Você está na página 1de 12

Paramahansa Yogananda_____________________________________Círculo de Meditação de Vitória/ES

A Importância de Um Verdadeiro Guru

(Condensação de uma palestra proferida durante a


Convocação da Self Realization Fellowship em
1976, Los Angeles, por Brother Anandamoy).

A alma passa por três fases em sua evolução de regresso a Deus. A primeira, que é a
mais longa e a mais dolorosa, é aquela na qual Deus ensina através da lei do karma.
Nessa fase de desenvolvimento o ser humano aprende gradualmente através de seus
erros, colhendo os dolorosos resultados de suas ações equivocadas e de seus
pensamentos errados. Depois de longo tempo – muitas e muitas reencarnações – ele
começa a perguntar e a procurar respostas para a questão básica final: “O que é a vida?”
Este é o segundo estágio, no qual Deus ensina através de livros e professores.
Finalmente, quando o devoto se convence de que o propósito da vida é encontrar Deus, e
sua busca de Deus se torna imperativa, ele entra no terceiro estágio de sua evolução, e
então Deus vem a ele de forma mais direta – como um verdadeiro Guru.

Através dos tempos, o significado da palavra “guru” vem degenerando mesmo na Índia –
devido ao fato de que (especialmente nas eras de obscurantismo) não se encontram
muitos verdadeiros gurus. Eles não crescem nas árvores, como vocês sabem! E talvez
outra razão para esta degenerescência seja a tradução incorreta das escrituras. Por
exemplo, no Bhagavatham – uma das principais escrituras do Hinduísmo, escrita pelo
sábio Vyasa, que também escreveu o Mahabaratha – há uma estória sobre um santo da
Índia antiga que teve vinte e quatro mestres. E algumas traduções interpretam como vinte
e quatro “gurus”. Eu quero apenas lhes dar um par de exemplos do que eram esses
“gurus”: um era o ar, o outro a lua, outros eram uma abelha e uma pequena criança.

É claro que podemos aprender de todos os tipos de experiências: assim como o ar, por
exemplo, transporta aromas bons e maus sem ser afetado por eles, o sábio atravessa a
vida sendo exposto a todos os tipos de boas e más experiências, mas seu interior
permanece, no entanto, intocado por elas. Ou a lua – mesmo que aparente ser diferente
em cada fase, na verdade ela permanece a mesma. Do mesmo modo, a aparência do
sábio muda com o tempo – juventude, velhice e morte – mas sua alma permanece
sempre a mesma. Um sábio liberado está além das ilusões do mundo e é feliz e livre de
preocupações como uma criança (embora na criança, devido à ignorância, e no sábio à
auto-realização). É óbvio que podemos aprender valiosas lições desse tipo de “mestres”,
mas é incorreto considerá-los como gurus.

Condições de Um Verdadeiro Guru

O guru não é apenas um mestre, um verdadeiro guru é aquele que é designado por Deus
para levar o discípulo à realização de Deus. Isto significa que ele não está apenas
ensinando ou inspirando, ele na verdade se responsabiliza pela salvação do devoto – e
carrega, em grande parte, o peso do karma do discípulo. De acordo com a receptividade
do discípulo, o guru gradualmente abre as portas da realização, uma após outra, até abrir
a porta final da realização de Deus.

A fim de poder cumprir essa missão divina, a consciência do guru tem que ser uma com
Deus. Ele tem que possuir algumas qualidades divinas – tal como a onisciência. Ele tem
que conhecer as encarnações anteriores do discípulo, a fim de saber as condições
kármicas que afetam a vida atual do discípulo, de modo que possa minimizar os efeitos do
karma ruim ou eliminá-los completamente. O guru deve também ter onipotência para ser

http://srfvitoria-es.blogspot.com.br/_________________________________________________________1
Paramahansa Yogananda_____________________________________Círculo de Meditação de Vitória/ES

capaz de realizar isto. E, sobretudo, sua consciência tem de ser onipresente, porque
frequentemente ocorre que o discípulo e o guru não estão juntos no mesmo plano de
existência. O discípulo pode estar no plano físico e seu guru pode ter ido para o mundo
astral ou causal1. Mas um verdadeiro guru é onipresente da mesma forma que Deus é
onipresente, de modo que pode estar com seu discípulo a qualquer hora, em qualquer
lugar.

Os Diferentes Graus dos Mestres

Nosso Guru, Paramahansa Yogananda, explicou que existem vários graus de mestres:
jivanmuktas, siddhas e avatares2. Ele disse: “Um jivanmukta, no estrito sentido, diz
respeito a um yogue que renunciando a novos desejos, destruiu a própria raiz causal da
reencarnação. Um jivanmukta, no entanto, pode ter necessidade de retornar à Terra se
todas as sementes de suas encarnações passadas não tiverem sido totalmente
queimadas no fogo da sabedoria (ou da auto-realização). Alguns jivanmuktas destroem
todo o karma material passado depois da morte, através de determinados trabalhos no
cosmos astral. Ao completarem suas lições nas esferas astrais, eles não têm que retornar
a este mundo.

Em outras palavras, se uma pessoa está livre de desejos terrenos, mesmo que ainda
tenha algumas dívidas kármicas a pagar – ela não terá que regressar a Terra. Ela pode
trabalhar o restante de seu karma no mundo astral. Paramahansaji disse ainda: “Outros
jivanmuktas podem, nesta terra, materializar ações kármicas passadas, em visões, e
dessa forma, exaurir o poder que os faz reencarnar”.

