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Jornal Da Educa o 316 - 2018 PDF
Jornal Da Educa o 316 - 2018 PDF
IMPRESSO
A n o X X X I I- N º 316 - 11-1 2 / 2 018 - J o i n v i l l e - S C
Exemplar de assinante/anunciante
www.jornaldaeducacao.inf.br
Analfabetismo funcional.
Qual é o papel da família?
Por Janaína Spolidorio*
isolado, sem sentido para a criança. Ela deve Jornais escolares
estudantis
Vivemos um tempo de grandes mudanças.
Com o avanço da tecnologia, novas formas ser cobrada e incentivada fora da escola
de comunicação foram e continuam sendo também, para que se interesse pelo próprio
criados e elas têm um impacto gigantesco processo de aprendizagem e tenha maior
na aprendizagem social, em geral. Mesmo sucesso na alfabetização. É preciso que ela
com tantos avanços que temos, a quantidade sinta a necessidade de ler e escrever, que se
de analfabetos funcionais no país continua interesse por suas funções sociais. Por Alzemi Machado
alarmante. Cerca de três a cada dez adultos Apenas ler, codificando, não vale! É im-
estão dentro deste tipo de analfabetismo. portante verificar se a criança compreendeu
cívicos, patrióticos, higienísticos,
Chamamos de analfabeto funcional o in- o que acabou de ler. Quando a família lê um
excertos de livros escolares, trechos e
divíduo que tem dificuldade de compreender livro para a criança é legal fazer brincadeiras redações escolhidas por professores,
textos simples. Geralmente são pessoas que de perguntas sobre a história, por exemplo, entre outros temas.
conseguem ler decodificando, ou seja, dão para verificar se ela prestou atenção, se con- Obviamente, estas duas publica-
a impressão de leitura, mas esta leitura não segue lembrar dos detalhes da história. Cada ções destinavam-se a circulação de
é funcional, pois não há interpretação do pessoa aprende de uma forma diferente, a ideias e conteúdos literários voltados
que se lê. metodologia não tem total relevância nesta ao segmento estudantil ou que eram
Ser plenamente alfabetizado é uma neces- parte. produzidas no interior escolar por
sidade para que tenhamos sucesso em várias O que importa é o que se aprendeu e como diretores e professores sem o objetivo
áreas e a alfabetização deve ser encarada, aconteceu. O correto é perceber o modo de de suprir e adequar às necessidades
desde cedo, com muito seriedade, não ape- aprendizagem da criança para poder utilizar de ensino, estando assim, distante das
nas na escola, mas também pela família. O metodologias e estratégias que sejam efica- idealizações propostas por Decroly,
processo de alfabetização começa muito zes para ela. O que conta, contudo, nesta fase Freinet e outros defensores da Escola
cedo, ainda na Educação Infantil, quando de alfabetização, é o estímulo e o interesse. Ativa, chamados de escolanovistas.
a criança começa a ter contato com letras e Assim como aprendemos a andar andando, A partir do Decreto Estadual nº
números. Cabe à família incentivar, do modo aprendemos a falar, falando, também apren- 2.991, de 28 de abril 1944, o jornal
que melhor conseguir, para que a criança demos a ler lendo e a escrever escrevendo. passa a ser prescrito nas práticas de
tenha apoio nesta fase, que é vital para sua Aos poucos estas habilidades se ajustam. Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina ensino, tornando-se objeto da cultura
futura aprendizagem. O que acontece e que preocupa é que há material escolar, como parte inte-
A família pode – e deve - ajudar a criança ainda muitas pessoas que aprendem a parte grante das Associações Auxiliares
A criação de jornais escolares produzidos
incentivando a leitura de formas variadas. básica e não conseguem ultrapassar este da Escola, constituída pelo pelotão de saúde,
por estudantes ou pelo corpo pedagógico
Sempre que tiver contato com algo escrito, limite e é então que ocorre o analfabetismo caixa escolar, biblioteca, clube de leitura,
das escolas surgiu na Europa, a partir da
pode chamar a atenção da criança para as funcional. Por este motivo, é preciso estar clube agrícola, circulo de pais e professores,
primeira década do Século XX. Um dos
atento se a criança está realmente lendo liga da bondade, liga pró-língua nacional e
letras ( ou números ). Perguntar sobre as primeiros educadores a utilizar o jornal
e interpretando ou se apenas junta letras o museu escolar, que objetivavam oferecer
letras, fazer brincadeiras envolvendo leitura escolar foi o belga Jean-Ovide Decroly, no
e palavras, mas não entende o motivo da aos alunos a “oportunidade de exercitar
e escrita, incentivar anotações de lembretes ano de 1909, quando editou em seu estabe-
importância de fazê-lo. atitudes de sociabilidade, responsabilidade
do mercado, escrever lista com nomes para a lecimento de ensino O Correio da Escola.
A alfabetização é a época que irá impactar e cooperação escolar”.
festa de aniversário são situações cotidianas Entretanto, foi o educador francês Celes-
de forma memorável o restante dos anos de Diversos jornais passam a ser editados nos
que ajudam a chamar a atenção da criança tin Freinet (1896-1966) a partir de 1924,
aprendizagem, portanto deve-se sempre estar Grupos Escolares, Escola Normal, Escolas
para a função social da leitura e da escrita e que proporcionou grandes contribuições na
atento aos sucessos – e fracassos – deste Reunidas, Isoladas e Complementares, obje-
incentivam-na a se interessar pelo assunto. utilização do jornal impresso como aliado
período. Desta forma, é possível já incen- tivando cumprir às determinações advindas
Com tantos recursos para comunicação, indispensável no processo educacional, ao
tivar o aluno a buscar maior aprendizagem, das reformas escolares, sob a batuta do pen-
como as mensagens de voz, por exemplo, perceber que as crianças e adolescentes
evitando que tenha problemas futuramente. samento escolanovista.
