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IMAGINÁRIO

A recusa em ver uma descontinuidade decisiva en-


De Cinéthique a tre as práticas de, por exemplo, Resson e Premin-
ger, é um flagrante caso de falsa consciência. Claro,

Maffesoli: qualquer um é livre para se deleitar com filmes que


provêm de práticas essencialmente antinômicas.

propostas para a
Mas... esta antinomia deveria ser reconhecida e as-
sumida, ... os críticos e especialistas em cinema de-
veriam ser responsabilizados por um ecletismo que
superação da iriam reconhecer e, como seria de se esperar, rene-
gar, em qualquer outro campo.

nostalgia Noël Burch e Jorge Dana, “Propositions” 2

modernista pelo
erudito e pelo
político em
teoria do
cinema1 O FATO DE a declaração de Burch e Dana
estar completando, ao final do milênio,
RESUMO seus vinte e cinco anos de existência, pode-
O alvo de nossas preocupações consiste nesta capacidade do ria de per si indicar sua desatualização, mes-
paradigma teórico modernista de sustentar posições entre os mo que se transpusesse seus exemplos
ensaístas contemporâneos. Mais especificamente, nos referi- para nosso cenário fin-de-siècle, ocupando
mos à teoria modernista-política elaborada no espaço edito- seu lugar, quem sabe, um Kusturica e um
rial das revistas Cinéthique, Cahiers du Cinéma e Screen, a partir Spielberg. Admitindo, naturalmente, que
do maio de 68 até meados da década de 70, e que resulta na apenas o passar do tempo não seja sufici-
influente triangulação de semiótica, marxismo e psicanálise ente para decretar a ultrapassagem do per-
que a um só tempo oferece a crítica do realismo clássico e a fil dicotomizante deste tipo de pensamen-
sustentação a uma vanguarda revolucionária. to, poderíamos então lembrar que o para-
digma teórico modernista de que os dois
ABSTRACT críticos são representantes dos mais desta-
This paper examines whether a modernist political theory of cados - e do qual o ensaio epigrafado é um
the cinema (as developed by the magazines Cinéthique, Cahiers dos pontos altos - tem experimentado todo
du Cinéma and Screen during the period 1968-70, combining um quadro de erosão conceitual que resul-
semiotics, marxism and psychoanalysis) is still capable of ta, desde já há quase duas décadas, na
sustaining relevant positions for debate. substituição de seu discurso canonizado e
consensual pela multiplicidade de pesqui-
sas de variada origem epistemológica que
hoje coabitam no espaço da teoria e crítica
cinematográficas. E se isso ainda não bas-
tasse, seria possível referir simplesmente
que vivemos hoje tempos pós-modernos,
em que a contraposição pura e simples en-
tre a produção mainstream hollywoodiana e
Fernando Mascarello o cinema modernista ou de vanguarda per-
Mestre em Comunicação Social dem completamente o sentido e a justifica-
FAMECOS/PUCRS ção teórica. A realidade, porém, apresenta

