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DIREITO AMBIENTAL

Professor Romeu Thomé

Prova Branca (Tipo 01) – Questão 34

Prova Verde (Tipo 02) – Questão 33

Prova Amarela (Tipo 03) – Questão 34

Prova Azul (Tipo 04) – Questão 33

A questão pode gerar dupla interpretação, em virtude das seguintes


considerações:

Maria, atual proprietária do imóvel rural, responde apenas civilmente pelo dano
ambiental verificado na propriedade, tendo em vista tratar-se de obrigação de
natureza real (propter rem). Não se pode olvidar que apenas
a responsabilidade civil ambiental é objetiva (art. 14, parágrafo 1o da Lei
6.938/1981). Tanto a responsabilidade penal quanto a administrativa são
subjetivas, o que exige a comprovação de dolo ou culpa, além do dano e do
nexo causal, para que sejam aplicadas ao poluidor.

No caso em tela, Maria responde apenas civilmente pela recomposição


ambiental, ainda que tenha agido de boa-fé ao adquirir o terreno, o que torna
correta a assertiva “a”.

Entretanto, a assertiva “b” também pode ser considerada correta, pois afirma
que “Maria não pode responder pela aplicação de multa ambiental, tendo em
vista o princípio da intranscendência da pena”. Ora, Maria realmente não pode
responder na esfera administrativa, tendo em vista que para a incidência de
uma sanção administrativa, deve restar comprovado o dano, o nexo causal e o
dolo/culpa, o que não fica demonstrado em relação à adquirente do imóvel
degradado. O princípio da intranscendência da pena está previsto no art. 5º,
XLV da Constituição de 1988, que declara que “nenhuma pena passará da
pessoa do condenado”. No direito penal, ramo jurídico onde é mais utilizado,
esse princípio, também denominado princípio da personalidade da pena,
preconiza a impossibilidade de se propor ou estender os efeitos da pena a
terceiros que não tenham participado do crime. No caso em tela, a infração
administrativa foi cometida pela antiga proprietária, Eduarda, o que leva o
candidato a concluir que a pena (sanção administrativa) deve ser aplicada
apenas a Eduarda, não podendo ser estendida a Maria, que poderá responder
apenas civilmente, recompondo o meio ambiente degradado.
O candidato, conhecedor do princípio da intranscendência da pena no direito
penal, ao desenvolver raciocínio semelhante nos casos de aplicação de
sanções administrativas, seria levado a marcar como correta a assertiva “b”.
“Maria não pode responder pela aplicação de multa ambiental, tendo em vista o
princípio da intranscendência da pena”. Quem deve responder é apenas
Eduarda, autora do dano ambiental. A sanção administrativa não pode
transcender e atingir também Maria. Sob a perspectiva analisada, a assertiva
“b” também pode ser considerada correta.

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