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Sem receio de errar, podemos dizer que nada nesta vida acontece de repente ou
instantaneamente. Tudo toma o seu tempo de maturação até o desabrochar dos
acontecimentos. a superveniência do ato final. Para ilustrar o raciocínio, podemos pensar na
imagem da última gota d’água que faz o copo cheio transbordar.
A ideia que se quer ressaltar (deve-se ter sempre em mente) é que essa última gota (por mais
impressionante que seja) é apenas o ato final de um processo que começou com a primeira
gota despejada no copo. E que inúmeras outras gotas foram necessárias para encher o copo.
A ideia (teoria) e a prática de compliance, da mesma forma, é fruto de um longo processo até
os dias de hoje, sendo que, no Brasil, a gota d’água que levou o copo a transbordar foi a
entrada em vigor da Lei 12.846/2013 (chamada ‘lei anticorrupção’).
• Desempenho econômico
• Reforço ao direito sancionador
• Proliferação de normas
• Criação de estímulos ao cumprimento das normas de natureza ética, moral,
reputacional, econômica, financeira.
O compliance se afigura como pilar estrutural da boa governança. É pressuposto sine qua non.
Se não existe compliance não há boa governança.
Mas, e se uma empresa conseguir obter resultados econômicos expressivos violando normas e
regulamentos, valendo-se de práticas antiéticas como cartel ou corrupção?
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“Compliance bancário: fazer o certo é o único caminho para as instituições no País”. Disponível em:
http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/compliance-bancario-fazer-o-certo-e-o-unico-caminho-para-
as-instituicoes-no-pais/
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Por que agora?
Agora, mais do que antes, porque os efeitos negativos das práticas ilícitas são crescentes e
geram mais sofrimentos e a conscientização das pessoas em relação às causas dos efeitos
negativos também é muito maior agora.
Como nunca antes, as pessoas estão conscientes de que são atingidas pela má governança das
empresas. Os consumidores são afetados na medida em que pagam preços mais elevados por
produtos de menor qualidade, os trabalhadores pela perda dos postos de trabalho, os
acionistas pela perda de reputação e de valor da empresa, o Estado pela queda da atividade
econômica e da arrecadação, e assim por diante.
O fato é que, sobretudo, as empresas passaram a se interessar mais pela ideia de compliance
por duas razões precípuas:
Nesse sentido, está previsto na lei anticorrupção (art. 7º, inciso VIII, da Lei 12.846/2013,) que
o julgador deverá levar em consideração a existência de mecanismos e procedimentos
internos de integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e a aplicação
efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito da pessoa jurídica.
No mesmo sentido, dispõe a legislação antitruste como se depreende do art. 45 da Lei 12.529,
de 2011, quando determina que, na dosimetria da pena, há que levar em conta a boa-fé do
infrator.
Nessa linha a Lei Sarbanes Oxley, importante legislação aplicada nos Estados Unidos da
América, vem servindo de referência para todos os demais países. Por todo o mundo, as
empresas compreenderam que é imprescindível tentar identificar previamente os riscos de
compliance (risco de incorrer em violação a normas regulatórias), para atuar no sentido de
afastá-los ou mitiga-los.
Quanto mais exitosa for a empresa nesse intento, mais estará aumentando sua reputação,
credibilidade econômica, financeira e social. Nessa linha, é certo afirmar que uma boa gestão
do risco é essencial para o sucesso da empresa no mercado concorrencial.
De acordo com o art. 2º, da citada Resolução Nº 4.595, de 2017, as instituições financeiras
devem implementar e manter política de conformidade compatível com a natureza, o porte, a
complexidade, a estrutura, o perfil de risco e o modelo de negócio da instituição, de forma a
assegurar o efetivo gerenciamento do seu risco de conformidade (compliance).
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Já o artigo 5º da Resolução Nº 4.595, de 2017 trata da política de compliance das instituições
financeiras, nos seguintes termos:
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I, inclusive mantendo-os informados sobre as atualizações relevantes em
relação a tais itens;
Para afastar potenciais conflitos de interesses, o art. 8º, da Resolução Nº 4.595, de 2017,
prescreve que “a política de remuneração dos responsáveis pelas atividades relacionadas à
função de conformidade deve ser determinada independentemente do desempenho das áreas
de
negócios, de forma a não gerar conflito de interesses.”
Por fim, o artigo 9º da Resolução Nº 4.595, de 2017, traz para o Conselho de Administração a
obrigação de:
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conformidade sejam exercidas adequadamente, nos termos desta Resolução.
E isso vale também para as empresas do setor público. No caso do Brasil, podemos mencionar
o disposto no artigo 9º da Lei 13.303/16 (conhecida como Estatuto das Estatais), que impõe à
empresa pública e à sociedade de economia mista a obrigação de adotar regras de estruturas e
práticas de gestão de riscos e controle interno que abranjam: I - ação dos administradores e
empregados, por meio da implementação cotidiana de práticas de controle interno; II - área
responsável pela verificação de cumprimento de obrigações e de gestão de riscos; III -
auditoria interna e Comitê de Auditoria Estatutário.
Por tudo isso, pode-se afirmar que, ente outras coisas, é função do Compliance proteger a
própria pessoa jurídica para que possa cumprir a sua função econômica e social, enquanto
importante ativo social, impedindo que venha a ser utilizada para práticas nocivas à
sociedade.
Em outras palavras, é uma das principais funções do Compliance “garantir que a própria
pessoa
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jurídica atinja a sua função social, mantenha intactas a sua imagem e confiabilidade e garanta
a própria sobrevida com a necessária honra e dignidade”2.
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PLETI, Ricardo Padovini; DE FREITAS, Paulo César. A pessoa jurídica de direito privado como titular de
direitos fundamentais e a obrigatoriedade de implementação dos sistemas de "compliance" pelo ordenamento
jurídico brasileiro. XXIV Encontro Nacional do CONPEDI – UFS DIREITO, CONSTITUIÇÃO E CIDANIA:
contribuições para os objetivos de desenvolvimento do Milênio. Disponível em:
<http://www.conpedi.org.br/publicacoes/c178h0tg/o9e87870/OS7Xu83I7c851IGQ>
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