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Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE ÚNICA
MEDICINA DE TRÁFEGO......................................................................................................................... 9
CAPÍTULO 1
O QUE É MEDICINA DE TRÁFEGO.............................................................................................. 9
CAPÍTULO 2
DIRETRIZES MÉDICAS............................................................................................................... 15
CAPÍTULO 3
MEDICINA DE TRÁFEGO CURATIVA: APH.................................................................................. 17
CAPÍTULO 4
MEDICINA DE TRÁFEGO LEGAL: PERÍCIAS E AVALIAÇÕES......................................................... 26
CAPÍTULO 5
MEDICINA DE TRÁFEGO OCUPACIONAL.................................................................................. 29
CAPÍTULO 6
MEDICINA DE TRÁFEGO PREVENTIVA....................................................................................... 32
CAPÍTULO 7
MEDICINA AEROESPACIAL....................................................................................................... 35
CAPÍTULO 8
MEDICINA DE TRÁFEGO SECURITÁRIA...................................................................................... 49
REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 54
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
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Atenção
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
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Introdução
Abordaremos neste caderno de estudos os conceitos referentes à Medicina de Tráfego, por
meio da apresentação do significado desta especialidade na medicina e suas respectivas
áreas de atuação no mercado de trabalho. A Medicina de Tráfego consiste em uma
especialidade da ciência médica responsável por manter o bem-estar físico, psíquico e
social de qualquer indivíduo que se desloque, independente do meio de transporte que
utilize para a sua locomoção. Este ramo de atuação surgiu pela observação dos médicos
peritos e legistas, na década de 1960, do elevado índice de tragédias ocorridas no tráfego
com o objetivo de suprir as necessidades que surgiam naquele momento.
Objetivos
»» Apresentar os conceitos da Medicina do Tráfego.
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UNIDADE
MEDICINA DE TRÁFEGO ÚNICA
CAPÍTULO 1
O que é medicina de tráfego
Leiam os textos a seguir. Não são textos com contexto acadêmico, porém servem
como base de reflexão para iniciarmos a introdução à medicina do tráfego e
já entendermos a necessidade e importância de atuação desta especialidade
médica.
Agostinho da Silva
Frederick Hayek
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UNIDADE ÚNICA │ MEDICINA DE TRÁFEGO
O destino na bagagem.
“Quem fica parado é poste”,
Como diz José Simão.
Para o trânsito dar certo,
Tem a sinalização.
Eu vou, tu vais, ele vai.
Nós vamos, vós ides, eles vão.
Cada um tem seu caminho,
Mas não vale contramão!
Se eu pego a contramão,
Passo no sinal fechado,
Está feita a confusão.
É encrenca pro meu lado.
Vai falar no celular,
Ou mudar de estação?
Então é melhor parar!
Dirigir pede atenção.
Pra que serve tanta placa?
Tem até uma com vaca.
Menino, montanha, “E” com “X”...
Tem flechinha pra cá e pra lá...
Eu pergunto e meu pai diz:
“Serve para organizar”.
Evelyn Heine
Definição
A medicina é uma área do conhecimento que está diretamente relacionada à restauração
e manutenção da saúde, atuando em grande amplitude com a prevenção e a cura de
enfermidades humanas e animais.
A palavra medicina é originária do latim ars medicina que significa a arte da cura.
O conceito da medicina está ligado aos conhecimentos e abordagens aplicados
individualmente ou combinados com o objetivo de diagnosticar, prevenir e tratar
doenças visando à manutenção do bem-estar, em um único indivíduo ou em um grupo
de pessoas (coletividade).
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MEDICINA DE TRÁFEGO │ UNIDADE ÚNICA
Além disso, esta área da medicina contribui com subsídios técnicos para a elaboração
do ordenamento legal e modificação do comportamento do usuário do sistema de
circulação viária.
Histórico
No Brasil, a medicina do tráfego surgiu pelo interesse e esforço dos médicos peritos
realizadores de exames de aptidão física e mental dos condutores de veículos, já que neste
exame, com avaliação médica adequada, pode-se permitir o afastamento temporário ou
definitivo de um motorista ou candidato a esta profissão, já que alguma doença que
coloque em risco o trânsito pode ser diagnosticada neste tipo de exame. Sendo assim,
foi compreendida a importância desta especialidade médica no Brasil.