No estágio mais elevado seguinte, a pessoa é chamada de paramukta ou siddha – uma


alma que se liberou completamente dos karmas físico, astral e causal. Quando, depois de
deixar o corpo, um siddha retorna à Terra (e isto acontece muito raramente), ele é uma
encarnação divina, um avatar, um canal de extraordinárias bênçãos para o mundo.

É o Nosso Guru Um Avatar?

Eu cheguei ao ashram nos últimos anos da vida de Paramahansa Yogananda. Naquela


época, havia uma discussão entre os monges: “É o nosso Guru um avatar”? E quando o
Mestre me chamou para acompanhá-lo ao deserto, onde ele estava terminando seus
escritos, esse pensamento voltou a mim novamente: “É ele um avatar”? Eu me lembrava
de ter lido na Autobiografia de um Yogue a parte em que Paramahansaji dizia que o corpo
de um avatar não está sob a compulsão da dualidade e que, por isso, não projeta sombra.
Pensei, “bem, isto é muito simples. O que tenho de fazer é olhar e observar se seu corpo
projeta ou não sombra”!

1
A criação de Deus consiste de três planos vibratórios: o denso mundo físico da matéria, o mundo sutil de
luminosa energia vital e, atrás de ambos, o mundo causal ou ideacional do pensamento. As almas
reencarnam repetidamente em um destes três mundos, atraídos pelos seus desejos por experiências
físicas, astrais ou causais. Quando, por evolução espiritual, uma alma supera todos os desejos físicos,
astrais e causais – e o karma produzido por esses desejos – ela alcança a liberação: liberdade eterna para
reencarnação compulsória em qualquer desses mundos, completa comunhão com o Deus Infinito dentro ou
além de toda a criação vibratória.
2
As escrituras hindus classificam minuciosamente cada estágio de avanço espiritual. Um siddha (ser
perfeito) progrediu de um estado de jivanmukta (liberto enquanto vivendo) para aquele de paramukta
(supremamente livre – total poder sobre a morte). Se um paramukta volta a um corpo físico, ele é um avatar.
Esta palavra sânscrita significa “descida”; suas raízes são ava e tri, “ato de passar”. Avatar significa a
descida da Divindade na carne.

http://srfvitoria-es.blogspot.com.br/_________________________________________________________2
Paramahansa Yogananda_____________________________________Círculo de Meditação de Vitória/ES

Os monges ficavam em uma pequena cabana afastada cerca de quatro milhas do retiro
do Mestre, e em certa manhã, enquanto guiávamos para seu retiro, pensei, “agora, hoje
vou olhar”. Naquela época, Guruji estava trabalhando dentro de casa, ditando suas
interpretações do Bhagavad Gita e eu trabalhava em construção do lado de fora.

Durante o dia todo eu trabalhei lá e o Mestre veio para fora duas ou três vezes e
conversou conosco. Mas ao me sentar no carro para regressar à nossa cabana ao
anoitecer, veio-me a ideia: “Esqueci-me de olhar”! E pensei, “amanhã”!

Na manhã seguinte, enquanto estava no carro, determinei “Agora, hoje vou olhar para sua
sombra”. Mas o mesmo ocorreu: esqueci-me ainda que o tivesse visto. Ele havia vindo
para fora e conversado conosco. E dessa forma continuou, dia após dia. A princípio
pensei que talvez se tratasse apenas de uma coincidência, mas quando isto continuou por
tantos e tantos dias, eu me dei conta: “Não, há algo especial aí! Ele tem algo a ver com
isto”. Então decidi sentar-me e pensar sobre o assunto: “Está bem”, eu pensei, ele mesmo
disse que poderia encher as maiores salas, e atrair centenas de milhares de pessoas,
através de milagres e coisas do gênero. Mas ele não estava interessado em atrair
pessoas com demonstrações de fenômenos. Ele disse, “Estou interessado naqueles que
vêm sinceramente com um desejo: amar a Deus e encontrar Deus”. Então raciocinei que,
já que ele não estava interessado em fazer milagres, ele não iria atrair atenção para si
mesmo, deixando que seu corpo não projetasse sombra, embora ele fosse um avatar.

No dia seguinte o Mestre veio, estávamos conversando e eu vi uma sombra. Eu segui a


sombra até o corpo do Guru e subi até seus olhos e eles dançavam com um riso. Então,
com sua bengala, ele me bateu na perna, de forma amigável. Ele não disse uma palavra.
E eu não disse uma palavra, pois estava perfeitamente satisfeito.

Em edição seguinte da Autobiografia de um Yogue, a edição de 1951 (da qual o Mestre


me deu uma cópia), procurei aquela passagem sobre a sombra e vi que ele a tinha
alterado. Ele não mais dizia que o corpo de um avatar não projeta sombra. Agora dizia
que o corpo de um avatar “ocasionalmente” não projeta sombra.

Algum tempo depois deste incidente, quando estávamos de volta a Mount Washington,
um dos monges formulou a Paramahansaji uma pergunta direta: “O Senhor é um avatar”?
(Como se pudéssemos compreender, com nosso pequeno intelecto humano, o que é um
avatar!). E a resposta do Mestre foi: “Sim. Um ensinamento desta importância não poderia
ter sido trazido por alguém menor”.

