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Prescrição de exercício dentro do pensamento osteopático

Presidente Prudente - 25 de outubro de 2011

Diante da atuação clínica tenho observado bons resultados ao associar


exercícios ao tratamento osteopático. Diversos são os benefícios, dentre eles
enfatizo que com o exercício podemos trabalhar hipotonias e hipermobilidades
articulares, proporcionando estabilidade estática e dinâmica, coordenação,
resistência e preparando o paciente para um trabalho de força e potência.

Além disso o exercício é uma grande ferramenta que age no sistema nervoso
central do paciente, retirando medos e preparando o paciente para enfrentar
experiências dentro do meio ambiente. É muito comum pacientes apresentarem
tanto lesões físicas e bloqueios do SNC devido a traumas sofridos.

Dentro disso , venho expor meus pensamentos a respeito da forma de atuar com o exercício dentro da
clínica e da visão da osteopatia.

O gasto energético é um dos principais fatores a serem considerados na prescrição de exercícios. De


acordo com exercícios com intensidade alta ou moderada-alta temos:

De 0 a 20 segundos - gasto de ATP + CP (energia presente na célula)


De 20 a 45 segundos - glicose anaeróbica
De 45s a 3 min. - glicose + oxigênio

Acima de 3 min. - podemos considerar o exercício como aeróbico - ou seja, grande gasto de oxigênio
que aumenta progressivamente de forma rápida até 9 minutos. Acima de 9 min. – estamos diante de
um exercício 90% aeróbico.

Uma das ótimas opções de prescrição de exercício ocorre sempre com séries de 20 segundos de
contração, em intensidade alta ou moderada-alta, mantendo o gesto completo e coordenado.
Exercícios com 20s de duração evitam produção de ácido lático e consequentemente a fadiga,
evitando a dor muscular tardia.

Para definição da carga utilizo como base: 1º) Sempre ativar as placas motoras através de exercícios
com baixa intensidade (peso) e longa duração. 2º) Trabalho de resistência entre 40 a 60% da carga
máxima. 3º) Trabalho de força de 60 a 80% da carga máxima. 4º) Trabalho de potências acima de
80% ou 90%.

Na atuação clínica da osteopatia, é comum nos depararmos com pacientes que estão com quadro
álgico agudo e limitante. Além das técnicas osteopáticas podemos estimular com exercícios até a faixa
de resistência (+- 50% da força máxima). Após sua recuperação solicitamos a continuidade dos treinos
em academia.

Para definição da carga máxima uma das opções é: Realizar teste de 1 repetição máxima (1RM). Esse
teste permite definirmos 100% de carga através de 1 repetição completa com a carga máxima
suportada pelo paciente.

A partir dai começo o trabalho (na faixa de % desejada: 40% a 90%) com 2 séries, 1x ao dia. A cada 2
treinamentos aumento uma série e assim sucessivamente até chegar em 9 séries. Faço até 9 séries
porque se somarmos 20s + 20s + 20s + 20s + 20s + 20s + 20s + 20s + 20s = 3 minutos e a partir dai
teriamos um trabalho aeróbico.

Se o paciente se adaptar rapidamente a carga nada impede que você refaça o teste de 1RM e
redefina a carga. É muito comum ocorrer evoluções rápidas em paciente que estão muito debilitados.

O tempo de repouso entre as séries é de: 1 a 3x o tempo de exercício para resistência, ou seja, de 20s
a 1 minuto; 4 a 8x para treino de força.

Dentro da prescrição, é pedido exercícios diários em casa. Nesses parâmetros o trabalho fica seguro e
progressivo.

TRATAMENTO PARA INIBIÇÃO REFLEXA

Antes de treinar resistência, força e potência, devemos ativar as placas motoras presentes
no músculoesquelético. Dentro desse tratamento utilizamos séries com muitas repetições e pouca
resistência (peso). A justificativa para esse tratamento é a necessidade de ativar as placas motoras
que ficam inibidas após a lesão. É como se o músculo esquecesse como contrair. Dai a justificativa de
realizar um trabalho neuro coordenativo.
Quando levamos um músculo a fadiga - com baixa intensidade e alto volume(pouco peso e muitas
repetições), ativamos um grande número de placas motoras do segmento muscular pois é a maneira
que o músculo reage a repetidas contrações por um período longo de tempo.

Buscamos então, antes de treinarmos um músculo, ativar todas as junções neuromusculares com um
gesto completo, coordenado, com pouco peso e muitas repetições. As repetições podem variar de 60
a 300. Isso acontece por causa do tempo de exercício. Entre 60 e 300 nós pensamos em cerca de 45
segundos a 3 minutos de contração, que é um trabalho com uso de oxigênio e portanto leva a fadiga.
Vale lembrar que como a carga é baixa, é interessante extrapolar o tempo de 20s, uma vez que não
estamos em um trabalho de intensidade alta.

Nada impede que você faça séries de repetições: ex: 3x 100 ou 2x 150 ou 4x 50. Tudo depende da
adaptação do paciente a sobrecarga imposta. O peso utilizado geralmente é muito baixo: 0,5, 1, 2kg,
dependendo do segmento escolhido e é aumentado de acordo com respostas adaptativas do
paciente.Deve-se pedir para o paciente fazer contrações fortes, pois assim a qualidade
neurocoordenativa do treinamento é maior.

Na prática, percebemos que a carga, evolução da carga ou de repetições varia muito de acordo com o
felling do terapeuta. Utilizamos sempre o princípio de trabalho sem dor. Ex: Se o paciente sente dor
com 50 repetições com 1 kilo deve-se parar e repetir a série sem carga. Se ele conseguiu 150
repetições e começou a doer, peço para ele repetir em casa 1x ao dia até 150 e caso ele consiga fazer
mais sem dor ele pode continuar incrementando as repetições até 200. Nas próximas sessões evoluo
para 300. Ao sentir que ele está bem começo a incrementar carga. Após isso entro com a resistência
ou encaminho para trabalhos em academia.

Se você usar um peso grande e poucas repetições a tendência é ativar somente as placas motoras
superficiais e portanto temos um músculo ou grupo muscular mal preparado ou preparado em parte.

Podemos trabalhar 4, 5, 7 dias de inibição reflexa. Sendo assim não há um número fixo de sessões.
Tudo depende da individualidade biológica de cada paciente. Alguns fatores devem ser considerados:
tempo de lesão, condição física, forma de encarar o problema, aceitação do exercício, assiduidade dos
treinos, entre outros.

Na prática devemos sempre procurar o limite da dor do paciente e evoluir sempre pois o corpo reage
de forma incrível a estímulos corretos. Devemos por fim as séries de 3x de 10 repetições.

Devemos sempre estar atentos para diferenciar possíveis dores musculares tardias de quadros álgicos
relacionados a outros tecidos.

Ft. Esp. Danilo Augusto Ninello


Professor do IDOT

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