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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável da Região de Integração Lago de Tucuruí

Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ

• Casa Civil do Governo do Estado;


• Secretaria de Estado de Integração Regional;
• Secretaria de Estado de Agricultura;
• Secretaria de Estado de Assistência e Desenvolvimento Social;
• Secretaria de Estado de Cultura;
• Secretaria de Estado de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia;
• Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Regional;
• Secretaria de Estado de Educação;
• Secretaria de Estado da Fazenda;
• Secretária de Estado de Governo;
• Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos;
• Secretaria de Estado de Meio Ambiente;
• Secretaria de Estado de Obras Públicas;
• Secretaria de Estado de Pesca e Aquicultura;
• Secretária de Estado de Planejamento;
• Secretaria de Estado de Projetos Estratégicos;
• Secretaria de Estado de Saúde Pública;
• Secretaria de Estado de Segurança Pública;
• Secretaria de Estado de Trabalho, Emprego e Renda;
• Secretaria de Estado de Transportes;
• Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará;
• Instituto de Desenvolvimento Florestal do Pará;
• Instituto de Terras do Pará;
• Companhia Paraense de Turismo;
• Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural.

GOVERNO FEDERAL

• Casa Civil da Presidência da República;


• Secretaria Geral da Presidência da República;
• Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;
• Ministério da Educação;
• Ministério da Saúde;
• Ministério das Cidades;
• Ministério de Minas e Energia
• Ministério do Desenvolvimento Agrário;
• Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome;
• Ministério da Integração Nacional
• Ministério do Meio Ambiente;
• Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão;
• Ministério dos Transportes;
• Ministério do Trabalho e Emprego;
• Ministério da Justiça
• Ministério da Pesca e Aquicultura
• Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República
• Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República
• Centrais Elétricas do Norte do Brasil/S.A;

CONSULTORIA
• Universidade Federal do Pará - UFPA
• Núcleo de Altos Estudos Amazônicos - NAEA
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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO ............................................................................................................. 7

2. ÁREA DE ABRANGÊNCIA DO PLANO......................................................................... 9

3. DIAGNÓSTICO SÓCIO-ECONÔMICO E AMBIENTAL ............................................ 12

3.1. CONTEXTO HISTÓRICO ........................................................................................ 12

3.2. POVOS TRADICIONAIS E UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DE USO

SUSTENTÁVEL NO LAGO DE TUCURUÍ ................................................................... 18

3.3. CONTEXTO NATURAL DA REGIÃO LAGO DE TUCURUÍ .............................. 20

3.4. SITUAÇÃO FUNDIÁRIA DA REGIÃO LAGO DE TUCURUÍ ............................. 37

3.5. DEMOGRAFIA E CRESCIMENTO URBANO ....................................................... 41

3.6. DINÂMICA ECONÔMICA DA REGIÃO LAGO DE TUCURUÍ .......................... 57

3.7.ESTRUTURA DOS SERVIÇOS SOCIAIS EXISTENTES NOS MUNICÍPIOS DA

REGIÃO LAGO DE TUCURUÍ ....................................................................................... 90

3.8. LAGO DE TUCURUÍ E AS COMUNIDADES DAS ILHAS ................................ 100

4. OBJETIVOS DO PDRS LAGO DE TUCURUÍ............................................................. 108

5. DIRETRIZES DO PDRS LAGO DE TUCURUÍ ........................................................... 109

6. AÇÕES ESTRATÉGICAS DO PDRS LAGO DE TUCURUÍ ...................................... 115

7. SISTEMATIZAÇÃO DAS CONSULTAS PÚBLICAS DO PDRS LAGO DE TUCURUÍ

...................................................................................................................................127

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 149

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LISTA DE SIGLAS

ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica


APA – Área de Proteção Ambiental
BASA – Banco da Amazônia
BNDES – Banco Nacional do Desenvolvimento
CFEM – Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais
COMPART – Consórcio de Municípios Alagados pelo Rio Tocantins
CONABIO – Comissão Nacional de Biodiversidade
COSANPA – Companhia de Saneamento do Pará
DATASUS – Banco de dados do Sistema Único de Saúde
DNPM - Departamento Nacional de Produção Mineral
EFT – Estrada de Ferro Tocantins
EJA – Eduacação de Jovens e Adultos
ELETRONORTE – Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A.
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos
FPE – Fundo de Participação dos Estados
FPM – Fundo de Participação dos Municípios
FUNAI – Fundação Nacional do Índio
FUNASA - Fundação Nacional de Saúde
GTP APL - Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais
IBAMA –Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDH-M – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
IOF – Imposto sobre Operações Financeiras
IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
ITERPA – Instituto de Terras do Pará
ITR – Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural
MCT – Ministério da Ciência e Tecnologia

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MDF – Medium Density Fiberboard


MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
MEC – Ministério de Educação e Cultura
MMA – Ministério de Meio Ambiente
MME – Ministério de Minas e Energia
MTE – Ministério de Trabalho e Emprego
OMS – Organização Mundial da Saúde
PA’s – Projetos de Assentamento
PAC – Programa de Aceleração do Crescimento
PAS – Plano Amazônia Sustentável
PDRS – Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável
PDST – Plano de Desenvolvimento Sustentável da Microrregião do Entorno da UHE Tucuruí
PIB – Produto Interno Bruto
PIB Per Capita – Produto Interno Bruto por habitante
PIC’s – Programas Integrados de Colonização
PIR-TUC - Plano de Inserção Regional dos Municípios do Entorno do Lago da UHE Tucuruí
PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
PPA – Plano Plurianual
PRT – Plano de Reasssentamento de Tucuruí
PTP – Planejamento Territorial Participativo
RADAM – Radares da Amazônia
RAIS – Relação Anual de Informações Sociais
RDS – Reserva de Desenvolvimento Sustentável
RESEX – Reserva Extrativista
RI – Região de Integração
RIT – Região de integração de Tucuruí
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SEIR – Secretaria de Estado de Integração Regional
SEMA – Secretaria Estadual de Meio Ambiente
SEPOF – Secretaria de Estado de Planejamento,Orçamento e Finanças
SIN – Sistema Interligado Nacional

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SPI – Serviço de Proteção aos Índios


SUAS – Sistema Único de Assistência Social
UHE – Usina Hidréletrica
ZPVS – Zonas de Proteção da Vida Silvestre

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1. APRESENTAÇÃO

O Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável Lago de Tucuruí (PDRS


Lago de Tucuruí) se constitui em um instrumento de planejamento e
operacionalização que visa integrar as ações do Governo Federal, Estadual e
municipal, bem como orientar ações de iniciativas privadas na Região Lago de Tucuruí.
Baseado na inclusão social, na redução das desigualdades inter-regionais, no
respeito à diversidade cultural, no fomento às atividades econômicas que gerem emprego e
renda e no uso sustentável dos recursos naturais, este plano parte da parceria entre o Governo
do Estado, através da Secretaria de Estado de Integração Regional (SEIR) e o Governo
Federal, através das Centrais Elétricas do Norte do Brasil/S.A (Eletronorte) com o objetivo de
atualizar e reformular outro instrumento anterior para a região que é o Plano de
Desenvolvimento Sustentável da Microrregião do Entorno da UHE Tucuruí (PDST) resultado
de mobilização de movimentos sociais, entidades de pesquisa da região e das prefeituras dos
sete municípios que constituem a Região de Integração Lago de Tucuruí e da Eletrobrás
Eletronorte.
Insere-se na concepção do Plano Amazônia Sustentável (PAS) e da formulação de
crescimento encontrada no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), além dos
instrumentos legais que estabelecem ações governamentais no território paraense. Além disso,
o plano integra as principais diretrizes definidas pelo Governo Estadual previstas no Plano
Plurianual (PPA) e as demandas advindas das etapas do Planejamento Territorial Participativo
(PTP) e outros instrumentos de planejamento dos diversos órgãos de governo.
Nesse sentido a participação popular é considerada um eixo da relação entre
Estado e sociedade civil, mediatizada pelo poder local na busca de definição de ações
estratégicas ao desenvolvimento territorial. E a gestão pública é entendida como um
mecanismo fundamental para resolver os problemas sócio-econômicos que afetam os
cidadãos nas diferentes municipalidades do Estado do Pará. Esta concepção exige a pactuação
na constituição dos planos governamentais que passam a ser estruturados a partir das
necessidades sociais e econômicas identificadas nas demandas da população que são
formuladas por meios de plenárias regionais e municipais.
A formulação de estratégias de desenvolvimento é fundamental para alavancar a
atividade econômica em uma região que, por sua vez, é base para a melhoria da qualidade de

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vida da população. Torna-se necessário formular políticas econômicas e sociais integradas e


atentas à sustentabilidade ambiental que, ao lado do aperfeiçoamento dos canais de controle
social e político na região, melhorem as formas de gestão do poder local e garantam suas
execuções não fragmentadamente, assim contribuindo para alterar as relações entre o Estado e
a Sociedade, na perspectiva da construção da cidadania e da qualidade de vida.
Este Plano está baseado na revisão bibliográfica e documental, aliada à realização
de levantamentos de dados primários coletados nas visitas de campo, bem como na realização
de consultas públicas que aconteceram na região (Jacundá, Breu Branco e Tucuruí) em que
mais de mil representantes da sociedade civil da região participaram ativamente desse
processo. Foram entrevistados (ouvidos) gestores e executores das políticas sociais,
empresários e lideranças dos movimentos e organizações sociais, em uma abordagem
qualitativa. Na caracterização das atividades produtivas extrativistas, os levantamentos
também contaram com a aplicação de questionários entre diversos produtores locais.
Para estruturação das ações do poder público que deverão constar no Plano de
Desenvolvimento Regional Sustentável da Região de Integração Lago de Tucuruí, foram
definidos cinco eixos temáticos convergentes com aqueles definidos no PDST (2001):
a. Ordenamento Territorial, Regularização Fundiária e Gestão Ambiental;
b. Infraestrutura para o Desenvolvimento;
c. Fomento às Atividades Produtivas Sustentáveis;
d. Inclusão Social e Cidadania;
e. Modelo de Gestão (Desenvolvimento Político Institucional).
Portanto, este documento contém um diagnóstico sobre a realidade social,
econômica e natural da Região Lago de Tucuruí. A análise sobre os contextos histórico e
natural, as formas de ocupação da região, as estruturas econômicas e suas potencialidades, o
permitirá montar cenários visando projetar no futuro processos de desenvolvimento e orientar
a tomada de decisões, a articulação com os diversos atores sociais e a construção das bases
economicamente sustentáveis do Estado. O modelo de gestão proposto considera a matriz de
direitos sociais e a ação pública democrática.

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Mapa 1- Regiões de Integração do Estado do Pará

Elaboração: SEIR/GeoPARÁ, 2008.

2. ÁREA DE ABRANGÊNCIA DO PLANO

Região de Integração Lago de Tucuruí é dentre as doze regiões adotadas para

A fins de planejamento pelo Governo do Estado do Pará uma das que possui o
menor número de municípios. Situada no sudeste do Estado do Pará e composta
pelos municípios de Breu Branco, Goianésia do Pará, Itupiranga, Jacundá, Nova
Ipixuna, Novo Repartimento e Tucuruí. A região possuia, de acordo com os dados do IBGE
para o ano de 2007, uma população de 322.743 habitantes espargida em seus 39.937,89 km².
Possui, respectivamente, 4,5% da população e 3,2% da área total do estado, o que lhe confere
uma baixa densidade demográfica de 8,08 habitantes por quilômetro quadrado. Limita-se ao
Norte com a Região de Integração - RI Tocantins, ao Leste com a RI Rio Capim, ao Sul com a
Região Carajás, a Sudoeste com a Região de Integração Araguaia e ao Oeste com a Região de
Integração Xingu.

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

Mapa 2 - Área de abrangência do PDRS Lago de Tucurui

Fonte: SEIR/Geopará.

Em termos de área territorial supera as Regiões de Integração Guamá,


Metropolitana, Rio Caeté, Rio Capim e Tocantins. Entretanto, em termos populacionais
supera somente as Regiões de Integração Tapajós e Xingu. Quanto à densidade demográfica
está acima da média estadual de 5,66 habitantes por quilômetro quadrado e a frente das
regiões Araguaia (2,33 hab./km²), Baixo Amazonas (2,02 hab./km²), Marajó (4,2 hab./km²),
Tapajós (1,29 hab./km²) e Xingu (1,17 hab./km²).No que se refere ao grau de
desenvolvimento, medido pelo Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M), a
região está qualificada como tendo baixo desenvolvimento humano (0,68), estando abaixo da
média estadual (0,72), e a frente somente das regiões Marajó (0,63), Rio Caeté (0,65) e Rio
Capim (0,66).

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Tabela 1 - Área Territorial, População, Densidade Demográfica e IDH-M das Regiões de


Integração
Participação
Área Populaçã Participação da Densidade
Região de Percentual da IDH - M
Territorial o 2007 População Total Demográfica
Integração Área Total do 2000 (4)
(Km²) (1) (hab.) (2) do Estado % 2007 (3)
Estado (%)
Araguaia 174.051,88 13,95 406.000 5,75 2,33 0,71
Baixo Amazonas 315.856,73 25,32 638.582 9,04 2,02 0,71
Carajás 44.814,54 3,59 497.937 7,05 11,11 0,70
Guamá 12.130,92 0,97 558.162 7,90 46,01 0,70
Lago de Tucuruí 39.937,89 3,20 322.743 4,57 8,08 0,68
Marajó 104.139,33 8,35 437.348 6,19 4,2 0,63
Metropolitana 1.819,28 0,15 2.043.537 28,92 1123,27 0,80
Rio Caeté 16.580,49 1,33 432.764 6,12 26,1 0,65
Rio Capim 62.135,23 4,98 534.715 7,57 8,61 0,66
Tapajós 189.592,97 15,20 244.742 3,46 1,29 0,69
Tocantins 35.838,56 2,87 655.955 9,28 18,3 0,69
Xingu 250.791,94 20,10 293.088 4,15 1,17 0,69
PARÁ 1.247.689,76 100 7.065.573 100 5,66 0,72
Fonte: (1) IBGE, 2003; (2) IBGE, 2007; (3) IBGE, 2007; (4) PNUD, 2000.

A cidade de Tucuruí distante da capital do estado (Belém) cerca de 400 km exerce


a função de pólo regional. Possui a maior população da região, 89.264 habitantes, 27% da
população da região, e a maior densidade demográfica com 42,79 habitantes por quilômetro
quadrado. Já em termos de área territorial destaca-se o município de Novo Repartimento com
15.368,63 Km², 38,5 % da área territorial da região. Nova Ipixuna com 1.600, 32 Km² e
Tucuruí com 2.086,17 Km² são em termos territoriais os menores municípios da região,
ocupando respectivamente 4,01% e 5,22% da área total da região. No que se refere ao IDH-M
apenas dois municípios superam a média regional, Tucuruí que possui o maior IDH-M da
região (0,76) e Jacundá (0,69). Todavia, somente o município de Tucuruí pode ser qualificado
como tendo um médio desenvolvimento humano. Todos os demais municípios estão
enquadrados na zona de médio-baixo desenvolvimento. O destaque negativo fica para os
municípios de Novo Repartimento e Itupiranga que possuem os menores IDH-M da região,
respectivamente 0,63 e 0,62.

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

Tabela 2 - Área Territorial, População, Densidade Demográfica e IDH-M dos Municípios da


Região de Integração Lago de Tucuruí
Área Participação População Participação da Densidade
IDH - M
Município Territorial da Área Total 2007 (hab.) População Total Demográfica
2000 (4)
(Km²) (1) da Região (%) (2)
da Região (%) 2007 (3)
Breu Branco 3.943,17 9,87 47.069 14,58 11,94 0,67
Goianésia do Pará 7.021,19 17,58 27.166 8,42 3,87 0,66
Itupiranga 7.880,00 19,73 42.002 13,01 5,33 0,62
Jacundá 2.008,41 5,03 51.511 15,96 25,65 0,69
Nova Ipixuna 1.600,32 4,01 14.086 4,36 8,8 0,66
Novo Repartimento 15.398,63 38,56 51.645 16,00 3,35 0,63
Tucuruí 2.086,17 5,22 89.264 27,66 42,79 0,76
Lago de Tucuruí 39.937,89 100,00 322.743 100,00 8,08 0,68
Fonte: (1) IBGE, 2003; (2) IBGE, 2007; (3) IBGE, 2007; (4) PNUD, 2000.

3. DIAGNÓSTICO SÓCIO-ECONÔMICO E AMBIENTAL

3.1 CONTEXTO HISTÓRICO

Entre 1625 e 1721 religiosos e bandeirantes penetram o rio Tocantins. O padre


Capucho Frei Christovão de Lisboa foi o primeiro missionário a navegá-lo conforme
documentos de época. Gonzalo Paes e Manoel Brandão percorreram as terras do Tocantins até
a foz do rio Araguaia à procura de ouro ou prata. Com esse mesmo objetivo, o Padre Antonio
Rapozo Tavares “remontou o Tocantins até as terras dos Guajarus” em 1675. Essa nação
havia sido perseguida pelo Mestre de Campo paulista, Pascoal Paes do Araújo, que formou
uma “Bandeira” com objetivo de cativar os Guarajus.
O Pe. João Daniel (1777) é a leitura matriz desses processos e nas suas descrições
ele indica pormenorizadamente as articulações entre cursos de águas. O “grande” rio
Tocantins é visto como uma fronteira que tem seus prolongamentos físicos, o rio Moju e no
rio Capim, a partir dos quais se pretendia um caminho interno1. Baena circunstancia o auxílio
oferecido a Paes de Araújo que entrou no rio Tocantins acompanhado do Capitão Francisco
da Mota Falcão, que procedeu ao “descimento de Tupinambás”. Ainda Baena destaca a
presença dos Guaranizes no rio Tocantins. A navegação pelo rio Tocantins se tornou um
projeto de vários governadores. José de Napoles Tello de Menezes ordena a criação de um

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O chamado “Caminho do Maranhão” foi aberto paralelo à costa e tem uma funcionalidade diferente a esta via
interna para articular com as terras o atual Piauí, no Nordeste.

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posto de controle em Alcobaça, em 1782, com a finalidade de evitar o “extravio do ouro”, as


fugas de escravos de Cametá e ainda “desviar” as agressões dos Timbira, Carajás, Apinage,
Gavião. Neste lugar fixou-se o forte de Nossa Senhora de Nazaré.
O segundo posto de controle foi assentado em Itaboca, ficando estabelecida uma
povoação com os moradores de Pederneira e Alcobaça e tendo sido derrubado o forte de
Nazaré. O novo forte ficou abaixo da cachoeira de Itaboca, na margem do igarapé Arapari, em
frente à ilha Tucumanduba. Passado o tempo, este registro muda para cinco braças acima na
margem direita do Tocantins, entre o “seco do Bacabal e a praia do Tição, onde se tem à vista
a foz do rio Araguaia, e recebeu o nome de São João do Araguaia”.
A dinâmica de exploração das terras às margens dos rios Tocantins e Araguaia
interferiu nos processos demográficos e sociais dos povos indígenas já citados e ainda dos
Aruans, Jacundá, Cupelobo, Caiapós, Tapiraques, Xerentes e Xavantes. Trata-se de treze
nações indígenas – as quais são inúmeras vezes referidas nos documentos históricos - que
experimentaram intrusamentos nos seus territórios em vários momentos de consolidação do
projeto de colonização de origem européia.
Anotações detalhadas revestem interesse para compreender a dinâmica da
ocupação do vale do rio Tocantins. As observações prendem-se às cachoeiras, ornadas por
pedras de cores diferentes, entre elas destacando-se os “cristais brancos e ouro nas taliscas de
algumas cachoeiras”; destacam-se as ilhas que “não diferiam da terra firme na pasmosa
disposição para todo o gênero de lavoura”. A suposição de fertilidade para todo gênero de
lavoura era igualmente feita em relação à fauna terrestre, enquanto sobre o rio Tocantins e os
lagos se destacava sua piscosidade. Portanto, os atos de exploração procedem da identificação
de recursos naturais que justificam a ação colonizadora.
Nesta síntese historiográfica da ocupação do baixo rio Tocantins destaca-se o
espaço social que define recortes das intervenções e transformações no tempo. No primeiro
tempo é a intensificação da exploração dos recursos extrativos ou dos gêneros da floresta que
foram integrados ao mercado colonial, como o cravo, a canela e a salsaparrilha. A navegação
pelo rio Tocantins compreende o segundo tempo das relações entre a Província do Pará com
Goiás e Maranhão, situada como prioridade dos governos. A antiga vila de Alcobaça resulta
de projetos ali instalados e inconclusos, como foi a estrada de ferro e de outros que foram
definidos na década de setenta do século passado, de forma especial, a construção da
hidrelétrica do Tucuruí.

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

Sobre o percurso histórico do Vale do Tocantins e, em especial, o baixo


Tocantins, busca-se redimensionar as relações sociais e políticas que respondem pela micro-
história local e regional. O objetivo é situar dimensões sócio-temporais que, com ênfase,
revelam a transformação social e os processos talvez menos conhecidos na teia complexa de
interesses que movem essa história. Ela é representada pela noção de “economia extrativa
local” que viria a receber “maior impulso” ou experimentar rupturas com a construção da
hidrelétrica de Tucuruí. O mesmo pode ser indagado em relação à agricultura, e à pesca. A
questão central é saber o que mudou e de que forma essa mudança se deu nesta região vital na
economia paraense desde os primórdios da ocupação colonial. Por alguns aspectos essa
mudança foi imediata devido a navegabilidade e o transporte fluvial entre Marabá e o litoral,
mas que depois ficariam interrompidos com a barragem.

Economia extrativista e agrícola do Baixo Tocantins no mercado colonial

O primeiro mecanismo de distribuição de terras pela metrópole correspondeu a


Capitanias e posteriormente ao sistema sesmarial, no qual cada sesmaria descreve um
fragmento do passado das terras à margem direita do Tocantins e dos seus efluentes. Para os
maiores produtores de açúcar e aguardente do vale do Tocantins e do Acará, houve facilidades
para se tornarem sesmeiros e adquirirem escravos de origem africana com a montagem do
mercado de escravos organizado pela Companhia Geral do Comércio do Grão Pará e
Maranhão. Salles informa que “os mercadores de escravos tiveram grande proveito do
monopólio e dos privilégios concedidos especialmente à companhia” (SALLES, 1988, 44).
O tamanho do plantel faz acreditar que os preços de escravos não os tornaram
proibitivos e que estes proprietários foram favorecidos por residirem ou estarem próximos de
Belém. O sistema de venda da produção agrícola e extrativa por conta da compra de escravos
pela Companhia funcionou, apesar dos poucos cabedais da maioria dos colonos; entretanto,
estes se mantiveram a procura de trabalhadores indígenas que identificaram como seus
“servos”. Na fase de atuação da Companhia, a ênfase na produção açucareira é mais notada na
região Tocantina, incorporando um número importante de escravos, mas também de
agregados que juntos representam três terços da população e estavam subordinados aos
beneficiados pela concessão de sesmarias.
Salles (1988) situa o Baixo Tocantins e as bacias do Capim, Moju e Igarapé-Miri
como espaços da lavoura canavieira e como lugar de existência de alguns mocambos. Nas
fazendas e sítios do vale do rio Tocantins onde se concentrou a população escrava se registra

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

também a formação de quilombos. A concentração de escravos e a proximidade com Belém


favorecia essa nucleação. Os lugares com destaque foram: Cametá e Alcobaça (hoje Tucuruí).
O mocambo de Tabatinga, no Baixo Tocantins foi objeto de uma expedição de destruição em
1858. Nas cabeceiras do rio Itapucu, à margem esquerda do rio Tocantins tornou-se conhecido
outro mocambo, que existia desde o século XVIII e foi identificado quando se decidiu
construir um fortim na região de Alcobaça. Mocambos, sítios, aldeamentos indígenas e
pequenos povoados estabeleciam o contraponto da grande propriedade e fazenda. Essas
unidades sócio-históricas mantinham características de relativa autonomia e em diversas
circunstâncias se rebelaram contra essa ordem colonial. As fugas e existência de quilombos
ou mocambos sob diferentes composições e também articulações com a ordem escravista
constituem o contexto dos levantes ocorridos entre as lutas pela Independência e a
Cabanagem. A ordem em diversos momentos foi de “prender e conter os escravos” como
exigia Lobo de Souza, em 1834. (SALLES, 1988, P. 266) enquanto se ampliavam as noticias
sobre levantes de escravos no Acará.
Após a série de eventos para abortar o movimento Cabano e instaurar o governo
de pacificação a mando do general Francisco Soares de Andréa reestruturam-se as formas de
existência dos cultivadores, extratores e pescadores que formavam a base da sociedade
paraense. No mesmo modo, se rearticularam as relações de sujeição de diversas categorias de
trabalhadores às redes de patronagem do comércio e de trabalho como agregados e sitiantes
nas fazendas. O intervalo que antecede a expansão da economia da borracha é de menos de
trinta anos. O vale do Tocantins redefine sua economia extrativista e agrícola com a produção
da borracha, seguido do cacau e da cana-de-açúcar. Esses gêneros incluem as listas frequentes
de exportação. Todavia se tratava de uma economia agrícola diversificada que alimentava
parte do comércio da cidade de Belém.

3.1.2. Diversidade social e étnica na Região de Integração Lago de Tucuruí.

Povos Indígenas

A região hoje delimitada pelo Lago de Tucuruí é historicamente resultado do


reordenamento territorial de uma área que se distinguia por sua unidade ambiental e uma
diversidade étnica e cultural geograficamente bem demarcada.

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

Esta área iniciava na confluência dos rios Araguaia e Tocantins, se estendia pelos
“ricos castanhais” das antigas delimitações dos municípios de Marabá, Itupiranga e Jacundá,
atravessava as hoje submersas cachoeiras de Itaboca, Garganta do Inferno, Capitariquara e
Vida Eterna, até abaixo da atual cidade de Tucuruí, nas regiões das “marés” do baixo
Tocantins. Distingue-se, historicamente, pela ocupação dos índios tupi e jê-timbira. Toda esta
área, política-administrativamente pertencia ao município de Baião até 1913, quando foi
constituído o município de Marabá.
De acordo com Matta e Laraia2 a margem esquerda do Tocantins desde o início
das cachoeiras até o igarapé Joana Perez, defronte da ilha de Jutaí, é parte de uma área
ocupada por grupos Tupi. Até o início dos anos 1950, os índios Parakanã e Asurini
disputavam este território. Na margem direita, desde o igarapé Tauá até Mãe Maria é
prolongamento do território Jê. Até o início dos anos 1970, os índios Gavião (jê-timbira),
conformando dois grupos locais, localizavam-se às margens do rio Praia Alta, a leste de
Itupiranga, em local denominado Cocal; e na Montanha defronte à cidade de Tucuruí, em
território que se estendia até às cabeceiras do rio Capim, sendo reconhecidos por Gavião da
Montanha3. Mais a leste, na região dos rios Moju e Capim, encontram-se os Amanayé, da
família linguística tupi-guarani que, pelo menos desde a segunda metade do século XIX,
emigraram da região dos rios Pindaré e Gurupi, no Maranhão.
Este território sofre as primeiras intervenções do Estado e é disputado com
segmentos da sociedade brasileira a partir do início do século XX, com a retomada efetiva dos
trabalhos de construção da Estrada de Ferro Tocantins4 e a criação de um Posto de Atração
Indígena do Serviço de Proteção aos Índios (SPI), em 1927/1928 (Posto de Atração Indígena
Pucuruí, denominada Base Avançada de Pucuruí por ocasião da abertura da Transamazônica).
É, pois, no final da década de 20 que se intensifica o contato dos índios Asurini e Parakanã
com segmentos da sociedade brasileira, marcado por diversos conflitos. Todavia, somente no
período compreendido entre 1953 e 1962, parte dos Asurini “aceitou o contato”, na região
onde havia sido instalado o Posto de Atração Indígena Trocará. Os Gavião seriam contatados
de 1956 a 1968, período em que uma parte dos Parkatêjê fixam-se na localidade Cocal e os

2
LARAIA,R. & MATTA, R. (1979). Índios e Castanheiros. A Empresa Extrativa e os Índios no Médio
Tocantins, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 2a. ed.
3
De fato, os Gavião estavam distribuídos em três grupos locais autodenominados de acordo com a sua
localização ao longo do rio Tocantins: os Parkatêjê (onde par é pé, jusante; katê é dono; e jê é povo), "o povo de
jusante"; os Kyikatêjê (onde kyi é cabeça), "o povo de montante", localizados a montante do rio Tocantins, já no
Estado do Maranhão; e os Akrãtikatêjê (onde akrãti é montanha). In: www.socioambiental.org.
4
Sobre a construção da Estrada de Ferro Tocantins e o processo de ocupação desta região, cf. MAGALHÃES,
S.B. A Estrada de Ferro Tocantins: notas bibliográficas para a história do campesinato no estado do Pará.

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

Akrãtikatêjê, no local conhecido como Ambauá, onde já existia um Posto do SPI e o


reconhecimento da ocupação tradicional destes índios por meio do Decreto-Lei n° 252, de 9
de março de 1945. No final dos anos 1960, tanto o grupo que havia se fixado no Cocal quanto
os demais Parkatêjê que foram paulatinamente aceitando o contato, são fixados em Mãe
Maria, em área concedida a estes índios, em 1943, por decreto do então interventor federal no
Estado do Pará. Os Parakanã somente foram contatados em 1970, com a construção da
Rodovia Transamazônica.
A partir de 1975, com a construção da hidrelétrica de Tucuruí e, sobretudo, com o
enchimento do reservatório da Usina Hidrelétrica de Tucuruí, na primeira metade dos anos
1980 - e as transformações sociais, econômicas e políticas que lhes são consequentes –
redefine-se o território ocupado por estes povos. No bojo destas transformações, imigram para
esta região os Guaranis Mbyá, provenientes de Xambioá (GO); os Atikum, provenientes de
Pernambuco e os Guajajara, provenientes do Maranhão.

Quadro 1 - Povos Indígenas da Região de Integração Lago de Tucuruí


Família Terra Indígena
Etnia Localização
Linguística Situação Fundiária

Parakanã Tupi - Guarani T.I. Parakanã Homologada Itupiranga e Novo Repartimento

Asurini Tupi - Guarani T.I. Trocará Homologada Tucuruí e Baião

Amanayé Tupi - Guarani T.I. Amanayé Em revisão Goianésia do Pará


T.I. Nova
Guarani Mbyá Tupi - Guarani Homologada Nova Jacundá e Rondon do Pará
Jacundá
Falam apenas Não
Atikum Itupiranga
português identificada
Não
Guajajara Tupi - Guarani Itupiranga
identificada
Fonte: MAGALHÃES (1998); Superintendência da FUNAI (i.p. a MAGALHÃES, 2009); ISA (2009).

No arranjo territorial atual, conforme pode ser observado no quadro, os Gavião


estão localizados “fora” da região do Lago de Tucuruí. Todavia, desde 1989, os Gavião da
Montanha, transferidos de suas terras para a Terra Indígena Mãe Maria (destinada aos
Parkatêjê), ajuizaram uma ação para obter indenização pela perda do território e pelos
prejuízos sofridos com a transferência. Em 2009, estava em negociação a aquisição de novas
terras para atender a decisão favorável aos índios, resultante desta ação. Observa-se, ademais,
a indefinição do território dos índios Amanayé, Atikum e Guajajara. Todas as Terras
Indígenas estão sob a jurisdição da Administração Regional da FUNAI de Marabá.

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

3.2. POVOS TRADICIONAIS E UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DE USO SUSTENTÁVEL


NO LAGO DE TUCURUÍ

Com a formação do Lago de Tucuruí, emergiram cerca de 1800 ilhas com


diversos tamanhos, com cobertura de floresta ombrófila densa e aberta. A partir do final dos
anos 1980, estas ilhas começaram a ser paulatinamente ocupadas, sobretudo por pescadores
da região Tocantins e por antigos moradores da área inundada, que se encontravam em
processo de readaptação às novas condições socioambientais.
Pautada por indefinição territorial e dúbia jurisdição político-administrativa, esta
ocupação é marcada por diversos conflitos que permanecem até hoje, a despeito do
ordenamento territorial promulgado em 2002 (Lei Estadual nº 6.451 de 08 de abril de 2002).
De fato, desde 1992, havia a reivindicação para a transformação da área do lago
em Reserva Extrativista, reunindo condições favorecidas pelo estado de preservação da
cobertura vegetal àquela época e pelas características da população - tradicionalmente
agroextrativista/pescadora - do Médio e Baixo Tocantins. Inicialmente demandada pelos
moradores das ilhas localizadas no antigo Vale do rio Caraipé, com o apoio do Sindicato de
Trabalhadores Rurais e do Movimento de Expropriados de Tucuruí, esta proposta, a partir de
1993/1994, com a intermediação do Conselho Nacional de Seringueiros, do Movimento de
Atingidos por Barragens e outras organizações de defesa de direitos, foi ampliada para toda a
área do lago. Desde essa época, longas negociações que perduraram por uma década,
permeadas por períodos de franco conflito, entre, de um lado, os moradores das ilhas (por
meio de suas organizações), o Ministério do Meio Ambiente e IBAMA; o Governo do Estado
do Pará, Prefeituras municipais e ELETRONORTE, resultaram na criação do chamado
Mosaico de Unidades de Conservação de Tucuruí.
Este mosaico é composto por uma Área de Proteção Ambiental (APA) e duas
Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS): RDS Alcobaça e Pucuruí-Ararão. As
Reservas de Desenvolvimento Sustentável Alcobaça (36.128 ha) e Pucuruí-Ararão (29.049
ha) foram delimitadas nas áreas do lago que abrigavam ilhas com maior densidade de
ocupação, onde havia maior concentração da população agroextrativista/pescadora acima
mencionada, sendo compostas apenas por ilhas situadas na margem esquerda do lago,
localizadas nos municípios de Tucuruí e Novo Repartimento5. A APA, com 568.667 ha,

5
Está prevista a realização de um Censo dos moradores para o próximo mês de outubro 2009.

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

estende-se por todo o lago e, portanto, por todos os municípios que conformam esta região,
havendo sobreposição territorial entre a APA e as RDS’s.
Tabela 3 - Unidades de Conservação de Uso Sustentável
Área em
UC Municípios
hectares
RDS Alcobaça 29.049 Tucuruí e Novo Repartimento

RDS Pucuruí-Ararão 36.128 Tucuruí e Novo Repartimento


Itupiranga, Novo Repartimento, Breu Branco,
APA do Lago de Tucuruí 568.667 Tucuruí, Jacundá, Goianésia do Pará, Nova
Ipixuna
Fonte: PARÁ, Lei 6.451 de 08/04/2002.

No interior da APA, foram mantidas a ilha de germoplasma (com 100 ha de área)


e duas Zonas de Proteção da Vida Silvestre (ZPVS), cujo uso já havia sido destinado
anteriormente à criação do mosaico e cujo acesso é administrado pela ELETRONORTE.
Por ocasião da criação do mosaico, a ocupação das ilhas do lago já estava bastante
diversificada em relação à sua ocupação inicial. Juntavam-se ou disputavam com os primeiros
habitantes, tanto a ocupação quanto o uso dos recursos: trabalhadores desempregados após a
conclusão da primeira etapa da usina, madeireiros que, ilegalmente, exploravam os recursos
de floresta densa remanescente, pecuaristas que rapidamente aproveitavam as ilhas para a
implantação de pastagens, empresários interessados no potencial turístico, empresas
pesqueiras atraídas pela alta piscosidade do lago decorrente das recentes transformações
ambientais, além de frequentadores ocasionais que infringiam as regras de ocupação e uso dos
primeiros ocupantes.
A este diversificado quadro de atores, se junta à histórica relação de conflito entre
a Eletronorte e os grupos sociais que, ao demandar a criação da Resex e outras medidas de
proteção daquele território, visavam à preservação dos recursos para a recomposição de suas
relações sociais, culturais, econômicas e políticas abruptamente desestruturadas com a
implantação do empreendimento.
Mesmo com a criação dos Conselhos Gestor da APA e das RDS ainda não se
conseguiu construir um espaço de concentração capaz de eleger pontos de interesses comuns
que atendam à preservação ambiental, à reprodução socioeconômica e cultural das populações
que habitam nas Unidades de Conservação, notadamente nas RDS’s, e os demais atores.
Observando as pautas de reivindicações ao longo do tempo, seja antes ou depois de 2002,

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

todas convergem para a demanda de suporte básico à reprodução socioeconômica e cultural e


para a regulação dos conflitos originados pela disputa dos recursos naturais.

