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EXTENSIVO OAB FINAL DE SEMANA

Disciplina: Direito Processual Penal


Prof.: Rogério Cury
Aula: 02
Monitor: Cristiano

MATERIAL DE APOIO - MONITORIA

Índice

I. Anotações de aula

I. Anotações de aula

Jurisdição e Competência

 Artigos 69 a 91 do CPP.

1. Critérios para fixação de competência

a) Competência em razão da matéria ou ratione materiae

No processo penal temos a justiça especial e a justiça comum.

Justiça especial  Eleitoral


 Militar

Justiça comum  Federal


 Estadual (residual)

Qualquer desrespeito a essa hipótese de competência gera incompetência absoluta, isso significa que
poderá ser reconhecida a qualquer momento, inclusive de ofício pelo juiz.

Assim, não há a possibilidade de prorrogação de competência.

Se envolver o interesse indígena coletivamente, competente será a justiça comum federal. Entretanto, se
não envolvermos o interesse indígena coletivamente, ou seja, crime praticado por índio ou contra índio, a
competência será da justiça comum estadual (súmula 140 do STJ).

A competência da justiça comum federal está prevista no artigo 109 da CF. Também será da competência
da justiça comum federal o crime praticado por ou contra funcionário público federal no exercício de suas
funções.

Crimes praticados a bordo de navios ou aeronaves também serão de competência da justiça comum
federal.

Atenção: Crimes que envolvem Banco do Brasil, que é uma sociedade de economia mista, serão julgados
pela justiça comum estadual (súmula 42 do STJ).

Todas as contravenções penais sempre serão julgadas pela justiça comum estadual (súmula 38 do STJ).
Se o tráfico de drogas é internacional ou transnacional, competente será a justiça comum federal.
Todavia, se o tráfico de drogas é entre Estados do Brasil, a competência será da justiça será comum
estadual.

Os Prefeitos serão julgados pela justiça comum federal quando a União repassar verbas para a prefeitura
e o Prefeito não prestar contas dessas verbas (súmulas 208 e 209 do STJ).

b) Competência por prerrogativa de função ou ratione personae

Algumas pessoas enquanto ocuparem determinados cargos, se responderem por crimes, responderão
originariamente perante determinado órgão do Poder Judiciário (STF, STJ, os TRFs, os TJs e os TREs).

b.1) STF – artigo 102 da CF

Executivo Judiciário Legislativo Outros

- Presidente da - Membros dos tribunais - Membros do - Procurador Geral da


República; superiores (STF, STJ, Congresso Nacional. República;
- Vice-Presidente da TST, TSE e STM). - Comandante das
República; Forças Armadas;
- AGU; - Chefe de missão
- Ministros de Estado; diplomática de caráter
- Presidente do Banco permanente;
Central. - Membros do TCU.

b.2) STJ – artigo 105 da CF

Executivo Judiciário Legislativo Outros

- Governadores; - Membros dos tribunais - Membros dos Tribunais


(TJs, TRFs, TREs, TRTs) de Contas do Estados,
do DF e dos Municípios.
- Membros do MPU que
atuam perante a União.

b.3) TJs, TREs, TRFs – artigo 108 da CF

Executivo Judiciário Legislativo Outros

- Prefeitos, Vice- - Juízes de direito; - Deputados Estaduais; - Membros do MP;


Governador; - Juízes federais; - Deputados Distritais. - Procurador Geral do
- Secretários de Estado. - juízes militares da Estado e da Justiça.
união.

Qualquer desrespeito a essa hipótese de competência gera incompetência absoluta, isso significa que
poderá ser reconhecida a qualquer momento, inclusive de ofício pelo juiz.

c) Competência em razão do lugar ou ratione loci;

Em crime consumado, a competência será firmada pelo lugar da consumação (Teoria do Resultado –
artigo 70 do CPP).

Obs.: No caso de crime doloso contra a vida, quando a conduta for praticada num lugar e o resultado, a
consumação em outro, competente será o lugar da conduta.
No caso de crime tentado praticado no território de várias comarcas, a fixação da competência será da
comarca onde foi praticado o último ato executório.

Crime praticado entre duas ou mais comarcas ou crime praticado em local onde não se sabe qual comarca
pertence, a competência será pela prevenção, ou seja, será competente a comarca que primeiro tomar
conhecimento do fato. Isso também acontecerá em caso de crime continuado que envolve território de
duas ou mais comarcas.

d) Competência pelo domicílio ou residência do réu;

Em regra, não é reconhecido o lugar da infração.

Se o réu tiver mais de uma residência, a competência será pela prevenção.

