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07/05/2019 Kissyan | mldobrasil

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Kissyan Castro resgata


BIOGRAFIA
BIOGRAFIA DO DO AUTOR
AUTOR
 
Kissyan Castro, nascido em 23 de dezembro de

a poética simbolista de
1979, maranhense de Barra do 
Corda, publicou três livros de poesia: Sete Amores
em um Só (Palmas, 2002), Vau do
Jaboque (CBJE, Rio de Janeiro, 2005) e Bodas de
Pedra (Chiado Editora, Lisboa, 2013), sendo
o primeiro em coautoria com outros três poetas
Maranhão Sobrinho
que compunham o grupo “Fênix”, do qual
fez parte. Pesquisador, organizou a obra esparsa
em verso de Maranhão Sobrinho, que 4- Ele é um poeta pouco reeditado. Há alguma justificativa para 
consta neste livro, e prepara as edições de esse silêncio?
“Maranhão Sobrinho – Prosa Esparsa” e “O Meu Creio que o fato de Maranhão Sobrinho estar longe dos grandes 
Pranto é Cantar”, antologia que resgata a obra do centros favoreceu, de certa forma, esse silêncio em torno de sua
poeta  Luís Pires, o último sabiá do Bonfim. obra. O próprio poeta acreditava que transferindo-se para a
Tem colaborado com crônicas, poemas e haikais capital e publicando seu livro de estreia pela editora Garnier ou
em vários sites, suplementos e Laement, segundo nos informa Antonio Lobo, lhe daria a
revistas eletrônicas, entre as quais Recanto das projeção almejada. No entanto, no início de 1910, ele desiste do
Letras, A Garganta da Serpente, Germina e sonho de reconhecimento nacional, abandona completamente
Poesia dos Brasis. Participou das antologias E
E há
há dentro
dentro em
em mim
mim mistérios
mistérios as propostas estéticas que vinha cultivando e que lhe permitiria
“Caleidoscópio” (São Paulo: Andross, 2006), e vertigens.../ Vejo
e vertigens.../ Vejo passar,
passar, um voo mais alto, refugia-se no Amazonas e volta a escrever
“Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos" entre
entre o
o tropel
tropel dos
dos sonhos,
sonhos, poemas de cunho romântico. Mas já era tarde.
(Rio de Janeiro: CBJE, 2012) e “Os 50 Melhores /Corpos
/Corpos hirtos
hirtos ee nus
nus de
de  
Sonetos do Ano” (Academia Jacareyiense de mortas
mortas virgens...
virgens... 5- Há alguma diferença de estilo entre esses poemas inéditos e 
Letras, 2013). Tem inéditos os autorais (M.Sobrinho).
(M.Sobrinho). os que conhecemos dos três livros publicados do poeta?
“Rio Conjugal” e “Farelos”. Há mais diferenças que semelhanças, assim como acontece
  entre os três livros que publicou em vida, e por que não dizer
MARANHÃO
MARANHÃO SOBRINHO
SOBRINHO REVISITADO
REVISITADO dentro de uma própria obra, como é o caso do bloco de poemas
EM intitulado “Cromos”, pastoris, que destoam dos demais, de
EM LIVRO
LIVRO predominância simbolista, no livro Papéis Velhos. 
 
