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Com a palavra
Discursos Acadêmicos
Vol.I
2006-2013
DIRETORIA EXECUTIVA
Presidente: Amenaide Bandeira Rodrigues (Licenciada)
Vice-Presidente: Elisa Augusta de Andrade Farina (Presidente em exercício)
Secretário Geral: Wilson Colares da Costa
Tesoureiro Geral: Leuson Francisco da Cruz
Produção editorial
Prof. Wilson Colares da Costa
Digitação de textos
Eduardo Amorim Silva
Revisão
Smirna Cavalheiro
Capa
Matheus Serôa
Editoração eletrônica
Roberto Achtschin
Impressão e acabamento
Gráfica Exclusiva
Com a palavra:
Discursos acadêmicos
“Sou frágil o suficiente para uma palavra me machucar, como sou forte o bastante
para uma palavra me ressuscitar.”
A Academia de Letras de Teófilo Otoni, sendo ninho da palavra boa, fez a
união de muitas palavras boas e transformou-as neste livro, em cujas páginas os
escritores registram tão bem o contentamento de participar como um troféu de re-
compensa e conquista.
Não posso deixar de enaltecer a Academia de Letras de Teófilo Otoni pelos
anos de funcionamento. Os ecos que nos chegam dão conta de uma instituição
promotora de trabalhos valorosos em prol da literatura e cultura regionais. Ativos
e conscientes de seu importante papel, os acadêmicos têm sido arautos do bem
através da palavra. Que, a exemplo das pedras preciosas que borbulham na riqueza
deste solo, possam garimpar preciosidades literárias rumo ao condão imorredouro
da sabedoria. Parabéns!
Marilene Godinho
Tributo a Teófilo Otoni
Marrippe Faul Abeilice
Professor, fisioterapeuta, parapsicólogo e artista plástico, tendo sido o responsável pela arte
do brasão do município de Teófilo Otoni, encomendado na década de 60 pelo então vereador
Humberto Luiz Salustiano Costa, autor da Lei 1.067, de 02 de maio de 1966, que institui o
Brasão e o Pavilhão/Bandeira oficial do município de Teófilo Otoni.
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Academia de Letras de Teófilo Otoni
Hilda Ottoni Porto Ramos
11
Discursos
Proferidos nas sessões especiais e solenes
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Discurso da Srª Elisa Augusta de Andrade Farina, proferido em 25 de setembro
de 2009, na sessão especial de recepção e posse de membros correspondentes
e abertura da Noite do Café-com-Letras.
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Discurso do Sr. Luiz Lyrio, proferido em 25 de setembro de 2009, na sessão
especial de posse como membro correspondente.
Eu tive um sonho. E que ninguém se espante com isso, caros confrades e con-
freiras, autoridades presentes e ilustres convidados. Gente comum também pode ter
sonhos. Eles não são propriedade exclusiva de grandes personalidades da história.
Assim, também eu tenho meus sonhos. E sempre que acordo de manhã e me lembro
deles, reflito sobre seus conteúdos, já que, por mais absurdo que possam parecer à
primeira vista, nossos sonhos sempre contêm alguma mensagem importante.
Mas voltando ao sonho de algumas noites atrás, nele eu vivia em um país onde
o livro, mais que a bola, era um objeto de veneração, ao qual todos prestavam res-
peito e reverência. Desde cedo, mal a criança aprendia a falar, seus pais lhes davam
livros que pudessem folhear. E esses livros não continham apenas gravuras. Todo
pai queria que seu filho se interessasse também pelas letras. É bom que se diga que,
nesse país, não se estipulava uma idade mínima para as crianças aprenderem a ler.
Só não se admitia que o ritmo de cada ser humano em formação fosse desrespeitado.
Cada pequeno deveria aprender a ler quando chegasse o momento certo. E cada pai
e cada mãe sabia qual era esse momento. É certo que, nesse país, os pais, de vez
em quando erravam. Na ansiedade de tornar seu filho um craque da leitura, muito pai
colocava o carro na frente dos bois e, por isso, era advertido pelas autoridades que
trabalhavam para o Ministério dos Livros.
Nessa terra maravilhosa eram construídos, em cada cidade, prédios em for-
mato circular, denominados “estádios”, que eram imensas bibliotecas. Cada cidade
tinha um maravilhoso estádio-biblioteca, que era o orgulho de seus cidadãos. Nos
bairros, prédios menores, chamados ginásios, abrigavam bibliotecas e livrarias. E por
falar em livrarias, não é preciso dizer que essas lojas eram mais frequentadas que os
shopping centers. Aliás, para não falirem, os shoppings faziam grandes promoções
em que eram sorteadas valiosas obras literárias. E como isso não bastasse, para
evitar que ficassem às moscas, todos tinham mais livrarias que lojas de roupas e de
eletrodomésticos. No Natal, os presentes preferidos das crianças eram livros, mas os
pais, orientados por educadores renomados, costumavam contrariar os pequeninos,
dando-lhes brinquedos, bicicletas e balas para estimulá-los à prática de exercícios.
Como tudo que é demais faz mal, também os professores, nas escolas, tentavam es-
timular o interesse das crianças pelos esportes. Os pequenos, a princípio, resistiam.
Não entendiam que graça havia em um monte deles correndo atrás de uma bola ou
pedalando em uma bicicleta para chegar a lugar nenhum. Mas, depois, sentindo os
efeitos benéficos da prática esportiva, eles acabavam gostando de praticar esportes,
apesar de terem certa resistência a um esporte chamado futebol.
Não é preciso dizer que no país do meu sonho, que foi aperfeiçoado em um
longo devaneio em que eu estava com os olhos bem abertos, não havia mais guerras,
nem fome, nem miséria. A desigualdade entre os homens se dava na exata medida
daquilo com que cada um era aquinhoado pela natureza ou conquistava com seu pró-
prio esforço. E o telefone tocava. Eu disse que o telefone tocava? Sim, meus caros,
ele tocou e interrompeu meu devaneio. Atendi. Era engano. Um cobrador procurava
um sujeito chamado Roberto Dinamite dos Santos Silva.
Após responder, irritado, alguma coisa ao cobrador enganado, tentei retomar
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meu devaneio, mas em vão. Caí de novo na realidade do meu país pentacampeão
mundial de futebol, onde cada criancinha é presenteada pelo pai com uma bola, antes
mesmo de aprender a andar, e onde muitos milhões de pessoas torcem o nariz para
o livro e dizem sem nenhum pudor que “não gostam de ler”.
Sentia-me deprimido com a volta ao mundo real quando me lembrei da carta
que recebera na véspera. Era um convite para me tornar membro correspondente da
Academia de Letras de Teófilo Otoni (ALTO). Fui então ao computador, entrei em vá-
rios sites de literatura e melhorei meu ânimo. Ainda havia esperança, ainda existia em
meu país muita gente que lutava e esperneava com todas as suas forças para mudar
a nossa triste realidade. Lembrei-me, enquanto me rejubilava por ter sido lembrado
por uma instituição tão séria quanto a ALTO, de que há muita gente se empenhando
para tornar o Brasil um país, se não tão amante dos livros quanto o país do meu so-
nho, pelo menos um que tenha mais consideração pela literatura.
Como bem disse o escritor Luiz de Aquino, em e-mail que me enviou, “as aca-
demias – especialmente as de âmbito municipal – têm papel importante no feitio literá-
rio e no congraçamento das artes e dos autores”. Eu, humildemente, complementaria
o ilustre escritor, dizendo que, ao cumprir este papel, as academias de letras também
contribuem para manter vivo o amor pela literatura e pelos livros. Quem sabe, um dia,
esse amor contagie as novas gerações e torne próximo de todos nós o meu sonho,
que sei ser também o de todos aqui presentes?
À Academia de Letras de Teófilo Otoni meu agradecimento pela honra de me
fazer seu membro correspondente. Tal honraria, mais do que encher de orgulho, con-
tribui para incentivar-me a continuar firme na luta por um Brasil no qual a literatura
ocupe, no coração e na mente das pessoas, o lugar que merece.
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Discurso da Srª Clevane Pessoa de Araújo Lopes, proferido em 25 de setembro
de 2009, na sessão especial de posse como membro correspondente.
Com prazer estou hoje entre vós para a posse na Academia de Letras de
Teófilo Otoni (ALTO), na qualidade de membro correspondente. Uma das caracte-
rísticas das pessoas que mais fortalece é o espírito gregário, a afiliação uma das
respostas prazerosas do comportamento humano.
Ao receber o convite para ser acadêmica correspondente desta Casa, senti-me
honrada e feliz. Sou uma pessoa que gosta de pessoas, do coletivo, da divulgação,
que permite aos escritores e poetas serem melhor conhecidos. E é o que faço em
meus blogs, continuamente. Quero, então, desde agora, colocar esses espaços à
disposição dos autores desta Academia. Agradeço-vos penhoradamente por haverem
corrido o risco de chamar à filiação alguém a quem somente conhecem de referência
ou pela internet.
Desde pequena sou apaixonada por leitura, neta de poeta/jornalista e de um
maestro, tive por avós e mãe, contadoras de história – o que me encantava e, sem
dúvida, contribuiu de maneira decisiva para que eu me tornasse uma escritora. Venho
de lançar na Bienal do Rio dois polos de minha literatura: um livro de poesia erótica,
chamado Erotíssima, e um de literatura fantástica, infanto-juvenil, O Sono das Fadas.
Isso mostra a alma do poeta, que não tem idade e sim identidade. E, ademais, o
segundo é para crianças até cem anos. Além do mais, já completei seis décadas de
existir, mais dois. Na qualidade de Embaixadora Universal da Paz do Cercle de les
Ambassadeurs Universais de La Paix, cuja sede é em Genebra, na Suíça, venho, com
alguns pares, lutando pela paz no mundo e vou ter muito prazer em indicar pessoas
de bem que me apontarem aqui, à presidente, atualmente francesa, que mora em
Orange, desta Casa de Letras. Presente aqui o Professor Luiz Lyrio, também um dos
Embaixadores da Paz. Aos poucos, quero conhecer a obra de cada um dos confrades
e confreiras, porque uma Academia é isso: colmeia, teia, agregação de pensadores,
pensamentos e modificadores de opinião.
Também aqui representarei outras afiliações, por exemplo, o Movimento Cul-
tural aBrace, cuja diretora no Brasil é filha de Teófilo Otoni: falo de Nina Reis, poeta
premiada cujo nome de batismo é Rosângela Alves Domingos, que dirige coedições
internacionais, a revista aBrace e outros projetos internacionais com Roberto Bianchi,
o diretor uruguaio. O Instituto Brasileiro de Culturas Internacionais (InBrasCi), do qual
sou diretora regional em Belo Horizonte. O Instituto Imersão Latina (IMEL), do qual
sou vice-presidente, presidido pela jornalista Brenda Marques Pena; o Museu Na-
cional da Poesia (MUNAP), do qual sou pesquisadora; e as Academias de Letras do
Brasil (patrona Laís Corrêa de Araújo) e Academia Feminina Municipalista de Letras
cadeira Cecília Meireles, para a qual fui votada em 2008 e tomarei posse no dia 4 de
novembro. Não citarei demais, tão caras quanto as primeiras à minha vida, para não
cansá-los. Acredito na força do homem, enquanto parte ativa e solidária de um todo.
Sei que todos aqueles que olham para a frente e para o Alto, podem alcançar estrelas,
águias e nuvens. A sigla desta Academia tem a sorte de formar esse belo nome. Es-
critores e poetas nascem para as coisas do Alto, têm uma ligação infinita e energética
com o Cosmo, com o terreno do imaginário, de onde brotam, conjugadas ao real, as
mais belas histórias e poemas, pois o ato de criar acontece quando o conteúdo do self
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é rico e o conhecimento pode entretecer enredos e poemas.
O poder da palavra é tão forte que, a partir dela, com peso matemático e pre-
ciso, o mundo foi criado. Nós, que escrevemos, devemos ter cuidado com o que co-
locamos ao alcance dos leitores. Uma palavra pode destruir ou construir, modificar
o status quo ou cristalizar uma situação, educar ou deseducar, conquistar um país
ou uma pessoa e até afastar outras do nosso convívio. Então, o acadêmico tem uma
grande responsabilidade na sua força de expressão e deve ser um agente da paz,
progresso, harmonia, beleza, cultura, educação, assim como deve denunciar, mo-
dificar, militar por uma sociedade mais cordifraternal, ao ter a consciência plena de
que é fazedor de opinião, modificando ou mantendo estados de ser, fazer ou estar.
Louvo e mais uma vez agradeço a esta Academia pela bela atitude de convidar
pessoas de Estados diferentes para serem seus correspondentes. Somar é benéfico,
quando todos se unem, dão-se as mãos e erguem vozes em uníssono. As dificuldades
e obstáculos são contornados ou derrubados, e todos se fortalecem pelo bem comum.
É disso que nosso país precisa, é o que as almas festejam, o que os conscientes
desejam. Os que escrevem têm a missão do encontro e da revelação, da solidarie-
dade e da criação. Devemos lutar para que sejamos profissionais da palavra viva,
respeitados e profissionalizados, para que a ecologia alcance cada vez mais parâme-
tros de conscientização, para que as crianças tenham um futuro melhor, nosso país
seja respeitado e encontre espaço para uma expansão efetiva, onde cada um de nós
possa ser agente desse crescimento real. Para tal, é necessário que a profissão de
poeta e escritor seja reconhecida legalmente, para que escrever não pareça apenas
o que realmente é, um prazer. É muito mais: missão de fé, disponibilidade, prova de
conhecimento, talento e magia.
Obrigada.
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Discurso da Srª Íris Soriano Nunes Míglio, proferido em 25 de setembro
de 2009, na sessão especial como representante de homenageados pela
Academia de Letras.
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Discurso do Sr. Altamir de Freitas Braga, proferido em 25 de setembro de 2009,
na sessão especial de posse como membro correspondente.
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hoje o mesmo nome). No aniversário da Independência, a 7 de setembro de 1853,
Teófilo Otoni faz a inauguração de Filadélfia como centro das colônias do Mucuri.”
Com o devido respeito ao historiador, permitam-me os presentes fazer uma
interpretação da escolha do nome. Penso que, Teófilo Otoni batizou o local com o
nome de Filadélfia tendo em vista o grande acontecimento: A Convenção de Fila-
délfia (também conhecida como a Convenção Constitucional, a Convenção Federal
e a Grande Convenção de Filadélfia) foi uma reunião entre os dias 25 de maio e 17
de setembro de 1787, para resolver os problemas dos Estados Unidos da América,
após a independência do Reino Unido da Grã-Bretanha. Ainda que a ideia fosse
somente rever os Artigos da Confederação, a intenção de muito proponentes da
Convenção, principalmente James Madison e Alexander Hamilton, era a de criar
um novo governo em lugar de “arranjar” o que já existia. Os delegados elegeram
George Washington para que presidisse a convenção. O resultado da Convenção
foi a Constituição dos Estados Unidos da América, um dos eventos centrais na his-
tória dos Estados Unidos que refletiu em outros países. Este acontecimento semeou
pelas Américas o ideal democrático, haja vista que dela participaram as minorias:
negros e até índios.
Registre-se, por último, que o grande ideal de Teófilo Otoni e que talvez tenha
falecido um pouco frustrado era levar Minas para o mar. Tentou. Os obstáculos naque-
la época o impediram. Não foi por falta de um hercúleo esforço.
Daí a sua história resignada e forte expressão: “O MAR CHORA E GEME POR
ESTAR LONGE DE MINAS”.
Como Figueira do Rio Doce, hoje Governador Valadares. O povo de
Filadélfia fez justiça ao seu fundador: TEÓFILO BENEDITO OTONI. O povo
de Figueira do Rio Doce agradeceu o seu emancipador: BENEDITO VALA-
DARES, que, aliás, foi emancipada do município de Peçanha. Esta segunda
colocação é apenas um dado qualquer...
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Discurso do Sr. Arnaldo Gomes Pinto Junior, proferido em 15 de outubro de
2010, na sessão especial de posse como membro benemérito.
Tem razão Roberto Carlos, realmente são tantas emoções... É uma emoção
que não consigo mensurar quando recebo, aqui nesta sessão solene, o importante
título de MEMBRO BENEMÉRITO da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
A princípio, considerei que se tratava apenas de uma gentileza que a amiza-
de e o carinho que os professores Amenaide e Wilson, com os quais tenho maior
afinidade nesta Casa, pretendiam me oferecer, pelo valor que eu sempre distingui
à nossa Academia. Mas, pesquisando seus anais, pude notar que os acadêmicos
procuram realmente filtrar as honrarias que concedem às pessoas da comunidade.
Assim é que, fundada em 20 de dezembro de 2002, ou seja, chegando agora ao
seu oitavo ano de vida, foram apenas três as pessoas referenciadas com o diploma
de MEMBRO BENEMÉRITO: a professora e atual prefeita municipal, Maria José
Haueisen Freire, o engenheiro e historiador, Gilberto Ottoni Porto, e o empresário e
produtor rural, Theomar Sampaio Paraguassu. São pessoas respeitadas pela hon-
radez com que norteiam suas vidas e também possuidoras de sublime cultura, cuja
presença no quadro da Academia só dignifica a Instituição.
E eu me vejo agora, com muita honra, o quarto MEMBRO BENEMÉRITO da
Academia de Letras de Teófilo Otoni. Não podem os presentes medir a felicidade que
me envolve a alma. Sinto que a vida me é muito gratificante. Aos 69 anos de idade,
a elite da cultura da minha terra me presenteia com uma honraria das mais signifi-
cativas. Repasso em minha memória as atividades que exerci durante o meu tempo
de vida útil, quando fui bancário, professor e jornalista, colaborando com a imprensa
escrita e falada da cidade. Em todas elas empenhei-me para demonstrar que sempre
almejei dar o melhor de mim, mostrando uma folha de serviços que pudesse merecer
elogios daqueles a quem eu tinha oportunidade de servir.
Não obstante ter abraçado a carreira bancária com desusado carinho, não
posso negar minha paixão pelo período que trabalhava com a juventude enquanto
professor de Matemática no ensino médio do Colégio Estadual Alfredo Sá. Que ale-
gria me proporcionava a notícia de que algum dos meus alunos conseguira aprova-
ção no vestibular de uma escola federal, ou, mais tarde, quando recebia o convite
para a graduação do curso superior. Até hoje, fico cheio de orgulho quando encontro
com algum dos meus alunos atuando como professor graduado em escolas de nível
médio ou superior, ou em profissões distintas como engenheiros, médicos, dentis-
tas, administradores, etc.
Ao receber o título de MEMBRO BENEMÉRITO, passo a pertencer com muita
honra, à excelsa Academia de Letras de Teófilo Otoni, uma instituição que, desde
a sua fundação, tem propugnado pela história do município de Teófilo Otoni, prin-
cipalmente pelo reconhecimento que proporcionou a três ícones da educação e da
cultura da cidade que foram Pedro de Paula Ottoni, cadeira número 1 da Academia;
Ruy Campos, cadeira número 2; e Ione Lewicki da Cunha Melo, a cadeira número
25. Todos os outros 27 patronos, obviamente, também perpetuaram suas vidas em
benefício da cultura da cidade, mas citei apenas o nome daqueles três em função
do tempo, mas também porque foram pessoas com as quais convivi de forma mais
próxima. Um adendo deve ser feito: se receber o título de MEMBRO BENEMÉRITO já
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me envaidece bastante, mais envaidecido fico quando noto que a homenagem a mim
prestada pela Academia ocorre na mesma noite em que são homenageadas pessoas
de invejável envergadura como o querido amigo e humanitário médico ortopedista
Wilson Pires Neves, o professor Celso Ferreira da Cunha, que pertenceu à Academia
Brasileira de Letras, e a professora Isaura Caminha Fasciani, patronesse do Núcleo
de Documentação de Literatura da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
A minha gratidão eterna aos acadêmicos teófilo-otonenses por tão importante
honraria. Quero, porém, aproveitar a oportunidade para destacar que se a caminhada
chega até aqui para receber tamanha distinção, não posso deixar de enaltecer o amor
que os meus familiares sempre me proporcionaram: minha esposa Geralda, amor
sem comparação, ela que consegue suportar as minhas impaciências; meus filhos
Luciano, Paulo Sérgio e Miriam, que por razões profissionais não podem estar pre-
sentes, mas tenho certeza de que estão, em Belo Horizonte, tão emocionados quanto
eu estou aqui agora; e os meus sete netos, Larissa, Liliane, Juninho, Paulo Vítor,
Letícia, Marina e Mateus, grandes amores de minha vida. E não posso me esquecer
de meu pai, Arnaldo, e da minha mãe, Lourdes, especialmente da minha segunda
mãe, dona Alayde, que nos deixou em março último e, com certeza, estaria cheia de
emoção se aqui estivesse nesta noite sublime. Dona Alayde está aqui representada
pelos filhos Antônio Carlos, Alfredo e Maria do Rosário, aos quais rendo o meu apreço,
o meu carinho pela boa amizade que abrange nossa convivência. Quero expressar a
minha afeição pelos amigos que estão me prestigiando, fazendo-o nominalmente na
pessoa da minha cunhada, Vera, e de meu concunhado, Joel, do meu amigo e irmão,
Humberto Luiz, que se abalaram de Belo Horizonte e Caratinga para participar desta
solenidade tão significativa.
Meus amigos, a alegria quem nos dá é Deus e a tristeza é a gente que faz.
Minha praia não é a da tristeza, Deus é muito bom para comigo: deu-me a alegria de,
agora, fazer parte da Academia de Letras de Teófilo Otoni como seu membro benemé-
rito. É como eu digo nos meus comentários de futebol: “Beleza pura, minha gente”.
23
Discurso do Sr. Wilson Pires Neves, proferido em 15 de outubro de 2010, na
sessão especial de posse como membro honorário.
24
poder das palavras é a força mais conservadora que atua em nossa vida. A diferença
do significado de uma mesma palavra pode deturpar o pensamento, seja em assuntos
vulgares ou de média ou elevada cultura da sociedade. Essa distorção no sentido das
palavras pode concorrer para o desentendimento, incompreensão ou divisionismo.
Senhora Presidente, senhoras e senhores acadêmicos, há um deus egípcio
cujo nome quer dizer palavra, que se reveste assim de uma personalidade seme-
lhante à humana, e crer-se que a formação do mundo resultou da tradução, por meio
de palavras, da vontade divina. Deus disse: “Faça-se o mundo”, e o mundo se fez.
Portanto, nada escapa ao poder da palavra.
A significação das palavras não é uma constante, experimenta mutações de sen-
tido, muitas vezes em profundidade tal que chega a levar ao mais remoto esquecimento.
