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Sumário
1.INTRODUÇÃO
...............................................................................................................................................................................................................................
3
1.1
A
Economia
clássica
.................................................................................................................................................................................................................................
3
1.1.
A
teoria
MACROECONOMICA
................................................................................................................................................................................................................
4
1.2.Ramificações
da
Macroeconomia
........................................................................................................................................................................................................
6
1.2.1.
síntese
neoclássica
............................................................................................................................................................................................................................................................
6
1.2.2
A
curva
de
Phillips
..............................................................................................................................................................................................................................................................
7
1.2.3
Monetaristas
.........................................................................................................................................................................................................................................................................
7
1.2.4.
Teoria
novo-‐classica
........................................................................................................................................................................................................................................................
9
1.2.5
Os
novos
Keynesianos
......................................................................................................................................................................................................................................................
9
1.2.6
Estruturalistas
..................................................................................................................................................................................................................................................................
10
1.3
Um
pouco
de
Historia
............................................................................................................................................................................................................................
11
1.4.
antecedentes
...........................................................................................................................................................................................................................................
14
2.
O
PRODUTO
..............................................................................................................................................................................................................................
16
2.1.
A
Mensuração
do
Produto
e
da
renda
.............................................................................................................................................................................................
19
2.1.1
Distinção
entre
Produto
Bruto
e
Produto
Líquido
............................................................................................................................................................................................
20
2.1.3.
Produto
Real
e
Nominal
...............................................................................................................................................................................................................................................
22
2.2.
Índices
de
Preços
...................................................................................................................................................................................................................................
22
2.3.
O
Excedente
Econômico
.......................................................................................................................................................................................................................
27
2.3.1
A
Macroeconomia
e
o
Excedente
Econômico
......................................................................................................................................................................................................
30
3.
IDENTIDADES
BÁSICAS
.........................................................................................................................................................................................................
36
3.1
Uma
Economia
Simples
.........................................................................................................................................................................................................................
37
3.2
Introduzindo
o
Governo
e
o
Mercado
Externo.
.............................................................................................................................................................................
38
3.3
Renda
e
o
Balanço
de
Pagamentos
....................................................................................................................................................................................................
40
3.3.1
Aspectos
monetários
do
Balanço
de
Pagamentos
.............................................................................................................................................................................................
42
4.
FUNÇÃO
CONSUMO
E
DEMANDA
AGREGADA
................................................................................................................................................................
45
4.1.
Multiplicador
dos
Investimentos
.....................................................................................................................................................................................................
46
4.2.1.
Acelerador
dos
investimentos
..................................................................................................................................................................................................................................
47
**Professor Associado do Instituto de Economia e coordenador da Pós-‐Graduação em Comércio Exterior (ECEX) da UFRJ.
1
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
2
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
3
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
representada
eminentemente
por
fatores
técnicos
cuja
essência
desaloja
mercados
respectivos
com
as
rendas
auferidas
por
cederem
seus
fatores
de
qualquer
conflito
social
do
mundo
econômico1.
A
flexibilidade
de
preços
produção
(força
de
trabalho,
capital,
recursos
naturais)
a
máquina
permitindo
que
o
exercício
das
forças
de
mercado
fosse
pleno
levaria
a
processadora
(empresas).
Os
empresários
recebem
rendimentos
(lucros)
economia
para
uma
alocação
ótima
de
recursos.
também
por
organizarem
a
produção.
Nesta
linha
de
pensamento,
a
combinação
mais
rentável
entre
os
fatores
de
produção
vai
sendo
estabelecida
até
a
sua
plena
capacidade
e
a
distribuição
Mercado
Bens
finais
e
dos
produtos
são
reveladas
pela
forças
de
mercados
que
ajustam
preços
das
serviços
Família MAO
DE
levando
a
economia
para
um
único
e
imutável
equilíbrio
(entre
oferta
e
OBRA
demanda)
econômico.
CAPITAL
Para
esta
escola
a
variação
da
oferta
monetária
é
irrelevante.
A
moeda
é
Bens
de
Capital
RECUSOS
simplesmente
um
meio
de
troca
precificando
os
bens
e
serviços
Mercado
Bens
NATURAIS
imediatamente,
quando
por
qualquer
razão,
sua
quantidade
varia.
Os
preços
das
Intermediários,
Empresas
Matérias
primas,
nominais
dos
bens
e
serviços
(cotados
pela
quantidade
de
moeda)
podem
Insumos
variar,
mas
as
relações
entre
eles
não
se
modificam
com
a
variação
elaborados
e
monetária,
pois
os
compradores
e
vendedores
-‐
produtores
-‐
sabem
quanto
Serviços
INSUMOS uma
mercadoria
ou
um
serviço
custa
em
termos
reais.
A
moeda
na
visão
desses
economistas,
é
exógena
ao
sistema
e,
nesse
mundo
de
economia
clássica,
ela
não
tem
o
poder
de
influenciar
o
processo
de
escolha
do
quanto
consumir
de
um
bem
ou
serviço
ou
do
quanto
produzi-‐los.
Ela
é
simplesmente
um
veiculo
de
trocas.
A
figura
acima
ilustra
esse
esquema.
A
produção
pode
1.1.
A
TEORIA
MACROECONOMICA
ser
representada
como
uma
máquina
processadora
que
ao
final
do
ciclo
A
literatura
corrente
aponta,
pelo
menos,
quatro
abordagens
originais
de
produtivo
resulta
nos
a)
bens
de
capital,
bens
intermediários
e
outros
Keynes
e
Kalecki
que
descontroem
o
mundo
econômico
harmônico
e
insumos
que
se
destinam
as
empresas
e
b)
bens
e
serviços
finais
dedicados
equilibrado
conforme
pensado
pelos
economistas
(neo)clássicos.