Uma Missão Mundial

Paramahansa Yogananda veio com uma missão mundial, ele veio para trazer à
humanidade a sagrada ciência da Kriya Yoga. Kriya Yoga havia sido esquecida durante a
era do obscurantismo, permanecendo conhecida apenas de uns poucos. Lahiri Mahasaya
foi o primeiro a ensinar Kriya abertamente em tempos modernos – mas ele proibiu seus
discípulos de iniciarem uma organização para disseminar os ensinamentos de Kriya Yoga,
porque ele sabia que Deus e os Grandes Mestres haviam dado essa missão a
Paramahansa Yogananda – não apenas para disseminar os ensinamentos de Kriya Yoga
através do mundo – mas para manter puros esses ensinamentos.

Nós estamos muito próximos do início do trabalho da Self Realization Fellowship para
apreciar sua grandeza e a influência que um dia terá no mundo. O Mestre uma vez nos

http://srfvitoria-es.blogspot.com.br/_________________________________________________________3
Paramahansa Yogananda_____________________________________Círculo de Meditação de Vitória/ES

disse: “Milhões encontrarão Deus através desses ensinamentos”. E quando um dos


monges olhou para ele interrogativamente, como se dissesse que ele devia ter
exagerado, a resposta dele foi muito enfática: “Eu não quis dizer milhares; eu me referi a
milhões!”.

Nas lições da Self Realization Fellowship, Paramahansaji diz: “Estão implícitas nas
técnicas e nos ensinamentos da SRF a ajuda e as bênçãos da linha de Gurus da SRF”.
Isto significa que um verdadeiro guru, como disse anteriormente, não está apenas
ensinando ou servindo de inspiração; ele assume, em grandes proporções, o peso do
karma de seus discípulos. Como ele disse, “o discípulo faz 25%, o guru faz 25% e 50% é
a graça de Deus”. Agora podem vocês imaginar o que seja assumir 25% do karma de
milhões de discípulos?! Quem poderia fazer isto a não ser uma encarnação de Deus?
Obviamente, um jivanmukta – um que ainda esteja trabalhando seu próprio karma – não
poderia fazê-lo. Mesmo um siddha não poderia assumir essa tremenda tarefa; seria
necessário um avatar.

Eu quero ser claro neste ponto, porque algumas pessoas usam o termo “guru”
irrefletidamente, o que dá a impressão de que existem muitos gurus. Além do mais,
alguns que se afastaram da Self Realization Fellowship declaram-se “gurus” e dão
iniciação em Kriya. Não se deixem enganar. O próprio Mestre disse: “Eu sou o último da
linha dos Gurus da Self Realization Fellowship (Mahavatar Babaji, Lahiri Mahasaya,
Swami Sri Yukteswar e Paramahansa Yogananda)”. É necessária uma encarnação divina
para assumir essa tarefa mundial – geração após geração. É por isto que Rajarsi
Janakananda que, conforme o Mestre disse, era um siddha, declarou publicamente,
pouco depois do falecimento do Mestre: “Não haverá outro Guru (SRF)... ele continuará
sempre sendo nosso preceptor”.

Reconhecendo Seu Guru

Talvez alguns de vocês ainda estejam procurando e não estejam muito seguros de quem
seja seu guru. Às vezes é muito difícil reconhecer as grandes almas. Se lerem a Bíblia,
vocês verão que muito poucos reconheceram a magnitude espiritual de Jesus. O mesmo
ocorreu com nosso Guru, muitos o viram, mas muito poucos o reconheceram pelo que era
porque exteriormente ele apresentava ser um mortal comum.

No Bhagavad Gita (VI:31) o Senhor Krishna diz: “Permanece sempre em Mim aquele
yogue que, ancorado na unidade divina, não importa qual seja seu modo de existência –
vê a Mim em todos os seres”. Não importa qual seja seu modo de existência – isto
significa que não podemos julgar pelo seu papel exterior. A fim de reconhecer a
espiritualidade de uma grande alma, nossa consciência tem primeiramente que ser
purificada pela evolução. Paramahansaji escreveu: “O yogue realizado é consciente
apenas de Deus. Quando ele aparentemente se identifica com seu corpo e com trabalhos
externos ele se apresenta como um mortal comum, mas dentro de si ele retém sempre a
consciência do Sempre-Abençoado Senhor”.

Sri Daya Mata nos contou que o Mestre, pouco antes de deixar seu corpo, lhe dissera:
“Quando eu tiver partido, o mundo saberá quem sou”. Sobre isto Daya Mata comentou:
“Dêem-se conta de que ele não disse quem eu fui, mas “o que eu sou” – querendo dizer,
“consciência eterna, unidade com Deus”.

http://srfvitoria-es.blogspot.com.br/_________________________________________________________4
Paramahansa Yogananda_____________________________________Círculo de Meditação de Vitória/ES

Eu Vivo a Vida de Todos Vocês

Novamente no Gita (VI:32) o Senhor Krishna diz: “Oh, Arjuna, o melhor tipo de yogue é
aquele que sente pelos outros, quer na dor ou na alegria, do mesmo modo que sente por
si mesmo”.

O Mestre escreveu acerca dessa passagem: “O yogue que é uno com o Pai é
simultaneamente consciente dos maiores e dos menores acontecimentos do universo”.
Você pode imaginar isto? Tudo no universo inteiro! Esta além da compreensão humana. E
continua: “Um devoto que percebe Deus em todos os seres sente naturalmente, como
suas, as alegrias e as dores dos outros seres. Ele não deseja mal a ninguém, mas tenta
fazer o bem a todos”. Nós vimos nosso Guru exemplificar isto muitas e muitas vezes.

