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Durante o final do século 19 e começo do século 20, o Brasil passa por uma grande transformação em
sua estrutura social e urbana. Com advento da segunda revolução industrial, e após os conhecimentos
da evolução humana, proposta por Darwin, muitos dos valores, que antes eram considerados como
normais- a escravidão que antes era vista como algo normal, passa a ser vista com maus olhos- foram
caindo por terra. As lutas abolicionistas, que bebiam muito dos ideais positivistas, e evolucionistas da
época, não tinham apenas o intuito de livrar o negro da senzala. Escritores abolicionistas como
Joaquim Manoel de Macedo, afirmava que o contato do homem branco, com o homem negro, era algo
extremamente danoso para o homem branco. As ideias que estavam sendo amplamente divulgadas
nessa época, traziam em seu bojo um ideário, da existência de uma “raça superior”. Dessa forma,
todas as raças consideradas não brancas, eram tidas como “menos evoluídas”.
Dentro dessa conjuntura os negros foram excluídos e tiveram suas imagens marginalizadas. Muitos por
causa do descaso do Estado, e do restante da sociedade, sem poder gozar do status pleno de cidadão,
terminaram por buscar alternativa em praticas ilícita. Nina Rodrigues e Thobias Barreto, dois dos
principais divulgadores das ideias eugênicas, afirmavam que os negros se encontravam em situações
degradantes, por causa da sua inferioridade racial. Recorriam a praticas da antropometria- mediam
partes dos corpos como nariz, córtex cerebral, dizendo que pessoas que supostamente, tivessem
traços fenotípicos de um negro, seriam marginais em potencial – estudos como esse, foram um
combustível para o desenvolvimento da antropologia criminal. Um caso que pode servir como
“ilustração” desses perfis de criminosos, foi o recente caso do ator que ficou preso 16 dias, sem ter ao
menos uma prova cabal contra ele. A justificativa para tal prisão foi que ele parecia com um suposto
assaltante. Não é preciso dizer que esse ator, era negro, e mesmo ele estando “bem vestido”, não
escapou do estigma de ser um suposto bandido.
Seguindo essa lógica, o homem negro ficou mais longe da sociedade, e esteve mais perto do cárcere.
Cabe dizer que de escravizado, ele passou a ser um “criminoso” em potencial, tendo seus hábitos,
religiosidade, e imagem, passiveis de criminalização. Muitos foram presos apenas por estarem
cultuando o candomblé, ou jogando capoeira (as casas de candomblé para funcionar, deveriam ser
registradas na delegacia de jogos e costumes, e a capoeira foi proibida até a década de 30). Essa é
uma forma evidente, que mostra o racismo estampado na historia da nossa sociedade. Racismo esse,
que gerou sequelas existentes ainda hoje em nosso seio social.
Um fato histórico não fica enterrado no passado, longe do nosso presente. E sabendo disso, pode-se
perceber os péssimos frutos colhidos por esse sistema excludente, que foi instaurado no Brasil
durante anos. Atualmente, mais que da metade do numero de presos, são pertencentes à raça negra.
Segundo o Departamento Penitenciário Nacional (2013) cerca de 54% dos detentos são pretos e
pardos.Há quem queira recorrer para os estudos da eugenia,e afirmar que estes presos,são a prova
viva dos experimentos de Nina Rodrigues.Muitos preferem ignorar o fato,que muitos desses que estão
presos,são na verdade vitimas do racismo institucional.O racismo institucional,funciona
basicamente,com ampla e total deficiência do sistema publico -falhas na educação,falta de
emprego,lazer,aumentam a proximidade com a criminalidade.Segundo uma pesquisa,feita pelo IBGE
(2010) aponta que,a taxa de alfabetização entre negros e brancos é algo
completamente desigual.Os dados mostram que pretos e pardos apresentaram taxa de analfabetismo
de 14,4% e 13% respectivamente,enquanto brancos apresentaram 5,9%.Com essa deficiência,só
restam as vagas nos sub empregos,ou a criminalidade.
O sistema carcerário, não é apenas uma forma de corrigir um sujeito, por um ato infracional cometido.
Ele na verdade, é uma forma de desumanização e exclusão da humanidade, da pessoa que venha
cometer um delito. Para Foucault (1975) a prisão servia para manter os corpos “dóceis”, obedecendo
as lógicas do meio social. Porém, as prisões se mostram como o local onde a redenção, e a inclusão do
marginalizado, se tornam verdadeiros mitos, e o numero de reincidentes, se transformam em regras
concretas. Essa precariedade do sistema prisional,mesclado com o racismo velado,faz com que muitos
desses “marginais”, permaneçam na mesma posição social.
Esses agravantes devem ser resolvidos com seriedade, e devem ser enxergados como problemas
urgentes. Não se pode mais ignorar o fato do racismo institucional, e ter a ignobilidade de não
perceber os efeitos disso, dentro da nossa sociedade. Cabe tanto ao poder público, quanto ao restante
da sociedade brasileira, um verdadeiro combate ao racismo, e uma verdadeira garantia de equidade e
de humanização das minorias que se encontram em vulnerabilidade social. Só dessa maneira, será
possível retirar a população negra da sombra da criminalidade.
Escolas Estaduais
Foram publicadas oficialmente para inauguração em breve:
C.E. Maria Montessori - Cadeia Pública Joaquim Ferreira de Souza - em reforma;
C.E. Teodoro Sampaio - Presídio Carlos Tinoco da Fonseca - a inaugurar
C.E. Mário Lago - Penitenciária Lemos Brito - a inaugurar
Aguardando publicação:
C.E. Luiz Gama - Penitenciária Milton Dias Moreira;
C.E. Marinheiro João Cândido - Penitenciária Vieira Ferreira Neto.
NACES- Núcleo Avançado de Centro de Ensino Supletivo Penitenciária Joaquim Ferreira de Souza
Isoladas
Niterói
Magé
Japeri
C.E. Carlos Pereira Guimarães Filho (anexo) Cadeia Pública Cotrim Neto
C.E. Carlos Pereira Guimarães Filho (anexo) Penitenciária Milton Dias Moreira
Itaperuna
Volta Redonda
Luiz Silveira/CNJ
A população carcerária do Brasil chegou ao número de 622.202 presos, dos quais 61,6% são
negros (pretos e pardos). É o que aponta o Levantamento Nacional de Informações
Penitenciárias (Infopen), que traz dados de dezembro de 2014 e foi divulgado nesta terça-feira
26 pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen), do Ministério da Justiça.
No conjunto da população, a representatividade dos negros é menor: 53,6%, de acordo com
a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (Pnad) divulgada em setembro de 2014.
A comparação do perfil racial da população carcerária com a população brasileira é, porém,
pautada por uma diferença metodológica. Enquanto na Pnad a raça é autodeclarada pelos
entrevistados, os questionários das prisões são respondidos pelos gestores das unidades.
A única alternativa dos presos é filiar-se a uma facção, a qual garantirá sua sobrevivência e
propiciará, portanto, uma conexão muito mais profunda com o crime organizado.
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