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XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO

Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção


Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.

BALANCEAMENTO DE LINHA DE
PRODUÇÃO: UM ESTUDO DE CASO EM
UMA INDÚSTRIA NAVAL
Fabiola Negreiros de Oliveira (UFRN)
fabibi_n@hotmail.com
valeria thalita de medeiros queiroz (UFRN)
val.thalita@gmail.com
Carla Simone de Lima teixeira (UFRN)
carlinha_cslt@yahoo.com.br
Debora Saraiva Ramos (UFRN)
binha_ramos@hotmail.com
ANA BEATRIZ CAMARA SILVA GAMA (UFRN)
anabibi_gama@hotmail.com

As empresas industriais têm como uma de suas grandes dificuldades


ajustar os processos produtivos às demandas que o mercado impõe.
Tal variação requer dos gestores desafios para fazê-los encontrar a
melhor disposição dos postos de trabalho,, compondo estações que
gastem tempos semelhantes por unidade. Tendo em vista essa
perspectiva, o presente artigo discute a questão do balanceamento em
uma empresa do ramo de construção naval que reside,
temporariamente, no estado do Rio Grande do Norte em decorrência
de um projeto que consiste na fabricação de 150 lanchas escolares,
mas que já se encontra em 68% de conclusão. Com o intuito de reduzir
o tempo de execução do projeto e aumentar o índice de eficiência para
a linha de produção, foi proposta uma nova meta de produção, que
implicou em um novo balanceamento de sua linha, ou seja, em
equilibrar os diferentes postos que compõem a linha de produção da
empresa, de forma a fazê-los trabalhar em sintonia com a meta de
produção proposta, conseguindo, assim, atingir o objetivo do presente
artigo.

Palavras-chaves: Balanceamento de linha, gestão da produção, tempo


de ciclo
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.

1. Introdução
Em um mercado cada vez mais competitivo e exigente, torna-se vital, que as empresas
possuam processos eficientes para geração de planos de montagem em uma linha de produção
ou para o projeto de uma nova linha, que proporcione o máximo aproveitamento dos recursos
disponíveis ou dos que serão adquiridos e posteriormente colocados em funcionamento.
No contexto da Gestão da Produção, uma técnica bastante utilizada é a do balanceamento de
linha de produção que busca otimizar e sincronizar os recursos necessários para o
processamento de um produto ou serviço, de forma a atender a demanda nas quantidades e
datas previstas.
Uma linha de produção consiste num conjunto de Postos de Trabalho cuja posição é fixa e
cuja sequência é ditada pela lógica das sucessivas operações a realizar e descritas na gama
operatória. O balanceamento de uma linha de produção consiste, pois, em distribuir a carga
das várias operações o mais uniformemente possível pelos vários Postos de trabalhos.
Procurar balancear os diferentes postos que compõem uma linha de produção, ajustando-a à
demanda, nem sempre é uma tarefa simples. Os gestores de produção frequentemente
debruçam-se sobre cálculos visando encontrar a quantidade de postos de trabalho que
proporciona um fluxo constante ao processo, reduzindo ao máximo as ociosidades de
equipamentos e pessoas. Ao final, quando a racionalização é conseguida e as perdas evitadas,
a produtividade alcança os patamares almejados, resultando em menores custos.
É importante ressaltar que uma linha de produção desbalanceada pode demandar custos à
empresa, inclusive os de perda de oportunidade, ou seja, aqueles que dizem respeito ao não
atendimento da demanda. Entre os demais custos, pode-se citar ainda o excesso de produtos
estocados e até mesmo o atraso de produção para uma demanda específica.
Quando as ações voltam-se para a redução dos desperdícios e otimização dos recursos, as
organizações ganham poder competitivo, desejo e busca de todas elas. Só assim podem
adquirir maior participação no mercado e garantir os ganhos que possibilitarão novos
investimentos.
O presente estudo foi realizado em uma em uma empresa atuante no setor da indústria naval,
detentora de tecnologia na produção de embarcações de alumínio soldado e rebitado, que,
atualmente, está localizada - em decorrência da realização de um projeto de construção de 150
(cento e cinquenta) lanchas escolares - no estado do Rio Grande do Norte. O estudo possui a
finalidade de aperfeiçoar recursos, reduzindo o tempo de execução do projeto da fabricação
das 60 lanchas que restam para que o projeto seja concluído, através da técnica do
balanceamento de linha.
Para alcance desse objetivo se faz necessário: levantar as etapas do processo de produção das
lanchas, analisando o sequenciamento das atividades; levantar o tempo padrão para cada um
dos elementos de trabalho; elaboração do um fluxograma do processo produtivo,
levantamento do tempo de duração do ciclo e dos recursos humanos despendidos em cada
posto de trabalho.
Além dessa seção de caráter introdutório, é apresentada na sequência, a seção Referencial
teórico, que contempla uma revisão da literatura sobre balanceamento de linha de produção,
seus benefícios e aplicabilidade. O artigo segue com a metodologia da pesquisa realizada; a

