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2017 FOCO Emigração PDF
2017 FOCO Emigração PDF
ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO:
emigração de talento humano e impacto socioeconômico
Alberto Abad1
Thaís Marluce Marques Abad2
RESUMO
O fenômeno da globalização, na atual conjuntura econômica, política e social, constitui o
principal motor da migração internacional de talentos. Dentre estes, é possível encontrar tanto
profissionais qualificados academicamente com um alto valor econômico, quanto indivíduos
com indicativos de Altas Habilidades/ Superdotação. Existem análises relativas ao tema que
apontam o fenômeno tanto como uma rede de segurança (permitindo exportar o excedente
demográfico e receber renda por remessas) quanto como um empecilho ao desenvolvimento.
Contudo, neste artigo pondera-se uma terceira opção, que aponta às caraterísticas do país
emissor como chave para tornar o fenômeno em um fator de desenvolvimento educativo,
social, cientifico, econômico e cultural, ou como fonte de maior assimetria econômica. Assim,
o objetivo deste é analisar o fenômeno de migração internacional de talento humano ou de
AH/SD no Brasil considerando seu impacto socioeconômico e propor algumas estratégias
para protegê-lo e fomentar seu retorno. A metodologia proposta é de tipo descritivo e
explicativo, apoiada em pesquisa bibliográfica que incluiu livros e publicações periódicas que
abordam os estudos atuais sobre a mobilidade internacional de talento, as Teorias da
Dependência, e a Teoria de Intercambio Desigual de Arghiri Emmanuel.
1
Mestrando em Estudos de Fronteira UNIFAP, formado em Psicologia e Administração, com pós-graduação em
Hipnoterapia Ericksoniana e Programação Neolinguística. Atualmente fazendo graduação do curso de Letras na
Universidade UNOPAR. Professor de Psicologia na Universidade CUT (México), e Universidad del Desarrollo
Profesional (México).
2
Especialista em Novas Linguagens e Novas Abordagens para o Ensino da Língua Portuguesa pela Faculdade
Atual (Macapá), graduada em Licenciatura Plena em Letras e Literaturas Vernáculas com Habilitação em Língua
Portuguesa, Funcionária Pública da Secretaria de Educação do Estado do Amapá, professora orientadora e de
atendimento a alunos com Altas Habilidades/Superdotação no Centro de Atendimento a Alunos com Altas
Habilidades / Superdotação (CAAHS/AP).
ALTAS CAPACIDADES/SUPERDOTACIÓN:
emigración de talento humano e impacto socioeconomico
RESUMEN
INTRODUÇÃO
A globalização pode ser definida como “um processo que abrange as causas, curso e
consequências da integração transnacional e transcultural de atividades humanas e não
humanas” (AL RODHAN, 2006, p. 2), e “é caraterizada pelo incremento geral em fluxos
internacionais de bens, tecnologia, fatores de entrada, ativos financeiros [e capital humano]”
(RAPOPORT, 2016, p. 2). Deste modo, as fronteiras entre países tornam-se “espaços
privilegiados nos processos de cooperação e integração regional devido à contiguidade
territorial” (MARTINS, 2012, p. 13), implicando que estas, mais que um espaço geográfico,
constitui-se num entorno humano onde os processos de imigração/emigração questionam o
sentido da vida de indivíduos com nacionalidades, culturas e capacidades diferentes.
Neste quesito, a migração, pode ser definida como “deslocamentos populacionais nas
zonas de fronteiras entre países vizinhos” (ALBUQUERQUE, 2008, p. 3) que criam
complexos processos de manutenção, de rejeição e de negociação relativos a valores, relações
familiares, identidade pessoal e grupal, educação dos filhos, hábitos alimentares e de higiene,
abrangendo toda realidade humana (DEBIAGGI, 2004).
É essencial “reconhecer a imigração como parte natural da integração econômica mundial
e trabalhar multilateralmente para gerir esses fluxos de forma mais eficaz, [...] maximizar
benefícios e minimizar custos, tanto para as sociedades de envio, quanto para as de
acolhimento” (MARTINS, 2012, p. 4). Assim sendo, “os benefícios econômicos, sociais e
culturais da migração internacional devem ser efetivamente compreendidos, e as
consequências negativas do movimento interfronteiriço devem ser melhores analisadas”
(GLOBAL COMISION ON INTERNATIONAL MIGRATION, 2005, p. 7).
