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20/07/2019 Besta (arma) – Wikipédia, a enciclopédia livre

Besta (arma)
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
A besta (pronuncia-se bésta[1][2][3]), balestra ou balesta (derivações do
latim tardio ballista) é uma arma com aspecto semelhante ao de uma
espingarda, com um arco de flechas adaptado a uma das extremidades de
uma haste e acionado por um gatilho, o qual projeta virotes - dardos
similares a flechas, porém mais curtos.

O conceito de um arco de flechas com haste de disparo horizontal deu


origem a duas armas de guerra, a besta [4] e a balista, sendo esta fixa no
solo, muito maior e mais pesada. Besteiro é o nome dado a um soldado
armado com uma besta. Desenho de Leonardo da Vinci
duma besta
Foi bastante usada no século XVI (ver Peonagem) e chegou a coexistir com
arcabuzes e mosquetes (as primeiras armas de fogo), sendo depois abandonada. Hoje, continua a ser fabricada para
uso na caça esportiva. Alguns modelos sofisticados também são usados por forças especiais.

Índice
História
Características
Variantes
Besta de repetição
Outras variantes
Na cultura popular
Referências
Ver também
Ligações externas

História
Acredita-se que a besta foi criada muito antes da era cristã pelos chineses. Desde o século III a.C., que a besta (nǔ, 弩)
está totalmente desenvolvida e o seu uso difundido na China[5]. Encontraram-se em Xi'an bestas entre os soldados do
exército de terracota no túmulo do imperador Qin Shi Huangdi (260 a.C.-210 a.C.)[6]. Leonardo da Vinci chegou a
desenhar a besta, porém não a fabricou.

Já havia registros desta arma na Roma Antiga antes e depois da era cristã, como arma de caça ou de guerra. Na
Europa, também há vários registos, inclusive na Guerra dos Cem Anos onde os besteiros genoveses deram apoio à
França contra a invasão da Inglaterra. Porém foi mal sucedida, pela fraca estratégia usada pelos franceses e pelo baixo
número de guerreiros que utilizavam a arma. Nesta época, entre os séculos XIV e XVI, as bestas tinham um alcance
considerável, cerca de 100 passos [4] (entre 230 e 250 metros de distância), e pesavam entre cinco a sete quilogramas
enquanto o arco longo inglês tinha um alcance entre 180 e 200 metros, o que dava vantagem à besta. Porém, ela tinha
um intervalo muito grande entre os disparos: o besteiro tinha de colocar um novo quadradelo na haste, enrolar então a

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corda com uma alavanca que se encontrava na parte anterior da arma, até ao
ponto certo para o novo tiro, o que, além de requerer muita força física,
demorava cerca de dois a cinco minutos, tempo que não se tinha na guerra
contra os arqueiros ingleses, apelidados de Arlequim, que significa demónio.
Eles conseguiam atirar facilmente cerca de cinco flechas no curto espaço de
vinte segundos; além disto, o besteiro estava sempre acompanhado de um
segundo homem que carregava um pavês - escudo comprido feito de carvalho
e salgueiro que era usado para defender o besteiro dos ataques de flechas
inimigas nos momentos em que ele carregava a sua besta, o que era sempre
feito atrás deste escudo. A besta tinha força suficiente para atravessar a
maioria das armaduras da época, como cotas de malha e algumas armaduras
leves de placas, a uma boa distância. Porém havia outras bestas chamadas
leves, que não tinham o mesmo alcance e potência, sendo usadas
principalmente na caça.

A besta é utilizada na guerra na Europa sobretudo desde a Batalha de Desenho antigo de uma Cho-ko-
Hastings, em 1066, e até por volta dos anos 1525, substituindo quase nu, besta chinesa
completamente os arcos curtos e longos de madeira em muitos exércitos
europeus no século XII. Embora um arco longo alcance uma precisão
comparável e um ritmo de tiro mais rápido do que um tiro médio de um
besta de arco de madeira, ou de arco composto (um arco laminado
construído de madeira, osso ou chifre, e tendões de animais), as bestas
libertam mais energia cinética e pode ser utilizada de forma eficaz após
uma semana de treino, enquanto a habilidade de um tiro comparável com
um arco longo leva anos de treinamento de força, para superar o empate e
a força do arco, bem como anos de prática necessária para o utilizar com
habilidade.

A besta é citada num documento estipulando a aliança entre Génova e


Alexandria, datado de 21 de fevereiro de 1181.

