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HISTÓRIA DA ARTE

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Professor
Isaac Antonio Camargo
Licenciado em Desenho e Plástica – UNAERP/SP
Mestre em Educação – UEL/PR
Doutor em Comunicação e Semiótica – PUC/SP
4. A questão do Belo
Entretanto, é necessário pensar
o belo como um valor e não
como uma característica ou
aparência que tenha uma obra
de arte que possa ser
entendida como bonita
Neste contexto, a idéia de Belo
nos remete a Grécia e,
especialmente, a Platão
É no Hípias Maior que o termo
belo aparece, depois aparece
novamente no Fedro, ambos
diálogos de Platão.
De um modo geral a beleza não
se restringia simplesmente à
aparência, havia outros
gêneros de beleza.
A consciência de beleza
relaciona-se mais a um preceito
de caráter ético do que estético,
mesmo porque, naquela época
estética não tinha o sentido que
tem hoje
A beleza é associada ao bem,
ao bom, ao útil, é a essência
qualitativa das coisas, deste
modo, se referia a um valor
E aqui vale destacar que este
aspecto valorativo do belo se
refere à qualidade que se
manifesta na obra de arte e não
sua bela aparência
Embora a aparência das obras
pudesse manifestar alguma
beleza, no sentido da graça, da
harmonia ou à organização dos
seus elementos constitutivos
não era necessariamente isso
que interessava àqueles
filósofos
Mesmo porque, essa beleza
não podia tomar como
referência a natureza pois,
como dizia Aristóteles, a
natureza era uma cópia
imperfeita do mundo das idéias
O mundo das idéias era, por
princípio, perfeito onde se
encontravam a essência das
coisas do mundo natural
O mundo natural, por sua vez,
submetido que está aos
fenômenos e às interferências
de toda a ordem, se
transforma e não corresponde
à essência perfeita que lhe dá
origem é, portanto, imperfeito
A arte visual, naquela época,
por sua índole mimética, não
poderia alcançar a perfeição,
ou a beleza, pois era uma
imitação do mundo natural,
portanto, duplamente imperfeita
Neste caso a arte, para que
pudesse ser perfeita, teria de
buscar esta perfeição, não na
imitação do mundo natural, mas
na sua idealização
Suas criações deveriam
transcender o natural e atingir
um nível de qualidade que
fosse além do mundo sensível
e carnal, descobrindo o ideal
Portanto uma imagem, uma figura,
que fosse produzida no contexto
da arte, seria sempre uma
tentativa de recriar a perfeição
suprema do mundo das idéias,
portanto, uma beleza idealizada e
nunca obtida da observação do
visível, mas sim do inteligível
É nisto que consiste o que
chamamos de beleza ideal que
norteia as idéias da arte
clássica
Talvez, por um deslize
conceitual, o belo passou a
referenciar-se ao bonito, ao
agradável e ao harmonioso
como um sinônimo de valor
artístico até o advento da
Modernidade
5. Aisthésia / Aistheticós
Aisthesía
se refere ao sensório,
sensitivo, sensível e também
aos sentidos.
Aisthetikós,
por sua vez, deriva de
Aisthésia.
Portanto, o termo Estética
vem do grego Aisthetikós
O filósofo alemão Alexander
Gotlieb Baumgarten (1714-
1762), escreve em 1750, a
primeira parte do livro Estética.
Em 1758, publica a segunda
parte.
Desenvolve seu pensamento
em torno do conhecimento
sensível e distinto da ciência,
ou seja, o da arte.
Ao nosso ver, o maior mérito de
Baumgarten é o uso do termo,
já que suas reflexões não dão
conta da complexidade da arte
como um todo.
Baumgarten toma a estética
como a ciência do belo e da
arte.
Deste modo, a entende como
um modo de conhecer que se
relaciona mais ao sensível, ao
afetivo e menos ao cognitivo.
Outro aspecto que vale lembrar
é que Baumgarten não se
referia a arte visual e sim à
literatura
Neste caso, é necessário
pensar o belo como um valor e
menos como uma característica
ou aparência que tenha uma
obra de arte.
6. Arte e Valor
Antes de pensarmos a Arte
Visual como um modo de
reproduzir o visível, de tratar e
desenvolver temas e assuntos
das mais diversas ordens,
devemos entender que a arte
trata de valores
E, a essência das Obras de Arte
são os valores ordenados pelo
ser humano no contexto de suas
vivências e experiências sociais
Neste sentido, estes valores
também variam no tempo e no
espaço, embora seja uma
presença constante nas Obras
de Arte, assumem a
personalidade e a índole de seu
contexto cultural
Para cada momento da
história há valores
compatíveis com eles: a arte
da pré-história atende aos
requisitos daquela época
assim como a arte
contemporânea atende aos
nossos requisitos
Podemos dizer que há, pelo
menos, três categorias de
valores nos quais as imagens
se enquadram:
Simbólicos, Expressivos e
Documentais
Os valores Simbólicos dão
conta das questões culturais
que movem uma civilização
em relação às suas crenças e
expectativas
Os valores Expressivos dão
conta das manifestações
artísticas em geral e atendem
às expectativas estéticas de
uma sociedade
Os valores Documentais dão
conta da necessidade de
produzir registros e gerar
memória das diferentes
civilizações
De modo geral, as imagens,
quer sejam ou não da arte,
cumprem estas funções,
superpondo-as ou isolando-as
a cada um dos momentos
históricos nos quais surgem

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