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seção 4 com a contextualização da pesquisa, contemplando a caracterização da empresa


estudada, a problemática do artigo e o balanceamento da produção. Na seção Resultados
Obtidos, é evidenciado os ganhos efetivos com o balanceamento de linha. A última parte do
presente artigo tece reflexões sobre o estudo realizado e traz novas perspectivas para futuras
pesquisas; além de reforçar a relevância do trabalho para a Gestão da Produção. Na seção
Referências, são apresentadas as bibliografias utilizadas para realização do artigo.
2. Referencial Teórico
O estudo de tempos, movimentos e métodos aborda técnicas que submetem a uma detalhada
análise de cada operação de uma dada tarefa, com o objetivo de eliminar qualquer elemento
desnecessário à operação e determinar o melhor e mais eficiente método para executá-la.
(PEINADO; GRAEML, 2007)
De acordo com Oliveira (2006), o estudo de tempos possibilita a empresa conhecer o tempo
utilizado para produzir uma peça, podendo assim fazer estimativas de entrega de produto e o
quanto ela poderá produzir, sua capacidade. O estudo dos métodos consiste em analisar os
métodos utilizados e como eles poderiam estar sendo melhorados para possibilitar o estudo
dos tempos, assim tendo-se uma noção mais especifica do tempo para uma operação; este por
sua vez será utilizado no balanceamento da produção e na formulação do layout da empresa e
da produção.
Segundo Silva et al. (2007), para evitar os desperdícios, principalmente os de espera, deve-se
melhorar a sincronia entre as necessidades de produção e a capacidade da linha, nivelando a
produção com a demanda. Dessa forma, na medida em que a demanda aumenta, ou diminui,
deve-se ajustar o tempo de ciclo da linha alterando-se o ritmo de produção, através da
inclusão ou retirada de recursos e/ou redistribuição de atividades entre os operadores. A isto
se chama balanceamento das linhas de produção.
Tubino (2007) afirma que balancear a linha de produção é definir o conjunto de atividades
que serão executadas de forma a garantir um tempo de processamento aproximadamente igual
entre os postos de trabalho. É utilizado com a finalidade de melhorar a eficiência da linha de
produção e tem a função de agrupar os postos de trabalhos de maneira que haja o equilíbrio de
carga entre eles, permitindo o fluxo contínuo do processo (BATALHA, 2001). Para Martins e
Laugeni (2006) o objetivo do balanceamento de linha é otimizar o tempo dos operadores e das
máquinas na linha de produção. Já segundo Rocha e Oliveira (2007) balancear a linha de
produção é ajustá-la às necessidades da demanda, maximizando a utilização dos seus postos
de trabalho, buscando unificar o tempo de execução do produto em suas sucessivas operações.
Várias técnicas de balanceamento foram desenvolvidas e aprimoradas ao longo do tempo,
segundo Slack, seguindo as peculiaridades de cada linha de produção. Para Rocha (2005),
balancear uma linha de produção é ajustá-la às necessidades da demanda, maximizando a
utilização dos seus postos ou estações, buscando unificar o tempo unitário de execução do
produto em suas sucessivas operações.
Para Slack (2009) uma das decisões de projeto mais importantes em arranjo físico de produto
diz respeito ao balanceamento de linha.
A eficiência e os tempos padrões de produção, para realizar determinadas atividades, variam
conforme cada tipo de trabalho, produto ou fluxo produtivo. Para Martins e Laugeni (2006),
cada operador possui habilidades, força e vontade diferentes, sendo assim, a medida dos
tempos é importante no estabelecimento dos padrões para programas de produção.