3.3. CONTEXTO NATURAL DA REGIÃO LAGO DE TUCURUÍ

A caracterização e a avaliação da potencialidade e da aptidão dos recursos


naturais para diversos usos são bases indispensáveis para a definição de modelos de
desenvolvimento sustentável para uma determinada região.
Um dos limitantes para a execução dos trabalhos de diagnóstico do meio natural
na região amazônica está relacionado com a carência de informações, em escala de detalhe,
que possa abranger toda a área de trabalho. Existem numerosos e diversos documentos e
cartografias em pequena escala (ex. 1:2.500.000) ou desatualizados temporalmente. Em
consequência, e procurando fazer uso de informações atualizadas e com maior grau de
detalhe, são utilizados neste diagnóstico os dados e informações disponíveis nas bases de
dados públicos (MMA, MME, ANEEL), e em trabalhos recentemente realizados (2007) para
o Plano Estratégico de Recursos Hídricos da Bacia dos Rios Tocantins e Araguaia da Agência
Nacional de Águas.
A morfologia das feições da superfície da Terra é de suma importância no
conhecimento físico do terreno possibilitando, entre outros, o planejamento e estabelecimento
de redes viárias, linhas de transmissão, núcleos urbanos, e a delimitação de áreas com
problemas de escoamento superficial e inundação ou subterrâneo e bacias de captação (Ross,
1997). Por outro lado, o relevo tem uma fundamental importância na gênese e na distribuição
espacial dos solos e da cobertura vegetal, na definição de áreas navegáveis para rios, na
seleção de sítios para hidrelétricas e influencia notadamente na delimitação das
potencialidades agrícolas das terras, da biodiversidade e energéticas da região.
A área do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí é
representada essencialmente por uma grande área deprimida do ponto de vista do relevo, com
altitudes menores a 100 metros sobre o nível do mar. O processo de estruturação do relevo na
área foi estabelecido ao longo de milhões de anos, estando relacionado com os diversos ciclos
de erosão e pediplanação. Na região predominam os modelados caracterizados pelo forte
processo erosivo em rochas sedimentares e depósitos não consolidados, facilmente
transportados pela água do escoamento superficial. Os modelados geomorfológicos dão
origem às unidades de relevo tais como: a Depressão da Amazônia Meridional na região

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

ocidental da área (municípios de Itupiranga, Novo Repartimento e Tucuruí), a Depressão do


Baixo Rio Araguaia nos municípios de Nova Ipixuna, e regiões mais ocidentais de Jacundá.
Goianésia do Pará e Breu Branco, a depressão do médio rios Tocantins-Araguaia nos setores
mais orientais dos municípios de Jacundá, Breu Branco e Goianésia do Pará, os tabuleiros
costeiros no norte do município de Breu Branco, e a depressão do médio-baixo rio Amazonas
numa pequena porção do município de Tucuruí. Cabe destacar-se que muitos dos processos
de morfologia fluvial atuais têm sido fortemente modificados pela interrupção parcial do
fluxo hídrico no rio Tocantins.
A região do PDRS Lago de Tucuruí apresenta uma relativa regularidade climática,
caracterizada por estações com pequenas variações anuais na distribuição das temperaturas,
da velocidade dos ventos, da umidade do ar, da insolação e da evaporação. Com base na
análise do comportamento das variáveis climáticas de maior significância para a classificação
climática regional (precipitação e temperatura), segundo a metodologia de Köeppen, fora
identificado o tipo tropical úmido megatérmico (Am). O clima Am é caracterizado por um
índice pluviométrico anual da ordem de 2000 mm, com moderado período de estiagem (entre
julho e setembro), com precipitações inferiores a 50 mm e temperatura media de 26°C. O
regime das chuvas é devido, quase que exclusivamente, aos sistemas de circulação
atmosférica. As precipitações distribuem-se ao longo do ano em períodos secos de maio a
novembro e chuvosos de dezembro a abril (BRASIL, 1992).

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

Mapa 3 - Mapa de Geomorfologia do Lago de Tucuruí – Estado do Pará

Fonte: IBGE, 2008.

Pedologia, Características e Potencialidades - Tipos de Solos

O solo ideal pode ser considerado como aquele que apresenta potencialidade
máxima para o desenvolvimento das culturas agrícolas, sendo que qualquer diferença dos
solos descritos na região com relação ao ideal é considerada como uma limitação ao uso
agrícola das terras. As restrições podem ser por deficiência de fertilidade, deficiência ou
excesso de água, susceptibilidade a erosão, e impedimento à mecanização e utilização de
implementos agrícolas. A identificação e análise destas deficiências na potencialidade dos
solos permitem determinar a aptidão agrícola dos mesmos e desta forma prever o seu melhor
uso. A aptidão agrícola das terras é determinada com base na interpretação das propriedades e
qualidades dos solos e das condições ambientais.
Neste sentido, o conhecimento sobre os recursos de solos é necessário para
embasar o planejamento e a adoção de atividades relacionadas à agricultura, onde se pretende
implantar um desenvolvimento sustentável que promova a obtenção de boa produtividade sem
provocar a exaustão e exploração predatória dos recursos naturais resultando em paisagens

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

degradadas. Considerando-se apenas o primeiro e o segundo níveis hierárquicos para o


enquadramento em classes de solo (Embrapa, 1999) foram identificadas três unidades de
mapeamento predominantes – Argissolo Vermelho Amarelo, Latossolo Amarelo, e Latossolo
Vermelho Amarelo .
Os Argissolo Vermelho Amarelo Solos minerais não hidromórficos, com argila de
atividade baixa, cores vermelhas a amarelas. Na região estudada solos dessa classe eutróficos
e distróficos (c/boa e baixa fertilidade natural respectivamente). Esta classe de solo apresenta
ampla variabilidade de profundidade e de classes texturais e encontram-se descritos no setor
ocidental da área de estudo, particularmente nos municípios de Tucuruí, Novo Repartimento e
norte de Itupiranga.
Os Latossolo Amarelo são solos minerais, não hidromórficos, profundos,
normalmente distróficos (baixa fertilidade natural) e elevada saturação de alumínio trocável.
Trata-se de solos ácidos, permeáveis, embora por vezes apresentem-se como moderados a
imperfeitamente drenados. Estes solos predominam na margem oriental do lago de UHE de
Tucuruí nos municípios de Goianésia do Pará e Breu Branco.
Os Latossolo Vermelho Amarelo são solos minerais, não hidromórficos,
profundos e bem drenados, normalmente com baixa fertilidade natural e elevada saturação por
alumínio. Na região foram identificados solos dessa classe no setor SE da área de estudo, nos
municípios de Nova Ipixuna e Jacundá.

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

Mapa 4 - Mapa de Solos do Lago de Tucuruí – Estado do Pará

Fonte: IBGE, 2002. Mapa de solos do Brasil (escala 1:500000)6.

Aptidão e Potencialidade Agrícola dos Solos


A metodologia para a avaliação da aptidão agrícola e a potencialidade das terras
consiste em estabelecer a estimativa da qualidade dos recursos da terra para uso em função de
cinco parâmetros relacionados com os solos: disponibilidade de nutrientes, de água e de
oxigênio, mecanização e erodabilidade. Estes parâmetros permitem a classificação das terras
em quatro classes de aptidão (Quadro 2 ) e três níveis de manejo (Quadro 3 ).

6
Mapa elaborado pela Diretoria de Geociências do IBGE, através do Departamento de Recursos Naturais e das
Divisões de Geociências, e pela EMBRAPA - Centro Nacional de Pesquisas de Solos, a partir de compilações,
conversão para o meio digital e de levantamentos de solos produzidos pelo Projeto RADAMBRASIL, pela
Diretoria de Geociências do IBGE e pela EMBRAPA.

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

Quadro 2 - Classes de aptidão agrícola e qualidade das terras.


Classe de aptidão
Descrição das qualidades das terras
Agrícola
Sem limitações para produção sustentada. Há um mínimo de restrições que não
Boa
reduzem a produtividade e não aumentam os insumos acima do nível aceitável

Limitações moderadas para a produção sustentada. As limitações reduzem a


Regular
produtividade ou os benefícios, e levam a necessidade de insumos.
Fortes limitações para a produção de um determinado tipo de utilização. Estas
Restrita limitações reduzem a produtividade ou os benefícios, ou aumentam os insumos
necessários de forma que os custos seriam justificados marginalmente.
Condições que excluem a produção limitada. Os usos são menos intensivos –
pastagem plantada ou natural, ou silvicultura. Podem ser indicadas para a
Inapta
preservação ambiental, extrativismo, recreação ou algum outro tipo de uso não
agrícola.
Fonte: Ramalho Filho e Beek, 1995.

Quadro 3 - Sistemas de manejo para a classificação de Aptidão Agrícola de terras.


Sistema Capital aplicado no melhoramento e
Práticas agrícolas Trabalho
de manejo conservação do solo e lavouras

Baixo nível Braçal, com alguma tração


A Baixo nível de aplicação
tecnológico animal
Moderado nível
B Moderado nível de aplicação Tração animal
tecnológico

Alto nível Mecanização em quase todas


C Aplicação intensiva
tecnológico as fases da operação.
Fonte: Ramalho Filho e Beek, 1995

No setor ocidental da área do PDRS Lago de Tucuruí (municípios de Itupiranga,


Novo Repartimento e Tucuruí), o potencial agrícola dos solos é classificado como Restrita
para lavouras em pelo menos um dos três sistemas de manejo, com fertilidade natural baixa
para os níveis A e B e ao relevo movimentado para o manejo C, sendo as principais
limitações à declividade acentuada, a drenagem restritiva, e o excesso de alumínio. No setor
oriental da área do Plano (Breu Branco, Goianésia do Pará, Jacundá, e Nova Ipixuna), o
potencial agrícola dos solos é classificado como Regular para lavouras em pelo menos um
dos três sistemas de manejo, com fertilidade natural baixa para os níveis A e B e ao relevo
movimentado para o manejo C, sendo as principais limitações a baixa disponibilidade de
nutrientes e o excesso de alumínio (IBGE, 2002).

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

Mapa 5 - Mapa de Potencial Agrícola do Lago de Tucuruí – Estado do Pará

Fonte: IBGE, 2002.

Cobertura Vegetal - Biomas e Biodiversidade

A caracterização das condições da biodiversidade, atualmente ocorrentes na


região, objetiva fornecer subsídios técnicos para a formulação de diretrizes para o
planejamento região, tendo em vista a sua singularidade assim como a sua importância no
contexto da manutenção das funções ecológicas que garantem a existência de um ambiente
propício à vida humana. A biodiversidade compreende a totalidade de variedade de formas de
vida (plantas, aves, mamíferos, insetos, microorganismos, homens), encontradas numa
determinada região incluindo, ainda, a variabilidade de genes e a diversidade de ecossistemas
e suas complexas interações ecológicas. A biodiversidade é fundamental à saúde e à economia
humana e sua perda envolve não tão somente aspectos biológicos, se não também sociais,
econômicos, culturais e científicos.
Na área do Plano está presente o bioma Amazônia, com predominância de
Floresta Amazônica de Ombrófila Densa (municípios de Breu Branco, Tucuruí, e os setores

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

mais ocidentais de Novo Repartimento e Itupiranga) e uma extensa área com cobertura
vegetal intensamente antropizada, particularmente nas margens da PA-150 e BR-230.

Mapa 6 - Mapa de Vegetação do Lago de Tucuruí – Estado do Pará

Fonte: IBGE, 2002a.

A Floresta Amazônica é um dos biomas com maiores taxas de biodiversidade do


planeta, existindo ainda numerosas regiões a serem exploradas e espécies a serem descobertas
e classificadas. Na Amazônia existem mais de 40 mil espécies de plantas descritas, das quais
30 mil são endêmicas à região. Já foram registradas mais de 1200 espécies de aves (260
endêmicas), 427 de mamíferos (173 endêmicas), 378 de répteis (216 endêmicas) e 427 de
anfíbios (364 endêmicas) e mais de 3.000 espécies de peixes. Merece destaque, na região, a
rica biodiversidade aquática em parte do Estuário Amazônico. (Ferreira, 2001).

Estado de Conservação da Floresta


Na Amazônia, o desmatamento objetiva principalmente a exploração madeireira e
a agropecuária, transformando-se na principal ameaça à biodiversidade. No processo de

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

transformação das florestas em áreas de plantio e pastagem, os fazendeiros utilizam o fogo


como instrumento para limpar a terra e prepará-la para o plantio ou para controlar o
desenvolvimento de plantas invasoras. Essas queimadas geralmente são realizadas no final da
estação seca, quando a vegetação está mais vulnerável ao fogo, causando degradação nos
ecossistemas. Em particular na região, a degradação ambiental e interferências na cadeia
ecológica regional são oriundas principalmente da construção de grandes barragens no rio
Tocantins, a simplificação gradativa dos habitats, a exploração madeireira; a implantação de
projetos agropecuários, e a pesca ilegal.
Segundo os dados do PROJETO PRODES de Monitoramento da Floresta
Amazônica Brasileira por Satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE, 2009)
relacionado com o desmatamento na região amazônica7, os municípios da região do PDRS
Lago de Tucuruí, no ano de 2008, apresentavam valores de desmatamento total de
aproximadamente 20.210 km2. Os municípios de Novo Repartimento, Itupiranga, Goianésia
do Pará superam a média da região (2886 km2). Do total de área desmatada do Estado do Pará
até o ano 2007 (218.369 Km2), os municípios de Novo Repartimento (6°), Itupiranga (16o), e
Goianésia do Pará (18o) se encontram entre os maiores desmatadores. A maioria dos
municípios apresentava, no ano 2007, grande parte de seu território desmatado, superando os
já altos valores da região (28%). Ressaltam-se os dados dos municípios, onde há
relativamente pequena superfície desmatada, representa no total proporções entre 30 a 70% do
território (gráficos 1 e 2). Todos os municípios têm apresentado uma variação positiva no
percentual de desmatamento entre os anos 2000 e 2008.

7
Os dados apresentados para analisar o desflorestamento e sua dinâmica em um município devem ser tomados
cuidadosamente, em função da necessidade de considerar também os dados relativos às classes de cobertura da
terra (floresta, não floresta, hidrografia), nuvens e áreas não observadas, para cada ano de interesse, pois a área
de algumas dessas classes pode variar ao longo dos anos devido à presença de nuvens e de outros fatores
inerentes à metodologia utilizada na geração dos dados.

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

Gráfico 1 - Total desmatado por município até o ano 2008 em Km2 na região do PDRS Lago
de Tucuruí.

Fonte: INPE, 2009.

Gráfico 2 - Total desmatado até o ano 2008 em percentagem do total da área do município na
região do PDRS Lago de Tucuruí.

Fonte: INPE, 2009.

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

Gráfico 3 - Variação de desmatamento por município na área do PDRS Lago de Tucuruí


entre os anos 2000 e 2008

Fonte: INPE, 2009.

Áreas Prioritárias para Conservação da Biodiversidade


Diversas áreas da região do Plano são consideradas como prioritárias para o
estabelecimento de ações tendentes à conservação da biodiversidade baseado nas
comparações do número, relativo ou absoluto, de espécies, em critérios de endemismo,
riqueza de espécies, espécies raras ou ameaçadas e a presença de fenômenos geológicos ou
geoquímicos de especial interesse (Brasil, 2002). O Decreto 5.092/04 definiu que o Ministério
do Meio Ambiente deveria estabelecer as regras para identificação de áreas prioritárias para a
conservação, utilização sustentável e repartição dos benefícios da biodiversidade.
No final do processo, foram escolhidas 900 áreas. Estas áreas são periodicamente
atualizadas, em função de novas informações biológicas advindas de levantamentos e
expedições tornaram-se disponíveis. O sistema Nacional de Unidades de Conservação define
espaços territoriais e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com
características naturais relevantes, que quando legalmente instituídos pelo Poder Público com
limites definidos são utilizados com objetivo de conservação (Lei federal 9985/2000).
A região do Plano apresenta três unidades de conservação de uso sustentável, a
Área de Proteção Ambiental (APA)8 do Lago de Tucuruí (área de 568.667 ha nos municípios

8
Área com certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais
especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como
objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a
sustentabilidade do uso dos recursos naturais. É constituída por terras públicas e privadas.

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

de Breu Branco, Goianésia do Pará, Itupiranga, Jacundá, Nova Ipixuna, Novo Repartimento e
Tucuruí), a Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS)9 Alcobaça (área de 36.128 ha nos
municípios de Tucuruí e Novo Repartimento) e a RDS Pucuruí-Ararão (área 29.049 ha nos
municípios de Novo Repartimento e Tucuruí).

Mapa 7 - Unidades de conservação do Lago de Tucuruí – Estado do Pará

Fonte: MMA, 2006.

9
Área natural que abriga a populações tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de
exploração dos recursos naturais, desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições ecológicas locais
e que desempenham um papel fundamental na proteção da natureza e na manutenção da diversidade biológica.
Tem como objetivo básico preservar a natureza e assegurar as condições e os meios necessários para a
reprodução e a melhoria dos modos e da qualidade de vida e exploração dos recursos naturais das populações
tradicionais.

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

A Rede Fluvial e os Recursos Hídricos na região


A área de estudo do Plano de Desenvolvimento abarca parcialmente as bacias dos
rios Tocantins (principalmente), e em muito menor proporção a do rio Pará. O rio Tocantins,
cuja extensão total é de aproximadamente 2.400 km, forma-se a partir da confluência dos rios
das Almas e Maranhão, cujas cabeceiras localizam-se no Planalto de Goiás, a cerca de 1.000
m de altitude. Seu principal tributário após a confluência com o Araguaia é o rio Itacaiúnas
pela margem esquerda.
A bacia do rio Tocantins drena uma área de 306.310 km², antes da confluência
com o Araguaia, e 764.996 km² desde este ponto até a sua foz. A bacia formada pelo rio Pará
e seus afluentes pela margem direita drena uma área de 26.286 km². Através do rio Pará
chega-se à baía do Guamá, que banha a cidade de Belém.
No conjunto de rios situados a leste da bacia do Tocantins-Araguaia e que
deságuam no estuário do rio Amazonas e da região da Ilha de Marajó, destaca-se o rio
Guamá. O rio Guamá nasce a 130 m de altitude e tem 380 km de extensão. Sua área de
drenagem é de 49.768 km² e seu afluente principal é o rio Capim (área de drenagem 37.199
km², extensão de 805 km) .

Mapa 8 - Mapa hidrológico dos municípios do Lago de Tucuruí – Estado do Pará.

Fonte: IBGE,2005 .

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

Potencial Hidrelétrico
O valor do potencial hidrelétrico no Brasil é a somatória do potencial estimado
com o inventariado. O potencial estimado é resultante da somatória do potencial
remanescente (estimado a partir de dados existentes, considerando-se um trecho do curso
d'água, sem determinar o local de implantação do aproveitamento) e individualizado
(considerado a partir de dados existentes ou levantamentos expeditos, para um determinado
local). A parcela inventariada inclui usinas em diferentes níveis de estudos – inventário10,
viabilidade11 e projeto básico12 - além de aproveitamentos em construção (com obras
iniciadas, mas sem nenhuma unidade geradora em operação) e operação. O potencial
hidrelétrico brasileiro consiste em cerca de 260 GW. Contudo apenas 68% desse potencial foi
inventariado. Entre as bacias com maior potencial destacam-se as do rio Amazonas e do rio
Paraná. O potencial hidráulico, por sub-bacia hidrográfica na área do Plano é apresentada na
tabela 4 . A sub-bacia 29 dos rios Tocantins, Itacaiúnas, e outros, na bacia dos rios Tocantins-
Araguaia, destaca-se com 5,1,% do potencial inventariado no País (Centrais Elétricas
Brasileiras – Eletrobras, 2003).

Tabela 4 - Potencial hidroelétrico nas bacias hidrográficas da área do Plano


Estimado Inventariado Total
Sub-bacia % em % em
Código % em relação
hidrográfica MW MW relação MW relação ao
ao total
ao total total
Rios Tocantins,
Itacaiúnas e 29 128 0,2 10.842,60 5,1 10.970,60 4,2
Outros
Fonte: Centrais Elétricas Brasileiras – Eletrobras, 2003.

Na região, destaca-se a UHE de Tucuruí, construída em duas etapas (1ª concluída


em 1992 e 2ª em 2007). Esta Usina é a principal geradora do sistema Norte-Nordeste (8370
MW) e integra o Sistema Interligado Nacional - SIN desde março de 1999, com a conclusão
da Interligação Norte-Sul. Essa linha permite a preservação de reservatórios hidrelétricos em
outras regiões durante o período hidrológico favorável no rio Tocantins. A energia firme e
renovável de Tucuruí é escoada por linhas de transmissão em 69 kv, 138 kv, 230 kv e 500 kv.

10
Análise da bacia hidrográfica para a determinação do seu potencial hidrelétrico.
11
Análise da concepção global do aproveitamento - o dimensionamento das estruturas principais e das obras de
infra-estrutura local e a definição da respectiva área de influência, do uso múltiplo da água e dos efeitos sobre o
meio ambiente.
12
Aproveitamento detalhado e em profundidade, com orçamento definido, que permita a elaboração dos
documentos de licitação.

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

Além de atender os mercados do Pará, Maranhão e Tocantins, com cerca de 3.500 MW


médios mensais, a Usina exporta energia para os sistemas Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste
(Eletronorte, 2009).

Navegabilidade
Na região muitos rios são utilizados para transporte fluvial. Dependendo do
regime fluvial e da profundidade dos rios, navegam navios, barcos, barcaças e outras
embarcações menores. Ressalta-se que há rios com corredeiras e quedas de água que
impedem a navegação, bem como há rios navegáveis em apenas parte de seu curso.
Denomina-se Hidrovias Interiores às vias navegáveis que foram balizadas e sinalizadas para a
navegação de uma determinada embarcação tipo, isto é, aquelas que oferecem boas condições
de segurança às embarcações, suas cargas e passageiros ou tripulantes e que dispõem de cartas
de navegação. Os principais rios e hidrovias presentes na região do Plano são o rio Tocantins
após um percurso total de cerca de 2.400 km, desemboca na baía de Marapatá (rio Pará), nas
proximidades da cidade de Belém. (Brasil, 2009)
Um aspecto importante na descrição e análise da navegabilidade dos rios na
região relaciona-se com as eclusas na barragem da UHE de Tucuruí. O transporte fluvial
regional que existia entre Marabá e o litoral, e, representava uma alternativa de baixo custo
para o escoamento da produção, e que havia sido interrompido com a construção da
barragem, porém em novembro de 2010 as eclusas foram concluídas e inauguradas pelo
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva em um ato histórico para a região e para o Estado do
Pará. O funcionamento das eclusas possibilitará a formação de hidrovias de grande porte,
eliminando obstáculos à navegação, deste modo facilitando o escoamento de recursos
minerais e agropecuários, ricos na região, conferindo-lhe maior competitividade em relação às
outras áreas próximas do litoral e dos grandes centros e permitiriam a permanência natural da
“piracema”. Além da geração de empregos para a população da própria bacia hidrográfica e
de outras regiões, contribuindo assim para o desenvolvimento do Centro-Oeste e da região
Amazônica, e, para a desconcentração industrial.

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

Potencialidade Mineral
Uma das prioridades no modelo de desenvolvimento da região amazônica está
baseado no uso sustentável dos recursos naturais. O recurso mineral é um recurso, num
ambiente ecologicamente equilibrado, é direito de todos, portanto, um bem público de uso
comum da sociedade. Neste sentido, o estudo das potencialidades dos recursos minerais tem
importância pela sua representatividade na economia e nas perspectivas de desenvolvimento
dos municípios que integram a área de estudo.
A região amazônica está assentada espacialmente sobre uma geologia
diversificada resultado de uma história de eventos que permitiram uma intensa remobilização
e reconcentração de minerais e de metais de diferentes classes tornando a esta região, um alvo
preferencial na geografia dos investimentos em mineração. Convém ressaltar, que há todo um
potencial mineral a ser ainda descoberto.
Em particular, a geologia da área do PDRS Lago de Tucuruí apresenta formações
que abarcam um leque histórico desde o arqueano até o presente, incluindo os
compartimentos geológicos do Cráton do Amazonas, da bacia sedimentar do Parnaíba
(Paleozóica e meso-cenozóica inferior) e a coberturas cenozóicas. O cráton do Amazonas,
constituído basicamente por terrenos granitóides e sequências vulcano-sedimentares do tipo
greenstone belt, representados por rochas metamórficas e ígneas do Paleoproterozóico e
Arqueano, com idades superiores a 1,7 bilhões de anos. Ocupa aproximadamente 50% da área
do plano, na margem ocidental do rio Tocantins. A bacia sedimentar de Parnaíba, que ocupam
45% da superfície do Plano (leste da área). As coberturas cenozóicas do Grupo Barreiras, com
pouco destaque na região, encontram-se localizadas na porção NE da área do Plano.
Os depósitos minerais estão onde a natureza os colocou. Os seus posicionamentos
na crosta terrestre são inarredáveis, diferentemente de outros segmentos econômicos
produtivos, que possuem total ou parcial mobilidade. Decorre desse fato, que a atividade
minerária tem que ser exercida onde está o recurso mineral rigidamente locado.
Um levantamento na base de dados do DNPM entre 1957 e 2008, permite
identificar que os 7 municípios da região do plano têm sido palco de requerimentos
minerários (Requerimentos de pesquisa e lavra, autorização de pesquisa, licenciamento,
concessão de lavra e disponibilidade)13. Do total de 227 requerimentos, os municípios com

13
Requerimento de Pesquisa é a solicitação escrita para a execução dos trabalhos necessários à definição da
jazida, sua avaliação e a determinação da exequibilidade (que se pode executar, possível) do seu aproveitamento
econômico. A Autorização de Pesquisa permite ou consente a execução dos trabalhos necessários à definição da
jazida, sua avaliação e a determinação da exeqüibilidade do seu aproveitamento econômico, ou seja, Documento

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

maior número são Novo Repartimento (98) e Itupiranga (72), sendo as modalidades mais
registradas os requerimentos e autorização de pesquisa – número muito superior as escassas
concessões de lavra . Entre as substâncias a serem pesquisadas e mineradas descrevem-se a
particularmente os minérios de cobre, ouro, bauxita, ferro e fosfato 14. No município de Breu
Branco há uma exploração de quartzo e areia para atender a fábrica de beneficiamento de
silício metálico da construtora Camargo Corrêa instalada. O conjunto de requerimentos e de
títulos minerários15, na área estudada, demonstra o interesse da iniciativa privada e da
população garimpeira, no substrato geológico e da confiança desses atores na potencialidade
poliminerálica desse trato crustal, disponibilizada para ser transformada em riqueza.

Gráfico 4 - Requerimentos para atividades minerarias registradas no DNPM entre 1957 e


2008 para a região do Plano

Fonte: DNPM, 2009.

que permite ao interessado entrar na área e começar a pesquisar. O Licenciamento é a concessão da licença,
consentimento, autorização. A Disponibilidade é a qualidade ou estado de disponível. O Requerimento de Lavra
é a petição conforme as formalidades legais para a atividade extrativista de exploração e beneficiamento do
minério. A Concessão de Lavra é o privilégio concedido pelo Estado a uma empresa ou indivíduo para o
conjunto de operações coordenadas objetivando o aproveitamento industrial da jazida, desde a extração de
substâncias minerais úteis que contiver, até o beneficiamento das mesmas.
14
Outros recursos minerais na região são: Níquel, Argila, Alumínio, Cassiterita, Granito, Silica/Silicio, Arsênio,
Basalto, Cascalho, Calcário, Gnaisse, Magnésio, Tantalita.
15
As informações do banco de dados do DNPM, em alguns casos, referem-se a títulos minerários que podem
não corresponder necessariamente ao número de minas ou garimpos, uma vez que há limitações sobre a área
máxima de licenciamento de pesquisa em função da classe do mineral a ser estudado (ex. um mesmo
empreendedor solicita mais de uma licença para áreas vizinhas e/ou a existência de superposição espacial das
solicitações).

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

Gráfico 5 - Minerais mais pesquisados e explorados na região do Plano entre 1957 e 2008
registrados no DNPM

Fonte: DNPM, 2009.

3.4 - SITUAÇÃO FUNDIÁRIA DA REGIÃO LAGO DE TUCURUÍ


A compreensão da estrutura fundiária da Região do Lago de Tucuruí deve
considerar a primeira Lei de Terras do Brasil, em 1850, onde as áreas rurais que não fossem
regularizadas dentro do prazo de seis anos a partir da data de publicação da lei, passariam a
integrar as terras da União. Com a primeira Constituição Federal em 1891, essas terras foram
repassadas aos respectivos Estados, com exceção daquelas consideradas indispensáveis à
segurança nacional, como as fronteiras, fortificações, construções militares e estradas de ferro
federais.
O movimento de expansão de fronteira fortalecido nos anos de 1970 com os
programas governamentais, que consolidaram a colonização nas margens dos grandes eixos
rodoviários, abriu espaços à reprodução do pequeno produtor familiar e de sua constituição
como ator social que irá definir, em larga escala a dinâmica política na atualidade de certas
áreas como a Transamazônica. No entanto, a modalidade de apropriação da terra será, logo,
definida pela presença de novos atores que se sucedem na terra, que seriam os fazendeiros
capitalizados, os grandes empreendimentos minerais, os projetos de energia, da madeira, que
se contrapõem pela própria lógica de funcionamento, a lógica da pequena produção.
A colonização na Rodovia Transamazônica que é o eixo rodoviário mais
importante nos municípios da Região do Lago de Tucuruí foi caracterizada pela expansão a
partir de vilas e cidades já existentes, e posteriormente, com a construção da UHE Tucuruí,

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

aparecem novas cidades a partir de vilas para alocar a população que saiu da área do
reservatório, como Novo Repartimento, Breu Branco, Nova Jacundá, além de outras como
Nova Ipixuna e Goianésia do Pará. Cidades que crescem rapidamente e absorvem a população
atraída para a região pela construção da Usina de Tucuruí.
A cidade de Tucuruí, teve um grande crescimento demográfico nesse período,
sendo uma das principias escolhas de destino de trabalhadores em todo o País, sobretudo do
Nordeste. Sua infra-estrutura é deficiente, apesar de oferecer muito mais serviços que outras
como cidades como Cametá e Baião à jusante da barragem ou Medicilância e Rurópolis, à
montante da Usina. Nas terras do entorno houve aumento da especulação imobiliária
refletindo diretamente na configuração espacial da cidade. Bairros novos aparecem e a cidade
conhece uma expansão na direção da Transamazônica (Novo Repartimento e Breu Branco) ou
de Goianésia. A cidade de Tucuruí é um marco desse processo reorganizativo, ocupa uma
posição de destaque, como núcleo político e social.
Com as ações do programa governamental conhecido como Operação Amazônia,
a região começou a esboçar os primeiros problemas em relação as suas terras. Através da Lei
nº. 3.174 de 24 de outubro de 1966, incentivos fiscais passaram a ser concedidos aos
investimentos nos campos da agropecuária, e grandes fazendas de gado foram instalados na
região, momento em que é definida uma nova regionalização para efeito de planejamento
governamental que passou a ser denominada de Amazônia Legal. (CASTRO,E:1987;
COSTA: 2007).
Verificando a origem dos Projetos de Assentamentos sob jurisdição do INCRA, é
possível identificar as Glebas que eram áreas de controle da União, através das forças armadas
e as grandes extensões de terras pertencentes às fazendas, cuja origem deve corresponder ao
anteriormente citado sob a época dos incentivos fiscais.
Em 1961, a rodovia BR-010 Belém-Brasília que liga o Pará ao Centro sul teve um
grande afluxo de população. De acordo com Loureiro (1989) entre 1959 e 1963 o Governo do
Pará concedeu mais terras do que em toda sua história anterior. No período de Governo
militar no Brasil, criaram-se projetos de rodovias federais na Amazônia Legal, e um dos
projetos rodoviários de integração e colonização advindos desta época foi a construção da
BR-230 ou rodovia Transamazônica. Esta rodovia foi inaugurada em 30 de agosto de 1972,
construída com 2.300 km de extensão, cortando os estados brasileiros do Piauí, Maranhão,
Pará, Amazonas e Rondônia.

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

O Decreto-Lei nº. 1.164 de 1971 legalizava a federalização de terras situadas a até


100 km de largura de ambas as margens das rodovias federais construídas, em construção e
planejadas naquela ocasião, ficando a cargo do INCRA arrecadar e gerir essas terras. Incluía-
se aí os grandes eixos abertos na década de 70 na Amazônia, como as rodovias
Transamazônica, BR-163 (Cuiabá-Santarém), BR-394 (Manaus-Porto Velho), e prosseguindo
na década de 80, a exemplo da rodovia Perimetral, cortando terras fronteiriças no extremo
norte, na direção leste-oeste. O Decreto-lei nº. 1.164 foi revogado em 1987, através do decreto
2.375, permanecendo, porém, sob jurisdição da União as terras já arrecadadas.
Com a criação do Programa Grande Carajás nos anos 1970 e os grandes projetos
minerais, foram executadas obras infra-estruturais para receber esses grandes
empreendimentos, diferentemente do assentamento dos colonos. Na Região de Integração
Lago de Tucuruí novos municípios são criados - Breu Branco, Goianésia do Pará, Nova
Ipixuna e Novo Repartimento, mas a estrutura para receber a população que migrou para a
região em função dos mesmos grandes projetos é deficitária e em nada comparada as
estruturas dos grandes empreendimentos.
As terras destinadas às fazendas, e os latifúndios existentes por sua vez, são
beneficiados através dos Incentivos Fiscais (Lei nº. 3.174 de 24.10.66), em detrimento dos
pequenos agricultores, tendo como impactos a concentração fundiária, conflitos agrários,
violência e insegurança alimentar. O mapa 9 mostra a jurisdição das terras que compõem a
região do PDRS Lago de Tucuruí, apresentando de forma diferenciada aquelas que hoje
correspondem às unidades territoriais de gestão especial.

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

Mapa 9 – Jurisdição fundiária da Região do Lago de Tucuruí

5
4
°

5
1
°
REGIÃO DE INTEGRAÇÃO DE TUCURUÍ
#
Y JURISDIÇÃO FUNDIÁRIA
N

Tailân dia
Moju

156
30 0 30 km
Kilometers

BR
Baião
Escala
pim Sistema de Coordenada Geográfica
Ca
#
Y Rio Datum: SAD 69

ju
Mo
Paragominas

Rio
BR
23
0
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Pacajá Branco
Tucuruí Y# #
PA26
3 Y
# Sede Municipal Hidrografia
Y
(R. I. T.) Limite Municipal
#
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Y
4
°

4
°
Goianésia Y
# Sede Municipal (R. I. T.)

Rio
do Pará Rodovia Limite Municipal

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2
42
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BR

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*UTGE - Unidade Territorial


de Gestão Especial
BR
á

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0

222
BR
Nova Y# Abel Estado do Pará
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Y Região de Integração de Tucuruí
7
°

7
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Y BR
230
São Doming os Agradecemos a gentileza na comunicação
do Araguaia de eventuais falhas ou omissões verificadas
#
Y
#
Y
neste mapa.

Elaboração: Ana Cristina F. Salim.


Ano: 2009
Base Cartográfica:
5
4
°

5
1
°

IBGE, INCRA, ITERPA, GEOMA

Fonte: INCRA, IBGE, ITERPA e GEOMA

Por unidades territoriais de gestão especial subentende-se neste caso, as terras


indígenas e as unidades de conservação estaduais que juntas representam 23,7% da área, cerca
de 955.196,92ha.
As três unidades de conservação que compõem a Região de Integração de
Tucuruí, em sua totalidade são de uso sustentável, e perfazem uma área total de 590.906,10 ha
(14,7% da RIT). Dentre as categorias de unidades de conservação encontradas estão: uma
Área de Proteção Ambiental (APA) localizada praticamente sobre o lago de Tucuruí, e duas
Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS) criadas dentro dessa APA, conforme ilustra
o mapa.
Com relação às terras indígenas abrangidas pela RIT, elas representam 9% deste
território, 364.290,81ha, incluindo as duas áreas. A menor delas está localizada entre os
municípios de Tucuruí e Baião, ficando apenas parcialmente na região como observado no
mapa.
A Região de Integração de Tucuruí está sob jurisdição e atuação do INCRA-
SR27, com sede em Marabá. Nessa região, além da presença de área de colonização oficial,

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

existem dezessete glebas arrecadadas, todas pela União, onde estão distribuídos 99 Projetos
de Assentamento (PA’s) do INCRA, englobando 1.101.528,73ha. A tabela 5 mostra todos
esses assentamentos criados na região por município, evidenciando maior concentração nos
municípios de Itupiranga e Novo Repartimento.

3.5 DEMOGRAFIA E CRESCIMENTO URBANO

3.5.1 Quadro demográfico estadual

No Estado do Pará vivem, segundo o último censo demográfico (2000), 6.192.307


habitantes. Pelas estimativas populacionais de 2006, o Estado do Pará apresenta população de
cerca de 7.110.465 habitantes. A contagem populacional de 2007 atestou uma população de
7.065.573, cuja maioria, 4.720,648, vive em cidades.

Gráfico 6 - Evolução da População Rural e Urbana no Estado do Pará (1970-2007)


6.000.000
Urbana Rural

4.949.502
5.000.000

4.114.827
4.000.000

2.949.017
[hab.]

