparência de sabedoria, não verdadeira sabedoria, pois se tornarão
muito informados (polyékooi [...] gignómenoi), sem instrução, (áneu didakhês) e
terão, assim, a aparência de que sabem de várias coisas (polygnómenes) quando na
verdade são, na maior parte, ignorantes e difíceis de conviver, já que não são
sábios, mas apenas aparentam ser”

Não é apenas trocadilho dizer que Sócrates faz das palavras de Thamos as suas

palavras. Essa admoestação alerta exatamente para o efeito da introdução do alfabeto

com a escrita, o que para o grego pré-letrado equivaleria à separação entre si próprio e

seu conhecimento. Em relação ao conhecimento adquirido pela arte recitatória, em que

intenso envolvimento corporal numa espécie de dança com musicalidade, ritmo, gestos,

quase como num estado hipnótico, Platão é terminantemente contra.

Imprecisão, transe, êxtase, arrebatamento, Platão criticou item por item dos

processos mnemônicos da tradição oral, ao longo de sua obra. Ele surge como indicador

dessa nova era cuja marca é a individualidade. Assimilando, interiorizando a escrita

pela tecnologia do alfabeto fonético e, a princípio, independentemente do suporte

(cinzel e argila, papiro, pergaminho), o homem avança para o mundo neutro da visão,

em detrimento do mundo mágico da audição. Não que o uso dos outros sentidos tenha

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desaparecido do cotidiano, mas a simultaneidade contínua dos sentidos é dissipada pela

emergência do código visual. As palavras enquanto elementos ressonantes, vivos,

ativos, perdem força, dando lugar ao sentido, ao significado. A escrita fonética acaba

por separar o pensamento da ação. Se pensarmos uma imagem que ilustra

adequadamente a experiência do meio visual, temos a da perspectiva aplicada à pintura

renascentista. O observador não se envolve com a obra. Ao olhar a piazza, está

sistematicamente separado nesse recorte, e vivencia um espaço além de, evidentemente

estático, também uniforme, contínuo, conectado e homogêneo.

O livro da vida. O livro contém a vida. Se o sábio morre, seu conhecimento não

morre com ele. É transmitido nas páginas pelas mãos do escriba, por cópias e mais

cópias e mais cópias, tal como o DNA é passado ao filho, ao neto e ao bisneto através

das gerações. Livros são mestres que nos instruem sem arrogância ou mau humor,

nunca estão dormindo se deles precisamos, não se afastam se os inquirimos ou riem de

nós se somos ignorantes. Mas o livro como essa “máquina” de ensinar, aparece tão

somente na era tipográfica. Inicialmente, seu papel estava mais próximo ao de uma rude

ferramenta de estudo. Quando o alfabeto é aplicado à complexidade da palavra falada,

consegue traduzi-la de modo uniforme num código visual que pode ser transportado e

propagado. A prensa irá intensificar esse processo. É o ápice da cultura alfabética que,

num primeiro momento, destribaliza e descoletiviza o homem e, enquanto uma

tecnologia do individualismo, retira as implicações corporais e a coletividade

envolvidos na leitura em voz alta3, para mergulhar-nos na solidão e na introspecção.

Lenta e difícil, a leitura dos manuscritos contrasta com a do texto impresso, fácil e

rápida. Tal como a pintura de cavalete quebra o caráter institucional da pintura, a

tipografia relativiza o monopólio das bibliotecas, e foi graças à simplicidade do alfabeto


3
Modo de leitura típico do período medieval. Nesse momento, o modo de publicação dos livros consistia
numa conversação, pois escritor e auditório se achavam espacialmente ligados durante a récita.

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que se popularizou, pois agora já não era, quase que exclusivamente, uma ferramenta

das classes privilegiadas. A revolução de Guttemberg reside no fato de que o uso de

textos uniformes a partir de uma linha de montagem com tipos móveis torna

tremendamente mais simples a multiplicação dos mesmos, e o sistema alfabético

propicia a tradução de outros textos para diversas culturas, desde que também possuam

o sistema alfabético. Essa tecnologia comunicacional viabiliza a efetiva introdução da

linguagem vernacular4, característica da formação dos Estados modernos, bem como o

próprio nacionalismo. Na verdade, essa mecanização do trabalho do escriba foi,

possivelmente, a primeira redução, em termos mecânicos, de um trabalho manual.

Redução essa que propiciou, também pela primeira vez na história, a produção em

massa de artigos, no caso, livros. Paulatinamente, então, começa a surgir uma cultura de

massa como a do cinema, com seus quadros que se movem seqüencialmente. Mas, se o

cinema e a fotografia já refletem uma realidade social bem distinta da cultura do

medievo, não podemos esquecer que ambas ainda fazem parte da secular disposição

mecânica que opera no ocidente desde a aparição da prensa. Como, então, poderíamos

pensar as configurações e maneiras de operar dos meios atuais? Como abordar os meios

na sua dimensão eletrônica/digital?