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Os postos de trabalho estão, diretamente, ligados ao desempenho da linha de produção, pois


são responsáveis por alocar os operadores que irão realizar as tarefas, desta forma são
importantes no cálculo do balanceamento de linha e, consequentemente, na melhoria da
eficiência do processo produtivo (MOREIRA, 1993; RUSSOMANO, 2000).
A necessidade de aumentar a competitividade dos produtos implica na adoção de práticas de
gerenciamento que melhorem a eficiência do processo produtivo. As empresas tem grandes
dificuldades em manter sua linha de produção em um nível eficiente, sendo um dos maiores
problemas a maneira como as tarefas são atribuídas. O balanceamento de linha visa empregar,
eficientemente, os recursos produtivos na linha de produção, de forma, a nivelar a capacidade
de produção dos segmentos em suas respectivas operações (TUBINO, 2007).
Segundo Rocha (2005), nas etapas de fabricação do produto, cada posto ou estação de
trabalho gasta determinado tempo para executar a tarefa que lhe cabe. Se o tempo que cada
uma das estações gasta para fazer um produto é o mesmo, o balanceamento não tem
problema. Ele já acontece e produzir mais ou menos depende somente da cadência ou
velocidade imposta ao sistema. Se os tempos são diferentes, estudo adicional se faz
necessário.
Peinado; Graeml (2007) afirma que tempo de ciclo é o tempo que uma linha de produção
demora a montar uma peça. Ou seja, é o tempo máximo permitido para cada estação de
trabalho antes que a tarefa seja passada para a estação seguinte. O tempo de ciclo mínimo será
igual ao tempo necessário para a execução da tarefa individual mais demorada e o tempo de
ciclo máximo será a soma dos tempos de todas as tarefas.
Para Silva; Porto (2008), no estudo do balanceamento do fluxo produtivo deve ser dada a
máxima atenção aos recursos gargalos, uma vez que determinam a capacidade produtiva, pela
razão de ser o recurso produtivo com o maior tempo de processamento, gerando uma fila de
produtos em espera à montante de si, e uma ociosidade nos recursos à jusante.
As decisões sobre um arranjo físico são importantes pois geralmente exercem impacto direto
nos custos de produção O arranjo físico por processo agrupa, em uma mesma área, todos os
processos ou equipamentos do mesmo tipo e função. Os materiais e produtos se deslocam
procurando os diferentes processos, à medida que estes se tornam necessários. (PEINADO;
GRAEML, 2007)
3. Metodologia
Para a elaboração desse estudo foram realizadas visitas técnicas à empresa, nas quais houve o
contato com a gerência, que explicou o funcionamento geral da empresa, e com os operários
que mostraram como é realizado todo o processo produtivo, desde o encavernamento até a
lancha completa, passando por todos os processos de montagem metalúrgica, pintura e
montagem mecânica e elétrica da lancha.
Já na primeira visita, na qual o objetivo foi ter um conhecimento geral do funcionamento,
visualizou-se a possibilidade de aplicação de uma das técnicas da engenharia de produção, o
balanceamento de linhas, pois a otimização dos recursos neste setor pode trazer aumento na
eficiência dos postos de trabalho, e redução de custos para a empresa, esta de outro estado.
A primeira etapa do estudo resultou em um diagnóstico da estrutura atual da linha de
produção, apresentando informações sobre a quantidade de postos de trabalho, as operações
realizadas em cada posto, o tempo gasto por operador em cada estação de trabalho e o tempo
de ciclo da linha de montagem. Os instrumentos de pesquisa utilizados foram bloco de