3.000.000
2.596.388 2.561.832
2.353.672
2.078.153 2.116.071
2.000.000 1.736.505
1.666.993

1.145.803
1.021.195
1.000.000

0
1970 1980 1991 1996 2000 2007
Anos

Fonte: IBGE- Censo Demográfico, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000. Contagem Populacional, 2007

A população do Estado teve um incremento de 30% no período entre 1991 a 2000,


apresentando uma taxa de crescimento médio de 2,26% ao ano. O acréscimo mais
significativo refere-se à população urbana, que passou de 2,59 milhões em 1991, para 4,11
milhões em 2000, com uma taxa média de crescimento anual de 4,71%. A população rural,

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

em contrapartida, sofreu um decréscimo de 2,35 milhões, em 1991, para 2,07 milhões de


habitantes em 2000.
De fato, o intenso processo de urbanização constitui o traço mais marcante da
dinâmica populacional recente. Entre 1991 e 1996, a composição populacional rural/urbana
mantinha-se mais ou menos equilibrada, em torno de 50%. No entanto, em 2007, o
contingente demográfico urbano passa a constituir 70,05% da população total.
A distribuição espacial da população do Estado do Pará, no período entre 1970 e
2007 reconheceu alterações significativas. Em 1970, sensivelmente a população rural era
superior em número à população urbana. Os dados mais recentes da contagem populacional
de 2007 (IBGE, 2007), atestam que as regiões do Baixo Amazonas e Tocantins são as mais
populosas depois da Metropolitana. Concentra cada uma delas, aproximadamente 650.000
habitantes. Juntas apresentam significativa representatividade do contexto estadual. Tapajós e
Xingu são as regiões menos populosas, seguida das regiões do Marajó e Araguaia.
De longe, a região metropolitana apresenta a maior densidade demográfica, cerca
de 1.147,11 habitantes por quilômetro quadrado. Houve nesse sentido redistribuição interna
inclusive com destaque às cidades. Pelo menos nove cidades apresentam população superior a
oitenta mil habitantes. Ananindeua já é a segunda cidade do estado, seguida de Santarém e
Marabá.
Tabela 6 - Distribuição da população do Estado do Pará e por Regiões de Integração.
REGIÃO DE
1970 1980 1991 1996 2000 2007
INTEGRAÇÂO
Região Metropolitana 669.768 1.021.473 1.401.305 1.574.487 1.795.536 2.046.843
Região Guamá 253.680 368.259 437.178 456.510 506.346 213.697
Região do Rio Caeté 195.538 279.914 326.283 361.042 398.549 229.092
Região do Rio Capim 141.166 230.674 360.213 406.049 485.569 534.715
Região Lago de Tucuruí 17.486 91.634 161.646 207.140 272.813 322.743
Região Xingu 25.839 64.692 212.669 247.102 263.309 293.088
Região Carajás 39.796 95.655 301.930 353.017 400.647 497.937
Região Araguaia 40.370 128.891 293.563 332.891 338.120 415.693
Região Baixo Amazonas 296.966 455.617 545.390 553.548 595.050 639.946
Região Tapajós 21.509 51.322 146.746 176.484 195.856 244.742
Região Tocantins 250.585 332.338 446.115 501.835 560.630 681.863
Região Marajó 214.295 283.029 317.022 340.744 380.555 438.694
Fonte: IBGE- Censo Demográfico, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000. Contagem da Populacional, 2007

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

3.5.2 Sistema de povoamento do Médio Tocantins (1930 a 1970), construção da UHE


Tucuruí e novas mudanças demográficas

O povoamento da região ocorreu segundo dinâmicas socioeconômicas e


territoriais motivadas sobretudo pelo movimento do mercado exportador e pelas políticas
desenvolvimentistas de caráter governamental. Entre a década de 1930 e 1950, período de
prolongamento e finalização da ferrovia (Estrada de Ferro Tocantins – EFT), segundo Velho
(1972), o processo de ocupação das margens do rio Tocantins foi fruto do movimento
migratório, dominantemente provindo do Estado do Maranhão, estimulado, certamente, pelo
atrativo de uma grande extensão de “terras livres”, terras devolutas, ricas em castanhais.
A construção da Estrada de Ferro do Tocantins e sua finalização, assim como a
emancipação de Alcobaça e a mudança de denominação para Tucuruí, em 30 de dezembro de
1943 por meio do Decreto-lei nº 4.505, contribuem para a alteração dessa sazonalidade,
deslocamento que se estabelecia do Maranhão ao médio Tocantins. As décadas de 1950 e
1960 testemunharam novo fluxo migratório provindo do Maranhão e de Goiás para o vale do
médio Tocantins, à procura de “terras livres”, alternativas e formas complementares de
ocupação de terras para a atividade agrícola e coleta da castanha, associado à extração de
diamantes no rio Tocantins. Segundo Velho (1972), a busca de castanhais, as possibilidades
do trabalho agrícola e o controle das terras margeantes ao rio e à ferrovia (expressão do
processo de ocupação anterior) empurravam o campesinato das beiras (dos rios) para o centro
(interior do território), estabelecendo um processo de diferenciação sócio-cultural e geográfica
do campesinato.
Essa caracterização do padrão de ocupação do médio Tocantins sintetizado por
Velho (1972), se evidencia na disposição geográfica e em algumas denominações das
localidades dispostas ao longo das margens do rio Tocantins: Breu Branco, Pucuruí, Jatobal,
Remansão da Beira, localidades ribeirinhas surgidas nas primeiras fases do processo de
ocupação, e Remansão do Centro, situadas, na época, distantes do rio e no interior do
território, formadas na segunda fase do processo de ocupação por camponeses migrantes.

Transformações no padrão de povoamento e na dinâmica demográfica

O asfaltamento da Belém-Brasília e a abertura da rodovia PA - 70 (que liga


Marabá à Belém-Brasília), hoje BR-222, propiciaram, no final da década de 1960, a ocupação
de suas margens que eram relativamente despovoadas. Intensificou-se, a partir daí, uma

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

mudança do padrão de ocupação regional, ao padrão de povoamento com populações


concentradas predominantemente nas beiras dos rios, emerge, aos poucos, uma nova
localização, agora, nas laterais das rodovias e no espaço de confluência dos rios Tocantins e
Araguaia.
O processo de construção da Usina Hidrelétrica de Tucuruí, entre 1977 e 1985,
também imprimiu mudanças substanciais na estrutura espacial do médio Tocantins ao longo
da segunda metade do século passado. A formação do reservatório hidráulico provocou a
submersão de cerca de quatorze povoados ribeirinhos: a sede do município de Jacundá, os
povoados de Vila Delphos, Remansão do Centro, Remansão da Beira, Pucuruí, Breu Branco,
Repartimento Central, Jacundazinho, Jatobal, Remansinho, Altamira, Ipixuna, Vila Tereza do
Taurí, Santo Antônio e a antiga Estrada de Ferro Tocantins que junto com o rio Tocantins
compunha o sistema flúvio-ferroviário responsável pela circulação da produção extrativa da
castanha. Em 1973, a estrada de ferro Tocantins foi oficialmente desativada, passando a ser
utilizada principalmente por “colonos”, que se deslocavam através de troles. Naturalmente,
toda a circulação que se processava através do rio Tocantins e da ferrovia – configurando o
sistema flúvio-ferroviário , naquele momento rompida, deixara os habitantes da área sem o
transporte e sem uma das principais fontes de sustento. As atividades econômicas que outrora
se apresentavam como complementares à atividade extrativista da castanha se vêem, então,
trasladadas à categoria de atividades principais e norteadoras da vida local, dos quatorze
povoados ribeirinhos: a pesca, a caça, a coleta de produtos silvestres e a incipiente agricultura
passaram a responder pelo sustento das populações ribeirinhas.
A rota da castanha já havia sido modificada, passando a ser transportada através
das rodovias PA-70 (hoje BR-222) e da Belém-Brasília. O fluxo ascendente e descendente,
que se processava através do sistema flúvio-ferroviário e que “dinamizava” os povoados e
vilas dispersas ao longo do rio e da ferrovia, foi também desviado. Naturalmente, todo o
sistema de embarcações perde a razão de ser. Não havia o que transportar, uma vez que o
abastecimento já se realizava através do sistema rodoviário implantado ainda na primeira
metade da década de 1970.
Em 1974, foram concluídos os “estudos iniciais da ocupação espacial das terras”
16
inseridos nos estudos de viabilidade do aproveitamento hidrelétrico do rio Tocantins .

16
Eletronorte. Aproveitamento Hidrelétrico de Tucuruí. Estudos de Viabilidade. Aspectos Sócio-econômicos,
Desapropriação. Mimeografado, 1974.

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Nestes estudos preliminares, visava-se a uma aproximação da situação da área suscetível de


ser inundada.
No geral, a situação fundiária da área do reservatório apresentava-se assim
discriminada:
i) terras que abrigavam as reservas indígenas: Parakanã e Pucuruí, que se estendiam desde o
interior do território até as margens do rio Tocantins;
ii) terras pertencentes ao Ministério da Aeronáutica: gleba Alcobaça nos municípios de Moju
e São Domingos do capim, a leste da cidade de Tucuruí;
iii) terras devolutas da União, pertencentes desde a publicação do decreto-lei n º 1164/71,
arrecadadas e matriculadas em nome do Incra para fins de regularização fundiária e terras
destinadas ao projeto Integrado de Colonização (PIC – Marabá), ambas ao longo da rodovia
transamazônica;
iv) terras de propriedade da Eletronorte (67.500 ha), antes pertencentes ao acervo da Cia
Estrada de Ferro Tocantins, às margens do rio Tocantins e da ferrovia, conforme decreto-lei
nº77.030 de 15/01/76, onde habitava a maioria da população da área;
v) terras com título de aforamento perpétuo expedido pelo Estado do Pará, ligadas à atividade
extrativista da castanha, principalmente às margens do rio e afluentes que compõem a bacia
hidrográfica do rio Itacaiúnas e Tocantins;
vi) terras matriculadas a particulares até o limite de 3.000 ha, por meio da regularização
fundiária, dispersas ao longo das rodovias transamazônica e BR- 422;
vii) terras devolutas da União ocupadas sob regime de posse.
Estudos realizados pelo ecólogo Robert Goodland (1977) sob a encomenda da
Eletronorte, concluiram que naquele período, e considerando a área do polígono de
desapropriação, existiam entre 8.500 e 20.400 pessoas e uma média de 15.000 pessoas
afetadas. O plano geral do reservatório de Tucuruí, realizado pela empresa de consultoria
BASEVI LTDA, recomendava a construção de uma rede de sítios alternativos (oito), para
abrigar os “parcelados agrícolas”, representando segundo aquela empresa, apenas 7 % da
população da área, e (dois) núcleos urbanos, um na parte ocidental e outro na oriental do lago,
para abrigar os 83 % da população considerada “urbana”, “consoante com a preferência das
populações por soluções que preservassem a coesão territorial de cada comunidade
importante, e seu acesso aos recursos do rio” (MOUGEOT, 1988:241). Esses dois núcleos
seriam provavelmente Nova Jacundá, na parte oriental do lago, dado que já se constituía uma

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unidade municipal e Repartimento, que abrigava migrantes, um misto de colonos mobilizados


pelo PIC – Marabá, fazendeiros e posseiros.

3.5.3 Tamanho, Ritmo de Crescimento e Distribuição da População

Segundo a Contagem Populacional do Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatística, 2007, a Região abrigava uma população de 322.743 habitantes e uma densidade
demográfica de 8,11 habitantes por quilômetros quadrados. No contexto demográfico do
Estado do Pará, a Região de Integração do Lago de Tucuruí é a 9ª região em número de
população.
Fato importante que corroborou para a mudança do quadro demográfico regional é
a presença da Usina Hidrelétrica de Tucuruí. Construída em duas etapas (1977 a 1984) e
(1999 a 2004), a UHE Tucuruí impactou profundamente o espaço regional construído
historicamente, ao ponto de redefinir a estrutura espacial e a organização socioeconômica: a
estrutura produtiva com usos territoriais marcados pelo extrativismo da castanha-do-pará, pela
pesca, extração de diamantes e todo o sistema de povoamento, de vilas e cidades nas margens
da estrada de ferro Tocantins e do rio Tocantins – que consistia no sistema de circulação
flúvio – ferroviário, foi substituído por um novo sistema espacial. Demograficamente houve
mudança no tamanho, no ritmo de crescimento, na distribuição espacial e na estrutura da
população.

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Tabela 7 - População residente, urbana e rural, Região de Integração do Lago de Tucuruí,


1970 a 2007.
População residente por situação(rural e urbana)
Estado Situação Anos
do
1970 1980 1991 1996 2000 2007
Domicílio
Urbana 7.617 30.398 76.526 114.242 161.751 224.561
Lago de Tucuruí Rural 9.889 61.236 85.120 92.898 111.062 98.182
Total 17.486 91.634 161.646 207.140 272.813 322.743
Urbana - - - 9.491 15.952 23.684
01 Breu Branco Rural - - - 10.732 16.494 23.385
Total - - - 20.223 32.446 47.069
Urbana - - - 10.857 14.878 18.590
02 Goianésia do Pará Rural - - - 10.025 7.807 8.576
Total - - - 20.882 22.685 27.166
Urbana 1.447 2.804 8.431 10.109 14.754 18.496
03 Itupiranga Rural 3.899 12.847 28.580 27.662 34.901 23.506
Total 5.346 15.651 37.011 37.771 49.655 42.002
Urbana 542 286 22.081 25.973 34.518 47.447
04 Jacundá Rural 1.677 14.574 20.931 13.553 6.028 4.064
Total 2.219 14.860 43.012 39.526 40.546 51.511
Urbana - - - - 5.207 7.961
05 Nova Ipixuna Rural - - - - 6.659 6.125
Total - - - - 11.866 14.086
Urbana - - - 9.840 15.524 22.957
06 Novo Repartimento Rural - - - 20.219 26.293 28.688
Total - - - 30.059 41.817 51.645
Urbana 5.628 27.308 46.014 47.972 60.918 85.426
07 Tucuruí Rural 4.293 33.815 35.609 10.707 12.880 3.838
Total 9.921 61.123 81.623 58.679 73.798 89.264
Fonte: IBGE- Censo Demográfico, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000. Contagem da Populacional, 2007

A Tabela 7 sintetiza os dados da população residente na região e sua evolução ao


longo do período entre 1970 e 2007. Constata-se que no período em causa o ritmo de
crescimento foi intenso. O município de Tucuruí é o mais populoso concentrando
aproximadamente 28% da população total.

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Gráfico 7 - Distribuição da população total entre os municípios da Região de Integração Lago


de Tucuruí.

Fonte: IBGE- Contagem Populacional, 2007

Os municípios de Jacundá e Novo Repartimento têm população superior a


cinquenta mil habitantes. Na Contagem Populacional de 2007, o município de Breu Branco
(47.069 habitantes) superou o tamanho da população de Itupiranga (42.002 habitantes). Nova
Ipixuna é o município menos populoso, concentrando apenas 14.086 habitantes.

Mapa 10 - Evolução da População da Região do Lago de Tucuruí

Fonte: IBGE, IBAMA,2009

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População urbana e rural

O gráfico 8 apresenta os dados regionais no que diz respeito a sua distribuição


interna (população urbana e rural). Observa-se que, do total de mais de trezentos mil
habitantes da Região de Integração do Lago de Tucuruí, cerca de 224.561 habitantes vivem
nas cidades frente a 98.182 habitantes das áreas rurais dos municípios integrantes do espaço
regional. No campo, nas áreas rurais dos municípios de Novo Repartimento, Breu Branco,
Nova jacundá, Goianésia do Pará, Nova Ipixuna e Itupiranga a população rural se concentrou
principalmente nos assentamentos rurais construídos por meio do PRT – Plano de
Reasssentamento de Tucuruí e pelo Grupo Executivo de Terras do Araguaia – Tocantins,
GETAT e pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA.

Gráfico 8 - Evolução da população urbana e rural para Região Lago de Tucuruí

Fonte: IBGE- Censo Demográfico, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000. Contagem da Populacional, 2007

A expressividade da concentração populacional urbana reflete o processo histórico


de formação do espaço regional. Nesse contexto demográfico, novas cidades como Breu
Branco e Novo Repartimento, construídas para abrigar a população que vivia nas margens do
Tocantins, e Goianésia do Pará, Jacundá, Itupiranga e Nova Ipixuna respondem, em parte pela
nova estrutura urbana que emergiu durante a construção da UHE.
Na última década, entre 2000 e 2007, a taxa média geométrica de crescimento
anual da população residente do Estado do Pará foi de 1,67% ao ano. Na Região de Integração
do Lago de Tucuruí, no mesmo período, foi de 2,12%. Um ritmo de crescimento acima da
média nacional. Internamente os municípios apresentam comportamentos diferenciados. Breu

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

Branco, por exemplo apresenta ritmo galopante em relação aos demais municípios, 4,76%.
Esse ritmo se associa aos novos projetos de exploração mineral e de siderurgia na região. A
taxa geométrica anual de crescimento populacional do município de Itupiranga (-2,07) foi
negativa. Os demais têm um ritmo de crescimento demográfico em torno de 2% ao ano,
superior, à média do Estado do Pará, apresentando comportamento demográfico lento, em
relação ao passado inclusive com tendências de perda de população.

Tabela 8 - Taxa de crescimento anual da população residente nos municípios da região Lago
de Tucuruí (2000-2007)

Período Taxa %
MUNICÍPIO ZONA
2000 2007 2007/ 2000
Urbana 15.952 23.684 5,06
Breu Branco Rural 16.494 23.385 4,46
Total 32.446 47.069 4,76
Urbana 14.878 18.590 2,82
Goianésia do Pará Rural 7.807 8.576 1,18
Total 22.685 27.166 2,28
Urbana 14.754 18.496 2,87
Itupiranga Rural 34.901 23.506 -4,82
Total 49.655 42.002 -2,07
Urbana 34.518 47.447 4,06
Jacundá Rural 6.028 4.064 -4,81
Total 40.546 51.511 3,04
Urbana 5.207 7.961 5,45
Nova Ipixuna Rural 6.659 6.125 -1,04
Total 11.866 14.086 2,17
Urbana 15.524 22.957 5,01
Novo Repartimento Rural 26.293 28.688 1,1
Total 41.817 51.645 2,67
Urbana 60.918 85.426 4,32
Tucuruí Rural 12.880 3.838 -14,04
Total 73.798 89.264 2,41
Urbana 161.751 224.561 4,19
Região de Integração
Rural 111.062 98.182 -1,53
do Lago de Tucuruí
Total 272.813 322.743 2,12
Urbana 4.115.774 4.949.502 2,33
Estado do Pará Rural 2.072.911 2.116.071 0,26
Total 6.188.685 7.065.573 1,67
FONTE: IBGE - Censos Populacionais de 1970, 1980, 1991 e 2000.
Contagem Populacional 1996 e 2007 1) Elaboração e Cálculo SEPOF/DIEPI/GEDE

As tendências de ritmo de crescimento da população urbana e a urbanização


atestam a diminuição da população do campo, em 2007, em torno de 98.182 habitantes e com
ritmo de crescimento negativo (-1,53%). Em geral, a população rural está localizada nas

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margens das rodovias e nos assentamentos remontantes desde o inicio da década de 1970
(Projetos Integrados de Colonização,PIC´s, Projetos de Assentamento, PA´s). Além disso,
apresenta a região população indígena concentrada na reserva Parakanã e Asurini.
É preciso, porém, considerar que as taxas de crescimento populacional urbano
foram positivas em todos os municípios integrantes da região do Lago de Tucuruí (4,19%).
Em geral, pode-se reafirmar a tendência de concentração populacional urbana. Todos os
municípios integrantes da região apresentam tendências de êxodo rural e de acentuada
urbanização. Breu Branco, Nova Ipixuna e Novo Repartimento, têm destaque ainda por
apresentar ritmo de crescimento urbano superior a 5% ao ano. Esse fato também tem
importância fundamental. Dos municípios integrantes da região do Lago de Tucuruí, cinco
apresentam taxa de urbanização superior a 50%. As taxas de urbanização de Tucuruí
(95,70%), Jacundá (92,11%), Goianésia do Pará (68,43%) são bastante representativas.

Figura 1 - Breu Branco nas margens da rodovia PA – 269, construída na década de 1980 pela
empreiteira Queiroz Galvão

Figura 2 - Goianésia do Pará nas margens da rodovia PA – 150.

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A cidade de Tucuruí reconheceu profundas modificações na sua estrutura urbana.


Em 1970, residiam no município de Tucuruí cerca de 9.921 habitantes dos quais 5.628
residiam na sede municipal. Em 1980 chegou a abrigar 61.123 habitantes. Dados da
Eletronorte atestam que na fase de pico da construção da UHE, Tucuruí concentrou 120.000
habitantes.
Figura 4 - Novo Repartimento na confluência das rodovias BR-230(Transamazônica) e BR-
422, construída na década de 1980, apresenta ritmo de crescimento populacional urbano
elevado.

Hoje, Tucuruí é um município quase que essencialmente urbano. Na sede


municipal vivem cerca de 85.426 dos 89.264 habitantes do município. A população rural está
em torno de 3.838 habitantes.

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Mapa 11 - Taxa de Urbanização na Região do Lago de Tucuruí

Fonte: IBGE, IBAMA, 2009.

Ocorre que a cidade de Tucuruí nas fases de construção da Usina Hidrelétrica


concentrou praticamente toda a força de trabalho mobilizada para a construção da obra. Desde
o início, o núcleo urbano não dispunha de condições infraestruturais para abrigar o
contingente populacional que se deslocaria no período de construção da UHE. Para tanto, a
empresa concessionária de energia e responsável pela obra, Centrais Elétricas do Norte do
Brasil – ELETRONORTE, projetou uma nova estrutura urbana constituída de 4 (quatro)
núcleos urbanos: A vila Pioneira, a vila Permanente e as vilas Temporária I e Temporária II.
A primeira foi construída em 1977, no período inicial dos estudos de viabilidade do
empreendimento. O crescimento da cidade de Tucuruí integrou-o definitivamente na sua
estrutura urbana. As vilas Temporárias I e II foram desativadas logo após o término da
primeira etapa da UHE.
A vila Permanente, a Company Town (Trindade e Rocha, 2002), localizada a 7
quilômetros de Tucuruí é parte integrante da Usina Hidrelétrica na medida em que concentra
o pessoal mobilizado para a operacionalização da UHE. Trata-se de um núcleo urbano que
difere das formações urbanas regionais: desde o princípio já dispõe de estrutura com todos os

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

equipamentos urbanos água, esgotos, energia elétrica, centro de serviços, bancos, comércio e
centro administrativo.
Segundo Rocha (1999), na Amazônia, a implantação desses núcleos urbanos
representa um modelo de urbanização totalmente novo, que expressa um caráter diferenciado
do surgimento de núcleos urbanos recentes e do passado na região. Três fatores asseguram a
especificidade desses núcleos urbanos:
a)Denotam pelas suas características e funções básicas, uma extensão da linha de produção
do próprio empreendimento, “raison d’être” de sua existência.
b)O caráter planejado desses núcleos, que já nascem dotados dos equipamentos urbanos
(rede de água, esgotos, serviços e centro comercial e de serviços), diferencia-os do padrão
regional de urbanização .
c)Nutrem-se de uma certa autonomia econômica e “política” em relação ao contexto local e
regional onde se inserem, dado que centralizam decisões, dispõem dos recursos financeiros e
concentram a maior parte do pessoal qualificado.
d) Expressam uma concepção urbanística fechada, na forma de “enclave” urbano, que
assegura a funcionalidade das atividades da empresa e o controle da força de trabalho
mobilizada durante a construção e na fase de operação da obra.
A cidade de Tucuruí, desde o final da década de 1970 quintuplicou em área
urbana, redefinindo o centro comercial e multiplicando o número de bairros para abrigar as
transformações demográficas que reconheceu. Contudo, cabe destacar que quase a metade da
população urbana a região do Lago de Tucuruí reside em apenas uma sede municipal, Tucuruí
(85.425 habitantes), que é a cidade mais populosa da área de estudo. Este caráter concentrado
da população urbana de Tucuruí acentua o papel que a cidade desempenha na polarização do
espaço regional do Lago de Tucuruí, por meio da prestação de serviços médico – hospitalares,
educacionais, informação e de comércio e bancos.

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

Tabela 9 - Taxa de Urbanização para os municípios da Região de Integração Lago de


Tucuruí
Municípios 1970 1980 1991 1996 2000 2007
Breu Branco - - - 46,93% 49,16% 50,32%
Goianésia do Pará - - - 51,99% 65,59% 68,43%
Itupiranga 27,07% 17,92% 22,78% 26,76% 29,71% 44,04%
Jacundá 24,43% 1,92% 51,34% 65,71% 85,13% 92,11%
Nova Ipixuna - - - - 43,88% 56,52%
Novo Repartimento - - - 32,74% 37,12% 44,45%
Tucuruí 56,73% 44,68% 56,37% 81,75% 82,55% 95,70%
Fonte: Contagem Populacional 1996 e 2007
(1) Elaboração E Cálculo SEPOF/DIEPI/GEDE

3.5.4 Estrutura da população e migrações

A estrutura da população expressa na pirâmide a seguir, em termos de composição


de sexo e faixa etária apresenta distribuição irregular com base larga representando um
número expressivo de população jovem. No primeiro caso, no que diz respeito à estrutura
sexual, a maioria da população é constituída de homens. Algo que se justifica dada à
mobilidade do trabalho em virtude da barragem, Em termos de faixa etária, a população da
Região de Integração do Lago de Tucuruí é jovem, concentrando-se na faixa de 10 a 24 anos.

Gráfico 9 - Distribuição da População, faixa etária e sexo da Região de Integração Lago de


Tucuruí

Fonte: Contagem Populacional, IBGE – 2007.

As migrações, nos últimos trinta anos são as responsáveis pela dinâmica


apresentada. A construção da usina hidrelétrica qualificou o deslocamento populacional para a

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Região do Lago de Tucuruí, especificamente, como mobilidade do trabalho. Desta feita, deve-
se considerar, por um lado, o intenso fluxo migratório que se dirigiu para a área, como “(...)
mobilidade do trabalho que atende à estratégia de formação do mercado de trabalho em áreas
de fronteira de recursos” (BECKER, 1989:06). E, por outro, que, embora direcionada pela
trajetória do capital e condicionada pelas ações do Estado no sentido de reestruturar o
território, a mobilidade do trabalho é também fruto das estratégias de sobrevivência dos
migrantes, que, expropriados e sem acesso à terra optam em suas regiões de origem, opta por
se deslocar para novos territórios (BECKER, 1991; MEIRELHES, 1977).

Mapa 12 - Principais Fluxos Migratórios das Unidades Federativas para a Região Lago de
Tucuruí

Fonte: IBGE/2007 e IBAMA/2009

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3.6.- DINÂMICA ECONÔMICA DA REGIÃO LAGO DE TUCURUÍ

3.6.1 - Formação Econômica e Social da Região de Integração Lago de Tucuruí

Apesar de ter sofrido forte impacto com a construção da barragem da UHE de


Tucuruí, a história de ocupação da região é bastante antiga conforme análise anterior,mais
circunstanciada,neste documento. A sua ocupação inicial foi impulsionada pela extração da
borracha e da castanha-do-pará. Um elemento fundamental para o desenvolvimento inicial da
região foi a Estrada de Ferro do Tocantins, que no início do século XX desempenhou um
papel fundamental para a escoação da produção de castanha-do-pará, sendo desativada no ano
de 1974 para dar lugar ao modal rodoviário.
Os primeiros estudos concernentes à construção da UHE de Tucuruí ocorreram
por volta de 1957, ambicionando o aproveitamento do potencial hidroenergético do rio
Tocantins. Os estudos se prolongaram durante toda a década de 1960 e meados da década de
1970. Contudo, foi somente no final da década de 1970 que os estudos de viabilidade foram
intensificados para a construção da usina com o objetivo de sustentar a expansão da
exploração mineral no estado.
A construção da UHE de Tucuruí foi iniciada no ano de 1976 e a conclusão da
primeira etapa ocorreu no ano de 1984. Neste momento a usina já operava com uma
capacidade de geração de energia em torno de 4.000 MW. A segunda etapa da obra, iniciada
em 1998, foi concluída no ano de 2007 elevando a capacidade final instalada acima de 8 mil
MW.
A construção da usina foi um marco fundamental na história econômica da região.
É neste período que foi instalada no município de Tucuruí a Vila Permanente para abrigar os
operários, engenheiros e demais funcionários que para a região migraram, o aeroporto, um
porto fluvial e um hospital. Ademais, a maioria dos municípios novos da região foram criados
a partir do dinamismo e impactos gerados pela construção da usina. Uma característica deste
período foi o enorme fluxo migratório para a região, e por causa disto, ela é caracterizada
como sendo uma região de ocupação recente. Como conseqüência, este processo conformou
um espaço econômico identificado por possuir uma economia predominantemente primária,
altos índices de pobreza, deficiências na infra-estrutura econômica e social e degradação do
meio ambiente.

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3.6.2 Caracterização Econômica da Região de Integração Lago de Tucuruí


No ano de 2006 o PIB do Estado do Pará foi estimado em R$ 44,3 bilhões. A
Região de Integração Lago de Tucuruí, por seu turno, obteve um produto estimando em R$
2,9 bilhões, o que representou 6,71% do PIB estadual. Desta forma, em termos de
desempenho econômico agregado a região ocupou uma posição intermediária se comparado
com as outras regiões do estado. Ficou a frente das regiões Araguaia (R$ 2,4 bilhões em
termos absolutos ou 5,62% em termos de participação percentual), Rio Capim (R$ 2,1 bilhões
ou 4,74%), Guamá (R$ 1,8 bilhão ou 4,24%), Rio Caeté (R$ 1,1 bilhão ou 2,64%), Xingu (R$
1 bilhão ou 2,4%), Marajó (R$ 958 milhões ou 2,16%) e Tapajós (R$ 800 milhões ou 1,8%).
Porém, ficou atrás das regiões Baixo Amazonas (R$ 3,2 bilhões ou 7,4%), Tocantins (R$ 5
bilhões ou 11,41%), Carajás (R$ 6,8 bilhões ou 15,54%) e Metropolitana (R$ 15,6 bilhões ou
35,33%).

Tabela 10 - Produto Interno Bruto (PIB) e Produto Interno Bruto Per Capita das Regiões de
Integração do Estado do Pará
Região de Participação Percentual
PIB 2006 (R$) (1) PIB Per Capita 2006 (R$) (2)
Integração no PIB do Estado (%)
Araguaia 2.492.411.150,00 5,62 6.814,61
Baixo Amazonas 3.283.945.239,00 7,40 5.048,76
Carajás 6.896.884.121,00 15,54 14.330,59
Guamá 1.881.230.649,00 4,24 3.280,42
Lago de Tucuruí 2.976.875.751,00 6,71 8.635,71
Marajó 958.728.813,00 2,16 1.065,01
Metropolitana 15.680.140.290,00 35,33 9.656,39
Rio Caeté 1.170.221.308,00 2,64 2.837,35
Rio Capim 2.105.216.573,00 4,74 3.667,77
Tapajós 800.986.544,00 1,80 2.287,57
Tocantins 5.064.023.027,00 11,41 8.431,75
Xingu 1.065.102.694,00 2,40 4.558,60
PARÁ 44.375.766.159,00 100 6.240,91
Nota: PIB – Produto Interno Bruto, PIB Per Capita – Produto Interno Bruto por habitante.
Fonte: (1) IBGE, 2008; (2) IBGE, 2007.

Na análise do PIB per capita que divide o total do produto pelo número de
habitantes, a Região de Integração Lago de Tucuruí com um PIB per capita estimado para o
ano de 2006 em R$ 8.635,71 superou a média estadual (R$ 6.240,91), ficando atrás somente
das regiões Carajás (R$ 14.330,59) e Metropolitana (R$ 9.656,39). No que se refere à taxa de
crescimento do PIB, a RI Lago de Tucuruí, entre os anos de 2003 a 2006, obteve um

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

desempenho superior a média estadual. Enquanto o Estado obteve um crescimento do PIB de


49,14%, a região cresceu 60%.
Convém ressaltar que tanto o desempenho do PIB absoluto quanto per capita foi
altamente influenciado pela produção de energia elétrica.

Tabela 11 - Produto Interno Bruto (PIB) e Produto Interno Bruto Per Capita dos Municípios
da Região de Integração Lago de Tucuruí
Participação Percentual no PIB da PIB Per Capita 2006
Município PIB-2006 (R$) (1)
Região (%) (R$) (2)

Breu Branco 229.172.591,00 7,70 4.955,08


Goianésia do Pará 114.480.652,00 3,85 3.658,35
Itupiranga 164.858.780,00 5,54 2.527,38
Jacundá 171.097.988,00 5,75 3.537,42
Nova Ipixuna 39.910.153,00 1,34 2.781,58
Novo Repartimento 184.050.492,00 6,18 3.565,00
Tucuruí 2.073.305.095,00 69,65 23.667,33
Lago de Tucuruí 2.976.875.751,00 100 8.635,71
Fonte: (1) IBGE, 2008; (2) IBGE, 2007.

Em termos municipais os dados demonstram que a maior parte do produto


regional está concentrada no município de Tucuruí. No ano de 2006 Tucuruí teve um PIB
estimado de R$ 2 bilhões, equivalente a quase 70% do PIB da região. Em termos do PIB per
capita a disparidade é ainda maior. O município de Tucuruí no ano de 2006 obteve um PIB
per capita estimado em R$ 23.667,33, bastante superior a média regional de R$ 8.635,33 e
estadual R$ 6.240,91. Na verdade é o único município que ultrapassa a média regional, e dado
o seu desempenho puxa a média da região para cima.
Em termos absolutos o pior desempenho ficou com o município de Nova Ipixuna
(R$ 39,9 milhões ou 1,34% do produto regional). E, em termos do produto por habitante Nova
Ipixuna também apresentou um desempenho inferior aos demais municípios (R$ 2.781,58),
ficando, entretanto, a frente de Itupiranga (R$ 2.527,38). Convém ressaltar que a exceção de
Tucuruí, todos os demais municípios no que se refere ao produto por habitante estão bem
abaixo da média regional. No que se refere à taxa de crescimento do produto entre os anos de
2003 a 2006, a maioria dos municípios obteve um desempenho entre 60 e 70% de
crescimento. Destoam desta média Breu Branco (18,95%) e Novo Repartimento (39,62%).

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

Tabela 12 - Taxa de crescimento do PIB a preços correntes da Região de Integração


Lago de Tucuruí - 2003-2006
Taxa de Crescimento do PIB (%)
Municípios
3/abr 4/mai 5/jun 3/jun
Breu Branco 15,14 2,13 1,16 18,95
Goianésia do Pará 19,61 18,16 20,4 70,16
Itupiranga 26,92 12,98 18,54 69,98
Jacundá 27,61 16,35 10,37 63,87
Nova Ipixuna 16,74 25,88 12,37 64,14
Novo Repartimento 16,03 16,53 3,42 39,62
Tucuruí 21,99 20,24 13,73 66,82
RI Lago de Tucuruí 21,86 17,58 12,24 60,05
Pará 19,52 10,01 13,43 49,14
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacional, 2006

No específico ao mercado de trabalho, a RI Lago de Tucuruí, de acordo com os


dados do Ministério de Trabalho e Emprego (MTE) contava no ano de 2000 com uma
população economicamente ativa de 99.463 pessoas, distribuídas entre os municípios da
seguinte forma: Breu Branco (10.601), Goianésia do Pará (8.683), Itupiranga (17.714),
Jacundá (15.053), Nova Ipixuna (4.376), Novo Repartimento (13.308) e Tucuruí (29.728).
Ainda de acordo com os dados do MTE, a região contava com 31.241 empregos
formais em 31 de dezembro de 2008 distribuídos da seguinte forma: Breu Branco (2.992),
Goianésia do Pará (2.919), Itupiranga (2.054), Jacundá (4.341), Nova Ipixuna (828), Novo
Repartimento (3.445) e Tucuruí (14.662). De acordo com estes dados, o setor que mais
emprega na região é a administração pública (12.597), seguida pela: construção civil (5.109),
comércio (4.727), indústria de transformação (3.943), agropecuária (2.377), serviços (2.067) e
serviços industriais de utilidade pública (412).
Em termos setoriais a economia da região é fortemente dependente do setor
industrial, principalmente em decorrência da atividade de geração de energia elétrica. No ano
de 2006, de acordo com dados do IBGE, o valor adicionado pela indústria na economia
estadual foi de R$ 13,2 bilhões. A RI Lago de Tucuruí participou deste montante com um
valor absoluto de R$ 1,9 bilhão, equivalente a 14,54% do total. A região ficou atrás somente
das regiões Carajás (com um valor absoluto de R$ 3,7 bilhões ou percentual de 27,88%),
Metropolitana (R$ 2,6 bilhões ou 20,1%) e Tocantins (R$ 2,4 bilhões ou 18,32%). Todas as
demais regiões, em termo de geração de valor adicionado no setor industrial, ficaram atrás da
RI Lago de Tucuruí.
Na região a produção industrial encontra-se concentrada no município de Tucuruí,
que respondeu em 2006 por um produto industrial de R$ 1,7 bilhão, o que representou cerca
de 90% do total regional. Além de Tucuruí merece destaque o município de Breu Branco com

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

um produto industrial da ordem de R$ 105 milhões, equivalente a 5,45% do total. Os demais


municípios tiveram uma participação no produto industrial regional que somadas não
chegaram a 5% do total.
Em termos de número de estabelecimentos formais no setor secundário, a RI Lago
de Tucuruí contava no ano de 2004, de acordo com o IBGE, com 559 estabelecimentos
distribuídos da seguinte forma entre os municípios: Breu Branco (78), Goianésia do Pará (82),
Itupiranga (38), Jacundá (103), Nova Ipixuna (27), Novo Repartimento (65) e Tucuruí (166).

