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O filme “O que é isso companheiro” aborda as perspectivas da esquerda

revolucionária da época. Analisando o texto de Denise Rollemberg, pode-se


constatar que havia um esboço da luta armada antes mesmo da ditadura militar.
Esta ideologia revolucionária estava presente nas Ligas Camponesas que se
faziam notáveis no contexto da discussão por reformas de base pretendida pelo
governo de João Goulart.
Convém notar o clima de incertezas, descontentamento e instabilidades
que o Brasil vivia no início da década de 1960. Era constantes embates entre
partidos políticos antagônicos, como: o PTB, empenhado em defender as
reformas de base e, a UDN, partido de extrema direita que defendia e promovia
um possível golpe militar. A renúncia de Jânio Quadros, pode ser considerada
como um dos resultados dessa ingovernabilidade e, posteriormente, e a
legitimidade da posse do vice-presidente João Goulart.
Não obstante, treinamentos de grupos revolucionários eram feitos aqui no
Brasil, tendo como instrutores revolucionários cubanos. Esse ocorrido forneceu
mais um argumento à extrema direita brasileira, reforçando que o Brasil sofria
uma ameaça comunista. Segundo Rollemberg, as forças cubanas que havia
treinado grupos revolucionários brasileiros declarou que dentre esses conluios o
que se destacava era a Ação Libertadora Nacional (ANL), comandada por Carlos
Marighella. O filme apresenta a ANL como a fornecedora de material bélico aos
revolucionários e, o membro da ANL na referida obra cinematográfica aspira um
sentimento de liderança frente aos demais.
Rollemberg, transitando pela historiografia apresenta os motivos que
levaram as derrotas da luta armada. O que fica claro nessa análise é o fato dos
grupos revolucionários terem demorado para agir, pois, se houvesse uma
investida revolucionária logo no ato golpe teria mais sucesso, o que não ocorreu.
A luta armada se rebelou quando o regime ditatorial já estava consolidado,
contando com o apoio dos EUA, maior potência econômica e bélica do mundo.
No filme “O que é isso companheiro”, pode-se criticar a postura do
embaixador dos EUA no Brasil. Apresenta-se de forma extremamente ingênua e
inocente, declarando que os EUA defendia integralmente o Estado Democrático
de Direito, negligenciando totalmente, as investidas norte-americana na
instauração de ditadura não só no Brasil como também em praticamente toda a
América Latina. Além disso, a docilidade do embaixador parece comover até
mesmo o revolucionário que em certos momentos parece acreditar no discurso
pró-democracia do embaixador. Apesar do filme mostrar o encantamento do
revolucionário com a defesa democrática do embaixador não era bem isso o que
a esquerda do período pretendia.
Rollemberg apresenta que “As esquerdas revolucionárias dos anos de
1960 e 1970, como de resto da sociedade, não tinham a democracia como um
valor supremo. A democracia era burguesa, liberal, parte de um sistema que se
queria derrubar. Após a revolução, o socialismo seria o caminho para se chegar
à verdadeira democracia, da maioria, do proletariado”.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO DO SUL
FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS
HISTÓRIA
PRÁTICA DE ENSINO EM HISTÓRIA VII

ANÁLISE DO FILME “O QUE É ISSO COMPANHEIRO? ”

Alexandre Araújo
Vitória C. M. Pereira

CAMPO GRANDE/MS
2019

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