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um quadro diferente. Embora a reconheci- do espectador frente à obra fílmica que se
da verdade de todos os argumentos arrola- lhe antepõe como às necessidades plurais
dos, o fato é que o legado modernista - de deste no aproximar-se à fruição cinemato-
que a dicotomia cinema/contracinema aci- gráfica, a qual entendemos não se consti-
ma referida, juntamente com outras igual- tuir apenas de possíveis insights e experiên-
mente bem conhecidas, como prazer/des- cias de perfil erudito e/ou moralizante,
prazer, produção de ideologia/produção abrigando ao invés disto todo um leque de
de conhecimento, etc., constitui apenas a possibilidades existenciais por vezes re-
expressão mais popularizada e superficial - gressivas e mesmo politicamente incorre-
não apenas sobrevive, como permanece si- tas, mas corporificadoras de um cimento
nalizando a orientação de grande parcela ético/estético de natureza plural e contra-
da pesquisa promovida na área do cinema. ditória, típico da idade pós-moderna que
O alvo de nossas preocupações con- lhe envolve.4 Dentro desta ótica, proposi-
siste nesta capacidade do paradigma teóri- ções como a aceitação provisória mesmo
co modernista de sustentar posições entre do filme hollywoodiano mais reacionário,
os ensaístas contemporâneos. Mais especi- em nome de um prazer efêmero em uma
ficamente, nos referimos à teoria modernis- sala de cinema, parecem-nos uma opção
ta-política elaborada no espaço editorial necessária e que pode oferecer avanços teó-
das revistas Cinéthique, Cahiers du Cinéma e ricos significativos, o primeiro dos quais
Screen, a partir de maio de 68 até meados consistindo na libertação da teoria do cine-
da década de 70, e que resulta na influente ma dos grilhões da redutora moral moder-
triangulação de semiótica, marxismo e psi- nista. Acreditamos que este consentimento
canálise, que a um só tempo oferece a críti- nas contradições do espectador e em suas
ca do realismo clássico e a sustentação a necessidades mais primitivas ou infantis é
uma vanguarda revolucionária.3 Apesar de atestado de maturidade e de abertura à di-
duramente abalado, tal paradigma conti- ferença. Que não prejudica, haja vista esta
nua a reproduzir-se através de categorias mesma lógica da diferença, a fruição de
comuns aos vários modernismos estéticos produtos textual e culturalmente mais no-
do século, entre as quais se sobressaem o bres, nem tampouco eventuais comprome-
desprezo pela produção comercial de mas- timentos políticos, sejam estes sob forma
sa e o elogio e nostalgia pelo político. Seto- fílmica ou cívica de uma maneira geral,
res consideráveis da teoria e da crítica se- muito menos determina a constituição de
guem permeados por esta herança, insistin- subjetividades passivas e conformadas ao
do no ataque ao ilusionismo hollywoodia- status quo.
no e ao prazer cinematográfico seu corres- Quanto às razões para a resistência
pondente, conjugado às incansáveis denún- modernista em pleno apogeu da pós-mo-
cias de constituição ideológica da subjetivi- dernidade, são elas inúmeras, podendo
dade do espectador e de estímulo à sua constituir tema para amplo trabalho de in-
passividade. Paralelamente, o acesso desta vestigação. De momento, interessa-nos
crítica às obras produzidas permanece pau- aventar aqui um punhado delas, com vistas
tado pela busca de valores culturais e polí- a uma mais precisa localização de nossas
ticos ainda fascinados pelo amor modernis- propostas frente a esta problemática. A
ta ao progresso social, moral e estético. mais óbvia nos parece ser a tardia transição
Reconhecendo que o dissenso pós- para o pós-modernismo no cinema em ge-
modernista é hoje dominante no campo da ral e na sua teoria em específico, compara-
pesquisa em cinema, não nos confortamos tivamente aos demais meios artísticos, re-
porém ao constatar a insistente sobrevida sultado da retardada verificação das for-
deste tipo de crítica que nega reconheci- mulações alto-modernistas (o modernismo
mento tanto à capacidade de agenciamento político) na área, decorrência, por sua vez,

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do fato da própria configuração do meio e o exemplar mais representativo encontra-
da linguagem cinematográfica ter-se dado mos na descrição sociológica da pós-mo-
apenas neste último século. Por outro lado, dernidade apresentada pelo francês Michel
a teoria modernista-política imprime uma Maffesoli.
apropriação de noções pós-estruturalistas É uma aplicação do pensamento de
como as de desconstrução e escritura que Maffesoli à teoria do cinema que propomos
lhes furta o argumento antitotalizador tão no presente trabalho, com vistas a colabo-
caro a Derrida e ao último Barthes, apli- rar para a superação do desprezo pela cine-
cando-as na elaboração de uma noção logo- matografia de massa e da nostalgia pelo
cêntrica de desconstrução textual que dá comprometimento político caracterís-
origem aos binarismos acima mencionados. ticos do modernismo. Os provocadores
Quer-nos parecer que isto implica um apri- conceitos do sociólogo francês - entre os
sionamento temporário do potencial anti- quais, as idéias de que o político está mor-
modernista da diferença pós-estruturalista, to, sucedido pela celebração dionisíaca em
que tem de esperar até o final dos anos 70 rituais presenteístas, e de que a estética
para iniciar seu ataque ao assim chamado passa mais pela possibilidade da emoção
paradigma Metz-Lacan-Althusser. Além de compartilhada do que pela obra de alto va-
tudo isso, há que se reconhecer que a resis- lor textual - parecem-nos vir ao exato en-
tência da crítica modernista não é privilé- contro das necessidades de radicalização
gio da esfera cinematográfica – embora, em da influência pós-modernista no campo da
nosso entender, no campo do cinema seja teoria do cinema, com vistas à compreen-
ela ainda bastante mais significativa – sen- são e aceitação teóricas do gosto plural das
do a generalizada querela modernos x pós- platéias e da produção por elas consumida.
modernos a expressão mais óbvia disto. E As abordagens sociológicas ao cinema
por fim, lembremos que, em todas as áreas, evidentemente não constituem novidade,
muitas das linhas hoje freqüentemente tendo gerado uma multiplicidade de estu-
identificadas com o pós-modernismo são dos que Francesco Casetti agrupa em qua-
instrumentos, de modo mais ou menos tro grandes áreas: a investigação dos aspec-
consciente, de um projeto maior de resgate tos sócioeconômicos da indústria cinemato-
das ambições modernistas, em que estas gráfica, a descrição do cinema como insti-
últimas são reapresentadas de forma revi- tuição social, as relações entre cinema e in-
sada e atualizada às conquistas teóricas dústria cultural e a aproximação ao filme
responsáveis pela ascensão do pós-moder- como representação do social.5 Aliás, uma
nismo. transposição das propostas de Maffesoli ao
É justamente neste último ponto que cinema de imediato se filia a uma destas
localizamos a possibilidade mais profícua linhas, a da abordagem deste como institui-
de intervenção teórica com vistas ao com- ção social tal como o faz Edgar Morin, em
bate ao legado modernista-político. A teo- suas elucubrações em torno do público ci-
ria do cinema tem assimilado, dentre as ca- nematográfico e de sua necessidade de cinema
tegorias do pensamento pós-moderno, ba- como exercício coletivo da imaginação.6
sicamente aquelas que ainda se predis- Embora sem negar esta filiação, a qual
põem a um casamento, embora em termos valorizamos como autorização à nossa pro-
já renegociados, com o apego modernista posta – sem mencionar que a própria obra
ao político e ao erudito. O que se faz neces- de Maffesoli, como um todo, em muito
sário, então, é a introdução ao campo cine- deve a linhas de trabalho abertas, entre ou-
matográfico de teorias mais radicais do tros, por Morin – preferimos amarrar os
pós-moderno, que não mais aceitem o diá- conceitos sociológicos do pensador francês
logo com as imposições morais e elitizan- à teoria do cinema de um modo distinto do
tes do modernismo em decadência. Destas, dos trabalhos comumente desenvolvidos