Tabela 13 - Composição Setorial do Produto Interno Bruto das Regiões de Integração – Valor
Adicionado – 2006
Valor Valor Valor
Adicionado Part. Adicionado Part. Adicionado Part. PIB
Regiões
Agropecuária (%) Indústria (%) Serviços (%) (R$ mil)
(R$ mil) (R$ mil) (R$ mil)
Araguaia 770.285 21,03 522.164 3,93 1.051.676 4,60 2.492.411
Baixo Amazonas 440.673 12,03 813.559 6,12 1.751.034 7,65 3.283.945
Carajás 366.776 10,01 3.704.363 27,88 2.305.767 10,08 6.896.884
Guamá 233.070 6,36 296.105 2,23 1.219.732 5,33 1.881.231
Lago de Tucuruí 232.636 6,35 1.931.713 14,54 731.645 3,20 2.976.876
Marajó 183.554 5,01 134.830 1,01 610.073 2,67 958.729
Metropolitana 57.169 1,56 2.670.417 20,10 10.472.957 45,76 15.680.140
Rio Caeté 182.371 4,98 152.572 1,15 780.654 3,41 1.170.221
Rio Capim 480.117 13,10 377.492 2,84 1.124.522 4,91 2.105.217
Tapajós 148.539 4,05 130.304 0,98 472.449 2,06 800.987
Tocantins 301.167 8,22 2.433.727 18,32 1.744.776 7,62 5.064.023
Xingu 267.302 7,30 117.614 0,89 620.716 2,71 1.065.103
PARÁ 3.663.661 100 13.284.860 100 22.886.000 100 44.375.766
Fonte: IBGE, 2006

Em termos da participação relativa da economia regional no setor agropecuário,


percebe-se que a região apresenta também um bom desempenho se comparado com as outras
regiões do Estado. Vale destacar que o setor agropecuário é dentre os setores tradicionais o
que apresenta maior equilíbrio entre as regiões. No ano de 2006, o IBGE estimou que a
economia paraense adicionou valor no setor em um montante de R$ 3,6 bilhões. A RI Lago de
Tucuruí participou com 6,35% deste produto gerado, ou em termos absolutos com R$ 232
milhões, ficando, em termos de desempenho, a frente das regiões Marajó (R$ 183 milhões ou
5,01%), Metropolitana (R$ 57 milhões ou 1,56%), Rio Caeté (R$ 182 milhões ou 4,98%) e
Tapajós (R$ 148 milhões ou 4%); próxima das regiões Guamá (R$ 233 milhões ou 6,36%) e
Xingu (R$ 267 milhões ou 7,3%); e abaixo das regiões Araguaia (R$ 770 milhões ou 21%),
Rio Capim (R$ 480 milhões ou 13%) e Tocantins (R$ 301 milhões ou 8,2%).

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

O produto agropecuário dentro da RI Lago de Tucuruí, ao contrário do que ocorre


no setor industrial, é mais bem dividido entre os seus municípios. No ano de 2006, Novo
Repartimento (com um valor absoluto de R$ 64,5 milhões ou 27,76% do total regional) e
Itupiranga (R$ 53 milhões ou 23,19%) responderam por cerca de 50% do produto
agropecuário da região. Neste quesito, o município de Tucuruí (R$ 20,8 milhões ou 8,94%)
ficou somente a frente de Nova Ipixuna (R$ 5,54%). O desempenho setorial dos demais
municípios foi: Breu Branco (R$ 23,2 milhões ou 10%), Goianésia do Pará (R$ 29,3 milhões
ou 12,63%) e Jacundá (R$ 27,7 milhões ou 11,94%). Em termos de número de
estabelecimentos formais no setor primário, de acordo com o IBGE para o ano de 2004, a RI
Lago de Tucuruí contava ao todo com 294 estabelecimentos, distribuídos dentre os
municípios da seguinte forma: Breu Branco (32), Goianésia do Pará (40), Itupiranga (63),
Jacundá (45), Nova Ipixuna (13), Novo Repartimento (55) e Tucuruí (46).

Tabela 14 - Composição Setorial do Produto Interno Bruto da Região de Integração Lago de


Tucuruí – Valor Adicionado – 2006
Agropecuário Industrial Serviço
Participação
Municípios A preços Participação % A preços % relativa A preços Participação %
correntes relativa no total correntes no total da correntes relativa no total
(R$ mil) da Região (R$ mil) Região (R$ mil) da Região
Breu Branco 23.287 10,01 105.250 5,45 80.360 10,98
Goianésia do
29.371 12,63 19.855 1,03 59.482 8,13
Pará
Itupiranga 53.945 23,19 18.849 0,98 88.343 12,07
Jacundá 27.774 11,94 24.047 1,24 110.011 15,04
Nova Ipixuna 12.879 5,54 4.030 0,21 21.757 2,97
Novo
64.581 27,76 20.417 1,06 92.756 12,68
Repartimento
Tucuruí 20.801 8,94 1.739.265 90,04 278.937 38,12
Lago de Tucuruí 232.636 100 1.931.713 100 731.645 100
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacional, 2006

Tabela 15 - Estrutura Produtiva da Região de Integração Lago de Tucuruí


N° de estabelecimentos
Municípios
Setor Primário Setor Secundário Setor Terciário
Breu Branco 32 78 219
Goianésia do Pará 40 82 157
Itupiranga 63 38 174
Jacundá 45 103 330
Nova Ipixuna 13 27 65
Novo Repartimento 55 65 268
Tucuruí 46 166 1.010
Lago de Tucuruí 294 559 2.223
Fonte: IBGE, 2004

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

Tabela 16 - Mercado de Trabalho da Região de Integração Lago de Tucuruí


N° de empregos formais em 31
Municípios PEA em 2000
de dezembro de 2008
Breu Branco 10.601 2992
Goianésia do Pará 8.683 2919
Itupiranga 17.714 2054
Jacundá 15.053 4341
Nova Ipixuna 4.376 828
Novo Repartimento 13.308 3445
Tucuruí 29.728 14662
Lago de Tucuruí 99.463 31.241
Fonte: MTE – RAIS, 2008

Tabela 17 - Número de empregos formais em 31 de dezembro de 2008


Atividade / Breu Goianésia Nova Novo Lago de
Itupiranga Jacundá Tucuruí
Município Branco do Pará Ipixuna Repartimento Tucuruí
Indústria de
604 570 138 1.359 196 446 630 3.943
Transformação
Serviços
Industriais de 16 2 1 10 1 10 372 412
Utilidade Pública
Construção Civil 12 54 8 20 0 3 5.012 5.109
Comércio 342 371 202 912 71 457 2.372 4.727
Serviços 284 124 22 217 60 87 1.273 2.067
Administração
1.406 1.475 1.363 1.525 468 1.962 4.398 12.597
Pública
Agropecuária 328 314 320 298 32 480 605 2.377
Total das
2.992 2.919 2.054 4.341 828 3.445 14.662 31.241
Atividades
Fonte: MTE, 2008

Não levando em consideração o impacto e a importância da atividade de geração


de energia elétrica no produto regional, percebe-se que o esteio da economia regional está
principalmente nas atividades ligadas a agropecuária, com destaque na para a criação de gado
de corte e gado leiteiro. Em menor proporção também são criados cavalos, porcos e aves.
No específico ao efetivo bovino da região percebe-se que ele encontrava-se
disperso no ano de 2007 da seguinte forma: Novo Repartimento (363.456 cabeças ou 29,40%
do total do rebanho regional), Itupiranga (290 mil cabeças ou 23,46%), Goianésia do Pará
(155 mil cabeças ou 12,53%), Breu Branco (146.989 cabeças ou 11,89%), Jacundá (140.500
cabeças ou 11,36%), Nova Ipixuna (74.600 cabeças ou 6,03%) e Tucuruí (65.781 cabeças ou
5,32%). Assim, a RI Lago de Tucuruí no ano de 2007 totalizou 1.236.326 cabeças de gado, o
que representou 8,05% do total do rebanho bovino do Estado do Pará.

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

Tabela 18 - Efetivo do Rebanho Bovino (cabeças) na Região de Integração Lago de Tucuruí


– 2007

Participação % em
Participação % em
Município 2007 relação a RI Lago de
relação ao Estado
Tucuruí

Breu Branco 146.989 11,89 0,96


Goianésia do Pará 155.000 12,53 1,01
Itupiranga 290.000 23,46 1.89
Jacundá 140.500 11,36 0,92
Nova Ipixuna 74.600 6,03 0,49
Novo Repartimento 363.456 29,4 2,37
Tucuruí 65.781 5,32 0,42
Lago de Tucuruí 1.236.326 100 8,05
PARÁ 15 353 989 - 100
Fonte: IBGE, 2007

Em termos agrícolas, as lavouras permanentes que se destacam na região,


conforme dados da produção regional em 2007, são: a banana com 87 mil toneladas
produzidas (R$ 33 milhões), 15,9% da produção estadual; o cacau com 1,4 mil toneladas (R$
3,9 milhões), 3,9% da produção estadual; o café com 1,4 mil toneladas (R$ 2,8 milhões), 9%
da produção estadual; o coco-da-baía com 9,2 mil toneladas (R$ 5,3 milhões), 3,6% da
produção estadual; a laranja com 1,3 mil toneladas (R$ 659 mil), 0,6 % da produção estadual;
o maracujá com 805 toneladas (R$ 297 mil), 1,7% da produção estadual; a pimenta-do-reino
com 830 toneladas (R$ 3,6 milhões), 1,2% da produção estadual; e o urucum com 190
toneladas (R$ 341 mil), 12,9% da produção estadual.
Em termos da produção municipal destaca-se que: a produção de banana está
fortemente concentrada nos municípios de Novo Repartimento (45,7% da produção regional),
Itupiranga (27,1%) e Tucuruí (17,1%); a produção de cacau nos municípios de Novo
Repartimento (81,1%) e Itupiranga (16,3%); a produção de café nos municípios de Novo
Repartimento (62,7%) e Itupiranga (26,8%); a produção de coco nos municípios de Breu
Branco (54,2%) e Tucuruí (26%); a produção de laranja nos municípios de Tucuruí (34,2%),
Novo Repartimento (28,1%), Breu Branco (27,1%) e Goianésia do Pará (10,6%); a produção
de maracujá nos municípios de Nova Ipixuna (39,8%), Breu Branco (29,8%) e Jacundá
(22,4%); a produção de pimenta-do-reino nos municípios de Breu Branco (43,4%), Tucuruí
(30,1%) e Novo Repartimento (14,5%); e, a produção de urucum nos municípios de
Itupiranga (50,5%), Breu Branco (33,7%) e Tucuruí (15,8%).

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

Infere-se que os municípios de Breu Branco, Itupiranga, Novo Repartimento e


Tucuruí respondem pela maior parte das culturas permanentes da região. Jacundá e Nova
Ipixuna destacam-se na produção de maracujá e Goianésia na de laranja.

Tabela 19 - Quantidade produzida por município da lavoura permanente na Região de


Integração Lago de Tucuruí – 2007

Lago de Tucuruí
Breu Goianésia Nova Novo
Itupiranga Jacundá Tucuruí
Branco do Pará Ipixuna Repartimento

(ton)
Produzida

Produzida

Produzida

Produzida

Produzida

Produzida

Produzida
Produto
Quant.

Quant.

Quant.

Quant.

Quant.

Quant.

Quant.
Região

Região

Região

Região

Região

Região

Região
% da

% da

% da

% da

% da

% da

% da
(ton)

(ton)

(ton)

(ton)

(ton)

(ton)

(ton)
Banana 2.750 3,1 626 0,7 23.750 27,1 3.125 3,6 2.250 2,6 40.000 45,7 15.000 17,1 87.501
Cacau (em
37 2,6 - - 233 16,3 - - - - 1.160 81,1 - - 1.430
amêndoa)
Café
12 0,8 - - 400 26,8 - - 59 3,9 936 62,7 87 5,8 1.494
(beneficiado)
Coco-da-baía
5.000 54,2 560 6,1 240 2,6 350 3,8 - - 671 7,3 2.400 26 9.221
(mil frutos)
Laranja 357 27,1 140 10,6 - - - - - - 370 28,1 450 34,2 1.317
Maracujá 240 29,8 65 8,1 - - 180 22,4 320 39,8 - - - - 805
Pimenta-do-
360 43,4 70 8,4 24 2,9 3 0,4 3 0,4 120 14,5 250 30,1 830
reino
Urucum
64 33,7 - - 96 50,5 - - - - - - 30 15,8 190
(semente)
Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal, 2008

Tabela 20 - Quantidade total produzida da lavoura permanente na Região de Integração Lago


de Tucuruí – 2007
Valor da
Participação
Produto Lago de Tucuruí (ton) produção Pará (ton)
% no Estado
(R$ mil)
Banana 87.501 33.076 551.786 15,9
Cacau (em amêndoa) 1.430 3.958 36.595 3,9
Café (beneficiado) 1.494 2.886 16.652 9,0
Coco-da-baia 9.221 5.315 256.378 3,6
Laranja 1.317 659 213.513 0,6
Maracujá 805 297 46.167 1,7
Pimenta-do-reino 830 3.656 67.031 1,2
Urucum (semente) 190 341 1.473 12,9
Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal, 2007

As lavouras temporárias que se destacam, conforme dados da produção regional


em 2007 são: o abacaxi com 850 toneladas produzidas (R$ 415 mil), 0,24% da produção

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

estadual; o arroz com 34 mil toneladas (R$ 15,9 milhões), 8,76% da produção estadual; o
feijão com mil toneladas (R$ 1,6 milhão), 1,22% da produção estadual; a mandioca com
249,6 mil toneladas (R$ 21,9 milhões), 4,91% da produção estadual; e o milho com 18,7 mil
toneladas (R$ 8,3 milhões), 3,26% da produção estadual.
Em termos da produção municipal destaca-se que: a produção de abacaxi está
concentrada nos municípios de Itupiranga (47,1%), Nova Ipixuna (35,3%) e Goianésia do
Pará (11,8%); a produção arroz nos municípios de Itupiranga (28,5%), Breu Branco (27,1%),
Jacundá (13,3%), Novo Repartimento (11,5%) e Tucuruí (10,7%); a produção de feijão nos
municípios de Itupiranga (37,6%), Novo Repartimento (28,9%) e Breu Branco (23,1%); a
produção de mandioca nos municípios de Novo Repartimento (24,7%), Itupiranga (20,5%),
Breu Branco (15,1%), Goianésia do Pará (13,7%), Jacundá (11%) e Tucuruí (10,3%); e a
produção de milho nos municípios de Novo Repartimento (42,6%), Itupiranga (21,2%) e Breu
Branco (15,4%).
Infere-se que os municípios de Breu Branco, Itupiranga e Novo Repartimento
respondem pela maior parte das culturas temporárias da região. Tucuruí e Jacundá destacam-
se na produção de arroz e mandioca, Nova Ipixuna na produção de abacaxi e Goianésia do
Pará na produção de abacaxi e mandioca.

Tabela 21 - Quantidade produzida por município da lavoura Temporária na Região de


Integração Lago de Tucuruí – 2007
Breu Goianésia Nova Novo
Itupiranga Jacundá Tucuruí

Lago de Tucuruí
Branco do Pará Ipixuna Repartimento
% da Região

% da Região

% da Região

% da Região

% da Região

% da Região

% da Região
Produzida (ton)

Produzida (ton)

Produzida (ton)

Produzida (ton)

Produzida (ton)

Produzida (ton)

Produzida (ton)

Produto
Quant.

Quant.

Quant.

Quant.

Quant.

Quant.

Quant.

(ton)
Abacaxi - - 100 11,8 400 47,1 40 4,7 300 35,3 10 1,18 - - 850
Arroz
9.480 27,1 1.680 4,8 9.960 28,5 4.650 13,3 1.428 4,09 4.000 11,5 3.720 10,7 34.918
(emcasca)
Feijão
240 23,1 50 4,8 390 37,6 25 2,4 - - 300 28,9 32 3,1 1.037
(em grão)
Mandioca 13.200 15,1 12.000 13,7 18.000 20,5 9.600 11,0 4.200 4,8 21.600 24,7 9.000 10,3 87.600
Milho em
2.890 15,4 260 1,4 3.975 21,2 1.779 9,5 1.155 6,15 8.000 42,6 720 3,8 18.779
grãos)
Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

Tabela 22 - Quantidade total produzida da lavoura temporária na Região de Integração Lago


de Tucuruí – 2007
Valor da
Lago de Tucuruí Participação % no
Produto produção (R$ Pará (ton)
(ton) Estado
mil)
Abacaxi 850 415 354.244 0,24
Arroz (em casca) 34.918 15.998 398.620 8,76
Feijão (em grão) 1.037 1.616 85.000 1,22
Mandioca 249.600 21.963 5.078.426 4,91
Milho (em grão) 18.779 8.366 576.579 3,26
Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal, 2007

O setor terciário aparece em termos de valor adicionado como sendo o segundo


mais importante para a economia regional, estando atrás da indústria e a frente da
agropecuária. No ano de 2006 o produto do setor foi de R$ 731 milhões. Contudo, em termos
de participação no valor adicionado pelo setor terciário na economia do Pará, percebe-se que
outras regiões que possuem um PIB absoluto mais baixo, possuem, entretanto, um produto do
setor terciário mais desenvolvido. São exemplos: Araguaia, Guamá, Rio Caeté e Rio Capim.
Percebe-se, desta forma, que a economia da RI Lago de Tucuruí é fortemente
dependente em primeiro lugar do setor industrial, e mais especificamente da atividade de
geração de energia elétrica. Em segundo lugar aparece a criação de gado como principal
atividade econômica regional. Pode-se afirmar consequentemente, que a economia da região é
pouco diversificada.
Esta afirmação é ratificada quando, por outro lado, é analisado o dado referente ao
consumo de energia elétrica. Apesar de participar com aproximadamente 6,71% do produto
estadual e 14,54% do Valor Adicionado no Setor Industrial no estado, a região foi responsável
por apenas 3% do consumo estadual de energia elétrica no ano de 2006. Este dado, na medida
em que o consumo de energia é outro forte indicador do desempenho econômico de uma
região, reforça a tese de baixo dinamismo econômico e baixa diversidade produtiva da região.
Em termos de participação relativa no total da região, Tucuruí, como pólo
regional, concentra a maior parte do produto no setor serviços tendo agregado valor no ano de
2006 na ordem de R$ 278,9 milhões, o que correspondeu a 38,12% do total regional. Nova
Ipixuna aparece como destaque negativo, tendo gerado um produto setorial de R$ 21,7
milhões, o que correspondeu a 2,97% do total setorial da região. Goianésia do Pará foi outro
município que ficou bem abaixo da média regional com um produto setorial de R$ 59,4
milhões e uma participação relativa de 8,13%. A participação dos demais municípios no
produto do setor serviços foi a seguinte: Breu Branco (R$ 80,3 milhões ou 10,98%),

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

Itupiranga (R$ 88,3 milhões ou 12,07%), Jacundá (R$ 110 milhões ou 15,04%) e Novo
Repartimento (R$ 92 milhões ou 12,68%).
Em termos de número de estabelecimentos formais no setor terciário, de acordo
com o IBGE para o ano de 2004, a RI Lago de Tucuruí contava ao todo com 2.223
estabelecimentos, distribuídos dentre os municípios da seguinte forma: Breu Branco (219),
Goianésia do Pará (157), Itupiranga (174), Jacundá (330), Nova Ipixuna (65), Novo
Repartimento (268) e Tucuruí (1.010).
Analisando o desempenho em relação ao setor externo da economia da RI Lago de
Tucuruí nos anos de 2007 e 2008 percebe-se que a região apresentou nos dois anos analisados
um saldo comercial positivo. No ano de 2007 este saldo foi da ordem de US$ 63 milhões, e
em 2008 de US$ 82 milhões. Em ambos os anos a participação relativa em relação ao saldo
comercial do Pará ficou em 0,88%.
Em termos do valor absoluto exportado, no ano de 2008 a RI Lago de Tucuruí
exportou US$ 88,5 milhões e importou US$ 6,4 milhões. Comparando no ano de 2008 a
participação relativa em relação ao saldo comercial total do Pará, a RI Lago de Tucuruí
(0,88%) ficou a frente das regiões: Araguaia (-1,05%), Caeté (0,03%), Capim (-0,08%),
Guamá (0,85%), Marajó (0,72%), Metropolitana (6,75%), Tapajós (0,42%) e Xingu (0,22%).
E, atrás das regiões: Baixo Amazonas (6,25%), Carajás (58,11%), Metropolitana (6,75%) e
Tocantins (26,89%).

Tabela 23 - Balança Comercial das Regiões de Integração do Pará – 2007

Exportação Importação Saldo Participação % em


Região de
US$ US$ US$ relação ao saldo
Integração
FOB FOB FOB comercial total do Pará
Araguaia 32.822.191 6.161.707 26.660.484 0,37
Baixo Amazonas 551.454.250 37.844.781 513.609.469 7,13
Caeté 3.821.078 1.218.027 2.603.051 0,04
Capim 58.374.173 21.231.390 37.142.783 0,52
Carajás 3.506.906.331 178.557.931 3.328.348.400 46,18
Guamá 80.457.769 2.413.341 78.044.428 1,08
Lago de Tucuruí 71.775.322 8.194.966 63.580.356 0,88
Marajó 88.744.419 350.100 88.394.319 1,23
Metropolitana 797.857.815 88.091.581 709.766.234 9,85
Tapajós 71.728.261 3.069.465 68.658.796 0,95
Tocantins 2.545.962.814 292.285.426 2.253.677.388 31,27
Xingu 37.206.143 44.938 37.161.205 0,52
PARÁ 7.847.110.566 639.463.653 7.207.646.913 100
Fonte: MDIC, SECEX ,2007

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

Tabela 24 - Balança Comercial das Regiões de Integração do Pará – 2008


Participação %
Exportação Importação Saldo
Região de em relação ao
US$ US$ US$
Integração saldo comercial
FOB FOB FOB
total do Pará
Araguaia 47.359.746 145.236.664 -97.876.918 -1,05
Baixo Amazonas 627.460.199 44.686.937 582.773.262 6,25
Caeté 6.035.181 2.801.265 3.233.916 0,03
Capim 50.341.333 57.385.131 -7.043.798 -0,08
Carajás 5.616.224.870 200.003.863 5.416.222.007 58,11
Guamá 90.100.171 11.072.756 79.027.415 0,85
Lago de Tucuruí 88.511.648 6.473.013 82.038.635 0,88
Marajó 67.190.485 289.007 66.901.478 0,72
Metropolitana 735.133.636 106.040.299 629.093.337 6,75
Tapajós 45.477.732 5.950.189 39.527.543 0,42
Tocantins 2.938.562.480 432.160.873 2.506.401.607 26,89
Xingu 20.960.470 24.280 20.936.190 0,22
PARÁ 10.333.357.951 1.012.124.277 9.321.234.674 100
Fonte: MDIC, SECEX ,2008

Analisando em termos municipais é possível inferir que Breu Branco é o principal


responsável pelo nível de exportações da região, tendo nos anos de 2007 e 2008,
respectivamente, exportado US$ 63 milhões e US$ 85 milhões, e importado US$ 8 milhões e
US$ 6,4 milhões, obtendo, como consequência, um saldo comercial de US$ 55,3 milhões e
US$ 79,4 milhões. Desta forma, o município obteve nos respectivos anos uma participação
relativa em relação ao saldo comercial total da região de 87,05% e 96,87%, o que é bastante
significativo. Isto se deve, em grande parte a atuação da Globe Metais Indústria e Comércio
S.A., que produz e exporta silício metálico e silmito para os mercados europeu, americano e
japonês.
O roll dos municípios exportadores é completado por: Itupiranga (2007 – US$ 4,2
milhões e 2008 – US$ 1,8 milhões), Novo Repartimento (2007 – US$ 2,9 milhões e 2008 –
US$ 653 mil) e Tucuruí (2007 – US$ 956 mil e 2008 – US$ 131 mil). Em termos de
importação, além de Breu Branco, somente Tucuruí teve importações registradas na base do
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior no ano de 2008, da ordem de
US$ 63 mil.

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

Tabela 25 - Balança Comercial da Região de Integração Lago de Tucuruí – 2007


Participação % em
Exportação Importação Saldo
Município relação ao saldo
US$ F.O.B. US$ F.O.B. US$ F.O.B.
comercial total
Breu Branco 63.539.498 8.194.966 55.344.532 87,05
Goianésia do Pará - - - -
Itupiranga 4.285.904 0 4.285.904 6,74
Jacundá - - - -
Nova Ipixuna - - - -
Novo Repartimento 2.993.431 0 2.993.431 4,71
Tucuruí 956.489 0 956.489 1,5
Total da Região 71.775.322 8.194.966 63.580.356 100
Fonte: MDIC / SECEX, 2007

Tabela 26 - Balança Comercial da Região de Integração Lago de Tucuruí – 2008


Participação %
Exportação Importação Saldo em relação ao
Município
US$ F.O.B. US$ F.O.B. US$ F.O.B. saldo comercial
total
Breu Branco 85.877.796 6.409.972 79.467.824 96,87
Goianésia do Pará - - - -
Itupiranga 1.848.932 0 1.848.932 2,25
Jacundá - - - -
Nova Ipixuna - - - -
Novo Repartimento 653.888 0 653.888 0,80
Tucuruí 131.032 63.041 67.991 0,08
Total da Região 88.511.648 6.473.013 82.038.635 100
Fonte: MDIC / SECEX, 2008

3.6.3 Compensação Financeira

Este item analisa o montante de recursos recebidos pelos municípios da região a


título de compensação financeira pela geração de energia elétrica (royalties) desde 1997 até o
ano de 2008; e o montante recebido entre os anos de 2006 e 2008 como transferências vidas
da União.
De 1997 até o ano de 2008 a RI Lago de Tucuruí recebeu um total de R$ 316
milhões em royalties. Somente no ano de 2008 este repasse foi da ordem de R$ 52,9 milhões.
Desde 1997 o município que mais recebeu a compensação financeira foi Novo Repartimento
(R$ 138,9 milhões), seguido por Tucuruí (R$ 55,4 milhões), Goianésia do Pará (R$ 54,2
milhões), Jacundá (R$ 27,3 milhões), Breu Branco (R$ 22,8 milhões), Itupiranga (R$ 10,5
milhões) e Nova Ipixuna (R$ 6,9 milhões).

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

Tabela 27 - Total de Royalties recebidos pelos Municípios da Região de Integração Lago de


Tucuruí - 1997-2008 (em R$ mil)
RI
Breu Goianésia Novo Nova
Ano Tucuruí Jacundá Itupiranga Lago de
Branco do Pará Repartimento Ipixuna
Tucuruí
1997 2.040 577 1.820 4.274 242 867 499 10.324
1998 1.788 506 1.595 3.746 253 760 396 9.047
1999 1.703 482 1.519 3.568 241 724 377 8.618
2000 1.899 537 1.694 3.978 269 807 420 9.608
2001 3.164 1.326 3.114 8.007 393 1.576 591 18.174
2002 3.609 1.562 3.586 9.292 443 1.824 662 20.980
2003 4.181 1.810 4.154 10.765 513 2.113 767 24.305
2004 5.513 2.387 5.478 14.196 676 2.786 1.011 32.051
2005 6.475 2.803 6.434 16.673 794 3.273 1.188 37.643
2006 8.213 3.556 8.161 21.147 1.008 4.151 1.506 47.745
2007 7.725 3.344 7.675 19.889 948 3.904 1.417 44.905
2008 9.103 3.941 9.045 23.439 1.117 4.601 1.670 52.919
TOTAL 55.420 22.838 54.280 138.980 6.902 27.392 10.508 316.324
Fonte: Aneel , 2008

A título de recursos transferidos da União, os municípios da região receberam


entre 2006 e 2008 mais de R$ 570 milhões. No ano de 2006 o montante repassado foi de R$
146 milhões e em 2007 foi de R$ 187 milhões. No ano de 2008 foram destinados aos
municípios R$ 236 milhões da seguinte forma: Breu Branco (R$ 30,4 milhões), Goianésia do
Pará (R$ 22,6 milhões), Itupiranga (R$ 36,2 milhões), Jacundá (R$ 31,5 milhões), Nova
Ipixuna (R$ 12,2 milhões), Novo Repartimento (R$ 38,1 milhões) e Tucuruí (R$ 65,1
milhões).

Tabela 28 - Recursos recebidos da União 2006 – 2008.


% do % do % do
Ano 2006 recurso 2007 recurso 2008 recurso
total total total
Total destinado ao Estado do Pará 5.773.055.921,13 100 6.919.241.119,81 100 8.720.988.285,76 100
Total destinado ao Governo do
2.495.995.842,84 43,24 2.936.792.933,02 42,44 3.660.532.056,11 41,97
Estado
Total destinado aos municípios 3.277.060.078,29 56,76 3.982.448.186,79 57,56 5.060.456.229,65 58,03
Breu Branco 13.261.851,91 0,23 17.561.776,85 0,25 30.411.475,32 0,35
Goianésia do Pará 19.340.903,72 0,34 24.704.149,38 0,36 22.623.636,14 0,26
Itupiranga 21.977.092,25 0,38 28.600.451,42 0,41 36.232.417,31 0,42
Jacundá 19.175.056,76 0,33 24.542.409,01 0,35 31.502.459,41 0,36
Nova Ipixuna 8.650.732,27 0,15 9.979.102,99 0,14 12.235.970,21 0,14
Novo Repartimento 22.786.444,08 0,39 31.275.530,42 0,45 38.161.194,65 0,44
Tucuruí 41.075.389,13 0,71 51.138.107,57 0,74 65.152.902,17 0,75
Total destinado aos municípios
146.267.470,12 2,53 187.801.527,64 3 236.320.055,21 2,71
do Lago de Tucuruí
Fonte: CGU – Portal da Transparência. Recursos: Saúde, Educação, Assistência Social, IOF, CFEM, CIDE,
FPE, CACON, CEX, FPM, ITR, Bolsa Família.

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

3.6.4 A pesca na Região do Lago de Tucuruí


A pesca na bacia do rio Araguaia e Tocantins, com 1900 km na época da cheia, é
importante para a economia regional tendo uma ictiofauna com aproximadamente 300
espécies de peixes com predominância de caracídeos, silurídeos e ciclídeos. As comunidades
ícticas se diferenciam entre o baixo (peixes típicos da Amazônia Central), médio e alto
Tocantins (espécies não-amazônicas). Desse total, 100 espécies são comercializadas para o
consumo.
A barragem de Tucuruí foi fechada em 1984 e teve como consequência sua
produção pesqueira ampliada. A pesca antes do fechamento da barragem era estimada em 452
toneladas de pescado e subiu para 5.000 em 2001 enquanto a jusante da barragem a produção
caiu significativamente após o fechamento da barragem. Este aumento foi resultado do
aumento da área de pesca e da produtividade primária.
A região a montante da barragem estão localizados no sudeste paraense sendo
formado por Tucuruí, Jacundá, Itupiranga, Goianésia, Novo Repartimento e Breu Branco e
Nova Ipixuna. A jusante do município a área de influência da barragem envolve 5 municípios:
Tucuruí, Baião, Mocajuba e Cametá e Limoeiro do Ajuru.

Pescadores

Os pescadores da região podem ser divididos entre os pescadores profissionais e os de


pequeno porte artesanal. Uma das fontes de dados para essa estimativa é o número de pescadores que
estão filiados à colônia ou registrados como pescadores na antiga SEAP, hoje Ministério da Pesca.
Com base nesses dados de afiliados de 2006, Tucuruí é o segundo município com mais pescadores
cadastrados do Estado do Pará. Em 2006 Tucuruí tinha 6.400 pescadores, Breu Branco, 4.885 e 1.295
em Novo repartimento.

Tabela 29 - Colônias de pescadores e porcentagem de associados em cada município

Número de
Colônia de Pescadores %
Pescadores
Tucuruí 6.456 5,68%
Breu Branco 4.885 4,30%
Novo Repartimento 1.295 1,14%
Jacundá 1.197 1,05%
Itupiranga 1.190 1,05%
TOTAL REGIÃO 15.023 13,22%
TOTAL ESTADO 113.595 100,00%
Fonte: SEAP,2006.

A fonte de dados para essas estimativas nem sempre é precisa. Os dados da SEAP
que conseguem capturar parte desse valor tem crescido muito nos últimos anos devido à
oportunidade do pescador de receber o seguro defeso. Como pode ser visto na tabela 30 o
número de pescadores de Tucuruí no período de 2000 a 2006 cresceu de 912 afiliados para

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

6.456 e Breu Branco subiu de 15 para 4.885. No total houve um aumento de mais de 14 mil
pescadores durante esse período. Possivelmente grande parte desse valor representa pequenos
pescadores artesanais que não estavam associados e se associaram com vistas a receber o
seguro desemprego. Há, entretanto recadastramento feito pela SEAP que mostra que uma
parcela desses associados são pessoas que não são pescadoras associando-se com finalidade
única de obter o seguro desemprego.

Tabela 30 - Colônia de Pescadores Número de pescadores associados em 2000 e 2006.


Colônias 2000 2006 Acréscimo
Z-32 de Tucuruí 912 6.456 5.544
Z-57 de Breu Branco 15 4.885 4.870
Z-43 de Jacundá 905 1.197 292
Z-44 de Itupiranga 250 1.190 940
Z-58 de Nova Ipixuna 118 561 443
Z-30 de Marabá 450 899 449
Total 2.650 17.194 14.544
Fonte: Seap e Juras, Cintra e Ludovino (2004)

Captura
As capturas sofreram grande variação com a introdução da barragem. Desde o
fechamento da barragem as capturas passaram de 452 t para 1.424 t em 1987-88 e
posteriormente as capturas apresentaram valores anuais de 2.149 t, 2.338 t, 2.648 t e 2.318 t
(entre 1989-1992) e de 5.000 t em 2001. (Juras et al 2004). O aumento da produtividade
primária resultou num aumento exponencial do estoque de espécies como mapará, tucunaré,
pescada-branca e curimatã.
Ao mesmo tempo a produção a jusante variou na direção oposta sofrendo um
aumento de 1.118 t em 1981 para 1.856 t em 1986 subido um pouco posteriormente. Essas
variações estão associadas com as mudanças de ambientes com o fechamento da barragem.
Da região a montante os dois portos mais importantes são Tucuruí (responsável por entre 41
a 59 % do desembarque da região) e Jacundá seguido por dois de menor importância, à
jusante da barragem, que são Cametá e Marabá seguido de Baião cuja produção é bem menor
que dos outros quatro. (Juras et al. 2004). As principais espécies capturadas na área de
influência (Cintra, Juras, Andrade e Ogawa 2007) são mapará (Hypophthalmus marginatus
Valenciennes), pescada-branca (Plagioscion squamosissimus e Plagioscion auratus), tucunaré
(Cichla monoculus Spix & e Cichla sp.), curimatã (Prochilodus nigricans), jatuarana
(Hemiodus unimaculatus), acará-tinga (Geophagus proximus), branquinha (Curimata

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inornata e Curimata vittata), piau (Schizodon vittatum), Anostomoides laticeps Laemolyta e


outras (Cintra, Juras, Andrade e Ogawa 2007). Na coleta de dados de 2001 a 2006 a captura
foi de em média 4.078 t por ano no reservatório e na região à montante do reservatório na área
de influência da barragem.

Tabela 31 - Produção de pescado por porto de desembarque, anual, período (total e média), a
montante e a jusante da Usina Hidrelétrica de Tucuruí no período 2001- 2006
Porto de Ano
Área Total Média
desembarque 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Marabá 549 761 430 273 178 263 2.454 409
Montante
Itupiranga 990 2.027 2.174 1.378 873 597 8.039 1.340
Total 1.539 2.788 2.604 1.651 1.051 860 10.493 1.749
Santa Rosa 237 330 906 354 1.186 764 3.777 630
Porto Novo 1.179 1.256 1.686 1.043 696 715 6.575 1.096
Reservatório
Goianésia do Pará 11 11 11
Mercado do Km 11 2.021 2.052 2.535 2.833 2.453 2.210 14.104 2.351
Total 3.437 3.638 5.127 4.230 4.335 3.700 24.467 4.078
Mercado de Tucuruí 193 199 222 567 269 181 1.631 272
Baião 146 149 179 189 113 71 847 141
Jusante Mocajuba 24 47 32 72 122 114 411 69
Cametá 324 289 287 279 270 255 1.704 284
Limoeiro do Ajuru 68 71 101 171 184 267 862 144
Total 755 755 821 1.278 958 888 5.455 909
Fonte: Cintra, Juras, Andrade e Ogawa (2007)

Embarcações

Há no lago a utilização de apetrechos de pesca que são os mais comuns em quase


toda a região Amazônica. É utilizado principalmente a malhadeira, a tarrafa, o espinhel, o
caniço. Além disso, também se usa apetrechos mais comuns na região do Estuário como o
matapi para captura do camarão (Almeida et al. 2001; Almeida et al. 2003). A rede de malha à
deriva é utilizada para peixes que vivem no meio da coluna de água (mapará, pescada-branca
e apapá) no período que vai da época seca até o início da cheia. Tem comprimento de 100 m e
2 a 2,5 metros de altura com malha com 6 a 9 cm entre nós. É presa em um lado de uma
embarcação e é levada pela correnteza junto com o barco rio a baixo durante o processo de
pesca.
A rede malhadeira fixa é presa em árvores ou em varas ficando a outra ponta com
uma bóia para localização. É utilizada na captura do curimatá de maio a agosto com variação
de comprimento de 50 a 700 m e 1 a 3 m de profundidade. As malhas são grandes de 6 a 14

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cm. A pesca de bloqueio é feita principalmente à jusante, mas também é encontrada a


montante da barragem. A pesca é feita com uma rede que é lançada de forma a fechar a
possibilidade do peixe escapar. Outros apetrechos são menos comuns como puçá de arrasto e
Tarrafa na região. (Juras et al 2004).
Relativo à propriedade das embarcações, a maior parte dos pescadores do
reservatório são donos de suas embarcações (74,5%). Essa proporção é ainda maior a
montante do reservatório (85,9%). Em Nova Ipixuna é grande a quantidade de pescadores sem
embarcação (92%) o que é atípico para a região. As embarcações com propulsão são mais
utilizadas tanto no reservatório (66%) como a montante (84%) sendo motor de rabeta a mais
utilizada.