A
primeira
as
famílias.
Todos
adquirem
os
bens
e
serviços
mediante
compras
nos
e
mais
importante
delas
consistiu
na
consideração
de
que
o
sistema
econômico
não
é
comandado
exclusivamente
pela
oferta
de
bens
e
serviços
no
sentido
da
produção
gerar
renda
destinada
ao
consumo
(presente
ou
1 futuro),
como
sugerido
na
figura
acima,
levando
a
produção
a
se
estabelecer
Excetua-se dessa concepção a linha econômica clássica marxista cujo no
pleno
emprego.
Os
indivíduos
(as
empresas)
podem
desejar
consumir
enfoque central consiste justamente no conflito social originado nas relações sociais que
se estabelecem para a produção de bens e serviços no sistema capitalista.
(investir
em)
produtos
não
necessariamente
em
linha
com
a
oferta
4
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
(demanda),
decorrendo
desse
fato
desajustamentos
econômicos.
Esse
Com
deflação,
o
acréscimo
de
mais
uma
unidade
de
trabalho
fica
comportamento
das
empresas
e
consumidores
foi
explorado
por
Keynes
de
condicionada
a
redução
do
salário
para
manter
a
mesma
margem
de
lucro
maneira
exemplar,
constituindo
basicamente
o
arcabouço
teórico
da
empresarial.
macroeconomia.
O
livre
arbítrio
que
os
indivíduos
têm
com
respeito
a
renda
propiciam
movimentos
econômicos
erráticos
que
podem
convergir
a
um
Keynes,
alertou
que
essa
situação
causa
dois
efeitos,
pelo
menos.
O
primeiro,
equilíbrio
econômico
com
desemprego
de
fatores
de
produção.
Essa
situação
com
preços
dos
produtos
em
queda,
os
empresários
não
são
estimulados
a
era
inimaginável
pelos
economistas
(neo)clássicos.
As
ações
dos
investir.
O
segundo,
contempla
a
resistência
dos
trabalhadores
a
menores
consumidores
e
dos
investidores
formam
o
que
Keynes
denominou
de
o
salários
e
mesmo
o
aceitando,
o
salário
deveria
cair
mais
do
que
os
preços
princípio
da
demanda
efetiva
que
não
necessariamente
garantem
o
pleno
dos
bens
e
serviços
para
propiciar
uma
rentabilidade
empresarial
atraente.
emprego
dos
fatores.
Esses
dois
efeitos
são
suficientes
par
reduzir
a
demanda
agregada
com
os
quais
se
evidencia
a
dificuldade
da
saída
da
crise
por
mecanismos
A
segunda
abordagem
original
invalida
a
premissa
dos
economistas
automáticos
de
preços.
Keynes
advogou
que
os
indivíduos,
diferente
da
(neo)clássicos
de
que
os
preços
são
totalmente
flexíveis
e
não
exercem
suposição
clássica,
não
ajustam
imediatamente
preços
relativos
as
variações
influência
no
meio
econômico.
Keynes
constatou
que
os
preços
da
mão
de
nominais,
principalmente
o
valor
da
mão
de
obra:
existiria,
portanto,
certa
obra
e
de
muitos
serviços
públicos
tendem
a
certa
rigidez,
pelos
menos,
no
“ilusão
monetária”
com
qual
os
governos
poderiam
contar
para
estabilizar
a
curto
prazo.
Isso
ficou
evidenciado
nos
anos
de
1920,
na
grande
depressão
economia
em
direção
ao
pleno
emprego,
por
meio
de
políticas
de
rendas:
dos
Estados
Unidos
da
América.
Dificilmente
os
empresários
iriam
entabular
maior
oferta
monetária
eleva
os
preços
nominais
dos
bens
e
serviços,
novas
produções
aumentando
o
emprego
e
a
renda
da
economia
com
base
conquanto
salários
e
preços
fixados
contratualmente
sobem
menos
somente
em
um
livre
jogo
das
forças
de
mercado
cuja
essência
levava
a
uma
estimulando,
portanto,
a
produção.
queda
generalizada
de
preços.
Assim,
a
relação
Preço/Custo
desestimulava
os
investimentos
dos
empresários,
pois
que
seus
preços
de
venda
caem
A
terceira
abordagem
significou
também
um
avanço
teórico
considerável
(deflação)
e
os
custos
da
mão
de
obra
e
de
muitos
insumos
permanecem,
no
que
até
hoje
é
objeto
de
uma
intensa
discussão.
Perdas
e
ganhos
(risco)
nos
mínimo,
constante.
Nos
cálculos
empresariais
os
pagamentos
aos
fatores
de
processos
de
escolha
foram
explicitamente
considerados
na
teoria
de
produção
são
considerados
custos
e,
por
isso,
a
lógica
empresarial
não
adota
Keynes:
as
pessoas
mantêm
saldos
em
dinheiro
aguardando
o
momento
isoladamente
estratégias
que
incorporem
o
reconhecimento
de
que
salários
mais
adequado
de
especular
(arriscar)
com
os
ativos
financeiros
que
eles
são
poder
de
compra:
demanda
agregada
que
estimula
a
expansão
dos
entendam
de
maior
rentabilidade.