Áreas de atuação
A medicina do tráfego consiste, como citado anteriormente, em uma ciência que lida
com a manutenção do bem-estar físico, psíquico e social do indivíduo que se locomove
por qualquer tipo de meio de transporte. Estuda as causas dos acidentes ocasionados
nestes meios com o objetivo de prevenir ou minimizar as consequências. As áreas de
atuação para a medicina do tráfego são: curativa, legal, ocupacional, preventiva, de
viagem, aeroespacial, securitária e aquaviária.
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UNIDADE ÚNICA │ MEDICINA DE TRÁFEGO
Além disso, espera-se que o profissional médico desta especialidade esteja apto a:
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UNIDADE ÚNICA │ MEDICINA DE TRÁFEGO
O nível de remuneração em Medicina de Tráfego é variável, uma vez que o médico pode ser
funcionário público, empregado de uma grande empresa ou profissional liberal. Ele pode
ter, por exemplo, uma clínica credenciada pelo DETRAN para fazer exames de aptidão
física e mental para condutores ou candidatos a condutores de veículos automotores.
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CAPÍTULO 2
Diretrizes médicas
Definição
Diretriz significa objetivo, meta ou algo que se quer atingir, assim, diretrizes médicas são
metas que se objetivam prevenir, diagnosticar ou tratar uma determinada doença com
a finalidade do bem-estar humano. O Projeto Diretrizes é uma iniciativa do Conselho
Federal de Medicina (CFM) juntamente com a Associação Médica Brasileira (AMB)
com o objetivo de conciliar as informações da área médica padronizando condutas que
auxiliem os profissionais na tomada de decisões.
O papel de cada um
Como você pode perceber, no trânsito existem muitas regras, como obedecer ao sinal
vermelho, respeitar o limite de velocidade, usar o cinto de segurança e dirigir apenas
quando tiver mais de 18 anos e carteira de motorista (leia Ao volante). Cada uma dessas
normas tem como principal objetivo preservar a vida. Entretanto, há quem pense que
as leis de trânsito foram feitas apenas para punir e obedecem a elas somente para não
serem multados.
Você ainda não dirige, mas também pode ajudar. Passe adiante o que sabe sobre como
prevenir acidentes de trânsito. Fique de olho no que seu pai, sua mãe ou seu irmão mais
velho faz ao volante e dê um puxão de orelha sempre que eles infringirem alguma regra. E
nunca esqueça o que você aprendeu sobre o trânsito. Assim, você evita acidentes, preserva
a sua vida e a de muitas outras pessoas, além de colaborar para um trânsito mais solidário.
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CAPÍTULO 3
Medicina de tráfego curativa: APH
Definição
A medicina do tráfego curativa cuida do atendimento da vítima no local do acidente e do
transporte até o hospital, ou seja, seu resgate. A medicina curativa, neste caso, entra como
o atendimento de suporte imediato, sendo extremamente importante e fundamental para
salvar muitas vítimas em casos de acidentes de trânsito de forma imediata.
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UNIDADE ÚNICA │ MEDICINA DE TRÁFEGO
O APH pode ser realizado por diversos serviços tais como: corpo de bombeiros, Serviço
de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU, ambulâncias de hospitais particulares
(equipe de empresas particulares) e concessionárias e empresas particulares de suporte
rodoviário. Estes profissionais são altamente treinados e capacitados e são subdivididos
em equipes: equipe de salvamento, equipe de suporte básico à vida (SBV) e equipe de
suporte avançado à vida (SAV).
Existem distintos protocolos de APH a nível mundial, mais como destaque temos,
os protocolos francês e o norte-americano. No primeiro, destaca-se ofertar o
atendimento médico no local do acidente até que a vítima esteja estável (stay and
play). Já no segundo, o foco é chegar ao local e ter acesso à vítima o menor tempo
possível, realizar as manobras necessárias para a sua estabilização e direcioná-la
rapidamente ao hospital (hora de ouro), com registro do ocorrido impresso ou vídeo,
se possível.
O PHTLS (Prehospital life support) é um curso que foi criado há mais ou menos 25
anos voltado para o atendimento pré-hospitalar do paciente traumatizado. O Comitê
de Trauma do Colégio Americano de Cirurgiões (ACS/COT) juntamente com a
Nacional Association of Emergency Medical (NAEMT) formaram este curso, sendo o
primeiro ministrado em 1983, ano este que o primeiro livro sobre este assunto também
foi publicado.
Assim, este curso foi expandido para mais de 37 países e atualmente representa o
padrão internacional do atendimento ao paciente traumatizado. No Brasil, este curso foi
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MEDICINA DE TRÁFEGO │ UNIDADE ÚNICA
ministrado pela primeira vez no ano de 1997 e teve a colaboração de instrutores de Belo
Horizonte. O primeiro núcleo PHTLS foi então formado no estado mineiro composto
por médicos e enfermeiros do antigo resgate, do SAMU e dos principais hospitais de
atendimento ao trauma.