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em sociologia do cinema, no sentido de senhe uma noção mais clara das teorias e
buscar uma articulação destas noções com conceitos envolvidos em nossa proposta.
o corpo mais central da teoria, o da pesqui- Nossa hipótese, pois, é de que a utilização
sa que parte da apreciação da obra cinema- do pensamento de Maffesoli, com fins de
tográfica. Isto não significa que pensemos suplantar as categorias modernistas ainda
ser o texto o monumento ao redor do qual operantes, é o destino lógico de todo este
devam apenas orbitar espectador e crítica; processo de deslocamento conceitual, inici-
precisamente ao contrário, em nosso enten- ado no coração do próprio modernismo
dimento é o modernismo político que, de político cinematográfico, que leva do radi-
modo totalizante, eleva em grau máximo o cal determinismo textual modernista às te-
texto à condição de determinador absoluto orias contextuais da recepção, deslocamen-
do espectador. O que nos leva a pretender to que demarca, em lhe sendo paralelo, a
amarrar o pensamento de Maffesoli à in- trajetória da teoria do cinema em seu per-
vestigação, digamos assim, semiológica na curso rumo ao pós-moderno. Este parale-
área da teoria do cinema é a convicção de lismo histórico entre o deslocamento con-
que esta articulação torna possível cons- ceitual referido (do texto ao contexto) e o
truir um panorama teórico que, ao fornecer deslocamento da teoria do cinema como
uma imagem mais clara das diferenças e um todo (do modernismo ao pós-moder-
contrastes entre os campos modernista e nismo), em nosso entender, indica perfeita-
pós-modernista (entre os quais justamente mente bem a inclinação pós-moderna ao
o declínio da importância concedida ao tex- plural e ao local (contemplados pela aber-
to), demonstre a premência lógica e mani- tura ao contexto e ignorados pelo império
festa da ultrapassagem do conceitual eliti- do texto). E a sociologia de Maffesoli é to-
zante e engajado do modernismo político. mada como a opção mais apropriada para
Esta convicção se funda sobre nossa dar continuidade a este duplo percurso,
percepção de que o gradativo abandono do pela sua capacidade em satisfazer simulta-
determinismo textual modernista-político, neamente a ambas as angústias apresenta-
que resulta na abertura da teoria às influên- das: a busca pelo contexto e a pelo pós-
cias do contexto sobre a recepção das obras moderno.
fílmicas, é quem baliza a passagem do mo- Mas examinemos ainda mais a fundo
dernismo ao pós-modernismo em teoria do o deslocamento conceitual identificado. Em
cinema. Assim, a utilização de uma socio- primeiro lugar, o que denominamos deter-
logia das audiências informada pelas pro- minismo textual é o conceito sobre o qual
posições de Maffesoli é tomada como a se funda toda a arquitetura teórica moder-
conseqüência lógica e necessária deste des- nista pós-68, apregoadora do trabalho for-
locamento conceitual: do auge do determi- mal de desconstrução do cinema mainstream
nismo textual modernista-político de Ciné- com fins revolucionários. Segundo esta di-
thique e Cahiers du Cinéma passa-se às teori- retriz conceitual, é o texto o constituidor
as da recepção centradas no contexto - cuja unilateral de seu espectador, restando a
consolidação e sistematização podem ser este último a insignificante tarefa de avali-
encontradas na autora norte-americana Ja- zação fenomenológica da obra e, evidente-
net Staiger7 – culminando, em nosso enten- mente, a condição de objeto de posiciona-
der, na necessidade ainda não atendida de mento pelo discurso fílmico. Tal determi-
uma compreensão dos influxos contextuais nismo das formas textuais, entretanto, já de
da formação social pós-moderna sobre as longa data vem recebendo inúmeras inda-
leituras e os prazeres das audiências com gações em torno de sua justificação episte-
as obras cinematográficas. mológica e teórica, processo que se inicia
Aqui se faz necessário uma certa ex- dentro das próprias hostes modernista-po-
plicitação das idéias acima, para que se de- líticas, que procuram, em um movimento