Destarte, ao analisar os “benefícios econômicos, sociais e culturais da migração
internacional”, é importante fazer referência à saída de capital humano qualificado para outros
países, que nas pesquisas internacionais é conhecido como fuga de talentos, fuga de cerébros
(espanhol) ou brain drain (inglês) “termos mais coloquiais à mobilidade internacional de
talentos” (SOLIMANO, 2012, p. 2):
[...] o termo Brain Drain começou a ser usado corriqueiramente para condenar a
saída de mentes brilhantes dos países em desenvolvimento para os países ricos como
um fenômeno de uma via só. Usualmente é confundido com a ideia de perda de
pessoas educadas e qualificadas (GAILLARD, 1997, p. 195).
A migração internacional de talentos, deste modo, pode ser definida como a “migração
de pessoal [qualificado ou com indicativos de altas habilidades] à procura de um melhor nível
e qualidade de vida, maiores salários, acesso à tecnologia avançada e condições políticas mais
estáveis em diferentes lugares do mundo” (DODANI, 2005, p. 487).
A Organização Internacional para Migração (OIM), numa pesquisa relacionada ao
crescimento do número total de migrantes no mundo aponta atualmente que “214 milhões de
pessoas vivem em território que não [é] o de seu nascimento” (BRAVO, 2014, p. 1) 3. Dentro
do fluxo total de imigrantes internacionais, “a proporção de capital humano [talentoso e] com
educação superior, é estimada ao redor do 10% [...] aproximadamente entre 20 e 25 milhões
de pessoas” (SOLIMANO, 2011, p. 1), por outro lado, ao analisar os fluxos migratórios
internacionais de brasileiros, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil (2015), aponta
uma estimativa populacional de 3.083.255 brasileiros morando fora do pais, sendo 553.040
que se encontravam nos países da América do Sul. Dentre estes, as nações que têm maior
3
Em 2015 aumentou para 244 milhões (ORGANIZACIÓN INTERNACIONAL PARA LAS MIGRACIONES,
2016).
4
Refere-se aos brasileiros em situação legal. No entanto, é importante considerar os brasileiros ilegais nesses
territórios cuja quantidade pode variar, dependendo da fonte pesquisada. Tomando em conta que “os cômputos
exprimem que de cada 33 habitantes do planeta um não vive em seu país de origem” (BRAVO, 2014, p. 1)
podemos intuir o montante de brasileiros em situação ilegal.
5
Que podem ter sido identificados ou não como AHSD.
91). Efeitos negativos das assimetrias culturais nas fronteiras e dos estereótipos culturais que
“são fatores limitantes do processo de integração" (STEIMAN, 2002, p. 11).
Desta forma o objetivo do presente artigo é analisar o fenômeno de migração
internacional de talento humano ou de AH/SD no Brasil considerando seu impacto
socioeconômico e propor algumas estratégias para protegê-lo e fomentar seu retorno. Assim, a
metodologia proposta pela pesquisa é de tipo descritivo já que apresenta “os fatos e
fenômenos de determinada realidade e exige do investigador uma série de informações do que
se deseja investigar" (TRIVIÑOS, 1987, Apud GERHARDT, 2009, p. 32). O artigo está
apoiado numa pesquisa bibliográfica que incluiu livros e publicações periódicas que abordam
os estudos atuais sobre a mobilidade internacional de talento, as Teorias da Dependência das
Relações Internacionais e a Teoria de Intercambio Desigual de Arghiri Emmanuel.
Representando, desta forma, uma primeira aproximação à análise da emigração de indivíduos
com indicativos de AH/SD.
A pesquisa também é de tipo explicativo já que almeja identificar os fatores que
contribuem na migração de talentos. O processo metodológico usado foi elaborado “a partir
do levantamento de referências teóricas já analisadas e publicadas por meios escritos e
eletrônicos” (FONSECA, 2002, p. 32).