O atendimento ao trauma se divide em duas etapas distintas: o BLS (basic life suport)
e o ATLS (advanced trauma life suport). O BLS é o atendimento inicial prestado
normalmente por socorristas, bombeiros e paramédicos no local de um acidente,
sendo medidas direcionadas para que a vítima seja capaz de sobreviver e possa ser
transportada ao hospital ou clínica onde receberá seu atendimento definitivo. O ATLS
consiste no atendimento definitivo recebido pelo paciente para garantir que o mesmo
seja estabilizado e que reduza seus riscos de vida.
A letra A (airway – vias aéreas com controle cervical) visa manter as vias aéreas livres,
sem nenhum tipo de obstrução, havendo alguma, procedimentos de desobstrução podem
ser realizados no local. Para garantir as vias aéreas livres é necessária a estabilização da
coluna cervical e coluna, o que pode ser feito por meio de um colar cervical.
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UNIDADE ÚNICA │ MEDICINA DE TRÁFEGO
Figura 1. Abordagem da vítima em decúbito dorsal. Aproximação pelo lado em que a face está voltada.
Fonte: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAuWQAD/atendimento-inicial>
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MEDICINA DE TRÁFEGO │ UNIDADE ÚNICA
Figura 2. Abordagem da vítima em decúbito ventral Aproximação pelo lado em que a face está voltada.
Fonte: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAuWQAD/atendimento-inicial>
Fonte: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAuWQAD/atendimento-inicial>
Fonte: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAuWQAD/atendimento-inicial>
Fonte: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAuWQAD/atendimento-inicial>
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UNIDADE ÚNICA │ MEDICINA DE TRÁFEGO
Como exemplo, no caso de uma hemorragia, esta com a demora no atendimento pode
atingir níveis críticos. Em situações de hipóxia pode rapidamente evoluir para lesar
o cérebro em definitivo. Em cada minuto que se retarda o atendimento, mais graves
as situações se tornam. Quanto mais se pode abreviar o socorro, mais vidas podem
ser salvas, e sequelas podem ser reduzidas, permitindo um custo final menor desde o
atendimento da vítima até o tratamento e recuperação hospitalar.
O APH depende de diversas variáveis para ter um bom resultado no socorro da vítima,
porém o tempo é considerado uma das mais importantes destas variáveis, já que quanto
maior o tempo decorrido em prestar-se o socorro imediato, mais lenta será a recuperação
do paciente. Assim, o serviço de APH é interpretado como eficiente de acordo com o
tempo que leva para prestar o atendimento, quanto menor o tempo, melhor o serviço
de APH. Esse espaço de tempo é uma variável conhecida como tempo-resposta, sendo
interpretado de forma distinta em diversos países.
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MEDICINA DE TRÁFEGO │ UNIDADE ÚNICA
Esta soma é que define se a assistência foi prestada em um tempo suficiente para permitir
seu real socorro. Em uma emergência traumática, o momento de instalação do agravo é
facilmente identificado, mas em uma clínica, por vezes a instalação é lenta, dificultando
qualquer afirmação sobre o momento em que a emergência se iniciou. Como exemplo:
Caso Verídico – A última vítima a ser resgatada no acidente de trem foi um policial que
acompanhava alguns detentos. Apesar de as equipes de socorro terem chegado ao local
seis minutos após o acidente, o policial ficou preso entre as ferragens por mais de uma
hora. Só após a liberação da enorme ferragem retorcida é que a equipe de socorro pode
prestar-lhe o primeiro atendimento (policial sobreviveu).
Outra variável importante a ser influenciada no APH é o tempo global, muito estudado
pelos administradores. O tempo global pode ser definido como o comprometimento da
ambulância e da sua equipe. Ele é contado do início do acionamento da ambulância até
a informação de que a tripulação está pronta para uma nova ação. Esta análise é crítica
para o dimensionamento e avaliação da eficácia e eficiência de um sistema. Quanto
maior for o tempo de comprometimento, mais ambulâncias e equipes serão necessárias
para cobrir uma mesma região.
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UNIDADE ÚNICA │ MEDICINA DE TRÁFEGO
14. conclusão dos relatórios ainda no hospital (uma via ficará junto ao
paciente);
16. reposição dos materiais usados ou espera para receber o que está com a
vítima;
<http://www1.dnit.gov.br/emergencia.htm>
A grande maioria das situações de acidentes poderia ser evitada; porém, quando
elas ocorrem, alguns conhecimentos simples podem diminuir o sofrimento,
evitar complicações futuras e até mesmo salvar vidas.
