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Esdras 7.1-10
É interessante perceber que o texto nos diz que “Esdras tinha disposto
o coração para buscar a Lei do Senhor”. E ao contrário do que possa parecer,
não se trata de um estudo desinteressado ou mesmo mera religiosidade, pois
a palavra hebraica דָּ ַרׁש, aqui traduzida como “buscar”, significa literalmente
“estudar”, e seu tempo verbal na língua hebraica (hifil), denota um grande
esforço da parte de Esdras no estudo do Texto Sagrado. Não foi algo natural,
ele precisou condicionar sua mente e coração a isso. Ele teve que vencer o
comodismo para se dedicar ao estudo das Escrituras. Neste sentido ao tratar
sobre este texto, o Dr. Mauro Meister, um dos maiores especialistas em
Antigo Testamento no Brasil, ressalta que “no Reino de Deus não existe lugar
para indolência; no Reino de Deus não existe lugar para preguiça”.
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Assim como Esdras precisou lutar contra sua natureza, para que
pudesse estudar e apreender a verdade da Sagrada Escritura, igualmente,
cada um de nós, deve empreender um grande esforço no seu estudo diário e
sistemático, pois a soberania de Deus e a responsabilidade humana
caminham lado a lado nas Escrituras, sem haver qualquer oposição entre si.
Isso significa que, embora Deus mova nosso coração para buscá-lo, é nossa
a responsabilidade de fazê-lo.
Nossas igrejas estão cheias de pessoas que tem se perdido nos seus
muitos conceitos, levadas por um experiencialismo religioso fútil e desprovido
da verdade, sendo assim, assaltadas no seu serviço e extorquidas na sua fé.
E a razão disso não é outra, senão que tem abandonado as Escrituras para
seguir o engano de seus corações. Destarte, aquele que deseja ser realmente
integro, dispõe a essência de todo o seu ser para o Senhor. Neste sentido,
quando nos dispomos para Deus, entregamos a ele tudo o que somos e tudo
o que temos. Nossas prioridades passam a ser aquilo que é prioridade para
Deus, pois nossos olhos estão postos nos céus.
Ao ser interpelado por uma mulher que declarava o quanto sua mãe era
bem-aventurada, o Senhor Jesus replicou: “Antes, bem-aventurados são os
que ouvem a palavra de Deus e a guardam!” (Lucas 11.28). A questão é que
precisa haver coerência entre nosso discurso e nossa prática. Neste sentido,
Tiago afirma que é imprescindível ser mais que mero ouvinte da Palavra (ver
Tiago 1.22-25). Assim, Warren Wiersbe escreve acertadamente que “é na
obediência à Palavra de Deus - e não em sua leitura - que experimentamos
suas bênçãos”. “Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos
mando?”, disse o Senhor Jesus aos que o seguiam (Lucas 6.46).
O povo havia sido restaurado à sua terra, mas ainda não estava
restaurado na sua vida. Suas emoções, conceitos e religiosidade, precisavam
passar por um processo de transformação. Transformação essa, que ocorre
somente pela intervenção da Palavra de Deus. E esta, precisava ser ensinada
ao povo. Esdras sabia disso, e a sequência seguida por ele, é não apenas
lógica, mas necessária. Primeiro, ele estuda a Palavra; depois, ele aplica a
Palavra à própria vida e por fim ele ensina a Palavra de Deus ao povo.
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amava não apenas a Palavra de Deus, mas amava o Deus da Palavra e por
isso, ele a ensina de tal forma que ao aprendê-la o povo se volte para Deus.
O amor pelas Escrituras, demonstrado por Esdras revela como deve ser
a vida de todo verdadeiro servo de Deus, pois é ele mesmo quem prescreve
como devemos viver, ensinando-nos por meio de sua Palavra. Como diz John
Piper: “nós somos um povo do Livro. Nós conhecemos a Deus através do
Livro. Nós nos encontramos com Cristo no Livro. Nós vemos a cruz no Livro.
Nossa fé e nosso amor são despertados pelas gloriosas verdades do Livro.
Nós experimentamos a divina majestade da Palavra e somos persuadidos
que o Livro é inspirado por Deus e sua revelação escrita, infalível. Portanto,
o que o Livro ensina, importa”. Importa para nós e importa para outros. Assim,
devemos ensinar suas verdades quer seja oportuno, quer não, como diz o
apóstolo Paulo em II Timóteo 4.2. O fato é que a verdade das Escrituras deve
ser ensinada a todos, mesmo que no processo desagrade a alguns.
Conclusão