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“A historiografia seria uma maquinaria narrativa que usinaria o passado, buscando dar
forma à mecânica que azeitaria os processos que se desenrolaram em dado tempo e
espaço” (13)
Karl Marx “(...) Motor da História, mecânica social, a qual caberia o historiador,
usando como instrumento o materialismo histórico, desvendar, enunciar, fazer aparecer em
suas engrenagens mais sutis” (14)
“Esta não descobria na ordem social, no passado, na realidade, uma maquinaria já pronta,
engrenagens perfeitamente identificáveis, mas as produzia com a matéria prima da
linguagem, montando peça por peça versões do passado, que apareceria como um artefato
fruto da indústria do historiador, de sua destreza, de sua perícia narrativa e profissional” (14)
Para o autor o trabalho do historiador guarda mais relações com o trabalho artesanal.
“(...) maior proximidade com a paciente e meticulosa atividade manual exercida por tecelões,
bordadeiras, rendeiras, tricoteiras, chuliadeiras” (15)
“(...) a historiografia parece ter sido pensada e praticada como uma forma de trabalho
artesanal que tomava como matéria prima os restos, os fragmentos de narrativas sobre
o passado e sobre o presente, que podiam ser recolhidos e submetidos a um trabalho
de enredamento, que podiam ser tramados de forma a dar um passado para estes povos (...)”
(15)
Heródoto é um tecelão que articula aquilo que viu e aquilo que ouviu sobre o
passado e sobre o presente. Ele conecta povos e lugares que se desconheciam,
conecta lendas, mitos e testemunhos, articulando o tempo, passado, presente e futuro,
criando uma identidade unificadora para os gregos do presente e do passado, os
diferenciando dos “bárbaros”.
Costura fragmentos, pedaços de lendas, de mitos, com pedaços de narrativas
factuais, de testemunhos, de memórias, dando a este caos sarapintado uma
coerência, uma ordem, uma aparente coesão.
Seu instrumento de trabalho é a palavra escrita (forma artística).
É o historiador quem submete uma ordem ao caos dos vestígios do passado, como
num bordado, fazendo entender um desenho, um projeto, um plano previamente
pensado;
O historiador deve ter em mente o fio condutor que irá seguir (problema, questão,
objetivo) e que deve estar presente em toda a sua narrativa;
*Mesmo no século XVIII e XIX, quando a história se pretendia uma ciência exata, uma
máquina que produziria e contaria a verdade do passado, a mesma não conseguiu superar
sua origem artesanal.
“(...) a forja do texto do historiador é produto do seu trabalho individual, de sua habilidade
no uso dos instrumentos necessários à elaboração da escritura da história” (19)
*O autor anuncia sua forma (uma nova forma) de ver a história, separada dos mecanismos
aprisionastes que finalizasse o passado e permanecesse no eterno presente (crítica ao
marxismo). “Uma história que não se dirige apenas à razão, à consciência, mas que dá lugar
aos sentimentos, aos sentidos, às paixões, aos desejos e aos delírios” (26)
Que não deixe de falar das injustiças e explorações, mas que também não esqueça das
alegrias e felicidades.
RESUMO