Na
visão
neoclássica,
no
entanto,
é
velhos
empreendimentos
e
a
criação
de
novos2.
inconcebível
alguém
guardar
dinheiro
em
vez
de
buscar
imediatamente
um
retorno
para
ele:
a
taxa
de
juros,
neste
caso,
é
um
fenômeno
real
definida
pelo
volume
de
poupança
disponível
ao
investimento
pretendido.
Já
para
os
John
Maynard
Keynes
e
Michael
Kalecki
foi
os
estímulos
aplicados
pelo
seguidores
de
Keynes,
a
taxa
de
juros
é
um
fenômeno
monetário
e
a
governo
norte-‐americano
para
fortalecer
a
demanda
agregada,
como
solução
formação
da
poupança
é
função
da
renda
e
dos
saldos
especulativos.
De
para
a
crise
instaurada
no
ano
de
2008.
Guardadas
as
proporções,
esta
acordo
com
a
teoria
de
Keynes,
a
poupança
é
um
resíduo
que
dependente
mesma
política
havia
sido
adotada
pelo
governo
Franklin
D.
Roosevelt
na
somente
da
renda,
e
as
decisões
de
investimento
seriam
dominadas
pelo
década
de
30
para
reativar
a
economia
estadunidense
com
base
nas
"espírito
animal"
do
empresariado.
proposições
desses
dois
pensadores3.
1.2.RAMIFICAÇÕES
DA
MACROECONOMIA
Kalecki,
por
outro
lado,
mostrou
que
na
dinâmica
capitalista
o
investimento
é
autofinanciado,
ou
seja
ele
cria
poupança,
com
independência
da
taxa
de
1.2.1.
SÍNTESE
NEOCLÁSSICA
juros,
no
mesmo
montante
em
que
se
realiza.
Essa
é
uma
questão,
portanto,
Vários
economistas
imediatamente
se
debruçaram
sobre
a
livro
A
Teoria
que
ainda
não
está
de
todo
resolvida
empiricamente.
Geral
do
Emprego,
dos
Juros
e
da
Moeda
de
J.
M.
Keynes,
após
a
sua
publicação
em
1936,
procurando
dar
um
acabamento
formal
aos
nexos
A
quarta
abordagem
apoia-‐se
integralmente
no
principio
da
demanda
existentes
entre
os
agregados
econômicos
para
se
alcançar
o
pleno
emprego.
efetiva,
mencionado
anteriormente.
Advoga
a
ideia
de
um
Estado
Hicks
foi
o
economista
que
mais
se
destacou
nesta
tarefa.4
A
elegância
interventor
na
economia
com
potencialidades
para
manipular
a
demanda
matemática
e
as
proposições
teóricas
resumidas
por
esse
autor
fez
com
que
efetiva
em
um
ambiente
econômico
com
superprodução
e
elevados
estoques
a
macroeconomia
fosse
absorvida
pelo
meio
acadêmico
e
politico
com
nas
empresas.
Dentre
as
quatro
abordagens,
a
que
causou
maior
impacto
no
sucesso.
Ele
modelou
a
Teoria
Geral
estabelecendo
níveis
de
equilíbrio
entre
meio
político
e
econômico
parece
ter
sido
essa:
a
ideia
do
governo
expandir
o
mercado
real
[investimento
(I)
e
Poupança
(S)]
e
o
mercado
monetário
déficits
públicos
para
ampliar
o
emprego
e
a
renda.
O
estranhamento
desta
[demanda
(L)
e
oferta
(M)
de
moeda].
Toda
a
modelagem
esta
ancorada
na
proposta
deveu-‐se
por
um
lado
ao
reconhecimento,
no
início
do
século
XX,
ideia
neoclássica
de
que
as
variações
na
quantidade
de
moeda
são
que
a
intervenção
do
Estado
na
economia
era
coisa
de
regimes
totalitários,
instantaneamente
recolhidas
pelos
preços,
justamente
por
que
os
indivíduos
portanto
de
difícil
aceitação
em
ambientes
democráticos
e
por
outro,
ao
nos
seus
processos
de
escolha
não
se
deixam
atrapalhar
pelas
variações
da
abalo
que
causava
no
pensamento
da
economia
clássica
cuja
concórdia
e
harmonia
oriunda
das
forças
de
mercado
dispensava
qualquer
intervenção
externa
(como
o
governo)
na
economia.
Kalecki,
com
outra
palavras,
3
Na
grande
depressão,
a
relação
entre
preços
e
nível
de
emprego
foi
interpretada
insinuou
a
contribuição
do
Estado
como
essencial
a
dinâmica
capitalista
por
explicitamente
por
Keynes
como
sendo
a
deflação
a
principal
causa
do
desemprego:
os
conta
dos
gastos
de
diversas
ordens
(em
infraestrutura,
guerras,
obras
empresários
não
investem
quando
o
preço
do
produto
está
caindo.
Assim,
um
conjunto
de
públicas
e
demais
empreendimentos
demandados
ao
setor
privado)
incentivos
foi
criado,
denominado
de
New
Deal,
perpetuados
nos
anos
de
1933
a
1937
acionados
com
efeitos
anticíclicos,
por
elevar
a
demanda
agregada
em
um
justamente
para
dar
maior
liquidez
ao
sistema
econômico,
ao
mesmo
tempo
que
se
ambiente
de
elevada
capacidade
ociosa
em
diversos
segmentos
produtivos
e
aumentava
o
gasto
público.
com
elevados
estoques
(invendáveis).
4
A
maioria
das
publicações
macroeconômicos
convencionais
apresentam
o
modelo
IS-‐LM
desenvolvido
por
John
Richard
Hicks.