Uma vez na Sede Central eu estava caminhando com o Mestre do prédio administrativo
para o carro, ele estava partindo para o deserto. Enquanto caminhávamos, uma devota
veio a ele e lhe contou seus problemas – com lágrimas e muita emoção. Já que eu estava
com ele não pude deixar de escutá-la. Enquanto ela continuava a chorar, pensei: “O que
ela está passando realmente não é muito”; parecia algo banal. Mas o Mestre teve uma
atitude totalmente diferente. Ele escutou aquela mulher como se seu problema fosse a
coisa mais importante em todo o mundo – total identificação, tal como uma mãe que sente
por seu filho e sente com seu filho. Ele a consolou e quando ela havia partido, ele me
olhou e disse: “Você sabe, eu vivo a vida de todos vocês. Eu vivo ambos os papéis, o
humano e o divino, e às vezes é difícil separá-los”. Assim é o guru. Ele sente por nós
como uma mãe – e mais ainda!

Naquele comentário sobre o Bhagavad Gita, o Mestre continua: “O yogue que é livre,
mesmo enquanto sente os prazeres e as dores de seu corpo, é aquele que pode reter a
consciência de Deus. Além disso, ele sente as alegrias e as dores de outros. No entanto,
além de todas as experiências da dualidade, ele se dá conta da bênção cósmica de Deus,
sempre transcendentalmente existente. Tal yogue tenta ajudar os outros a encontrarem
Deus e a se elevarem acima das alternativas, de dor e prazer, nascidas da identificação
com o corpo”. Em outras palavras, um verdadeiro mestre funciona em todos os níveis.

Houve muitos exemplos disto na vida de Paramahansaji. Eu me lembro de uma ocasião


perto do fim da sua vida, um período em que ele sofria fisicamente porque estava
assumindo em seu próprio corpo o karma de muitos dos seus discípulos 3. Guruji não
podia caminhar naquela época e ele pediu a outro monge e a mim para carregá-lo.
Quando o levantamos, ele gemeu de dor; e ao mesmo tempo eu sentei tal alegria interior
que tive dificuldade de suportá-la. Pensei: “Ele está sofrendo tanto e eu estou ficando
quase louco de alegria! Se eu pudesse carregar apenas um pouco de sua carga!”. (Vocês
podem imaginar eu carregando parte da carga que ele assumiu?!). Então ele olhou para
mim e sorriu, dizendo: “Não se preocupe, sua parcela chegará”.

Mais tarde, quando estava sozinho, pensei novamente sobre o ocorrido “Como era
possível que eu tivesse sentido tanta alegria quando ele sofria tal agonia?”. Então veio a

3
Na sua Autobiografia de um Yogue Paramahansa Yogananda escreveu: “O método metafísico da remoção
da doença física é conhecido pelos yogues elevadamente avançados. Um homem forte pode dar
assistência a um fraco, ajudando-o a carregar uma carga pesada, um super-homem espiritual é capaz de
minimizar os sofrimentos físicos e mentais de seus discípulos, assumindo uma parte do seu fardo kármico.
Assim como um homem renuncia algum dinheiro quando paga um grande débito para seu filho pródigo, que
é assim salvo das calamitosas consequências da sua loucura, assim também um mestre espontaneamente
sacrifica uma parte da saúde do seu corpo para iluminar a miséria de discípulos”.

http://srfvitoria-es.blogspot.com.br/_________________________________________________________5
Paramahansa Yogananda_____________________________________Círculo de Meditação de Vitória/ES

mim que: “Ah, ele apenas queria mostrar-me – fisicamente sim, havia sofrimento, mas sua
consciência interior estava intocada – por dentro, ele sentia apenas a felicidade de Deus”.
Devido ao meu sentimento, eu pude talvez sintonizar com o nível mais elevado de seu ser
e assim senti tanto quanto podia naquela época, a felicidade que era dele.

Sintonia com o Guru

É importante compreender que não temos necessariamente que estar na presença física
de um guru para receber sua orientação e bênção: tudo depende apenas de nossa
sintonia interna.

Eu transcrevo do livro A Ciência Sagrada, de Swami Sri Yukteswarji: “Manter a comunhão


com o Guru não é apenas estar em sua presença física (já que isto é algumas vezes
impossível), mas significa principalmente mantê-lo em nossos corações e ser um com ele
em princípio e nos sintonizarmos desta forma com ele. Lembrem-se de que o Guru é
onipresente: estar em sintonia, portanto, com o instrumento de Deus (o Guru) é associá-lo
com Sraddha, o amor do coração (...) mantendo a sua imagem e os seus atributos
inteiramente em nossa mente, refletindo sobre os mesmos e seguindo amorosa e
docilmente suas instruções”.

Quando falamos de sintonia, lembro-me de Sri Gyanamata, uma das grandes discípulas
de Paramahansaji. Após a visita que o Mestre fez a ela em Seattle, em 1925, ela
escreveu a ele: “Depois que o Senhor partiu de Seattle, eu me perguntei que método eu
deveria seguir para ser receptiva ao Senhor. Eu não pude pensar de outra maneira senão
em mantê-lo em minha mente por atos deliberados. Assim, às 7 horas cada manhã, eu
parava o que quer que estivesse fazendo e me concentrava por um momento, dizendo:”
Ele está orando por mim “. Eu mentalmente o seguia pelo país, enquanto o Senhor ia de
cidade em cidade fazendo palestras”.

Vocês veem como isto é bonito? De que forma tão pessoal ela o coloca? Quanto mais
pessoal, maior é a sintonia, mais perto você estará e mais receptivo. Pensemos: “Ele veio
por mim, ele está me abençoando, ele está me ajudando” porque quando vocês pensam
desta forma, vocês se tornam interiormente receptivos à sua ajuda.