Convidado: Celso
Celso Borges
Borges Como deixo claro numa nota introdutória, meu livro não constitui 
(A entrevista foi enviada pelo autor Kissyan uma seleção oficial de Maranhão Sobrinho, nem possui caráter 
Castro) antológico, no sentido de extrair o “suprassumo” da sua obra,
  mas mostrar sua trajetória poética desde a fase temporã de suas
O poeta Maranhão Sobrinho morreu há exatos 100 lucubrações estéticas, fase tida como condoreira, a partir de
anos, no natal de 1915, em Manaus, de cirrose 1896, até o salto soberbo na produção de sonetos magistrais
hepática, cinco dias antes de completar 36 anos que lhe renderam a fama de “o mais completo sonetista da
de idade, longe de sua Barra do Corda (MA), onde língua”, como nos informa o Jornal do Brasil, de 10 de janeiro de
nasceu em 1879. De lá pra cá sua obra viveu 1939. 
quase na sombra. A grandeza de sua poesia não  
merecia tanto descaso. Pra começar a virar a 6- Há ecos da poesia de MS em algum poeta contemporâneo?
página desse esquecimento, o poeta Kissyan Existe um fio condutor que percorre toda a obra de Maranhão 
Castro, conterrâneo do autor de Papéis velhos, Sobrinho, a que costumo chamar de “Itinerário do Voo”, indo
Estatuetas e Vitórias Régias, está lançando o livro desde a ânsia do voo em Papéis Velhos, à execução e frustração
Maranhão Sobrinho – Poesia Esparsa, que  em Estatuetas, e, por fim, o término do voo, com a deposição
reúne 105 poemas inéditos, coletados de sua das asas, em Vitórias-Régias. Há, nos dois primeiros livros, um
vasta produção dispersa em publicações da visível desencanto com o mundo, sem qualquer interesse de
imprensa.  interferência no sentido de modificá-lo. Por outro lado, não se
desengana, nem perde a esperança; pelo 
contrário, torna-se o fundador de outra pátria, dessa vez
A
A ENTREVISTA
ENTREVISTA celestial, sem qualquer relação com o Céu cristão, já que neste
seu “chalé de luz e flores” só há lugar para ele e sua amada,
com quem trava discurso em quase todos os poemas que
1- Que outro conteúdo o trabalho traz além dos poemas inéditos? compôs. Daí a recorrência de expressões como: asas, voo,
O livro é uma edição alusiva ao Centenário da Morte de Maranhão  ninho e azul, símbolos de todo esse processo. É em 
Sobrinho. Assim, pensei incluir também um apêndice que contivesse  Vitórias-Régias, entretanto, que notamos o desencanto por
informações pertinentes ao evento, como por exemplo: Que repercussão  ambos os mundos, constituindo-se, assim, num livro nostálgico,
teve sua morte? Houve de fato algum projeto que concedeu  derradeiro. Olhando por essa ótica, não encontrei, até o
perpetuidade à sua sepultura? E por que, então, essa lei foi violada?  momento, nenhuma ressonância em qualquer poeta
Maranhão Sobrinho deixou algum trabalho inédito? Onde se encontra  contemporâneo.
hoje o seu espólio literário? O que dele disseram os amigos de convívio e   
a crítica nacional? O trabalho é complementado por uma extensa  Celso Borges é jornalista e poeta
biografia do poeta, a que preferi chamar de “Itinerário Biográfico”, tanto  Especial para o Estado do Maranhão
pelo duplo circuito São Luís-Belém-Manaus, como pelo caráter dinâmico 
das raras “paradas” de Maranhão Sobrinho.
 
2- O livro revela alguma grande descoberta biográfica? 
Ao organizar a parte biográfica, procurei incluir o máximo de 
elementos novos e, entre esses, algumas grandes descobertas. Por 
exemplo, quando ele deixa Barra do Corda, sua intenção era seguir para   
o Rio de Janeiro, onde pretendia cursar engenharia na Escola Militar,  ALBA
mas acaba mudando de ideia Fica um tempo em São Luís e depois vai V d ló i d l i
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mas acaba mudando de ideia. Fica um tempo em São Luís e depois vai  Vens
Vens da
da glória
glória das
das nuvens
nuvens luminosas
luminosas
para Belém. Ali, num primeiro momento, envolve-se no jornalismo  Do
Esteem
site foi desenvolvido com o construtor de sites Do céu,
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céu, em sonhos
sonhos
hoje. límpidos,
Comece já voando,
límpidos, voando,
engajado, político, militante, protesto às injustiças sociais.  Entre
Entre aromas
aromas dede mirtos
mirtos e
e de
de rosas,
rosas,
Acreditava-se que a vida inteira de Maranhão Sobrinho girava em torno  Das
Das estrelas
estrelas do
do azul
azul no
no etéreo
etéreo bando...
bando...
do sonho jamais realizado de transferir-se para a capital do país e  Trazes
Trazes nas
nas asas
asas céleres,
céleres, radiosas,
radiosas,
publicar ali sua “obra prima”. No entanto, quando a tão esperada  Misticismos
Misticismos emem lágrimas
lágrimas brilhando...
brilhando...
oportunidade lhe é oferecida pelo governador Luís Domingues, amigo de  Beijos
Beijos frios
frios de
de mortas
mortas nebulosas,
nebulosas,
Urbano Santos, então vice-presidente da República, rejeita e prefere  Sob
Sob um
um luar,
luar, como
como asas plumagens,
plumagens, brando...
brando...
seguir para Manaus.  Até então acreditávamos que a atuação poética de  E
E ao
ao ver-te,
ver-te, de
de asas
asas pelas
pelas nuvens,
nuvens, calma,
calma,
Maranhão Sobrinho limitava-se ao seu estado natal, Pará e Amazonas,  Resvalando
Resvalando nosnos céus,
céus, amplos,
amplos, risonhos,
risonhos,
mas acabei encontrando poemas e artigos de jornais e revistas também  Fecho-me
Fecho-me dentro
dentro da
da corola
corola d’alma... 
d’alma... 
no Ceará, Pernambuco, Alagoas, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de  E
E há
há dentro
dentro em
em mim
mim mistérios
mistérios e
e vertigens...
vertigens...
Janeiro, dentre outros, onde já usufruía, mesmo em vida, do respeito e  Vejo
Vejo passar,
passar, entre
entre o
o tropel
tropel dos
dos sonhos,
sonhos,
reconhecimento do seu gênio poético.  Corpos
Corpos hirtos
hirtos e
e nus
nus de
de mortas
mortas virgens...
virgens...
   