Durante o Segundo Concílio de Latrão, foi emanada uma disposição,


mediante a qual foi severamente proibido o uso da besta entre adversários
Cavaleiro francês do século XVI
cristãos. Esta proibição foi ignorada por Ricardo Coração de Leão, que
armado com uma besta
dotou os seus exércitos de infantaria, em 1198, infringindo, também, o
breve (ato pontifício) de Inocêncio III, que apoiava as precedentes
providências, definindo como micidial (mortífera) a arma em questão. O próprio Ricardo Coração de Leão morreu em
1199 após um ferimento recebido no braço direito, causado por um besteiro, quando explorava as muralhas do Castelo
de Limoges, que estava sitiando.

Nos exércitos europeus, os besteiros montados e desmontados, misturados com os fundibulários, os lançadores de
dardos e os arqueiros, ocupavam uma posição central em formações de batalha. Normalmente, eles atacavam antes
dos cavaleiros. Os besteiros também eram importantes em contra-ataques para proteger a infantaria. Junto com as
armas de haste feitas a partir de equipamentos agrícolas, a besta também era usada por camponeses rebeldes, como se
mostrou na revolta dos Taboritas no século XV, uma comunidade religiosa na região da Boêmia, considerada herética
pela Igreja Católica.

Os cavaleiros equipados com lanças provaram-se ineficazes contra formações de lanceiros, alabardeiros e piqueiros
combinados com besteiros, cujas armas podiam penetrar a armadura da maioria dos cavaleiros. O desenvolvimento de
mecanismos para rearmar permitiu o uso de bestas sobre o cavalo, levando ao surgimento de novas táticas de
cavalaria.

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Em 1630, o papa Urbano VIII proibiu o uso de bestas.

O uso da balestra ou besta pelos nativos do Novo Mundo foi atestado pelo padre João Daniel, que viajou pelo
Maranhão e Grão-Pará, Brasil, entre 1741 e 1757:

Purus é uma nação que habita sobre os lagos do rio Purus, que dele tomou o nome.Também não usam de arcos-e-
frechas, como os mais índios, mas todas as suas armas são a balesta, em que são destríssimos, e mais que insignes
frecheiros [7].

Admitindo-se a veracidade da informação, é razoável supor que a arma tenha sido copiada das usadas pelos europeus.
Mesmo assim ficam dúvidas porque esta arma apresenta um complicado mecanismo de gatilho, de fixação do arco no
corpo da estrutura e de retenção da flecha quando o equipamento está armado.[8]

Características
A besta é composta de um arco cujas lâminas são apoiadas num suporte de
madeira, coronha, apoiando também a flecha. A coronha ajuda a reter a corda
tensionada e a flecha, até o momento do disparo. Quando o disparador é
acionado, o sistema de disparo libera a corda do arco. A besta permite a um
atirador um disparo mais potente do que teria com um arco comum, uma vez
que o seu tensionamento não depende da capacidade física do atirador.

As bestas são lentas a recarregar, o


que limita o seu uso em batalhas
de campo aberto. Em cercos, esta
fator não é uma desvantagem
significativa, já que os besteiros
podem se esconder ao recarregar a
arma. Besteiro em posição de disparo.

Os projécteis eram dardos comuns


Besteiro. A arma é dotada de ou flechas com pontas em ferro, incluindo setas incendiárias e envenenadas.
uma espécie de coronha que o
besteiro apoia de encontro ao
ombro quando faz a mira e, na
Variantes
extremidade oposta, de um A besta tinha diversas variações e tamanhos para os diferentes projécteis que
estribo, ou gancho, em que o
podiam ser atirados, sendo os mais comuns as próprias flechas e o quadradelo
besteiro enfia um pé para
de aço que continha uma ponta semelhante a uma pirâmide, que facilitava a
segurar a besta e armá-la
puxando a corda para cima, tal entrada na carne ou armadura inimiga.
como ilustrado neste desenho
de Viollet-le-Duc.
Besta de repetição
A besta chinesa tem uma variante a que foi chamada besta de repetição, que consistia em uma única arma poder
lançar de cinco a dez projécteis de uma só vez, mas era uma arma para grandes exércitos, pois necessitava,no mínimo,
dois homens para carregá-la e armá-la (um homem sentado no chão esticando a corda com os pés para o alto
enquanto o segundo carregava e orientava para a execução do tiro). Era uma arma para grandes quantidades de tiros e
muito útil contra exércitos, onde eram atiradas milhares de flechas no ar que caiam sobre o campo inimigo, que podia
estar até 350 metros do tiro e, após a violência do ataque das bestas, podiam fazer os ataques por terra, já com os
exércitos inimigos praticamente derrotados pelo imenso poder da rajada desta arma.