Surgem e desaparecem como os sábios do tempo, como a moda. As palavras têm um
sentido dogmático em certas épocas, para se tornarem obsoletas e ridículas depois.
Ninguém mais que o cidadão de cultura da comunidade há de sentir a res-
ponsabilidade que lhe pesa ao usar as palavras no exercício da sua profissão. Às
palavras devemos dar o peso no sentido exato e reconhecer a nossa ignorância. Só
podemos dizer o que for certo, e, se não sabemos, temos que perguntar. Lembremos
Confúcio: “Quem pergunta alguma coisa que não sabe, pode aparentar um tolo por
cinco minutos, quem não pergunta fica sendo a vida inteira”.
Senhores acadêmicos, doravante passo a ter o alto privilégio de sentar-me jun-
to a vós que integrais, com tanta sabedoria, esta douta academia, e eu como neófito,
tudo farei para manter-me atento em receber os vossos sábios ensinamentos, ouvir
vossos judiciosos conselhos e usar toda a vossa notória e sedimentada experiência,
como faz o muro que serve de abrigo e amparo à hera, quando ainda muito tenra, e
que mais tarde ela própria é mantida de pé pelos seus vigorosos braços que, entrela-
çados, impedem sua queda. É como lemos no poema de Thomaz Ribeiro:
Quase todos vós já sois meus diletos amigos, e me esforçarei para conquistar
a simpatia dos demais, pelos quais já nutro grande admiração. Para concluir e não
possuindo o doto literário para traduzir tudo que no momento me vai n’alma, valho-me
da inesquecível lira do imortal Adelmar Tavares para dizer-lhes a seguinte quadra:
25
Discurso da Srª Elisa Augusta de Andrade Farina, proferido em 11 de dezem-
bro de 2010, na abertura da sessão solene de recepção e posse de membros
titulares e correspondentes.
26
Discurso do Sr. Olegário Alfredo da Silva, proferido em 11 de dezembro de 2010,
na sessão solene de posse como membro titular da cadeira número 18.
Para quem passa o ano inteiro lidando com a palavra escrita, criando versos,
procurando rimas, garimpando temas, formulando textos, editando livros, torna-se fá-
cil escrever, mas nesta noite solene as palavras desaparecem de minha mente; então,
vasculhando os recônditos da inteligência descobri que a melhor palavra para definir
meu discurso é “agradecimento”.
Agradecer é o meu dever de ofício, dever de acadêmico, dever de cidadão. Agra-
deço em primeiro lugar a Deus, nosso Pai Eterno. Agradeço a todos presentes, meus
irmãos, primos, primas, amigos, meus filhos, Fausto e Carlos, minha esposa, Maria
Regina, mulher amada e amiga em todos os momentos. Agradeço à minha primeira
professora, dona Antônia Fortunata, a “Dona Tão” da Escola Reunida do São Jacinto,
aos professores do Colégio Estadual Alfredo Sá, onde estudei por pouco tempo, logo em
seguida, por questões de doença na família, tivemos de mudar para Belo Horizonte.
O gosto pela leitura, principalmente a poesia, veio desta época. Dessa forma,
sinto a forte lembrança do início de tudo, a origem, a motivação que me fez chegar
até este importante momento que, com toda certeza, deveu-se aos professores e pro-
fessoras que me ensinaram muito mais que ler, escrever e fazer conta. Mas tudo isso
ainda seria pouco se não tivesse a base sólida da família e dos amigos de onde tirei
forças para continuar nos momentos de dificuldade e onde compartilhei vitórias.
É essa rede de sentimentos e ações que faz com que nossos objetivos sejam
alcançados. Nunca, em tempo algum, imaginei que esse longo caminho me levasse a
ocupar essa cadeira de número 18 na Academia de Letras de Teófilo Otoni, como tam-
bém não imaginei que um dia iria ocupar a cadeira de número 9 na Academia Brasileira
de Literatura de Cordel. Em decorrência dos fatos, este ano na Cidade histórica de
Sabará, foi criada uma cordelteca (biblioteca de cordel) na Casa das Artes que faz parte
da Borrachalioteca e que recebeu o nome de Cordelteca Olegáno Alfredo em minha
homenagem.
Caros amigos, por onde passo sempre menciono o nome da minha cidade
na fala oral ou nos versos em que escrevo como no cordel “O Último Apito”, que
fala toda trajetória da Estrada de Ferro e sua triste extinção, citando todas as Esta-
ções pelas quais o trem passava, onde meu avô, meu pai e meus tios trabalharam
e Teófilo Otoni era como a capital do Vale do Mucuri, aliás já tentaram separar o
Vale do Mucuri de Minas Gerais e criariam assim um outro Estado, cuja capital se
chamaria Filadélfia. Mas isto não aconteceu e não acontecerá. Como dizia Drum-
mond: “Minas não se divide.”
Assuntemos um trecho do cordel da Baiminas:
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Eis que um dia sem porquê
Anunciaram o fim da estrada
A maioria da população
Ficando desesperada
Sem saber o que fazer
Com a notícia nunciada.
Famílias inteirinhas
Com toda sua tradição
Como árvores que não prestam
Tiraram da região
Levaram para um lugar
Sofreram desolação.
A plataforma vazia
Olhares sem esperanças
Esta foi a situação
Das famílias interioranas
Com o fim da estrada
E o futuro das crianças.
A peleja começou
Rodeada de muita gente
Todos lá querendo ver
Quem será mais competente
Cebolinha é ligeiro
Cantador é mandingueiro
Quando pega no repente:
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Cantador:
– Cebolinha me responda
Como é que se chamava
O antigo nome da cidade
Onde a riqueza jorrava
Que Teófilo Otoni hoje é
Me responda mesmo em pé
Sobre o rio que lá banhava.
Cebolinha:
– Filadélfia se chamava
Teójilo Otoni antigamente
Quando o Rio Todos Santos
Tinha água clara corrente
Meu mano você notou
Na resposta que te dou
Que sou muito competente.
Cantador:
– Quero ver me responder
Veja bem se ocê não erra
Quem foi o maior gramático
Natural de nossa terra
Me responda no gogó
Sem na língua dá um nó
Seu cuca de motosserra.
Cebolinha:
– O nome deste gramático
Digo que rima com alcunha
Sua gramática nos estudos
O meu pai também dispunha
Foi com ela que aprendemos
O que ensinou o Celso Cunha.
29
se com Yvette Domenici, em 1949, em Belo Horizonte, onde moravam. Em Belo
Horizonte ele tinha muitos amigos intelectuais, entre eles o Fernando Sabino, José
Aparecido de Oliveira (ex-ministro da cultura), Milton Campos e Juscelino Kubits-
chek. Formou-se em Direito pela UFMG em 1953. Era cronista e apresentador do
Repórter Esso, da Rádio Inconfidência, escrevia poemas, roteiro de novelas, fazia
parte de intelectuais liderados por Milton Campos, seu amigo e professor. Foi fun-
dador e presidente do Lions, Diretor da FRIMUSA, do Automóvel Clube e o primeiro
diretor da Penitenciária Agrícola de Teófilo Otoni. Advogado de renome, professor
na Faculdade de Direito (FENORD). Era ético em tudo que fazia. Era notável como
contador de histórias. Conhecia músicas clássicas, cinema, etc. Compôs várias mú-
sicas, entre elas “Açucena”, que foi gravada por Gonzagão. Fez textos primorosos e
discursos a pedido de amigos políticos que os apresentavam com brilho.
Curiosidades:
“1) Rubem e Yvete se casaram em 1949, em BH, onde moravam. Ele tinha 28
anos e ela 16. Na primeira semana de núpcias, o primeiro susto. Rubem desapare-
cera. Chegou um dia depois, já tarde. Passava a noite nos botequins. As companhias
até que não eram más: Fernando Sabino, José Aparecido, Murilo Rubião, Vicente
Prates, Ulpiano Chaves, Wilson Ângelo, Milton Campos, Juscelino Kubitschek. Com o
tempo a bela Yvete se acostumaria ao espírito libertário do marido – e como acontece
às mulheres dos aventureiros – dele faria o seu ídolo. Era incapaz de ofender alguém,
mesmo levemente, nunca disse um palavrão, jamais demonstrou indelicadeza ou có-
lera. Era um sonhador. Rubem Tomich foi um dos homens mais notáveis que por esta
cidade e por muitas gerações será lembrado como exemplo de culturas, competência,
bondade e honradez.
2) Rubem Tomich gostava de cozinhar. Apreciava pratos exóticos para a
época. Salada de pétalas de rosas, folha de parreiras, cactos, bife de carne de
cavalo. De madrugada, quando lhe batia a fome, preparava caldo verde. Bebia
uísque ou vinho tinto. Lia muito. Escrevia à mão. Na faculdade de Direito, a vasta
cultura encantava os alunos. Tinha uma ironia sutil, inteligente, elegante. À sofis-
ticação sobrevinham gestos extravagantes. Costumava deitar-se no chão com a
cabeça apoiada sobre os sapatos. Outras vezes, usava dois tijolos como traves-
seiro. Dormia nessa posição e se levantava disposto. Tinha imenso prazer em
fumar cigarro de palha, que fazia lentamente. Dentro de casa, andava calçado só
de meias. Nunca dirigiu automóvel. Era excessivamente humilde. Recusou empre-
go público oferecido por Juscelino no Rio. Optou pela vida provinciana e a carreira
de profissional do direito.”
30
que se pratica durante a vida; se as letras proporcionam o êxtase da percepção, na
fragilidade e contingência do meu fadário, se eu ficar encantado, irei feliz para o local
de destino das almas, descrito por Platão, o mentor das academias.
“O amor conquista tudo.”
Obrigado.
31
Discurso da Srª Marlene Campos Vieira, proferido em 10 de dezembro de 2010,
na sessão solene de posse como membro titular da cadeira número 29.
32
viveu. Um grande mineiro, um emérito brasileiro.
A história de Queiroga está ligada a esta cidade, pois ele narrou a brava e
incansável luta de Theophilo Ottoni com a divulgação de toda a saga em prol da
construção das colônias do Mucuri. Foi um líder, um escritor talentoso, um admirador
e estudioso da forma simples da vida do sertão brasileiro, do folclore, dos costumes
que fizeram de nosso povo o que ele é, a nossa maior riqueza. Pré-romântico, deixou
inúmeros poemas referenciando a personagens e acontecimentos do Serro. Em suas
obras estão “Canhenho de Poesias Brasileiras”, “Arremedos ou Lendas e Cantigas
Populares”, “Lendas do Rio São Francisco”, entre outros.
Muito me honra ter uma ligação com este grande homem, com esta cidade,
com este momento, pois hoje estou aqui sendo agraciada com este título tão honroso,
que é o de pertencer à Academia de Letras de Teófilo Otoni.
O que mais poderia desejar da vida senão agradecer e agradecer! A Deus,
por tudo o que vem me proporcionando na vida, por morar nesta cidade querida, por
ter amigos valiosos, pela minha história como educadora. Deus é a Luz que vem me
ensinando a compor o poema da minha vida dia após dia e a ele agradeço as minhas
vitórias. E minhas vitórias também posso dizer que são meus filhos e netos que me
dão ânimo e sentido à vida. Agradeço a Padre Paraíso, cidade que está em meu co-
ração e que sempre vou amar. A Raimundo, sobrinho querido, incentivador e sempre
presente. Aos meus amigos, aqui presentes e também os que não puderam vir, em
número bem maior! Que Deus nos abençoe a todos!
33
Discurso do Sr. Wilson Ribeiro, proferido em 11 de dezembro de 2010, na sessão
solene de posse como membro correspondente.
Sinto-me feliz e honrado ao fazer parte deste Órgão Cultural como membro
correspondente. Órgão que representa a elite intelectual de Teófilo Otoni e região,
sendo seus membros verdadeiros guardiães do saber acadêmico e científico.
Nosso objetivo é realizar estudos e pesquisas nas diversas áreas, ressaltando
a literatura, apoiando, valorizando e difundindo todos os tipos de manifestações artís-
ticas, culturais e muito mais.
Nossa postura no trabalho deve ser embasada na busca constante de aperfei-
çoamento para estarmos qualificados para sermos multiplicadores do saber adquirido
com nossas experiências cotidianas; numa atitude de acolhimento, tendo o diálogo
como eixo norteador das relações interpessoais, pois, acredito eu, que a postura pro-
fissional é viver a unidade na adversidade, assumindo atitude crítica e criativa, para
que o trabalho seja coletivo e cooperativo.
Na sociedade, acredito que a essência da função social do homem seja pre-
parar indivíduos capazes de exercer a cidadania com honradez, firmeza de caráter e
boas atitudes no contexto de uma sociedade complexa onde vivemos. Que o nosso
falar seja a exemplificação de nossos atos.
Na educação, seus princípios norteadores deverão ser constituídos a partir dos
quatro pilares básicos, os quais são:
1. Aprender a conhecer, o que supõe aprender a aprender, através da exerci-
tação das habilidades cognitivas;
2. Aprender a fazer é estar qualificado profissionalmente para que o indivíduo
enfrente as várias situações e trabalhe bem em equipe;
3. Aprender a conviver é a diretriz da descoberta do outro e da outra e da inter-
dependência entre pessoas quanto à participação em projetos sociais comuns;
4. Aprender a ser consiste no desenvolvimento total do ser: espírito e
corpo, inteligência, responsabilidade, capacidade para elaborar pensamentos e
se comunicar, formular juízo de valor, não negligenciando nenhuma de suas po-
tencialidades individuais.
Perante nós mesmos, valores, etc, não se julgando indispensável ou autos-
suficiente, tendo como lema a modéstia, que é a força motriz para transformação do
indivíduo. Que nossa atitude seja de respeito diante do “pensar” e do “ser” de cada
um, porque somos seres únicos, absolutamente insubstituíveis para Deus.
Perante a natureza, protegendo quanto possível todos os seres, respeitando
todo o seu habitat natural e os múltiplos ecossistemas, que a natureza consubstan-
cia o santuário em que a sabedoria divina se torna visível aos olhos dos homens. É
imprescindível lutar contra a destruição das riquezas naturais do planeta em explora-
ções abusivas, como: queima de florestas nativas, uso de explosivos na extração do
minério, pesca em época de reprodução, etc. Devemos respeitar toda criação divina
que, ao meu entender, constitui um dever.
Perante o livro, consagrar diariamente um tempo para leitura de obras que nos
edificam como pessoas pensantes, capazes de fazer críticas construtivas e dotados
de discernimento para tirarmos proveito de uma boa leitura e aplicarmos no nosso
viver cotidiano.
34
Para sermos felizes devemos cultivar a serenidade e a paz nos ambientes
onde convivemos; para que isso aconteça faz se necessário sermos vigilantes ati-
vos de nós mesmos, sempre revendo nossos valores e atitudes para com os outros.
Devemos deixar de lado os preconceitos já estabelecidos para formarmos os nossos
próprios conceitos perante a vida.
Agradeço a Deus pela oportunidade de hoje estar aqui; também à minha
família, que sempre me apoiou e em todos os momentos estiveram ao meu lado.
Finalizando, informo a todos os presentes que, segundo o acadêmico Tadeu
Laert, em relato de seus muitos brilhantes trabalhos, afirmou: “É nossa missão viver
em paz e harmonia, agradecendo a Deus, por mais este dia”.
A todos, o meu muito obrigado.
35
Discurso do Sr. Emerson Maciel Santos, proferido em 11 de dezembro de 2010,
na sessão solene de posse como membro correspondente.
36
Enquanto isso, não desanimemos, sigamos firmes em nosso propósito de pro-
pagar os problemas sociais, o amor, a justiça social para o mundo.
Eu sei, meus amigos, que a caminhada é longa, mas para chegar lá temos que
dar os primeiros passos.
Eu sei, meus amigos, que não hei de participar da colheita, faço questão de
estar ao lado de quem lança, ainda que em terra seca, ainda que em terra árida, as
sementes de um futuro melhor para nossa juventude.
Quero aqui quebrar o protocolo e recitar uma poesia social de nossa autoria,
chamada:
Roda Viva
Esse poema deixa claro que a nossa maior arma é a escrita. Mas não nos
esqueçamos de buscar inspiração em Deus. Só há justiça onde Deus está presente.
Que o Deus ecumênico, isto é, o Deus de todas as religiões, nos abençoe e continue
nos orientando ontem, hoje e sempre.
37
Discurso da Srª Elisa Augusta de Andrade Farina, proferido em 30 de abril de
2011, na abertura da sessão solene de recepção e posse de membros titulares e
homenageados com a Medalha de Mérito Cultural Dª Didinha.
O meu coração é tão pequeno e frágil para as tantas emoções desta noite,
mas, imbuída da certeza, anuncio que a Academia de Letras de Teófilo Otoni, pau-
tada no art. 58 do seu Regimento Interno, criou a concessão da “Medalha de Mérito
Cultural Dª Didinha” destinada a homenagear pessoas físicas e jurídicas que se des-
tacaram através de atividades pertinentes às contribuições literárias, culturais, artís-
ticas, religiosas e pesquisas em favor do desenvolvimento da pessoa humana e da
sociedade teófilo-otonense, ou pelo estabelecimento de políticas e projetos para o
38
desenvolvimento da educação, o ensino e o civismo no município e região.
Hoje serão agraciados com a “Medalha de Mérito Cultural Dª Didinha”:
Gilberto Ottoni Porto, filho da terra, sempre apoiou a ALTO, quer seja empres-
tando o seu carisma e apoio cultural, ou pelo seu modo despojado e simples de
um mecenas, que sente a necessidade premente dos órgãos culturais. A ele o
nosso apreço e votos de realização.
A União Estudantil de Teófilo Otoni (UETO) com representabilidade de mais de
quarenta mil estudantes inseridos no contexto político, social, cultural e educacional
da nossa cidade. Parceira inconteste da Academia de Letras de Teófilo Otoni em parti-
cipação literocultural e hospedeira afável, sempre somando, estimulando a cultura da
nossa cidade. O nosso obrigado pelo companheirismo a nós dedicado.
A Associação dos Filhos e Amigos de Teófilo Otoni (AFATO), que tem o firme
propósito de amparar os teófilo-otonense em suas necessidades, reunir os conter-
râneos para momentos prazerosos de confraternização e lazer. O jornal Afato um
informativo mensal para divulgação das atividades da entidade e dos principais acon-
tecimentos que envolvem pessoas e a cidade de Teófilo Otoni.
Através da Afato, Teófilo Otoni sempre será valorizada, contada e decantada
nos artigos que veiculam por todo o Estado.
Se um possível existe e se temos o poder para torná-lo real, a uma felicidade
que, enfim, esteja onde nós estivermos, este momento é ímpar e com certeza será
rememorado na mente de cada um que aqui se encontra nesta noite.
Muito obrigada!
39
Discurso da Srª Hilda Ottoni Porto Ramos – Dª Didinha, proferido em 30 de abril de
2011, na sessão solene de concessão da Medalha de Mérito Cultural Dª Didinha.
Amigos acadêmicos, aqui me encontro após ser brindada com mais um ano
de vida. Não preparei um discurso, no qual a preocupação com a retórica não me
deixaria livre para me expressar, deixar extravasar o sentimento que me invade a
alma neste momento. É maravilhoso! Sinto-me agraciada de forma inusitada. Meu
vocabulário não dispunha de palavras mais belas e expressivas para expressar o que
verdadeiramente me invade.
Permitam-me primeiramente agradecer a Deus. Mas o que falar? Dizem os
filósofos que, com o avançar dos anos, nos tornamos crianças. Realmente! Quando
olhei esta medalha que a Academia instituiu em minha homenagem, senti-me genero-
samente agraciada por vocês para atingir esse honroso status, condição que jamais
tive a pretensão de alcançar. Subindo os noventa e quatro degraus vividos, aqui es-
tou. Feliz! Encontrei o que já estava escrito sobre o meu sentir. A felicidade não é fruto
do acaso, ou destino. É o poder da conquista com grande esforço, vencendo obstá-
culos e aceitando renúncias. Para o poeta, a felicidade e a vida encerram uma grande
pergunta e cada um tem uma resposta que brota dentro de si, que não é imposta.
Talvez seja a gema preciosa que se procura no garimpo da existência: escola da vida,
somente ensina a quem se submete a ser humilde aprendiz. Agradeço a vocês, da
Academia, e aos presentes que tanto me honraram com suas presenças.
Certa manhã abandonei provisoriamente tintas e pincéis. Minha teia seria
meu velho piano Pieyel. Dos sons do seu teclado, extraí o que meu pensamento
ditava uma canção cujas palavras acompanharam o que senti, e sinto tão minhas
para este momento:
Meditação
No jardim da existência
Semeei lembranças
Não sei, não sei por quê,
despindo sonhos
vestimos saudades
tantas saudades.
No jardim da existência
Semeei saudades
nasceram lembranças
que o passado para mim guardou.
Este momento
Viverá em mim
Para eu nunca esquecer.
40
Discurso do Sr. Felipe Ribeiro Lemos, proferido em 30 de abril de 2011, ao
receber, em nome da União Estudantil de Teófilo Otoni (UETO), a Medalha de
Mérito Cultural Dª Didinha.
Não tenho palavras para quantificar ou qualificar o sentimento que tenho neste
momento. Receber uma homenagem em nome da União Estudantil de Teófilo Otoni
é sempre uma honra, mas quando esta homenagem representa uma lenda viva, uma
mulher, que doou a sua vida em prol da cultura, da música, das letras, é algo inexpli-
cável. Certo dia, viajando nas palavras da Sra. Hilda Ottoni Porto Ramos, ou melhor,
a nossa querida Dona Dindinha, no seu livro: “Memória Vivas, Vivas Memórias”, me
deparei com um texto que dizia:
“Onde há silêncios vagueiam sentimentos!... Na fina brisa do horizonte se
perde o olhar. Êxtase de sonhos, magia de luz: momentos em que o Sol vai se es-
condendo sobre o mar!...”.
É... de fato a vida da Dona Didinha foi uma aquarela, cheia de cores. Dentre
tantas cores, as palavras se destacam, pois a Dona Dindinha é uma pescadora, “pes-
cadora de sonhos, pescadoras de letras”, e essas letras nos emocionam sempre que
as lemos ou ouvimos.
Celso Cunha dizia: “Com a palavra criaram-se e destruíram-se mundos,
selaram-se destinos, elaboraram-se ideologias, proferiram-se maldições e blas-
fêmias, expressaram-se ódios, mas também com ela – e só com ela, em tantos e
tão desvairados povos, falou-se de amor, consolaram-se aflições e elevaram-se
preces ao seu Deus. Ela tem sido, através do tempo, a mensageira do bem e do
mal, da alegria e da dor...”