Aquicultura

A região do Araguaia-Tucuruí é a mais importante região de aquicultura do estado


do Pará (Lee et al. 2008). A região engloba 34 municípios e apresenta mais de 600 produtores.
A perspectiva é que isto cresça ainda mais a partir da implantação de 2.000 tanques-redes no
lago envolvendo 2.000 produtores iniciando o Parque Aquícola do Lago de Tucuruí. Nesse
sentido com a instalação já iniciada desse parque aquícola, essa região pode se tornar o maior
pólo aquícola do estado. Os pólos produtores na região serão Tucuruí, Novo Repartimento,
Itupiranga e Marabá.
Atualmente os levantamentos são ainda incipientes e pesquisadores não
conseguem cobrir uma vasta área especialmente para mapear os pequenos produtores ainda
artesanais. Na região de Marabá foram mapeados somente 31 produtores, mas informações
obtidas de produtores de alevinos indicam uma grande demanda de alevinos (Lee et al. 2008).
Dados de 2006 do IBGE trouxeram informações sobre o número de produtores.
Para essa base de dados Tucuruí e Goianésia do Pará não tiveram seus dados coletados. Com
base nesses dados pode-se dizer que Novo Repartimento tem 80% do número total de
produtores, Itupiranga tem 10% e Marabá 9% somando um total de 478 produtores que
possuem aquicultura em sua propriedade.

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Tabela 32 - Número de produtores de aqüicultura da região de influência do reservatório de


Tucuruí, 2006.
Município Número de produtores % sobre a região
Itupiranga 48 10%
Jacundá 4 1%
Marabá 41 9%
Nova Ipixuna 2 0%
Novo Repartimento 383 80%
Total geral 478 100%
Fonte: IBGE 2006

Pesca Ornamental

A pesca ornamental também é um tipo de pesca que agora está começando a ser
mapeada. Ela também ocorre na Região Hidrográfica do Tocantins-Araguaia cuja área
139.942,45 km2 (10,4 % da área do Estado) tem como principais drenagens os rios Tocantins,
Sororó, Vermelho, Parauapebas, Itacaiúnas e Araguaia. A atividade de pesca ornamental
desenvolve-se principalmente nas sub-regiões hidrográfica (SBRH Tocantins, SBRH
Araguaia). Há registro nessa região de 283 espécies ornamentais, entre as quais as raias e
loricarídeos são as mais visadas. No Tocantins a pesca ornamental realiza-se principalmente
nos municípios de Cametá, Portel e Marabá. No rio Tocantins a pesca ornamental se realiza
em todo seu curso médio e também na parte superior à montante da represa de Tucuruí, onde
são encontradas algumas espécies de raias, tais como Potamotrygon henlei, P. scobina,
Potamotrygon sp.A, Potamotrygon sp.B (raia de fogo ou capote), P. orbignyi e Paratrygon
aiereba de alto valor econômico. A captura destas espécies é mais concentrada na área de
Marabá, mas se estende até o alto rio Araguaia. Juntamente com as raias, há várias espécies de
loricarídeos e alguns ciclídeos que também constituem espécies-alvo das pescarias. (Torres et
al. 2008).

Pesca artesanal de pequeno porte

Parte do grande acréscimo de pescadores na colônia de pescadores possivelmente


é oriundo de pessoas que praticam múltiplas atividades e residentes ribeirinhos da região que
passaram a se registrar com fins de obter os benefícios do seguro defeso. Essas famílias
praticam em geral agricultura, pecuária e pesca. A caracterização desse perfil de pescador
pode ser analisado a partir do exemplo nesse levantamento no município de Itupiranga.

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Itupiranga se caracteriza como uma região de terra firme localizado em área de


floresta densa na bacia do Tocantins. Foi feita uma pesquisa de campo que detectou que, as
famílias de Itupiranga moram na comunidade em média 18 anos, tem 15 anos de casadas, o
marido tem idade média de 43 anos e a esposa 38 com em média 3,1 filhos. A comunidade
entrevistada está na margem do rio Tocantins e, portanto, a pesca é muito importante. Dos
entrevistados 97% das famílias pescam tanto para consumo como para venda. 42% possuem
canoa, 3% possuem bote e 94% possuem uma rabeta. Em geral de 1 a 2 homens pescam em
cada casa sendo o máximo de 8 e o mínimo de 1. O número de mulheres que pesca é menor
sendo o máximo de 3 e mínimo de 1 mas sendo a média bem próxima de uma mulher por
família. Somente 4% das famílias têm alguém na residência que pesca em barco de outra
pessoa.
Tabela 33 - Característica da pesca em Itupiranga, 2008
Característica da pesca Valor
Famílias que pescam 97%
Pesca para consumo e venda 97%
Possui canoa 42%
Possui Bote 3%
Rabeta 94%
Homens pescam na sua família (%) 1.66
Máximo de Homens pescam na sua família 8.00
Mínimo de Homens pescam na sua família 1.00
Mulheres pescam na sua família 1.07
Máximo de Mulheres pescam na sua família 3.00
Mínimo de Mulheres pescam na sua família 1.00
Pesca em barco de outra pessoa 4%
Fonte: Pesquisa de campo,2008.

Foi feito um levantamento da pesca relativo à semana anterior à entrevista em


Itupiranga. Toda a pesca em Itupiranga é feita no rio. Somente 10% das famílias pescaram na
semana anterior somando um total de 13 viagens de pesca sendo, portanto, menos de 2
pescarias por família naquela semana. A pescaria foi toda feita com malhadeira, em casco,
rabeta ou canoa. Mais de 70% das pescarias foram feitas com um parceiro e somente 23% foi
feito sozinho. Mas chega a 39% o número de famílias que praticam a agricultura. Das
famílias que plantam, 29% plantou mandioca, 25% plantam feijão e 21% plantam milho.
Poucas pessoas possuem gado nas comunidades representando somente 8% dos entrevistados.

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Tabela 34 - Produtos plantados em Itupiranga,2008.


Produtos plantados Número famílias %
Você plantou no ano passado 2007: Feijão 7 25%
Você plantou no ano passado 2007: Milho 6 21%
Você plantou no ano passado 2007: Mandioca 8 29%
Você plantou no ano passado 2007: Outro 1 7 25%
Você plantou no ano passado 2007: Melancia 1 4%
Tem gado? 6 8%
Fonte: Pesquisa de campo,2008

Muitas famílias recebem salários, aposentadorias, seguro defeso, bolsa família e


benéficos de saúde. Em Itupiranga, é mínima a proporção de famílias que recebem salário
(2%). Também em termos de aposentadorias há 5% dos homens recebendo aposentadoria, e
somente 1% das mulheres, proporções muito mais baixas que outras regiões. Em Itupiranga
45% dos homens recebem seguro defeso e aproximadamente metade desse valor (20%) é
recebido pelas mulheres. Também é baixo o numero de famílias que recebem bolsa família se
comparado com outras regiões (25%).

Tabela 35 - Renda das famílias de Itupiranga, 2008


Número de
Município % Itupiranga Renda total
famílias
Número de entrevistado 53 53
Salário Homem
Salário Mulher 2 2% 5.190 5.815
Aposentadoria homem 5 5% 4.058 36.520
Aposentadoria mulher 1 1% 3.320 6.640
Seguro homem 41 45% 2.029 73.040
Seguro mulher 18 20% 1.660 28.220
Bolsa valor 23 25% 1.110 25.527
Benefício valor 1 1% 4.980 4.980
Total rendas recebidas 91.00 100% 182.402
Fonte: Pesquisa de campo,2008

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3.6.5 Turismo

Os municípios que compõem o entorno do Lago Tucuruí apresentam grande


potencial para a atividade turística. Diversos atrativos se destacam na região, como as praias
fluviais localizadas no rio Tocantins e seus afluentes e as diversas ilhas e praias criadas pela
formação do lago; a pesca artesanal de diversas espécies de peixes, especialmente o tucunaré,
além de um banco de germoplasma, no município de Tucuruí, com cerca de 15 mil árvores de
46 espécies.
Observa-se que os atrativos turísticos da região são, em sua quase totalidade,
relacionados com a construção do lago. A própria cultura tem sido bastante influenciada pelos
novos moradores, provenientes principalmente do centro-sul do Brasil. Devido ao seu
potencial turístico, os municípios de Itupiranga e Tucuruí foram considerados estâncias
turísticas pelas leis estaduais Nº 6.402, de 24 de maio de 2000, e Nº 6.291, de 24 de maio de
2000, respectivamente.
Seguindo o Programa de Regionalização do Turismo - Roteiros do Brasil (PRT),
do Ministério do Turismo, a Paratur realizou, em 2005, a “Oficina de Sensibilização e
Mobilização de Tucuruí” e a partir dela foi criada a Rota do Grande Lago, que abrange quatro
municípios da RI do Lago de Tucuruí: Breu Branco, Tucuruí, Itupiranga e Jacundá, além do
município de Cametá na RI do Tocantins. Os segmentos definidos para serem desenvolvidos
nesta Rota são turismo de pesca, cultural e náutico.
O PRT prevê, também, a criação de instâncias de governança nas diversas regiões
brasileiras com o objetivo de descentralizar o planejamento e a gestão da atividade turística.
Assim, em 2006, foi constituído o Fórum de Turismo Regional Araguaia Tocantins, composto
por 45 municípios, entre eles os municípios que formam a Rota do Grande Lago. No mesmo
ano, foram realizados os inventários da oferta turística desses municípios, exceto o de
Tucuruí, que havia sido produzido pela Prefeitura anteriormente. Esses levantamentos
mostravam uma oferta de mais de 500 leitos distribuídos entre Breu Branco (70), Itupiranga
(238) e Jacundá (210). Quanto ao cadastro de empreendimentos no MTur, foram cadastradas
02 agências de turismo em Breu Branco; 01 meio de hospedagem e uma transportadora
turística em Tucuruí, e 01 meio de hospedagem em Jacundá.
Baseando-se na Resolução 002/2009, da Paratur, foi realizada a classificação dos
municípios roteirizados e dos considerados prioritários nas categorias: Turístico, de Potencial

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

Turístico e de Apoio ao Turismo. Dos municípios da RI do Lago, Tucuruí foi classificado


como Turístico e Itupiranga e Jacundá, como de Apoio ao Turismo.
Desta forma, o município de Tucuruí deverá ser contemplado com ações de
qualificação, estruturação e organização de produtos e roteiros, enquanto Itupiranga e Jacundá
deverão receber apoio para a organização da cadeia produtiva local, sensibilização,
mobilização da comunidade, incentivo à criação do Conselho de Turismo e atualização do
Inventário.

3.6.6 Principais Entraves e Gargalos ao Desenvolvimento Regional

A Região de Integração Lago de Tucuruí possui alguns entraves e gargalos ao


desenvolvimento regional, passando desde a inadequada infraestrutura econômica, limitado
encadeamento produtivo, baixa agregação de valor à produção regional, economia pouco
diversificada, mercado interno atrofiado e pouco atrativo para investimentos privados,
dependência excessiva da produção extra-regional, baixa capacidade empresarial, pouca pré-
disposição para a cooperação e execução de ações em conjunto, ausência de canais
especializados e eficientes de informações, elevado grau de informalidade, baixa capacitação
da mão-de-obra até a desarticulação produtiva que confere baixo grau de competitividade aos
produtos da região.
A literatura especializada da área de planejamento regional e urbano trata a
infraestrutura econômica como sendo um elemento de fundamental importância para o
desenvolvimento regional. Ou seja, a infraestrutura econômica caracteriza-se como sendo um
fator potencializador ou limitante do desenvolvimento regional. Neste sentido, a infraestrutura
econômica da região ainda pode ser descrita como possuidora de sérios pontos de
estrangulamento ao desenvolvimento da região.
Em que pese o município de Tucuruí abrigar um aeroporto que recebe voos
regulares vindos da capital do estado, as logísticas rodoviária e hidroviária da região não
permitem uma adequada integração física com outras regiões do estado, ou do Brasil. Isto
aumenta significativamente os custos de produção, impactando, por sua vez, o preço final de
venda dos produtos da região.
No que se refere ao modal rodoviário à tabela seguinte permite observar que
algumas rodovias federais e estaduais, ou mesmo as estradas vicinais, apresentam-se quando
não pavimentadas, em inadequado estado de conservação. Ademais, no que se refere à malha

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

de estradas vicinais da região, além do estado de conservação das existentes ser precário, o
número de estradas ainda é insuficiente para dar pleno escoamento à produção regional.

Tabela 36 - Estado de Conservação das Rodovias da Região de Integração Lago de Tucuruí.


Situação
SIGLA Trecho Extensão Município Pavimento Conservação
Física
Informação Informação Informação
BR- Informação
0 não Vicinal não não
230 não disponível
disponível disponível disponível
Informação Informação Informação
BR- Informação
0 não Vicinal não não
222 não disponível
disponível disponível disponível
Entr. PA-268
BR- (P/Itupiranga) Rev.
26 Itupiranga RP Regular
230 - Rio Primário
Cajazeiras
Rio Itacaiunas
BR- Rev.
- Entr PA-268 11,6 Itupiranga RP Regular
230 Primário
(P/Itupiranga)
BR- Rio Pucurui - Novo Rev.
22,7 RP Precário
230 Entr BR-422 Repartimento Primário
BR- Rio Cajazeiras Rev.
28,6 Itupiranga RP Precário
230 - Rio Picurui Primário
BR- Rio Cajazeiras Novo Rev.
62,1 RP Precário
230 - Rio Picurui Repartimento Primário
Entr. BR-230 -
BR- Novo Rev.
Entr PA-156 30 RP Bom
422 Repartimento Primário
(Tucuruí)
Entr. BR-230 -
BR- Rev.
Entr PA-156 43,7 Tucuruí RP Regular
422 Primário
(Tucuruí)
Entr. BR-422 -
BR- Rio Aratau Novo Rev.
52,2 RP Precário
230 (Div R2-4/R2- Repartimento Primário
5)
Entr. PA-263
(P/Breu
BR- Rev.
Branco) - 20 Tucuruí RP Precário
422 Primário
Acesso a Joana
Peres
Informação Informação Informação
Informação
PA-263 0 não Vicinal não não
não disponível
disponível disponível disponível
Entr.PA-150
Goianésia do
PA-150 (Goianésia) - 29,7 Pavimentada TSS Bom
Pará
Rio Capim
Itupiranga
(Rio
PA-268 Tocantins) - 8 Itupiranga Pavimentada CBUQ Regular
Entroncamento
BR-230
Entroncamento
PA-263 PA-151 - Rio 16 Breu Branco Pavimentada CBUQ Bom
Moju

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

Vila Bom
Jesus -
Goianésia do Ipixuna do
PA-150 15 Pavimentada AAUQ Bom
Pará no Pará
Entroncamento
com a PA-263
Vila Bom
Jesus -
Goianésia do Goianésia do
PA-150 33 Pavimentada AAUQ Bom
Pará no Pará
Entroncamento
com a PA-263
Goianésia do
Pará no
Goianésia do
PA-150 Entroncamento 60,2 Pavimentada AAUQ Bom
Pará
com a PA-263
- Jacundá
Goianésia do
Pará no
PA-150 Entroncamento 15,4 Jacundá Pavimentada AAUQ Bom
com a PA-263
- Jacundá
Jacundá -
PA-150 47 Jacundá Pavimentada AAUQ Bom
Nova Ipixuna
Jacundá - Nova
PA-150 7,6 Pavimentada AAUQ Bom
Nova Ipixuna Ipixuna
Nova Ipixuna -
Morada Nova
no Nova
PA-150 8,1 Pavimentada AAUQ Bom
Entroncamento Ipixuna
com a saída da
BR-222(A)
São Joaquim
de Ituquara -
PA-151 15 Breu Branco Planejada PLAN PLAN
Entroncamento
com a PA-263
Entroncamento
com a PA-263
PA-151 60 Breu Branco Planejada PLAN PLAN
- Igarapé
Canoa
Igarapé Canoa
PA-151 15 Jacundá Planejada PLAN PLAN
- Jacundá
Igarapé Canoa Goianésia do
PA-151 15 Planejada PLAN PLAN
- Jacundá Pará
Rio Moju -
Entroncamento Goianésia do
PA-263 21,5 Pavimentada CBUQ Bom
PA-150 Pará
(Goianésia)
Rio Moju -
Entroncamento
PA-263 13,5 Breu Branco Pavimentada CBUQ Bom
PA-150
(Goianésia)
Final Trav.Rio
Tocantins -
PA-263 16,5 Breu Branco Pavimentada CBUQ Bom
Entroncamento
PA-151

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Entroncamento
PA-156
(Tucuruí) -
PA-263 3,5 Tucuruí Pavimentada TSD Bom
Início
Trav.Rio
Tocantins
Início da Trav.
do Rio
Informação Informação
Tocantins -
PA-263 0 não Trav TRAV não
Final da Trav.
disponível disponível
do Rio
Tocantins
Entroncamento
PA-150 Goianésia do
PA-263 40 Planejada PLAN PLAN
(Goianésia) - Pará
Rio Capim
Fonte: SETRAN 2008
Nota: AAUQ- Areia Asfalto Usina do a Quente CBUQ – Concreto Betuminoso Usina do a Quente
TSS – Tratamento Superficial Simples TSD – Tratamento Superficial Duplo RP – Revestimento Primário
LA – Lama Asfáltica LN – Leito Natural TRAV – Travessia PLAN – Planejada.

No que se refere à estrutura portuária, o porto de Tucuruí, principal porto da


região, caracteriza-se pela informalidade e pela precariedade de suas instalações,
apresentando-se inadequado para a sua utilização como espaço de armazenamento e
movimentação de cargas e passageiros. O acesso às embarcações ocorre de forma precária,
oferecendo, inclusive, riscos de acidentes.
A economia regional manifesta uma baixa renda internalizada. Este fato acaba
constituindo um mercado interno atrofiado e pouco atrativo para investimentos privados, o
que dificulta a diversificação da base produtiva, tornando os municípios do Lago de Tucuruí
altamente dependentes da produção extra-regional.
Este fator é agravado pelo fato de que há dentre os empresários da região uma
baixa capacidade empresarial e pouca pré-disposição para a cooperação e execução de ações
em conjunto. O gerenciamento da produção são feitos, via de regra, pelos proprietários. Estes,
na maioria das vezes, não dispõem de uma qualificação técnica adequada a estas atividades,
desconhecendo técnicas administrativas e gerenciais. Em geral, o aprendizado da atividade
vem de uma herança familiar ou mesmo da influência do meio onde reside. Este fato contribui
para a desorganização da produção, gestação de entraves administrativos, não aproveitamento
dos resíduos, perda excessiva de material e desinteresse na busca por novas informações e
tecnologias de produto ou processo.
Os produtores sofrem pela ausência de canais especializados e eficientes de
informações no que se refere a: assistência técnica produtiva e administrativa; fontes
adequadas de financiamento; fornecedores de máquinas e equipamentos; fornecedores de

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

matérias-primas e insumos; comportamento do mercado; potenciais mercados consumidores;


parcerias, oportunidades de negócios e terceirização; transferência de tecnologia; normas
técnicas e propriedade industrial; processo de produção, controle de qualidade e gestão;
manutenção de máquinas e equipamentos; extensão tecnológica (projeto, diagnóstico e
resolução de problemas); publicações técnicas; indicadores sócio-econômicos; qualificação da
mão-de-obra e do quadro administrativo; e, feiras, cursos, eventos, treinamentos e exposições.
Estas dificuldades na obtenção de informações advêm principalmente do:
desconhecimento dos centros e serviços de informação; custo elevado dos serviços; descrédito
nos canais de informação ou na própria informação; baixo nível de instrução dos produtores;
disponibilidade financeira; volume de produção não justificar; falta de divulgação das
informações existentes; inadequação dos meios de divulgação; e, desinteresse.
Muitos produtores atuam na informalidade. Os principais aspectos que contribuem
para esta situação são: elevados encargos tributários; elevados encargos sociais; baixa
produtividade; baixa capitalização dos empresários; excesso de burocracia na legalização da
firma; pouco tempo em atividade; falta de informação; e, falta de interesse.
A informalidade da mão-de-obra também é elevada, e decorre: dos elevados
encargos sociais; da maior parte da produção ser centrada no cunho familiar; e, da própria
falta de interesse dos trabalhadores. Como consequência, parte da mão-de-obra local fica a
margem de quaisquer benefícios legais. Ainda no tocante a mão-de-obra constata-se que o
nível de qualificação é baixo, com alguns empresários encontrando dificuldades na sua
contratação em função: do nível salarial requerido ser superior as possibilidades das
empresas; da falta de profissionais qualificados; da existência de profissionais com
conhecimentos teóricos, mas sem experiência; e, da existência de profissionais práticos, mas
sem conhecimentos tecnológicos.
Estes fatores refletem-se diretamente na qualidade do produto final que, em geral,
é baixa. Dentre as causas principais, excetuando-se os supra, destacam-se: linhas de produção
inadequada, em grade parte improvisadas; maquinário improvisado e inadequado à linha de
produção; mão-de-obra desqualificada, tanto na linha de produção quanto na concepção dos
produtos e no gerenciamento da produção; baixa qualidade dos insumos e da matéria-prima;
falta de linhas de crédito para a produção e desenvolvimento; em alguns casos, inexistência de
especialização produtiva e de uma linha de produção definida; inexistência de controle de
qualidade dos produtos e dos processos; inexistência de especificação/normatização dos
produtos e processos; garantias precárias ou inexistentes dos produtos; e, inexistência nos

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casos estudados, com raras exceções, de um departamento especializado no design e na


concepção dos produtos nas empresas.
Finalmente, outro fato constatado demonstra que há uma elevada dificuldade na
aquisição de maquinário moderno, que decorre fundamentalmente do: elevado custo do
maquinário; falta de linha específica de crédito; falta de capital dos produtores; dificuldade
quanto aos prazos de pagamento; falta de mão-de-obra especializada para operação e
deficiências no processo de treinamento; problemas na aquisição de insumos para a produção;
dificuldade de acesso aos conhecimentos tecnológicos; falta de assistência técnica ao
equipamento; e, falta de escala de produção.

3.6.7 Principais Oportunidades e Potencialidades para o Desenvolvimento Regional

Em que pese os gargalos e entraves listados, a RI Lago de Tucuruí possui algumas


oportunidades e potencialidades que bem exploradas, principalmente por meio de políticas
públicas e iniciativas privadas adequadas, podem se tornar importantes indutores do
desenvolvimento regional: posição geográfica privilegiada, abundância de recursos naturais,
turismo, serviços ambientais, fruticultura, pesca extrativa, piscicultura, pecuária de corte,
indústria de madeira e móveis, além das obras de infraestrutura do Programa de Aceleração
do Crescimento do Governo Federal (PAC), como a pavimentação da BR-230
(Transamazônica), a conclusão das Eclusas de Tucuruí, a ampliação e modernização do Porto
de Vila do Conde.
O primeiro elemento que merece destaque é a sua privilegiada posição geográfica.
A região fica em um entroncamento estratégico para a economia do estado do Pará. Limita-se
a Sudeste e a Sul com as regiões de Carajás e Araguaia, que se caracterizam pelo acentuado
crescimento econômico nos últimos anos e por cenários de crescimentos promissores para a
próxima década. Com ações públicas e privadas adequadas o Lago de Tucuruí pode usufruir
deste processo a partir de forças centrífugas e do efeito fluência gerados pelo dinamismo
econômico destas regiões.
Ademais, esta região está estrategicamente situada entre estas regiões e a
Metropolitana, que se constitui como principal pólo econômico e administrativo do Estado.
Assim, através do modal rodoviário, a Região do Lago de Tucuruí pode ser beneficiada pelo
adensamento do fluxo de cargas, mercadorias e passageiros entre a capital do estado e estas
regiões.

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O Lago de Tucuruí é, também, rota de conexão pelo modal rodoviário entre as


regiões Tapajós, Baixo Amazonas e Xingu, com as regiões Carajás e Araguaia. Neste ponto, a
região deverá ser fortemente beneficiada com as obras de infraestrutura do PAC, como a
pavimentação da BR-230 e a conclusão das Eclusas de Tucuruí.
A pavimentação da BR- 230 (Transamazônica), orçada em R$ 950 milhões, irá
consolidar um eixo de integração Leste-Oeste de relevância nacional, conectando importantes
eixos Norte-Sul, como a BR -163 (Cuiabá – Santarém), a Hidrovia do Tocantins e a Ferrovia
Norte-Sul, além de se integrar à Estrada de Ferro Carajás. Vale destacar que esta obra inclui a
pavimentação do acesso ao município de Tucuruí pela BR- 422.
No específico a Hidrovia do Tocantins, também incluída nas obras do PAC,
convém destacar que o rio Tocantins está entre os principais rios do Estado do Pará17. O rio
Tocantins, em seu trecho paraense, é naturalmente navegável. Porém, esbarra no obstáculo
representado pela barragem da UHE de Tucuruí. A conclusão das Eclusas de Tucuruí, orçada
em R$ 815,6 milhões, se caracteriza como uma das principais obras logísticas do estado,
viabilizando uma extensão navegável contínua de praticamente 500 km. Os trechos que
atualmente estão em operação são: Foz-Tucuruí (254 km), Tucuruí-Marabá (244 km) e
Marabá-Imperatriz (214 km).
A navegação pelo rio Tocantins permitirá direcionar acesso direto ao Porto de
Vila do Conde, cuja ampliação orçada em R$ 105 milhões e modernização com a construção
de uma rampa Rol-On Roll-Off orçada em R$ 7 milhões, também está incluída como obra do
PAC, próximo da capital do estado (Belém). Trata-se de um porto flúvio-marítimo no estuário
do Amazonas adequado à exportação. Este corredor, além de representar uma alternativa a
Estrada de Ferro Carajás – Porto de Itaquí (MA) viabilizará a redução do custo total de
transporte, por meio da utilização do modal hidroviário.
Estas obras são relevantes na medida em que permitem a integração entre as
regiões do estado e do Pará com o Centro-Oeste brasileiro, propiciando o escoamento da
produção nos setores agropecuário, mineral e madeireiro. Com a implantação de políticas
públicas e ações privadas adequadas a RI Lago de Tucuruí poderá consolidar em seu território
importantes cadeias logísticas aproveitando o fato de se tornar um corredor de exportação de
diversos produtos.

17
Os cinco principais rios do Estado do Pará são: Amazonas, Tapajós, Tocantins, Trombetas e Xingu.

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Além da posição geográfica e da infraestrutura outros pontos representam


potencialidades ou vantagens competitivas para a região, com destaque para a abundância de
recursos naturais, o eco-turismo e a pecuária de médio porte.
Caso a região aproveite as suas vantagens competitivas, poderá vir a se
transformar em um importante lócus de atração de investimentos privados que busquem
vantagens locacionais, que pode ser facilitada pela relativa proximidade entre os seus
municípios, capaz de promover a indução e a catalisação de investimentos públicos e
privados.
Em que pese à região hoje se caracterizar pelo seu acentuado grau de ação
antrópica, é composta por uma grande diversidade biológica, reservas florestais, abundância
de recursos naturais e um solo de razoável qualidade. Estes fatores abrem espaço para o
aproveitamento econômico sustentável dos recursos regionais por meio da produção de óleos,
fitofármacos, produtos naturais e cosméticos, por exemplo.
Outros setores que merecem destaque por apresentarem viabilidade econômica
são a pesca extrativa e a piscicultura. A RI Lago de Tucuruí caracteriza-se por possuir uma
ampla e variada fauna pesqueira, pouco aproveitada em termos econômicos, com baixa
verticalização da cadeia produtiva e baixa agregação de valor. É fundamental para o
desenvolvimento da cadeia produtiva do pescado na região o desenvolvimento de algumas
ações como: realização de estudos de ictiofauna; organização e planejamento da pesca
extrativa; capacitação dos produtores de pescado; estímulo ao aproveitamento dos múltiplos
derivados e subprodutos do peixe; desenvolvimento da piscicultura; verticalização da
produção com a industrialização da produção; produção local de insumos; implantação de
frigoríficos na região; implantação de uma fábrica de produção de gelo em ponto estratégico
da região; desenvolvimento da indústria naval para a construção e manutenção de barcos
pesqueiros; criação de um sistema de armazenamento e comercialização da produção;
fiscalização no período de reprodução dos peixes; criação de uma unidade produtora de
alevinos na região; implantação de processos de certificação do produto; e apoio ao
desenvolvimento de um Arranjo Produtivo Local do Pescado na região.
Ademais, a região tem uma alta potencialidade de se inserir com viabilidade no
aproveitamento dos serviços ambientais, como o crédito de carbono ou o reflorestamento com
fins econômicos, por exemplo.
O turismo também se caracteriza como uma atividade promissora para a
economia regional. Dispondo de uma paisagem que se destaca pela imponência da

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barragem e do lago, os segmentos do ecoturismo, turismo de aventura, náutico e de pesca,


dentre outros, que podem ser desenvolvidos, tornando-se importantes geradores de emprego,
renda e melhoria na qualidade de vida das comunidades. Entretanto, o aproveitamento do
potencial turístico da região depende de diversas ações, tais como: elaborar novos estudos que
identifiquem possíveis atrativos turísticos; identificar e mapear trilhas ecológicas; apoiar
as atividades ligadas à pesca esportiva e aos esportes náuticos já existentes; qualificar a
mão-de-obra local para a atividade turística; ampliar e melhorar a infraestrutura turística e
urbana; melhorar a segurança na região; e construir ou reformar terminais fluviais de
embarque e desembarque de passageiros em pontos estratégicos do lago.
O desenvolvimento da indústria madeireira é outra ação fundamental para o
desenvolvimento da região. Levantamento feito no ano de 2005 pelo Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) no âmbito do Grupo de Trabalho
Permanente para Arranjos Produtivos Locais (GTP APL), a partir de informações secundárias
obtidas em suas bases de dados e em diversas instituições (BASA, BNB, Banco do Brasil,
BNDES, MCT, CAIXA, FINEP, SEBRAE e IPEA), apontou a existência de um APL de
Madeira e Móveis em Tucuruí18.
A madeira em tora caracteriza-se por ser, juntamente com a lenha, o principal
produto extrativo da região. Uma característica do setor é a baixa verticalização da produção
com baixa agregação de valor aos produtos. Além do impacto ambiental que a atividade traz
consigo a comercialização da madeira sem beneficiamento limita bastante o potencial setorial
em temos de geração de emprego e geração e internalização da renda.
Neste sentido, é fundamental o desenvolvimento de ações que promovam o
aproveitamento racional e sustentável do potencial madeireiro, bem como estimule a
agregação de valor e verticalização da produção. Para isto, são fundamentais ações como:
estímulo à pesquisa e difusão de tecnologias apropriadas de manejo sustentável das reservas
de madeira e das áreas reflorestadas; fomento ao reflorestamento de áreas desmatadas e
recuperação de áreas degradadas para exploração madeireira; aproveitamento de resíduos de
madeira e da madeira submersa para a geração de energia e biomassa para adubos;
implantação de projeto de beneficiamento da madeira visando à produção de compensados,
aglomerados, chapas maciças, chapas MDF e móveis; apoio ao desenvolvimento do APL de
madeira e móveis em Tucuruí.

18
Fonte: <http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/sdp/proAcao/arrProLocais/levantamento.php>. Pesquisa
realizada em 10.01.2007.

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Em que pese à principal atividade agrícola da região ser a lavoura temporária,


com destaque para a produção de mandioca e arroz, a lavoura permanente, com destaque para
a cultura de frutas, apresenta um potencial superior em termos de geração de emprego e renda.
Entretanto, assim como em outros setores, esta atividade tem de ser pensada com uma
perspectiva de agregar valor e desenvolver a cadeia produtiva a jusante desenvolvendo a
agroindústria na região. Mas para isto é fundamental: promover a capacitação tecnológica,
empresarial e de mão-de-obra para a produção e o beneficiamento regional, com destaque
para assistência técnica; promover o desenvolvimento e a difusão de técnicas de
aperfeiçoamento genético e controle de doenças e pragas; implantar um sistema de controle de
qualidade e certificação de qualidade de produtos naturais (selo de qualidade da marca
regional); fortalecer a agricultura familiar; promover a reforma agrária na região; estimular o
beneficiamento das frutas da região, com a produção de derivados e bens industrializados
(produção de vinhos e xaropes, sucos, polpas, doces e geléias); fomentar a produção de
insumos e a implantação de logística (transporte, equipamentos e armazenagem); implantar
um sistema de comercialização, distribuição e marketing; e implantar uma unidade produtora
de adubo orgânico a partir de resíduos sólidos.
Finalmente, a pecuária de médio porte se apresenta como outro setor que possui
potencial de crescimento, geração de emprego e renda na região. A pecuária é uma das
principais bases da economia regional, podendo aproveitar o crescente interesse mundial pelo
“boi verde”, animal criado sem o uso de anabolizantes e aceleradores de crescimento.
Entretanto, a verticalização e o adensamento da cadeia produtiva da pecuária dependem da:
implantação de frigoríficos modernos capazes de oferecer carne embalada, tipificada,
identificada e pré-preparada; combate aos abatedouros clandestinos; capacitação tecnológica e
empresarial dos produtores; industrialização e beneficiamento do couro; estímulo a
industrialização do leite e derivados (iogurte, queijo, coalhada e doces); pesquisa e difusão de
tecnologia para aperfeiçoamento genético; manutenção do rebanho longe da contaminação da
febre aftosa; controle permanente de doenças parasitárias nos bovinos; ampliação e
fortalecimento do sistema de barreiras sanitárias; promoção de eventos, leilões e feiras
agropecuárias; e, montagem de um sistema eficiente de armazenamento, comercialização,
distribuição e marketing.

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3.7 ESTRUTURA DOS SERVIÇOS SOCIAIS EXISTENTES NOS MUNICÍPIOS DA


REGIÃO LAGO DE TUCURUÍ

Educação

Para compreender a situação de educação nos municípios da região, procurou-se


identificar os estabelecimentos escolares existentes e os níveis de escolaridade, assim como
identificar se há articulação entre as políticas sociais públicas das três esferas de governo
(federal, estadual e municipal) e se esses serviços respondem ou não às demandas sociais
apresentadas ao governo estadual até o presente momento.
Constata-se, assim, que, os municípios possuem estabelecimentos escolares em
praticamente todos os níveis de ensino, a exceção, do ensino infantil, especificamente, no que
diz respeito a Creches que somente Goianésia do Pará (03), Jacundá (03), Nova Ipixuna (1), as
possuem na zona urbana e, somente, Novo Repartimento (05) na zona rural. Os dados mostram
que os municípios: Breu Branco, Itupiranga e Tucuruí não possuem creches tanto na zona
urbana quanto na zona rural. Esses dados indicam a necessidade de construção de Creches em
todos os municípios da região do lago, sobretudo na área rural. Os demais estabelecimentos de
ensino referentes aos níveis de ensino Pré-Escolar, Ensino Fundamental, nos anos iniciais e
finais, encontram-se instalados preponderantemente na zona rural.