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de autocrítica, revisá-lo na busca de um es- neste final de século.9 Simplesmente cha-
paço textual para o espectador que habilite mamos a atenção para um fenômeno ao
este a um papel também constituidor quan- qual não se tem dedicado muita reflexão,
do do encontro com o filme. Esta autocríti- mas que é de per si bastante evidente: o pós-
ca se deve ao fato de que, se a promoção de modernismo em teoria do cinema ganha es-
uma prática teórica8 pela obra modernista paço na medida em que esta se afasta de
só tem sentido na tentativa de intervir so- sua obsessiva preocupação com a forma
bre a subjetividade do espectador, a nega- textual e se abre para as contribuições
ção absoluta do agenciamento deste frente aportadas pelo contexto sociocultural his-
ao texto só faz oferecer uma outra versão toricamente verificado. Frisamos novamen-
da alegada prática ideológica interposta te que tal paralelo faz bastante sentido,
pelo filme ilusionista hollywoodiano. Mi- uma vez que as conquistas das teorias con-
nado, então, por contradições epistemoló- textuais em seu campo específico de análi-
gicas desta natureza, para as quais fatal- se (relação texto/espectador), quais sejam,
mente não consegue oferecer soluções, o a pluralização, relativização, e considera-
cânone modernista revolucionário recebe, ção das peculiaridades locais e pontuais de
ao final da década de 70, o aporte das críti- seu objeto de pesquisa, representam perfei-
cas oriundas dos estudos culturais britâni- tamente os avanços trazidos pelo cenário
cos, imbuídas da necessidade de conside- pós-moderno em teoria do cinema como
rar as determinações extratextuais trazidas um todo, tanto se consideramos a plurali-
pelas audiências em suas leituras fílmicas. dade de seu conjunto como o pluralismo
É desta conjunção que, paulatinamente, que orienta a parte mais atualizada de seus
formam-se as referidas teorias da recepção trabalhos.
centradas no contexto, que permanecem Duas outras razões acrescentamos ain-
orientadas pelo marxismo, mas já respon- da para a articulação teórica entre a socio-
dem a muitas das concepções filosóficas do logia de Maffesoli e o corpo central da teo-
pós-estruturalismo, conseguindo superar, ria do cinema, ou, mais especificamente, o
pois, algumas das malfadadas oposições percurso que conduz do modernismo pós-
binárias modernistas. Em outras palavras, 68 aos estudos da recepção centrados no
o consenso teórico modernista-político em contexto. Uma delas diz respeito à oportu-
cinema experimenta sua progressiva ero- nidade singular de acolhimento da descri-
são, cedendo espaço ao pós-modernismo, ção sociológica maffesoliana pelas teorias
na medida em que sua noção central de for- contextuais como a de Staiger. Muito em-
ma textual constituidora do espectador gra- bora estas duas linhas de trabalho perten-
dativamente perde consistência teórica, re- çam a tradições acadêmicas rivais, virtual-
sultando, já nos anos 80, na ascensão das mente excludentes, a verdade é que a cate-
teorias que se voltam não apenas para os goria do contexto, tal como trabalhada pela
efeitos textuais, mas para o momento de re- norte-americana e seus colegas, abre portas
cepção da obra fílmica como ponto de con- para a consideração de todo e qualquer
vergência entre texto, espectador e contex- empreendimento teórico que contem-
to. ple tal categoria como objeto. A própria au-
Observe-se que não pretendemos su- tora reconhece que os estudos de recepção,
gerir que o cenário pós-moderno em teoria dentro dos quais posiciona seu trabalho,
do cinema possa se resumir ao espaço cir- “encorajam uma pluralidade de observa-
cunscrito das teorias contextuais da recep- ções filosóficas e críticas que possam ilumi-
ção fílmica; estas constituem, obviamente, nar um estudo de caso histórico”, devendo
apenas uma dentre as inúmeras linhas de os pesquisadores da recepção apelar a
trabalho, com objetos e fundamentações “todo e qualquer método razoável de aná-
epistemológicas os mais diversos, ativadas lise.”10 O pós-marxismo representado por