De fato, Celso Cunha tinha razão, pois as palavras de Dona Didinha retratam
uma vida e nela encontramos a história da nossa cidade e a razão de tudo o que nós
conhecemos. Recomendo a todos a conhecerem o mundo desta mulher, através de
suas palavras.
Quando soube desta homenagem logo pensei em uma forma de retribuí-la e
certamente não poderia encontrado melhor maneira, pois hoje assinarei um termo no
qual estabelece que o tradicional Concurso de Textos e Frases da União Estudantil,
em parceria com a Academia de Letras receberá, na edição do ano de 2011, o nome
de Hilda Ottoni Porto Ramos e, ainda, terá como tema a MULHER. Sinto que com isso
estarei retribuindo em parte esta homenagem e contribuindo para levar a todos os
cantos e recantos a história desta mulher.
Como presidente da UETO e representante legítimo de todos os estudantes
deste município, agradeço imensamente esta homenagem e me coloco à inteira
disposição naquilo que for necessário para a manutenção da cultura em nossa
amada Philadelphia.
Obrigado!
41
Discurso do Sr. Gilberto Ottoni Porto, proferido em 30 de abril de 2011, ao
receber a Medalha de Mérito Cultural Dª Didinha.
O que é Cultura?
Resumindo: Cultura é a alma de um povo.
E o que é alma? É o que dá vida ao corpo.
Assim, a cultura dá vida ao povo, à família, à sociedade, à nossa cidade e ao
nosso país.
Sinto-me imensamente honrado com esta medalha que recebo agora, e a es-
tendo ao Instituto Histórico e Geográfico do Mucurí, que vem trabalhando nossas
raízes para explicitar melhor a nossa identidade. Ao analisar a vida dos nossos ante-
passados e absorver suas experiências, contribui para que possamos evitar erros em
nossa caminhada.
Estendo também a todos aqueles que, ao longo da vida, me ajudaram a conhe-
cer o mundo e a mim mesmo: às minhas professoras e professores, aos meus pais
e familiares, à querida prima-irmã, Didinha, e, em especial, àqueles que, por pensar
diferente, enriqueceram o meu modo de ver o mundo.
Cultura se adquire; ninguém nasce com ela; por isso é tão importante na for-
mação de uma sociedade.
Cultura e valores temos de vários tipos. Precisamos exorcizar a cultura do
medo, da falsidade, da violência, da exclusão, do conformismo e da alienação.
Precisamos valorizar e investir na cultura, da liberdade, da verdade, da paz
e da inclusão com participação; em suma: a cultura da cidadania, que não aceita a
inatividade, ser espectador da história, ficar na janela vendo a banda passar, ou na
arquibancada vendo o jogo de longe.
Precisamos de uma cultura que construa uma cidadania plena, que nos trans-
forme em agentes da história, em instrumentos de Deus, para realizar aqui e agora
uma sempre nova sociedade de fraternidade e amor.
É um processo contínuo, doloroso muitas vezes, mas que, por exigir consciên-
cia trabalho e suor, nos fortalece e engrandece.
A Academia de Letras de Teófilo Otoni está de parabéns por mais este evento
que reconhece a cultura da nossa terra, que tem e teve pessoas maravilhosas que,
muito mais que este homenageado, merecem ser valorizadas, para que o seu exem-
plo reconhecido, frutifique.
Tenho certeza de que valorizando e reconhecendo cada vez mais a boa cultura
e educação, certamente estamos no melhor caminho para a construção da sociedade
que sonhamos, cada vez mais justa, verdadeira e feliz.
Muito obrigado.
42
Discurso do Sr. José Carlos Pimenta, proferido em 30 de abril de 2011, na ses-
são solene de posse como membro titular da cadeira número 16.
Senhoras e senhores:
A Academia, em Atenas, era a Escola em que Platão ensinava filosofia, no
ginásio e jardim de Akádemus, figura da mitologia grega.
Mas a Academia Francesa de Letras, fundada em 1635 pelo Cardeal de Richelieu,
ministro do rei Luís XIII, constitui o protótipo de todos os grêmios literários.
Em 1897, por iniciativa de Lúcio de Mendonça, um grupo de literatos criou
a Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro. Machado de Assis foi seu
primeiro presidente.
Juiz de Fora foi o cenário em que a Academia Mineira de Letras despontou, em
1909. Sua sede foi transferida para Belo Horizonte, em 1915.
Em feliz iniciativa, a 20 de dezembro de 2002 surge a Academia de Letras
de Teófilo Otoni (ALTO), com trinta cadeiras para membros titulares, sete das quais
reservadas a pessoas aqui nascidas, radicadas em Belo Horizonte, atendidos to-
dos os demais requisitos exigidos, com o objetivo de congregar, pela dedicação às
atividades literárias e artísticas nas mais diversas formas de expressão, realizar
estudos, pesquisas, promover e incentivar a cultura, entre outros fins descritos no
art. 3º de seu Estatuto.
Vocações e manifestações para as letras, para a música, para as artes e para a
cultura nunca faltaram nesta terra, de ontem e de hoje. Tardava, pois, a instituição que
pudesse reunir representantes desses mais variados ramos do conhecimento, final-
mente concretizada no limiar do ano comemorativo do sesquicentenário de fundação
do burgo que se tornaria mais tarde cidade e sede do município.
Teófilo Otoni passou, então, a ombrear-se com tantas outras comunas mineiras,
sedes de academias literárias – a Arcádia nas mais antigas e históricas – altamente
representativas do espírito de Minas – expressão de Carlos Drummond de Andrade –,
pilares da voz de Minas, a que aludiu Alceu Amoroso Lima.
E Celso Ferreira da Cunha é escolhido patrono da entidade. Nascido em
Teófilo Otoni a 10 de maio de 1917, a notável biografia e profícua obra intelectual de
Celso, no Brasil e no exterior, credenciaram-no ao galardão. Membro da Academia
Brasileira de Letras, nela ocupou a cadeira número 35, de que é patrono Tavares
Bastos, em sucessão a José Honório Rodrigues. Na solenidade de posse, em 4 de
dezembro de 1987, saudou-o o acadêmico Abgar Renault, com estas palavras:
“Afirmo que esta instituição [...] vos acolhe [...], com orgulho e carinho, que lhe
brotam simultaneamente do espírito e do coração, mas não saberei dizer-vos o
que em vossa personalidade mais nos seduz – o gramático, o filólogo, o crítico
literário, notadamente de poesia, o medievalista, o professor ou o escritor que
compõem rara estatura intelectual a surpreender e exaltar este país estranho,
capaz de, lado a lado com o mais vivo culto ao analfabetismo de todos os
graus, permitir que germine, floreje e fruteça em seu solo figura da vossa ca-
tegoria. [...] É a Academia Brasileira de Letras que enobrece os seus títulos ao
receber-vos...”
43
Entre tantos títulos universitários e acadêmicos, o primeiro deles, obtido por
Celso, em 1938, foi o de bacharel em Direito pela Faculdade Nacional de Direito da
Universidade do Brasil, a Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ). Depois conquistou a licença, em 1940, e o título de doutor em Letras,
em 1947, pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, a Faculda-
de de Filosofia da UFRJ.
Destaco que, tendo bebido nas fontes do Direito e da língua pátria, a ele coube a
missão de efetuar a revisão gramatical e ortográfica do projeto de Constituição aprovado
em segundo turno pela Assembleia Nacional Constituinte, texto que, com as modificações
introduzidas após, pela Comissão de Redação, submetido à votação final em plenário, foi
promulgado em 5 de outubro de 1988 como Constituição da República. Faleceu no ano
seguinte, no Rio de Janeiro, em 14 de abril de 1989.
A Lei nº 5.522, de 27 de dezembro de 2005, erigiu-o em Patrono da Cultura no
município de Teófilo Otoni.
A cadeira número 16, para a qual fui eleito em 21 de outubro de 2010, e na
qual me encontro agora empossado, como primeiro ocupante, tem como patrono o
teófilo-otonense José Alfredo de Oliveira Baracho. José, porque aqui nascido no dia
dedicado a São José, 19 de março, no ano de 1928. Alfredo, o nome de seu pai, Alfre-
do de Seixas Baracho, baiano de Águas de Salvador, que durante muitos anos militou
na advocacia, neste histórico prédio da Câmara Municipal, outrora sede do fórum da
comarca. A família provém do Espírito Santo, com ramificações no Rio de Janeiro.
Após o curso primário particular, ingressou no Ginásio Mineiro, inaugurado em
Teófilo Otoni no ano em que nascera, 1928, onde meu pai, Camillo de Lellis Pimen-
ta, foi inspetor de alunos, e cuja construção muito deve ao médico, professor e seu
primeiro reitor, Teodolindo Antônio da Silva Pereira. Em 1941 e em 1942 Baracho lá
esteve, aprovado na primeira e na segunda séries do Curso Ginasial. Com o lamen-
tável fechamento do educandário, foi transferido para o Colégio Arnaldo, em Belo
Horizonte, onde deu prosseguimento ao Curso Ginasial para depois chegar ao Cur-
so Científico naquele tradicional educandário dos padres missionários alemães da
Congregação do Verbo Divino. Tive acesso à pasta com seus registros escolares, no
arquivo do Colégio Arnaldo. Entre eles, a guia de transferência, datada de 11 de maio
de 1943, e o atestado de ótimo comportamento, no Ginásio Mineiro, datado de 12 de
março de 1943, documentos assinados pelo então reitor Lothar Rudolph.
Em 1955 recebe o grau de bacharel em Direito pela Casa de Afonso Pena, a
Faculdade de Direito da Universidade de Minas Gerais, mais tarde Universidade Fe-
deral de Minas Gerais (UFMG). Exerce a advocacia, constitui família e, paralelamente,
desponta também sua vocação para o magistério, tendo ele inicialmente lecionado na
capital mineira em estabelecimento de Ensino Médio.
Nosso relacionamento teve início e desenvolveu-se naquela Escola, onde, em
1970, eu passei a cursar a graduação em Direito, após aprovação em pioneiro, com-
plexo e árduo vestibular unificado. E ele retornava à Casa no mesmo ano, nomeado
que fora, mediante aprovação em concurso público, auxiliar de ensino da cátedra de
Direito Constitucional, da qual fui monitor, posteriormente.
Já em 1971, eis-me aluno de Baracho, em aulas práticas da disciplina. A partir
de então estabeleceu-se entre nós uma viva empatia. Ainda me recordo do dia em
que, no ano de 1972, ao nos encontramos defronte à Faculdade, presenteou-me com
um exemplar da monografia intitulada Participação nos Lucros e Integração Social, a
44
primeira, de sua autoria, com atenciosa dedicatória.
Naquela Escola conquistou o título de livre-docente e, em 1981, o título de
doutor em Direito.
Publicou ainda pelo menos mais 12 outros livros, monografias e ensaios, en-
tre os quais Regimes Políticos, Teoria da Constituição, Teoria Geral do Federalismo,
Processo Constitucional – com o qual foi agraciado com a Medalha Mérito Pontes de
Miranda, concedida pela Academia Brasileira de Letras Jurídicas –, Teoria Geral da
Cidadania, O Princípio de Subsidiariedade e, finalmente, Direito Processual Constitu-
cional – Aspectos Contemporâneos. E uma pletora de artigos em revistas especiali-
zadas e em periódicos.
Paralelamente, progrediu sua carreira no magistério, de professor assistente a
professor adjunto e a professor titular naquela Faculdade. Prestigiado conferencista,
aqui esteve para falar a alunos de Direito, a professores e a advogados, em rara visita
à terra natal. Orientador de inúmeros discentes da pós-graduação, membro de bancas
examinadoras, inclusive em concursos públicos para o magistério superior em Direito,
exerceu o cargo de diretor da Faculdade de Direito da UFMG, em dois mandatos, e
também, posteriormente, o cargo de coordenador de seus cursos de mestrado e de
doutorado. Exerceu ainda o cargo de procurador-geral da UFMG e foi conselheiro da
Ordem dos Advogados do Brasil-Seção de Minas Gerais. Membro de várias institui-
ções acadêmicas e científicas, entre elas a Academia Mineira de Letras Jurídicas, e
nela primeiro secretário.
Em 1975, Baracho lecionou novamente para mim, no Curso de Doutorado em
Direito, na mesma Escola, a disciplina Direito Político. Defrontamo-nos algumas vezes
nas lides forenses, desde então. Até que considerei natural procurá-lo, em agosto de
1999, a fim de convidá-lo para orientador de minha tese de doutoramento, que teve
como tema o controle jurisdicional no processo eleitoral brasileiro. Aceitou, de bom gra-
do, o encargo. Exigente, mais quanto ao conteúdo que quanto à forma, emprestou-me
livros de sua biblioteca, editados no exterior, para maior enriquecimento de meu traba-
lho. Prestou-me valiosa orientação nos meses que se seguiram, até à sessão pública
de defesa e aprovação da tese, em 5 de abril de 2000, com nota máxima da banca
examinadora por ele presidida e integrada por mais seis outros docentes. Gratificante
foi para mim.
Nossos contatos tornaram-se mais estreitos, posteriormente, em muitos con-
gressos, simpósios e bancas examinadoras de que participamos.
Na análise de sua vasta obra, sobreleva a temática dos direitos e garantias
fundamentais, da cidadania, da jurisdição constitucional, da efetividade dos princípios
e normas constitucionais, do processo constitucional.
Em quase todos os domingos eu o via ainda na missa dominical das 10:00 ho-
ras, na Paróquia de São Mateus, no bairro Anchieta, em Belo Horizonte, de cujas ati-
vidades tanto ele como eu, e nossas famílias, participamos há anos. Cumprimentáva-
mo-nos e conversávamo-nos sempre. No ocaso de sua vida, já debilitado fisicamente,
aproximou-se mais do altar, naquele templo, em cujas celebrações, na Semana San-
ta, fazia-se presente. Faleceu, em Belo Horizonte, em 11 de setembro de 2007.
Justificadas, deste modo, as razões de minha preferência por ocupar esta cadeira,
homenagem merecida ao cidadão, professor e jurista José Alfredo de Oliveira Baracho,
que de Teófilo Otoni alcançou projeção no Brasil e no exterior, mercê de sua inteligência,
de seus conhecimentos, de sua dedicação, de seu carisma e de sua bondade.
45
Senhores acadêmicos, senhoras acadêmicas. Meus pares:
Radicado em Belo Horizonte há 42 anos, a mim fostes buscar para o convívio
convosco nesta instituição.
Ao externar-vos meu reconhecimento, meu agradecimento pela nímia defe-
rência do convite para postular minha candidatura e por minha eleição, permiti que
rememore estar aqui o ex-aluno do Jardim da Infância, da irmã Tereza, na Escola
Normal e Ginásio São Francisco, da secretária acadêmica e prima Júlia Haueisen
Freire; do Grupo Escolar Teófilo Otoni, da diretora e prima Hilda Haueisen Freire,
da diretora Zilá Freire Durães, da professora Terezinha Melo Urbano de Carvalho,
embora brevemente, – que também é acadêmica titular –, da professora e irmã,
Maria Stella Pimenta, no terceiro ano do Curso Primário, das professoras Maria da
Glória Figueiredo de Miranda, Niracema Pereira dos Santos e Ceny Figueiredo de
Medeiros. Todas elas muito competentes.
Atendeu ao vosso chamamento o ex-aluno do Colégio Estadual Alfredo Sá,
tanto no velho casarão do antigo Ginásio Mineiro, na Praça Germânica, como no
mais moderno prédio edificado na avenida à beira do rio Todos os Santos. Do Cur-
so Ginasial e do Curso Clássico, este último restaurado em 1967, com mestres e
mestras de escol, entre as quais a professora de História e prima, prefeita municipal
Maria José Haueisen Freire, benemérita desta Academia, cuja presença confere
especial destaque à solenidade, e a cujas mãos, firmes e probas, o povo de Teófilo
Otoni confiou dois mandatos consecutivos na chefia do Poder Executivo. A profes-
sora de Canto, Hilda Ottoni Porto Ramos, Dona Didinha, também acadêmica titular.
O professor de Educação Moral e Cívica, Adherbal de Oliveira Baracho, irmão do
patrono da cadeira que ocupo, ex-vereador à Câmara Municipal. Nesta Academia
reencontro agora a acadêmica titular e colega daquele tempo, Elisa Augusta de An-
drade Farina, cujas generosas palavras de saudação agradeço, sensibilizado.
Premiastes não só o operador do Direito, especialmente no Ministério Público
Federal, e o professor de ensino superior jurídico, que teve sempre em mira a luta
pelo Direito, meio de que este se serve para atingir a paz, fim a que tem em vista,
segundo Ihering. Consciente da proclamação de Isaías, de que a paz é obra da justiça
(IS,32-17).
Fostes mais longe. Reconhecestes o gosto do menino e do jovem pela palavra,
pela escrita e pela arte de escrever, pelo estudo das ciências humanas e sociais, aprecia-
dor da boa música, especialmente da música clássica, da música vocal e lírica – e, neste
campo, à minha irmã, professora Maria Alice Pimenta, devo fundamental estímulo –, na
bucólica Teófilo Otoni dos anos 1950 e 1960. Na busca do conhecimento que quis e quero
sempre aprimorar na idade adulta.
Sem a pretensão de estabelecer comparações, volto ao patrono desta Aca-
demia, para tomar de empréstimo o fecho de seu discurso de posse na Academia
Brasileira de Letras, na solenidade já referida. Concluiu ele: “Conhecendo minhas
limitações, o desejo de acertar é preocupação constante em minha vida.”
Meus cumprimentos, meu apreço à dedicada presidente da Casa, acadêmi-
ca Amenaide Bandeira Rodrigues, ao eficiente Secretário Geral, acadêmico Wilson
Colares da Costa, a todos os acadêmicos e acadêmicas.
Caros parentes, amigos e amigas, cuja presença nesta hora agradeço:
Não posso deixar esta tribuna sem que traga à lembrança, com saudade e
gratidão, meus pais, Camillo de Lellis Pimenta e Eugênia Haueisen Pimenta. Ele
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que prestou honrado serviço público também neste edifício, requisitado como au-
xiliar do Cartório da Justiça Eleitoral, sob a batuta do então juiz de Direito e juiz
Eleitoral Affonso Teixeira Lages, e como jurado, no Tribunal do Júri.
Beijo, com carinho, a Sandra, minha esposa, e a nossos encantadores filhos,
Larissa, Luiz Camillo e Lídice, que constituem o tesouro de nosso lar. O amor tudo
vence! É a divisa desta Academia.
Senhoras e senhores:
Esta a glória que fica, eleva, honra e consola!
Longe de invocar ou ter em mente esta exaltação de autoria de Machado de As-
sis, extraída dos Versos a Corina, contido em seu primeiro livro de poesias, Crisálidas,
publicado em 1864. E que está ao pé da estátua do fundador, à frente da Academia
Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro.
Soli Deo! Neste mundo, glória, somente de e para Deus.
Mas é compreensível admitir que esta honrosa investidura alegra e conforta.
E com redobrado significado, porque acontece no aconchego do plenário em que
se reúnem os representantes do povo, onde exerceram a vereança, em diferentes
épocas, antepassados maternos, meu bisavô, Fernando Schroeder, meu avô Júlio
Alberto Haueisen. O tio Otaviano Haueisen. O parente e médico Manoel Pimenta de
Figueiredo, que presidiu seus pares e, como edil mais votado pelo povo, foi eleito e
empossado prefeito pela Câmara Municipal, para mandato que exerceu com dinamis-
mo e espírito progressista. O médico José Carlos Gomes da Silva, de quem herdei o
nome, presidente do legislativo teófilo-otonense e agente executivo, amigo dileto de
meu avô e padrinho de minha mãe.
Não obstante suas imperfeições, a serem corrigidas em uma reforma política
satisfatória e eficaz, o sistema representativo é ingrediente necessário à construção
do Estado Democrático de Direito.
Oh! Salve terra nordestina.
Do Mucuri joia mimosa.
Deste sertão flor peregrina!
47
Discurso da Srª Lizia Maria Porto Ramos, proferido em 30 de abril de 2011, na
sessão solene de posse como membro titular da cadeira número 3.
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o neto Renato queria conhecer os segredos pesqueiros.
Do meu pai, Lauro Joaquim Ramos, odontólogo e professor, herdei a pai-
xão pelas Ciências da Natureza, pelo filosofar e pelo questionamento em busca
da verdade.
A combinação genética de uma poetisa nata e de um inveterado questionador
fez desabrochar em mim o espírito investigativo sobre as ciências, principalmente
sobre o ensinar ciências da natureza para as crianças.
Hoje, trilhando os caminhos da literatura e da ciência, aqui cheguei, assumin-
do, com grande honra, uma cadeira na Academia de Letras de Teófilo Otoni, assen-
tando lado a lado com a minha mãe, titular emérita desta academia, cujo patrono da
sua cadeira é o meu admirável avô, Dr. Reinaldo Ottoni Porto, com quem tenho ainda
muito que aprender.
Agradeço a todos que me ajudaram nessa caminhada e, de modo especial, aos
membros desta Instituição que me julgaram apta a partilhar com eles este espaço de
destaque em nossa cidade. Assumo aqui o compromisso de tudo fazer para me tornar
digna de tão grande honraria, contribuindo para o engrandecimento do patrimônio
cultural de nossa terra.
49
Discurso proferido pela Srª Elisa Augusta de Andrade Farina, 1° de outubro de
2011, na abertura da sessão solene de recepção e posse de membros honorários,
correspondentes e homenageadas com o Diploma “Você, Mulher!”.
“Mulher,
O teu corpo é uma flor que, entre pétalas, cores e perfumes, guarda no centro
as sementes da vida, os frutos da esperança, a fecundante seiva do futuro, pomares
e jardins da eternidade.”
Maria Aparecida C. Milagres
50
Discurso do Sr. Humberto Luiz Salustiano Costa, proferido em 1° de outubro de
2011, na sessão solene de posse como membro honorário.
À guisa de preâmbulo peço vênia para fazer a apresentação dos meus amigos
e conterrâneos de Caratinga que me distinguem aqui comparecendo, associando-me
à alegria que me invade a alma, fazendo pulsar mais forte o meu coração.