Arranjos midiáticos

De maneira geral em sua obra, Marshall MacLuhan nos apresenta a era

eletrônica como um momento de interdependência, participação e heterogeneidade,

através da velocidade de transmissão das mensagens, bem diferente do individualismo

4
Própria de um país. Com a gradual formação dos Estados modernos o latim, língua geral da Europa no
período medieval, vai dando espaço para as línguas próprias de cada país.

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homogêneo e introspectivo da cultura visual. Essas qualidades, segundo o pensador,

conferem ao “novo” momento aspectos similares às do espaço acústico, o que nos

permitiria caracterizar o recente período de simultaneidade e tribalidade como aldeia

global. Sua intuição a respeito dessa aldeia eletrônica, de proporções planetárias é, no

mínimo assombrosa, haja vista que sua época tem como referencial para tecnologias de

comunicação a TV e computadores que, a bem dizer, não são como os de hoje. Por mais

visionárias que sejam essas idéias, urge pensar como se articulam, numa perspectiva da

materialidade, as relações entre os meios e os corpos na era da portabilidade, da internet

banda larga, e dos games, até porque, seguindo o rastro do que o mestre MsLuhan

ensinou, cada vez que uma nova tecnologia é introduzida, os meios em que estamos

inseridos e nossa vida sensorial são reprogramados.

No artigo “G.A.M.E.S 2.0 – Gêneros e Gramáticas de Arranjos e Ambientes

Miiáticos Mediadores de Experiências de Entretenimento, Sociabilidades e

Sensorialidades”, Vinícius Pereira aponta um exercício investigativo que visa

compreender a realidade contemporânea, embalado pela perspectiva de que existem

realidades históricas (e não a priori) nas quais conjuntos tecnológicos, mais

especificamente os midiáticos, incidem na maneira de perceber e representar coisas,

idéias e experiências.

Para além de um determinismo tecnológico, em que unicamente os meios de

comunicação estruturariam aquilo que se entende por realidade, o que se está buscando

pensar é a emergência de arranjos e ambientes midiáticos;

“O que se conjectura aqui é a idéia de que os meios de comunicação possuem


lógicas que estruturam suas gramáticas e suas linguagens e que, na
contemporaneidade, articulados a outros meios de comunicação e espaços
previamente existentes, são capazes de propor novos arranjos e ambientes
midiáticos, promovendo novas experiências sensoriais, gerando, enfim, novas
realidades.

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Começamos a notar aqui uma nova abordagem para a idéia de meio.

Atualmente, o que se revela é um conjunto de operações de comunicação em

detrimento do meio “singular”, “puro”. Na verdade, os novos modos de comunicação

envolvem ambientes (exessivamente tecnológicos) que são gerados pelos arranjos

midiáticos. Exemplos de arranjos midiáticos são colhidos nas novas maneiras em que

diferentes mídias se associam para efetivar práticas de comunicação (acessar a Internet

com um celular ou um tablet para atualizar um blog). Dois tipos de espaço constituem

os ambientes midiáticos; um é híbrido, físico e tecno-digital, e típico de espaços de

entretenimento como lojas ou parques temáticos. O outro é encontrado em ambientes

virtuais como os metaversos (como o Second Life, cujo acesso on line é permitido pelo

uso de um avatar) ou espaços virtuais 3D como os games MMORPGS (Massive

Multiplayer Online Role Playing Game). Sejam individualmente ou de maneira

compartilhada, essas práticas promovem novas “sensorialidades”5

Em relação à sigla G.A.M.E.S 2.0, além da referência à dimensão cibercultural

2.0, também se buscou a homofonia com a palavra games. A questão dos games é

retratada no artigo à partir da chamada guerra de consoles entre a Sony, Com o

Playstation III e a Nintendo com o Wii. A curiosidade, nesse caso, ficaria por conta do

Wii, que, escapando da lógica hiperrealista de nossa época (presente em Hollywood e

no próprio Playstation III), optou por apontar menos na alta resolução os gráficos e

mais na qualidade proprioceptiva (percepção do corpo em relação ao seu interior e

exterior) dos jogos.

BIBLIOGRAFIA

5
Na concepção de Vinícius Pereira, as “sensorialidades” são as aptidões cognitivas e sinestésicas que um
corpo conquista ao entrar em contato com determinada expressão da cultura. Essas sensorialidaes seriam
impulsionadas por “afetividades” como no caso da pessoa que joga Wii no processo de reabilitação de
Alzheimer ou Parkinson.

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PEREIRA, Vinícius Andrade. Reflexões sobre as materialidades dos meios:


embodiment, afetividade e sensorialidade nas dinâmicas de comunicação das novas
mídias. Unisinos: revista Fronteiras – estudos midiáticos, VIII(2): 93-101,
maio/agosto 2006.

______. G.A.M.E.S. 2.0 – Gêneros e Gramáticas de Arranjos e Ambientes Midiáticos


Mediadores de Experiências de Entretenimento, Sociabilidades e Sensorialidades. In:
XVII Encontro da Compós, 2008, São Paulo. Anais... São Paulo: UNIP, junho de 2008

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