Manual do Socorrista
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CAPÍTULO 4
Medicina de tráfego legal:
perícias e avaliações
Definição
A Medicina Legal é uma especialidade médica e jurídica que utiliza conhecimentos
técnico-científicos da Medicina para o esclarecimento de fatos de interesse da Justiça.
Seu praticante é chamado de médico legista ou simplesmente legista. A perícia médica
é uma especialidade médica na qual o perito após avaliar o paciente emite um parecer
técnico conclusivo sobre a capacidade do examinado.
A medicina legal é dividida nas seguintes áreas: medicina legal profissional (dicielogia
médica e deontologia médica), medicina legal social (medicina legal do trabalho ou
ocupacional, medicina previdenciária, medicina securitária) e medicina legal judiciária
(traumatologia médico legal, tanatologia médico legal, toxicologia médico legal,
asfixiologia médico legal, antropologia médico legal, sexologia médico legal, hematologia
médico legal e psicopatologia ou psiquiatria médico legal).
Nesse campo de atuação o profissional médico pode atuar em perícias ocasionadas por
acidentes de trânsito como também na realização dos exames para liberação ao usuário
da carteira nacional de habilitação (CNH).
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MEDICINA DE TRÁFEGO │ UNIDADE ÚNICA
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UNIDADE ÚNICA │ MEDICINA DE TRÁFEGO
Na Resolução no 267 de 2008 foram acrescidas mais algumas exigências nos exames,
tais como: anamnese, exame físico geral (avaliação de comportamento e atitude,
tipo morfológico e estado geral), exames específicos (avaliação oftalmológica,
otorrinolaringológica, cardiorrespiratória, neurológica, aparelho locomotor e distúrbios
do sono – no caso de renovação, adição e mudanças para categorias C ,D e E) e exames
complementares ou especializados a critério médico. Na avaliação psicológica serão
exigidos: entrevistas diretas e individuais, testes psicológicos (de acordo com o Conselho
Federal de Psicologia – CFP), dinâmicas de grupo e escuta e intervenções verbais.
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CAPÍTULO 5
Medicina de tráfego ocupacional
Definição
A medicina ocupacional ou medicina do trabalho é uma especialidade médica que atua no
ramo das relações entre a saúde dos trabalhadores e o seu meio de trabalho, onde o foco
principal desse ramo é a prevenção e o tratamento de doenças e ferimentos ocasionados
no ambiente empregatício. Além desse cargo chefe, a Medicina Ocupacional também
efetua a promoção da melhora da saúde e da qualidade de vida dos trabalhadores com
incentivo que seja capaz de equilibrar a saúde física e mental e interagir entre o campo
pessoal e profissional de forma saudável e qualitativa.
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UNIDADE ÚNICA │ MEDICINA DE TRÁFEGO
Recentemente entrou em vigor a Lei no 12619 de junho de 2012, sendo um marco para os
motoristas profissionais e empresas do setor de transporte. Esta lei é uma consolidação
trabalhista para os motoristas do transporte rodoviário de cargas e passageiros. Um
exemplo é a regulamentação dos períodos de descanso durante viagens longas –
aquelas nas quais o motorista profissional permanece fora da base da empresa por
mais de 24 horas. Nessas viagens, a cada quatro horas ininterruptas de direção haverá
um descanso extraordinário de 30 minutos. O tempo de direção e de descanso pode
ser fracionado (uma parada de 15 minutos a cada duas horas, por exemplo), mas o
motorista, salvo casos excepcionais, não pode permanecer mais de quatro horas
dirigindo. Outra questão importante que passa a vigorar nesta lei é a obrigatoriedade
de o motorista profissional se submeter a teste de controle de uso de drogas e bebidas
alcoólicas instituído pelo empregador. Essa medida visa não só a prover segurança nas
estradas, mas, principalmente, assegurar a saúde e a segurança do trabalhador.
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CAPÍTULO 6
Medicina de tráfego preventiva
Definição
A medicina preventiva, como seu próprio nome a define, é a especialidade médica que
visa prevenir as doenças e não curá-las ou tratá-las, visando melhorar a qualidade de
vida dos usuários. Existe uma grande confusão entre a medicina preventiva e a saúde
pública, de maneira geral e simplificada, os profissionais da saúde pública fazem
medicina preventiva, porém possuem acesso a dados epidemiológicos e trabalham
no controle de agravos de maior transmissibilidade e gravidade. Já os profissionais
privados que atuam na área preventiva, possuem a perspectiva de identificação precoce
por meio de exames preventivos de rotina capazes de permitir uma intervenção para
minimizar o dano da prática médica denominada muitas vezes de medicina de família
mas não atrelado às questões políticas e sociais.