Meu agradecimento, que faço de público, vai para minha esposa, Vanda Lelis
Costa, Doutor Almério Pereira de Matos e esposa, professora Lígia Maria dos Reis Matos;.
jornalista Fabiane Arêdes de Oliveira Casagrande, professora Neyde Rihan, Doutor José
Moisés Nacif Júnior, ex-deputado estadual e líder ruralista e esposa, IIahene Maria Batista;
escritora e artista plástica, Sandra Ramalho de Oliveira; professora Beatriz Gomes Batista
Alves de Souza, diretora da Escola Estadual Princesa Isabel; Doutor Paulo Sérgio da Sil-
veira, Presidente da CDL de Caratinga; jornalista Carlos Alberto Fontainha, editor do jornal
Diário de Caratinga; radialista Graziele Flores, repórter da Rádio Cidade FM; jornalista Sér-
gio Ferreira, da TV Super Canal de Caratinga; cinegrafista Waldeir Simão, professoras Alzira
Maria Ligeiro e Maria José Ligeiro Marques, Annalzira de Assis Ligeiro, funcionária pública
federal; Arlenir Bastos Pereira, funcionário público municipal e esposa, Julita Bastos Biten-
court e os seus filhos Sandra Bitencourt Bastos e Magno Maurício Bitencourt Bastos.
Também em minhas considerações preliminares, não posso nem devo deixar
de dirigir a minha saudação àqueles que hoje recebem as homenagens da Academia
de Letras de Teófilo Otoni, no rol das quais jubilosamente eu me incluo. De modo par-
ticular e especial quero saudar a mulher na pessoa das homenageadas desta noite,
com a expressão maior do meu carinho e do meu respeito, rendendo graças a Deus
por ela existir em nossas vidas. Para ela dedico um dos poemas que mais atingem a
nossa sensibilidade, de filho e esposo.
Você, Mulher!
Eternamente, mas não
tão somente mulher.
Ainda que rainha do lar – soberana
achou no mundo o seu lugar
Mulher pessoa, mulher cidadã
cuja particularidade rima
com eternidade.
Nela, vejo a poética da existência
pois traz a vida na sua essência.
Ousou sonhar
seus direitos reclamar
e feminino e masculino
pôs num mesmo patamar.
E, em tom maior,
Fez-se grande o “ser – menor”.
Tornou-se ágil o sexo frágil.
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Esta solenidade, em todo o seu esplendor, realmente me enche de júbilo e de
entusiasmo em dela sendo um dos partícipes, também com delegação expressa para
representar a Academia Caratinguense de Letras, na qual ocupo a cadeira número 7,
que tem como patrono Teófilo Benedito Otoni.
E com a mais viva emoção que aqui compareço com alegria incontida pelo
memorável momento que nos contagia a todos. E neste clima da mais calorosa das
celebrações quero dizer o quanto sou grato pela bondosa iniciativa com que estou
sendo distinguido para este evento dos mais auspiciosos, para os homenageados e
também para aqueles que dele participam.
Esta é uma noite superlativamente importante, de modo particular e especial
para mim que jamais imaginei merecer tão honroso e dignificante título de membro
honorário da Academia de Letras de Teófilo Otoni, brilhante entidade literária que tem
como patrono oficial aquele que em vida foi um dos expoentes máximos da intelectua-
lidade nacional, mercê de sua vastíssima cultura e da sua inteligência fulgurante neste
país, o imortal Celso Ferreira da Cunha, também patrono da Cultura em nosso municí-
pio, título este instituído pela Lei Municipal n° 5.522, de 27 de dezembro de 2005.
De inteira justiça, ele sempre será um dos orgulhos maiores dos seus conter-
râneos teófilo-otonenses. Na menção do seu respeitabilíssimo nome, faço, com jus-
tificado orgulho e honra, referência a uma das suas luminares sentenças, em alusão
à palavra: “Com a palavra criaram-se e destruíram-se mundos, selaram-se destinos,
elaboraram-se ideologias, proferiram-se maldições e blasfêmias, expressaram-se
ódios, mas também com ela – e só com ela –, em tantos e tão desvairados povos,
falou-se de amor, consolaram-se aflições e elevaram-se preces ao seu Deus. Ela tem
sido, através do tempo, a mensageira do bem e do mal, da alegria e da dor...”
Sempre atento aos grandes vultos que marcaram a sua passagem nas letras,
nas artes e na política, não podemos deixar de admitir que Teófilo Otoni é uma cidade
pródiga em nomes famosos que sempre souberam defender com ardor e entusiasmo
as mais caras tradições da cidade do amor fraterno, a começar pelo imortal fundador
Teófilo Benedito Otoni, indiscutivelmente, o grande tribuno dos tribunos, e que no
dizer eloquente da prefeita Maria José Haueisen Freire, ele foi intrépido e ardoroso
defensor dos direitos individuais. Considerava pilares da política quatro princípios: o
direito à liberdade, à segurança, à propriedade e à resistência à opressão. E foi coe-
rente defendendo estes princípios.
Esta é uma ocasião, para mim, muitíssimo grata, além das mais oportunas,
para dizer do meu acendrado amor a esta cidade que me viu nascer, e a qual jamais
deixei de dedicar profundo respeito, procurando sempre honrá-la e dignificá-la no que
de mais importante ela representa para todos nós.
Participar do seleto grupo de intelectuais desta Academia de Letras, na quali-
dade de detentor de um título honorífico, constitui para mim honra das mais insignes,
sendo eterna a minha gratidão aos acadêmicos por essa que é, sem sombra de dú-
vida, a homenagem que verdadeiramente cala fundo em meu coração. E na pessoa
da nossa presidente Amenaide Bandeira Rodrigues, agradeço, penhoradamente, a
todos os demais acadêmicos que subscreveram a proposta de minha admissão como
membro honorário da entidade maior da cultura e da inteligência de Teófilo Otoni.
E meu melhor reconhecimento devo, também, esta cidade onde pude alicerçar
os princípios básicos da minha formação moral e cívica.
Por muitos motivos, Teófilo Otoni pode ser considerada a maior cidade do
52
país, levando-se em conta o universo de pessoas que têm o ideal do progresso
registrado em sua postura, e que sabem lutar em defesa das justas e nobres
causas humanitárias.
Temos os lavradores que com o suor do rosto molham a terra-mãe para que
nela germine bons frutos. Temos os lixeiros que no dia a dia labutam pela melhoria da
qualidade de vida de todos nós.
Temos as donas de casa e mães de família, com seu zelo constante, com
um sorriso nos lábios, dando o suporte emocional e efetivo aos seus companheiros
e aos seus filhos.
Temos os motoristas, os funcionários públicos, os professores, os estudantes,
os carroceiros, os comerciários, os profissionais liberais, os comerciantes, as lava-
deiras, os empresários, os mecânicos, os religiosos, as empregadas domésticas, os
padeiros, as faxineiras, os porteiros, os pedreiros, enfim, temos nossa gente simples
que na sua grandiosidade busca no trabalho e no estudo cumprir o seu papel como
ser humano e como cidadão brasileiro, mineiro e teófilo-otonense.
Por tudo isso é sempre bom voltar a esta cidade, é sempre bom rever os ami-
gos que aqui deixamos a partir do instante em que tivemos de buscar novos rumos,
numa época de incertezas e incompreensões que marcaram, profundamente, a nossa
vida de filho desta terra altaneira.
Hoje, os tempos são outros, com o prevalecimento de uma nova mentalidade,
tornando esta cidade mais humana e mais feliz, mais fraterna, mais justa e igualitá-
ria, porque feliz, humana, fraterna, justa e igualitária é toda aquela cidade que sabe
valorizar as suas mais caras tradições sem se descuidar das nobres e edificantes
causas que, permanentemente, exigem esforço, participação e a tenacidade de todos,
em nome de uma cidadania plena, sendo esses valores autênticas características da
laboriosa gente teófilo-otonense.
Berço de um povo de extraordinária bravura cívica, esta cidade onde construí-
mos os nossos ideais maiores, experimentando alegrias e tristezas, sempre foi motivo
de orgulho para todos nós que tanto a queremos bem. Nossa paixão por esta cidade
não é uma coisa rara, nem um fato excepcional. Por um mistério qualquer, esteja onde
estiver, o filho desta terra dadivosa não a esquece.
Este prêmio que hoje recebo, pela nímia bondade dos Acadêmicos da ALTO,
de verdade representa muito não só para mim, mas, com a mesma intensidade, para
a minha família, minha esposa e meus filhos, lembrando carinhosamente de Seu Nô e
dona Conceição meus diletos e saudosos pais, que das vias etéreas do infinito onde
se encontram, estão espargindo fluidos altamente positivos, alegrando-se com a ale-
gria de que estamos contagiados.
Este momento será eterno em minha lembrança e a minha gratidão será,
igualmente, perene em meu coração que está exultante e na minha alma que
está em festa.
E é de pé, porém com a alma ajoelhada que me ponho neste instante memo-
rável, possuído do mais vivo contentamento pelo significativo título a mim conferido,
para manifestar a todos que me ajudaram a conquistá-lo, a expressão maior do meu
respeito, da minha amizade e da minha admiração.
Que Deus me ajude a ser digno desta homenagem, nunc et semper, hoje
e sempre.
53
Discurso do Sr. Valdivino Pereira Ferreira, proferido em 1° de outubro de 2011,
na solenidade de posse como membro correspondente.
54
Celso Cunha. A Deus também sou grato pelo ingresso no seio de vosso grêmio.
Sou grato às letras porque elas me deram as maiores alegrias da minha vida,
inclusive um reconhecimento do qual não sou merecedor. Minha gratidão a todos.
Os tempos modernos se caracterizam pelo conhecimento e a aglutinação dos
homens de letras e de ciências em grêmios culturais. A Academia de Letras de Teófilo
Otoni, cuja sigla ALTO lhe cai tão bem, está entre as mais respeitáveis e nobres entre
as suas congêneres, razão pela qual eu sou grato à inspirada poeta norte-rio-gran-
dense, Clevane Pessoa de Araújo Lopes, a minha generosa indicação ao sodalício e
o vosso beneplácito em aceitar-me como um dos vossos.
É bom que se fale de Clevane. É mineira porque seu coração está em Mi-
nas e os frutos do seu ventre foram gerados em Minas. Juiz de Fora foi o pórtico
de entrada em nosso Estado montanhês, onde exerceu com brilho a profissão de
jornalista, naquela que é chamada de “Manchester Mineira”. Psicóloga de rara
sensibilidade e competência, ela vem dando mostras de um amor acendrado ao
povo e às letras mineiras.
Faz parte de várias instituições culturais e de letras, além de ser embaixadora
da paz e recordista em participação em antologias de poesias. Apenas entristeço-me
não tendo a sua luminosa presença nesta augusta ocasião de celebração espiritual a
Deus, à Cultura e às Letras.
Relembro aqui Teófilo Otoni, o “Tribuno do Povo” que com seu lenço branco
e seu liberalismo avançado, por pura razões do destino fez na selva do vale Mucuri
uma cidade das mais distintas de Minas, plantando ali a semente da civilização e do
progresso econômico e social, com grande desforço pessoal e dispêndio de sua bolsa
pessoal. Seu nome é um símbolo que orgulha as velhas serranias do Serro e as nos-
sas “Minas Gerais”, tão altaneiro quanto o pico do Itambé que espia sobranceiro as
nascentes do Rio Jequitinhonha.
Razões outras me fazem aludir a minha posse nessa terra. Aqui veio residir
a velha matriarca, D. Benedita Valentina de Souza Rocha, após enviuvar do major
Antônio Augusto de Souza Rocha, um dos chefes políticos de Piedade de Minas
Novas, hoje a cidade de Turmalina. Veio trazendo cinco filhos, um dos quais o capitão
da Guarda Nacional, Germano Augusto de Souza, que aqui casando nas melhores
famílias da terra, gerou outro Germano Augusto de Souza, “o Maninho”, que entre as
funções nobilitantes que exerceu na vida, está a de ter sido prefeito de Teófilo Otoni,
entre 1951 e 1955. D. Benedita, sua avó, era madrinha de batismo de meu bisavô
José Godinho da Rocha – batizado a 12 de maio de 1881.
Minha hexavó materna, D. Ana Francisca da Conceição Esteves, casada com
o capitão Martinho Nunes Pereira, tronco das melhores famílias de Minas, era irmã
da senhora Maria Rosa do Nascimento Esteves, esposa do poeta José Eloy Otoni,
este tio paterno do inesquecível Teófilo Otoni. Ambas eram tias paternas da ilustre
matrona Rita Esteves de Lima, que tem a gloria de ter entre os seus descendentes o
governador Aécio Neves.
Filhos de Turmalina que foram recebidos com galanteria e amizade pelo povo
dessa terra, foram: tenente-coronel Patrício Alves da Costa1, membro da intendência
de 1890 até 1892; major Fortunato Gonçalves Mendes, ex-vereador na Câmara des-
sa comuna entre 1892 e 1895; coronel Antônio José da Costa Ramos, subdelegado
de Polícia e seu irmão João José da Costa Ramos, agente dos Correios; Francisco
Cordeiro da Luz, ex-secretário da Câmara, no final da década de 1920, era filho do ca-
55
pitão Carlos Cordeiro de Oliveira e de dona Ambrosina de Matos Cordeiro, ele nascido
na fazenda Estaquinha, no córrego do Fanha (divisa de Turmalina com Minas Novas)
e ela de Minas Novas.
A vocês devo a minha vontade de viver mais intensamente a vida intelectual. E
a Deus devo a vida que tento viver com dignidade e verdade, componentes do amor
ágape, cristalino, sem jaça, oriundo de Deus. Com Deus, que é o princípio, termino
estes agradecimentos porque ele é o sabor do meu espírito, o apetite da minha alma
e o deleite da minha existência.
Muito obrigado a todos.
Paz e bem.
1
O coronel Patrício Alves da Costa (1834 - 1909?), era irmão germano de minha tetravó ma-
terna, dona Maria da Costa Lima (*1839 - 1899), ambos filhos do coronel Joaquim da Costa
Lima (*1796- 1872) e de sua esposa dona Tereza de Jesus Gomes de Lima (*1812 - 1859),
esta filha do capitão Martinho Nunes Pereira e de sua esposa Dona Ana Francisca da Conceição
Esteves, irmã de dona Maria Rosa do Nascimento Esteves Ottoni, que era esposa do literato
José Eloy Ottoni. O coronel Patrício Alves da Costa casou-se em 10 de maio de 1855 com dona
Maria Altina de Souza e Silva (1840 - ?) filha da matriarca Altina Maria de Castro (conforme
livro 3º de casamentos da Paróquia de Nossa Senhora da Piedade de Minas Novas, folha 31).
56
Discurso da Srª Hilda Haueisen Freire, proferido em 1° de outubro de 2011, na
sessão solene em homenagem a diversas personalidades femininas com a
outorga do diploma “Você, Mulher!”.
Depois de ouvir um discurso tão profundo, conto a meu favor o que aprendi
com minha professora de Filosofia, D. Maria Luiza Almeida Cunha: Simplicidade e
franqueza em relação à vida.
Vocês, Amenaide, Prof Wilson e demais membros da Academia de Letras de
Teófilo Otoni, fizeram muito bem em conferir-me este Diploma “Você Mulher”. Peço-
lhes licença para estender esta homenagem à minha mãe, Dolores Haueisen Freire,
que junto a meu pai, José Caldeira Freire, souberam educar os oitos filhos. Minha
homenagem ainda à minha Tia Fanny Hausein, que foi uma 2ª mãe para tantos sobri-
nhos. Passo agora a citar outras mulheres que tiveram influência em minha vida de
estudante.
Irmã Lambertina, que me ensinou leitura e demais áreas da Linguagem.
D. Maria Luiza Almeida Cunha, professora de Filosofia, mais que teoria, ensinava pelo
exemplo de “Mulher Forte”; D. Lucia Monteiro Casasanta, pioneira no Brasil no ensino
globalizado de Linguagem, especialmente a gramática funcional. D. Helena Antipoff,
que nunca teve tempo de escrever um livro sequer apesar de sua grande bagagem de
conhecimento de Psicologia e afins. Não lhe sobrava tempo: absorvida em pesquisas
estudos de casos particulares e em grupo de criança e adolescentes excepcionais,
conferências, palestras nos grandes centros e em zonas rurais de Minas Gerais. A
criação das APAEs no Brasil deve-se a D. Helena.
Cito mais duas mulheres nossas conterrâneas. Vanda Knupfer de Paiva, exí-
mia em didática de matemática; Isaura Caminhas Fasciani, eu a conheci quando
criança e, para surpresa minha, ao cursar a 1º série primária do Colégio São Francis-
co, ela fazia o curso de Aplicação e frequentemente vinha à nossa classe dar “aula
prática”. Não parou por aí. Tive a felicidade, ao voltar de Belo Horizonte, encontrei-a
como professora do Grupo Escolar “Teófilo Otoni” do qual fui diretora. Isaura ajudou-
me demais: puxava minhas “orelhas às escondidas” quando me dizia: “Hilda, não se
conserta o erro de uma vez, vá devagar!”.
Para encerrar, quero agradecer-lhes esta homenagem; o Diploma será
guardado com todo carinho. Digo-lhes mais: Tenho muito orgulho de ser irmã de
Maria José.
57
Discurso da Srª Maria Norma Lopes de Macedo, proferido em 17 de dezembro de
2011, na sessão solene de posse como membro correspondente.
58
Discurso da Srª Janeuce Maciel Cordeiro, proferido em 17 de dezembro de 2011,
na sessão solene de posse como membro correspondente.
59
Em seguida a isso, olhei-me outra vez. Olhei-me a fundo, no espelho da alma.
E pensei que se pertencesse à flora, seria da família dos tubérculos, crescendo aden-
tro, até não caber mais. Então vi os filhos que a vida me confiou, frutos do mel que
fabriquei das próprias entranhas. São quatro: Sofia, Emílio, Vinícius e Bei. Para eles,
tenho dom de estrela guia. Talvez essa seja a minha “generosíssima tarefa”, pois que
de tanta poesia embutida, entrei em estado de graça. Assim, conheci a graça de ser
mãe, pela primeira vez, aos 18 anos. Desde então, sigo com eles. E eles me ajudam
a dar visibilidade a alguns caminhos diversos. De mim para meus filhos não há guia.
Trocamos estradas. Por vezes sou a mãe por vezes sou a filha, e vamos nos dividin-
do, como gente que conta sem se dar conta.
Enfim, sou esse tanto e esse nada tanto. Amarrotada, passada, feito o milagre
das cobras deixando atrás de si o que não mais as renova, a fim de exercer a traves-
sia. Quem sabe seja esse o motivo de eu ter tanto medo delas. Quem sabe por me
assustar a própria capacidade de vestir uma pele nova.
Enfim, foi de olhos mansos e coração puro que recebi a proposta de aden-
trar a ALTO – Academia de Letras de Teófilo Otoni. Se alguém quis ouvir de mim
formalidades, acabou cheio de trivialidades rotineiras, nada novo, sendo o único
diferente um jeito bem meu, próprio de narrar e descrever, esse o meu estilo. Será
por isso estou aqui? Deve ser esse jeito atravessado de contar a mesma coisa.
Um jeito que alivia aquilo que é de todo dia. Não, todo dia me engole a essência.
Gosto de portas escancaradas para a vida entrar. Tenho de bandear, inventar todo
dia para viver cada dia. É assim que sigo. Como diz meu amigo amado: “rumando”.
Assim é que sou. Sem limpar gavetas, ao contrário, viro as roupas pelo avesso
para elas me caberem melhor.
Agora vocês me trouxeram para corresponder nesta Academia de Letras. Mas
antes preciso contar que meu estilo literário é transgressor. Tenho o vício de esca-
rafunchar palavras, dissecando-as, cedo ainda, na lida da terra. Então saibam: eu
vim lá do Fanha, da roça, nascida numa família de 16 irmãos. Meu pai, agricultor,
trabalhou na enxada e nos criou assim, diversos casos de bem. As mãos de mamãe
eram fábrica de derivados do leite. Além disso, ela transformava migalhas em campos
de fartura. Eu posso chorar um rio só de pensar em contar para vocês os assuntos
de minha família. Tantas alegrias e compensações de todas as vertentes. Eu viro o
mar de águas doces quando conto de meus filhos. Eles são 4, minha linha no tempo,
o novo que me põe a caminho, fonte perene de poesia. Sou capaz de inventar uma
chuva se contar minhas experiências de vida: como caio! Que vergonha. Como me
levanto! Sem vergonha.
Pois é, sou esse tanto de nada tanto. Uma mulher de várias facetas, abrigando
o infinito na alma, bem alimentada na sede de transcendência. A ALTO – Academia
de Letras de Teófilo Otoni – acaba de entrar em mim. Em contrapartida, sinto que
estou saindo dela para além. Enlargueci. É um sonho que não sonhei sabendo, mas
aconteceu.
Agradeço, de coração puro e sereno: ‘
Ao Cristo, doce Senhor de minha vida, facho de Luz misteriosa ao alcance dos
meus sentimentos;
Ao meu amigo Valdivino, ilustríssimo conhecedor da angústia e do êxtase de
atuar como síndico no condomínio das palavras;
A D. Norma e D. Neick, minhas conterrâneas aqui presentes, que tanto valor
60
deram à minha formação para que, como elas, eu estivesse aqui, trazendo e elevando
Turmalina;
Ao ilustre professor, Wilson Colares, Secretário-Geral desta Academia de
Letras;
À prefeita de Teófilo Otoni, Srª Maria José Haueisen Freire, aqui representada,
companheira na arte flexível de acreditar que um novo mundo é possível, que “a terra
é boa” e em assim plantando, “tudo dá”;
À presidente da Academia de Letras de Teófilo Otoni – Srª Amenaide Bandeira
Rodrigues, em nome de quem cumprimento os demais componentes da mesa, pela
ousadia de acreditar que as palavras movem corações e que corações movidos pelas
palavras transformam o mundo;
Enfim, cumprimento todos vocês aqui presentes, sem formalidades, pois se me
convidaram, já estou em família. Dessa forma, apresento-lhes, meu irmão Homero,
Lico para nós, que saiu lá da roça para me acompanhar e prestigiar, e meu filho Viní-
cius que, de pé, me representa, de valores e de amores.
Muito agradecida, na voz do tesouro mais fundo que abrigo em meu coração!
61
Discurso do Sr. José Salvador Pereira Araújo, proferido em 15 de dezembro de
2012, na sessão solene de posse como membro titular da cadeira número 28.
Berço de poetas
A massa teófilo-otonense
Bravo povo opulento
Tem no peito um mandamento
Pugnar por teu cabedal
Tua história me pertence
Filadélfia do passado
Feliz teu nome é louvado
No cenário mundial
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o aprendiz e o professor. Provavelmente, diante de mim, compondo essa legião de
amigos que eu tenho aqui, estão alguns dos meus primeiros alunos, vários dos meus
primeiros colegas de trabalho e, enfim, tantos dos meus primeiros leitores.