Sua carta continua: “Senhor se lembra de que eu o levei ao meu quarto no segundo
andar, quando o Senhor veio à minha casa em Seattle? Silenciosamente o Senhor olhou
para minhas fotos de santos e então, virando as costas para a longa fila de janelas, o
Senhor rezou para mim muito suavemente e deu-me minha primeira bênção, aquela que
me permitiu ouvir o OM4. Depois disto, enquanto permaneci em Seattle, um vaso de flores
de laranjeiras ficava no chão para marcar o lugar em que o Senhor tinha ficado”.

“Agora no meu quarto está o terço do Monte das Oliveiras, junto com minhas contas de
Kriya e com a pequena pedrinha branca que o Senhor abençoou para mim da última vez
que estive doente, todos foram dados pelo Senhor, logo são todos sagrados. Esta carta
ficaria muito longa se eu escrevesse todas as coisas que fiz para que o Senhor se
tornasse uma presença real em meu quarto, em minha mente e em minha alma”.

4
OM – A “palavra” ou Espírito Santo mencionada na Bíblia – é a vibração de Deus que a tudo penetra, que
mantém a criação. Ela pode ser experimentada quando a consciência se torna harmonizada através da
prática das técnicas da meditação, como as ensinadas nas Lições da Self Realization Fellowship.

http://srfvitoria-es.blogspot.com.br/_________________________________________________________6
Paramahansa Yogananda_____________________________________Círculo de Meditação de Vitória/ES

“O caminho pelo qual o Senhor me alcançou é agora bastante trilhado. Eu não necessito
mais de ajudas externas, mas eu gosto delas do mesmo jeito e acrescento outra à lista
sempre que me ocorre uma nova”.

Vocês veem apenas pequenas coisas. Façam tudo simples. A prática da presença de
Deus e do Guru é realmente muito simples. Estamos sempre pensando em algo, não é
assim? Tudo que temos de fazer é controlar nossos pensamentos. Algumas pessoas
estão sempre pensando em dinheiro, outras em problemas e outras sobre si mesmas. Por
que não pensar em Deus e no Guru? As outras coisas não nos ajudam muito.

Métodos Espirituais de Sintonia

O Mestre se referia a um “método espiritual” de sintonia quando escreveu a um discípulo:

“Um discípulo que reside longe do guru pode praticar um método espiritual de comunhão.
O guru, sendo uno com Deus, está presente em todas as partes – inclusive no centro de
sabedoria de todas as pessoas (no ponto entre as sobrancelhas). No final da meditação
de cada noite, o discípulo deveria concentrar-se no ponto entre as sobrancelhas e
visualizar a imagem de seu Guru. Pensando nele com amor e devoção, o discípulo
deveria perguntar as questões que deseja serem respondidas. Se a visualização e a
concentração no Guru forem profundas, o discípulo receberá invariavelmente respostas
silenciosas a suas perguntas na forma de novas percepções”.

Vocês compreendem? Sintonizar não significa necessariamente ouvir vozes – não são
fenômenos. Quando a consciência se eleva, a intuição vem naturalmente, e o devoto se
torna receptivo à orientação e bênçãos do Guru, de modo que ele ou ela sabem o que
fazer.

Uma vez o Mestre disse a um membro para manter companhia espiritual e o homem
perguntou: “O que fazer quando estou sozinho, quando não posso estar em companhia
espiritual?” O Mestre respondeu: “Não estou sempre contigo?” É isto que temos de
cultivar – o pensamento de que ele está sempre conosco. Como disse Sri Yukteswarji:
“Manter companhia com o Guru significa principalmente mantê-lo em nossos corações.
Trata-se de um contato íntimo e espiritual”.

O Mestre Paramahansa Yogananda escreveu a um discípulo: “Espiritualmente eu o


contatei muitas vezes, e a sua devoção recebeu vibrações minhas diversas vezes”. Isto é
o que Jesus quis dizer quando falou: “Quem me tocou? Um poder saiu de mim”.

Aquela carta continuava: “O contato físico e as cartas também nem sempre são
necessárias porque, se o devoto, com profunda concentração mental irradia a seu guru, o
guru recebe e da mesma forma envia silenciosamente de volta a ajuda necessária. Sua
dificuldade não reside em outra coisa senão em que deve alcançar maiores profundidades
na meditação. Por quê? Porque quanto mais nos aprofundamos na meditação, menos
irrequietos nos tornamos. E quanto menos irrequietos formos, mais receptivos seremos.
Sinta-se feliz ao meditar, mas nunca fique satisfeito de forma a pensar que já atingiu o fim
e, dessa forma, deixe de fazer esforços mais profundos na meditação. Você deve
lembrar-se de que a intensidade na meditação é da maior importância”.

O Mestre, é claro, frequentemente enfatizava a importância da meditação para se


conseguir sintonia. Em outra carta, ele escreveu: “Sua sintonia com Deus e o Guru
adquirida através da meditação é tudo o que há de mais importante no momento atual,

http://srfvitoria-es.blogspot.com.br/_________________________________________________________7
Paramahansa Yogananda_____________________________________Círculo de Meditação de Vitória/ES

porque embora você possa sentir os efeitos (desagradáveis) dos tratamentos médicos até
um certo ponto, lembre-se que nem sempre pode dar-se conta do quanto a ajuda dos
Grandes Mestres o aliviou daqueles efeitos”.