Esta especialidade médica ganhou mais evidência a partir de 1980 e daí por diante
vem inserindo grande papel na saúde pública. O trabalho realizado pelo médico reflete
nas condições gerais de saúde do paciente, reduzindo gastos com medicamentos,
aumentando a produtividade, reduzindo o absenteísmo e a melhora no convívio familiar.
Gráfico 1.
Entre 1980 e 2011, foram registrados perto de um milhão de óbitos nos diversos tipos
de acidentes de trânsito acontecidos no país. O SIM/MS contabilizou, nesse período,
exatas 98 0.838 mortes em acidentes nas vias públicas.
Nos anos finais da década de 1990, foi registrada uma inflexão na evolução da
mortalidade por acidentes de trânsito que permite caracterizar três grandes períodos.
Até 1997, o SIM registra fortes aumentos no número de mortes, principalmente entre
1993 e 1997. A partir do novo Código de Trânsito, promulgado em setembro de 1997,
e até o ano 2000, os números caem com o rigor do novo estatuto e as campanhas que
gerou. Mas, a partir do ano 2000, é possível observar novos e marcados incrementos,
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UNIDADE ÚNICA │ MEDICINA DE TRÁFEGO
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CAPÍTULO 7
Medicina aeroespacial
Definição
A medicina aeroespacial, também chamada de medicina da aviação foi desenvolvida
com o objetivo de estudar as alterações fisiológicas que possam ocorrer no corpo
humano em decorrência de um voo, ou seja, quando submetido a grandes altitudes e
mudanças atmosféricas, condições distintas das que este indivíduo já está acostumado.
Esta especialidade tem como foco principal as elevadas altitudes, sendo um meio que
não é comum ao ser humano visto que, aborda-se questões como grandes variações de
pressão atmosférica e, velocidades e acelerações, diferentes daquelas em que estamos
acostumados. Portanto para falarmos sobre os efeitos do nosso corpo nas grandes
alturas e atividades de voo temos que primeiro conhecer um pouco sobre o meio em
que trabalharemos.
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UNIDADE ÚNICA │ MEDICINA DE TRÁFEGO
leis que agem no organismo humano quando exposto às condições do ambiente externo
de voo.
A Lei de Boyle, chamada de lei da expansão dos gases, explica a distensão gasosa de
acordo com as mudanças de pressão atmosférica, ou seja, quanto maior a altitude,
menor será a pressão do ar e maior será o volume de um gás. No crânio existe ar nos seios
da face: paranasais frontal, etmoidal, esfenoidal e maxilar. O ar se distende quando se
diminui a pressão, dando lugar às dolorosas baro-sinusites ou aereosinusobaropatias
(infecção dos seios paranasais) devido à queda da pressão barométrica que acompanha
a ascensão da aeronave. Às vezes, o ar sai e não consegue voltar ao seio paranasal,
formando um vácuo, que também resulta em forte dor.
A lei de Henry foi descoberta em 1801, pelo químico britânico William Henry (1775-
1836). De acordo com esta lei, a uma temperatura constante a massa de um gás dissolvido
num líquido em equilíbrio (solubilidade) é diretamente proporcional à pressão parcial
do gás. Esta lei aplica-se apenas a gases que não reajam com o solvente. Assim,
quando um indivíduo se submete a uma alteração de pressão, indo de uma pressão
maior para uma pressão menor (subindo), os gases contidos no sangue e tecidos se
desprendem das células ocasionando assim a chamada doença da descompressão. Esta
enfermidade, também chamada de mal da descompressão, embolia gasosa, paralisia
dos mergulhadores, ocorre quando os gases dissolvidos no sangue e nos tecidos formam
bolhas que obstruem a passagem do sangue, levando a dor ou outros sintomas. Estas
bolhas também podem se formar quando alguém se desloca de um ambiente de alta
pressão para outro de baixa pressão, o que acontece ao subir de uma imersão ou decolar
uma aeronave despressurizada com uma razão de subida maior que as normais.