Tabela 37 - Número de estabelecimentos escolares e a sua cobertura na área urbana e na área


rural
Ensino Ensino
Município Creche Pré-escola Fundamental Fundamental EJA
Anos Iniciais Anos Finais
U1 R2 Total U1 R2 Total U 1
R2 Total U 1
R2 Total U1 R2 Total
Breu Branco - - - 3 18 21 7 20 27 4 11 15 6 15 21
Goianésia do Pará 3 - 3 7 48 55 7 51 58 2 6 8 2 2 4
Itupiranga - - - 3 5 8 6 110 116 2 28 30 5 8 13
Jacundá 3 - 3 4 0 4 16 34 50 5 1 6 8 0 8
Nova Ipixuna 1 - 1 1 2 3 3 27 30 1 6 7 3 11 14
Novo
- 5 5 3 14 17 8 157 165 4 1 5 6 1 7
Repartimento
Tucuruí - - - 10 15 25 14 22 36 7 9 16 7 0 7
Total 7 5 12 31 102 133 61 421 482 25 62 87 37 37 74
Fonte: MEC/INEP- Indicadores Demográficos e Educacionais do Município (2007).
Legenda: (1) U-Zona Urbana; (2) R-Zona Rural

Apesar dos estabelecimentos escolares existentes nos municípios pesquisados


apresentarem certa cobertura na área urbana e rural, constatou-se que há necessidade de:

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1. Melhorar a Infraestrutura de Educação, pois existe carência de estabelecimentos escolares


públicos de ensino para os vários níveis, tais como: infantil (creches para crianças de 03 a
06 anos), fundamental, médio e superior; isto é, há necessidade de construção de prédios
escolares, sobretudo para a população que vive na área rural, às margens do lago, tendo em
vista garantir a permanência dos alunos do campo e da cidade às várias modalidades de
ensino e assim, reduzir o número de classes multiseriadas;
2. Construir novos prédios escolares para extinguir a superlotação de alunos em sala de aula,
principalmente, no ensino médio;
3. Garantir padrões mínimos de qualidade nas instalações físicas das escolas, incluindo áreas
esportivas e culturais, e infra-estrutura para a inclusão digital;
4. Adaptar o espaço físico para os portadores de Necessidades Educacionais Especiais.
5. Transporte escolar (rabetas e ônibus);
6. Melhorar a qualidade da merenda escolar que utiliza ainda produtos enlatados;
7. Ampliar as ações da Universidade Federal do Pará na região com a oferta de cursos de
nível superior nas áreas de: pedagogia, história, letras, ciências da saúde: nutrição,
psicologia, etc., promovendo a abertura de novos Núcleos universitários com formação
orientada para vocações econômicas da região;
8. Implantar bibliotecas municipais bem equipadas;
9. Implantar procedimentos interdisciplinares nas escolas de ensino fundamental, visando
diminuir o índice de evasão;
10. Implantar formas de gestão democrática nas escolas.

Se por um lado, os municípios apresentam necessidade de ampliar e melhorar as


condições dos estabelecimentos escolares, por outro se verifica também a deficiência na
qualidade do ensino, visto que os mesmos possuem uma taxa de analfabetismo acima da média
nacional, conforme mostra a tabela abaixo.

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Tabela 38 - Taxa de Analfabetismo por município no período de 1991 a 2000


Taxa de Analfabetismo
Município Anos
%
1991 53,18
Breu Branco
2000 29,42
1991 62,27
Goianésia do Pará
2000 31,62
1991 57,11
Itupiranga
2000 35,41
1991 41,76
Jacundá
2000 24,4
1991 65,86
Nova Ipixuna
2000 29,82
1991 56,48
Novo Repartimento
2000 32,19
1991 29,43
Tucuruí
2000 13,06
Fonte: MEC/INEP- Indicadores Demográficos e Educacionais do Município (2007)

A tabela mostra que, nos anos 1990, os municípios: Nova Ipixuna, Goianésia do
Pará e Itupiranga possuíam as maiores taxas de analfabetismo, 65,86%; 62,27% e 57,11%,
respectivamente e a menor taxa, o município de Tucuruí, com 29,43%. Nos anos 2000, os
municípios de Goianésia do Pará e Itupiranga reduziram as taxas de analfabetismo para 31,60 e
35,41%. Contudo, esses municípios e Novo Repartimento (32,19%) continuam com as maiores
taxas de analfabetismo da região. Os municípios que no ano 2000 apresentaram as menores
taxas de analfabetismo foram: Tucuruí (13,06%), Jacundá (24,40%) e Breu Branco (29,42%).
Esses dados ganham maior expressão ao considerar-se que na região Norte, a taxa de
analfabetismo no mesmo ano foi de 11,6% e no Pará 12,4% (IBGE, 2000).
Segundo a PNAD (2008) o Brasil tem ainda 14,2 milhões de analfabetos com 15
anos ou mais. Este fato pode ser explicado considerando que o analfabetismo não é apenas uma
questão de política educacional, visto que ocorre em dois segmentos de pessoas: aquelas com
mais de 40 anos e que nunca foram a escola, e pessoas que vivem situações precárias de vida.
Para uma melhor compreensão sobre a situação de Educação nos municípios da região do Lago
do Tucuruí torna-se importante verificar as taxas de aprovação, reprovação e abandono.

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Tabela 39 - Apresentação das Taxas de Rendimento Escolar por municípios da Região do


Lago de Tucuruí, 2007

Taxa de Aprovação Taxa de Reprovação Taxa de Abandono


MUNICÍPIO
Ens. Fundamental Ens. Fundamental Ens. Fundamental
ESTADO DO PARÁ 63,3 18,9 16,1
Breu Branco 74,03 16,41 9,56
Goianésia do Pará 63,59 22,29 14,13
Itupiranga 80,31 10,69 9
Jacundá - - -
Nova Ipixuna 77,09 14,06 8,85
Novo Repartimento 78,4 11,9 9,7
Tucuruí 71,3 22,5 6,25
Fonte: MEC/INEP- Indicadores Demográficos e Educacionais do Município (2007)

De acordo com os dados da tabela os municípios com maior de taxa de aprovação


no ensino fundamental, no ano de 2007 foram Itupiranga (80,31%), Novo Repartimento
(78,4%) e Breu Branco (74,03%), enquanto que a média no Estado é (63,3%).
No que se refere as maiores taxas de reprovação destacam-se os municípios
Goianésia do Pará (22,29%), Tucuruí (22,5%) e Breu Branco (16,41%), enquanto que no Pará a
taxa nédia é (18,9%) e no Brasil (11,4%). Quanto às taxas de abandono destacam-se Goianésia
do Pará (14,13%), Novo Repartimento (9,7%) e Breu Branco (9,56%), enquanto que na região
Norte é de (16,0%) e no Brasil (11,1%). No Estado do Pará a taxa de abandono é de (16,1%).
Estes dados indicam a necessidade de melhorar os índices de educação nos
municípios da região que dentre outros aspectos, requer a implantação de uma política de
valorização dos profissionais da educação, mediante a ampliação e oferta de cursos de
formação continuada de professores, Educação Indígena, cursos de especialização
disponibilizando bolsas de estudo; melhoria nas condições de trabalho, regulamentação de
planos de carreira e melhoria da remuneração do magistério na região, que constituem
condições essenciais para o desenvolvimento da região.

Saúde
No que se refere aos serviços de saúde, constatou-se que nessa região, o município
de Tucuruí tem se constituído um pólo de saúde que através do Sistema Único de Saúde (SUS)
coordena as pactuações de serviços prestando serviços médicos e de atenção à saúde nos
municípios de Novo Repartimento, Breu Branco, Goianésia, apesar de não ter sido escolhido
como Pólo de Saúde, mais sim Marabá e Pacajá. No entanto, há mais de 10 anos Tucuruí

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pratica a Gestão Plena do Sistema Municipal de Saúde o que faz o município receber recursos
do Ministério da Saúde. A tabela abaixo apresenta a estrutura de serviços de saúde existentes
nos municípios que integram a Região do Lago de Tucuruí.

Tabela 40 - Identificação das Unidades Ambulatoriais Cadastradas no SIASUS

Novo
Estabelecimentos Breu Goianésia Itupiranga Jacundá Nova
Reparti Tucuruí
Branco do Pará Ipixuna
mento
Centro de Saúde/unidade
4 - 4 8 1 3 16
básica de saúde
Clinica/ambulatório
1 1 2 1 - - 10
especializado
Consultório isolado - - 1 - - - -
Farmácia - - - 1 - - -
Hospital especializado - 1 - - - - -
Hospital geral - - 2 3 - 1 4
Policlínica - - - 6 - - 2
Posto de Saúde 8 14 7 - 3 7 16
Pronto socorro geral - - - - - - 1
Unidade de serviço de apoio
1 - - - - - 4
de diagnose e terapia
Unidade de Vigilância em
- - 1 - 1 1 2
Saúde
Unidade de vigilância
- 1 - - - - -
Sanitária
Unidade mista 1 1 - - - - -
Unidade móvel terrestre - 1 - - 1 1 -
TOTAL 15 19 17 19 6 13 39
Fonte: DATASUS/2007

Observa-se assim, que a maioria das unidades ambulatoriais cadastradas no


SIASUS, até o ano de 2007 são os Centros de Saúde com ações voltadas para a atenção básica
de saúde, a exceção do município de Breu Branco que não apresenta nenhum registro. Dentre
esses municípios, Tucuruí apresenta o maior número de Centros de Saúdes e de Postos de
Saúde. As principais doenças e demandas para o atendimento à saúde tem sido relacionadas aos
casos de: malária, dengue, doenças parasitárias, cardiádicas, etc. Contudo, as principais causas
de internamento nas Unidades Ambulatoriais Cadastradas no SIASUS têm sido: doenças
infecciosas; gravidez, parto e puerpério, assim como doenças do aparelho respiratório e lesões,
envenenamento e outras.

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Tabela 41 - Identificação das principais causas de Internamento nas Unidades Ambulatoriais


cadastradas no SIASUS
Breu Goianésia Nova Novo
Itupiranga Jacundá Tucuruí
CID Branco do Pará Ipixuna Repartimento
I. Algumas doenças infecciosas
15,5 21,2 15,3 25,6 6,5 14,0 7,1
e parasitárias
II. Neoplasias (tumores) 1,4 1,5 2,0 1,1 3,6 2,9 1,4
III. Doenças sangue órgãos hemat
1,3 0,3 0,5 0,4 0,4 0,7 0,6
e transt imunitár
IV. Doenças endócrinas
1,1 0,9 0,4 3,1 1,3 1,3 1,1
nutricionais e metabólicas
V. Transtornos mentais e
1,8 1,4 0,2 0,6 0,2 0,7 4,1
comportamentais
VI. Doenças do sistema nervoso 0,4 0,1 0,3 0,2 0,8 0,4 0,3
VII. Doenças do olho e anexos - 0,0 - 0,0 - 0,1 0,1
VIII.Doenças do ouvido e da
- - - 0,0 - 0,2 0,0
apófise mastóide
IX. Doenças do aparelho
3,1 3,6 3,1 6,0 4,4 4,1 3,4
circulatório
X. Doenças do aparelho
13,0 16,1 19,4 20,4 6,1 10,0 9,6
respiratório
XI. Doenças do aparelho
3,8 6,8 8,1 7,3 6,9 7,8 5,2
digestivo
XII. Doenças da pele e do tecido
0,8 0,2 0,9 0,5 0,4 2,2 1,0
subcutâneo
XIII.Doenças sist osteomuscular e
0,7 0,5 0,6 0,7 0,8 1,0 1,0
tec conjuntivo
XIV. Doenças do aparelho
6,5 10,0 2,7 9,1 4,2 7,7 4,5
geniturinário
XV. Gravidez parto e puerpério 41,8 29,8 38,3 17,6 53,4 36,2 49,7
XVI. Algumas afec originadas no
2,0 0,9 1,1 0,3 1,9 1,1 2,5
período perinatal
XVII.Malf cong deformid e
0,0 0,2 0,2 0,3 0,2 0,3 0,4
anomalias cromossômicas
XVIII.Sint sinais e achad anorm
0,5 0,2 0,5 0,2 0,2 0,6 0,4
ex clín e laborat
XIX. Lesões enven e alg out
6,1 5,5 6,2 6,3 8,6 8,5 6,6
conseq causas externas
XX. Contatos com serviços de
0,1 0,7 0,1 0,3 - 0,3 1,1
saúde
CID 10ª Revisão não disponível
- - - - - - -
ou não preenchido
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: SIH/SUS/2007

No que se refere ao atendimento de alta complexidade destaca-se que o município


de Tucuruí possui um Hospital Regional que atende as seguintes especialidades: traumatologia,
cardiologia, neurologia, psiquiatria, pediatria, dente outros. Ressalta-se também que os

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

municípios dessa região apresentaram segundo o IBGE, no ano 2000, uma taxa de mortalidade
infantil 34,69. Além disso, recentemente este município implantou o serviço de saúde em
barco-hospital para atender a população ribeirinha habitante as margens do Lago de Tucuruí.
No estado do Pará, 52,3% da população não dispõem de água tratada, o que
corresponde a 3,6 milhões de pessoas de 739 mil famílias, isto é, a metade da população
paraense, enquanto que a média nacional de cobertura é de 81% (Ministério das Cidades). Na
Região do Lago do Tucuruí, esta situação se torna mais grave, para a população ribeirinha.
Assim, o saneamento básico na região requer ações que envolvam melhorias sanitárias
domiciliares, abastecimento de água, coleta e tratamento adequado dos resíduos sólidos. As
principais demandas apresentadas no correr da pesquisa de campo e nas consultas públicas para
efeito do PTP (2008), na área de saúde, encontram-se sistematizadas no quadro abaixo, e
servem como sinalizações para melhoria das políticas sociais na área.

Quadro 42 – Apresentação das principais demandas na área de Saúde


Equipamentos Infraestrutura Serviços Recursos Humanos
Ampliar o Atendimento de Alta
Equipamento p/ Complexidade; Contratação de
Construção do Hospital
hospital do Câncer na pessoal p/ Hospital
do Câncer na Região; Ampliar e melhorar os serviços de atenção
Região; de Câncer na região;
básica à saúde nos municípios;
-Aquisição de Capacitação
Implantação de Unidades Ampliar e Melhorar os sistemas de
Transporte Fluviais e p/profissionais de
Móveis de Atendimento informatização dos Programas do
rodoviários p/o serviço Saúde para segurança
à saúde; Ministério da saúde;
de saúde na região; endêmica.
Aparelhar e ampliar a Melhorar e Ampliar os serviços de
estrutura física dos Hosp. urgência e emergência nos municípios
Municipais; (UPAs);
Melhorar a infra-
Promover ações articuladas entre educação
estrutura das secretarias
e saúde;
municipais de saúde;
Reestruturação do Criação de um Centro de Cultura de
Hospital Regional de Zoonoses;
Tucuruí; Ampliar o Sistema de Vigilância Sanitária;
Ampliar os servços do ESF,s adequado a
região;
Ampliar e fortalecer as Farmácias
Populares;
Implantação do centro de Oncologia,
Cardiologia e Hemodiálise na região;

Implantação de um Centro de Tratamento


de Dependentes Químicos na Região;
Implantação do LACEN.
Ampliar os serviços de Saúde junto as
populações tradicionais (indígenas e
quilombolas).

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

Assistência Social

A Constituição de 88 efetivou a política de assistência social como direito de


cidadania para enfrentar os problemas da pobreza em suas mais diversas expressões
(desemprego, subemprego, a precarização do trabalho, a violência urbana e outras formas de
violação de direitos). Em dezembro de 2003 foi aprovada uma nova agenda política para o
reordenamento da gestão das ações descentralizadas e participativas de Assistência Social no
Brasil (CNAS, 2003). Para a efetivação desta agenda foi criado o Sistema Único de
Assistência Social – SUAS, modelo de gestão para a coordenação da política de assistência
social em todo território nacional, responsabilizando os três entes federativos tendo em vista
consolidar o sistema descentralização com participação do conjunto da sociedade (Lei
Orgânica da Assistência Social – LOAS, Lei nº 8.742, de 07 de dezembro de 1993).
Na Região do Lago de Tucuruí os serviços de assistência social apresentam:
1. Limitada integração das ações da Política de Assistência social com as ações de outras
políticas, a exemplo: geração de trabalho e renda; educação e saúde. Este fato tem
provocado comportamento assistencialista na maioria dos usuários, gerando assim uma
dependência deste benefício, impedindo a emancipação dos mesmos;
2. Deficiência na cobertura das ações sócio-educativas, principalmente, pela falta de
recursos humanos (psicólogo, assistente social, médico, etc.) e pelos limitados espaços
físicos para o desenvolvimento das ações;
3. Necessidade de uma Gestão Descentralizada (autonomia financeira);
4. Necessidade de ampliação do trabalho junto às famílias visando o estímulo à
permanência das crianças à escola;
5. Implementação de mecanismos de Gestão quanto ao acompanhamento e controle dos
usuários dos serviços de assistência social;
6. A aquisição de transportes par o deslocamento de técnicos para o atendimento na área
rural (Implantação de Centro de Referência de Assistência Social Itinerante, dada às
distâncias geográficas).
Dentre os principais problemas atendidos pelas secretarias de Assistência
Social estão: violência contra criança, adolescente, contra a mulher; uso de drogas; baixa
estima das famílias; violência do idoso por adolescentes; trabalho infantil; etc. No que se
refere aos programas de atenção básica na área de assistência social que mais têm atendido os
usuários é o Bolsa Família, conforme mostra tabela, a seguir:

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

Tabela 43 - Número de famílias beneficiadas pelo Programa BOLSA FAMÍLIA, por


municípios
Município 2006 2007 2008
Breu Branco 3.265 3.273 3.116
Goianésia do Pará 2.333 2.240 2.132
Itupiranga 3.717 5.257 5.180
Jacundá 3.302 3.673 3.647
Nova Ipixuna 1.462 1.362 1.217
Novo Repartimento 5.756 4.942 5.331
Tucuruí 5.645 5.745 5.338
Fonte: SEDES (2009).

A tabela 43 mostra que dentre os municípios que possuem maiores beneficiários


do Programa Bolsa família, estão: Tucuruí, com 5. 338, Novo Repartimento 5.531 e
Itupiranga 5.180 famílias beneficiárias, no ano de 2008. Embora, esses números possam estar
relacionados ao número da população, visto que os referidos municípios estão situados entre
os mais populosos da região do Lago de Tucuruí, (Tucuruí - 89.264 habitantes e Novo
Repartimento – 51.164 habitantes) não se pode negar as desigualdades sociais existentes na
sociedade brasileira. Assim, o governo federal tem repassado significativo montante de
recursos financeiros para atender os usuários da assistência social, conforme evidência a
tabela.

Tabela 44 - Apresentação dos Valores de Repasses Federais da Assistência Social, em 2009,


para os municípios da região
Proteção Social
Municípios Proteção Social Básica TOTAL
Especial
Breu Branco 299.117,00 31.500,00 330.617,00
Itupiranga 329.429,45 8.000,00 337.429,45
Jacundá 119.573,25 112.044,00 231.617,25
Nova Ipixuna 65.819,04 8.000,00 73.819,04
Novo Repartimento 366.831,61 23.500,00 390.331,61
Tucuruí 77.106,00 119.908,00 197.014,00
Goianésia do Pará 183.157,00 52.500,00 235.657,00

TOTAL GERAL 1.441.033,35 355.452,00 1.796.485,35


Fonte: SEDES (2009).

Conforme revela a tabela 44, os municípios que mais recebem repasse de valores
do governo federal para a área de assistência social são: Novo Repartimento (390.331,61),
Itupiranga (337.429,45) e Breu Branco (330.617,00). O valor menor desse repasse para a área
de assistência social é para o município de Nova Ipixuna, o que pode ser compreendido por

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

ser também o município com menor população na região,ou seja, 14.086 habitantes
(IBGE,2007).
Para o atendimento de alta complexidade, verifica-se que nem todos os
municípios contam com Centros de Referência de atendimento especial, o qual segundo o
SUAS é destinado ao atendimento às situações de graves de violação de direitos humanos, tais
como abandono de crianças, adolescentes e pessoas idosas. Verifica-se também que nessa
região, os serviços de assistência social apresentam alguns problemas tais como: 1-
desintegração entre as ações compensatórias (Bolsa famílias) e as políticas emancipatórias
(políticas de geração de trabalho e renda/educação); 2- carência, deficiência de ações sócio-
educativas para jovens e adultos; 3- necessidade de fortalecimento dos conselhos da criança e
adolescente, dentre outros, ações de apoio voltadas para os povos indígenas e população
ribeirinha, inclusive campanhas para expedições de documentos, ações de combate a violência
doméstica, as quais devem ser articuladas ações de educação e saúde, ou seja, a articulação
entre as políticas municipais, estaduais e federais.
As principais demandas apresentadas durante a pesquisa de campo nos municípios
da Região do Lago de Tucuruí, para a área de assistência social, estão relacionadas no quadro
5:

Quadro 5 - Apresentação das principais demandas na área de Assistência Social


Infraestrutura Serviços
Ampliação do número de CRAS e CREAS na região;
Criar fluxo de atendimento á criança e ao
Implantar espaços de acolhimento regionais c/ planos de adolescente (rede de serviços sócio-assistencial)
convivência familiar e comunitária.

Garantir a efetividade do pagamento dos benefícios


Implantar Fundos Municipais p/a Política de Assistência
previdenciários dos pescadores, quilombolas,
Social;
indígenas e todas as populações tradicionais;

Construção de prédios próprios para as ações de Ampliar as ações sócio-produtivas dos usuários da
assistência social. assistência social;

Implantar Agência Regional do INSS.


Fonte: Pesquisa de campo e Consultas Públicas 2007-2009.

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

3.8 LAGO DE TUCURUÍ E AS COMUNIDADES DAS ILHAS

Realizar a análise dos dados para a elaboração de um diagnóstico do Lago de


Tucuruí seu entorno e ilhas significa admitir que o lago de Tucuruí é um legado físico e
ambiental e deve ser agora gerido numa perspectiva de potencialização das especificidades
locais, políticas públicas que mitiguem o legado social que marca a região do lago de Tucuruí,
suas ilhas e entorno.
A ocupação por populações locais do espaço da margem do reservatório visando
aproveitamento dos recursos naturais oriundos do lago antes decorre de um movimento
peculiar de ocupação do entorno e das ilhas do lago. Os recursos do lago foram os atrativos
para que famílias se instalassem nessas áreas. Na década de noventa, antes da elevação da
cota do lago o movimento dos antigos moradores das áreas inundadas era o de permanecer
próximos à cota de 76 m no entorno ou nas inúmeras ilhas formadas pela inundação.
Associado ao movimento de expulsão dos moradores para a construção da barragem, lógicas
de clientelismo político motivaram o processo de criação de municípios como instâncias
político-administrativa. Este diagnóstico foi realizado a partir do levantamento de dados no
interior do Lago de Tucuruí com uma amostra qualificada dos moradores das ilhas e do
entorno do lago. O trabalho de campo realizado no lago de Tucuruí no período de 21 a 27 de
agosto de 2009 teve como objetivo coletar dados e comparar com outros gerados
anteriormente, a partir de uma metodologia que buscou cobrir todo o lago. Para realização do
trabalho utilizou-se uma voadeira com viagens que ocupoavam toda a jornada19.
A Eletronorte substituiu grande parte dos guardas ambientais, mas o critério do
conhecimento e da memória espacial do período anterior ao alagamento da área foi mantido20.
A substituição decorreu do controle mais acirrado que a Eletronorte tem feito sobre as
reservas.
Durante o trabalho de campo, três áreas foram encontradas em processo avançado
de desmatamento: duas em Novo Repartimento, sendo uma para plantio de gergelim e outra
para plantio de pinhão. E a terceira no município de Breu Branco, bem próximo a Barragem,
instalação de uma fazenda e segundo moradores vizinhos, antes era bem conservada.

19
Foram visitadas 13 localidades, dentre elas, as maiores (Porto Novo, Santa Rosa, Pólo Pesqueiro, vila Brasil e
vila Belém) apenas uma localidade foi visitada pela primeira vez, denominada Bom Jesus do Arapari,
pertencente ao município de Novo Repartimento, pois, não havia sido mapeada em campos anteriores. Foram
aplicados 89 questionários domiciliares o que totalizou levantamento de 420 pessoas.
20
O prático que acompanhou a equipe foi um antigo morador do lago, hoje, funcionário da Eletronorte (seu
Sabá).

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

A presença maior de homens na comunidade é superior a das mulheres o que


indica que no interior do lago há uma ligeira diferença da tendência do comportamento da
população do estado do Pará em relação ao gênero. Esta distribuição por gênero pode decorrer
da atividade produtiva preponderante do Lago que é a pesca.
Há uma base de dados relativa a um campo de pesquisa realizado em 2006 em
função da pesquisa Contribuição ao estudo hídrico de represas da região amazônica com
ênfase aos aspectos químicos, biológicos, sócio ambiental e estatísticos desenvolvido em
parceria da Eletronorte com a UFPA e UNAMA. Neste projeto, a distribuição da população
segundo o critério etário ratifica a tendência da região norte de ser a portadora do maior
número de crianças e jovens.

Gráfico 10 - Faixa etária 2009

Faixa Etária
16
14
12
10
8
6 c
4 %
2
0

no
s os os os os os os os os ais mou
a 0 an an 0 an 4 an 4 an 4 an 4 an 4 an u m r
0 –5 – 1
– 15
– 2 – 2 – 3 – 4 – 5 – 6 5 o I nfo
6 11 16 21 25 35 45 55 6 o

Fonte:Pesquisa de Campo 2009

Gráfico 11 - Faixa etária em 2006

Fonte: Pesquisa de campo,2006.

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

É importante notar que do ponto de vista etário a maioria da população do Lago é


jovem sendo que na idade produtiva se encontra também grande parte da população, mas é
importante destacar que o intervalo de 0 a 20 anos constitui a maioria dos moradores e esta
distribuição segue as tendências regionais de ter uma população mais jovem.
A questão etária não pode ser desconectada das questões de naturalidade dos
moradores, pois, essa correlação permite evidenciar movimentos de deslocamento de
populações para a região do Lago de Tucuruí.

Gráfico 12 - Naturalidade dos moradores

Fonte: Pesquisa de campo, 2009.

O Gráfico 12 consolida os números dos dois campos de pesquisa realizados em


2006 e 2009 e permite inferir que o crescimento vegetativo dessa população é o elemento que
explica a presença de um grande número de paraenses, mas é necesário pontuar que a
naturalidade paraense é correlata à faixa etária que provavelmente nasceu na região. O grande
número de maranhenses correspondem à faixa etária da população em idade produtiva. Isso
pode indicar mobilidade populacional. Estas populações buscam na região do lago os recursos
naturais que se originaram com criação do reservatório.

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

Gráfico 13 - Atividades Desenvolvidas

Fonte: Pesquisa de campo, 2006 e 2009

O Gráfico de atividade desenvolvidas ratifica a tendência de mobilidade


populacional em direção ao lago e que os recursos naturais são o atrativo para que este
movimento tenha se instalado. Moradores que desenvolvem atividades ligadas a pesca são a
maioria dos pesquisados. O consórcio entre pesca e roça também demonstra que o modo de
vida ribeirinho é uma escolha cultural , pois os moradores trazem consigo a memória técnica e
de saberes tradicionais ligadas a essa prática. É também uma escolha racional, pois a ausência
de políticas públicas setoriais de provimento as vias de escoamento para a produção pesqueira
do lago e também de abastecimento da população são insuficientes, quando não inexistentes.

Gráfico 14 – Quantidade de equipamentos utilizados para pesca

Fonte: Pesquisa de campo, 2009.

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

Os equipamentos utilizados para pesca permitem qualificar esta atividade


realizada por estes moradores como pesca artesanal. Este ponto não é trivial. Esta população
tem um modo de vida que depende de uma atividade voltada à conservação dos recursos
naturais o que demanda políticas públicas que incentivem esse comportamento.

Gráfico 15 - Auxílio defeso

Fonte: Pesquisa de campo, 2009.

O auxílio defeso aparece como recurso utilizado pela maioria dos moradores do
Lago e converge com os dados acerca da pesca e do aumento de intensidade dessa atividade.
Os percentuais acima contrastam com algumas declarações apresentadas nas consultas
públicas onde as demandas acerca da regularização do defeso para todos os pescadores. A
demanda por essa política pública revela que há uma aderência da população aos desenhos de
políticas que potencializam estratégias de conservação. Por outro lado é possível notar que as
políticas sociais também compõem a renda da população que reside no entorno e nas ilhas do
Lago.
Gráfico 16 - Utilidade do Lago

Utilidade do Lago
25

20

15

10 %

0
Pescar Tomar Lavar Lavar Navegar Recreação
banho roupa louça

Fonte: Pesquisa de campo,2009.

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

As utilidades dos recursos hídricos e naturais do Lago permitem que se


dimensione a relação dessa população, seu modo de vida e os porquês da migração para o
interior do Lago. As atividades ligadas ao cotidiano familiar são importantes e permitem
desvelar um mundo diferenciado daquele voltado apenas à atividade econômica. Nessas
atividades tomar banho, lavar louça e recrear são atividades que mostram a importância do
lago para a vida ordinária dessas comunidades, no entanto, enquanto relação de dependência
econômica dessas populações com o lago, a pesca é sem dúvida a atividade principal. A
atividade pesqueira aparece com preponderância no depoimento dos moradores acerca das
utilidades do Lago e é importante destacar em que medida essa atividade pesqueira é
apropriada como renda ou não por estes moradores. Vale observar que os entrepostos
pesqueiros são os locais onde toda a vida desta população é delineada. São nestes entrepostos
que as redes de escoamento de produção e de abastecimento das famílias se realizam. Mais
uma vez é necessário pontuar o que foi destacado no gráfico 13 (sobre atividades
desenvolvidas), a pesca é praticamente a única atividade econômica viável nessa região.
Isso pode ser desvelado na expectativa de serviços que deveriam ser prestados
pelo executivo municipal. É importante perceber que as demandas confluem para o desenho
de políticas setoriais ligadas à acessibilidade. Este é um setor cujas políticas são de grande
custo de transação. As políticas de transporte envolvem uma relação federativa que permite a
procrastinação de todas as esferas de governo no seu provimento. Quando se trata de regiões e
populações que se encontram localizadas em regiões periféricas a procrastinação se
potencializa e um jogo de “empurra empurra” federativo se instala. Essa é a realidade vivida,
principalmente, nas áreas onde a receita advinda da compensação financeira pelo resultado da
exploração de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica é maior. A parte mais
larga do Lago, onde estão às comunidades de Pólo Pesqueiro, Belauto, Vila Canoeiro e Vila
dos Pescadores, pertencem ao município de novo Repartimento que recebeu somente em
2008, o valor de R$ 23.439.309,87. Estes recursos são de uma monta que permitiria o
investimento em melhorias de acessibilidade para a população que ocupa a região pertencente
ao município.

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

Gráfico 17 - Expectativa de Serviços Públicos

Expectativa de Serviços Públicos


Saúde

Água

Estrada

Educação

Energia

Asfalto

Transporte

Segurança
Espaço de
lazer/esporte/quadra
Limpeza / Col eta de
Lixo
Geleira
%
Renda
Organizar a
cidade/comunidade
Representante
comunitário
Moradia

Terreno/terra

Telefone Público

Ajudar o pessoal

Casa de apoio

Nada

Não Informou

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0

Fonte: Pesquisa de Campo 2009

É fundamental notar que a saúde é também um serviço cuja expectativa da


população é alta. Este dado revela que esta população não é beneficiária das políticas sociais
de saúde destinadas aos municípios que compõem as regiões administrativas do Lago. Esta
expectativa ratifica a posição de exclusão a que estes moradores são impelidos quanto às
políticas sociais.
Estas expectativas também têm sua justificativa quando se compara os serviços
existentes no lago e a demanda da população.

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

Gráfico 18 - Serviços à comunidade

Serviços à Comunidade
25,0
20,0
15,0
10,0
5,0
%
0,0

ico

ço
a

ico
a

d
ica

ej
c

po

na
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Igr
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o
Ág
Po

lef
a

Ág
Es

in

Te
m
Ilu

Fonte: Pesquisa de Campo 2009

Posto médico e água encanada como elementos constitutivos de uma política


minimalista de saúde são os itens com menor incidência nas comunidades entrevistadas. Do
ponto de vista das práticas de saúde também pode-se observar o seguinte:

Gráfico 20 - Tratamento de água para consumo

Tratamento de Água para Consumo


50
45
40
35
30
25
20
15
10 %
5
0
e
a

tra
da

o
ar
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rv

ad
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na

Fe
Fil

m
clo

se
az

r
fo
po

ixa
of

In
Hi

De

o

Fonte: Pesquisa de Campo: 2009

As comunidades consomem majoritariamente água coada o que permite inferir


que a demanda por saúde enquanto expectativa dos moradores acerca dos serviços que
deveriam ser prestados pelos executivos municipais advém do baixo nível infomacional e da
inacessibilidade a outras técnicas para consumo de água que não seja a de coar, levando a
maioria dessa população a estados de doenças provocadas por veiculação hídrica.

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

4. OBJETIVOS DO PDRS LAGO DE TUCURUÍ

4.1 Geral
Promover o desenvolvimento sustentável da região com foco na melhoria da qualidade de
vida da população a partir de uma gestão democrática, participativa e territorializada.

4.2 Objetivos Específicos


 Promover o planejamento, o ordenamento e a gestão territorial e ambiental, por meio
de articulação com as diferentes políticas setoriais, de maneira a resolver os conflitos
fundiários, garantir a destinação das terras públicas, favorecer o controle sobre a
exploração ilegal e predatória de recursos naturais e promover a proteção dos
ecossistemas;
 Fomentar atividades econômicas centradas no uso sustentável dos recursos naturais;
 Apoiar e incentivar pesquisas e desenvolvimento, ciência e tecnologia, valorizando a
biodiversidade e os conhecimentos tradicionais, de modo a estimular a geração de
emprego e renda, o fortalecimento da segurança alimentar e a maior competitividade
em mercados regionais, nacionais e internacionais;
 Subsidiar o planejamento, a execução e a manutenção das obras de infra-estrutura nos
setores de energia, transportes, comunicações, saneamento e armazenamento, visando
à maximização dos benefícios, a minimização das externalidades negativas e a
internalização dos custos sociais às iniciativas privadas;
 Garantir a cidadania, inclusão social e o acesso à educação, saúde, segurança,
previdência social por meio de processos participativos de gestão das políticas
públicas;
 Implantar um modelo de gestão e aproximar as relações institucionais, visando o
compartilhamento das responsabilidades e o processo de planejamento participativo
que aproxime a gestão pública das demandas da região.

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

5. DIRETRIZES DO PDRS LAGO DE TUCURUÍ

EIXO TEMÁTICO 1 - ORDENAMENTO TERRITORIAL, REGULARIZAÇÃO


FUNDIÁRIA E GESTÃO AMBIENTAL

Procurando integrar os diferentes instrumentos de ordenamento territorial e gestão


ambiental, tais como Zoneamento Ecológico-Econômico, Unidades de Conservação e de
Exploração Sustentável, Regularização de Terras Indígenas, Concessão de Florestas Públicas,
Criação de Assentamentos Rurais, Planos de Gestão e Concessão de Direitos sobre os
Recursos Hídricos e Planos Diretores, elencaremos a seguir as Diretrizes a serem adotadas
pelo PDRS Lago de Tucuruí:

1. Ampliar a presença do Estado, garantindo maior governabilidade sobre os processos de


ocupação territorial e maior capacidade de orientação dos processos de transformação
sócio-produtiva;
2. Promover o ordenamento territorial e fundiário e a gestão ambiental, priorizando as
áreas de conflito e as ocupadas por pequenos e médios produtores;
3. Priorizar, nas áreas onde ainda encontram-se preservados os ecossistemas originais, a
promoção do uso sustentável e de proteção da floresta e dos demais recursos naturais;
4. Assegurar os direitos territoriais dos povos e comunidades tradicionais (ribeirinhos,
extrativistas, povos indígenas, quilombolas, entre outros), que constituem a base para a
sua reprodução social e integridade cultural;
5. Promover a elaboração, implementação e ampliação de acordos sociais relativos (i) ao
manejo de recursos pesqueiros (acordos de pesca), (ii) à proteção e recuperação de
matas ciliares, (iii) à gestão de recursos hídricos e (iv) à prevenção e controle do fogo e
de incêndios florestais;
6. Implantar e consolidar projetos de reforma agrária adequados às características
ambientais, às aptidões agrícolas, econômicas e às especificidades da região;
7. Promover o desenvolvimento tecnológico, a capacitação de recursos humanos, a
comunicação social e a educação ambiental, com vistas ao uso sustentável dos recursos
naturais e à recuperação de áreas degradadas;
8. Implantar no âmbito regional gestão ambiental e comitê de gestão dos recursos hídricos
do entorno do lago;
9. Criar termos de cooperação técnica adequada à realidade de cada município para a
execução de ações relativas à gestão ambiental e regularização fundiária.

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

EIXO TEMÁTICO 2 - INFRAESTRUTURA PARA O DESENVOLVIMENTO

Energia

1. Ampliar a oferta e universalizar o acesso à energia elétrica;


2. Promover o desenvolvimento do potencial hídrico, visando agregação em processos
produtivos verticalizados da produção de energia gerada pela Hidrelétrica de Tucuruí.

Saneamento

1. Universalizar o acesso a sistemas de saneamento básico nas áreas urbanas e rurais,


atendendo às especificidades de comunidades isoladas e ribeirinhas e a demanda dos
sistemas produtivos;
2. Implantar sistema de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final do lixo
doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas,
inclusive atendendo a população localizada no interior do lago;
3. Ampliar a oferta e universalizar o abastecimento de água tratada;
4. Incentivar e viabilizar projetos para a utilização de fontes alternativas de captação e
tratamento de água;
5. Implantar e universalizar o esgotamento sanitário, inclusive sistemas alternativos;
6. Implantar sistema de coleta, tratamento e destinação final de resíduos sólidos;
7. Incentivar estudos e viabilizar projetos para a utilização de métodos alternativos de
tratamento e destinação final de resíduos sólidos;
8. Drenagem de águas urbanas.