3- Por que a obra de Maranhão Sobrinho é tão importante? Qual  SONETO III
o seu diferencial como poeta simbolista? Virgílio,
Virgílio, às
às vezes,
vezes, me me convida:
convida: “Vamos
“Vamos
O escritor Josué Montello disse certa vez que “o que distingue  Nós
Nós dois
dois beber
beber bucólicas
bucólicas nas
nas matas!”
matas!”
Maranhão Sobrinho é a clareza simbólica”. O verbo “sugerir”, caro à  E, nas verdes florestas, penetramos,
E, nas verdes florestas, penetramos,
estética simbolista, é raramente encontrado em sua obra. Esforça-se  Como
Como numnum templo,
templo, em em místicas
místicas oblatas...
oblatas...
antes por desvelar sua tragédia interior. “Do modo que ele recebe a  Vendo
Vendo as as asas
asas beijarem-se
beijarem-se nos
nos ramos
ramos
impressão das coisas, assim a transmite; do modo que lhe vem a  E
E ouvindo as harpas de ouro das cascatas,
ouvindo as harpas de ouro das cascatas,
comoção assim a exterioriza”, disse dele Nascimento Moraes. Além  Os
Os nossos
nossos pensamentos
pensamentos permutamos,
permutamos,
disso, não devemos esquecer que Maranhão Sobrinho transitou pelo  Longe do mundo das paixões ingratas...
Longe do mundo das paixões ingratas...
Romantismo, Parnasianismo e Simbolismo com maestria, sem dever a  –
– Mestre!
Mestre! EuEu exclamo,
exclamo, em em tudo
tudo há há luz
luz e
e festa!
festa!
nenhum daqueles que se bitolaram a apenas uma dessas escolas.  Tudo
Tudo parece
parece amar!
amar! O O amor
amor palpita
palpita
Extraiu o que de melhor havia em cada uma dessas vertentes para  Em tudo! A tudo o amor sua luz empresta?
Em tudo! A tudo o amor sua luz empresta?
inaugurar o seu apostolado estético.  Virgílio,
Virgílio, então,
então, me me diz:
diz: “Deus
“Deus grande
grande e e mudo
mudo
Cabe ao poeta recuperar o sentido primeiro das palavras.  Eis o  É
Éoo amor!
amor! Deus
Deus é éoo amor,
amor, ee em
em tudo
tudo habita;
habita;
débito que a Língua Portuguesa (em particular) tem para com o poeta:  Logo o sereno amor habita em tudo!”
Logo o sereno amor habita em tudo!”
ele não deixa a Língua morrer. Nesse sentido, vale a pena ler Maranhão   
Sobrinho, esse recuperador de mitos, esse celebrador de antigos   
episódios, guardião da caixa de absurdos e tensões, pois, além disso, em  (M.Sobrinho)
(M.Sobrinho)
sua obra encontramos várias expressões que são únicas na Língua. Não 
encontraremos seus neologismos em nenhum dicionário convencional.

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