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MEDICINA DE TRÁFEGO │ UNIDADE ÚNICA
A zona fisiológica é a aérea que vai do nível do mar até cerca de 10.000 pés. Apenas
problemas fisiológicos menores podem ocorrer quando se voa nessa zona, como, por
exemplo, uma dificuldade de equalização na orelha media. A zona fisiológica deficiente
se estende de 10.000 pés (3 km) até 50.000 pés (15 km) de altitude. O que torna o voo
possível nessa área é a pressurização, pois acima de 10.000 pés (3 km), a suplementação
de oxigênio já se faz necessária. Já a zona equivalente ao espaço, está localizada acima
de 50.000 pés (15 km). Nessa zona o voo só é possível em cabines seladas e com trajes
pressurizados devido à baixíssima densidade do ar. Somente as cabines pressurizadas
não são efetivas para manter a vida nessa zona, já que esta zona se refere ao que
conhecemos como espaço propriamente dito.
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UNIDADE ÚNICA │ MEDICINA DE TRÁFEGO
ocorrer nos seios da face, na cavidade dentária, no ouvido médio e no sistema digestivo,
acompanhada de sintomas que podem provocar desconfortos ou incapacitar a pessoa
que esteja sofrendo deste agravo. Nos voos comerciais a pressurização da aeronave
é, em geral, suficiente para equalizar as pressões interna e a externa do organismo,
porém, se houver qualquer alteração das vias aéreas superiores (fossas nasais, faringe e
laringe) e esta equalização for ineficiente ou insuficiente, acontece a expansão dos gases
nestas regiões.
Assim, após a apresentação das alterações que o corpo humano pode enfrentar em
altitudes elevadas, concluímos o quanto é importante o estudo da medicina aeroespacial,
a qual vários profissionais capacitados vêm dedicando seu tempo e aprimoramento cada
vez maior, até mesmo para que o homem possa alcançar objetivos cada vez maiores em
relação às expedições espaciais, viajando cada vez mais com rapidez e segurança.
Medicina hiperbárica
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MEDICINA DE TRÁFEGO │ UNIDADE ÚNICA
Algumas câmaras projetadas para tratamento individual são construídas com acrílico
transparente resistente à pressão, o que permite contato visual com o paciente e
minimiza a incidência da ansiedade em portadores de claustrofobia. Para segurança e
conforto do paciente, as câmaras hiperbáricas são dotadas de um sistema de rádio que
mantém a comunicação entre o paciente e equipe fora da câmara.
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UNIDADE ÚNICA │ MEDICINA DE TRÁFEGO
Medicina do mergulho
É importante saber como funciona e associar-se a Divers Alert Network (DAN). A DAN
é uma organização médica e de pesquisa sem fins lucrativos, dedicada à segurança
e à saúde de mergulhadores recreativos. Foi fundada em 1980, e vem proporcionar
informação especializada e orientação para o benefício do público mergulhador. A
DAN é a organização mais reconhecida e confiada no mundo nas áreas de segurança
do mergulho e nos serviços de emergência, saúde, pesquisa, e educação para seus
membros, instrutores, patrocinadores e para a comunidade de mergulho em geral.
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MEDICINA DE TRÁFEGO │ UNIDADE ÚNICA
»» um exame médico recente e/ou uma renúncia que sua condição não
mudou a cada ano;
Como os mergulhadores respiram ar sob pressão, isto pode resultar em uma sobrecarga
pulmonar (aumento de pressão) e causa de acidentes. Sendo assim, não se recomenda
que pessoas com doenças pulmonares (cistos, bolhas, asma etc.) realizem a prática de
mergulho, já que aumentam os riscos de agravos.
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UNIDADE ÚNICA │ MEDICINA DE TRÁFEGO
A asma é uma doença que pode ser induzida por exercício, como também pode ser
provocada por exposição ao frio. Antigamente o paciente asmático era proibido da
realização da prática de mergulho, pois aumentava o risco de afogamento, o que mudou
atualmente com o desenvolvimento da tecnologia. No caso da asma induzida por exercício,
recomenda-se um bom preparo físico. Já no caso da doença induzida pelo frio, é sugerido
que a atividade seja realizada em locais de águas mais “quentes”, para que o iniciante
primeiramente possa se acostumar à temperatura da água antes do mergulho.
Além disso, existe uma maior fragilidade emocional em uma mulher gestante, assim o
estresse do mergulho pode desencadear reações de pânico e somatizações.