Ver,
contudo,
capítulos
3
e
5
de
Blanchard,
O.,
Macroeconomia,
Ed.
Campus,
2001,
que
desenvolve
de
maneira
bem
acessível
a
síntese
Uma
das
evidências
recentes
da
validade
dos
ensinamentos
oferecidos
por
neoclássica.
.
6
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
oferta
monetária
mantendo
a
relação
entre
os
preços
dos
bens
constante.
pelo
crivo
da
curva
de
Phillips5.
A
evidência
de
que
havia
uma
relação
Somente
a
taxa
de
juros
varia
nominalmente,
ou
seja,
é
influenciada
pela
contrária
entre
a
taxa
de
desemprego
e
a
taxa
de
inflação
elevou
o
status
da
demanda
e
oferta
de
moeda
mas
não
é
influenciada
pelo
nível
de
preços.
Seu
política
fiscal
e
monetária
não
somente
para
controlar
a
liquidez,
mas
exercício
associa-‐se
as
variações
da
oferta
monetária
em
relação
a
sua
fundamentalmente
para
avaliar
o
custo
inflacionário
das
políticas
fiscais
de
procura
determinando
o
equilíbrio
/
desequilíbrio
entre
os
mercados.
promoção
da
atividade
econômica
centradas
nos
déficits
públicos.
A
importância
desses
resultados
foram
naturalmente
pavimentando
a
A
síntese
neoclássica
ganhou
forte
aderência
no
ensino
da
macroeconomia
aceitação
da
curva
de
Phillips
pelos
acadêmicos
e
pelos
formuladores
da
nas
universidades
por
conta
das
representações
geométricas
de
casualidade
politica
econômica.
No
início
dos
anos
de
1970,
ela
passou
a
ser,
contudo,
entre
Produto
e
Renda
causadas
pelos
nexos
existentes
entre
os
mercado
bastante
criticada,
justamente
pela
relação,
experimentada
em
diversos
real
e
monetário
(IS-‐LM),
onde
o
equilíbrio
(desequilíbrio)
em
um
mercado,
países,
contrária
a
evidência
exibida
pela
curva
de
Philips
para
os
anos
por
tautologia,
significa
equilíbrio
(desequilíbrio)
no
outro.
Ate
meados
dos
anteriores.
Taxas
de
inflação
e
desemprego
passaram
a
se
correlacionar
de
anos
de
1970,
pode-‐se
dizer
que
o
entendimento
das
variações
entre
IS-‐LM
modo
contraditório,
caracterizando
o
que
ficou
conhecido
como
estagflação:
resumiam
todo
o
estudo
da
macroeconomia,
pelo
menos
nas
universidades
uma
mistura
de
inflação
com
estagnação
econômica.
brasileiras.
Essa
situação
atraiu
o
interesse
dos
economistas
para
investigar
a
1.2.2
A
CURVA
DE
PHILLIPS
fragilidade
da
teoria
de
Keynes
e
da
curva
de
Phillips
que
tivera
outrora
uma
Em
1958
o
economista
William
Phillips
usando
dados
da
Inglaterra
de
1861
aceitação
inconteste.
Lembre
que
a
preocupação
primeira
de
Keynes
era
a
1957,
evidenciou
relação
negativa
entre
a
taxa
nominal
dos
salários
com
respeito
ao
desemprego
e
de
como
politicas
fiscais
e
monetárias
(inflação)
e
a
taxa
de
desemprego.
Essa
relação
ganhou
status
de
“modelo
poderiam
diminui-‐lo.
Essa
questão
ainda
é
presente
em
toda
a
envergadura
teórico”
passando
a
ser
denominada
de
curva
de
Phillips,
quando
macroeconômica,
mas
o
fenômeno
da
estagflação
estabeleceu
uma
brecha
economistas
norte
americanos
(Paul
Samuelson
e
Robert
Solow)
teórica
propiciando
o
surgimento
de
novos
enfoques
explicativos
dos
efeitos
encontraram
efeito
semelhante
para
a
economia
dos
Estados
Unidos
da
monetários
e
fiscais
sobre
o
nível
de
emprego.
Quatro
escolas
de
América.
Se
a
inflação
aumentava,
diminuía
o
desemprego
e
quando
ela
pensamento
macroeconômico
foram
se
fortalecendo,
cada
qual
com
sua
diminuía
o
desemprego
aumentava,
pelo
menos
no
curto
prazo.
Os
matriz
teórica
para
explicar
o
fenômeno
da
estagflação
e
posteriormente
se
resultados
empíricos
entre
inflação
e
desemprego
contribuíram
para
os
consolidar
como
um
ramo
particular
de
estudos
macroeconômicos:
formuladores
de
politica
econômica
introduzirem
os
efeitos
desse
nexo
Monetaristas,
Novos
Clássicos,
Novos
Keynesianos
e
Estruturalistas.
causal
no
exercício
da
politica
monetária
1.2.3
MONETARISTAS
As
propostas
keynesianas
para
estimular
a
demanda
efetiva
passavam
agora
Essa
linha
de
pensamento
ficou
conhecida
como
a
macroeconomia
oriunda
5. Ver Blanchard, O. op.cit. e para contextualização histórica Humprey, T.M (1985); The early
da
“Escola
de
Chicago”.
Milton
Friedman
foi
o
principal
mentor
dos
ocorrência
de
algum
desajustamento
entre
a
taxa
efetiva
de
emprego
e
a
ensinamentos
monetaristas.