Comunicação

1. Viabilizar a instalação de telecentros (NAVEGAPARÁ) e outros meios de


democratização do acesso à informação pelas populações locais, facilitando o acesso
popular a inovações tecnológicas, em articulação com as redes sociais, escolas, correios
e órgãos públicos existentes;
2. Ampliar a cobertura de sinal de televisão convencional e a sua utilização para fins
educativos;
3. Fortalecer a utilização de meios de comunicação atendendo demandas sociais e
empresariais.

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

Transporte

1. Aprimorar, ampliar e integrar as estruturas de transporte hidroviário e rodoviário de


forma a melhorar o transporte de pessoas e mercadorias na região, integrando o fluxo
diferenciado após eclusas e o fluxo interno já existente;
2. Promover a manutenção de rodovias-eixo estaduais e de estradas vicinais, como parte
integrante do planejamento intermodal de transportes, com a devida observação dos
fatores socioambientais intervenientes;
3. Consolidar a infra-estrutura rodoviária existente, incluindo a manutenção de pistas,
implantação de acostamentos (PA-150 e PA-263), melhorias na sinalização e a
substituição de pontes inadequadas;
4. Ampliar e modernizar a oferta de Aeroportos e aeródromos da região;
5. Incentivar e viabilizar o sistema intermodal de transporte – hidroviário – rodoviário.
6. Promover a pavimentação das principais rodovias (BR-230 e BR-422);
7. Melhoria da infraestrutura urbana.

Armazenamento

1. Planejar e implementar a infra-estrutura de armazenamento, adequada às potencialidades


regionais e considerando as necessidades dos diferentes atores;
2. Ampliar o atendimento das demandas de escoamento da produção de pequenos
produtores, pescadores artesanais e comunidades tradicionais e dos arranjos produtivos
locais sustentáveis, principalmente por meio do fortalecimento das redes de terminais e
entrepostos.

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

EIXO TEMÁTICO 3 - FOMENTO ÀS ATIVIDADES PRODUTIVAS SUSTENTÁVEIS

1. Fortalecer a produção familiar e comunitária e estimular a integração entre a produção


agroextrativista e os processos industriais e de comercialização, com vistas à
dinamização de economias locais e regionais;
2. Disseminar boas práticas no manejo do solo, no controle do uso de agrotóxicos e na
conservação dos recursos hídricos;
3. Recuperar as áreas degradadas da pequena produção por meio de práticas de manejo do
solo e sistemas agrossilvipastoris, de modo a permitir ganhos econômicos e a diminuir
as pressões sobre as florestas remanescentes;
4. Incentivar o manejo e a criação de espécies da fauna silvestre em regime extensivo e
semi-extensivo, como meio de promoção da segurança alimentar e de geração de renda
para as comunidades ribeirinhas;
5. Apoiar a pesquisa, a disseminação e o emprego de sistemas adequados de
beneficiamento e armazenamento do pescado, que propiciem o aproveitamento de
subprodutos e a redução de desperdícios;
6. Criar incentivos à melhoria dos equipamentos recuperação e à modernização da frota
pesqueira, modernizando a construção naval local;
7. Promover a industrialização do pescado e demais produtos aqüícolas e a construção de
terminais pesqueiros;
8. Promover a piscicultura, incluindo piscicultura confinada, centrada em peixes de maior
valor de mercado, e a industrialização do peixe com a produção de filé, ração, tortas,
farinha e produtos de couro de pescado;
9. Produção de insumos e implantação de logística da produção pesqueira (fornecimento
de ração, construção de frigoríficos, construção e manutenção de barcos pesqueiros,
etc.) e montagem de sistema de comercialização e armazenamento da produção
pesqueira regional.
10. Fortalecer o turismo sustentável na região, em conjunto com a população local,
ampliando e melhorarando a infraestrutura de turismo (água, esgoto, coleta de lixo e
segurança) e dos demais serviços turísticos (hotel, restaurantes, etc);
11. Promover o adensamento da cadeia produtiva de setores mínero-metalúrgico regional;
12. Induzir a adoção de mecanismos de inovação visando garantir a competitividade às
empresas fornecedoras de bens e serviços locais;

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

13. Estruturar e fortalecer as cadeias e arranjos produtivos que permitam o uso sustentável
dos recursos naturais e a agregação de valor;
14. Fortalecer as cadeias produtivas integradas ao consumo local e regional, em áreas como
alimentos, bebidas, indústria naval, movelaria, olaria e materiais de construção em
geral.
15. Ampliar iniciativas de economia popular e solidária e fomentar a economia da cultura
como forma de valorização do patrimônio natural e cultural;
16. Incentivar a modernização da atividade agropecuária em áreas de consolidação e
expansão, com a industrialização da carne, seu processamento e beneficiamento,
incluindo a implantação de um frigorífico na região;
17. Fortalecer os sistemas de ATES, pela ampliação e capacitação;
18. Implantar projeto de beneficiamento da madeira visando a produção industrial;
19. Implantar terminais fluviais de embarque e desembarque de passageiros em pontos
estratégicos do lago;
20. Desenvolvimento da fruticultura tropical de qualidade para exportação e
industrialização;
21. Implantação de indústria de fitofármacos e de cosméticos naturais.

EIXO TEMÁTICO 4 - INCLUSÃO SOCIAL E CIDADANIA

1. Ampliar e melhorar o sistema de saneamento (água, esgoto e tratamento do lixo);


2. Ampliar e melhorar os serviços de saúde pública;
3. Monitoramento da incidência das principais doenças e agravos à saúde pela
investigação epidemiológica, detecção precoce de doenças, surtos e epidemias, e
educação sanitária;
4. Implantação de mecanismos de vigilância sanitária animal;
5. Definição de Plano Diretor em municípios que não o tenham feito na Região do Lago de
Tucuruí;
6. Promoção das condições de saúde da comunidade indígena e valorização da medicina
tradicional, com repasse de conhecimento das outras formas de medicina;
7. Garantir a universalização do acesso ao ensino fundamental e médio em toda a região,
com especial atenção ao ensino técnico profissionalizante vinculando-o às necessidades
e às características da região;

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

8. Promover a capacitação de professores para a Educação de Jovens e Adultos, a


alfabetização e a educação indígena específica à realidade das comunidades indígenas,
valorizando sua cultura, sua língua e sua terra;
9. Ampliar o acesso a ferramentas de ensino a distância;
10. Ampliar e diversificar o acesso ao ensino superior de alunos oriundos das escolas
públicas, do meio rural e das minorias étnicas;
11. Fortalecer as universidades públicas já existentes;
12. Fortalecer programas de atendimento de baixa e alta complexidade na saúde,
considerando as contribuições de tratamentos alternativos, a exemplo da fitoterapia,
medicina tradicional com efeitos comprovados e homeopatia;
13. Valorizar a identidade, a diversidade e as expressões culturais das populações da região;
14. Fortalecer o sistema de segurança pública e os mecanismos de defesa social na região;
15. Promover programas de pesquisa cientifica e de preservação do patrimônio cultural,com
especial atenção aos sítios arqueológicos;
16. Universalizar o acesso à moradia de qualidade, com ênfase em habitação de interesse
social.

EIXO TEMÁTICO 5 - MODELO DE GESTÃO

1. Fortalecer a gestão local e territorial na região;


2. Fortalecer e integrar as políticas nos três níveis de governo;
3. Fomentar o diálogo, a negociação e a formação de consensos entre órgãos
governamentais, organizações da sociedade civil, associações de municípios e outras
organizações e conselhos de gestão e setores empresariais, em contextos democráticos de
formulação e gestão de políticas públicas.

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6. AÇÕES ESTRATÉGICAS DO PDRS LAGO DE TUCURUÍ

Eixo Temático 1 - Ordenamento Territorial, Regularização Fundiária e Gestão


Ambiental

A regularização fundiária, na região do lago de Tucuruí, é a ação catalisadora das


políticas direcionadas a um ordenamento territorial que viabiliza o desenvolvimento regional.
Somente com a propriedade da terra garantida e as instituições robustas, a partir da
estabilidade que a regularização propicia, é que a efetividade de políticas públicas na região
pode ser lograda.
Para isto, essas políticas necessitam ser associadas a instrumentos e dotação de
capacidade institucional das organizações do Estado e dos municípios que operam o
diagnóstico acerca da propriedade da terra no Estado do Pará e no caso em tela na região do
lago de Tucuruí. Para tanto, é imprescindível que arranjos institucionais de cooperação entre
as organizações do Estado e dos Municípios para implementação desse modelo sejam
realizados. É fundamental que do ponto de vista tecnológico esse procedimento seja
viabilizado, dotando as organizações que resultarão dos processos de cooperação de
tecnologias de georreferenciamento como computadores e acesso a imagem de satélite. Deve
haver um processo de controle da atividade dos cartórios em relação ao registro de imóveis
que vincule o registro à consulta da localização georreferenciada da área que é objeto de
registro de propriedade junto aos órgãos estatais dos sub-níveis estadual e municipal. O
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o Programa NavegaPará poderiam se
constituir nos pilares iniciais desse novo arranjo. Contudo há necessidade de investimento na
formação de capital humano do quadro permanente da gestão das organizações resultantes do
arranjo institucional para o monitoramento territorial do Pará e em especial do Lago de
Tucuruí.
Por outro lado é importante também que se potencializem mecanismos de controle
social desse novo arranjo para o monitoramento da situação fundiária. Processos de
transparência são importantes na construção do novo desenho institucional que irá amparar a
mudança na configuração do registro de propriedade. Assim, as demandas não podem
somente ser identificadas. É necessário que ao implantá-las, a população tenha condições de
identificar-se com o projeto a ser desenvolvido e que haja comprometimento, inclusive de
ordem material, como trabalho ou outro tipo de investimento, com as premissas
governamentais. Esses são mecanismos que instrumentalizam a possibilidade da correlação

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

entre as esferas política, física e social que marcam a peculiaridade territorial da região do
lago de Tucuruí.
As ações propostas pela população após a discussão de cada eixo apresentado
estão organizadas, conforme as diretrizes listadas a seguir.
Na diretriz “Ampliar a presença do Estado, garantindo maior governabilidade
sobre os processos de ocupação territorial e maior capacidade de orientação dos processos
de transformação sócio-produtiva” fica patente a compreensão de que há a necessidade de
uma maior interferência do Estado nas questões territoriais. Essa interferência ainda é
percebida pela população como a presença de atores burocráticos intermediando as relações
de propriedade. O aumento do contingente de funcionários do INCRA, SEMA, EMATER,
SEPAQ foram levantadas nas três audiências como uma questão primordial no ordenamento
territorial.
Na diretriz “Criar termos de cooperação técnica adequada à realidade de cada
município para a execução de ações relativas à gestão ambiental e regularização fundiária”
as questões sobre o conflito que marca a posse da terra na área se evidenciam. As ações
centram-se na busca de efetividade do que já foi implementado pelo INCRA na área enquanto
Projetos de Assentamento. Na perspectiva de obter financiamento há por parte dos assentados
uma manifestação acerca da necessidade de que sejam cumpridas agendas estabelecidas pelas
organizações governamentais responsáveis nota-se na diretriz “Promover o ordenamento
territorial e fundiário e a gestão ambiental, priorizando as áreas de conflito e as ocupadas
por pequenos e médios produtores” que há uma distinção que marca as características dos
atores envolvidos: aqueles que têm majoritariamente interesses voltados às atividades de
pesca e os produtores rurais. Em Tucuruí os direitos fundiários associados às atividades
produtivas marcam as demandas. O exemplo da demanda por “Garantir de forma imediata a
indenização e o remanejamento das populações remanescentes das Zonas de Preservação da
Vida Silvestre – ZPVS bases 3 e 4 (93 famílias) e Zonas de Amortecimento (387 Famílias),
que já habitavam o local antes da criação das ZPVS; e Garantir a elaboração do plano de
manejo das RDS e da APA do lago de Tucuruí criadas em 2002” mostram que as atividades
produtivas que utilizam recursos naturais pertencentes à área do entorno do lago são
importantes e diferenciam esta população das que estão localizadas na área rural. Em Tucuruí
as interações não são mediadas por regularidades institucionais originadas de relações sociais
que têm na repetição de interações os mecanismos de estabelecimento de regras. Os
consensos estabelecidos nessas interações apresentam vulnerabilidade para se manter uma vez

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

que é intenso o fluxo migratório no lago e a ausência de arranjos institucionais que definam as
regras de acesso e uso dos recursos não está definida.
Na diretriz” Promover o ordenamento territorial e fundiário e a gestão ambiental,
priorizando as áreas de conflito e as ocupadas por pequenos e médios produtores” houve uma
demanda qualificada nas Consultas Públicas onde foi solicitado o seguinte ponto: “Redefinir
limites municipais e resolver as questões existentes em relação as ações de cada município”. É
relatado neste ponto que algumas áreas do município de Goianésia do Pará os serviços de
saúde, manutenção de estradas e educação são atendidos pela prefeitura de Jacundá (Rondon
do Pará e Jacundá). Nas diretrizes subseqüentes é possível identificar que em Breu Branco
Tucuruí e Jacundá os participantes das consultas apresentam demandas características de
atores sociais com maior grau de organização e que desenvolvem atividades rurais e ligadas à
pesca.
A diretriz “Priorizar, nas áreas onde ainda encontram-se preservados os
ecossistemas originais, a promoção do uso sustentável e de proteção da floresta e dos demais
recursos naturais” e a diretriz “Promover a elaboração, implementação e ampliação de
acordos sociais relativos (i) ao manejo de recursos pesqueiros (acordos de pesca), (ii) à
proteção e recuperação de matas ciliares, (iii) à gestão de recursos hídricos e (iv) à
prevenção e controle do fogo e de incêndios florestais” ao serem analisadas expressam um
conhecimento por parte da população da necessidade de institucionalização de processos para
o controle da ação humana sobre os recursos naturais da região. Fica clara a demanda por uma
política ambiental que incorpore as especificidades da biota criada pelo alagamento da área
dos municípios que findou por criar o lago de Tucuruí. A maioria desses municípios vive em
parte do uso desses recursos, mas não há definição de arranjos institucionais que ordenem as
formas de acesso e uso dos recursos naturais. Em Jacundá, Tucuruí e Breu Branco as
demandas permitem entrever um grau de consciência da população acerca do que pode ser
uma ação coletiva para a gestão de recursos naturais da região. Proposições de acordos de
pesca, criação de Resex, criação de acordos sociais para controle de incêndios florestais são
manifestações que permitem a interpretação de que esta população está dotada de um grau de
capital social que lhe permite compreender o papel que o ordenamento territorial desempenha
no modo de vida da população dos municípios da região de Tucuruí.

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

Eixo temático 2 – Infraestrutura para o Desenvolvimento

Com vistas ao desenvolvimento sustentável da região é necessário a implantação e


universalização do acesso a sistemas de saneamento básico, esgotamento sanitário e
abastecimento de água potável; a implantação de sistemas de coleta, transporte, transbordo,
tratamento e destinação final adequada dos diversos tipos de lixo; o incentivo e viabilizaçao
de projetos alternativos de captação e tratamento de água e de tratamento e destinação final de
resíduos sólidos.
Um dos principais problemas da região refere-se a sua integração, através do
transporte de pessoas e mercadorias no âmbito terrestre, aquático e aéreo. Em particular, dois
temas são apontados como os mais importantes: a manutenção regular, durante todo o ano,
das estradas vicinais, e a consolidação das obras das principais rodovias. É necessário,
portanto, com vistas ao desenvolvimento sustentável da região (áreas urbanas, rurais e
comunidades ribeirinhas e grupos indígenas): 1)consolidar a infraestrutura rodoviária
existente, particularmente, os principais eixos da PA-150, PA-151 e PA-263; 2)integrar as
estruturas de transporte hidroviário e rodoviário; 3) promover a manutenção de estradas
vicinais; 4)ampliar e modernizar a oferta de aeroportos e aeródromos da região; e a melhoria
da infraestrutura urbana.
A infraestrutura de comunicação e outros meios de democratização do acesso à
informação pelas populações locais, assim como a ampliação da cobertura de sinal de
televisão convencional são elementos importantes para a integração intra e inter regional.
A infraestrutura de armazenamento da produção agrícola, deve ser implementada
de forma adequada às potencialidades regionais e considerando as necessidades dos diferentes
atores econômicos presentes na região.
Neste sentido, acreditam-se ações indispensáveis no planejamento do
desenvolvimento sustentável da região:
1. A agilização e ampliação da implementação dos programas “Luz para Todos” e “Água para
Todos”, incluindo a todas as comunidades (fronteiriças, das ilhas, etc);
2. Estimular aos municípios para elaboração dos planos municipais de saneamento ambiental;
3. Implementar consórcios intermunicipais de aterro sanitários e usinas de reciclagem de
resíduos sólidos domiciliares e industriais.
4. Implementar e viabilizar adequada infraestrutura de terminais para o transporte rodoviário e
hidroviário de cargas e passageiros;
5. Agilizar a plena implementação da hidrovia do rio Tocantins;

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

6. Garantir a implantação da PA-151 entre os municípios de Breu Branco e Baião e Breu Branco
e Jacundá;
7. Agilizar a implantação, ampliar, e garantir manutenção do sistema NAVEGA PARÁ;
8. Implantar e concluir a construção de silos e câmaras frias nos municípios da região.

Eixo Temático 3 – Fomento às Atividades Produtivas

A baixa quantidade de estradas para escoamento da produção constitui-se em um


dos maiores entraves não só para a inserção produtiva, mas também para acesso aos serviços
de saúde e educação, tornando-se assim quase impossível executar uma cadeia produtiva de
fruticultura, chegando mesmo a serem visionários os objetivos propostos.
Também, a vocação haliêutica da região, não vem sendo estimulada em seus
processos produtivos, capaz de configurar uma cadeia produtiva ou mesmo arranjos
produtivos. Em relação às atividades a serem desenvolvidas na região, destacam-se as
demandas abaixo:
1. Implantação de agroindústria para a produção familiar rural, principalmente em
relação aos produtos de pesca;
2. Garantia de comercialização dos produtos oriundos da agricultura familiar, incluindo
preferencialmente, a produção local na merenda escolar;
3. Viabilizar o escoamento da produção;
4. Criar e fortalecer a feira de produtores;
5. Facilitar o acesso ao crédito, ampliando a linha de micro-crédito;
6. Aproveitar a vazante do Lago para cultura de curto período;.
7. Implantar sistema de irrigação por meio de declividade do Lago, e retorno da água
para enriquecer o lago da barragem;
8. Promover campanhas, capacitação e divulgação de boas práticas do uso e manejo
do solo e de recursos hídricos.

As áreas rurais do municipio de Tucuruí é composta de áreas de ilhas na área do


lago resultante da UHT e áreas de terra firmes, estas na parte continental do municipio.
Segundo a Prefeitura Municipal, nesta área existe uma única vicinal, a TransBom Jesus que
corta e interliga-se ao municipio através da BR 422- a Transcametá que liga o municipio a
Cametá na região do Baixo Tocantins. No entanto, estende-se a estas, as demandas de

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

infraestrutura para escoamento de produção agricola, que envolve a fruticultura e a lavoura


temprária.
Quanto à sustentabilidade dos recursos pesqueiros, são sugeridos os acordos de
pesca, no entanto, a área física do Lago de Tucurui, resultante da construção da barragem, que
também, configura-se na Área de Preservação Ambiental (APA) Tucurui, com uma área de
5.000 Km², formada por um mosaico de diferentes Unidades de Conservação, que detém 02
áreas de Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS), a de Alcobaça e a de Pucuruí
Ararão, onde acordos de pesca estão previstos, e duas Zonas de Preservação de Vida
Selvagem, resultantes de “[...] antigas áreas de soltura de animais (pela Eletronorte), antes
conhecidas como Base 3 e Base 4. Nela também estão inseridos o reservatório da Hidrelétrica
de Tucuruí e parte dos territórios dos municípios de Breu Branco, Goianésia do Pará,
Itupiranga, Jacundá, Nova Ipixuna, Novo Repartimento e Tucuruí.
No aspecto Ciência e Tecnologia as ações voltam-se para a carência de pesquisas
para desenvolvimento de inovações tecnológicas na produção, beneficiamento e
armazenamento do pescado e seus sub-produtos, bem como a disseminação destes
conhecimentos para os produtores da região.
Quanto à inserção produtiva dos agricultores rurais do municipio, verifica-se um
grande entrave pela dificuldade de acesso às areas rurais e, segundo o presidente do STR não
há produção comercializada na feira do municipio, servindo a produção para o próprio
consumo ou subsistência.

Eixo Temático 4 – Inclusão Social e Cidadania

A gestão das políticas públicas no Estado do Pará se constitui um dos


instrumentos fundamentais para o enfrentamento dos problemas socioeconômicos que afetam
grande parte dos cidadãos residentes na região do Lago do Tucuruí. Nesta perspectiva, foram
realizados estudos e diagnósticos que foram aprofundados por meio de discussões e debates
nas consultas públicas realizadas. Essas consultas se constituíram espaços de legitimação das
demandas sociais apresentadas ao PDRS Lago de Tucuruí, pois contaram com a participação
de significativos segmentos populacionais habitantes da referida região, os quais definiram as
ações estratégicas para o seu desenvolvimento.
Foram demandadas para o eixo de inclusão social e cidadania 82 (oitenta e duas)
ações para a região. Dentre essas destaca-se as ações referentes à Política Pública de Saúde

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

que exigem recursos dos governos federais e estaduais e municipais, em articulação com
instituições públicas e privadas. Essas ações se caracterizam pela necessidade de
aparelhamento e ampliação tanto da infraestrutura das unidades hospitalares quanto dos
serviços prestados nessa área, principalmente, no que tange às ações básicas na área urbana e
rural, a exemplo do Programa Saúde da Família e Vigilância Sanitária. Além disso, destacam-
se também as ações voltadas para o atendimento de urgência/emergência e capacitação dos
profissionais de saúde.
As principais causas de internamento nas Unidades Ambulatoriais Cadastradas no
SIASUS têm sido: doenças infecciosas; gravidez, parto e puerpério, assim como doenças do
aparelho respiratório e lesões, envenenamento e outras conseqüências de causas externas.
Constata-se, então, que a estrutura de serviços ora existente nesses municípios requer medidas
que possibilitem a maior cobertura dos mesmos, inclusive no que tange à atenção básica de
saúde, como é o caso da ampliação do número de Programas “Estratégia de Saúde da
Família”, o que indica a necessidade de consórcios intermunicipais para consolidar a criação
de uma rede regionalizada de serviços nessa região. Essa situação de saúde é agrava pela
deficiência dos serviços de saneamento básico na região, conforme referido na parte de infra-
estrutura deste Plano.
No estado do Pará 52,3% da população não dispõe de água tratada, o que
corresponde a 3,6 milhões de pessoas, enquanto que a média nacional de cobertura é de 81%
(Ministério das Cidades). Na região do Lago do Tucuruí, esta situação se torna mais grave
para a população ribeirinha. Assim, o saneamento básico na região requer ações que
envolvam melhorias sanitárias domiciliares, abastecimento de água, coleta e tratamento
adequado dos resíduos sólidos.
Desta forma, os serviços de saúde nos municípios requerem a ampliação da
cobertura dos programas de atendimento de baixa complexidade, as ações de vigilância em
saúde, melhorar a infraestrutura de saúde (unidades, hospitais municipais, equipamentos,
etc.), assim como a contratação de profissionais da área de saúde, particularmente (médicos,
odontólogos e outras especialidades), (além de aquisição de medicamentos e UTI móvel/
ambulâncias e ambulanchas), pois a maior parte das doenças são infecciosas e parasitárias e
respiratórias, assim como a maior taxa de mortalidade não estão relacionadas à idade, mas sim
à falta de acesso à água potável e saneamento básico, às más condições de habitação, aos
hábitos alimentares e em alguns casos a falta de alimentos. Com efeito, o investimento nessa

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

região deve ser feito prioritariamente em ações preventivas voltadas para a melhoria das
condições gerais de vida da população.
No que se refere à Educação torna-se estratégico para o desenvolvimento da
região ações que garantam a universalização do acesso ao ensino infantil, fundamental,
médio, profissionalizante e superior visto que a oferta de escolas na região é insuficiente e
mais problemática nas ilhas. Apesar de nos anos 2000, os municípios de Goianésia do Pará e
Itupiranga terem reduzido as taxas de analfabetismo para 31,60 e 35,41%, esses mesmos
municípios e Novo Repartimento (32,19%) continuam com as maiores taxas de analfabetismo
da região.
A situação de Educação nos municípios da região do Lago do Tucuruí pode ter
melhor visualidade também quando se verifica as taxas de Aprovação, Reprovação e
Abandono. Assim, constata-se que os municípios que obtiveram maior de taxa de aprovação
no ensino fundamental, no ano de 2007 foram: Itupiranga (80,31), Novo Repartimento (78,4)
e Breu Branco (74,03), enquanto que a média na região Norte é (66,0) e no Brasil é de (73,0).
A região Sudeste é a que no Brasil, apresenta as maiores taxas de aprovação com (87,8).
As maiores taxas de reprovação se encontram nos municípios: Goianésia do Pará
(22,29), Tucuruí (22,5) e Breu Branco (16,41), enquanto que no Pará a taxa média é (18,9) e
no Brasil (11,4). Quanto às taxas de abandono destacam-se: Goianésia do Pará (14,13), Novo
Repartimento (9,7) e Breu Branco (9,56), enquanto que na região Norte é de (16,0) e no Brasil
(11,1). No estado do Pará a taxa de abandono é de (16,1). Estes dados indicam a necessidade
de melhorar os índices de educação nos municípios da região do Lago do Tucuruí que dentre
outros aspectos, requer a implantação de uma política de valorização dos profissionais da
educação, mediante a ampliação e oferta de cursos de cursos de formação continuada de
professores, Educação Indígena, cursos de especialização disponibilizando bolsas de estudo;
melhoria nas condições de trabalho, regulamentação de planos de carreira e melhoria da
remuneração do magistério na região, que constituem condições essenciais para o
desenvolvimento da região.
Apesar do grande número de crianças em idade escolar que ingressam no ensino
fundamental – e que por sua vez colabora para a suposta melhora no IDH Municipal de
educação, elas tendem a abandonar os estudos a partir do ensino médio, o que pode estar
relacionado à necessidade de inserção no mundo do trabalho para ajudar na renda familiar
que, na Região Norte, é baixa.

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

Se a situação de educação apresenta-se deficitária, a melhoria da condição de vida


da população também possui relação com a inserção da mão-de-obra local em novos postos
de trabalho; a valorização da identidade, da diversidade e das expressões culturais da
população da região, o que implica em ações que preservem e difundam as tradições
locais/regionais, atividades que visem o entretenimento, a socialização de crianças jovens e
adultos. Para tal, faz-se necessária a capacitação de profissionais para atuarem na área da
cultura e do esporte e a criação de espaços poliesportivos e culturais.
É de fundamental importância o desenvolvimento de ações que fortaleçam a rede
sócio-assistencial, em articulação com as ações de inclusão produtiva e de transferência de
renda, assim como a universalização da proteção social básica na região objetivando a
consolidação de vínculos familiares e comunitários e o atendimento especializado aos
segmentos sociais em situação de risco pessoal, social ou violação de direitos, causados por:
abandono, abusos sexuais, trabalho infantil, etc.

Eixo temático 5 - Modelo de Gestão do PDRS Lago de Tucuruí

O modelo de gestão, assim como as fontes de financiamento, são elementos


centrais para o sucesso de um plano de desenvolvimento regional. É ele quem viabiliza e
operacionaliza as ações discutidas e pactuadas, define prioridades, acrescenta novas
demandas, e em grande parte, monitora e avalia o andamento dos programas, projetos e ações.
O PDRS Lago de Tucuruí tem como característica a participação popular na
elaboração do plano e o controle social na sua gestão. Isto está claramente espelhado no
modelo de gestão no qual a participação de representantes da sociedade civil da região é
plenamente contemplada.
Ademais, o modelo de gestão proposto, amplamente discutido por ocasião das
consultas públicas, contempla a participação de órgãos representativos dos três níveis de
governo, envolvendo uma gestão transescalar, além da Eletronorte, considerada principal
sujeito ativo na região.

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

MODELO DE GESTÃO DO PDRS LAGO DE TUCURUÍ

Câmara de
ordenamento SECRETARIA CONSELHO GESTOR
territorial, EXECUTIVA DO PLANO
regularização

Câmara de
infraestrutura

CAMARA TÉCNICA
Câmara de fomento TEMÁTICA
às atividades
produtivas
sustentáveis

Câmara de inclusão CONSELHO


social e cidadania REGIONAL

O modelo de gestão do PDRS Lago de Tucuruí está organizado da seguinte forma:

i) Conselho Gestor do Plano


Instância composta por 12 membros do poder público com atuação na região, sendo: 4
prefeitos em regime de rodízio anual, 4 representantes do Governo Estadual, 3 representantes
do Governo Federal e 1 representante da Eletronorte.

ii) Secretaria Executiva


A Secretaria Executiva será exercida por um representante do poder público estadual e terá
por finalidade: assessorar o Conselho Gestor do Plano, operacionalizar as decisões tomadas
pelo Conselho Gestor e monitorar a execução das ações, programas e projetos. É a Secretaria
Executiva que deverá ficar a cargo no dia a dia da execução do PDRS Lago de Tucuruí.

iii) Conselho Regional


Instância de caráter deliberativo, o Conselho Regional está organizado de forma paritária
entre poder público e sociedade civil. É constituído por 24 representantes, sendo 12
representantes do Conselho Gestor e mais 12 representantes indicados pela sociedade civil
organizada da região, da seguinte forma: 3 representantes do setor produtivo, 3 representantes

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

de movimentos sociais, 1 representante de instituições de ensino e pesquisa, 2 representantes


do poder legislativo municipal, 1 conselheiro da APA e 2 representantes das RDS.

iv) Câmaras Técnicas Temáticas


As Câmaras Técnicas Temáticas são instâncias de apoio ao Conselho Regional e ao Conselho
Gestor do plano. Seguem os eixos do plano e são formadas por representantes do poder
público e da sociedade civil, tendo como finalidade discutir previamente assuntos de caráter
setorial que precisam ser apreciados pelas instâncias deliberativas e consultivas.

Diretrizes do Modelo de Gestão

As seguintes diretrizes nortearam a elaboração e a implantação do modelo de gestão PDRS


Lago de Tucuruí:
i) Fortalecer a gestão local e territorial na região;
ii) Fortalecer e integrar as políticas nos três níveis de governo;
iii) Fomentar o diálogo, a negociação e a formação de consensos entre órgãos
governamentais, organizações da sociedade civil, associações de municípios e outras
organizações e conselhos de gestão e setores empresariais, em contextos democráticos de
formulação e gestão de políticas públicas;
iv) Estimular parcerias público-privadas.

Ações
Para o sucesso do modelo de gestão e implementação do Plano e com base nas diretrizes
propostas, as seguintes ações contempladas no modelo de gestão serão executadas:

i) Cumprimento efetivo do que foi pactuado entre os poderes públicos (municipal, estadual e
federal), a Eletronorte, a Eletrobrás e a sociedade civil;
ii) Maior celeridade às ações, projetos e programas que foram discutidos e pactuados com a
sociedade, diminuindo os entraves burocráticos;
iii) Reconhecimento da representatividade e autonomia das comunidades e movimentos
sociais, respeitando os interlocutores indicados;
iv) Maior transparência às ações voltadas para a comunidade, prestando contas continuamente
a cerca de execução, prazos e orçamentos;
v) Estimulo e qualificação do controle social em cima das ações, programas e projetos;

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

vi) Capacitação dos representantes indicados pelos movimentos sociais para que exerçam
melhor suas funções em termos de controle social;
vi) Implantação pelo Governo do Estado de regionais (ou escritórios de representação) de
órgãos estratégicos como SETRAN, EMATER, PM, SAGRI e SEMA;
vii) Reavaliar o processo de reintegração das áreas territoriais dos municípios em litígio,
garantindo-se absorção da população, dos serviços e compensações financeiras;
viii) Promover formação técnica em gestão e elaboração de projetos dos quadros dos órgãos
públicos municipais, estadual e movimentos sociais;
ix) Promover a revisão dos mecanismos de acompanhamento e aprimoramento dos planos
diretores municipais e PPA estadual;
x) Garantir a elaboração do regimento interno do Conselho Regional envolvendo atribuições,
representatividade paritária (poder público e sociedade civil) e competências;
xi) Garantir que os representantes da sociedade civil do Conselho Regional sejam eleitos em
plenária regional, de acordo com a paridade pré-estabelecida;
xii) Executar o monitoramento sistemático do plano;
xiii) Consolidar as ações do ZEE estadual conjuntamente com as diretrizes do plano.