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MEDICINA DE TRÁFEGO │ UNIDADE ÚNICA
»» história de convulsões;
<http://www.hiperbarica.com.br/?system=news&eid=150>
<http://www.diversalertnetwork.org/p/about/index.asp>
Medicina do viajante
Uma viagem é algo que deve sempre ser planejado cuidadosamente, independente
do seu motivo. Complicações de saúde neste período podem levar a sérios prejuízos
pessoais, profissionais e econômicos. A medicina do viajante (ou Serviço de Orientação
ao Viajante) se preocupa com a prevenção, tratamento e diagnóstico preciso e ágil das
doenças infecciosas adquiridas em outras regiões geográficas, entre outros agravos. É a
área de atuação que consiste em orientar quem se desloca para diversas áreas geográficas
com finalidades distintas: turismo, intercâmbio cultural, negócios, ecoturismo, trabalho
voluntário, pesquisas ou passeio em áreas remotas e exóticas, entre outras.
As vacinas a serem utilizadas são indicadas de acordo com os locais a serem visitados,
o tipo de viagem, de hospedagem e das atividades a serem desenvolvidas. A utilização
das vacinas indicadas deve ocorrer no mínimo duas semanas antes da data programada
para a viagem (tempo necessário para que o nível de anticorpos esteja adequado
para a proteção, quando da chegada ao local de destino). Alguns viajantes, como
grávidas, idosos, crianças pequenas ou portadores de doenças imunossupressoras
têm condições de saúde que oferecem risco em situações potencialmente seguras para
outras pessoas. Cada caso precisa ser avaliado de acordo com o viajante, seu destino
e meio de locomoção, para prevenir surpresas desagradáveis que comprometam a
viagem. Além disso, ao voltar de uma viagem, algumas vezes aparecem alguns sintomas
que podem expressar sinais de doenças que não tiveram tempo de se manifestar
durante o período da viagem e devem ser diagnosticadas e tratadas adequadamente o
quanto antes.
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MEDICINA DE TRÁFEGO │ UNIDADE ÚNICA
para sinais de alerta nas situações de mal-estar ou doença que surjam durante o período
de viagem ou após o retorno.
Transporte aeromédico
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UNIDADE ÚNICA │ MEDICINA DE TRÁFEGO
»» encarceramentos em veículos;
»» explosões;
»» comatoso;
»» dificuldades respiratórias.
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MEDICINA DE TRÁFEGO │ UNIDADE ÚNICA
consciente, ou seu representante legal (familiares), estando todos cientes dos riscos
e benefícios deste transporte. Lembrando que para que o paciente seja removido, seu
prognóstico em hipótese alguma deve ser comprometido.
UTI aérea
Os quadros clínicos que levam os pacientes à UTI são bastante variados, mas as
situações que podem desencadear os mecanismos de óbito são poucos e comuns a todas
as enfermidades. O médico intensivista é capaz de atuar nos mecanismos de morte
mudando o prognóstico do paciente, tirando-o de um estado crítico a uma condição que
possibilite a continuidade do tratamento.
A UTI aérea significa uma Unidade de asa fixa (avião) ou rotativa (helicóptero) equipada
com monitor cardíaco, ventilador mecânico, desfibrilador e bomba de infusão. Tem
objetivo de transportar pacientes graves ou potencialmente graves, com equipe
especializada de intensivistas, de onde vai direcionar este paciente, do local do acidente
posteriormente a uma UTI fixa em uma unidade hospitalar (transporte primário) ou
entre unidades hospitalares (transporte secundário).
Medicina espacial
Este médico deu origem ao termo medicina espacial em 1948 e foi o primeiro professor
de medicina espacial da Faculdade de Medicina de Aviação (FMA) na Base da Força
Aérea de Randolph, Texas. Hubertus, no ano de 1949 tornou-se diretor do Departamento
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UNIDADE ÚNICA │ MEDICINA DE TRÁFEGO
Albert Einstein
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CAPÍTULO 8
Medicina de tráfego securitária
Definição
A medicina securitária está inserida dentro da especialidade de medicina legal social,
a qual engloba também a medicina legal trabalhista e a medicina legal preventiva. A
medicina securitária ainda não é considerada uma especialidade médica, somente
recentemente surgiu no Brasil um movimento para transformá-la oficialmente em uma
especialidade, por isso, diferente de outros países desenvolvidos, ainda é uma atividade
de caráter embrionário em nosso país. Sua função é buscar a verdade e a justiça, um
princípio relacionado à atividade pericial.
Quando ocorre uma indenização indevida, tanto a Seguradora é lesada, como também
todos os componentes do fundo integrado que compõem o seguro, pois, como se sabe,
todos os segurados respondem pelo sinistro.
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UNIDADE ÚNICA │ MEDICINA DE TRÁFEGO
Desta forma, e devido à escassez de profissionais nesta área de formação, muitos dados
irreais são recebidos na forma de atestados ou declarações médicas, por doença ou
acidente pelas seguradoras, por médicos especialistas clínicos. Porcentagens absurdas
são atribuídas, sem critério algum, às lesões.