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anotações, caneta e cronometro para medir os tempos de operações, já que não foi permitido o
uso de máquina fotográfica e filmadora.
Com os subsídios de informações adquiridos nas visitas seguintes, o grupo de pesquisadores,
através de deliberações em grupo, que propiciaram sessões de brainstorming, estudaram
possíveis formas de balanceamento. Pode-se dizer, pois, que foi utilizada a técnica de um
brainstorming não estruturado (BRASSARD, 2004), como forma de facilitar a
espontaneidade no surgimento das ideias conforme o domínio que cada participante possui do
assunto.
Como a pesquisa objetivou gerar conhecimento para aplicação prática, dirigidos à solução de
problemas específicos, esta pesquisa foi do tipo pesquisa aplicada. ANDER-EGG apud
MARCONI & LAKATO (1992) afirma que “a pesquisa aplicada caracteriza-se por seu
interesse prático”. Foi uma pesquisa exploratória, pois visou tornar explícito o problema e a
construção de hipóteses.
4. Estudo de Caso
4.1 Descrição da empresa
O estudo foi realizado em uma empresa de construção naval, especificamente em uma de suas
filiais que está executando um projeto que consiste na produção de 150 lanchas escolares
similares, como o modelo apresentado na Figura 1, no prazo de 19 meses. O projeto está com
68% de execução e remanescem seis meses e 60 lanchas para a sua conclusão. A empresa
referida tem sede Belém/PA e tem as operações ocorrendo em Natal/RN, nas instalações do
cliente. Para realização da produção em questão foi necessária uma mobilização de recursos
físicos e humanos da sede da empresa para essa filial, o que implica em diversos custos
adicionais assim como, uma “perda momentânea” da mão de obra experiente pela a sede.

Figura 1 - Modelo da Lancha Escolar

4.2 Descrição do processo produtivo


A fabricação das lanchas é realizada conforme o modelo de produção em massa, fornecendo
produtos similares e sendo realizado em uma linha de produção. A Figura 2 a seguir mostra o
fluxograma com a seqüência dos processos que compõe essa produção.

REPARO DE SOLDAGEM
SOLDA EXTERNA

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CHAPEAMENTO CASARIA
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Figura 2 - Fluxograma dos processos

Tais processos divergem entre si, desde a necessidade de mão-de-obra, até as operações
envolvidas e em seus tempos de execução. A Tabela 1 abaixo expõe o detalhamento de cada
processo.

PROCESSO ESPECIFICAÇÕES DESCRIÇÃO

Quantidade de postos 1 As chapas de alumínio já cortadas, que são


entradas desse processo, se transformam no
ENCAVERNAMENTO Nº de operários/posto 4 casco da lancha, através das operações de
dobra, corte, e soldagem.
Tempo/lancha(h) 6

Quantidade de postos 1 Fechamento de todos os poros do casco, de


modo a garantir a segurança da
embarcação. Esse processo se encerra com
SOLDAGEM EXTERNA Nº de operários/posto 1 uma avaliação feita por um engenheiro. Os
reparos necessários são feitos na etapa
seguinte.
Tempo/lancha(h) 2

Quantidade de postos 1
Os pontos identificados no teste como não-
REPARO DE SOLDA Nº de operários/posto 2 conformes são retrabalhados nessa etapa,
que consiste em soldar novamente o casco.
Tempo/lancha(h) 16

Quantidade de postos 3 Nessa etapa é fixada a base da lancha, com


as chapas de alumínio xadrez. São também
CHAPEAMENTO Nº de operários/posto 4 definidos os compartimentos interno da
embarcação (proa, popa, etc) .
Tempo/lancha(h) 8

É produzida e anexada a casaria da lancha.