Depois de muitas linhas lidas e escritas, o escritor é chamado a fazer parte
de um grupo de artistas das letras; mal sabe o literato que, junto ao prestígio de
acadêmico, chega a certeza de que está ficando velho. Mas, se isso é verdade, eu
quero proclamar ao mundo que é maravilhoso envelhecer ao som das palavras!
Tornando-me um dos membros desta agremiação de insignes, estou ciente de
que, assim, escrevo para sempre o meu nome na história deste povo, o que repre-
senta um passo para a eternidade.
Quanto ao patrono escolhido, sinto-me duplamente honrado: com o Dr. Noé
Rodrigues, eu conheci as páginas da revista Confronto, fonte de informações sobre a
história da cidade para minhas crônicas e romances; com a saudosa Dona Neusa, es-
posa do Dr. Noé e uma de minhas primeiras professoras, no Colégio Estadual Alfredo
Sá, eu aprendi muito da beleza desta nossa língua portuguesa. Dona Neusa até me
doava livros didáticos quando eu não os podia comprar. Rogo aos céus que os dois
estejam bem confortáveis no santo abrigo de Deus!
Enfim, a meus parentes, minha cunhada Janete e minhas sobrinhas Jane Chris-
tian, Jackeline e Christine. aos acadêmicos e amigos aqui presentes, eu quero dizer:
a obra mais nobre de um escritor não é nenhuma das que ele escreveu, é sua própria
vida; pois é com ela que ele pode demonstrar, na prática, o que é ser honesto, o que
significa respeitar o semelhante, o que é amar o mundo e suas criaturas! Porque viver é
colorir a arte com o matiz da realidade.
Muito obrigado a todos!
63
Discurso da Srª Sandra Ramalho de Oliveira, proferido em 15 de dezembro de
2012, na sessão solene de posse como membro correspondente.
Estar presente aqui hoje, e ser convidada para participar dessa academia, é
uma honra e tem um significado profundo para mim. Além de contar com a carinhosa
presença dos meus familiares e amigos caratinguenses, aos quais serei eternamente
grata pela acolhida que recebi naquela grandiosa cidade. Obrigada!
Há anos que procuro, com persistência, refletir e analisar cada fato que acon-
tece, isso orientada por um pensamento: “A sabedoria não se acha em livros e sim na
arte da observação de cada detalhe da vida.”
Deus me concedeu a graça de descobrir caminhos, muitas vezes interrompi-
dos por fatos trágicos e retomá-los pela força da esperança e do otimismo. Recons-
truir minha vida e perseverar na busca do propósito para que fui criada, foi sempre
meu objetivo principal.
Nada acontece por acaso.
Hoje, especialmente, é um dia extraordinário, uma vez que essa terra maravi-
lhosa me acolhe como membro da Academia de Letras.
A minha história iniciou aqui. Terra abençoada, cujos ensinamentos contribuí-
ram muito para minha formação: moral, emocional, espiritual e intelectual.
É prazeroso relembrar cada detalhe de minha vida: a adorada casa paterna,
meus irmãos queridos, parentes e amigos, colegas e professores, a cidade aconche-
gante e hospitaleira, e isso eu faço com frequência e muita saudade.
Não poderia, nesta oportunidade, deixar de agradecer a homenagem feita
ao meu pai, pela Cooperativa de Laticínios de Teófilo Otoni ao completar 35 anos
de existência.
Para inteirar minha alegria, aqui também nasceu meu primeiro filho e moram
dois irmãos e família que muito amo.
É gostoso recordar a infância tranquila e feliz, cujas festas tradicionais eram
intensamente comemoradas, como a Páscoa, a noite de Natal, a Festa da Colheita
na Igreja Luterana, a fogueira de São João na Vila Barreiro, além das outras datas do
Colégio São Francisco, local onde me formei no Curso Normal.
Sem dúvida, esse curso era administrado com competência e as disciplinas
específicas nos habilitavam para a preparação real da criança rumo ao curso ginasial.
Lamentei profundamente quando esse curso foi extinto, como também a aprovação
de alunos sem uma avaliação eficaz. Professores competentes e responsáveis de-
ram-nos a oportunidade de crescer, preparando nosso futuro rumo ao sucesso.
Tenho a felicidade de encontrar-me com algumas, para agradecê-las e dizer a
elas como foram importantes para nós: D. Mercês, D. Didinha, D. Maria José e Irmã
Aloísia, entre outras.
A formação de nossa mente é de um valor incalculável, pois é ela a lanterna
que ilumina nosso caminho. Mais do que nunca posso constatar isso e ter a oportuni-
dade de agradecê-las de coração pela contribuição efetiva em minha trajetória.
Recordações perfilam minha mente e me trazem uma felicidade profunda,
acompanhada da gratidão por ter nascido nessa terra abençoada. Carrego no peito a
saudade da minha rua querida e posso lhes afirmar que me lembro de cada detalhe,
pois ali foi o meu paraíso particular.
64
As amigas: Edna, Mila, Mércia, Dilene, Zazá, Nazaré, Vânia, fizeram parte de
minha história e alegraram meus inesquecíveis dias. Num ambiente gostoso, promo-
víamos festinhas no quartão da minha casa, onde o Fazinho tocava acordeom nos
domingos à tarde.
Os ensinamentos do Colégio São Francisco nortearam minha vida e des-
pertou em mim o amor pela leitura, cuja prática até hoje me seduz. Sou uma eter-
na apaixonada pelo conhecimento o que me obriga a estar sempre procurando
alguma coisa diferente.
Um grande escritor me chamou atenção para essa prática. Lacodaire diz:
“Três elementos reunidos fazem um homem feliz; as bênçãos de Deus, a boa leitura
e um bom amigo.”
Mas ao mesmo tempo advertia: a leitura má como Werther de Goethe arrastou
ao suicídio dezenas de jovens. A Nova Heloísa, de Rosseau, levou uma moça a es-
tourar os miolos na Praça em Genebra, Os Sete Enforcados, de Leonidas Andreiev,
foi causa de suicídio de vários estudantes em Moscou.
Devemos, portanto, ter cuidado com leitura de livros, pois alguns têm mensa-
gens patológicas. Mas a vida é dinâmica e nós podemos ampliar nossos ensinamen-
tos, escolher nossa trajetória e traçar nosso destino.
As nossas crenças se traduzem nas nossas realidades e o nosso poder é incal-
culável, assim também como a nossa responsabilidade perante o mundo.
Acredito que, baseado nesse pensamento altruísta, a Academia de Letras de
Teófilo Otoni procura incentivar a cultura. Um leque de promoções enriquece a Acade-
mia e a torna conhecida em todo o Estado de Minas Gerais.
Gentilmente convidaram-me a participar por três vezes da revista literária:
Café-com-Letras.
No ano de 2008 lancei o meu primeiro livro, A Mágica do Amor, que reúne
crônicas da vida real.
Em breve lançarei o segundo: Sonhos de Primavera, que tem um artigo
sobre Teófilo Otoni.
É uma honra ser convidada para participar desse seleto grupo que enaltece
nossa cidade, nesta noite majestosa em que a revista Café-com-Letras comemora os
10 anos da Academia de Letras.
Parabenizo pelos trabalhos literários como a entrega de prêmios ao Jovem
Escritor, atitude que certamente vem incentivar o amor pela leitura, e a Medalha de
Mérito Cultural D. Didinha.
O patrono oficial, Professor Celso Ferreira da Cunha, que merecidamente re-
cebeu este título, com certeza se rejubila com esta grandiosa festa.
À atual presidente da ALTO, professora Elisa Augusta de Andrade Farina, meus
votos de felicitação pelo auspicioso cargo que, indubitavelmente, por merecimento,
lhe foi outorgado. Aos demais representantes da Academia meu abraço fraterno.
Quero lhes agradecer de coração e dizer-lhes que mais uma vez o povo desta
grandiosa cidade demonstra um carinho especial com seus filhos, permitindo-os in-
gressar nesse rico patrimônio cultural que é a Academia de Letras de Teófilo Otoni.
Obrigada!
65
Discurso do Sr. Leandro Bertold da Silva, proferido em 15 de dezembro de 2012,
na sessão solene de posse como membro correspondente.
66
Lia-os de cima de um pé de ameixa da casa de minha avó, e lá passava a maior parte
do meu tempo sempre na companhia de outros livros que, com o passar dos anos,
foram ficando mais “robustos”. A partir de José Lins do Rego e seu “Menino de En-
genho” fui descobrindo Graciliano Ramos, Machado de Assis, Carlos Drummond de
Andrade, João Cabral de Melo Neto, Clarice Lispector, Dostoiévski, Fernando Pessoa,
Henriqueta Lisboa, Fernando Sabino, Murilo Rubião... A lista é imensa. E ainda hoje
continuo descobrindo escritores, muitos se tornando amigos, outros pelas páginas de
seus livros. Porém, já naquela época, sabia o que queria ser. Não tinha uma formu-
lação clara, mas sabia que queria fazer parte do mundo das histórias, dos poemas,
dos romances e das crônicas, pois aquilo tudo me encantava, me tirava o chão, me
fazia voar. Hoje sou formado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais e sou um homem das palavras.
Neste momento em que passo a integrar esta Instituição como um de seus
membros correspondentes, explode em mim a vontade de transformar meus escri-
tos, artigos, contos e publicações em algo mais substancial, pois, afinal, encontro-me
na presença de ilustres acadêmicos e personalidades, em sua grande maioria, com
obras já consolidadas e devidamente reconhecidas como parte da história literária e
cultural de Teófilo Otoni. De tudo uma certeza: venho para somar. Mas certamente
ganho o presente da aprendizagem e bênção de fazer parte deste seleto mundo dos
escritores que tem, nesta Casa, grandes representantes. Este é o sonho realizado e
a oportunidade que me é dada, a qual devo honrar como um de seus filhos. É bem
verdade que as oportunidades não acontecem por acaso ou de uma hora para outra.
Tenho consciência que elas foram sendo construídas ao longo de muitos anos à base
de muito esforço e trabalho. Essa condição, inclusive, nunca acaba; continua sendo
necessário o empenho diário. E é bom que seja assim. É o lado positivo da insatisfa-
ção, do querer ir além, do não acomodar, do querer aprender por saber que, assim,
podemos nos doar mais, com mais qualidade.
Muitas coisas ainda eu poderia dizer, muitas pessoas eu poderia citar, mas
como se trata de um espaço predominantemente literário, deixarei que as palavras
falem por mim de agora em diante.
Escrever... Dizer o que está por dentro, juntando sentimentos em palavras
alucinadas, loucas, desvairadas que, quando encontradas, se acalmam. Será?
Não sei... O que sei é que assim, minha vida, como a de um livro, vai se escre-
vendo – páginas ao vento, palavras ao ar.
Obrigado a todos de coração e está dito o necessário.
Muito obrigado.
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Discurso do Sr. Humberto Luiz Salustiano Costa, proferido em 15 de dezembro
de 2012, na sessão solene de concessão do Prêmio Academia de Letras: Troféu
Isaura Caminhas Fasciani.
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Senhora da Penha, com atuação das mais destacadas no atendimento médico hos-
pitalar. Ali sempre se fez sentir a presença benfazeja da dona Isaura, sempre solícita
e prestativa em apoio à meritória missão do seu irmão, que foi nesta cidade, sem
favor algum, uma das expressões maiores da medicina do seu tempo.
Na menção que com inteira justiça faço à dona Isaura Caminhas Fasciani,
dizendo-me sumamente feliz e honrado por possuir uma comenda que leva o seu
nome, de todos respeitado e admirado, não posso e nem devo negar-lhe o enalteci-
mento que lhe é devido.
Casada com o senhor João Gentilini Fasciani, dessa feliz união nasceram os
filhos Thales, Hober, Antônio, Neila, Marcos, Túlio, Lauro, Rosane, Vilma e Jória, que
se tornaram fiéis seguidores das sábias lições dos seus pais e como continuadores
da sua obra que se faz sempre presente na lembrança e na gratidão dos corações
que não se cansam de pulsar em sua homenagem, a exemplo do que fazemos neste
momento memorável.
Por isso mesmo esta comenda que hoje recebo tem um significado muito gran-
de na minha vida e que por isso mesmo a recolho para fazer parte do sentimento
maior de um coração agradecido. Nesse sentido reporto-me a uma eloquente citação
da patronesse do título que estou tendo a insigne honra de receber, neste ensejo dos
mais significativos: “Um dia o bom senso nos faz ver que as vitórias fáceis são efê-
meras enquanto as conquistas difíceis – os frutos em plena maturidade – têm melhor
sabor, durando muito mais... vale a pena esperar.”
Esta é uma conquista que jamais imaginei pudesse alcançá-la. Ela, no entanto,
se dá muito mais pela benevolência dos doadores que propriamente pelo meu mereci-
mento. Mas prometo que tudo farei no sentido de honrá-la e dignificá-la.
É superlativamente gratificante a constatação de que o meu exercício de me-
mória, buscando resgatar um pouco do passado da nossa querida cidade do amor
fraterno, tenha me possibilitado tamanha honraria, uma das maiores conferidas pela
Academia de Letras.
Através do jornal da Associação dos Filhos e Amigos de Teófilo Otoni (AFATO),
tenho procurado retratar fatos e acontecimentos que marcaram de modo indelével os
meus 30 anos aqui vividos. São lembranças de infância e de juventude que, através
dos tempos, tenho mantido bem vivas em minha memória. A narração sucinta desses
fatos e acontecimentos vem constituindo para mim a mais salutar das terapias. E fico
muitíssimo agradecido em saber que estou podendo contar com o reconhecimento
dos meus diletos leitores, dos quais tenho tido sempre uma palavra de incentivo para
prosseguir nessa linha editorial que me é sumamente grata. Tanto é assim que já fiz
encaminhar ao editor do jornal Afato, meu dileto amigo Arnaldo Gomes Pinto Júnior,
material para as próximas 12 edições daquela publicação mensal, que há 16 anos
tem cumprido com altivez o seu desiderato de verdadeiro porta-voz dos filhos e dos
amigos de Teófilo Otoni.
Já se aproxima o término de mais um ano. Virou lugar comum dizer que as
esperanças são renovadas com a chegada de um novo ano. Pelo menos desde que o
mundo é mundo, tem sido assim. Neste particular é a imagem ilusória que reflete mais
intensamente na nossa mente, fazendo-nos indiferentes a tudo aquilo que vai ficando
para trás como se não devêssemos cultuar a lembrança daquilo que aos poucos vai
virando pretérito.
Se atentarmos bem para o fato da mudança do ano, veremos, sem muito esfor-
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ço mental, tão claro quanto a mais cristalina das águas que se bebe, que o tempo não
muda. A mutação ocorre exatamente em relação a nós mesmos, pela própria natureza
da espécie humana, que nasce, cresce e se apaga. Enquanto vida tivermos, cumpre-
nos, por desígnios de um Ser Superior, vivê-la intensamente, chorando com os que
choram, alegrando-nos com os que se alegram.
E neste clima de festa e confraternização nos permitimos saudar a todos,
augurando-lhes bom Natal e venturoso Ano-Novo.
Com esses augúrios rendemos mais uma vez o nosso preito de profunda gra-
tidão pela lembrança da Academia de Letras de Teófilo Otoni, da qual muito me honro
em fazer parte dos seus quadros como membro honorário, concedendo-me agora
esta alta distinção da comenda Isaura Caminhas Fasciani, nome que por si só de-
monstra o grau da importância da honraria. Que Deus me ajude a ser sempre digno
desta homenagem ao ponto de poder sempre valorizá-la em tudo aquilo de que de
mais altruístico ela encerra.
Caríssimos acadêmicos, meus diletos conterrâneos e conterrâneas, de
Caratinga e de Teófilo Otoni, agradeço-lhes, enfaticamente pela prestigiosa presença
e pela generosidade desta homenagem, porque este momento, vivido em meio a tan-
tas emoções, encontra-se escrito por Deus desde a Eternidade. Por derradeiro rogo
àquele ser Supremo, que em sua infinita graça e misericórdia, os abençoe a todos rica
e copiosamente, por este gesto tão nobre e engrandecedor.
Muitíssimo obrigado!
70
Discurso da Srª Hilda Ottoni Porto Ramos – Dª Didinha, proferido em 15 de
dezembro de 2012, ao receber o Prêmio Academia de Letras: Troféu Isaura
Caminhas Fasciani, na modalidade Escritora do Ano.
Neste momento, um dos mais importantes na minha vida, aos 95 anos, minha
sensibilidade perde os limites. Permitam-me levantar os olhos, juntar as mãos para
louvar e bendizer “Aquele” que fez brotar água no deserto, vestiu os lírios do campo
e fez brotar a mais pura água cristalina das pedras. Sinto pairar no ar sussurros do
passado! Quero reverenciar a memória de quantos que por aqui passaram, nos acon-
tecimentos deixou história.
Diz Rubem Alves: “A história é a criatura do tempo, da eternidade: revela ver-
dades!” Jesus Cristo nas Escrituras Sagradas foi o maior contador de histórias da
humanidade. Embora contadas no passado, estão vivas e nos emocionam. Tudo
depende do coração (nosso tesouro) como disse Jesus: “O homem bom tira do seu
tesouro, enquanto vive coisas boas e bonitas.”
Milan Kundera comparou a vida a uma partitura musical, que pode ser feita
com as 12 notas da escola cromática, dependendo do artista.
Enquanto faço música, escrevo, ou pinto, agradeço a Deus o que me deu
através de meus pais!
À direção da Academia de Letras, de minha terra, agradeço a generosidade
dessa premiação. Sinto-me tocada no mais profundo desse velho coração!
Aos acadêmicos, meus colegas, dedico mais algumas palavras:
Os que escrevem encontram na vida um ritmo diferente se ser feliz!
Não havia beleza antes da poesia!
Rubem Alves escreveu sobre o Evangelho de João:
“No princípio, antes que qualquer coisa existisse.
Antes que houvesse o Universo,
O que havia era a Poesia
Deus era a poesia.
A poesia era Deus!
Deus e Poesia eram a mesma coisa!
E Deus criou as Estrelas para com elas
escrever seus Poemas nos Céus!”
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Discurso do Sr. Gilberto Ottoni Porto, proferido em 15 de dezembro de 2012, na
sessão solene comemorativa do Jubileu de Estanho: 10 anos de fundação da
Academia de Letras.
Saudações!
É com muita honra e humildade que recebo este Diploma e Placa de Reconhecimen-
to, na comemoração dos 10 anos de fundação da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
Recebo esta homenagem consciente de que não fiz mais que o dever de um cidadão
que valoriza a cultura e a história da terra onde nasceu.
Sem cultura e sem história não temos identidade e sem ela a vida perde todo o sabor.
O Vale do Mucuri faz cultura, desde as tribos dos Botocudos que aqui lutavam para sobreviver,
antes da chegada do homem branco.
A vida humana é impossível sem cultura, mas é importante que a mesma seja sempre
uma cultura de participação e libertação. Uma cultura que valorize a pessoa humana, sem
preconceitos de qualquer espécie, sejam econômicos, sociais, políticos, raciais ou religiosos.
A nossa cidade nasceu da confraternização das quatro raças formadoras da humani-
dade: parda (nativa), negra (africana), branca (europeia) e amarela (asiática). Deste grande
canteiro, brotou miscigenado um povo lutador, que não tem medo de encarar o futuro, com a
força de seu braço e a fé no porvir.
A Academia de Letras de Teófilo Otoni e o Instituto Histórico e Geográfico do Mucuri
dão exemplo de trabalho e união em prol da valorização da nossa cultura e da nossa história.
Estas duas entidades culturais, que trabalham irmanadas no mesmo ideal de servir a cidade
e a região, dão exemplo de uma cultura que não se fecha em si mesma e, longe de se elitizar,
interage com o povo, construindo um intercâmbio que enriquece os dois lados. Os intelectuais
da nossa Academia e do nosso Instituto se alimentam da cultura do nosso povo e, ao mesmo
tempo, são catalisadores de um processo que dinamiza valores e incentiva as pessoas a cada
vez mais produzirem cultura e saber.
Hoje, efetivamos mais um passo desta parceria, entregando ao professor Wilson Co-
lares, membro efetivo das duas entidades, as cópias digitais da coleção completa do jornal O
Norte de Minas, que circulou em Teófilo Otoni de 1929 a 1956.
O Dr. Hércules Antônio Míglio do Rosário, filho de Paulo Vasconcelos do Rosário,
diretor proprietário do O Norte de Minas, franqueou-me a coleção encadernada do jornal
para que eu digitalizasse a mesma na Copiadora Exata do nosso conterrâneo Roberto
Lorentz em Belo Horizonte.
Foi um trabalho gratificante, pois, a partir dessas cópias, poderemos resgatar
verdadeiras obras literárias de várias personagens que residiram em Teófilo Otoni,
quando circulou o jornal, as quais escreverem crônicas, artigos e poesias que inte-
gram nosso patrimônio cultural.
A partir deste acervo será possível aos interessados, estudantes, universitários, aca-
dêmicos ou não, realizar trabalhos de história e literatura, utilizando fonte primária confiável
para seus estudos.
Que Deus continue a abençoar estes abnegados voluntários destas duas ins-
tituições, neste maravilhoso trabalho de construção de uma sociedade cada vez mais
consciente e capaz de dar sustentação a uma vida de qualidade para todos, preservan-
do a natureza e o planeta.
72
Discurso da Srª Maria da Glória Oliveira Brandão Marques, proferido em 15 de
dezembro de 2012, na sessão solene de posse como membro correspondente.
Toda honra e toda glória para Deus, o Mestre dos Mestres! O maior Pro-
fessor de toda a humanidade! O maior Escritor! O maior Poeta! O Maior dos
Médicos! O Criador Universal! O Nosso Pai Eterno e Celestial. Deus seja louvado
por um todo e sempre!
Foi com grande emoção que recebi o convite para ser membro corresponden-
te desta conceituada Academia de Letras de Teófilo Otoni. É uma honra fazer parte
desta linhagem de cultura, e é com o meu coração jubiloso, com os meus olhos der-
ramando alegria e com minhas mãos perfumadas em suaves essências primaveris,
imagináveis que profiro esse discurso.
Expresso minha gratidão à pessoa ou às pessoas que me indicaram para
esta incumbência.
Baiana de Ituberá/Bahia, nascida no então distrito de Piraí do Norte, mas que
há muito se emancipou, tornando-se agora cidade. Trago nas páginas do livro da
minha vida e nos arquivos da minha memória, lembranças ditosas da minha infância.