Os
que
seguem
essa
linha
de
pensamento
taxa
natural
de
emprego
da
economia.
advogam
que
a
variação
na
quantidade
de
moeda
não
exerce
feitos
reais
no
longo
prazo,
embora
possa
exerce-‐lo
no
curto-‐prazo
mas,
que
Os
monetaristas,
embora,
aceitem
que
a
moeda
possa
exercer
efeitos
para
inexoravelmente
irão
se
ajustar
no
longo
prazo,
invalidando
os
efeitos
aumentar
o
emprego
no
curto
prazo,
quando
a
taxa
natural
de
emprego
causados
pelas
variações
da
moeda
no
curto
prazo6.
ainda
não
foi
alcançada,
sugerem
que
a
sua
adoção
é
prejudicial
no
longo
prazo,
pois
a
oferta
de
produtos
está
limitada
no
longo
prazo:
o
crescimento
Seus
argumentos
apoiavam-‐se
no
pouco
sucesso
da
política
fiscal
do
produto
depende
exclusivamente
de
variáveis
estruturais
que
aumentem
expandindo
a
demanda
efetiva
com
a
economia
perto
do
pleno
emprego
a
produtividade
do
trabalho.
Os
aspectos
monetários,
nessa
linha
de
(taxa
natural
de
desemprego
no
longo
prazo).
O
resultado
esperado
seria
a
pensamento,
não
são
tão
importantes
como
educação
e
avanços
elevação
de
preços
e
da
taxa
de
juros
nominal
desestimulando
o
tecnológicos,
por
exemplo,
para
o
crescimento
do
produto.
investimento,
que
é
o
principal
elemento
propiciador
de
demanda
agregada.
Apesar
dos
escritos
de
Friedman
mais
comentados,
anteriores
ao
anos
de
De
resto,
no
debate
com
os
keynesianos,
a
linha
de
pensamento
monetarista
1070,
não
colocarem
a
questão
da
estagflação
(inflação
com
estagnação
advoga
que
o
não
reconhecimento
pelas
autoridades
monetárias
das
econômica)
como
decorrentes
de
politicas
fiscais
e
monetárias
pressões
de
demanda,
no
período
que
antecedeu
a
crise
de
1929
nos
Estados
expansionistas,
seus
resultados
analíticos
parecem
antever
processos
de
Unidos,
foi
justamente
a
principal
causa
da
deflação
e
não
uma
suposta
estagflação
que
foram
se
instaurando
em
diversos
países
que
adotaram
as
insuficiência
de
demanda
efetiva,
como
pensou
Keynes.
Se
as
autoridades
politicas
keynesianas,
no
final
dos
anos
de
19790.
tivessem
reconhecido
este
fato
certamente
teriam
providenciado
uma
maior
oferta
monetária
impedindo
que
o
processo
deflacionário
se
alojasse
no
Friedman
reviveu
a
Teoria
Quantitativa
da
Moeda,
construída
por
Fischer
no
sistema
econômico.
Esse
reforço
argumentativo
fortalece
a
utilização
da
início
do
século
XIX,
mantendo
sua
essência:
uma
oferta
monetária
servindo
política
monetária
ativa
alinhada
com
a
oferta
agregada
em
detrimento
a
exclusivamente
ao
mecanismo
de
troca7.
Qualquer
variação
da
quantidade
política
fiscal
recomendada
pelos
seguidores
de
Keynes
nos
ajustamentos
da
de
moeda
no
sistema
rebateria
exclusivamente
nos
preços.
Milton
Friedman
economia
em
direção
ao
pleno
emprego8.
revelou
a
existência
de
uma
demanda
por
moeda
correlacionada
aos
preços,
juros
e
produto.
O
equilíbrio
no
mercado
monetário
passava
a
ser
No
anos
de
1970,
Friedman
ampliou
a
macroeconomia
para
incluir
a
noção
meramente
uma
questão
de
calibragem
da
oferta
uma
vez
definidos
metas
a
de
expectativas
adaptativas.
Seu
enredo
era
que
as
funções
de
preferência
serem
alcançadas.
Com
estas
condições,
o
exercício
da
política
monetária
nos
processos
de
escolha
são
otimizadas
pelas
expectativas
que
os
sobre
rendas
e
preços
poderia
ser
coroado
de
sucesso
no
curto
prazo,
na
indivíduos
formam
da
dinâmica
do
nível
de
preços
com
base
no
passado
recente.
Apadrinhou,
também,
a
ideia
de
que
economias
caminham
em
Economia
Contemporânea,
vol.
17,
no
2,
maio-‐agosto.
8
Essa
observação
foi
extraída
de
conversa
de
botequim
com
Luís
Carlos
Delorme
Prado
que,
7
Essa
questão
será
abordada
com
mais
detalhes
no
capitulo
5
adiante.
dentre
vários
aspectos,
procurava
retratar
a
astúcia
argumentativa
de
Friedman.
8
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
direção
a
um
desemprego
natural
e
que,
portanto,
as
variações
observadas
poderia
gerar
efeitos
reais
imediatos
pois
os
agentes
reagem,
se
adaptando,
no
desemprego
seriam
friccionais.
Desse
modo,
sendo
o
processo
de
escolha
a
política
em
vigor.
alicerçado
pelo
passado
e
a
taxa
de
desemprego
natural,
o
processo
de
estagflação
seria,
no
limite,
decorrente
de
políticas
expansionistas
que
os
A
ideia
de
expectativas
racionais
invalida
essa
proposição:
a
política
indivíduos
reconhecem
e
se
adaptam
com
a
restrição
da
plena
utilização
de
monetária
somente
teria
efeitos
reais
se
eles
não
fossem
antecipados
pelos
recursos.
agentes
econômicos.