Quantidade de postos 3
CASARIA A saída desse processo é a lancha de forma
bruta, apenas no alumínio.
Nº de operários/posto 4

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Tempo/lancha(h) 32

Quantidade de postos 2
São realizadas as operações de lixamento e
PINTURA Nº de operários/posto 2 em seguida a pintura, de acordo com o
projeto, e adesivação da lancha.
Tempo/lancha(h) 16

MONTAGEM Quantidade de postos 1 São montados todos os acessórios


MECÂNCICA E mecânicos e elétricos que compões a
Nº de operários/posto 3
ELETRICA lancha.
Tempo/lancha(h) 8

Tabela 1 - Detalhamento do processo


Como a duração do processo “soldagem” é apenas de duas horas, durante as demais seis horas
de trabalho diária, o operário responsável por esse processo é realocado para o
encavernamento, que tem uma necessidade mão de obra de quatro colaboradores. Nesse total
já está incluso o operário polivalente responsável pela soldagem. Considerando a quantidades

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de postos por processos e os tempos de execução dos mesmos, obtêm-se o tempo de ciclo
individual de cada um, expostos na Tabela 2:

MONTAGEM
PROCESSO
ENCAVERNAMENTO SOLDAGEM REPARO CHAPEAMENTO CASARIA PINTURA MEC.
Postos 1 1 1 3 3 2 1
Tempo padrão (h) 6 2 16 8 32 32 8
Tempo real (h) 6 2 16 2,67 10,67 16 8

Tabela 2 - Tempo real dos processos

Diante dos tempos das operações, observa-se que o gargalo da produção são os processos de
Pintura e o Reparo da solda, ambos com tempo de execução de 16 para cada unidade de
lancha. Abaixo, segue a Figura 3 com o tempo, em horas, para se produzir uma lancha em
cada um dos processos. A partir dele nota-se o completo desbalanceamento entre os setores de
produção, com uma variação de tempo entre 1,5 e 16 horas para produzir uma unidade em
cada processo.

Figura 3 - Tempo dos processos por lancha

Embora os processos não estejam balanceados entre si, eles estão balanceados com demanda.
A meta mensal da produção é de 11 unidades e como o tempo de ciclo desse processo é 16,
durante os 22 dias de produção do mês com as 8 horas de trabalho diário, a capacidade
produtiva é de exatamente as 11 lanchas requeridas.
4.3 Problemática
Atualmente a empresa conta com 36 funcionários para produzir 11 lanchas por mês. O tempo
do ciclo da produção, definido pelo processo gargalo (Pintura e reparo), é de 16 horas, ou
seja, a cada 16 horas uma lancha é produzida. Dada uma jornada de trabalho de 8 horas
diárias, o tempo expedição de uma lancha é dois dias.
Como a principal parte da equipe, composta pelos colaboradores mais experientes, é oriunda
de outro estado, a sua permanência em Natal representa altos custos para a empresa, como:
hospedagem, alimentação e transporte. Além disso, a ausência dessa equipe na sede

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representa uma perda produtiva para a mesma, por isso, percebeu-se a vantagem em se
concluir mais rapidamente o projeto, produzindo as 60 lanchas remanescentes em um prazo
menor do que o previsto pelo cronograma de atividade do projeto.
Para reduzir a duração do projeto, torna-se necessário aumentar a produtividade mensal da
empresa, o que pode ser obtido através do balanceamento da linha de produção a nova meta
produtiva definida. Para reduzir pela metade a duração do projeto é necessário duplicar a meta
mensal de produção, ou seja, a nova meta deve ser 22 lanchas/mês.
Como no mês há, em média, 22 dias de produção, a produtividade da empresa deve passar a
ser uma lancha/dia. Como a jornada diária de trabalho são de 8 horas, este deve ser,
exatamente, o novo tempo de ciclo da produção.
Para se conseguir dobrar a produção mensal e se obter uma lancha completa por dia, todos os
processos que estão acima do novo tempo de ciclo necessário (8 horas) terão que receber
novos recursos para que o tempo de operação seja reduzido e a nova capacidade atingida,
resultando em um balanceamento, como mostra a Figura 4 abaixo:

Figura 4 - Tempo de produzir uma lancha em cada etapa do processo após o balanceamento.

