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Artrópodes peçonhentos e

causadores de dermatites

• Profa. Dra. Ivana de Freitas Barbola – ibarbola@yahoo.com.br


• Lab. Parasitologia Humana – DEBIO - UEPG
Animais peçonhentos x animais venenosos
• Os animais venenosos são aqueles que possuem
veneno mas não possuem mecanismo de
inoculação.
• Exemplos de animais venenosos: sapos, baiacu.

• Os animais peçonhentos são aqueles que além


de venenosos, possuem um mecanismo
especializado de inoculação, a peçonha, que é
utilizada como arma de caça ou de defesa.
• Exemplos de animais peçonhentos: serpentes
(jararaca, cascavel, surucucu), escorpião, aranha.
• Artrópodes peçonhentos: aranhas, escorpiões,
lacraias, abelhas, formigas e vespas.
• Artrópodes causadores de dermatites:
borboletas (Hylesia), lagartas (Lonomia), potós
(Staphylinidae e Meloidae), carrapatos
(“micuins”).
• Artrópodes causadores de doenças: piolho
(Pediculus), miíases (berne), ácaro da sarna
(Sarcoptes scabiei).
• Artrópodes vetores de doenças: pernilongos
(Aedes aegypti, Anopheles), barbeiros
(Triatominae), etc...
Artrópodes peçonhentos
Artrópodes causadores de dermatites
Hylesia

Carrapato estrela
potó
• Filo Arthropoda
• Classe Hexapoda - insetos
• Ordem Hymenoptera
• Família Apidae – abelhas, mamagavas
• Família Vespidae – vespas, marimbondos
• Família Formicidae - formigas
Acidentes por abelhas, vespas e formigas
Acidentes por abelhas, vespas e formigas

Aspecto do ferrão

Apis mellifera – abelha de mel


Acidentes por abelhas, vespas e formigas
• Manifestações clínicas distintas: depende da
sensibilidade do indivíduo ao veneno e nº de
picadas;
• Alérgicas – mesmo com uma só picada
- Edema e dor local; edema de glote ou choque
anafilático
• Tóxicas – múltiplas picadas, inoculação grande
quantidade de veneno → síndrome do
envenenamento
- Insuficiência respiratória e renal aguda, cefaléia,
náusea e vômito
Envenenamento por
múltiplas picadas Edema de face
Veneno de abelha
• Composto por enzimas, grandes peptídeos e pequenas moléculas.
• 1) as enzimas são constituídas pela
• fosfolipase A2, relacionada com a destruição dos fosfolipídeos das
membranas,
• hialuronidase, também chamadas “fator propagador”, que facilita a difusão
do veneno nos tecidos após a picada,
• fosfolipase B e as esterases.
• 2) no grupo dos grandes peptídeos estão:
• a melitina (cerca de 50% do peso seco do veneno) - altamente tóxica,
causa hemólise e realiza ação sinérgica com a fosfolipase A2 modificando
o arranjo dos fosfolipídeos das membranas celulares;
• a apamina - apresenta atividade neurotóxica no sistema nervoso central e
periférico;
• o peptídeo degranulador de mastócitos, que promove a liberação de
mediadores químicos como a histamina, serotonina e os derivados do ácido
araquidônico que atuam sobre eosinófilos e plaquetas.
• 3) entre as pequenas moléculas, encontram-se os pequenos peptídeos
secarpina, tertiapina e procamina e as aminas biogênicas histamina,
dopamina, serotonina e noradrenalina, em pequena quantidade.
Quadro clínico característico:
• hemólise
• disfunção hepática
• insuficiência respiratória com síndrome de angústia
respiratória aguda (SARA)
• rabdomiólise
• hipertensão arterial
• insuficiência renal aguda
• lesão miocárdica - talvez explicada pela liberação de
catecolaminas endógenas pelo veneno
• Choque
• Coma
• episódios hemorrágicos.
Acidentes por abelhas e vespas
• Primeiros socorros:
- Remoção dos ferrões com cuidado
- Encaminhar para tratamento médico
- Monitoração
- Compressas com gelo ou água gelada para aliviar a
dor
- Tratamento suporte - Ver
Manual Animais Peçonhentos

apiterapia??
Lepidopterismo e erucismo
• Filo Arthropoda
• Classe Hexapoda – insetos
• Ordem Lepidoptera
Acidentes por lepidópteros
1. Dermatite urticante
a) Lepidopterismo: acidentes por adulto
- Família Saturniidae - Hylesia: reações
inflamatórias intensas, papulosas e
pruriginosas
1. Dermatite urticante
b) Erucismo: acidentes por lagartas (taturanas) –
várias espécies

Saturniidae - Lonomia

Megalopygidae Arctiidae
Limacodidae – Sibine

Megalopygidae -
Megalopyge

Saturniidae Automeris
2. Síndrome hemorrágica por contato
- Lonomia: sangramento pele, gengiva, urina, nariz, dor cabeça,
vômito
• Podem ocorrer desde equimoses até hemorragias intensas, choque
e insuficiência renal aguda
• O óbito pode ocorrer por sangramento intracerebral.
Acidentes por lepidópteros
• Primeiros socorros
- lavar imediatamente a área afetada com água e
sabão;
- usar compressas com gelo ou água gelada que
auxiliam no alívio da dor;
- procurar o serviço médico mais próximo;
- se possível, levar o animal para identificação;
- Soro antilonômico – acidentes por Lonomia (ver
Manual Animais Peçonhentos)
ARANEÍSMO
• Filo Arthropoda
• Classe Arachnida
• Ordem Aranae
Aranhas
Araneísmo
• Phoneutria: aranha armadeira (foneutrismo)
• Lycosa: aranha de jardim, tarântula
• Latrodectus: viúva-negra, flamenguinha
• Loxosceles: aranha marom (loxoscelismo)
Araneísmo
sinais e sintomas por acidentes
• Phoneutria: dor intensa, frequentemente
irradiada, edema discreto, eritema e
sudorese
• Olhos: 2-4-2
Araneísmo
sinais e sintomas por acidentes