Quando
os
agentes
antecipam
“racionalmente”
determinada
politica
econômica,
eles
anulam
os
efeitos
pretendidos
Assim,
os
monetaristas
argumentam,
de
modo
geral,
que
os
estímulos
politicamente.
Assim,
essa
linha
de
pensamento
anula
totalmente
o
econômicos
oriundos
do
livre
jogo
das
forças
de
mercado
são
mais
eficazes
pragmatismo
da
teoria
keynesiana
centrada
na
politica
fiscal
e
monetária.
do
que
os
estímulos
decorrentes
de
as
políticas
fiscal
e
monetária9.
Para
eles,
Claro
que
os
enfoques
das
expectativas
adaptativas
e
racionais
contem
a
oferta
monetária
ao
longo
de
tempo
deveria
seguir
padrões
definidos
em
questões
de
temporalidade
bastante
sensíveis.
No
limite,
podemos
dizer
que
função
da
variação
do
produto
e
qualquer
politica
monetária
e
fiscal
além
essa
escola
ao
ampliar
o
conceito
de
expectativas
adaptativas
construindo
o
desse
ponto
teria
a
propriedade
de
gerar
inflação
cujo
efeito
seria
inócuo
conceito
de
expectativas
racionais
nega
a
existência
do
tempo,
uma
vez
que
para
a
oferta
agregada,
anulando
possíveis
efeitos
sobre
a
demanda
efetiva,
o
presente
é
algo
a
ser
definido
“racionalmente”,
o
futuro
ainda
não
é
real
uma
vez
que
os
indivíduos
reconhecem
o
maior
volume
de
moeda
se
senão
como
esperança
de
hoje
e
o
passado
não
existe
senão
como
transbordando
sobre
os
preços
dos
bens
e
serviços.
Em
resumo,
muitos
dos
recordação
presente.
ensinamentos
dos
monetaristas
se
aproximam
do
mundo
como
pensado
pelos
economistas
clássicos,
onde
a
moeda
é
exógena
ao
sistema
econômico
Os
Novos
Clássicos
se
apoiam
também
nos
preceitos
dos
economistas
e
é
somente
um
veículo
das
trocas
entre
bens
e
serviços.
clássicos
da
busca
interesseira
pelos
indivíduos
na
maximização
de
seu
bem-‐
estar
como
o
principal
estimulo
para
a
eficiência
e
equilíbrio
econômico.
1.2.4.
TEORIA
NOVO-‐CLASSICA
Ainda
nesta
linha
de
argumentação,
Robert
Lucas
e
Thomas
Sargent,
no
1.2.5
OS
NOVOS
KEYNESIANOS
inicio
dos
anos
de
1970,
desenvolveram
o
conceito
de
expectativas
A
terceira
linha
de
pensamento
macroeconômico
é
mais
recente.
Surgiu
na
racionais.
O
significado
difere
das
expectativas
adaptativas
justamente
última
década
dos
século
passado
sob
a
denominação
de
“Os
Novos
devido
a
possibilidade
dos
indivíduos
anteciparem
o
comportamento
da
Keynesianos”,
com
economistas
oriundos
principalmente
da
Universidade
política
econômica
com
base
em
todas
as
informações
disponíveis
no
de
Harvard
em
oposição
aos
Monetaristas
e
a
Teoria
Novo
Clássica:
na
sua
presente10.
Com
expectativas
adaptativas
a
política
monetária
no
curto
prazo
grande
maioria
seguidores
da
tradição
da
Universidade
de
Chicago.
Eles
renovam
os
ensinamentos
de
Keynes
elevando
o
status
da
política
fiscal
e
9 Ver, Milton Friedman (1968); The Role of Monetry Policy in American Economic Review, vol.
monetária
para
conserto
das
falhas
no
sistema
econômico11.
Economistas
na
margem,
de
modo
a
impedir
rebaixamento
pelas
firmas
menores
como
Sachs,
Krugman,
Mankiw,
David
Romer
e
Blanchar
representam
os
seguidoras
no
mercado
particular.
expoentes
dessa
nova
vertente
econômica.
Atualmente
seus
manuais
são
os
mais
utilizados
no
ensino
da
macroeconomia.
O
argumento
central
dos
1.2.6
ESTRUTURALISTAS
Novos
Keynesianos
reside
na
consideração
que
variações
na
liquidez
do
Outros
economistas,
sensíveis
ao
aspectos
estruturais,
explicam
as
variações
sistema
econômico
ajustam
preços
e
salários
com
certa
lentidão
e
enquanto
de
renda
e
preços
nominais
como
decorrência
da
insuficiência
de
oferta
em
o
ajustamento
não
é
pleno
a
política
econômica
é
eficiente
para
modificar
determinados
segmentos.
Esses
preços
seriam
majorados
e
seus
aumento
rendas
e
preços.
Uma
política
fiscal
expansionista,
por
seu
lado,
expande
o
seria
repassado
para
os
demais
preços
dos
produtos,
generalizando
a
emprego
ampliando
a
demanda
agregada.
elevação
de
preços
por
todos
os
produtos
da
economia.
Uma
vez
instaurado
a
elevação
generalizada
de
preços,
fica
difícil
reconhecer
qual
o
setor
A
hipótese
central
é
que
os
agentes
formam
os
preços
e
tentam
sustenta-‐los.
produtivo
que
desencadeou
a
elevação
generalizada
de
preços.