4.4 Balanceamento da produção


Para se obter um tempo de ciclo de 8 horas torna-se necessário a realização de algumas
mudanças nos processos que possuem o tempo de execução maior ao tempo requerido. Os
processos que estão abaixo desse tempo se mantêm inalterado e as horas excedentes a
produção de uma unidade são aplicadas a produção contínua de outras unidades, com exceção
da soldagem, cujo operador é alocado para o encavernamento após termino do processo de
soldagem.
Os processos que estão acima do novo tempo de ciclo estabelecido são: Reparo de solda,
Casaria e Pintura. Para balancear a linha de produção torna-se necessário adicionar novos
postos de trabalhos nesses processos para reduzir o tempo de execução de cada um deles ao
tempo novo tempo de ciclo. A Tabela 3 a seguir resume as mudanças necessárias para se
efetuar tal balanceamento.

PROCESSO
ENCAVERNAMENTO SOLDAGEM REPARO CHAPEAMENTO CASARIA PINTURA MONTAGEM MEC.

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POSTOS ATUAIS 1 1 1 3 3 2 1
POSTOS ADICIONAIS 0 0 1 0 1 2 0
TEMPO (h) 6 2 8 2,66 8 8 8
NEC. MÃO DE OBRA ATUAL 4 1 2 12 12 4 3

NEC. MÃO DE OBRA NOVA 0 0 2 0 4 4 0


TEMPO DE PRODUÇÃO
EXTRA/DIA (H) 2 6 0 5,34 0 0 0

Tabela 3: Mudanças necessárias para o balanceamento

Feita a análise dos recursos produtivos necessários a realização desses processos, identificou
que a redução do tempo de ciclo com a criação de novos postos implicaria apenas em novas
contratações, não sendo necessária a aquisição de novos equipamentos ou expansão da área
produtiva. Com a adição dos novos postos, a Figura 5 a seguir mostra o novo fluxograma dos
processos:

Figura 5- Novo fluxograma

Logo, para duplicar a produtividade mensal, a empresa precisa adicionar novos postos de
trabalho, idênticos aos atuais, nos processos de reparo, casaria e pintura, o que implica na
contratação de 10 novos funcionários com habilidades relacionadas a cada processo, assim
como, a aquisição do ferramental individual relativo as necessidades de cada processo, que
são basicamente: serra, trena e equipamentos de segurança.
4.5 Resultados esperados

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O estudo realizado implicou no balanceamento da linha de produção de lanchas em uma