Pode-se alegar, portanto, a seguinte hipótese: de que adianta o médico ser especialista
na área de seguros e não entender de determinada especialidade? Qualquer médico, em
sua formação acadêmica, aprende a técnica de realização de coleta de dados, histórico
e anamnese do paciente, e exame físico. Ele estuda a base de todas as especialidades
médicas adquirindo conhecimento necessário para a realização da perícia e examinar o
periciado a fim de coletar dados relativos aos sinais e sintomas apresentados e realizar
sua correta correlação com os dados fornecidos pelo médico assistente e subsidiar um
posicionamento frente a todos os dados coletados e interpretá-los à luz dos conceitos
periciais securitários.
Desta forma, o médico perito direciona seu trabalho em como as doenças evoluem,
avaliando seu prognóstico, e os recursos terapêuticos existentes para o seu tratamento,
diferindo do trabalho do especialista assistente, que foca no diagnóstico e tratamento
da patologia O perito faz a interface entre a patologia e as questões administrativas
pertinentes.
Definição
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MEDICINA DE TRÁFEGO │ UNIDADE ÚNICA
<http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr30.htm>
<http://www.transportes.gov.br/conteudo/764>
“Mais vale cairmos nas mãos de um médico feliz do que um médico sabedor.”
“O melhor médico é aquele que recebe os que foram desenganados por todos
os outros.”
(ARISTÓTELES)
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UNIDADE ÚNICA │ MEDICINA DE TRÁFEGO
“No caso de a competência ser igual, é mais útil que o médico seja um amigo do
que um estranho.”
(CELSO)
“Muitos médicos já são de opinião que existe algo além de bisturis e pílulas para
curar seus pacientes.”
(BERNIE SIEGEL)
(MARQUÊS DE MARICÁ)
52
Para (não) Finalizar
53
Referências
ADURA, F.E. Medicina de tráfego: o exame de aptidão física e mental para condutores
e candidatos a condutores de veículos automotores. 1. ed. São Paulo: ABRAMET, 2011.
ADURA, F. et al. Medicina de tráfego. Revista de Medicina. pp. 14-15, v. 91 (1). São
Paulo. 2012.
54
REFERÊNCIAS
DINIZ, D. ADURA, F.E. O exame de aptidão física e mental para pessoas com
deficiência. 1. ed. São Paulo: ABRAMET 2013.
MARGIE, P. et al. World report on road traffic injury prevention. World Health
Organization: Geneva, 2004. [cited 2011 Jan 10]. Available from: <www.who.int/
violence_injury_prevention/publications/road_traffic/world_report/en/index.html>
55
REFERÊNCIAS
Sites
<http://www.wikipedia.com.br>
<http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr30.htm>
<http://www.cives.ufrj.b>
<http://www.lookfordiagnosis.com/mesh_info.php?term=Medicina+Naval&lang=3>
<http://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/Medicina-Na-Avia%C3%A7%C3%A3o-
Importancia/170404.html.
<http://www.trabalhosfeitos.com/topicos/nr-30-seguran%C3%A7a-e-sa%C3%BAde-
aquavi%C3%A1ria/0>
<http://www.infoaviacao.com>
<http://www.web.ccead.puc-rio.br>
<http://www.apm.org.br/noticias-conteudo.aspx?id=8895>
<http://www.projetodiretrizes.org.br/novas_diretrizes_sociedades.php>
<http://www1.dnit.gov.br/emergencia.htm>
<http://www.ricardomattos.com/legisla.htm>
<http://www.fiesp.com.br/indices-pesquisas-e-publicacoes/manual-legislacao-em-
seguranca-e-medicina-do-trabalho/>.
<http://www.denatran.gov.br/ctb.htm>
<http://www.projetodiretrizes.org.br/>
<http://www.hiperbarica.com.br/?system=news&eid=150>
<http://www.diversalertnetwork.org/p/about/index.asp>
<http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1
7&ved=0CFgQFjAGOAo&url=http%3A%2F%2Fportal.mec.gov.br%2Findex.
php%3Foption%3Dcom_docmar>
56
REFERÊNCIAS
<http://www.transportes.gov.br/conteudo/764>
<http://www.abramet.org.br/Site/Pagina.aspx?ID=373&MenuID=50&lang=pt_BR>
<http://circ.ahajournals.org/content/vol122/16>
<http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAuWQAD/atendimento-inicial?part=2>
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