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Staiger, herdeiro dos estudos culturais bri- justaposição das noções avançadas por
tânicos, não pode pois negar reconheci- cada um dos autores. O que não significa,
mento a nenhuma contribuição que compa- porém, que a aproximação não produza
reça para enriquecer a compreensão do efeitos teóricos, os quais pretendemos atin-
contexto em que se efetua a recepção da gir na ultrapassagem, pela teoria do cine-
produção cinematográfica, seja do ponto ma, do legado modernista-político de des-
de vista sociológico, histórico, cultural, prezo pelo comercial e de nostalgia pelo
econômico ou qualquer outro, e, o mais im- engajamento.
portante, seja qual for sua filiação episte- Há talvez certo grau de ironia em que
mológica. Esta abertura é condizente, aliás, se postule uma aplicação das teorias con-
com o conceitual pós-estruturalista assimi- textuais de recepção da obra cinematográfi-
lado por Staiger, patente no destaque por ca apelando a um pensador abertamente
ela dado tanto à multiplicidade discursiva pró-pós-moderno como Maffesoli. O pós-
constituidora das audiências como à singu- marxismo de Staiger e seus pares, embora
laridade das interpretações pontuais dos não comparável a posições mais conserva-
espectadores. De modo que a teoria do doras de esquerda como a de Fredric Jame-
contexto da recepção fílmica pelas audiên- son, por exemplo, ocupa hoje, no mundo
cias é, na verdade, uma teoria dos contex- acadêmico, espaço anteposto ao de teóricos
tos: estes são múltiplos, locais, provisórios. pós-modernos como Maffesoli. Mas este
E tanto é assim que a noção de contexto da confronto entre autores tão díspares, antes
autora procura responder pelas contingên- de constituir problema, parece-nos criar li-
cias as mais diversas, alcançando desde os nhas de trabalho inovadoras, pois do em-
influxos mais restritos da situação pura- bate entre diferentes é que se aprimora o
mente individual, momentânea e provisó- estudo científico.
ria de acesso à obra fílmica, até as determi- Além disso, um diálogo como este
nações mais abrangentes de discursos e for- pode vir a preencher lacunas importantes
mas culturais de expressão social generali- na obra de uma das correntes, como o é a
zada, como o momento histórico, contexto ausência, nas teorias contextuais, de refe-
político, etc., passando por determinações rências à influência do cenário cultural pós-
intermediárias de agrupamentos como moderno sobre as leituras fílmicas, o que
raça, gênero, classe social e outros. Natural- nos introduz à última razão por nós identi-
mente, em nosso entender o contexto da ficada para proceder à articulação entre a
formação sociocultural pós-moderna é, sociologia pós-moderna e a trajetória do
hoje, fator imprescindível na apreciação pós-68 às teorias do contexto. Menciona-
das leituras fílmicas. mos, mais acima, o fato de que a maior par-
A categoria-ponte do contexto nos ha- te das categorias do pensamento pós-mo-
bilita, pois, a amarrar a sociologia pós-mo- derno que têm sido recebidas pela teoria
derna de Maffesoli à teoria representada do cinema são justamente aquelas que ain-
por Staiger e, através desta, ao percurso da oferecem espaço às angústias modernis-
mais amplo da teoria do cinema que a leva tas de politização da obra de arte e de críti-
do modernismo político de Cinéthique e ca ao produto cultural de massa. Pois bem,
Cahiers ao dissenso pós-moderno. Na ver- as teorias contextuais da recepção fílmica
dade, a articulação com as teorias do con- são um exemplo flagrante disto. Examinan-
texto, tal como explicitada acima, em últi- do o trabalho de Staiger e seus colegas, faz-
ma instância não institui um verdadeiro ca- se logo uma dupla constatação: por um
samento teórico, uma vez que não temos lado, de que sua preocupação central con-
como objetivo a proposição de conceitos siste em investigar a disputa política trava-
que seriam o resultado final da síntese dos da entre discursos que pretendem intervir
dois corpos teóricos, mas tão-somente uma sobre o contexto da recepção fílmica, atuan-