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Uma variação da besta de


repetição chinesa foi criada na
Europa por volta do século
XIII, consistia numa besta
maior com cerca de quinze a 25
quilos que continha um encaixe
para até sete quadradelos, que
eram atirados com um pequeno
intervalo de dez a quarenta
Besta moderna
segundos o que a tornava
bastante eficaz. Porém ficou
obsoleta logo em seguida devido ao peso e ao grande tamanho, que
dificultava muito o transporte e uso da mesma, que demorava também de
cinco a dez minutos para recarregar, tinha muitos defeitos mecânicos,
emperrava muito facilmente, tinha um alcance muito pequeno, menos de
trinta metros, necessitava de dois ou mais ajudantes para transportar,
apontar, recarregar etc e pouca força contra as armaduras da época. Foi
desconsiderada logo após a criação e como muitas armas, virou uma arma
mais de decoração para ficar pendurada em paredes ou pequenas
Besta de madeira
competições de tiro ao alvo não sendo uma arma para batalhas ou guerras
pelo seu mau desempenho e dificuldade de uso e transporte.

A besta de repetição fez uma nova aparição no século XVII com a melhoria
considerável da mecânica e dos ferreiros, porém foi novamente descartada
pelo auge das armas de fogo que estavam bastante avançadas comparadas
com as primeiras criadas, sendo novamente apenas produto de decoração
ou competições e caça.

Outras variantes
Besta de competição
No Arsenal de Veneza encontra-se exposto um exemplar de besta-
garrucha.

A besta de gancho é assim definida por causa do gancho pendente do


punho do besteiro. Com isso ele puxava a corda até conseguir esticá-la o
quanto necessário.

A besta gigante sobre rodas foi um projeto de Leonardo da Vinci que nao
chegou a ser realizado. A besta gigante era um desenho de tanque de
guerra futurista, só que usava como munições flechas ou similares.

As bestas manuais ou portáteis, que eram carregadas e manejadas por um Besta, desenho de Leonardo da
só homem, a pé ou a cavalo, distinguiam-se das "pesadas", que eram postas Vinci
sobre bancos ou cavaletes, para a defesa das muralhas, ou para serem
usadas nos campos de batalha.

Na cultura popular
Guilherme Tell, herói lendário da Suíça, para se livrar da prisão, teria tido que atirar uma flecha numa maçã colocada
sobre a cabeça do próprio filho. Esta teria sido uma ordália, ou prova divina de sua inocência (caso acertasse) ou culpa
(se errasse), no conceito do direito medieval europeu.

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Referências
5. computersmiths.com. «Chinese Invention of the
1. Deve-se ler com o "e" aberto: bésta priberam (Porto
Crossbow» (http://www.computersmiths.com/chinesei
Editora). «Dicionário Priberam da Língua
nvention/crossbow.htm) (em inglês). Consultado em
Portuguesa» (http://www.priberam.pt/dlpo/definir_res
12 de março de 2010
ultados.aspx?pal=besta). Consultado em 4 de março
de 2010 6. travelchinaguide.com. «Exquisite Weaponry of Terra
Cotta Army» (http://www.travelchinaguide.com/attracti
2. Ciberdúvidas da língua portuguesa. «Besta (animal)
on/shaanxi/xian/terra_cotta_army/weapon_1.htm)
'vs.' besta (arma)» (http://www.ciberduvidas.com/perg
(em inglês). Consultado em 12 de março de 2010
unta.php?id=17177). Consultado em 12 de março de
2010 7. DANIEL, João (1722-1776). Tesouro descoberto no
máximo rio Amazonas. Rio de Janeiro,
3. Sua língua (Cláudio Moreno). « "O" aberto ou
Contraponto. 2004, Vol. 1, 600 p.
fechado?» (http://wp.clicrbs.com.br/sualingua/2009/0
5/05/o-aberto-ou-fechado/). Consultado em 12 de 8. CAVALCANTE, Messias S. Comidas os Nativos do
março de 2010 Novo Mundo. Barueri, SP. Sá Editora. 2014,
403p.ISBN 9788582020364
4. Dic. Lello Universal

Ver também
Arco e flecha
Sauterelle

Ligações externas
União Internacional de Tiro com Besta (http://www.iau-crossbow.org/)

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