• Lycosa: dor local, sem gravidade


• Olhos: 4-2-2
Loxoscelismo
• Loxosceles intermedia*
• L. laeta*
• L. gaucho
• Olhos: 2-2-2
• O veneno loxocélico possui atividade:
• Proteolítica: responsável pelas lesões
necróticas e isquêmicas na região da
picada
• Hemolítica: produz hemólise intravascular
• Coagulante: capaz de ocasionar
coagulação intravascular disseminada.
Loxoscelismo
• Sinais e sintomas geralmente após 6-12 horas, cefaléia,
febre, equimose no local da picada com eritema e edema
duro, que pode evoluir com bolha e necrose local, deixando
úlcera de contornos nítidos.

1) Forma Cutânea: é a mais comum, caracterizando-se pelo


aparecimento de lesão inflamatória no ponto da picada, que
evolui para necrose e ulceração.
Loxoscelismo
2) Forma Cutâneo-Visceral: além da lesão cutânea, os
pacientes evoluem com anemia, icterícia cutâneo-mucosa,
hemoglobinúria. A insuficiência renal aguda é a complicação
mais temida.
Indicação de soroterapia – soro antiaracnídico ou
antiloxoscélico. Dependendo da evolução, outras medidas
terapêuticas deverão ser tomadas.
Tratamento - Ver Manual Animais Peçonhentos
Theraphosidae
Caranguejeira, tarântula

Latrodectus
viúva negra
Escorpionismo
• Filo Arthropoda
• Classe Arachnida
• Ordem Scorpiones
Escorpiões
Escorpionismo

• Tityus serrulatus: escorpião amarelo


• Tityus bahiensis: escorpião marrom
• Dor local intensa, frequentemente irradiada,
edema discreto e sudorese local.
Casos graves: alterações cardiovasculares e
edema agudo de pulmão
• Tityus costatus: escorpião marrom
Tityus serrulatus escorpião amarelo

Tityus costatus escorpião marrom Tityus bahiensis escorpião marrom


• O escorpionismo grave caracteriza-se por falência
cardiocirculatória, podendo cursar com edema
pulmonar, sendo esta uma das causas mais
comuns de óbito.

• Incluem sintomas locais e sistêmicos, além de


manifestações gastrointestinais, respiratórias,
neurológicas e cardivasculares.
Escorpionismo
Formas graves se manifestam inicialmente:
- sudorese profusa
- agitação psicomotora
- hipertensão
- taquicardia

Podem se seguir alternadamente com:


- Sonolência constituem sinais premonitórios de
- Náuseas e vômitos evolução para gravidade e consequente
indicação de soroterapia
O que fazer em caso acidente?

• Limpar o local com água e sabão;


• Procurar orientação médica imediata na
unidade de saúde mais próxima;
• Se for possível, capturar o animal e levá-lo
junto para a sua identificação.
O que não fazer em caso
de acidente?

• Não amarrar ou fazer torniquete;


• Não aplicar nenhum tipo de substâncias sobre o
local da picada nem fazer curativos que fechem o
local;
• Não cortar, perfurar ou queimar o local;
• Não dar bebidas alcoólicas ou outros líquidos ao
acidentado, pois não têm efeito contra o veneno e
podem agravar o quadro.
Escorpionismo
• Tratamento
• Quando usar soro antiescorpiônico ou
soro antiaracnídico??
• Manual FUNASA Animais Peçonhentos
Filo Arthropoda – Classe Arachnida
Ordem Acari – carrapatos e ácaros
• “micuim”: larva de carrapato (não peçonhento)
- Coceira intensa
- Transmissão da febre maculosa: febre, cefaléia,
petéquias, dores no corpo (++ costas e panturrilha)

c b

♀ ovipositando cerca a = gnatossoma, b = podossoma, c = idiossoma, d


de 5000 ovos = opistossoma
“micuins” - larva de Amblyomma


ninfa octopoda

larva hexapoda
gnatossoma da larva
Ciclo de vida do R. sanguineus
Ciclo de vida dos carrapatos
Bibliografia básica
• BARRAVIERA, B. Venenos animais: uma visão integrada. Rio de
Janeiro: Ed. De Publicações Científicas, 1994. 411p.

• BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Manual de


diagnóstico e tratamento de acidentes por animais peçonhentos. 2. ed.
Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 2001; 120 p.

• FERREIRA-JUNIOR, R.S.; BARRAVIERA, B. Artrópodes de importância


médica. Rio de Janeiro: EPUB, 2002, 47 p.

• SCHVARTSMAN, S . Plantas venenosas e animais peçonhentos. São


Paulo: Sarvier, 1992. 288p.

• VIDAL, H. JR. Animais aquáticos potencialmente perigosos no Brasil:


guia médico e biológico. 2ª ed. Editora Roca, 2008. 288 p.

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