Nesta
Modificações
seriam
decorrentes
de
alterações
nos
seus
custos
particulares.
situação,
os
salários
rígidos
e
os
recursos
produtivos
acomodados
Ou
seja,
está
suposto
aqui
que
há
rigidez
de
preços
na
economia
em
um
estruturalmente
estabelecem
espirais
inflacionárias
de
difícil
contenção,
conjunto
de
bens
o
que
torna
atraente
o
exercício
da
politica
monetária,
tal
pois
a
inflação
é
explicada
pela
inflação:
motivada
pelo
lado
real
da
como
havia
advogado
Keynes.
economia
e
não
por
decorrência
de
aspectos
monetários.
Os
Novos
Keynesianos
partem
da
ideia
bem
original,
por
exemplo,
de
que
os
O
ambiente
de
estudo
dessa
linha
de
pensamento
macroeconômico
são
as
salários
pagos
pelas
firmas
são
fixados
com
base
na
produtividade
do
economias
em
desenvolvimento
ou
denominadas
de
“periféricas”.
Essas
trabalho.
As
empresas
não
seriam,
portanto,
motivadas
a
reduzir
salários,
economias
estão
longe
do
pleno
emprego
e
por
isso
os
processos
uma
vez
que
a
eficiência
dos
trabalhadores
é
condicionada
aos
salários
inflacionários
não
podem
ser
atribuídos
a
políticas
governamentais
recebidos.
Redução
salarial
para
conter
custos
desestimula
o
trabalhador
expansionistas,
como
resulta
ser
nas
economias
desenvolvidas
onde
o
taxa
modificando
para
menos
a
produtividade
e,
portanto,
reduz
o
lucro12.
A
de
desemprego
encontra-‐se
em
seu
nível
natural.
A
hipótese
central
dessa
impessoalidade
do
mercado
também
contribuí
para
certa
rigidez
dos
preços
escola
de
pensamento
é
que
existem
lógicas
de
organização
produtiva
bem
dos
bens
e
serviços
finais.
Mercados
imperfeitos
também
teriam
preços
diferentes
nestes
países
em
relação
aos
países
desenvolvidos
ou
chamados
rígidos
face
o
comportamento
das
empresas
líderes
que
cotam
seus
preços
de
“países
centrais”.
quais
os
preços
são
detonados
quando
a
demanda
agregada
é
estimulada.
trabalhadores
resistem
a
redução
salarial
e
com
os
preços
dos
bens
finais
Para
essa
escola,
os
desajustes
da
economia
são
causados
por
desarranjos
caindo,
desde
o
ano
de
1926,
os
empresários
eram
estimulados
a
demitir
e
estruturais
cujo
acerto
deve
ser
orientado
por
reformas
institucionais,
como
não
a
investir.
De
fato,
com
salários
rígidos,
o
custo
do
trabalho
aumenta
em
a
agrária,
cambial,
de
(tabelamento
de)
preços
e
outras
com
características
época
de
deflação,
não
justificando
acréscimos
`a
produção.
Assim,
somente
setoriais.
é
ofertado
o
volume
de
emprego
que
proporciona
o
máximo
de
renda
que
será
obtida
em
relação
ao
custo
dos
fatores.
Resultado:
é
necessário
a
1.3
UM
POUCO
DE
HISTORIA
adoção
de
políticas
que
ampliem
a
demanda
agregada
para
estimular
os
John
Maynard
Keynes
e
Michael
Kalecki
argumentaram
que
a
estabilidade
e
empresários
a
ampliar
a
oferta
agregada
em
direção
ao
pleno
emprego.
o
crescimento
econômico
resultam
de
os
empresários
responderem
com
prontidão
aos
estímulos
propiciados
pela
demanda
dos
consumidores
e
das
De
modo
estilizado,
reproduzindo
Keynes,
sendo
N
o
nível
de
emprego,
empresas.
Esse
processo
de
recepção
dos
estímulos
ficou
conhecido
como
O
temos13:
Princípio
da
Demanda
Efetiva.
[ΔDemanda
Efetiva
(D
)
⇒
Δ
Oferta
(Z)]
determinando
o
nível
de
No
ano
de
1933
a
economia
norte-‐americana
havia
alcançado
14
milhões
de
emprego
da
economia
(θ
N)
desempregados:
um
perda
de
40%
de
postos
de
trabalho
em
relação
aos
níveis
anteriores
a
grande
depressão
de
1929.
Para
os
neoclássicos
o
Assim,
se
D
>
Z,
com
recursos
ociosos
na
economia,
haverá
um
estimulo
para
desemprego
não
prosperaria
por
conta
de
mecanismos
corretivos
os
empresários
aumentarem
o
emprego
(N),
que
ao
concorrerem
entre
si
proporcionados
pelo
livre
jogo
das
forças
de
mercado.
Aqueles
que
optam
pressionam
os
custos
dos
fatores,
até
o
ponto
em
que
o
valor
de
N
seja
tal
por
não
trabalhar
o
fazem,
justificavam
eles,
por
motivos
voluntários.
Apesar
que
iguale
Z
e
D.
O
volume
de
emprego
(N)
é
plenamente
determinado
pelo
da
forte
evidência
contrária,
a
teoria
neoclássica
propalava
que
a
oferta
ponto
de
interseção
entre
a
oferta
agregada
(Z)
e
demanda
agregada
(D)
que
excedente
de
mão-‐de-‐obra
retornaria
as
fábricas
mediante
a
aceitação
de
corresponde
a
maximização
das
expectativas
de
lucros
dos
empresários,
menores
salários.