Inicialmente apresentar-se-ão as teorias do elemento migratório da globalização,
analisando por um lado aquelas que consideram o fenômeno como uma “rede de segurança”
para os países subdesenvolvidos. E por outro, aquelas que promovem a ideia de que o
fenômeno pode ser um empecilho no desenvolvimento desses países. Posteriormente cogitar-
se-á em uma terceira opção mais realista no Brasil com base nas Teorias da Dependência das
Relações Internacionais.
Em seguida, considerar-se-ão as variadas manifestações do talento e das AH/SD com
base na taxonomia dos diferentes tipos de talentos do economista do Instituto de Tecnologia
de Massachusetts (Massachusetts Institute of Technology MIT), assessor da Comissão
Econômica para América Latina e o Caribe das Nações Unidas Andrés Solimano, com o
intuito de vincular as AH/SD a esses talentos.
Posteriormente, abordar-se-á sobre o quanto a escassez de talentos nos países
desenvolvidos traz consequências desfavoráveis aos países em desenvolvimento, quando a
fuga de talentos destes serve como favorecimento ao crescimento econômico daqueles. Neste
sentido será analisado o caso específico do Brasil.
1 DESENVOLVIMENTO
A emigração massiva de pessoas qualificadas, “tem acontecido desde os anos 60, [...]
sendo desde então um fenômeno permanente de maior ou menor importância”
(ORGANIZACIÓN INTERNACIONAL PARA LAS MIGRACIONES, 2016, p. 11). Neste
sentido, e “a pesar da fuga de talentos afetar a um número importante de países em
desenvolvimento, o tema tem estimulado relativamente pouco interesse político e acadêmico”
(GAILLARD, 1997, p. 196), porém, no desenvolvimento deste artigo, deparou-se que o
elemento migratório da globalização “tem sido visto tanto como uma rede de segurança
(permitindo exportar o excedente demográfico e receber renda por remessas), quanto como
uma ameaça (no caso de fuga de talentos) dos países em desenvolvimento” (RAPOPORT,
2016, p. 21).
6
Quase um em cada cinco migrantes no mundo mora nas vinte maiores cidades industrializadas
(ORGANIZACIÓN INTERNACIONAL PARA LAS MIGRACIONES, 2016).
7
Foreign Direct Investments (FDI).
8
“[...] a migração tem um significante impacto positivo em empréstimos bancários” (RAPOPORT, 2016, p. 17).
associando frequentemente esse “fenômeno ao detrimento econômico para aqueles países que
perdem sua força de trabalho talentoso” (MARINAKOU, 2016, p. 1). Pesquisas que
geralmente consideram que a emigração de talentos “[é] o resultado da história conjunta entre
colonialismo e violência nos países colonizados, [os quais] frequentemente têm sido mais
violentados pelas potências ocidentais”. (BROCK, 2015, p. 2).
A questão multicultural nos últimos anos vem adquirindo cada vez maior
abrangência e visibilidade no âmbito internacional, continental e local. Preocupa
muitas sociedades e está intimamente relacionada com os fluxos migratórios assim
como com as relações entre os diferentes grupos socioculturais que integram os
diversos estados (CANDAU, 2012, p. 21).
Com base nesta perspectiva, e embasados nas Teorias da Dependência das Relações
Internacionais, existe uma dinâmica do capitalismo mundial que “aponta ao
subdesenvolvimento como produto do desenvolvimento das forças produtivas globais, ou
melhor, das economias dos países do centro capitalista” (NOGUEIRA, 2005, p. 116). Deste
modo, existe uma notória assimetria entre países, que, como o economista Arghiri Emmanuel
menciona na sua Teoria do Intercambio Desigual: “dentro deste mundo pobre e
subdesenvolvido existem ilhotas de desenvolvimento avançado, nas quais aproximadamente
90% da tecnologia e das forças produtivas materiais e humanas estão concentradas”
(EMMANUEL, 1972, p. 262). Portanto, a hegemonia dos países capitalistas, a influência das
empresas multinacionais e o intercâmbio desigual entre nações criam:
Indivíduos com altas habilidades, educados e líderes com experiência são escassos
quase em todas partes, incluindo nos Estados Unidos. Esses são os cérebros que
realmente contam, posto que possuem alta influencia. Eles não são definidos em
termos de “gênios” ou laureados com prêmios Nobel [...] são indivíduos que se
destacam e que dificilmente serão substituídos de forma satisfatória (BALDWIN,
1970, p. 362).
escassez de capital humano onde já era insuficiente e abundancia onde já era copioso,
portanto, contribuindo ao incremento da desigualdade entre países” (DOCQUIER, 2012, p.
