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A IMPORTÂNCIA DA RESSURREIÇÃO

I Coríntios 15.51-58

Em I Coríntios 15, o apóstolo Paulo expõe, com exímia capacidade


redacional, a essência do Evangelho, mostrando que o ponto nevrálgico
deste, é a ressurreição. Outrossim, ele aponta para a ressurreição de Cristo
como o fator determinante de que a morte não tem a palavra final. E essa
ressurreição podia ser atestada por inúmeras testemunhas a quem o Senhor
havia aparecido após ressuscitar dos mortos. E a razão porque Paulo trata
deste assunto, é nada menos que o fato, dos coríntios estarem sendo
influenciados pela filosofia grega que negava a ressurreição do corpo, visto
que para os gregos, ressuscitar é novamente, aprisionar a alma. E se os
coríntios negassem a ressurreição, estariam negando o Evangelho, pois “se
Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos
pecados”, diz Paulo no verso 17. O fato é que se Cristo não ressuscitou não
existe salvação, pois ele foi vencido pela morte. Logo, seu sacrifício perde
completamente o sentido, é nulo de valor, pois se ele não venceu a morte,
não pode salvar ninguém. Não obstante, Paulo afirma no verso 20 que “de
fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que
dormem”. Assim, dos versos 21 a 34, Paulo expõe a suprema vitória de Cristo
sobre seus inimigos, dentre eles, a própria morte. E a partir do verso 35,
passa a focar numa indagação surgente entre seus interlocutores (ver). E sua
resposta é que o corpo que temos precisa passar por uma transformação
antes que adentre os portões celestiais (42-43 ver). O que fica evidente é que
essa transformação, essa metamorfose celestial, nos prepara para
vivenciarmos de forma plena a glória do Reino de Deus, onde nosso corpo
natural não pode entrar; e isso fica ainda mais claro a partir do verso 51 (ver).

Ressurreição, transformação corporal, mudança metafisica, é no


mínimo um absurdo, humanamente falando. As ciências moleculares e
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biológicas, jamais poderão entender ou aceitar este fato, pois não pode ser
empiricamente comprovado. Não pode ser atestado por meio de exames
laboratoriais e até mesmo foge à razão. Assim, William Barclay diz que
“devemos começar esta passagem lembrando que Paulo está considerando
coisas que desafiam a linguagem e frustram a expressão”. Isso porque a
ressurreição não é uma questão científica, mas uma expressão de fé. E essa
fé é desafiada quando Paulo afirma que tanto a ressurreição quanto a
transformação ocorrerão num abrir e fechar de olhos. No conceito paulino,
tanto essa ressurreição quanto a transformação serão instantâneas,
ocorrendo simultaneamente.

Ao ressoar da última trombeta, num abrir e fechar de olhos, as dores e


sofrimentos desta vida, ficarão para trás. Nossos corpos já não estarão
sujeitos à corrupção do pecado. E assim como Cristo, triunfaremos completa
e finalmente sobre a morte. O que está implícito aqui, é o fato de que Cristo
virá não mais como o Servo sofredor, descrito em Isaías 53, mas como
Soberano Redentor do seu povo. E isto fica claro na declaração feita pelo
apóstolo Paulo em I Tessalonicenses 4.13-17 (ver). É importante ressaltar
aqui, que as trombetas soavam quando o rei entrava em cena. E é justamente
quando a trombeta soar, que o Rei dos reis e Senhor dos senhores aparecerá
glorioso e numa grande apoteose levará a igreja militante e a transformará na
igreja triunfante, posto que nem mesmo a morte poderá detê-la.

E quando todas estas coisas ocorrerem, se cumprirá o que está


escrito em Isaías 25.8 e, que Paulo sabiamente parafraseia, declarando no
verso 54: “Tragada foi a morte pela vitória”. Destarte, Leon Morris, comenta
corretamente que “o que Deus havia planejado desde muito tempo, e tinha
revelado a Seu servo profeta, Ele cumprirá da maneira como Paulo esboçou.
A expressão, indica a completa destruição da morte”. Logo, o famoso puritano
inglês, John Owen estava com a razão ao afirmar que “a morte morreu na

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morte de Cristo”. O fato é que na cruz, a vida nasce da morte. Essas verdades
eram tão nítidas para o apóstolo Paulo, que pôde com propriedade

Explicar o que é aguilhão


parafrasear o profeta Oséias e indagar triunfantemente: “Onde está, ó morte,
a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?” (55; conf. Oséias 13.14).
Neste ponto, é importante perceber que a exegese de Paulo é teológica e não
circunstancial. Ele afirma que o aguilhão da morte é o pecado (56). Isto
porque o pecado é quem gera a morte e a morte, diz Paulo, só tem força por
causa da lei, visto que é a lei quem revela o pecado do homem. Mas, de que
lei Paulo está tratando aqui? A lei que é dada a todos indistintamente, é a lei
moral, impressa no coração de todos os homens (Romanos 2.13-15 ver).

E olhando para toda esta realidade, vislumbrando o fato de que a


ressurreição é real e que Cristo voltará em glória, triunfante sobre seus
inimigos, dentre eles a própria morte, o apóstolo Paulo irrompe num ato de
louvor e profunda adoração que culmina numa palavra de incentivo e
encorajamento aos irmãos de Coríntio (57-58 ver).

A verdade é que crer na doutrina da ressurreição é mais do que acreditar


em algo humanamente impossível, é ver pelos olhos da fé, a glória do
Salvador e ser motivado no seu serviço. É nunca olhar para trás e jamais
desistir da caminhada, por mais dura e difícil que ela possa parecer.

Conclusão

Caminhando para o fim, ressalto que se estivermos com nossos olhos


postos em Cristo, se a nossa esperança em Cristo não se limitar apenas a
esta vida, quando a última trombeta soar, seremos transformados e levados
para junto do nosso Redentor, com quem estaremos por toda a eternidade.
Portanto, trabalhemos “firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do
Senhor, sabendo que, no Senhor, o nosso trabalho não é vão”. A ele pois,
seja a honra e a glória para todo o sempre. Amém!
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