pode acontecer deste estímulo ser afetado. O tinham a necessidade de expressar as suas
Neste sentido, a exposição que apresenta-
exemplo ainda é a melhor aprendizagem. Se ideias, e quando manifestavam, apresenta-
mos, tem como propósito divulgar o acervo
os pais não usam nunca a leitura e a escrita, vam considerável melhora no rendimento.
da Biblioteca Pública de Santa Catarina e da
a criança não tem um parâmetro de uso em Outro educador e médico de formação,
Hemeroteca Digital Catarinense (www.he-
casa e a escola, neste caso, se torna distante * Designer de atividades pedagógicas, Janaína Janusz Korczak (1878-1942), utilizou o
Spolidorio é formada em Letras, com pós-gra- meroteca.ciasc.sc.gov.br), particularmente,
de sua realidade. jornal em trabalhos junto às crianças pobres
duação em consciência fonológica e tecnologias os jornais produzidos por estudantes, estabe-
Atualmente há uma grande quantidade de aplicadas à educação e MBA em Marketing na periferia de Varsóvia, alcançando grande
lecimentos escolares, faculdades, entidades
crianças que apresentam demora na alfabeti- Digital. Ela atua no segmento educacional há êxito escolar.
mais de 20 anos e atualmente desenvolve estudantis e grupos de alunos, que de forma
zação e a culpa não é totalmente da escola. No Brasil e, particularmente em Desterro,
materiais pedagógicos digitais que complemen- autoral ou apócrifa, manuscrita, tipográfi-
Durante o período de estudo o professor pro- tam o ensino dos professores em sala de aula, foi editado em janeiro de 1868 o periódico
ca, mimeografa ou em off-set, ajudaram a
move o contato e situações de aprendizagem proporcionando uma melhor aprendizagem por A União: revista litteraria e noticiosa, elabo-
parte dos alunos e atua como influenciadora construir a história da imprensa escolar e
diversas, mas se o mesmo não ocorre fora rado pelos alunos do Colégio do Santíssimo
digital na formação dos profissionais ligados à estudantil em Santa Catarina.
do ambiente escolar, se torna um fenômeno área de educação. Salvador, vinculado à Companhia de Jesus,
Organizada sob curadoria do bibliotecário
tornando-se uma das primeiras publicações
Alzemi Machado, apresenta 44 títulos de
estudantis em solo brasileiro. Merece des-
jornais editados em cidades catarinenses
taque também o jornal A Escola, idealizado
no período de 1868 a 2012, expostos em
PROFESSOR: pelo professor João dos Santos Areão,
diretor do Grupo Escolar Jerônimo Coelho
doze painéis contendo capas digitalizadas e
impressas das publicações. A mostra ficará
na cidade de Laguna. O primeiro número
Seu trabalho resultou circulou em 1914, sendo editado sob res-
exposta no hall da Biblioteca Pública de
Santa Catarina no período de 29 de outubro
ponsabilidade da direção, contando com a
em aprendizagem? colaboração de professores e eventualmen-
a 26 de novembro de 2018, e a partir de 2019,
percorrerá diversas cidades catarinenses.
te, de alguns alunos. Abordava conteúdos
Mande sua sugestão de pauta:
Norberto Dallabrida é professor da Universidade do Estado de Santa Catarina
jornalismo@jornaldaeducacao.inf.br (UDESC) e Coordenador do Observatório do Ensino Médio em Santa Catarina
(OEMESC).E-mail:norbertodallabrida@gmail.com
www.facebook.com/Jornal da Educação
www.jornaldaeducacao.inf.br Jornal da Educacão - Nº316 2018 Pág. 3
Brasil é o país que menos valoriza o
professor. China é o que mais valoriza.
Pesquisa de opinião realizada pelo
Instituto Nacional de Pesquisa
RÁPIDAS cura para uma doença perversa, que voltou escolas é a polêmica do uso do celular.
à tona: o preconceito; que mata, que violen- Conscientizar sobre o excesso do uso (de
ta, que humilha e torna um inferno a vida pais, filhos e educadores) é tarefa da escola.
de quem não segue o padrão ditado. Desse modo, previne-se também muitos
2ª Drink Week - A 2ª Cabe à escola ser firme, resistir à pressão contatos indevidos dos jovens. Ao mesmo
Drink Week (Semana conservadora e populista, ajudar a esclare- tempo, a escola desenvolve nos jovens o sen-
de Drinks) acontece de cer, aceitar e respeitar a diversidade, pois so crítico e a conscientização de que os pais
14/11 a 2/12, em 16 isso é educar e dar sentido a quem não se precisam ter acesso ao aparelho, aos diálo-
restaurantes de Joinville,
Nesse período cada casa aceita, salvando vidas e valorizando a ética. gos dos filhos, ao histórico do computador.
irá oferecer duas opções Para isso, precisa-se investir em treinamen- Simples: tem adolescente colocando se-
da bebida nos valores de
SUICÍDIO: Debater,
R$ 15,00 e R$ 20,00. É
uma oportunidade para o
público consumir drinks
exclusivos desenvolvidos
pelos barmen da cidade.
Curta e siga informado ao desejo de morte (ou ataques violentos) mação humana para professores e também
em adolescentes e jovens, é o desespero de com os alunos e pais. Precisamos cobrar
se sentirem humilhados em seus grupos de políticos um conhecimento maior sobre
sociais: o bullying. a realidade dos adolescentes e jovens e o
As famílias precisam estar focadas na tema suicídio. Esta atenção reduz também
situação social dos filhos, na resistência de a violência, maior causa de mortes de jovens
ir à escola, no isolamento. Precisam ouvir em nosso país.