725).
Segundo o último informe sobre “O Talento Global em Risco”, publicado pelo Foro
Econômico Mundial em 2011, dentro de vinte anos na Europa precisar-se-ão 46
milhões de novos empresários, engenheiros, doutores, especialistas em tecnologia,
cientistas e pesquisadores, técnicos, professores, enfermeiras, etc. para cobrir postos
de alta qualificação. E pode ser que, dentro de vinte anos, não tenham suficientes
pessoas talentosas para cobrir esses postos (ORGANIZACIÓN INTERNACIONAL
PARA LAS MIGRACIONES, 2016, p. 11).
[...] não surpreende que o produto bruto doméstico de uma nação esteja diretamente
influenciado por um agregado de realizações de seus residentes com grandes
habilidades na ciência, tecnologia, engenheira e matemática (STEM 2011, apud
ABAD, 2016, p. 104).
Nós propomos que políticas públicas específicas podem exercer grande influência na
qualidade das capacidades de liderança e competências numa economia em
particular. Políticas que incrementam a investimento total em educação, em
segurança pessoal, proteção da propriedade privada, assim como a
internacionalização da força de trabalho determinarão o fornecimento de líderes de
negócios de qualidade no país [...] capacidades e competências fornecidas pelo
investimento na educação e pela diversidade de sua força laboral e sua exposição a
fatores de internacionalização (IMD WORLD COMPETITIVENESS CENTER,
2016, p. 16).
O Brasil precisa cumprir com uma das funções mais importantes do processo de
escolarização que é a formação de cidadãos cônscios da realidade em que vivem, que
participem ativa, informada e conscientemente da vida social, política e econômica brasileira
na construção de uma sociedade mais justa e igualitária com respeito às diferencias
individuais. De tal modo, no tema da inclusão escolar sobre a perspectiva da diversidade é
fundamental a oportuna identificação de alunos AH/SD com o intuito de conservar e
desenvolver o capital humano em um mundo globalizado, onde a emigração descontrolada e
massiva de talentos pode ser prejudicial em longo prazo para a prosperidade de países em
desenvolvimento.
Além dos fatores educativos mencionados, a migração intelectual também pode estar
relacionada ao não aproveitamento profissional desses indivíduos em seu país ou no exterior.
Problema que se vê reforçado pelos processos de manutenção, rejeição e negociação
apontados anteriormente por Debiaggi (2004), afetando assim seu desempenho laboral e
profissional. “Geralmente o Departamento de Recursos Humanos não possui informações
suficientes dos indivíduos AHSD, e poucas vezes canalizam seus trabalhadores para serem
atendidos às instâncias adequadas” (ABAD, 2015, p. 103). Ocasionando que estes
“desenvolvam tarefas ou atividades rotineiras, que estão aquém de sua capacidade de
desempenho” (PÉREZ, 2008, p. 20).
No caso brasileiro, a situação pode ser grave não tanto pela quantidade de
“cérebros” que emigra, como pela quantidade dos que aqui ficam [...] já que estes,
[...] podem estar sendo mal utilizados pela sociedade em que vivem (TOSTA, 1972,
p. 17).
abusivo que pode ser considerado como violência paradigmática” (ABAD, 2015, p. 31). E, o
mais preocupante desse descaso, refere-se à possibilidade desses indivíduos AH/SD tornarem-
se problemáticos, podendo “apresentar comportamento social inadequado, hostilidade,
agressão com relação aos outros e delinquência social, [...] autoconceito negativo, insegurança
e sentimentos gerais de inadequação” (ALENCAR; VIRGOLIM, 2001 apud VIRGOLIM,
2010, p. 8), que podem acarretar o seu envolvimento em atividades ilícitas tanto em seu país
de origem, quanto no país ao qual migram. Ocasionando problemas de ordens jurídicos,
sociais e políticos internacionais.