E ainda em outra carta: “É sempre melhor viver sob a proteção e orientação de um guru
realizado, pois para se encontrar Deus é necessário ter um guru. A SRF tem seu Guru. E
é necessário apenas sintonizar-se com ele profundamente para encontrar toda a
orientação que se quer. É interiormente e não exteriormente que o Guru nos guia com
segurança através dos infindáveis perigos e decepções da ilusão”.

Obediência ao Guru

Outro importante aspecto para desenvolver sintonia é obediência ao guru. Como disse Sri
Yukteswarji, a gente deveria “afetuosamente seguir suas instruções como um cordeiro” –
o que não é muito fácil. Mas através de encarnações viemos seguindo nossos próprios
egos e vejam aonde chegamos! Obediência ao guru significa a destruição do ego.

Uma vez, numa ocasião especial, o Mestre deu a uma devota uma rosa amarela e ela
disse: “Eu não quero uma amarela, quero a vermelha”. E o Mestre disse: “O que eu lhe
der, você aceite!”. Para nós, a atitude dela pode parecer ridícula! Podemos pensar, “Se o
Guru fosse dar-me uma rosa amarela, eu ficaria feliz em recebê-la. Por que deveria eu
querer uma vermelha?”. Mas se analisarmos nossas vidas, veremos que quando surge
um teste espiritual – alguma condição ou circunstância de que não gostamos, dizemos:
“Não, eu não quero isso, eu quero a rosa vermelha”.

É importante compreendermos que não é o Guru que cria esses testes – há muita
incompreensão nessa área. Os testes vêm porque nós os criamos. Se dói significa que é
nosso karma – criado por nós. O Guru, apenas uma vez por outra, arranja situações que
nos forçam a enfrentar nossos problemas diretamente e a superá-los mais rapidamente.
Depois de tudo, teremos que triunfar sobre eles algum dia. E quando estamos tentando
agradar a Deus e ao Guru com nossas ações, eles nos ajudam a superar todos os
obstáculos. Deixem-me dar-lhes um exemplo.

Eu estava no ashram apenas há poucos dias quando o Mestre foi a São Francisco para
fazer uma palestra sobre yoga. Naqueles dias, as pessoas queriam uma demonstração de
yoga. Ele levou consigo um dos monges para apresentar algumas das posturas de yoga.
Nós não enfatizávamos muito aquelas posturas e o monge estava preocupado. “Agora eu
tenho que fazer as posturas em frente de todas aquelas pessoas e eu não as tenho
praticado. Eu não consigo nem mesmo fazer a posição de lótus!” Ele sentou-se e tentou,
mas não conseguiu. Eu disse: “Não se preocupe. Se ele te pediu para ir, tudo vai sair
bem”. (Eu estava muito feliz porque eu também não tinha que ir!).

Eles foram a São Francisco e quando voltaram, o monge estava radiante. Ele disse:
“Tudo correu exatamente como se eu viesse praticando toda a vida. O Mestre apresentou
cada postura e eu as fiz perfeitamente. Agora eu as posso fazer todas – vejam!”. Ele
sentou-se no chão, tentou a postura de lótus e descobriu que já não podia fazê-la.

Naturalmente aquela estória correu todo o ashram! Mais tarde, quando chegou o
momento de dedicação do Lake Shrine, haveria outra apresentação de ásanas e um
jovem rapaz, um adolescente, pediu ao Mestre se ele poderia estar no grupo. Ele queria
ser o centro das atenções. Ele também não podia fazer algumas das posturas, mas ele se
lembrava do que tinha acontecido em São Francisco e pensou: “Bem, na frente de todas

http://srfvitoria-es.blogspot.com.br/_________________________________________________________8
Paramahansa Yogananda_____________________________________Círculo de Meditação de Vitória/ES

aquelas pessoas, o Mestre terá que me ajudar – de outro modo, será prejudicial à sua
reputação como um guru”. Assim ele suplicou ao Mestre que deixasse tomar parte na
demonstração e finalmente o Mestre cedeu.

Bem, quanto chegou a ocasião, ele não pode fazer algumas das posturas e o Mestre não
o ajudou, apesar da presença de tantas pessoas.

Ao primeiro monge ele ajudou porque ele havia abandonado seus próprios desejos e
seguido a vontade do Guruji, ao outro ele não ajudou porque o motivo daquele monge era
egoísta e calculista – ele queria elogios e atenção.

A atenção exterior do Guru não é o que devemos buscar. Eu me lembro de uma época
em que, por vários dias, o Mestre me ignorou completamente. E um dia, quando ele
descia de elevador, os monges estavam esperando no térreo para saudá-lo. Quando me
ajoelhei para tirar a poeira de seus pés (como costumávamos fazer, seguindo o
antiquíssimo costume da Índia) pensei: “Ele vai ignorar-me hoje novamente”. Como um
relâmpago o Mestre tirou o chale que estava usando e o enrolou ao redor da minha
cabeça como um turbante e, então, disse: “Olhem ara ele! Olhem o pashá – todos olhem
para ele!” Eu senti vontade de enfiar-me debaixo da terra e de nunca mais retornar! Mas
aquilo me ensinou – não é a atenção exterior ou reconhecimento do guru que importa.
Isto apenas satisfaz o ego. É o contato interno que satisfaz a alma.