Ainda menina, usando trança, encantei-me pelo balé poético das borboletas
multicores, e pela luz fantástica dos pirilampos da minha terra, precisamente, meu
Piraí do Norte. Não há lembrança mais adorável, mais rica, mais doce que a lembran-
ça de mamãe. Nem mamãe nem papai frequentarem uma escola, mas a sabedoria
da minha saudosa mãe é responsável pelo que sou hoje. Ela soube incutir em mim
grandes valores. Respeito, direitos, deveres, amor aos animais, aos livros... Mamãe
aprendeu a ler com recortes de jornais que vinham das feiras livres embrulhando man-
timentos. Minha melhor e mais competente professora foi a minha mãe, dona Zezé.
Com ela aprendi a respeitar, louvar e amor o Pai Eterno.
Nessa noite sinto a falta da presença da minha amada filha Raysa Brandão
Marques e do meu esposo, Raimundo Marques dos Santos, ambos, por motivos do
trabalho não puderam me acompanhar para essa memorável noite.
A poesia, as crônicas, os contos, os provérbios e máximas fazem parte da
minha vida. Ainda menina, sem ter conhecimento de clássicos escritores, já escrevia
meus infantes versos que mamãe guardava com zelo e carinho. Com o passar dos
anos, com meus estudos, tornei-me leitora e admiradora de grandes vultos da literatu-
ra, como Fernando Pessoa, Cecília Meireles, Castro Alves, Olavo Bilac, Manoel Ban-
deira, Florbela Espanca, Machado de Assis, Clarice Lispector, Kahlil Gibran, Mercê
Rodoreda, Jorge Amado, filho da minha terra, e muitos outros que no momento não
possível fazer extensiva citação.
A poesia é como sangue na minha veia. As palavras são como o ar que res-
piro. Sou membro efetivo da Academia Grapiuna de Letra. Sou compromissada em
aumentar o número de leitores em nosso país. Busco leitores. Declamo poemas, leio
conselhos do meu livro “Felicidade” e presenteio livros aos menos favorecidos e de-
sencantados com a vida. Escrever é presente de Deus na minha vida e escrever livros
é o meu compromisso com o universo e minha parcela de colaboração com a cultura
brasileira. Faço recitais em muitos eventos e em datas comemorativas, faço palestras
em escolas, igrejas... Sou solidária aos menores de rua e consterna muito presenciar
a sociedade como mãe madrasta desses inocentes, infantes e futuros marginais, já
73
que vivem inseridos na marginalidade. Como diz o imortal poeta da minha Itabuna,
Firmino Rocha, no poema que encontra-se gravado em placa de bronze na sede da
ONU. Deram um fuzil ao Menino:
Ser membro dessa Academia de Letras muito me honra e é para mim o com-
promisso reafirmado em colaborar, divulgar e buscar dia a dia a evolução e o respeito
entre os humanos. A literatura e toda mostra de ciências e artes só enaltece os poe-
tas, escritores, leitores e apreciadores. Esse momento e mais essa oportunidade que
recebo me são inesquecíveis, um eterno e lindo presente de Natal, mesmo porque o
Natal está muito próximo.
Agradeço com profunda emoção a homenagem e a calorosa acolhida que re-
cebo de todos os confrades, confreiras e demais presentes, tornando-me membro
correspondente dessa Academia de Letras de Teófilo Otoni.
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Discurso da Srª Elisa Augusta de Andrade Farina, proferido em 27 de abril de
2013, na abertura da sessão solene de outorga da Medalha de Mérito Cultural
Dª Didinha e posse de membros correspondentes.
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Ao final desta sessão, a presidente Amenaide Bandeira Rodrigues reassumirá
formalmente o cargo de presidente, da qual estava licenciada para tratar de interesses
particulares. Sinta-se acolhida e ciente do nosso apreço, vontade de renovação frente
às transformações que se processam a cada instante.
Despeço-me compartilhando com todos a máxima de Mario Quintana: “Que
tristes os caminhos se não fora a mágica presença das estrelas.”
Muito obrigada.
76
Discurso do Sr. Marcos Miguel da Silva, proferido em 27 de abril de 2013, na
sessão solene de posse como membro correspondente.
78
Discurso do Sr. Leônidas Conceição Barroso, proferido em 27 de abril de 2013,
na sessão solene de posse como membro correspondente.
Hoje é um dos dias mais felizes de minha vida. Agradeço a acolhida. Agradeço a
presença de todos: acadêmicos, familiares e amigos; são testemunhas desta data, marco
significativo na minha trajetória de vida. Pertencer ao quadro de membros correspondentes
da Academia de Letras de Teófilo Otoni e pisar neste solo sagrado, onde nasci e vivi até
meus 16 anos, é honra, orgulho, felicidade.
Hoje, senhoras e senhores, em mim a sensibilidade prevalecerá sobre a razão...
Permitam-me um passeio... no tempo e no espaço.
Década de 1950. Lembro-me do primeiro dia em que entrei num prédio escolar, con-
duzido pela mão de minha mãe, Vercília Verônica Barroso, hoje com 90 anos, vivendo sua
lucidez e serenidade para alegria de todos que a cercam de cuidados e mimos. Era o início
do mês de março de 1951. Jardim de Infância do Colégio São Francisco. Acolheu-me irmã
Tereza, uma freira muito carinhosa. Em 1953, tive como professora primária Maria Ângela
Machado, só no primeiro semestre, pois no segundo ela foi coroada Rainha do Centenário!
Privilégio de poucos teófilo-otonenses ter uma rainha como professora! De 1954 a 1956 fre-
quentei a escola do professor Joaquim Alves Portugal, patrono de uma das cadeiras desta
Casa. De 1957 a 1960 frequentei o Ginásio São José.
Os primeiros amigos de infância, as cantigas de roda, depois brincadeiras de
cowboy, bolinhas de gude, tão populares entre os meninos, as pescarias e os banhos no
rio Todos os Santos, as matinês nos cines Vitória, Metrópole e Império (o popular poeira!),
os seriados, os circos, as festas juninas em Pedro Versiani, o time do coração, Ferroviário
Esporte Clube, campeão de 1958, as primeiras paixões... são lembranças agradáveis de
tempos felizes, vividos em Teófilo Otoni.
A partir de 1961, Belo Horizonte me acolheu e com o correr dos anos fui
presenteado com dois belorizontinos que tanto amo: minha esposa, Magali Maria de Araú-
jo Barroso, e meu filho, João Luís de Araújo Barroso, aqui presentes.
Desde 2004, tenho observado a nossa cidade e Vale do Mucuri com os
olhos da ciência, na companhia de colegas professores e de meus queridos alu-
nos. Com isso, novas amizades ganhei, aqui e fora daqui, ora filhos, ora amigos
de Teófilo Otoni, como na querida AFATO.
Hoje, ao passear pelas ruas e avenidas de Teófilo Otoni, deparo-me com o nome
de pessoas que me foram muito próximas na infância e adolescência. Só para citar alguns:
Antônio de Salles Guimarães, meu padrinho de batismo; Luís Boali Porto Salman, meu
pediatra; Wenefredo Bacelar Portela, diretor da Estrada de Ferro Bahia e Minas na qual
meu pai, Joaquim Barroso, trabalhou; Sidônio Epaminondas Otoni, médico que cuidou de
uma das minhas irmãs; Renato Simões, narrador de partidas de futebol e animador de pro-
gramas de auditório nas manhãs de domingo na Rádio Teófilo Otoni... Outros são nomes
de escolas como a irmã Maria Amália, minha diretora no Colégio São Francisco; Patrício
Ferreira Gomes, meu professor de português no Ginásio São José; Frei Braz Berten que
ministrou a minha primeira comunhão, em 22 de maio de 1952.
Senhoras acadêmicas, senhores acadêmicos, pertencer ao quadro de membros
correspondentes da Academia de Letras de Teófilo Otoni deixa-me ainda mais próximo das
pessoas de minha terra. É um grande privilégio compartilhar ideais comuns com tão ilustres
e talentosos membros desta Academia. Contem comigo! Muito obrigado.
79
Discurso da Srª Elisa Augusta de Andrade Farina, proferido em 26 de outubro de
2013, na abertura da sessão solene de recepção e posse de membros titulares
e correspondentes.
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Discurso da Srª Hilda Ottoni Porto Ramos – Dª Didinha, proferido em 27 de abril
de 2013, por ocasião da outorga da Medalha de Mérito Cultural.
81
Discurso do Sr. Antônio Jorge Lima Gomes, proferido em 26 de outubro de 2013,
na sessão solene de posse como membro titular da cadeira número 5.
82
criar. Todos os rebeldes eram chamados irracionalmente de comunistas. A festa do
tricampeonato durou muitas semanas, ecoou como um grito de liberdade, por isso é
lembrada até hoje por grande parte da população, e considerada a melhor seleção de
futebol todos os tempos. As razões são fáceis de encontrar e de entender.
Aos 15 anos comecei a trabalhar de dia e estudar à noite, e desde então nunca
parei. Nesse período fui monitor do Mobral no Alto da Boa Vista, na Escola Madalena
Sofia, onde tinha um movimento para se acabar com o analfabetismo.
De 1971 a 1974 trabalhei na Silva Areal Mármores e Granitos, serviço este
que me deu a base profissional para a Engenharia. Formei-me em Técnico de Con-
tabilidade em 1973 e na mesma época fiz concurso para as Usinas Nacionais, onde
permaneci de 1974 a 1987, tendo chegado ao cargo de Gerente de Refinaria, em
1982. Formei-me em Engenharia Civil no ano de 1981 e colei grau no dia 6 de janeiro
de 1982. No ano de 1999 concluí a Licenciatura em Matemática e a de Física em
2000. Tenho também pós-graduação em Docência Superior (1996) e Gestão Ambiental
(2000). No ano de 2003 concluí o Mestrado e em 2009 o Doutorado, ambos em Geofísica,
Observatório Nacional, no Rio de Janeiro.
Sinto-me realizado como engenheiro e professor. Lecionei para todos os seg-
mentos, alfabetização, Ensino Fundamental, Ensino Médio, graduação e pós-graduação.
Leciono desde 1982, ano em que comecei a ensinar à noite na SUSE e na Escola
Técnica Atlas, e mais tarde na Charles de Gaulle, Silva e Souza, Unigranrio, Geraldo
de Biasi, Gama Filho e, atualmente, na Universidade Federal dos Vales do Jequitinho-
nha e Mucuri (UFVJM), tendo orientado e formado centenas de alunos, muitos destes
trabalhando fora do Brasil em todos os cinco continentes.
Na UFVJM, desde a minha chegada, senti a necessidade de levar o conheci-
mento da universidade para a cidade, fazendo o elo entre a formação e sociabilização.
Precisamos de engenheiros que não sejam apenas técnicos, mas, sobretudo, sociais.
O engenheiro do século XXI não deve ser um mero aplicador de fórmulas, mas deve
saber formular soluções em busca do bem-estar social e ambiental.
Na UFVJM, além de professor, ocupei o primeiro cargo de Coordenador
pro-tempore da Engenharia Civil, fui também o primeiro vice-diretor eleito pela comu-
nidade acadêmica para o período 2011-2015, orientei mais de 50 alunos, escrevi e
publiquei vários artigos e produzi com meus alunos dezenas de resumos científicos,
muitos de caráter inédito sobre a região, dentre os quais destaco: “A importância da
Geologia nos projetos de Engenharia e Urbanismo a serem implementados na cidade
de Teófilo Otoni” (2011), “Energia solar: uma fonte alternativa nos Vales do Jequitinho-
nha e Mucuri” (2011), “Gradiente Geotérmico do Município de Teófilo Otoni no Vale
do Mucuri” (2012), “Identificação de área de recarga com vistas à sustentabilidade
ambiental com base em medidas geotérmicas em Teófilo Otoni” (2012), “Mapeamento
do fluxo geotérmico da cidade de Teófilo Otoni” (2013), e “Risco de Explosão de Gás
no Aterro Controlado do Município de Teófilo Otoni” (2013). Esses trabalhos apontam
para a necessidade de um novo Código de Obras Municipal, Código de Posturas,
Plano Diretor, Empresa de Obras Municipais e de Transportes, que conduzam um
novo modelo de crescimento econômico e social em Teófilo Otoni, incluindo-se os
municípios vizinhos. Tenho participado ativamente de movimentos a favor do desen-
volvimento, me induzindo a atitudes técnicas e políticas.
Além de ensinar, conduzo os alunos a questionarem a cidade e a sua região,
observando as coisas boas e ruins, aplicando os conhecimentos na transformação e
83
melhoria de toda a sociedade. Miro-me na frase de Fernando Pessoa, que diz: “Tudo
vale a pena se a alma não é pequena.” Ele acreditava que se arriscar é viver. Nossos
ancestrais já diziam que “quem não arrisca, não petisca”.
Ingresso na academia no sentido de contribuir com a educação, arte e cultura,
sobretudo no sentido de propagar a ciência como mola sustentadora do progresso e
da inovação, principalmente para as gerações vindouras.
Lembro novamente Fernando Pessoa ao afirmar que “Deus quer, o homem
sonha, a obra nasce”. Para realizar, precisamos sonhar.
Agradeço pelo afeto e confiança a mim depositados e tenham certeza de que
tudo farei para honrar o título de Membro da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
84
Discurso do Sr. Wilson Ribeiro, proferido em 26 de outubro de 2013, na sessão
solene de posse como membro titular da cadeira número 30.
85
inferioridade ou determinados desejos ou frustrações.
Quero aqui, agora, agradecer de coração aos acadêmicos que escolheram
votar em meu nome para ocupar esta prestigiosa cadeira número 30.
Agradeço aos leitores que me prestigiaram lendo meus livros, o jornal Leste de
Minas, na pessoa do dileto irmão José Máspoli de Castro, que fez várias publicações,
bem como à Rádio Teófilo Otoni, no horário nobre das 21 horas, nas sextas-feiras,
lendo para seus ouvintes parte do meu último livro publicado, A busca do caminho
perfeito, que me deixou muito feliz para continuar escrevendo, o que eles verdadei-
ramente prestigiaram é a obra e não o autor. Agradeço ainda à minha família, aos
irmãos maçons, conhecidos e seres humanos que a gente se encontra e desencontra
pelas esquinas e pelos cantos do universo.
Senhoras e senhores, assumo todas as responsabilidades desta honorária in-
vestidura e coloco-me desde já a serviço das letras, da cultura e desta conceituada
Academia de Letras.
86
Discurso do Sr. Elmo Notélio, proferido em 26 de outubro de 2013, na sessão
solene de posse como membro correspondente.
Reconhecido pela Grécia e pelo mundo inteiro como pai da oratória, o pensa-
dor Demóstenes costumava dizer que uma boa retórica não se evidencia pela riqueza
do vocábulo, mas sim pela forma simples e objetiva com que a mensagem chega ao
subconsciente de cada um. Quando a emoção começa a tomar conta do nosso peito,
quando a nossa voz começa a ser embargada na garganta, nenhum gramático do
mundo seria capaz de nos facilitar o vocábulo, temos que tão somente, pura e sim-
plesmente, deixar que as palavras fluam de nossos lábios com naturalidade, para que
elas possam atingir o subconsciente de cada um, não como um amontoado de frases
feitas, mas sim com um unido e real sentido.
Neste momento solene da minha vida, faço minhas as palavras de Demóstenes
para, de forma mais simples possível, externar profundos agradecimentos à Academia
de Letras de Teófilo Otoni, desde o seu Diretor-mor, ao mais simples de seus servidores.
Agradeço especialmente ao mui digno Secretário-Geral, Professor Wilson Colares da
Costa, ele, que de forma simpática e educada, foi o elo entre esta douta Academia e
este que ora recebe tão nobre homenagem. Não podendo me estender muito, quero
apenas dedicar este diploma a mim outorgado a três pessoas exponenciais em minha
vida: à professora de Língua Portuguesa e Literatura, Marta Borges, minha assessora e,
por coincidência, minha esposa, sempre companheira nas horas normais e fiel cúmplice
em momentos difíceis. Dedico também aos meus filhos Marlene Notélio Borges e Elmo
Martinelly Notélio Borges, os primordiais motivos do meu orgulho de pai. Ela, que com
apenas 22 anos já estará recebendo em 19 de dezembro próximo, o seu diploma de
Engenheira Civil, outorgado pela Univale. Ele, que com apenas 16 anos, já está con-
cluindo o segundo ano do Ensino Médio e também um curso técnico, ministrado pelo
Senai de Governador Valadares. A vocês três, o meu muito obrigado por existirem e,
principalmente, por serem como são. E para encerrar, admirador que sou da sabedoria
oriental me curvo diante desta Academia, me curvo diante de todos que aqui estão.
Muito obrigado!
87
Discurso da Srª Vânia Rodrigues Calmon, proferido em 26 de outubro de 2013,
na sessão solene de posse como membro correspondente.
88
e admiração maiores. Aos nossos filhos, representados por Paulo Enzo, todo o meu
carinho. A Áurea Rodrigues Timo, prefaciadora do meu livro, especialista em Literatura
Brasileira e em Língua Portuguesa, agradeço a honrosa presença na obra.
A esta Casa, retorno, pois, como aquele único leproso para agradecer à
Senhora Presidente da Academia de Letras de Teófilo Otoni, a Professora Amenaide
Bandeira Rodrigues, e aos acadêmicos, a homenagem que me prestaram. Ser mem-
bro correspondente desta ilustre Casa, cuja missão é reverenciar a cultura, transcen-
de as minhas melhores expectativas.
Sigo como os outros nove leprosos, algo desacreditada de ter encontrado Me-
cenas que patrocinaram aqui a cura do meu anonimato.
Permanentemente volvo os olhos para esta terra. Teófilo Otoni, minha terra,
nosso torrão, eternizada pela sim, imortal, D. Didinha, em versos e música:
89
Discurso da Srª Maria Magali Barroso, proferido em 26 de outubro de 2013, na
sessão solene de posse como membro correspondente.
Para mim, é motivo de muita alegria ser recebida hoje pela Academia de Letras de
Teófilo Otoni como membro correspondente. Não imaginava ter essa honraria. Quando bem
pequena, fui acordada pelo meu pai – o dia ainda escuro – com a mão firme em meu braço,
dizendo: “Até a volta.” Aquela foi a primeira vez em que ele andou de avião e veio a esta
cidade, a serviço. Ao retornar, contou-nos passar um entardecer na Praça Tiradentes vendo
as preguiças. Levou-nos de presente delicadas pedras, que eu teria até hoje – se não fosse
surpreendida pela falta delas ao chegar em casa, numa tarde de domingo.
Também não vislumbrei a possibilidade de estar aqui hoje com vocês, quando me
enamorei de um teófilo-otonense, Leônidas Barroso, também membro dessa Academia e
aqui presente, tão gentil e amoroso, com quem vivo há quase 40 anos. Temos um filho
querido, João Luís de Araújo Barroso, que me motiva e inspira. Juntos temos muita história
para contar.
E, por falar em história, acredito que todos nós gostamos de ouvi-las, trouxe uma
para vocês. Participei em Belo Horizonte de uma Oficina de Literatura de Dagmar Braga,
em que aprendi que a nossa escrita nasce da observação, memória, imaginação e do entre-
cruzamento com outras leituras. A história que vou contar foi motivada por um texto de uma
colega, Cleide Fernandes, no qual a personagem, aos trinta anos, aconselha a si própria,
quando era ainda adolescente, num encontro furtivo. Resolvi, então, escrever sobre o en-
contro às avessas, de uma adolescente se vendo aos trinta anos. Eis o texto:
Que loucura estar me vendo agora, bem na minha frente. Pareço ter uns trinta anos.
Como consegui crescer tanto? Mas olha o tamanho do meu salto! Achei que jamais iria me
cansar de usar tênis. Estou muito bonita. Fico tão animada. A pele lisinha. O cabelo mudou
de cor, mas continua anelado – se bem que os cachos estão mais comportados. Meu corpo
agora tem curvas. Que maravilha, os ossos sumiram! Estou muito elegante. O meu vestido
é lindo, ainda mais com essas sandálias, mas a bolsa é enorme. Será que estou saindo do
serviço? Que homem é esse que me encontra com um beijo? É meu marido ou namorado?
Não percebi se uso aliança. Parece muito carinhoso. Ainda não vi o rosto dele. Que charme;
os cabelos são grisalhos. De terno bege, sapatos e pasta marrons, tudo combinando. Qual
será a profissão dele? Entramos no shopping. Ah! Um encontro após o trabalho, o jantar
num restaurante francês e depois é só pegar o carro no estacionamento. Como sonho ter
meu próprio carro. Agora subimos a escada rolante. Olha, ele está virando para trás. Meu
Deus, não acredito, estou reconhecendo aquele sorriso: é o chato do Guto da 5ª série!
Bem, esse conto acaba tendo uma pincelada de cada elemento que dá suporte ao
processo criativo. A gente observa, lembra, imagina, se inspira em outras histórias, e escre-
ve, reescreve, corrige, enxuga, passa a limpo. E como disse Jorge Luis Borges, para parar
de corrigir rascunhos, publicamos.
Agradeço profundamente à Academia de Letras de Teófilo Otoni por este presente,
à Cidade de Teófilo Otoni, pela acolhida tão carinhosa e a todos vocês, em especial a Már-
cia, minha irmã, por compartilharem comigo este momento.
Obrigada!
90
Discurso da Srª Ivonette Santiago de Almeida, proferido em 26 de outubro de
2013, na sessão solene de posse como membro correspondente.
91
que partilharam da trajetória de minha formação.
Somaram-se ainda a essas experiências as oficinas de artes manuais para
filhos de ferroviários da Estrada de Ferro Bahia e Minas, os movimentos de estudan-
tes da União Estudantil de Teófilo Otoni, da Juventude Estudantil Católica (JEC) e do
Clube da Amizade.
Aos 16 anos escrevi a primeira crônica intitulada “Personagem Discreta” para um
concurso destinado a estudantes do curso ginasial, organizado pelo Grêmio Estudantil
da cidade. Foi classificada em primeiro lugar a crônica dedicada à preguiça do jardim da
Praça Tiradentes, lembrança permanente de infância.
Iniciei o magistério na Escola Normal e Ginásio São Francisco que cumpriu seu
ciclo histórico de ensino e, na Escola Nossa Senhora dos Pobres, atualmente colégio de
ensino médio, de memorável experiência. Também faço questão de enfatizar o Movimen-
to de Educação de Base (MEB), onde atuei como supervisora de escolas radiofônicas e
tive oportunidade de conhecer o método de alfabetização e educação revolucionária do
mestre Paulo Freire, de 1963 a 1965.
Época de experiências inéditas, tornei-me até locutora na rádio ZYX7, rádio
Teófilo Otoni, a pedido de. D. Quirino, quando de suas ausências para participar do
Concílio Vaticano II que prolongava-se no tempo. Ele precisava preservar seu espaço
de horário radiofônico.