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável da Região de Integração Lago de Tucuruí

7. SISTEMATIZAÇÃO DAS CONSULTAS PÚBLICAS DO PDRS LAGO DE TUCURUÍ


Durante o processo de consultas públicas do Plano realizadas nos municípios de Jacundá, Breu Branco e Tucuruí, e que abrangeram todos os
municípios da região, foram demandadas as ações abaixo elencadas, organizadas por eixo temático:
EIXO TEMÁTICO 1: INFRAESTRUTURA PARA O DESENVOLVIMENTO
DIRETRIZES AÇÕES DEMANDADAS
1. Sistematizar o trabalho de implantação de energia elétrica pelo Governo Federal,
contemplando todos os moradores das localidades dos municípios;
2. Rever o critério utilizado para escolha dos contemplados;
3. Garantir energia elétrica de qualidade para todos cobrando da distribuidora e da reguladora
– CELPA e ANEEL;
4. Criar comitê municipal de consumidores para garantir a distribuição de energia elétrica de
qualidade;
Energia
5. Melhorar e ampliar a oferta de iluminação pública(Junto a Prefeitura Municipal)
1. Ampliar a oferta e universalizar o acesso à energia
6. Discutir os critérios da tarifa social aumentando a quantidade de kw/h para moradores
elétrica;
rurais e urbanos;
7. Reduzir a tarifa de energia para os municípios da região;
8. Rever o sistema de cobrança do ICMS do destino para a origem na produção de energia
elétrica ;
9. Buscar o apoio do poder legislativo estadual no que se refere a redução da tarifa de energia
elétrica;
10.Formar um comitê regional para levantamento das necessidades e acompanhamento do
programa LUZ PARA TODOS;
2. Promover o desenvolvimento do potencial hídrico,
visando agregação em processos produtivos 11. Promover o desenvolvimento do potencial hídrico, visando agregação em processos
verticalizados da produção de energia gerada pela produtivos verticalizados da produção de energia gerada pela Hidrelétrica de Tucuruí.
Hidrelétrica de Tucuruí.
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3. Eficiência energética 12.Viabilizar recursos para elaboração de campanhas educativas do uso eficiente da energia
Saneamento 13. Ampliar a definição saneamento básico, para definição saneamento ambiental;
4. Universalizar o acesso a sistemas de saneamento 14. Viabilizar a implantação de microssistemas de abastecimento de água e Melhoramento
básico nas áreas urbanas e rurais, atendendo às Sanitário Domiciliar - MSD, prioritariamente nas áreas rurais;
especificidades de comunidades isoladas e ribeirinhas 15. Estimular os municípios para elaboração do plano municipal de saneamento ambiental;
e a demanda dos sistemas produtivos; 16.Garantir saneamento básico nas localidades ribeirinhas;
17.Implantar aterros sanitários regionais legalizados (Consórcios);
18. Efetivar a política de coleta seletiva e transporte de resíduos sólidos na área urbana,
5.Implantar sistema de coleta, transporte, transbordo,
ribeirinha e nas ilhas;
tratamento e destinação final do lixo doméstico,
19. Implantar programas de educação ambiental para efetivação a política de coleta seletiva
hospitalar e do lixo originário da varrição e limpeza de
de resíduos sólidos;
logradouros e vias públicas, inclusive atendendo a
20.Implantar usinas de reciclagem de resíduos sólidos;
população localizada no interior do lago;
21.Adquirir equipamentos e veículos para coleta de resíduos sólidos da área urbana e rural dos
municípios da região;
22.Agilizar a instalação da estação de tratamento de água;
23.Melhorar e ampliar o sistema de distribuição de água tratada (em curto prazo);
6. Ampliar a oferta e universalizar o abastecimento de
24.Ampliar e agilizar a implantação do programa ÁGUA PARA TODOS nos municípios e
água tratada;
localidades onde ainda não tem;
25.Melhorar a qualidade da água fornecida pela COSANPA
7. Incentivar e viabilizar projetos para a utilização de 26.Incentivar e viabilizar projetos para a utilização de fontes alternativas de captação e
fontes alternativas de captação e tratamento de água; tratamento de água
8.Implantar e universalizar o esgotamento sanitário,
27.Implantar e universalizar o esgotamento sanitário, inclusive sistemas alternativos
inclusive sistemas alternativos;
9. Implantar sistema de coleta, tratamento e destinação
final de resíduos sólidos;

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

10.Incentivar estudos e viabilizar projetos para a


utilização de métodos alternativos de tratamento e 28.Incentivar estudos e viabilizar projetos para a utilização de métodos alternativos de
destinação final de resíduos sólidos; tratamento e destinação final de resíduos sólidos
11.Implantar campanhas de educação ambiental.
29.Implantar sistemas de drenagens de águas pluviais;
12.Drenagem de águas urbanas
30.Ampliar e interligar os sistemas já existentes(meio-fio, sarjeta e galerias subterrâneas);
Comunicação
13.Viabilizar a instalação de telecentros
(NAVEGAPARÁ) e outros meios de democratização
31. Redefinir os critérios de implantação dos Infocentros
do acesso à informação pelas populações locais,
32.Agilizar a implantação e funcionamento dos infocentros nas sedes e vilas dos municípios;
facilitando o acesso popular a inovações tecnológicas,
33.Implantar, ampliar, garantir manutenção do SISTEMA NAVEGAPARÁ.
em articulação com as redes sociais, escolas, correios
e órgãos públicos existentes;

14.Ampliar a cobertura de sinal de televisão


34.Ampliar e melhorar o sinal de TV aberta
convencional e a sua utilização para fins educativos;
15.Fortalecer a utilização de meios de comunicação
35.Fortalecer a utilização de meios de comunicação atendendo demandas sociais e
atendendo demandas sociais e empresariais.
empresariais.
16.Incentivar a implantação e melhoria do sistema de
36.Incentivar a expansão do serviço de telefonia móvel nos municípios
telefonia móvel.
Transporte 37.Implantar portos e terminais hidroviários de passageiros nos municípios;
17. Aprimorar, ampliar e integrar as estruturas de 38.Pavimentar as rodovias de acesso entre os municípios da região;
transporte hidroviário e rodoviário de forma a 39.Agilizar a derrocagem do leito do Rio Tocantins;
melhorar o transporte de pessoas e mercadorias na 40.Garantir a implantação da PA-151, de Baião à Breu Branco;
região, integrando o fluxo diferenciado após eclusas e 41.Perenizar o acesso entre Breu Branco e Jacundá (PA-151);
o fluxo interno já existente; 42.Perenizar 75Km de estrada vicinal que liga a sede do município de Goianèsia do Pará à

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Vila Janari;
18. Promover a manutenção de rodovias-eixo
43.Implantar e manter estradas e vicinais para garantir escoamento da produção
estaduais e de estradas vicinais, como parte integrante
44.Agilizar a perenização dos 135 Km da vicinal que liga a sede do município de Novo
do planejamento intermodal de transportes, com a
Repartimento ao Distrito de Vitória da Conquista.
devida observação dos fatores socioambientais
45.Viabilizar parcerias entre as três esferas de governo para perenização das estradas vicinais
intervenientes
46.Garantir a manutenção da infraestrutura aeroviária
19.Implantar, Ampliar e modernizar a oferta de
47.Implantar aeródromos nos municípios de Breu Branco e Novo Repartimento;
Aeroportos e aeródromos da região;
48.Melhorar o aeródromo de Goianésia do Pará;
20. Promover a pavimentação das principais rodovias
49.Agilizar a pavimentação das rodovias federais na região
(pavimentação da BR-230,BR-422);
50.Viabilizar parcerias para pavimentação de vias urbanas(Blokret e asfalto);
21. Melhoria da infraestrutura urbana.
51.Implantar e melhorar terminais rodoviários;
Armazenamento 52.Viabilizar o uso dos galpões da ELETRONORTE no entorno da área das eclusas para
22.Planejar e implementar a infraestrutura de armazenamento
armazenamento, adequada às potencialidades 53.Implantar silos nas grandes vilas produtoras;
regionais e considerando as necessidades dos 54.Implantar silos/armazéns nos municípios da região.
diferentes atores; 55.Implantar estrutura frigorífica em todos os municípios da região.
23. Ampliar o atendimento das demandas de
escoamento da produção de pequenos produtores,
56.Garantir a construção de entreposto pesqueiro e hortifrutigranjeiro
pescadores artesanais e comunidades tradicionais e
57.Adquirir equipamentos e máquinas para produção;
dos arranjos produtivos locais sustentáveis,
58.Implantar Shopping’s Populares e feiras de Pequenos Produtores
principalmente por meio do fortalecimento das redes
de terminais e entrepostos.

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EIXO TEMÁTICO 2: INCLUSÃO SOCIAL E CIDADANIA


DIRETRIZES AÇÕES DEMANDADAS
1.Criação de unidades móveis de atendimento à saúde;
2.Aparelhar e a ampliar a estrutura física dos hospitais municipais da região;
3.Melhoria e ampliação dos sistemas de informatização dos programas do ministério da saúde
em vigência, com aplicação ampla em todos os municípios participantes do Plano;
4.Ampliar e melhorar os serviços de atenção básica à saúde para toda a região do plano;
5.Melhoria da infra-estrutura das secretarias municipais de saúde no que diz respeito a
informatização e internet;
6.melhoria e ampliação dos serviços de urgência e emergências através do serviço das UPAs
1. Ampliar e melhorar os serviços de saúde pública;
7.Ampliação e reestruturação dos Hospitais Municipais
8.Ampliar os serviços do ESF`s adequado a realidade regional
9. Aquisição de transportes fluviais (lago Tucuruí) e rodoviários para o serviço de saúde da
região.
10. Ampliar nº de profissionais e capacitar os mesmos.
11. Ampliar e fortalecer as Farmácias Populares na região.
12 Implantação do Centro de Oncologia, Cardiologia e Hemodiálise.
13.Reestruturação do Hospital Regional de Tucuruí.
14. Implantação de Centro Regional de tratamento de dependentes químicos
15.Implantação do LACEN
2. Monitoramento da incidência das principais
doenças e agravos à saúde pela investigação 16.Promover ações articuladas entre a educação e a saúde
epidemiológica, detecção precoce de doenças, surtos e 17. Assegurar o fornecimento de medicamentos nas localidades de incidências
epidemias, e educação sanitária; 18.Ampliar e capacitar pessoal, e equipar os serviços de segurança endêmica

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

19.Criação de um centro de cultura de zoonoses e unidade de cultura de zoonoses para a


atenção a doença animal;
3. Fortalecer os mecanismos de vigilância sanitária
20.Ampliar o sistema de vigilância sanitária com vista a melhorar a qualidade dos serviços e
animal;
da qualidade da oferta de alimentos, principalmente de derivados de animal
21.Implantação de matadores municipais
4. Promoção das condições de saúde da comunidade
indígena e quilombolas e valorização da medicina 22.Ampliar os serviços de saúde em todas as etnias indígenas e povoados quilombolas;
tradicional, com repasse de conhecimento das outras 23.Realização de pesquisas sobre a medicina tradicional em toda a região do plano
formas de medicina;
24.Melhoria do transporte para os estudantes da região;
25.Criação de escolas no interior dos municípios (regiões rurais);
5. Garantir a universalização do acesso ao ensino
26.Capacitação constante dos professores com atenção especial para cursos técnicos
infantil, fundamental e médio com qualidade em toda
profissionalizantes
a região, com especial atenção ao ensino técnico
27.Ampliar e implantar pólos de ensino a distância em nível médio, superior e pós-graduação
profissionalizante vinculando-o às necessidades e às
na região do PDRS;
características da região;
28.Ampliar e garantir o acesso à internet e infra-estrutura para esta modalidade de ensino em
toda a região do PDRS;
29. Política de valorização dos profissionais de nível superior para que eles permaneçam na
6. Fortalecer a Política de Educação de Jovens e região;
Adultos, a alfabetização e a educação indígena 30.Reestruturar os Programas de educação de jovens e adultos (com certificação profissional);
específicas à realidade das comunidades indígenas e 31.Formação e capacitação continuados de Professores(as) para a educação nas modalidades
quilombolas, valorizando sua cultura, sua língua e sua de ensino propostas do PDRS (indígena, campo, educação e populações tradicionais);
terra; 32.Assegurar a formação de professores indígenas;
33.Assegurar merenda escolar para alunos do EJA
7. Ampliar o acesso a ferramentas de ensino a 34.Criação de programa que facilite o acesso a equipamentos de informática, espaço
distância; comunitário e acesso ilimitado à rede mundial de computadores (inclusão digital

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

35.Criação de um pólo universitário com capacidade de atender os alunos oriundos das região
8. Ampliar e diversificar o acesso ao ensino superior
de integração do lago Tucuruí com instalações no município de Jacundá e ampliação dos
de alunos oriundos das escolas públicas, do meio rural
cursos do pólo de Tucuruí com cursos da área das exatas, humanas, saúde e ciências ligadas à
e das minorias étnicas;
terra
9. Implantar, ampliar e fortalecer as universidades 36.Promover cursos de extensão, projetos de pesquisa e pós-graduação
públicas na região; 37.Implantação de pólos das universidades públicas na região do PDRS
38. Apoio aos grupos folclóricos da região
39.Implantação de uma fundação cultural na região do PDRS;
10.Valorizar a identidade, a diversidade e as 40.Criação e implantação de um centro cultural na região do PDRS;
expressões culturais das populações da região; 41.Implantação de uma política de valorização da cultura regional;
42.Criação de escolas de música, dança, teatro e outros que valorizam a região;
43.Criação e implantação de museu do vale do Tocantins
44.Zerar o passivo social com todos os atingidos direta ou indiretamente pelo
11.Promover o reconhecimento dos direitos e o acesso
empreendimento de Tucuruí;
às políticas públicas de povos e comunidades
45.Ampliação das unidades escolares que atendem à população indígena radicada na região
tradicionais
do Plano
46.Integração através de fluxo de atendimento entre o poder judiciário, ministério público,
sistema de garantia de direitos, rede socioassistencial, educação e saúde.
47.Ampliação do policiamento com ações socioeducativas nos meios rural e urbano;
48.Criação de conselhos municipais de segurança em toda região do Plano;
12. Fortalecer o sistema de segurança pública e os 49.Criar fóruns de discussões sobre segurança pública de nível regional;
mecanismos de defesa social na região; 50.Criar programas de ressocialização de egressos do sistema prisional na região.
51.Aparelhamento e aumento do efetivo das polícias civil e militar para garantir melhor
atuação dos órgãos de segurança pública na região (terrestre , fluvial e aéreo);
52.Assegurar a rotatividade do policiamento civil e militar nos municípios da região;
53.Criação de delegacias especializadas na região;

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

54.Fomentar as ações de policiamento comunitário de aproximação com as comunidades;


55.Ampliar as ações de inclusão sócio-produtiva aos vários segmentos sociais em situação de
risco social;
13. Promover programas de pesquisa cientifica e de
preservação do patrimônio cultural,com especial
atenção aos sítios arqueológicos;
56.Criação de casas de apoio (casas de abrigamento) que possam atender a crianças,
adolescentes e idosos em situação de abandono ou condições vulneráveis;
57.Implantação de uma agência do INSS na região do Plano;
58.Fortalecimento e ampliação de ações de inclusão produtiva para as famílias em situação de
privação de renda e vulnerabilidade social;
59. Estabelecer um fluxo de atendimento à criança e ao adolescente que envolva a rede
socioassistencial e o sistema de garantia de direitos e o ministério público;
60.Garantir a efetividade e agilidade do pagamento dos benefícios dirigidos aos pescadores,
quilombolas, indígenas e a todas as populações tradicionais;
14. Garantir o acesso a Assistência e a Previdência 61.Ampliação do número de CREAS na região e discussão sobre a melhor localização das
Social; novas unidades;
62.Ampliar as ações de inclusão produtiva para os usuários da assistência social;
63.Construção de prédios próprios para todos os programas da assistência social e
infraestrutura necessária;
64.Implementação dos fundos municipais para a política de assistência;
65.Implementação dos fundos municipais do direito da criança e do adolescente com dotação
orçamentária e arrecadação da dedução fiscal;
66.Implantar os acolhimentos regionais e formas alternativas de acordo com a política de
assistência social e o plano nacional de convivência familiar e comunitária;

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

67.Substituição de casas de madeira por construções de alvenaria;


68.Implantar políticas municipais de moradia popular de baixo custo, através de
conveniamento com o programa “minha casa minha vida” e outros programas existentes e
15. Universalizar o acesso à moradia de qualidade,
administrados pelo ministério das cidades do governo federal
com ênfase em habitação de interesse social;
69.Flexibilizar os critérios de acesso à habitação popular principalmente para os que não tem
renda fixa;
70.Melhorar a qualidade das unidades habitacionais de acordo com a necessidade das
famílias;
71.legalização fundiária urbana e rural para facilitar o financiamento habitacional
72.Criação de espaços alternativos para prática de esportes e lazer nas áreas rural e urbana em
parceria com as secretarias estadual e municipal;
73.Incentivo ao turismo rural e ecológico;
74.Criação do museu da região do lago Tucuruí;
75.Aumentar o acervo da biblioteca municipal de Jacundá e cidades incluídas no Plano.
76. Construir e/ou ampliar os estádios municipais.
77.Adequar os prédios públicos e as vias publicas para a circulação dos portadores de
16. Ampliar, fortalecer e incentivar a Política de
necessidades especiais
Esporte e lazer como práticas de inclusão social na
78.Implantar centros poliesportivos com pistas de atletismo na região;
região.
79.Construção e reforma de estádios e ginásios poliesportivos;
80.Criação e ampliação do investimento no esporte e lazer na região;
81.Promover competições esportivas regionais;
82.Promover políticas para descoberta de novos talentos no esporte.

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EIXO TEMÁTICO 3: FOMENTO ÀS ATIVIDADES PRODUTIVAS SUSTENTÁVEIS


DIRETRIZES AÇÕES DEMANDADAS
1.Regularização Fundiária;
2. Mecanização e correção do solo
3.Subsídio de energia
4.Fortalecer e capacitar o produtor familiar
5. Divulgar os programas existentes para agricultura familiar através da melhoria dos canais
de comunicação
6. Fortalecer o cooperativismo e o associativismo.
1. Fortalecer a produção familiar e comunitária e 7.Implantar agroindústria para a produção familiar rural
estimular a integração entre a produção 8. Garantir a comercialização dos produtos oriundos da agricultura familiar, incluindo
agroextrativista e os processos industriais e de preferencialmente, a produção local na merenda escolar
comercialização, com vistas à dinamização de 9. Viabilizar o escoamento da produção
economias locais e regionais; 10. Criar e fortalecer a feira de produtores
11.Facilitar o acesso ao crédito, Ampliando a linha de micro-crédito
12.O fortalecimento das organizações
13. Aproveitar a vazante do Lago para cultura de curto período.
14.Implantar sistema de irrigação por meio de declividade do Lago, e retorno da água para
enriquecer o lago da barragem.
15.que a Eletronorte considere o “desassossego” da barragem, garantindo o direito de receber
R$ 3.500,00/mês
16.Agilidade na criação do Conselho
2. Disseminar boas práticas no manejo do solo, no 17. Promover campanhas, capacitação e divulgação de boas práticas do uso e manejo do
controle do uso de agrotóxicos e na conservação dos solo e de recursos hídricos
recursos hídricos; 18. Promover e divulgar campanhas educativas sobre a utilização do agrotóxico

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19. Realizar campanhas educativas para boas práticas de utilização de alternativos não-
agrotóxicos.
20. Compensação ao produtor por serviços ambientais, através da criação de lei específica
estadual para criação do bônus ambiental.
21. Implantar uma unidade de compostagem orgânica.
22. Implantar um laboratório para análise de solo na região.
23. Incentivar o plantio de cultura orgânica
24. Incentivar as técnicas de agroecologia.
25. Facilitar o acesso ao Programa Pará Rural para aquisição de Kits agroecológico.
26. Ampliar e facilitar o acesso ao crédito para recuperação de área degradada.
27. Criar programa para proteger e recuperar as matas auxiliares com recursos a fundo
3. Recuperar as áreas degradadas por meio de práticas perdido
de manejo do solo e sistemas agrossilvipastoris, de 28. Promover o reflorestamento com espécies nativas para recuperar
modo a permitir ganhos econômicos e a diminuir as áreas degradadas.
pressões sobre as florestas remanescentes 29. Implantar Sistemas Agroflorestais (SAF’s).
30. Implantar política de reflorestamento por parte do dois governos
31. Realizar o CAR e incluir o Plano Safra.
32. Garantir a segurança alimentar e gerar renda através do . Incentivo à criação de pequenos
e médios animais
4. Incentivar o manejo e a criação de espécies da fauna 33. Realização de curso técnico e oficinas para a criação de animais silvestres.
silvestre e não silvestre em regime extensivo e semi- 34. Subsídio para a construção de viveiros para animais silvestre facilitando o acesso ao
extensivo, como meio de promoção da segurança crédito para este objetivo.
alimentar e de geração de renda para as comunidades 35. Implantação de unidade demonstrativa de criação animais silvestres
ribeirinhas; 36. Projeto Piloto com intercâmbio de experiências existentes
37. Incentivar a produção de quelônios.
38. Disseminar a prática da apicultura.

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

39. Apropriação da legislação.


40.Facilitar a legalização ambiental para a criação de animais silvestres
41. Disponibilizar recursos a instituições de pesquisa para inovações tecnológicas na
5. Apoiar a pesquisa, a disseminação e o emprego de produção, beneficiamento e armazenamento do pescado e seus sub-produtos;
sistemas adequados de beneficiamento e 42. Disseminar conhecimento tecnológico para a criação, armazenamento e beneficiamento
armazenamento do pescado, que propiciem o do pescado
aproveitamento de subprodutos e a redução de 43 Disponibilizar recursos para instituições de pesquisas do estado e assim estimular um
desperdícios; maior numero de pesquisadores para a região
44. Incentivar os acordos de pesca visando a sustentabilidade dos recursos pesqueiros.
45. Promover curso profissionalizante de carpintaria naval.
46. Estudos de viabilidade para a utilização de novos materiais para a construção de barcos
6. Criar incentivos à melhoria dos equipamentos artesanais
recuperação e à modernização da frota pesqueira, 47. Acesso ao crédito para a recuperação da frota naval pesqueira da região, tanto de barcos
modernizando a construção naval local; como insumos para a pesca;
48. Financiamento para compra de novos equipamentos para a área naval
49.Desburocratizar o acesso à linhas de créditos já existente para a compra de barcos
50. Construção de terminal pesqueiro em Tucuruí, Jacundá, Breu Branco e Novo
7. Promover a industrialização do pescado e demais Repartimento.
produtos aquícolas. 51. Curso de capacitação para beneficiamento e armazenamento do Pescado.
52.Implantação de fábricas de gelo na região
53. Criação de Centro Integrado de Aqüicultura
8. Promover a aquicultura, incluindo piscicultura
54. Acelerar a Implantação dos parques aquícolas em todos os municípios da região,
confinada, centrada em peixes de maior valor de
55.Implantação de centro de alevinagem
mercado, e a industrialização do peixe com a produção
56. Implantar fábrica/indústria de ração para aqüicultura
de filé, ração, tortas, farinha e produtos de couro de
57.Divulgar os produtos da aqüicultura
pescado
58. Industrializar os subprodutos da piscicultura;

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

59.Subsidiar a compra de insumos e equipamentos para todos os beneficiários dos parques


aquícolas do segmento não oneroso
60.Que a Eletronorte assuma a limpeza do parque aquícola
61. Rever a legislação que define a espécie de peixe para cultivo em tanque rede.
62. Garantir o incentivo de insumo e equipamento a todos os parques aquícolas.
63. Garantir incentivos para o funcionamento da piscicultura, garantindo, principalmente o
seu fortalecimento junto às comunidades mais carente no que tange à utilização de tanque
rede e tanque escavado
64. Implantar curso superior de turismo na região
65. Incentivar a formação e qualificação em hotelaria
66. Melhorar e subsidiar a infra-estrutura da região para recebimento de turistas
9. Fortalecer o turismo sustentável na região, em 67. Capacitar agentes de turismo e comunidades do entorno
conjunto com a população local; 68. Identificar as potencialidades turísticas locais e criar roteiro turístico
69. Incentivar o turismo ecológico
70. Criar sítios pesqueiros (Zonas para a pesca esportiva)
71.Facilitar linhas de crédito para o fortalecimento do turismo
72. Realizar estudo de identificação e viabilidade da potencialidade mínero-metalúrgica na
10. Promover o adensamento da cadeia produtiva de região.
setores mínero-metalúrgico regional; 73. Realizar estudos de identificação de adensamento de Produtos minero-metalúrgicos.
74. Garantir a industrialização do minério no município
11. Induzir a adoção de mecanismos de inovação
75.Ofertar cursos de capacitação voltados a melhoria de bens e serviços
visando garantir a competitividade às empresas
76. Viabilizar incentivos fiscais a empresas que contrate bens e serviços locais.
fornecedoras de bens e serviços locais;
12. Estruturar e fortalecer as cadeias e arranjos 77. Identificar e diagnosticar os arranjos produtivos locais e/ou as cadeias produtivas.
produtivos que permitam o uso sustentável dos 78. Fomentar os arranjos produtivos identificados, agregando valor e sustentabilidade aos
recursos naturais e a agregação de valor; mesmos.

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79. Incentivar o cooperativismo e o associativismo


80. Implantação de agroindústria para o beneficiamento de frutas regionais.
81. Incentivar a industrialização dos produtos da pesca e aqüicultura
82. Fomentar a compra consorciada de equipamentos, insumos e matérias primas.
83. curso de capacitação para atender os arranjos produtivos locais.
84. Estruturar e viabilizar cadeias produtivas locais: Pecuária de corte e leite, Fruticultura,
madeira e móveis, aqüicultura e turismo sustentável.
85. Viabilizar o manejo florestal.
86. Induzir a adoção de mecanismos de inovação visando garantir a competitividade às
empresas fornecedoras de bens e serviços locais;
87. Realizar estudos para definir as cadeias produtivas da região e identificar os potenciais
Arranjos Produtivos Locais (APL) existentes
88. Criar um grupo de trabalho para discutir e propor sobre os APL
13. Fortalecer as cadeias produtivas integradas ao 89.Fortalecer o beneficiamento do leite.
consumo local e regional, em áreas como alimentos, 90.Incentivar a horticultura familiar.
bebidas, indústria naval, movelaria, olaria e materiais 91. Implantar manejo florestal com objetivo econômico: por exemplo, promoção de cursos
de construção em geral; sobre sequestro de carbono.
92. Facilitar o acesso ao financiamento.
93. Implantação de indústria para atender os APLS quando existentes e o seu conseqüente
beneficiamento.
94. Capacitação e formação de agentes multiplicadores em gestão para as cooperativas e
associações.
14. Ampliar iniciativas de economia popular e
95. Cursos de capacitação sobre economia solidária.
solidária e fomentar a economia da cultura como
96. Criação de um museu da região.
forma de valorização do patrimônio natural e cultural;
97 Resgatar as manifestações culturais da região
98. Ampliar e facilitar o acesso ao crédito para investimento em manifestações culturais,

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

bem como para as empreendimentos oriundos da economia solidária


99. Criar espaços sócio-culturais.

100. Melhoramento genético do rebanho.


101. Criar unidade de beneficiamento do couro.
15. Incentivar a modernização da atividade
102. Implantar unidade de resfriamento de leite
agropecuária em áreas de consolidação, com a
103. Incentivar áreas para a suplementação alimentar para o rebanho.
industrialização da carne, seu processamento e
104. Criação de terminal próprio para exportação do gado vivo.
beneficiamento, incluindo a implantação de um
105. Adequar os abatedouros dentro das especificações da vigilância sanitária
frigorífico na região;
106. Implantação de um frigorífico na região
107. Incentivar inovações tecnológicas para a bovinocultura de corte e de leite
108. Ampliar o numero de técnicos em acompanhamento rural de forma a ampliar a cobertura
para a agricultura familiar.
109. Definir o número de 70 famílias por técnico para atendimento de ATER
110. Melhorar a estrutura de acompanhamento técnico e extensão
rural, disponibilizando máquinas e equipamentos para uma eficaz assistência técnica.
16. Fortalecer os sistemas de ATER.
111. Melhorar a capacitação de extensionistas e produtores
112. Melhorar a estrutura de funcionamento e equipamento para as atividades de ATER
pública, com mão de obra (extensionistas e técnicos) qualificados.
113. Normatizar os procedimentos de ATER promovido pelas prestadoras desde o início do
projeto até o seu final
114. Modernizar projetos de beneficiamento da madeira visando a produção industrial de
forma sustentável
17. Modernizar projetos de beneficiamento da madeira
115. Implantar projetos de reflorestamentos de espécies nativas da região
visando a produção industrial de forma sustentável;
116. Realizar estudos de viabilidade econômica para o aproveitamento Industrial da madeira
e dos resíduos

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

117. Implantar patentes de produtos da indústria madeireira.


118. Implantar selo de qualidade
119. Realizar estudo de viabilidade para diversificação da fruticultura visando implantar o
APL da fruticultura
120. Incentivar a produção de sementes e mudas de qualidade diversificando a produção de
frutas.
121. Implantação de viveiros de mudas, Fomentando a aquisição de material genético de
18. Desenvolvimento e diversificação da fruticultura qualidade.
tropical de qualidade para exportação e 122. Implantação de SAF.(Sistemas Agro florestais)
industrialização; 123. Instalação de unidades demonstrativa da fruticultura
124. Implantar indústria de beneficiamento das frutas.
125. Facilitar o acesso ao crédito da agricultura familiar.
126. Capacitação aos produtores.
127. Viabilizar análise de solo na região.
128. Realizar estudo de viabilidade para a irrigação do solo para a produção.
129. Definir um calendário com vistas a mudança do status sanitário das regiões do Estado do
19.Estruturar um programa de sanidade vegetal e Pará.
animal (Jacundá) 130. Estruturar as ULSAVS (Unidades Local de Sanidade Animal e Vegetal

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

EIXO TEMÁTICO 4: ORDENAMENTO TERRITORIAL, REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA E GESTÃO AMBIENTAL


DIRETRIZES AÇÕES DEMANDADAS
1. Criar a secretaria de meio ambiente nos municípios em que, garantindo a gestão plena das
secretarias recém criadas(IBAMA , EMBRAPA, SEMA, INCRA, ITERPA, ADEPARÁ,
EMATER, FUNAI,SEPAQ);
2. Melhorar, equipar e aumentar o efetivo (Técnicos) da EMATER na região que atendam as
demandas dos municípios
1.Ampliar a presença do Estado, garantindo maior
3. Promover formação técnica e política dos movimentos sociais;
governabilidade sobre os processos de ocupação
4. Promover formação técnica em gestão e elaboração de projetos dos quadros dos órgãos
territorial e maior capacidade de orientação dos
públicos federais, estaduais e municipais;
processos de transformação sócio-produtiva
5. Aperfeiçoar a parceria entre a prefeitura do município e a Secretaria Estadual de Meio
Ambiente (SEMA), visando fortalecer a atuação nas ações que envolvem a gestão ambiental
do(s) município(s);
6. Criar termos de cooperação técnica adequados a realidade de cada município para a
execução de ações relativas à gestão ambiental e regularização fundiária;
7. Redefinir limites municipais e resolver as questões existentes em relação as ações de cada
município. Ex: algumas áreas do município de Goianésia os serviços de saúde, manutenção
de estradas e educação são atendidos pela prefeitura de Jacundá (Rondon do Pará e Jacundá )
2. Promover o ordenamento territorial e fundiário e a 8. Priorizar a Reforma Agrária das áreas e implementar ações nos Projetos de
gestão ambiental, priorizando as áreas de conflito e as Assentamentos(PA) de acordo com as Instruções Normativas do INCRA, IBAMA e
ocupadas por pequenos e médios produtores; CONAMA , ou seja, de acordo com a legislação existente que pede a destinação de áreas
para as atividades produtivas, manejo de recursos florestais e pesqueiros e definir as ações
referentes a jurisdição estadual e federal.
9. Criar mecanismos para transferência da jurisdição de áreas urbanizadas do INCRA-
ITERPA para as prefeituras.

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

10. Garantir a segurança para as atividades de fiscalização e gestão das áreas de gestão
especial e áreas de conflitos fundiários.
11. Implementar as ações de regularização fundiária implementando os planos de
desenvolvimento de assentamentos – PDA pactuadas entre o INCRA e os Sindicatos Locais;
12. Garantir os mesmos direitos destinados aos PAs do INCRA para as populações
localizadas fora destes
13. Ajustar o ordenamento territorial aos assentamentos existentes anteriores à criação da
APA do lago de Tucuruí Ex: Assentamento Yasmin e região;
14. Promover ações de regularização ambiental nas propriedades da região pela SEMA,
Priorizando o CAR – Cadastro Ambiental Rural;
15. Realizar a legalização fundiária e ambiental da região, considerando os planos diretores
municipais;
16. Implantar e consolidar projetos de reforma agrária adequados às características
ambientais, às aptidões agrícolas, fitosanitárias, econômicas e às especificidades da região,
baseados no ZEE
17. Garantir de forma imediata a indenização e o remanejamento das populações
remanescentes das Zonas de Preservação da Vida Silvestre – ZPVS bases 3 e 4 (93 famílias)
e Zonas de Amortecimento (387 Famílias), que já habitavam o local antes da criação das
ZPVS;
18. Garantir a elaboração do plano de manejo das RDS e da APA do lago de Tucuruí criadas
em 2002;
19. Garantir o cumprimento das condicionantes das licenças ambientais da UHE Tucuruí e
das eclusas
20. Criar mecanismo para evitar a depreciação do lago a montante e a jusante da barragem,
garantindo a reprodução do pescado;
21. Fomentar a criação de Sistemas Agroflorestais - SAFs na região com linhas de crédito

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

subsidiadas;
22. Rediscutir as áreas destinadas a moradias para a população remanejada pelos
empreendimentos implantados na região (Ex: Conjunto habitacional da matinha)
23. Criar mecanismos (recomposição, banco de sementes, viveiros...) para Preservação e
recuperação de áreas de preservação permanente e áreas de reserva legal:
24. Fortalecer a vigilância e fiscalização das RDS e criar o seu plano de manejo pelos órgãos
gestores de recursos naturais (SEMA e IBAMA)
25. Intensificar as ações de Assistência técnica e Extensão Rural – ATER na região, visando
a maior produtividade e rentabilidade às propriedades;
3. Priorizar, nas áreas onde ainda encontram-se
26. Exigir maior responsabilidade na utilização dos recursos destinados à conservação dos
preservados os ecossistemas originais, a promoção do
recursos naturais, considerando a arrecadação das multas aplicadas por dano ambiental na
uso sustentável e de proteção da floresta e dos demais
região;
recursos naturais
27. Criar mecanismo para o pagamento de serviços ambientais preservando a floresta
(compensar financeiramente aqueles trabalhadores rurais que utilizam suas terras de forma
sustentável)
28. Promover a capacitação técnica para a utilização sustentável da terra;
29. Tornar os períodos de carência de financiamentos de planos de reflorestamento mais
atraentes aos proprietários rurais;
30. Regularização de áreas indígenas nos municípios de Itupiranga (Atikum e Guajajara) e
Goianésia (Amanayé);
4. Assegurar os direitos territoriais dos povos e
31. Viabilizar o acesso de comunidades ribeirinhas aos créditos disponíveis (pesca, Pronaf
comunidades tradicionais (ribeirinhos, extrativistas,
entre outros) como meio de fomentar a permanência destes nas respectivas áreas;
povos indígenas, quilombolas, entre outros), que
32. Regularização e das áreas de comunidades tradicionais, quando identificadas, como
constituem a base para a sua reprodução social e
forma de resgatar e reconhecer a história e culturas de tais populações;
integridade cultural
33. Garantir um levantamento das áreas alagadas pelo barramento da hidrelétrica de Tucuruí,
para a devida indenização das comunidades impactadas, garantindo o pagamento de 508

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

processos pendentes de pagamento pela Eletronorte (200 em Novo Repartimento e 308 em


Tucuruí)
34. Garantir a revisão do processo indenizatório das atingidos por barragens (ribeirinhos),
para resgatar a condição social das comunidades envolvidas
35. Criar mecanismos de compensação aos ribeirinhos localizados à jusante da Barragem da
UHT, que tem prejudicado o seu modo de vida (agricultura) pelo uso de amônia, a retirada de
areia do leito do rio e os efluentes que retornam para o rio;
36. Homologar o território do lago de Tucuruí;
37. Discutir o processo de criação de Unidades de conservação (Resex) desde a jusante da
barragem de Tucuruí até o município de Baião;
38. Incluir a parte do território, a montante e a jusante nos dois programas de
desenvolvimento (jusante e montante)
39. Ampliar os Acordos de Pesca em todos os municípios da região, excluindo as áreas
abrangidas pelas RDSs, a fim de firmar regras pactuadas de forma participativa entre os
pescadores e as respectivas colônias existentes na região EX; pescadores que burlam o
período de defeso, a comercialização deste pescado;
5. Promover a elaboração, implementação e ampliação 40. Fortalecimento do associativismo e cooperativismo entre os envolvidos
de acordos sociais relativos (i) ao manejo de recursos 41. Aperfeiçoar o sistema de controle e fiscalização do poder público das atividades
pesqueiros (acordos de pesca), (ii) à proteção e produtivas na região;
recuperação de matas ciliares, (iii) à gestão de recursos 42. Criar acordos sociais de controle e prevenção de incêndios florestais, envolvendo a
hídricos e (iv) à prevenção e controle do fogo e de participação da sociedade civil organizada e esferas de governo;
incêndios florestais. 43. Implantar programas de recuperação de APPs, através de parcerias entre governo e
sociedade civil organizada;
44. Criar um programa de ampliação no período de recuperação do pescado, criando
alternativas de atividades produtivas promovendo a capacitação para essas atividades. Ex:
Artesanato, Beneficiamento de Frutas Nativas, Agricultura

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

45. Respeitar o período de defeso, previsto no acordo de pesca, fiscalizando a captura e


comercialização do pescado neste período;
46. Respeitar a data de pagamento do salário e seguro defeso aos pescadores;
47. Assegurar o direito a uma cesta básica às famílias de pescadores durante o período de
defeso;
48. Revisar os estudos para antecipação do período de defeso;
6. Implantar e consolidar projetos de reforma agrária
adequados às características ambientais, às aptidões 49. A ação é a própria diretriz.
agrícolas, econômicas e às especificidades da região
50. Desenvolver parcerias entre as instituições governamentais (Universidades, Escolas de
ensino técnico, órgãos governamentais de meio ambiente...) e atores locais (prefeituras,
sociedade civil organizada) para promoção de ações de educação e legislação ambiental a fim
de orientar, capacitar e incentivar os trabalhadores para a promoção do uso sustentável da
terra;
51. Aperfeiçoar o sistema de controle dos órgãos de fiscalização (IBAMA, SEMMA, SEMA,
7. Promover o desenvolvimento tecnológico, a Policias Federal e Militar, SEFA) para combater a ilegalidade dos infratores e evitar a
capacitação de recursos humanos, a comunicação corrupção nos órgãos públicos;
social e a educação ambiental, com vistas ao uso 52. Criar e buscar mecanismos financeiros direcionados ao Passivo Ambiental (degradação
sustentável dos recursos naturais e à recuperação de de mata ciliar e reserva legal);
áreas degradadas 53. Capacitar os produtores locais para que possam desenvolver outras atividades produtivas;
54. Promover o ensino e capacitação de técnicas agrícolas na região;
55. Fortalecer o sistema Associativo e Cooperativista para a utilização dos produtos locais
(limão, banana, manga, goiaba, caju, muruci, acerola, cupuaçu, açaí e essências florais;
56. Criar um balcão de negócios sustentáveis para exploração de produtos não madeireiros
com capacitação para criação de novas cadeias produtivas, oferecendo produtos certificados e
servindo de referência para a comercialização dos produtos locais

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago de Tucuruí

57. Definir até maio, o calendário para atender às demandas do plano SAFRA
58. Criar programa de reflorestamento de espécies nativas consorciado com a agricultura
familiar (Sistema Agrosilvopastoril), voltado às necessidades dos pequenos produtores;
59. Criar um laboratório regional de pesquisa e análise do solo;
60. Garantir a participação efetiva de atores sociais de todos os municípios no Comitê de
gestão dos recursos hídricos no entorno do lago;
61. Criar instrumentos de divulgação de informações referentes as ações do Comitê Gestor
dos recursos hídricos, incluindo a participação da sociedade;
62. Criar um conselho gestor regional de recursos hídricos, de forma paritária entre as esferas
de governo e sociedade civil;
8. Implantar no âmbito regional gestão ambiental e
63. Implantar o sistema adequado de tratamento dos efluentes líquido oriundos da região das
comitê de gestão dos recursos hídricos do entorno do
ilhas (saneamento básico);
lago
64. Exigir a transparência dos estudos de impactos sócio-ambientais do sistema de
transposição das águas do rio Tocantins (Eclusas);
65. Garantir o canal de migração dos peixes;
66. Elaborar plano regional de gestão e concessão de direitos sobre os recursos hídricos,
culminando com a criação do conselho gestor de recursos hídricos da região do lago de
Tucuruí, garantindo a participação efetiva da sociedade civil.

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Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável da Região de Integração Lago de Tucuruí

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