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do sobre seu consumo e interpretação; e de tra
outra parte, de que, apesar de se apresenta- comercial, como destino lógico do
rem como estudos centrados no contexto, deslocamento examinado. Neste sentido,
não fazem alusão alguma, mesmo como entendemos que é o modernismo político
ilustração, ao contexto cultural pós-moder- que pode produzir o máximo contraste
no. Pois esta omissão é decorrência precisa- com as teorias mais radicais do pós-moder-
mente das expectativas de transformação no como a de Maffesoli. Não fosse por isto,
política e social que ainda direcionam a poderíamos tomar, como ponto de partida
pesquisa destes autores - como não pode- do deslocamento, teorias textuais que pre-
ria deixar de ser, aliás, em trabalhos de li- cederam a Cinéthique e ao Cahiers pós-68, de
nhagem materialista histórica - e que os fa- que os exemplos mais que óbvios seriam a
zem evitar, em função da incompatibilida- primeira e a segunda semiologias do cine-
de de objetivos, especulações pós-moder- ma, organizadas, sucessivamente, em torno
nas que relativizem a categoria do político, dos dois primeiros livros de Christian
como é o caso da sociologia de Maffesoli. Metz.11 O que distingue estes diferentes
Esta reticência em avaliar de modo mais avatares do determinismo textual, para
profundo o impacto cultural do pós-mo- nossas intenções, é o fato de o modernismo
derno nos parece justificar, ainda uma vez, estar expresso, no modernismo político
a assimilação do pensamento maffesoliano pós-68, no grau máximo de suas ambições.
pela teoria do cinema: se há um desloca- Em contraste com o rigor classificatório,
mento conceitual e histórico - consolidado neutro e de restrita aplicabilidade política
no advento dos estudos de recepção centra- imediata, característicos dos conceitos da
dos no contexto - que leva do modernismo semiótica da década de 60, Fargier, Baudry,
político ao pós-modernismo na teoria, Burch e seus colegas, sob os efeitos devas-
cumpre que façamos este deslocamento tadores do maio francês, se pautam acima
por completo, até suas últimas conseqüên- de tudo pela luta política através do cine-
cias, abrindo espaço para pensar o contexto ma, jamais dela abrindo mão; em sua obra,
a partir de teorias ainda mais radicais do a teoria nunca foi tão politicamente radical
pós-moderno. O que significa, em nosso e revolucionária. Já no aspecto da elitização
caso, ativar os estudos contextuais para um e do desprezo à cultura de massa, pro-
exame dos influxos e determinações da for- põem a oposição binária cinema comerci-
mação sociocultural pós-moderna segundo al/contracinema mais segregadora da his-
Maffesoli. tória da teoria do cinema, excluindo de seu
Aliás, é esta percepção da necessida- cânone olímpico até mesmo baluartes do
de de radicalizar, de conduzir ao extremo o modernismo de autores como Fellini, Res-
deslocamento conceitual e epistemológico nais e o primeiro Godard, que recebem a
apontado – razão pela qual se opta pela tarja de filme-arte comercial. E por fim, sua
obra de Maffesoli – que explica também obra aprofunda o textualismo modernista
nossa identificação do marco teórico inicial ao agregar-lhe uma extensa teoria do posi-
de tal deslocamento nas propostas moder- cionamento subjetivo produzido pelas for-
nista-políticas do pós-68. Como salientado mas textuais. Peter Wollen12 bem sintetiza
anteriormente, a escolha pela amarração da esta qualidade de ponto de convergência
sociologia maffesoliana ao corpo central da dos anseios modernistas exibida pelo mo-
teoria do cinema tem como expectativa o dernismo político, em sua conhecida avali-
desenho de um quadro teórico que subli- ação deste como o tão ansiado encontro en-
nhe as diferenças profundas entre o moder- tre modernismo e semiologia, assim como
nismo e o pós-modernismo, tornando cla- o faz também Sylvia Harvey, ao referir-se à
ras a lógica e urgência da superação da aliança modernista-política entre as análi-
nostalgia modernista do político e do con- ses semiológica e ideológica.13