Lealdade – A Mais Elevada Lei Espiritual

Para desenvolver sintonia, a qualidade mais importante é a lealdade. Lealdade é a mais


elevada lei espiritual. E a deslealdade é o maior “crime” contra Deus. O Mestre disse
acerca da lealdade: “O guru pode os ajudar mais se vocês não diluírem suas forças. A
sintonia com o guru vem através de uma total lealdade a ele e a seus associados e
atividades, através da obediência voluntária aos seus conselhos verbais ou em seus
ensinamentos, através da visualização dele no olho espiritual, e através da devoção
incondicional a ele. Nas almas daqueles que estão sintonizados com o guru, ele pode
estabelecer um templo de Deus. Esta é a lei”.

O Mestre também disse: “Muitas pessoas se preocupam por terem uma visão acanhada
antes de aprenderem a ser equilibradas. Os buscadores superficiais, em seu desejo de
aparentarem uma visão ampla, absorvem indiscriminadamente ideias diferentes sem
primeiro destilarem a essência da própria verdade dentro deles, pela realização. O
resultado é uma consciência espiritual fraca e diluída. Embora eu sinta amor por todas as
verdadeiras religiões e por todos os verdadeiros professores espirituais, vocês veem que
eu sou inteiramente leal ao meu próprio Guru. Todas as verdadeiras religiões levam a
Deus. Procure até encontrar o ensinamento espiritual que lhe atraia e que satisfaça
inteiramente seu coração e, uma vez tendo-o encontrado, não deixe que nada mais o
afaste dele. Dê a esse caminho sua completa atenção. Ponha sua total consciência nele e
você encontrará os resultados que procura”.

Nós não encontramos muita lealdade no mundo hoje em dia – no trabalho, na política – as
pessoas facilmente trocam suas alianças de acordo com o que podem ganhar. Nas
relações humanas, é o mesmo: “Se não consigo o que quero, a relação está terminada,
procurarei outra pessoa”. E essa atitude tem sido levada para o caminho espiritual: se o
discípulo se depara com um teste, ou alguma instrução que não lhe agrade, ele diz: “Oh!
Eu não tenho que aguentar isso. Procurarei outro caminho, procurarei um outro professor
mais fácil”. Mas a lei espiritual não funciona dessa forma.

http://srfvitoria-es.blogspot.com.br/_________________________________________________________9
Paramahansa Yogananda_____________________________________Círculo de Meditação de Vitória/ES

A confusão e as mudanças que afligem a sociedade afetaram a consciência humana


muito profundamente. O homem se tornou irrequieto e volúvel e se esqueceu de que,
apesar de todas as variações dos padrões externos, existem leis espirituais eternas.

Essas leis permanecem válidas não importa em que época, ou qual a condição externa –
e a mais elevada dessas leis espirituais é a da lealdade.

Paramahansaji disse: “Resultados espirituais são obtidos pela prática das técnicas e dos
princípios dados pelo Guru e pela devoção ao trabalho do guru”. O que o Mestre nos deu
é suficiente – não temos que buscar nada mais em outra parte.

Para cada discípulo sincero, Paramahansaji fez essa promessa: “Deus o enviou a mim e
eu nunca lhe faltarei. Tudo o que lhe peço é o seguinte: nunca tente me enganar, porque
você não pode. Seja sempre sincero comigo, porque estou bem dentro de seu coração e
sinto cada um de seus pensamentos”.

“Mesmo quando eu tiver partido, minha ajuda será sempre dada aos verdadeiros devotos
em todo o mundo, se se mantiverem sintonizados. Nunca pensem por um momento
sequer que quando estou fisicamente afastado de todos vocês, não esteja com vocês de
outra forma. Eu estarei igualmente interessado no bem-estar espiritual de vocês, quando
não mais estiver neste corpo em que estou agora. Eu sempre estarei cuidando de cada
um de vocês, e cada vez que um verdadeiro devoto pensar em mim nas profundezas
silenciosas de sua alma saberá que me encontro junto a ele”.

O Guru é Onipresente

Se vocês sentem pena porque não estiveram aqui quando Paramahansaji estava
fisicamente presente, lembrem-se de que ele disse: “Eu conheço aquelas almas que
estão realmente interessadas, e conheço aquelas almas que estão destinadas a vir no
futuro e que seguirão este caminho firmemente. Eu estou com elas e elas estão comigo”.
Um verdadeiro mestre está além das limitações de tempo e espaço – estes aspectos da
ilusão não existem em sua consciência. Ele está aqui, ele está agora.

Vocês se lembram da estória da bíblia da vez em que Jesus estava dormindo num barco
com seus discípulos e surgiu uma tempestade? Pensando que ele não estava ciente do
perigo, os discípulos tiveram medo e o despertaram. Jesus lhes fez uma reprimenda
dizendo: “Por que vocês estão tão amedrontados? Como é que não têm fé?” Aquele que
tem a consciência infinita está sempre desperto no Espírito. O mesmo ocorria com
Paramahansaji. Não importa o que fazíamos, se estávamos perto ou longe, não importa o
que pensávamos – ele sempre sabia. E quando ele sentia que era importante, ele nos
deixava saber. Geralmente ele não precisava, porque sabíamos que ele sabia, e isto era
suficiente.