Com alicerces no anteriormente analisado é importante que o governo brasileiro
implemente estratégias para manter o talento e, ao mesmo tempo, “deliberadamente
proporcione incentivos para estimular o retorno voluntário” (APPLEYARD, 1989, p. 325)
desse capital humano talentoso e alto-habilidoso. Podemos inferir então que o fato de muitos
brasileiros viajarem cotidianamente para o estrangeiro ocorre devido à procura de
oportunidades para conseguir melhores condições de vida. Isto com base no item da qualidade
de vida, no qual os países mais desenvolvidos ocupam melhores posições9.
Uma vez apontada à necessidade de melhorar o processo de indicação e identificação
do talento brasileiro e assentada a importância de entender os fatores que motivam à
emigração desses indivíduos, é preciso estimular o retorno voluntario do talento que mora
fora do Brasil. Para isso, será essencial entender quais são os incentivos e as motivações que
esses talentos têm para voltar:
[...] dependem das atitudes no momento da saída, que podem ser agrupadas em:
motivos familiares, [...] aposentadoria, [...] dificuldades encontradas no trabalho ou
problemas sem solução de integração no país anfitrião, [...] dinheiro suficientemente
poupado e metas atingidas, [...] oportunidades de trabalho no país de origem, [...]
inicio de negócio próprio, [...] razões privadas como doenças, morte, herança,
matrimonio, [...] perda do emprego no país anfitrião, [...] eventos políticos,
econômicos ou sociais no país anfitrião (xenofobia, racismo, perseguição, expulsão)
(APPLEYARD, 1989, p. 328).
9 Pode-se exemplificar através dos casos de migração de brasileiros à Guiana Francesa: a França está no lugar
23° do relatório, enquanto Brasil ocupa a posição 54°. (IMD WORLD COMPETITIVENESS CENTER, 2016, p.
94).
considera como um paradoxo que a saída de talento constitua um prejuízo para uma nação, e
ao mesmo tempo, a sua permanência não signifique um lucro para a mesma porque:
[...] a produção desses profissionais muitas vezes não é aproveitada pelos países
subdesenvolvidos onde trabalham. Portanto, é comum a existência de produtos
inventivos [e inovadores] que não são usados e, mais tarde, são incorporadas pelos
países desenvolvidos (TOSTA, 1972, p. 17).
Não significa que a emigração per se seja positiva ou negativa, mas serão as
caraterísticas do país emissor que farão ao final a diferença. Deste modo, a mobilidade
internacional de talentos pode ser fator de desenvolvimento educativo, social, cientifico,
econômico e cultural para alguns países, enquanto para outros, como Brasil, pode se tornar
fonte de maior assimetria econômica no futuro.
Com base nos fatores apresentados no relatório IMD e na análise feita por Dondé
(1989) no que se refere às medidas para manter e fomentar o retorno e reintegração dos
migrantes no Brasil. Com intuito de incrementar a habilidade do país para atrair, desenvolver
e reter o capital humano talentoso e alto-habilidoso, apresentam-se aqui algumas estratégias:
Identificar de maneira oportuna, prática e precisa indivíduos com
indicativos de AH/SD e talentosos, tanto em escolas públicas quanto
privadas.
Melhorar a educação mediante:
o Elaboração e implementação de políticas educativas que agilizem a
adoção de estratégias de desenvolvimento de talento com base nas
necessidades reais dos AH/SD.
o Investimento na estrutura física, equipamentos e recursos
multifuncionais das escolas e centros educativos.
o Diminuição da relação da proporção de professor x alunos na sala
de aula.
o Implementação e funcionamento real da Sala de Atendimento
Educacional Especializado (AEE) ou Núcleos de Educação
Especial e Inclusiva (NUEEI) em escolas públicas e privadas como
indicado nas Resoluções do Conselho Nacional de Educação CNE/
MEC nº 04/2009 e 2/2001.
o Formação continuada e sensibilização dos professores sobre o tema
de AH/SD.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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Accesso em 27 de fevereiro 2017.
Como citar:
ABAD, Alberto; MARQUES ABAD, Thaís Marluce. Altas Habilidades/Superdotação: emigração de
talento humano e impacto socioeconômico. Revista FOCO, v. 10, n. 3, p. 67 – 89, ago./dez. 2017.
Disponível em: <http://www.revistafocoadm.org/index.php/foco/article/view/424>
Direito autoral: Este artigo está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-
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