empresa do ramo de construção naval, com a finalidade da redução do tempo das 60 lanchas
que faltam para o encerramento do projeto.
Obteve-se esse balanceamento, redefinindo o tempo de ciclo (tempo necessário para execução
de uma lancha). Os processos (reparo de solda, a casaria e a pintura) que estavam acima
desse novo tempo de ciclo (8 horas), foram balanceados de forma a se adequarem a esse novo
tempo. Para isso, foi necessário adicionar novos postos de trabalhos nesses processos,
reduzindo, assim, o tempo de execução de cada um deles ao novo tempo de ciclo.
Verificou-se que o balanceamento de linha surtiu efeitos positivos no tocante ao aumento da
eficiência para a linha de produção de lanchas, diminuição do tempo de execução do projeto
da empresa estudada, o que implica na redução do tempo de estadia da mesma, e
conseqüentemente na redução dos custos despendidos para sua manutenção no estado do Rio
Grande do Norte.
Através desse estudo, foi possível comprovar os benefícios e aplicabilidade do balanceamento
de linha. Além disso, a pesquisa permite o prolongamento dos estudos para análise de
viabilidade econômica, pois a nova adição de postos de trabalho implica em novas
contratações.
5. Conclusão
Dada à proposta do artigo de redução do tempo de execução do projeto e, conseqüentemente,
redução do tempo de permanência da empresa no estado, foi necessário propor a duplicação
da produção de lanchas mensal.
Para alcançar tal resultado, foi utilizada a técnica do balanceamento da produção, na qual foi
possível ajustar a produção à nova meta proposta, maximizando a utilização dos seus postos,
buscando unificar o tempo unitário de execução de cada etapa e assim, permitir que a empresa
realize, antecipadamente ao programado, a produção das 60 lanchas remanescentes para o fim
do projeto.
No entanto, o que deve ser cautelosamente analisado como um complemento desse estudo é
se esse objetivo da empresa vai maximizar a contribuição financeira do projeto para si. Sendo
assim, os dois motivos que determinam a formulação desse objetivo devem estudados com
mais cautela.
Sob o prisma financeiro, deve haver um levantamento detalhando dos gastos referentes às
duas opções da empresa: manter o ritmo da produção como programado ou torná-lo mais
rápido? Ambas as decisões envolvem investimentos que devem ser analisados e comparados
para definir-se qual entra as duas opções é a mais viável economicamente. Logo, surge a
necessidade de realizar uma análise de engenharia econômica da decisão a ser tomada.
Por fim, feita a análise financeira das possíveis decisões e, hipoteticamente, tenha sido
identificado que o objetivo da empresa consiste uma decisão de menor contribuição, novas
soluções devem ser para resolver o problema da ausência da mão de obra experiente na sede,
segundo motivo pela formulação do objetivo da empresa. Seja essa solução referente a
treinamento da mão de obra da sede ou à contratação de novos operários. Enfim, o que
importa de fato para a manutenção da empresa no mercado é agir sempre de forma a
maximizar as a criação de valor para os sócios.

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REFERÊNCIAS
BATALHA, M.O. (Coord.). Gestão agroindustrial. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001.
BRASSARD, MICHAEL. Qualidade: ferramentas para uma melhoria contínua. Rio de
Janeiro: Qualitymark Ed., 1994.
MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Metodología do Trabalho Científico. São Paulo:
Atlas, 1992.
MARTINS, P.G. & LAUGENI, F.P. Administração da Produção – São Paulo: Saraiva,
2006. 72 72
MOREIRA, D.A.. Administração da Produção e Operações. São Paulo: Pioneira Thomson
Learning, 1993.
OLIVEIRA, P. Estudo sobre balanceamento de produção em uma indústria de camisaria que
utiliza sistema vac. 2008. Trabalho de conclusão de curso – FAED, Universidade do Estado
de Santa Catarina, Santa Catarina, 2008.
PEINADO, J.; GRAEML, A. R. Administração da produção: operações industriais e de
serviços. Curitiba: UnicenP, 2007. 750 p
ROCHA, D.R. Balanceamento de linha – Um enfoque simplificado: material preparado por
Duílio Reis da Rocha em 14/04/05. Disponível em
<http://www.fa7.edu.br/rea7/artigos/volume2/artigos/read3.doc.>
ROCHA, R.P. & OLIVEIRA, C.C. Balanceamento de Linha: Estudo de caso na produção
de Boneless Leg (BL) em um frigorífico de aves. In: ENCONTRO NACIONAL DE
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO (ENEGEP) XXVII, 2007, Foz Iguaçu/PR. Anais... Foz
Iguaçu/PR: Associação Brasileira de Engenharia de Produção (ABEPRO). 2007. Disponível
em: < 72http.// fi.abepro.org.br/biblioteca/enegep2007_tr570427_0532.pdf >. Acesso em: 12
Abril. 2009.
RUSSOMANO, V.H.. Planejamento e Controle da Produção. 6. ed. São Paulo: Pioneira,
2000.
SILVA, L.; PORTO, E. O Balanceamento do Fluxo Produtivo à Luz da Toc: Caso Prático
no Processo de Montagem de Calçados Autoclavados. Rio de Janeiro, 2008..
SLACK, Nigel. Administração da produção. São Paulo: Atlas, 1999
TUBINO, D.F.. Planejamento e Controle da Produção – Teoria e Prática. São Paulo: Atlas,
2007.

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