Eu me dei conta através de entrevistas de que alguns devotos neste caminho pensam
que o Guru está longe – é a maior das ilusões. No primeiro aniversário do maha samadhi
de nosso Guru eu fui com uns poucos monges a Forest Lawn. Enquanto lá estávamos
diante de sua cripta, de repente eu tive a mais tremenda experiência de sua presença –
não vindo de trás da parede, mas bem dentro de mim, em meu interior. Então pensei, “Ele
está tentando ensinar-me: Você não precisa ir a qualquer lugar especial. Eu estou com
você, eu estou bem dentro de você”. Pense sobre isto, pratique a presença interna. O
Mestre disse: “Eu estou em seu coração”.

http://srfvitoria-es.blogspot.com.br/_________________________________________________________10
Paramahansa Yogananda_____________________________________Círculo de Meditação de Vitória/ES

Devoção

Na Autobiografia de Um Yogue Swami Kebalananda fala de seu guru, Lahiri Mahasaya:


“O Mestre era um templo de Deus vivente, cujas portas secretas se abriam a todos os
discípulos através da devoção”. Através do pensamento devocional do Guru, atraímos
sua presença, é a lei do magnetismo. Como disse o Mestre: “Aquele que medita
profundamente na imagem e na mentalidade de uma alma divina atrai a natureza daquele
santo e participa do magnetismo espiritual daquela alma”.

Pensando e visualizando o Guru – cuja consciência é uma com Deus – você atrai sua
natureza através da lei do magnetismo e você participa de suas bênçãos espirituais.
Lembre-se do que o Guru disse tão lindamente em seu cântico Livra-nos da ilusão:
“Mentaliza em teu coração os pés de lótus do teu Guru, se queres atravessar o oceano da
ilusão”. Na meditação, pense nele como estando no centro Crístico, ou em seu coração.
Ele está assim perto, ele está em você. O Guru é aquele que assumiu a responsabilidade
pela sua iluminação, sua liberdade em Deus. Ele é o que mais ama, o que mais ama –
mesmo nas pequenas coisas. Deixe-me dar mais alguns exemplos disso.

Nos últimos dias antes de Paramahansaji deixar seu corpo, eu tinha uma necessidade
muito forte de guardar tudo que ele tocasse. Agora, muitas vezes quando o Mestre
chegava a Mt. Washington ele tomava meu braço para encaminhar-se ao elevador. Uns
dois dias antes de sua partida, eu estava usando terno e gravata quando Mestre
regressou a Mt. Washington. Eu pensei: “Se ele segurar meu braço, eu cortarei a manga
de meu casaco e a guardarei”.

Quando ele desceu do carro, ele me chamou. Então ele segurou minha mão – muito
cuidadosamente, de modo a não tocar no meu casaco. Caminhamos para o elevador e
quando nos juntamos aos outros monges, o Mestre começou a falar a nós todos.
Enquanto falava ele tirou minha gravata muito cuidadosamente, sem tocar em meu
casaco. Ele brincou com a gravata e depois a pôs de volta, sempre muito
cuidadosamente, para não tocar o meu casaco. Então ele sorriu para mim como dizendo:
“Você está satisfeito agora?”. Eu simplesmente queria algo como uma lembrança dele, e
ele satisfez aquele pequeno desejo de forma a que eu pudesse guardar a gravata sem ter
de cortar a manga de meu casaco.

Eu Lá Estarei Quando Sua Maior Necessidade Vier

Um dos monges da Self Realization Fellowship, Brother Sarolananda, esteve doente


durante a última parte de sua vida e durante algum tempo eu tomava conta dele. (Isto
ocorreu muitos anos depois do passamento do Mestre). Sarolananda sabia que a morte
estava se aproximando e me disse: “Você sabe, por mais que eu me esforçasse, nunca
pude me aprofundar na meditação”. Eu disse: “Não se preocupe. Com sua devoção, seu
serviço e sua sinceridade para com o Guru, você estará bem”. Quando ele estava no
hospital uns dois dias apenas antes de partir, eu o vi e ele estava radiante. Ele me disse:
“O Mestre veio a mim e me deu a experiência – eu vi o Deus vivente!” Naquela ocasião
ele perguntou ao Mestre: “O Senhor me levará agora?” E o Guru respondeu: “Não
exatamente agora”.

Antes de tornar-se um monge, Sarolananda havia sido casado. Ele tinha um filho e o
maior desejo de seu coração era trazer seu filho para o caminho da Self Realization. Anos
antes, ele havia dado a seu filho um exemplar do Autobiografia de um Yogue, mas seu
filho não foi receptivo naquela ocasião. No entanto, quando Sarolananda estava em

http://srfvitoria-es.blogspot.com.br/_________________________________________________________11
Paramahansa Yogananda_____________________________________Círculo de Meditação de Vitória/ES

seu leito de morte, seu filho o procurou e disse: “Pai, eu agora finalmente. compreendo o
que tudo isto significa. Eu li a Autobiografia novamente e agora estou pronto para
ingressar nesse caminho”. Esse era o último desejo que Sarolananda tinha. O Mestre
havia esperado ate que esse desejo fosse satisfeito, então disse: “Agora” e Sarolananda
se foi.

Esta é a relação guru x discípulo: lealdade incondicional, incondicional e eterno amor.


Essa relação não está condicionada pelo tempo e espaço, ela não dura apenas alguns
meses, ou alguns anos ou até o fim da vida. Ela é eterna. Com o relacionamento humano
comum, o que se poderá dizer quando chegar a hora de morrer? “Adeus, queridos, foi um
prazer”. Mas é diferente com o Guru – ele está junto com você. Paramahansaji disse: “Eu
estarei lá quando a sua maior necessidade chegar”. Esta é a coisa mais maravilhosa –
palavras não a podem descrever. Com o Guru você tem segurança não apenas nesta
vida, mas para sempre. Como disse Kabir: “O Guru é grande além das palavras e grande
é a boa fortuna do discípulo”.

http://srfvitoria-es.blogspot.com.br/_________________________________________________________12

Você também pode gostar