Por exigência da ditadura civil militar de 1964, o MEB foi extinto em 1965. Motivada
a continuar os estudos, migrei para Brasília/DF, em 1966. Exercia o magistério e me dedi-
cava à formação profissional no curso de Medicina, especialização em Pediatria e mestre
em Medicina Tropical, na Universidade de Brasília (UnB).
Tive o raro privilégio de ver uma cidade nascer e crescer e, junto com ela, também
vi nascer e crescer a Universidade de Brasília. Poucas pessoas no mundo tiveram tão
grande privilégio. Adotei Brasília e a UnB com amor e paixão incuráveis. Tive grande
alegria de ver meu filho, Hélio Marcos ingressar na UnB, onde fez seu curso profissional.
Elegi a temática de saúde e educação para militância profissional e cidadã. As
ciências contribuem para melhoria da qualidade e tempo de vida dos seres humanos com
novos conhecimentos científicos e tecnologias, podendo aliviar dores e sofrimentos. Con-
tudo, são a educação e as artes que os libertam ao proporcionar em extensão sentimen-
tos e inteligências emocionais para o exercício de liberdades e de direitos de cidadanias,
eliminando exclusões e preconceitos.
Muito me honra a condição de ser educadora. No dia 17 de março de 2013, com-
pletei 52 anos de prestação de serviços em saúde e educação com predominância em
instituições públicas.
Para finalizar, agradeço e recebo de coração, como filha desta terra, a distinção
de posse na Academia de Letras de Teófilo Otoni, na esperança de poder contribuir com
a Academia, em que pesem distâncias de sítios e estágios distintos. Congratulo-me com
os membros titulares e correspondentes também agraciados.
Aproveito o ensejo para apresentar os poemas “Para Não Esquecer” e “Vitrais e
Catedrais”. Os vitrais da catedral desta cidade sempre foram motivos de minha admiração
desde infância, nos devaneios que distraíam minha atenção quando me sentia fatigada
nas preleções religiosas. Ambos os poemas constarão do próximo livro de minha autoria:
Amor Cortês em Tempos de Ditaduras. Espero não ter esgotado os seis minutos de fala
que me foram concedidos. Caso seja possível os lerei; do contrário, deixarei a cópia
anexada ao meu pronunciamento na Academia de Letras de Teófilo Otoni. Grata,
92
Para não Esquecer
Se paro, penso.
Se penso, falo.
Se penso e falo, escrevo.
Viver é também lembrar
que nada se apaga
nem se esquece.
Se penso e falo,
escrevo para não esquecer.
Que parei no vazio.
Que pensei no nada.
Que falei de quase tudo
e também quase nada.
Contudo sei que também amei.
93
Vitrais e Catedrais
94
Discurso do Sr. Cláudio Hermínio, proferido em 26 de outubro de 2013, na
sessão solene de posse como membro correspondente.
95
Discurso da Srª Fátima Cristina Sampaio Luiz, proferido em 26 de outubro de
2013, na sessão solene de posse como membro correspondente.
96
Discurso do Sr. Humberto Luiz Salustiano Costa, proferido em 15 de dezembro
de 2013, na sessão especial como representante do Sr. Luiz Gonzaga Soares
Leal, agraciado com o título de convidado de honra.
Como não poderia deixar de ser, a minha palavra inicial devo direcioná-la
à Academia de Letras da cidade que me viu nascer, da qual muito me orgulho
em sendo um dos seus membros honorários. É, também, nesta condição que
me apresso em dirigir a minha saudação especialíssima a este evento que nos
alegra e nos entusiasma a todos.
É sabido que esta entidade, sem sombra de dúvidas, constitui a expres-
são maior da cultura e da inteligência de uma cidade que sabe preservar a sua
tradição, no reconhecimento dos seus verdadeiros valores. É em nome desses
valores que a Academia de Letras de Teófilo Otoni tem forjado as suas ações,
todas elas voltadas para o engrandecimento da sua história, sabidamente rica e
fecunda em sua essência.
É nesse sentido que me permito louvar e bendizer este acontecimento que
aqui nos reúne em noite memorável, tendo como pano de fundo esta Casa de Leis,
que no verdor de minha mocidade, há 51 anos, tive o privilégio e a honra de pertencer,
na condição de vereador.
Na lembrança daquele tempo, peço vênia para render a minha cálida home-
nagem àqueles bravos colegas vereadores que comigo dividiram este mesmo ple-
nário onde nos encontramos, referindo-me a Dalton Figueiredo de Oliveira (conta-
bilista), Clemente Nunes Maria (construtor), Francisco Onofre Pereira (empresário),
Dr. Antônio Guimarães Lins (advogado), Oswaldo Soares Leal (produtor rural), Olien
Bonfim Guimarães (ferroviário), Geraldo Otoni Porto (produtor rural), Libório Zimmer
(professor), Dr. Jonathas Carlos de Oliveira (advogado), Rachid Salomão Jamel Edim
(comerciante), Bráulio Lopes da Silva (ferroviário), Franklin Tatuhy Sardinha Pinto
(ferroviário), Hélio Costa Viana (chofer de praça) e Epaminondas Otoni (industrial).
Foi um tempo de grande aprendizado em minha vida. Também de grandes
decepções, que foram fundamentais para que encerrasse a minha carreira política,
que por isso mesmo teve vida efêmera. Tudo isso faz parte do passado.
Hoje o que nos traz a esta tribuna é a alegria e o entusiasmo de um momento
deveras marcante na vida da Academia de Letras de Teófilo Otoni, que de inteira jus-
tiça presta significativas homenagens àqueles que têm relevantes serviços prestados
em diferentes setores de atividades.
Aqui me apresento com delegação expressa do Dr. Luiz Gonzaga Soares Leal,
para representá-lo nesta solenidade na qual é um dos homenageados.
Em contato telefônico mantido com aquele ínclito homem público, de todos
muito querido e admirado, notadamente pela sua postura ética com que soube go-
vernar o nosso município, num tempo de grandes e memoráveis feitos, dele recebi a
honrosa incumbência desta representação. É certo que a minha fala em nada corres-
ponderá a eloquência daquele grande tribuno, contudo não me faltará a emoção de
que ele estaria experimentando se aqui estivesse.
Recomendou-me o Dr. Luiz Leal que em seu nome também me associasse às
homenagens desta noite, em sendo todas elas justas e merecidas. E por isso mesmo
quero louvar e aplaudir a feliz iniciativa desta solenidade, na robustez do meu enal-
97
tecimento aos homenageados Dr. Gilson de Castro Pires e Dom Aloísio Jorge Pena
Vitral, nosso bispo diocesano que, com Dr. Luiz Leal, dividem as homenagens como
convidados de honra.
Dr. Gilson de Castro Pires é esta legenda viva da Medicina, destacado pela sua
alta competência profissional pelos muitos anos cuidando dos corações dos teófilo-
otonenses, seus conterrâneos. De tradicional família, Dr. Gilson tem em seu currículo
uma vasta folha de bons serviços prestados a esta cidade, também como médico dos
mais humanitários, sendo daqueles que jamais deixaram de prestar assistência a to-
dos quantos recorrem aos seus préstimos, exercendo a sua profissão com inexcedível
zelo e dedicação.
Como um dos decanos da Medicina em toda uma vasta região compreendida
pelos vales do Mucuri, São Mateus e Jequitinhonha, Dr. Gilson de Castro Pires sem-
pre primou pela sua lhaneza de trato, sabendo acima de tudo honrar e dignificar a sua
nobilitante profissão.
Dom Aloísio Jorge Pena Vitral, nosso bispo diocesano, também é dessas fi-
guras exponenciais, defensor das justas e nobres causas em nome dos verdadeiros
ensinamentos cristãos. A igreja que dirige na Diocese de Teófilo Otoni tem a marca
de sua irreprimível vocação para a prática do bem. É o grande líder dos católicos da
jurisdição de uma diocese de vasta dimensão. Sob sua liderança os seus seguidores
encontram firmeza e coragem para os grandes embates nas questões sociais, que a
igreja sempre tem como uma de suas prioridades.
Sobre os homenageados aqui por mim citados, muito ainda se poderia
dizer, sendo todos dignos dos maiores encômios em tudo aquilo que de mais
precioso eles representam para todos seus fiéis admiradores, no rol dos quais
eu, prazerosamente, me incluo.
Rendo também as minhas homenagens à escritora Else Doroteia Lopes, pelo
seu ingresso como membro correspondente desta Academia. Do mesmo modo,
felicito a todos os agraciados com o troféu Isaura Caminhas Fasciani.
E, para encerrar, gostaria também em nome do Dr. Luiz Leal, recitar um poema
que fala muito de perto aos nossos corações agradecidos a Deus, neste tempo em
que já nos preparamos para a data magna do nascimento do Deus Menino:
OBRIGADO, SENHOR!
Obrigado, Senhor,
pelos milhões de anos que decorreram até 2013,
nos quais o homem venceu e venceu-se,
e firmou-se como criatura eleita pelo CRIADOR!
98
Obrigado, Senhor,
porque existem os moços
e, com eles, a flama, o porvir, o amanhã!
Obrigado, Senhor,
porque deste aos velhos a saudade e a relembrança
e a certeza de que a vida continua
naqueles que geraram pelo amor e pela ternura!
Obrigado, Senhor,
porque permitiste que a terra desse frutos
e esse fruto tivesse mais sabor,
quando regado pelo sal do suor,
pelo tempero incomparável da fome que se sacia!
Obrigado, Senhor,
pelo que vemos de bom
e por aquilo que deixamos de ver por sermos pequenos!
Obrigado, Senhor,
pelo descanso das noites,
pela falha dos dias,
pela poesia da luz e pelo calor do Sol!
Obrigado, Senhor,
porque para esquecer as ofensas, criaste o perdão,
para a lágrima criaste o consolo,
para a dor, fizeste o bálsamo,
para a doença, deixaste o remédio,
para as trevas fizeste a Lua!
Obrigado, Senhor,
porque, para sempre e um dia,
haverá esperança!
99
Obrigado, Senhor, pelos dias que passamos e pelos dias que ficam, por te
haveres dado por inteiro a nós e como brasileiros, Senhor!
Obrigado, Senhor,
pelo trabalho realizado este ano, pelo ambiente amigo e acolhedor que temos.
Obrigado, Senhor,
pelo mundo, pelo céu, pela Pátria
e obrigado porque sendo tão infinitamente grande,
estás em cada um de nós,
OBRIGADO, SENHOR!
100
Discurso do Sr. Arnaldo Gomes Pinto Junior, proferido em 15 de dezembro
de 2013, na sessão especial de concessão do Prêmio Academia de Letras:
Troféu Isaura Caminhas Fasciani ao Jornal da Associação dos Filhos e Amigos
de Teófilo Otoni.
101
de Letras de Teófilo Otoni na modalidade Veículo de Comunicação. Para mim, jornalista
responsável pelo jornal Afato, sinto-me, sobremaneira envaidecido em receber esta ho-
menagem. Muito obrigado, imortais da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
Mas eu quero falar mais. Esta é uma oportunidade única em que são homenageadas
três personalidades do mais alto patamar, não apenas da cultura teófilo-otonense, mas
principalmente pela extensa folha de prestação de serviços que as mesmas têm em be-
nefício da nossa comunidade nas mais diversas atividades.
Refiro-me àquelas pessoas que estão ingressando hoje nesta Casa com o título
de Convidados de Honra da Academia. Se individualmente a homenagem é por demais
merecida, melhor ainda que seja de forma conjunta para representar um somatório de
grande porte, dignificando ainda mais as virtudes que esses homenageados possuem,
virtudes essas bem definidas pela vontade que sempre expressaram para servir ao povo
da nossa terra.
Gilson de Castro Pires é a expressão maior da medicina regional. A exemplo do
saudoso Dr. Luiz de Almeida Cruz, o Dr. Gilson personifica o seu amor à Medicina com
a existência do Hospital Santa Rosália, para o qual se doou, atendendo ricos e pobres,
poderosos e humildes com a mesma dedicação e paciência, na determinação para en-
contrar a melhor e mais rápida solução para aqueles que, em um momento difícil da vida,
confiam nos poderes que ele possui para a pretendida cura.
Outro homenageado é o nosso bispo Dom Aloísio Vitral. Ele é carioca, mas foi
em Belo Horizonte que sua vida sacerdotal se delineou. Com presença marcante nas
paróquias de Santa Efigênia dos Militares, durante 12 anos, e Nossa Senhora das Dores,
por três anos, em Belo Horizonte, foi sagrado bispo auxiliar da arquidiocese da capital. Foi
indicado para assumir a diocese de Teófilo Otoni em um momento indispensavelmente
necessário para substituir o quase aposentado Dom Diogo. Com muita serenidade e luci-
dez ele conquistou a comunidade católica teófilo-otonense, ao mesmo tempo em que, de
forma abrangente, conquistou a simpatia e confiabilidade de todos os cristãos pelo que
a Câmara Municipal, reconhecendo a sua total integração à cidade, já o homenageou,
outorgando-lhe o título de cidadão honorário de Teófilo Otoni, o que se tornou motivo de
orgulho de todos nós, por termos um conterrâneo tão ilustre.
E para o outro convidado de honra seria o caso de até aproveitarmos o chavão
propício: DISPENSA COMENTÁRIOS. Quem não tem um elogio para Luiz Gonzaga
Soares Leal, o incomparável Luiz Leal? Para todos, ele é o sempre jovem amigo. O seu
documento de identidade não traz a sua idade cronológica: ele permanece sempre jovem,
amigo de todos, sempre sabendo referenciar aqueles que estão ao seu redor, com men-
sagens das mais bonitas, com palavras que envaidecem a qualquer ego para as quais
são destinadas. Professor emérito, advogado eficiente, político sem máculas, legislador
competente e administrador de uma cidade, cujo progresso ficou evidenciado durante os
quatro anos de sua presença à frente da prefeitura. O Dr. Luiz Leal não está presente,
mas ele é tão magnânimo que, tendo dificuldade em comparecer para esta homenagem,
nomeou para representá-lo o sócio honorário desta Academia, ex-vereador da Câmara
Municipal de Teófilo Otoni, Humberto Luiz Salustiano Costa, cuja postura também é
sempre elogiada pelos que já tiveram oportunidade da convivência com ele.
Pois é minha gente, nesta noite de convidados de honra com tanta honra, todos
mais que demais, não posso encerrar sem dizer, como sempre faço em meus comentários
pelo rádio: esta é uma noite BELEZA PURA.
102
Discurso do Sr. Leônidas Conceição Barroso, proferido em 15 de dezembro
de 2013, na sessão especial de concessão do Prêmio Academia de Letras:
Troféu Isaura Caminhas Fasciani ao Laboratório de Estudos do Vale do
Mucuri da PUC Minas.
103
buição. Em especial, os professores Oswaldo Bueno Amorim Filho e João Francisco
de Abreu, em cujas pessoas agradeço a todos os meus colegas. O meu muito obri-
gado aos pesquisadores associados, professoras Márcia Maria Duarte dos Santos,
da UFMG, Magali Maria de Araújo Barroso, do UniBH e Márcio Achtschin, professor
universitário, aqui de Teófilo Otoni.
À Associação dos Filhos e Amigos de Teófilo Otoni (AFATO), que, em Belo
Horizonte, mantém acesa a chama que nos liga à nossa terra, meu agradecimento
pelo apoio incondicional.
Senhoras e senhores, o tempo regimental não permite que eu cite, como gos-
taria, todos, que em Teófilo Otoni e Belo Horizonte, ajudaram na consolidação do
Projeto TOR. E foram muitos... Na pessoa de Igor Sorel Tavares, companheiro de
primeira hora, agradeço àqueles que nos têm acompanhado nos trabalhos de campo,
desde o primeiro, na Estrada Santa Clara-Filadélfia.
Para finalizar, aproveito o ensejo para oferecer a Dom Aloísio Jorge Pena
Vitral, bispo diocesano, convidado de honra desta Academia, um dos produtos mais
recentes do nosso Laboratório: a dissertação de mestrado de autoria de Mariana da
Silva Ferreira intitulada “Atlas Geográfico Digital da Diocese de Teófilo Otoni”.
À Academia de Letras de Teófilo Otoni, parceira mais recente, a gratidão pela
outorga do Troféu Isaura Caminhas Fasciani, prêmio que nos deixa orgulhosos e mui-
to honrados.
Muito obrigado!
104
Discurso da Srª Else Dorotéia Lopes, proferido em 15 de dezembro de 2013, na
sessão especial de posse como membro correspondente.
105
são fontes de inspiração e de efervescência cultural, incentivando a cultura e criando
fortes laços de integração entre as várias regiões mineiras. Trago hoje o abraço da
região metropolitana e da capital a todo o Vale do Mucuri, que tem nesta cidade o seu
grande centro cultural e literário. Trago o abraço simbólico de Augusto de Lima, jorna-
lista, poeta e político ao igualmente jornalista e político Teófilo Otoni, dois nomes que
honram a história de Minas Gerais na luta pela liberdade e integridade.
Nossas cidades, embora distantes, têm tantas semelhanças que são qua-
se irmãs, na vocação econômica da mineração, que une a terra nova-limense
do ouro, com as pedras preciosas que fizeram a fama e a riqueza desta região.
Compartilhamos ainda a importante presença europeia em nossa formação. Os
ingleses em Nova Lima, os alemães aqui. Somos semelhantes nos sonhos de
liberdade e republicanismo, na nossa vontade de lutar pelo progresso, pela va-
lorização regional e pelo reconhecimento do talento e da capacidade de nossos
literatos, poetas e animadores culturais.
É nessa identidade histórica e de princípios que me sinto em casa aqui, com-
partilhando com vocês o amor às artes e às palavras, à academia e à beleza, desejan-
do ser mais uma voz a somar nesta grande instituição, da forma como puder ajudar.
Agradecida pelo convite, pelo reconhecimento e pela acolhida.
106
Mensagens diversas
Lidas nas sessões solenes e especiais
107
Mensagem da acadêmica Isaura Caminhas Fasciani, encaminhada em 9 de
novembro de 2006, por ocasião das comemorações do terceiro
aniversário de fundação da Academia de Letras.
108
Baiana que hoje é uma mineira atuante “UAI”, Amenaide Bandeira Rodrigues soube
desfraldar esta bandeira com mãos firmes e sempre presente.
Quantas desilusões, quanta descrença... e Amenaide tirando sempre as pe-
dras do caminho.
Seria injusto não registrar que muitos acadêmicos acreditaram e participaram.
Não vou citar nomes para não correr o risco de esquecer alguém. Quero deixar
uma mensagem tirada de uma poesia de Carlos Drummond de Andrade:
O tempo que tudo sabe, pois é senhor absoluto, realiza os planos traçados dos
sonhos entrelaçados das tramas que a vida revela como troféu desejado.
Estamos aqui nesta noite para uma vez mais colher as dádivas do Criador que
oportuniza à nossa querida Dona Didinha a alegria de compartilhar com a família e
amigos mais um ano de existência.
São 92 anos bem vividos e traduzidos por uma vida plena de conheci-
mentos e amor.
São memórias... Vivas memórias...
Planos traçados... Troféus sonhados...
Os segredos desvendados de uma vida que sobreviverá ao embalo do tempo
que, inexoravelmente, assiste as malhas tecidas que encobrem o deslindar de uma
vida.
Parabéns em dose dupla: pela constatação de uma vida bem vivida e pelas
memórias... vivas memórias... Que o Senhor continue derramando ricas bênçãos na
sua vida e familiares, tendo-a sempre acolhida em seus braços amorosos.
Assim seja!...
109
“Teus cachos”: Menina, doce menina, os cachos do teu cabelo povoam como neblina
a imagem que tenho zelo.
O seu puro sentimento de amor também está explicitado em outros textos
como: “Só versos te posso dar”: Não me peça mais que versos. Já não posso retornar.
Não me peça mais que versos. Só versos posso dar... ou das lembranças doloridas,
chorosas em: “Teu nome dói”: Teu nome percorre os espaços, cruza os mares, até a
montanha de ferro. Teu nome tem a delícia do mistério, a fascinação do delírio, o efeito
estonteante do sonho. Ou seu sentimento de forma mais lascivo como em “Desejo”:
Quero teu corpo endemoniado com a fúria de mil ódios guardados...
Assim, o autor passeia por desejos, sentimentos, afetos, lembranças, alegrias,
angústias, sonhos etc.
Como não poderia deixar de ser, Getúlio Neiva, também apresenta para de-
leite dos seus eleitores e leitores, as letras de algumas canções inéditas, a exemplo
de “Sílvia”: Sílvia, a gente nunca sabe quando o amor acaba o que fazer da dor, ou
em “Súplicas”: À noite quisera eu que em teu travesseiro se insinuassem os meus
sonhos, minhas súplicas de amor... e assim, vai o poeta e compositor Getúlio Neiva,
construindo o seu itinerário literário e passa a mostrar/guiar este caminho, sobremodo,
excelente, ou seja, através da dicotomia: Amor/Paixão.
É este amor que ao longo da história universal foi cantado, declamado, chora-
do, lamentado, suplicado, reivindicado, desejado e tantas outras formas possíveis de
possuí-lo ou de externar sua ausência.
Que os seus versos, como bem frisou, em nota introdutório do livro, sejam
de fato transcritos em diários de adolescentes, declamados em festas, sussurra-
dos por enamorados, declamados por boêmios ou mesmo gritados como palavras
de ordem – como forma de sempre e por toda a vida, eternizarmos o amor.
Ainda lembrando o homenageado desta noite, em:
Permitam ainda afirmar, assim como os versos, o amor não pode jamais acabar.
110
Mensagem de saudação proferida pela Srª acadêmica Elisa Augusta de Andrade
Farina, em 13 de fevereiro de 2009, por ocasião do lançamento do livro Alguma
poesia ainda que tardia do Deputado Estadual
Getúlio Afonso Porto Neiva.
Chamo a todos bem-vindos a esta noite maravilhosa, em que mais uma vez
poderemos compartilhar alegrias e momentos exitosos e inesquecíveis.
Reconhecemos a poesia não apenas como um modo de expressão literária,
mas como um estado de ser que advém da participação, fervor, admiração, comu-
nhão, embriaguez, exaltação e, obviamente, o amor.
A poesia é liberada do mito e da razão, mas contém em si a sua união. O amor
faz parte da poesia da vida, a poesia faz parte do amor da vida. Amor e poesia geram-
se mutuamente e podem identificar-se um com o outro em uma cumplicidade que
nos transporta a um estado poético que mescla loucura e sabedoria. A sua cadência
evocativa nos transporta a mundos ignotos.
O nosso poeta tem a alma povoada de sonhos que o alimenta no percurso de
sua vida somando aos tergiversos históricos de nossa cidade. Amor e poesia quando
concebidos como fins e meios de viver, dão plenitude de sentido ao “viver por viver”,
ao viver em estado poético.