Se o réu não possui residência ou o paradeiro do réu é ignorado, a competência também será pela
prevenção.

Obs.: Se o crime se processa mediante ação penal privada exclusiva, mesmo sabendo o lugar da
infração, a vítima poderá optar pelo foro do domicílio ou residência do réu.

e) Competência por distribuição

 Artigo 75 do CPP.

f) Competência pela prevenção.

Prisão em flagrante

 Artigos 301 a 310 do CPP;


 Súmula 145 do STF.

1. Sujeito ativo

1.1.Facultativo

Qualquer do povo, agindo no exercício regular de direito.

1.2. Obrigatório

Autoridades policiais e seus agentes devem prender em flagrante delito, agindo em estrito cumprimento
de dever legal.

2. Sujeito passivo

Em regra, qualquer pessoa poderá ser presa em flagrante delito.

Há exceções, quais sejam:

 Presidente da República;

 Pessoas que possuem imunidade diplomática.

 Pessoas que serão presas em flagrante delito somente em casos de crimes inafiançáveis (crimes
hediondos, equiparados a hediondos, racismo e a ação de grupos armados militares ou civis contra
a ordem constitucional e o Estado Democrático).
Quais são as pessoas que somente serão presas em flagrante delito de crimes inafiançáveis?

 Governadores;

 Senadores;

 Deputados Federais e Estaduais;

 Magistrados;

 Membros do MP;

 Advogado durante o exercício da sua profissão.

No Brasil, para quem é preso em flagrante, caberá liberdade provisória para crime afiançável e
inafiançável.

3. Fiança

A fiança será concedida pelo Delegado de Polícia nos crimes com pena máxima em abstrato de até 04
anos.

Caso a pena máxima superior a 04 anos, quem concederá a fiança será somente o magistrado.

4. Modalidades de flagrante

4.1. Flagrante próprio ou real

O agente está cometendo a infração penal (ainda nos atos de execução) ou acaba de cometê-la.

4.2. Flagrante impróprio, irreal ou quase-flagrante

O agente é perseguido, logo após (imediatamente), pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer
pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração.

A perseguição deve ser ininterrupta.

4.3. Flagrante ficto ou assimilado ou presumido

O agente é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser
ele o autor da infração penal.

4.4. Flagrantes ilegais

4.4.1. Flagrante preparado ou provocado

Existe a figura de terceiros preparando toda a cena do crime e provocando a prática da conduta por parte
daquele que é preso (súmula 145 do STF).

O flagrante é ilegal e deverá haver o relaxamento da prisão.

4.4.2. Flagrante forjado ou fabricado ou urdido

O indivíduo que é preso não pratica a conduta ilícita, não quer praticar o crime. A pessoa presa é vítima.
5. Nota de culpa

É um documento que formaliza ao preso o motivo de sua prisão.

Para todo o preso em flagrante deverá ser entregue a nota de culpa no prazo de 24 horas.

Em até 24 horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em
flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria
Pública.

Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá fundamentadamente relaxar a prisão ilegal;
converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312
CPP, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou conceder
liberdade provisória, com ou sem fiança.

Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato nas condições das
excludentes de ilicitude, poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória,
mediante termo de comparecimento a todos os atos processuais, sob pena de revogação.

Prisão preventiva

 Artigos 311 a 316 do CPP.

1. Competência

Somente pode ser decretada pelo juiz.

O juiz pode decretar de ofício somente durante a ação penal.

Durante a investigação, o juiz só pode decretar a prisão preventiva, desde que haja requerimento do MP
ou representação da autoridade policial.

Obs.: Admite-se prisão preventiva a requerimento do assistente de acusação no curso da ação penal.

2. Requisitos

2.1. Fumus commssi delicti

Só se aplica a prisão preventiva nos crimes dolosos que tenha pena máxima em abstrato superior a 04
anos, bem como é necessário indícios de autoria ou participação e prova da materialidade delitiva.

2.2. Periculum libertatis

a) Garantia da ordem pública

b) Garantia da ordem econômica

c) Conveniência da instrução criminal

d) Assegurar a aplicação da lei penal

Obs.: Há prisão preventiva quando envolve violência doméstica e familiar contra mulher, criança,
adolescente, idoso, enfermo ou deficiente + garantir a aplicação (execução) de medida protetiva e de
urgência (artigo 313, III, do CPP).

Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou
quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado
imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da
medida.

Existe a prisão preventiva em caso de descumprimento de medida cautelar pessoal diversa da prisão.

A prisão preventiva em nenhum caso será decretada se o juiz verificar pelas provas constantes dos autos
ter o agente praticado o fato amparado por uma das causas excludentes de ilicitude.

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