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O que propomos, pois, é um percurso ção clara por uma epistemologia fundada
em dois momentos: primeiramente, uma sobre o plural, o complexo e o relativo.
investigação do percurso que leva do mo- Bem de acordo, aliás, com os pressupostos
dernismo político inaugurado por Cinéthi- alinhados por Michel Maffesoli em seu O
que e Cahiers às teorias da recepção centra- Conhecimento Comum.
das no contexto, estabelecendo um mapea- Como primeira implicação deste com-
mento conceitual do deslocamento das prometimento epistemológico, temos a ne-
atenções, na teoria, do texto para o contex- cessidade do evitamento da sobredetermi-
to, objetivando com isto demonstrar a lógi- nação da noção de “teoria pós-moderna”,
ca e a necessidade de se dar seqüência a de que decorre a reintrodução do pensa-
esta trajetória através do estudo do impac- mento dicotomizante através de um par de
to cultural do pós-moderno sobre o contex- opostos ontológicos “modernismo/pós-
to da recepção fílmica; seguida de uma ve- modernismo”. É interessante frisar, por ou-
rificação das conseqüências deste cenário tro lado, que isso não exclui a possibilida-
sóciocultural pós-moderno, como descrito de do uso de noções antinômicas como ci-
por Maffesoli, sobre as audiências e sua re- nema-comercial ou cinema-arte a título
cepção das obras cinematográficas. Com provisório e com fins operacionais, de de-
isto, intentamos realizar uma intervenção terminação de objetos. Talvez precisemos
sobre o corpo da teoria do cinema no senti- de uma paulatina transição, inclusive voca-
do da ultrapassagem da resistência moder- bular, para que se complete a superação de
nista ao comercial e de seu amor ao políti- nossa dependência para com essas defini-
co e moral, paralela à proposição de um ções operacionais; ou, paradoxalmente,
reconhecimento da capacidade de negocia- quem sabe imponha-se o reconhecimento
ção do espectador e da multiplicidade de de que tais definições são imprescindíveis,
prazeres por ele esperados em sua relação integrantes de um cotidiano que não carece
com o cinematográfico. de uma atitude permanentemente inserida
no politicamente correto.
Dentro desses parâmetros epistemoló-
Post scriptum gicos mais clarificados, é possível redefi-
nirmos a nostalgia modernista pelo erudito
As formulações apresentadas no pre- e pelo político, identificada como sobrevi-
sente ensaio foram desenvolvidas durante vente na teoria do cinema de final de sécu-
nosso trabalho de dissertação de mestrado. lo, em termos de uma renitente “prioriza-
Sendo assim, pensamos ser produtivo ção redutora” concedida aos juízos políti-
acrescentar algumas reflexões de caráter cos, estéticos e morais quando do acesso à
epistemológico a que temos procedido e obra cinematográfica e sua recepção. Esse
que terminam por qualificar certas posi- novo recorte encaminha soluções a um só
ções expressas no texto mas que não alcan- tempo mais realistas e mais coerentes com
çavam, ao tempo da redação do ensaio (de- uma perspectiva pluralizante. Podemos, a
zembro de 1998), um suficiente equilíbrio partir disso, reclamar que é uma indispen-
teórico. sável relativização destes juízos, no sentido
Temos percebido que a perfeita ultra- de torná-los tão-somente contingentes, que
passagem do perfil reducionista legado produzirá os espaços para a afirmação teó-
pela teoria modernista-política requer a in- rica do prazer espectadorial com o cinema
trodução de categorias que não venham de massa, e mais ainda, para a constituição
reincidir ou reapresentar as dicotomias e de uma teoria do espectador verdadeira-
totalizações de que ela é máxima represen- mente plural.
tante. Acreditamos que o requisito necessá- Esse movimento de relativização vem
rio para a execução deste objetivo é a op- apenas melhor refletir o comportamento

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cultural das audiências, cada vez mais obser- Narboni, Jean-Louis Comolli, Gérard Leblanc, Jean-Paul
vado na pós-modernidade, que opta por Fargier e o Christian Metz de Le signifiant imaginaire (Paris:
uma pluralização de suas eleições com fins UGE, 1977), na França; e Noël Burch, Stephen Heath,
presenteístas e pontuais, capaz de suspen- Peter Wollen, Laura Mulvey e Colin MacCabe, na Ingla-
der, ainda que provisoriamente, os julgamen- terra. Estes autores escrevem entre 1969 e o final da dé-
tos pertinentes ao ideológico, ao belo e ao cada de 70 nas revistas Cinéthique, Cahiers du Cinéma, Screen
moral. E é justamente o reconhecimento des- e Afterimage, entre outras, e desenvolvem a triangulação
ta postura exemplar do espectador que, por mencionada entre semiótica, marxismo althusseriano e
fim, nos instiga a sugerir que uma teoria da psicanálise lacaniana, com vistas a fundamentar e/ou
recepção efetivamente plural deve propor ja- apreciar o contracinema da vanguarda revolucionária de
mais a expugnação mas a coexistência, orien- cineastas como o Godard do grupo Dziga Vertov,
tada pela categoria fundamental do contin- Straub-Huillet, Oshima e Peter Gidal. De acordo com o
gente, de perspectivas científicas em princípio autor que a examina, ou a delimitação que lhe é dada, a
contraditórias. Essa multiplicação de pontos teoria modernista-política é conhecida por vários outros
de vista, que pode ora eleger abordagens dis- cognomes, tais como “paradigma Metz-Lacan-Althus-
ciplinares mais identificadas com o político e ser” (Casetti), “teoria contemporânea do cinema”
o estético, ora preferir aquelas que atentem (Lapsley e Westlake), “desconstrução” (Xavier), “Screen-
aos aspectos lúdicos, mistificatórios, presen- theory” (Hollows e Jankovich), ou “subject-position theory”
teístas do indivíduo e da socialidade, com (Bordwell).
certeza é capaz de melhor respeitar a riqueza
sócioantropológica das audiências – e da ins- 4 Michel Maffesoli, No fundo das aparências (Petrópolis, RJ:
tituição cinematográfica de que elas são, em Vozes, 1996).
última instância, constituidoras.
5 Francesco Casetti, Teorias del cine (Madrid: Catedra, 1994):
Junho de 1999 ■ 127-152.