Quando eu era menino em Teófilo Otoni, eu queria mesmo era ser palhaço.
Nos meus sonhos de criança, pensava que seria feliz e faria as pessoas felizes.
Mais tarde, já na minha juventude, eu pensava em ser jornalista. Levaria conheci-
mento às pessoas.
Os anos passaram e houve um tempo na nossa pátria em que me fizeram
de palhaço. Um palhaço triste que não conseguia fazer as pessoas felizes e se
tivesse sido jornalista, ficaria impedido de levar conhecimento às pessoas e de
expressar minhas ideias de liberdade. Um tempo que me fazia lembrar Dante:
“Entrai, eis aqui o inferno.”
Minhas senhoras e meus senhores, este meu ingresso na Academia de Letras
de Teófilo Otoni tem um significado muito grande na minha vida. Abro meu coração e
relembro os tempos de repressão na minha pátria. Confesso a todos vocês que mui-
tas vezes estive caído nas sarjetas de becos e ruas da minha querida Teófilo Otoni.
A falta de lucidez mental oriunda de sequelas da repressão não permitia naqueles
1
Mensagem lida pelo seu pai, Sr. Walter de Oliveira Tim Garrocho.
111
momentos difíceis que eu enxergasse ou tivesse esperança em novos horizontes.
Abatido, voltava para casa e ali sempre encontrava a mão amiga dos meus
queridos pais Laura Júlia e Tim Garrocho. Apesar da tristeza no olhar dos meus pais,
eu sentia que o coração deles me dizia: “Amanhã será um novo dia, meu filho, Deus
é justo e perfeito.” É verdade. Acreditei no amanhã, acreditei na resistência, acreditei
nas palavras de Rui Barbosa que disse: “A pátria somos todos nós.” Acreditei na liber-
dade, ainda que vinte anos tardia.
Assim dedico meu ingresso como membro correspondente da Academia de
Letras de Teófilo Otoni aos meus queridos pais e irmãos. Estendo aos meus amigos
de infância e juventude, aos meus bons e antigos professores, aos poetas e escrito-
res, aos jornalistas e radialistas, aos historiadores, aos músicos, aos intelectuais e a
todos os amantes da liberdade em minha querida Teófilo Otoni, nossa terra natal.
Muito obrigado a todos.
Concordamos com Éxupêry, em O Pequeno Príncipe, quando diz que nos torna-
mos eternamente responsáveis por quem cativamos, e sentimo-nos por aí, responsável
por haver conquistado o coração carinhoso de Minas Gerais através dessa maravilhosa
pessoa de incansáveis carinhos conosco, nossa já amada confreira em letras, Clevane
Pessoa, depois, pelos confrades envolvidos nesta solenidade, sempre presentes e solí-
citos, com quem hoje também me sinto comprometida e por quem estou tão feliz: nosso
orgulho por os havermos encontrado pelas curvas e retas de nosso Brasil. Com Ruy
(Barbosa, nosso grande Águia de Haia) e tantos discursos, aprendemos, que as nulida-
des não deveriam nunca estar presentes em uma história tão bela e tão rica quanto a de
nosso imenso país, aumentando, então, nossa responsabilidade com essa Academia que
a nós, confia sua representação em nosso grande e amado Rio Grande do Sul e nossa
capital, Porto Alegre, e nos faz sentir uma vontade louca de crescer muito mais para bem
podermos representá-los aqui e por onde formos ou forem notícias nossas e da nossa
ainda tão parca vivência das letras e do ativismo cultural. Muito Obrigada!
E cá estamos nós, meros mortais, buscando em nossa simplicidade, o sonho
de realizarmos cada dia um pouco mais para sermos úteis e fazermos jus ao carinho
e confiança de cada um dos que acreditaram em nós e creditaram em unanimidade
seu voto e confiança a nosso nome. Muito Obrigada!
Que mais dizer-lhes, a não ser que conte conosco, Minas Gerais, especialmente,
Teófilo Otoni, e nossa também, hoje Academia de Letras de Teófilo Otoni, que haja
vida longa e luz pelos caminhos, por nossos anseios universais, por onde formos. E
não estando de corpo presente, involuntária, nossa ausência à posse, enviamos nosso
coração inteiro e vibrante em uníssono aos seus, para que o dividam irmamente entre
os confrades e o povo mineiro, irmãos todos em pátria e alma brasileira.
A honra e glória do Grande Arquiteto do Universo, e que Ele nos faça mais que
irmãos, iluminando-nos e tomando-nos a todos, grandes e imortais, em nossos laços
de Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
Muito Obrigada, Clevane! Obrigada, Minas Gerais! Obrigada, Teófilo Otoni!
112
Obrigada, confrades e confreiras da ALTO! Muito obrigada, mui digna presidente!
Deus abençoe a todos!
Fraterno abraço e beijos.
Obrigada!
Mensagem lida pela Srª Lígia Marta do Reis, em 1° de outubro de 2011, por
ocasião da posse do jornalista Humberto Luiz Salustiano
Costa como membro honorário.
Ser amigos”, afirma Valério Albisetti, não é um estado afetivo, mas uma
verdadeira e própria opção de vida; a escolha de fundamentar a própria existência
sobre a abertura verdadeira dessa afirmação de Albisetti se justifica na intenção
primeira de definir, ou mais preciosamente, conceituar Humberto, e, por conse-
guinte, chamá-lo AMIGO.
A amizade é coisa séria e, para dizer que temos amigos, é necessário
sabermos sermos amigos. E como você sabe. Ser amigo é, pois, uma opção. E uma
opção que nem é fácil nem cômoda. É uma opção de pessoas conscientes, dispostas
a se desinstalarem, a saírem de si mesmas, do seu comodismo, para o acolhimento
113
dos outros com suas fragilidades, suas carências e suas especificidades, enfim. O
relacionamento da verdadeira amizade é, portanto, um lugar de extrema confiança e
de acolhimento total. É o lugar onde se procuram e se encontram as próprias forças.
Não as forças dos que dominam, dos que controlam e decidem sempre segundo seus
próprios e inflexíveis conceitos e interesses.
Refiro-me às forças dos verdadeiros fortes, que são os que enfrentam
derrotas, perdas e sofrimentos; os que procuram que experimentam que se expõe
que se arriscam que vão além.
Partindo assim, de tais conceitos, podemos dizer que amigo é um ser corajoso
e gentil, que abre o próprio coração para dividi-lo com os outros, que não para diante
das dificuldades; permanece fiei aos amigos, sempre.
E, ao fim da vida, o que fará diferença será ter vívido na bondade e na ami-
zade, agradecidos à vida que vivemos e aos outros (a quem acolhemos e por quem
fomos acolhidos).
É, pois, na qualidade de amigos, Humberto, que estamos aqui, hoje, na
terra das suas origens, de aventuras e desventuras, delícias e amarguras, fantasias e
desilusões, de amores e desamores, das saudades “daquele tempo”, de lembranças
e de esperanças, para a colheita de sua boa semeadura, na justa homenagem que
lhe prestam os seus conterrâneos, outorgando-lhe a merecida e honrosa distinção
como membro honorário da Academia de Letras de Teófilo Otoni, concessão que, no
nosso entendimento, tanto o enobrece, quanto faz mais valorosa e respeitada a pró-
pria Academia, por este nobre gesto de reconhecimento do seu merecimento. Gesto
que vem tocar fundo no coração de cada um desses seus amigos e conterrâneos
caratinguenses, do Movimento Amigos de Caratinga (MAC), da nossa imprensa, aqui
representada pelo jornal Diário de Caratinga, jornal A Semana, pela Rádio Cidade e
TV Super Canal, e de seus familiares.
Parabéns, amigo, por esta conquista! Parabéns, senhores imortais da ALTO,
pelo nobre gesto
Muito Obrigada!
114
grande parte da nossa população. Hoje é diferente; através da literatura escrita pelos
acadêmicos e alicerçada pelas diretorias da Academia de Letras de Teófilo Otoni, a
nossa cidade se tornou mais conhecida e valorizada, não só em nossa região, mais
em vários Estados. Quero aproveitar a oportunidade e parabenizar aos componentes
desta Instituição e incentivar a todas as pessoas que, de um modo geral, colaboraram
com a nossa Academia, que continuem; a fim de que, a cada ano, tenhamos os mes-
mos motivos alegres que estamos vivendo neste momento.
115
Academia de Letras de Teófilo Otoni
Histórico e Quadro Social
117
Fundada oficialmente em 20 de dezembro de 2002, é composta por 30
membros titulares e efetivos; cada cadeira é desginada numericamente e tem um
patrono, imutável, em homenagem a personalidades que tenham se notabilizado
nas letras, nas ciências, nas artes, na política, na educação e na imprensa.; conta
ainda com um quadro social de membros honorários, beneméritos, convidados de
honra e corespondentes. A entidade tem por objetivos: congregar pessoas que se
dediquem às atividades literárias e artísticas nas mais diversas formas de expres-
são; realizar estudos e pesquisas na área da literatura local e regional; promover e
incentivar a cultura através da realização de conferências, exposições, concursos,
cursos e outras atividades de natureza cultural; propagar o culto, o estudo, a exalta-
ção e a divulgação da vida e obra de personagens históricas e figuras literárias que
ajudaram a construir a grandeza do município e região; coletar, pesquisar, elaborar
e divulgar estudos e informações de cunho cultural, relacionados aos interesses da
entidade, e, por fim, promover o aprimoramente da língua pátria nos seus aspectos
científico, histórico e artístico.
Realiza, anualmente, a tradicional Noite do Café-com-Letras, com recital, lan-
çamento da Revista Literária Café-com-Letras, com trabalhos dos acadêmicos e con-
vidados especiais e, ocasionamente, posse de novos membros. Mantém a Biblioteca
Dª Didinha - espaço para difusão da cultura e incentivo ao hábito da leitura junto à comuni-
dade e o Núcleo de Documentação de Literatura Isaura Caminhas Fasciani - destinado
ao resgate, guarda e conservação de livros, documentos (manuscritos e iconográficos) e
demais objetos de valor histórico e cultural com referência à literatura no município de
Teófilo Otoni e região do Vale do Mucuri.
Desenvolve em parceria com a União Estudantil de Teófilo Otoni e Conse-
lho Municipal da Juventude, atividades de estímulo à leitura e escrita por meio da
realização anual do Prêmio Literário Jovem Escritor: Troféu Cultural Prof. Fábio
Pereira para os alunos na faixa etária dos 14 aos 29 anos, matriculados na edu-
cação básica e superior.
Outorga, anualmente, o Prêmio Academia de Letras de Teófilo Otoni: Troféu
Isaura Caminhas Fasciani - com o objetivo de reconhecer iniciativas de pessoas
físicas ou jurídicas, na área lítero-cultural quer como promotores, incentivadores ou
de produção do conhecimento com ações voltadas especificamente para o município
de Teófilo Otoni ou do Vale do Mucuri.O prêmio é distribuído nas seguintes modalida-
des: conjunto de obra literária; produção técnico científica e intelectual: dissertação,
ensaio, artigo científico, jornalístico ou monografia; expressiva atividade elevadora da
cultura teófilo-otonense: pessoas físicas, jurídicas ou veículos de comunicação so-
cial; livro do ano: por obra poética ou em prosa lançada no decorrer do ano; pessoas
jurídicas incentivadoras ou promotoras da arte e cultura no município e escritor ou
personalidade do ano.
Outrossim, concede a cada ano a Medalha de Mérito Cultural Dª Didinha -
destinada a homenagear pessoas físicas e jurídicas que tenham se destacado na
criação e promoção lítero cultural, através de atividades pertinentes às contribuições
literárias, culturais, artísticas, religiosas e pesquisas em favor do desenvolvimento da
pessoa humana e da sociedade teófilo-otonense ou pelo estabelecimento de políticas
e projetos para o desenvolvimento da educação, o ensino e civismo no município e
região do Vale do Mucuri.
118
Membros Titulares
Amenaide Bandeira Rodrigues
Antônio Sérgio Torres Ferreira
Antonio Jorge de Lima Gomes
Elisa Augusta de Andrade Farina
Hilda Ottoni Porto Ramos
Maria Laura Pereira da Silva Couy
Marlene Campos Vieira
Neuza Ferreira Sena
João Batista Vieira de Souza
José Geraldo Silva
José Carlos Pimenta
José Salvador Pereira Araújo
Leuson Francisco da Cruz
Leônidas Conceição Barroso
Lizia Maria Porto Ramos
Llewellyn Davies Antonio Medina
Marcos Miguel da Silva
Olegário Alfredo da Silva
Raquel Melo Urbano de Carvalho
Sérgio Abrahão Aspahan
Tadeu Raimundo Laert
Therezinha Melo Urbano de Carvalho
Wilson Colares da Costa
Wilson Ribeiro
Convidados de Honra
Dom Aloísio Jorge Pena Vitral
Gilson de Castro Pires
Guiomar Sant’Anna Murta
Hilda Ottoni Porto Ramos
Isaura Caminhas Fasciani – In memoriam
Luiz Gonzaga Soares Leal
Maria Laura Pereira da Silva Couy
Membros Honorários
Humberto Luiz Salustiano Costa
Ivan Claret Marques Fonseca (In Memoriam)
Sebastião José Lobo
Wilson Pires Neves
Membros Beneméritos
Arnaldo Gomes Pinto Júnior
Detsi Gazzinelli Jr.
Gilberto Ottoni Porto
Maria José Haueisen Freire
Theomar Sampaio Paraguassu
119
Membros Correspondentes
Adão Alves de Oliveira Filho – Uberlândia/MG
Alberto Slomp – Araraquara/SP
Alcione Sortica – Porto Alegre/RS
Alexandra Vieira de Almeida – Rio de Janeiro/RJ
Alexandre Cezar da Silva – Ocara/CE
Almir Fernandes de Souza – Nanuque/MG
Altamir Freitas Braga – Rio de Janeiro/RJ
Angelica Maria Villela Rebello Santos – Taubaté/SP
Antonia Aleixo Fernandes – São Paulo/SP
Arahilda Gomes Alves – Uberaba/MG
Benvinda da Conceição de Melo Lopo – Lisboa/Portugal
Bruno Resende Ramos – Teixeiras/MG
Carlos Henrique Pereira Maia – Niterói/RJ
Carlos Lúcio Gontijo – Santo Antonio do Monte/MG
Carmem Lúcia Hussein – São Paulo/SP
Carmem Terezinha Rodrigues Moraes – Porto Alegre/RS
Celso Gonzaga Porto – Cachoeirinha/RS
Charlene dos Santos França – Rio de Janeiro/RJ
Cícero Barbosa Teixeira – Inhapi/AL
Cláudio de Almeida – São Paulo/SP
Cláudio de Almeida Hermínio– Belo Horizonte/MG
Clevane Pessoa de Araújo Lopes – Belo Horizonte/MG
Cosme Custódio da Silva – Salvador/BA
Daniel Antunes Júnior – Belo Horizonte/MG
Darlan Alberto Tupinabá Araújo Padilha – São Paulo/SP
Décio de Moura Mallmith – Porto Alegre/RS
Dilercy Aragão Adler – São Luiz/MA
Elba Gomes de Andrade – Paranaguá/PR
Eliane Silvestre da Costa – Brasília/DF
Elizabeth Abreu Caldeira Brito – Goiânia/GO
Elmo Notélio – Frei Inocêncio/MG
Eloisa Antunes Maciel – São Martinho da Serra/RS
Else Dorotéia Lopes – Nova Lima/MG
Emerson Maciel Santos – Laranjeiras/SE
Fátima Cristina Sampaio Luiz – Belo Horizonte/MG
Fernando Catelan – Mogi das Cruzes/SP
Fernando da Matta Machado – Rio de Janeiro/RJ
Flávia Assaife Campos Almeida – Rio de Janeiro/RJ
Flaviana Tavares Vieira – Diamantina/MG
Flávio Sátiro Fernandes – João Pessoa/PB
Francisco Alves Bezerra – São Bernardo do Campo/SP
Francisco de Assis Dantas – João Pessoa/PB
Francisco José da Silva – Bom Jesus do Galho/MG
Francisco Martins Silva – Uruçui/PI
Francisco Soriano de Souza Nunes – Rio de Janeiro/RJ
Geraldo José Sant’Anna – São José do Rio Preto/SP
Gessimar Gomes de Oliveira – Montes Claros/MG
Gilmar da Silva Cabral – Rio de Janeiro/RJ
Gilmar Ferraz da Silva – Teixeira de Freitas/BA
120
Gleidston César Rodrigues Dias – Lagoa da Confusão/TO
Helena Selma Colen – Ladainha/MG
Helenice Maria Reis Rocha – Belo Horizonte/MG
Hélio Pedro Souza – Natal/RN
Hélio Pereira dos Santos – Contagem/MG
Ieda Cunha Cavalheiro – Porto Alegre/RS
Ilda Maria Costa Brasil – Porto Alegre/RS
Irineu Barone Costa – Belo Horizonte/MG
Isabel Cristina Silva Vargas – Pelotas/RS
Ivonette Santiago de Almeida – Brasília/DF
Jacqueline Bulos Aisenman – Genebra/Suiça
Jader Moreira Rafael – Nanuque/MG
Jane Guilherme da Silva Rossi – Guarulhos/SP
Janeuce Maciel Cordeiro – Turmalina/MG
Jean Albuquerque – Nova Viçosa/BA
Jelvisson dos Santos Nascimento – Salvador/BA
João Carlos de Oliveira Tórtora – Petrópolis/RJ
João de Souza Neres – Mata Verde/MG
João Marques de Oliveira Neto – Osasco/SP
João Santos Gomes – Medeiros Neto/BA
Johnathan Felipe Bertsch – Jaguará/SC
Joilson Maia dos Santos – Una/BA
Jorge Fregadolli – Maringá/PR
Jorge Henrique Vieira Santos – Nossa Senhora da Glória/SE
José Amalri do Nascimento – Rio de Janeiro/RJ
José Aparecido Araújo – São Paulo/SP
José Feldaman – Maringá/PR
José Geraldo Tavares – In Memoriam
José Moutinho dos Santos – Belo Horizonte/MG
Júlio César Bridon dos Santos – Gaspar/SC
Leandro Bertoldo da Silva – Padre Paraíso/MG
Lenival Nunes de Andrade – Catolé do Rocha /PB
Lilian de Sousa Farias – Aracaju/SE
Lucas Menck – Curitiba/PR
Lúcia Helena Pereira – Natal/RN
Luciana Tannus de Andrade – Aracaju/SE
Luciene Barros Lima – Salvador/BA
Lucilene Ianino Lima Peçanha – Belo Horizonte/MG
Lucivalter Almeida dos Santos – Nazaré/BA
Luiz Gonzaga Marcelino – Belo Horizonte/MG
Luiz Paulo Lírio de Araújo – In memoriam
Magali Maria de Araújo Barroso – Belo Horizonte/MG
Mamede Gilford de Meneses – Itapipoca/CE
Marcelo Allgayer Canto – Cachoeirinha/RS
Marcelo de Oliveira Souza – Salvador/BA
Márcia de Jesus Souza – Ribeirão das Neves/MG
Márcia Devincenzi Reis Terra – Águas Claras/DF
Marco Aurélio de Freitas Lisboa – Belo Horizonte/MG
Marcos Coelho Cardoso – Dourados/MS
Marcos Pereira dos Santos – Ponta Grossa/PR
121
Marcus Vinícius Bertolini Rios – Iúna/ES
Maria Aparecida Araújo Moreira Alves – Guarulhos/SP
Maria Cristina Carone Murta – Belo Horizonte/MG
Maria da Conceição Rodrigues Moreira – Belo Horizonte/MG
Maria da Glória Oliveira Brandão Marques – Itabuna/BA
Maria Helena Sleutjes – Juiz de Fora/MG
Maria José Alves Coelho – Brasilândia de Minas/MG
Maria Norma Lopes de Macedo – Turmalina/MG
Maria Telma Barbosa de Lima – São Paulo/SP
Marlene Bernardo Cerviglieri – Ribeirão Preto/SP
Marisa Fátima Andreatta – Dourados/MS
Marly Rondam Pinto – São Paulo/SP
Márson Alquati – Nova Roma do Sul/RS
Mauro Marques de Carvalho – Manaus/AM
Mônica Yvonne Rosemberg – São Paulo/SP
Nelci Veiga Mello – Campo Mourão/PR
Neri França Fornari Bocchese – Pato Branco/PR
Norma Disney Soares de Freitas – Fortaleza/CE
Nylton Gomes Batista – Cachoeira do Campos/MG
Odyla Pinto de Paiva – Rio de Janeiro/RJ
Ormuz Barbalho Simonetti – Natal/RN
Paulo André Gazzinelli – Belo Horizonte/MG
Paulo Cesar de Almeida – Andrelândia/MG
Paulo Dias Neme – São Paulo/SP
Paulo Murilo Carneiro Valença – Recife/PE
Paulo Roberto de Oliveira Caruso – Rio de Janeiro/RJ
Regina Batista Magalhães Silva – Bebedouro/SP
Renata Rimet Ramos Silva – Salvador/BA
Roberto de Piratininga Ferrari – Carapicuiba/SP
Roberto Prado Barbosa Junior – São Vicente/SP
Rodrigo Marinho Starling – Belo Horizonte/MG
Rogério Ferreira de Araújo – São Gonçalo/RJ
Rogessi de Araújo Mendes – Recife/PE
Rossana Monteiro Cruz – Aracajú/SE
Rossidê Rodrigues Machado – São Vicente/SP
Rozelene Furtado de Lima – Teresópolis/RJ
Sandra Avelino da Silva – São Paulo/SP
Sandra Helena Barroso – Santa Luizia/MG
Sandra Ramalho de Oliveira – Caratinga/MG
Stefany Nayara Santanna Alves – Guarulhos/SP
Teresa Cristina Carvalho Mércuri Azevedo – Campinas/SP
Valdeck Almeida de Jesus – Salvador/BA
Valdivino Pereira Ferreira – Turmalina/MG
Valter Bitencurt Júnior – Salvador/BA
Vânia Rodrigues Calmom – Vila Velha/ES
Vanina Miranda da Cruz – Salvador/BA
Varenka de Fátima Araújo Garrido – Salvado/BA
Vilson Barbosa Costa – Belo Horizonte/MG
Walter Teófilo Rocha Garrocho – Barbacena/MG
Weder Ferreira da Silva – Rio de Janeiro/RJ
122
Wilson de Oliveira Jasa – São Paulo/SP
Yara Regina Franco – Araraquara/SP
Zenir Izaguirre Carvalho – São Jerônimo/RS
123