6 Edgar Morin, “Recherches sur le public cinématogra-


Notas phique”, Revue International de Filmologie 12 (1953) e Le
cinéma ou l’homme imaginaire (Paris: Minuit, 1956).
1 O presente trabalho foi apresentado no GT de Cinema,
Vídeo e Fotografia do 80 Compós, realizado entre 10 e 4 7 Janet Staiger, Interperting films: studies in the historical
de junho de 1999 em Belo Horizonte, MG. reception of American cinema (Princeton: Princeton University
Press, 1992).
2 Noël Burch e Jorge Dana, “Propositions”, Afterimage 5
(Summer 1974): 40. 8 As noções althusserianas de prática teórica e ideológica
são transpostas para a área do cinema em ensaios como,
3 O conceito de modernismo político foi cunhado inicial- por exemplo, o de Jean-Paul Fargier, “La parenthèse et le
mente por Sylvia Harvey, em seu “Whose Brecht? détour”, Cinéthique 5 (Septembre/octobre 1969), traduzi-
Memories for the eighties: a critical recovery”, Screen 23, 1 do para o inglês como “Parenthesis or indirect route”,
(May/June 1982) e desenvolvido por David Rodowick em Screen 12, 1 (Summer 1971).
The crisis of political modernism: criticism and ideology in
contemporary film theory (Berkeley: University of California 9 Um panorama brevíssimo sobre o cenário atual da teoria
Press, 1994). Rodowick o utiliza para denominar o cam- do cinema teria de fazer referência pelo menos aos se-
po discursivo (noção tomada a Michel Foucault) com- guintes fenômenos: a hegemonia das abordagens domi-
posto por teóricos do cinema e cineastas da vanguarda nadas pela lingüística estrutural cede espaço aos esforços
político-semiológica do pós-68. No presente trabalho, teo- baseados na fenomenologia, de há muito esquecidos, e
ria modernista-política se refere basicamente à produção dos do cognitivismo; o trabalho pela reconstrução das identi-
ensaístas abrangidos pelo conceito de Harvey e Rodo- dades marginais (gênero, raça, terceiro mundo) afirma-se
wick, entre os quais se destacam Jean-Louis Baudry, Jean a partir da senda micropolítica inaugurada por Foucault;

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as explicações psicanalíticas para os efeitos do cinema FEATHERSTONE, Mike. Cultura de consumo e pós-modernismo.
sobre o espectador buscam novas possibilidades fora do São Paulo: Studio Nobel, 1995.
horizonte restrito do lacanismo, enquanto a pesquisa
epígona de Deleuze reabre espaços na área da subjetivi- FRIEDBERG, Anne. Window shopping: cinema and the postmodern.
dade e do imaginário; o totalitarismo althusseriano so- Berkeley and Los Angeles:California University Press,
brevive em um aparentado jamesonismo nostálgico e 1993.
elitista, em embate com os argumentos já irresistíveis
pelo reconhecimento do cinema popular, por sua vez HARVEY, Sylvia. “Whose Brecht? Memories for the eighties:
localizáveis tanto sob a forma de um neo-marxismo típi- a critical recovery”. In Screen 17, 1 (Spring 1976).
co dos estudos culturais britânicos como sob o manto da
celebração pós-moderna propriamente dita de qualquer HARVEY, Sylvia. May 68 and film culture. London: British Film
manifestação de massa; na Europa, a alma semiológica Institute, 1978.
mantém-se viva com os estudos narratológicos e semio-
pragmáticos; multiplicam-se as pesquisas historiográfi- HOLLOWS, Joanne; JANCOVICH, Mark (org.). Approaches to
cas; e, por fim, procura-se com urgência por uma poética popular film. Manchester and New York: Manchester
e sociologia do pós-modernismo. University Press, 1995.

10 Staiger, op. cit., 10. HUTCHEON, Linda. Poética do pós-modernismo. Rio de Janeiro:
Imago, 1991.
11 Christian Metz, Essais sur la signification au cinéma (Paris:
Klincksieck, 1968) e Langage et cinéma (Paris: Larousse, HUTCHEON, Linda. The politics of postmodernism. London and
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12 Peter Wollen, Signs and meaning in the cinema (Bloomington HUYSSEN, Andreas. “Mapeando o pós-moderno”. In Pós-mo-
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13 Sylvia Harvey, op. cit. introduction. Manchester: Manchester University Press,
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