A
lógica
do
pensamento
neoclássico
era
assim
sintetizada:
mas
não
há
razão
para
supor
que
isso
ocorra
no
pleno
emprego.
Este
é
um
menores
salários
propiciam
ganhos
marginais
de
produção
por
unidade
princípio
(da
demanda
efetiva)
poderoso,
pois
evoca
a
ideia
de
que
a
produzida.
Esse
ajustamento
portanto,
reproduz
ciclos
produção
–
renda
demanda
pode
ser
construída
e
o
emprego
aumentado.
suficientes
para
alcançar
o
pleno
emprego.
Em
um
modelo
ampliado,
a
demanda
efetiva
compreende
os
gastos
das
Tudo
se
passa
sob
a
existência
de
um
ciclo
virtuoso,
onde
a
produção
famílias
em
consumo
(C),
das
empresas
em
investimento
(I),
do
governo
em
engendra
pagamentos
de
salários,
juros,
alugueis
e
lucro
pela
utilização
de
infraestrutura
e
outra
despesas
(G)
e
das
aquisições
pelos
outros
países
de
fatores
de
produção
(mão-‐de-‐obra,
capital,
recursos
naturais
e
capacidade
nossos
bens
e
serviços,
representando
as
exportações
(X).
Assim:
gerencial,
para
citar
os
mais
simples)
que
se
transformam
em
gastos,
pondo
em
marcha
a
produção.
O Principio da Demanda Efetiva adverte justamente o contrário: os 13 J. M. Keynes, ( 1972) Teoria geral, do emprego, do juro e da moeda, Capítulo 3, Ed. Saraiva.
11
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
dedicado
a
constituição
dos
bens
e
serviços
é
cada
vez
menor,
sobrando,
ser
estimado
também,
por
baixo,
pela
soma
dos
títulos
públicos
dos
portanto,
mais
tempo
para
se
dedicar
as
atividades
indiretas,
como
governos
de
todos
os
países
cujo
valor
alcança
aproximadamente
65%
da
educação,
artes,
desenvolvimento
científico
tecnológico,
aprimoramento
das
produção
mundial
que
girou
ao
redor
de
75
trilhões
de
dólares,
no
ano
de
funções
do
Estado
e
outras
que
no
curso
normal
do
desenvolvimento
da
2011,
pelas
contas
do
FMI.
Quando
empregamos
a
expressão
“por
baixo”,
humanidade
são
aplicadas
nos
melhoramentos
produtivos
engendrando
ou
seja
valores
subestimados,
é
porque
o
excedente
é
toda
a
riqueza
cada
vez
mais
excedente
econômico.
acumulada,
reservada
em
estoque,
e
parcela
dela
não
necessariamente
encontra-‐se
monetizada.
Quando
maior
o
excedente
extraído,
melhores
condições
existem
para
encurtar
o
tempo
dedicado
a
constituição
dos
bens
materiais
e
serviços
Ele
é
também
bastante
concentrado.
Apenas
85
pessoas
detêm
os
recursos
essenciais
a
reprodução
das
sociedades.
Maior
será,
portanto,
a
riqueza
patrimoniais
equivalente
a
3,5
bilhões
de
pessoas17.
No
sistema
em
que
patrimonial.
Este
é
um
resultado
lógico
do
sistema
capitalista.
Mas,
também
vivemos
uma
das
questões
centrais
é
a
valorização
real
desse
excedente:
é
lógico
que
os
indivíduos
que
operam
as
forças
para
a
constituição
do
fazer
crescer
(um
estoque
de)
riqueza
através
da
criação
de
novos
bens
e
excedente
econômico
o
disputem
de
modo
exemplarmente
vigoroso.
Os
serviços
(fluxo)
operados
pela
demanda
efetiva.
A
tendência
secular
de
empresários
procuram
aumentar
sua
parcela
aumentando
os
preços
de
seus
maiores
salários
e
maiores
lucros
causados
pelo
aumento
de
produtividade
produtos
e
serviços,
os
trabalhadores
reivindicando
melhores
salários
e
o
e
a
amplificação
dos
serviços
com
o
avanço
técnico
são
fenômenos
inerentes
Estado
cobrando
impostos
para
o
exercício
de
atividades
básicas:
a
evolução
do
sistema
capitalista
e
constituem
sua
própria
autoflagelação,
sobrevivência
política,
poderio
militar
e
garantia
de
paz
interna,
na
visão
de
pois
o
estoque
de
excedente
econômico,
retratado
pelo
poder
de
compra
Hobbes15,
para
citar
as
mais
tradicionais.
O
percurso
dessa
disputa
não
é
acumulado,
requer
cada
vez
mais
engenhosidades
para
se
valorizar,
ou
pelo
empiricamente
determinado,
pois
depende
dos
embates
que
se
exercem
menos
não
ver
diminuído
o
seu
valor.
para
operar
a
distribuição
e
utilização
do
excedente
entre
as
classes
e
grupos
sociais16.
A
maior
liquidez
proporcionada
ao
sistema
econômico
pelas
instituições
financeiras
amplia
o
excedente
econômico
por
meio
da
maior
oferta
de
A
evidência
mostra
que
o
excedente
econômico
tem
crescido
de
maneira
crédito,
do
aprimoramento
dos
mecanismos
de
alavancagem
patrimonial
e
exemplar
e
atualmente
é
enorme.
Ele
representa,
por
baixo,
a
soma
das
criação
talentosa
de
derivativos.
O
poder
de
compra
acumulado
(poupança)
poupanças
disponíveis
no
mundo,
cujo
giro
diário
no
mercado
financeiro
nas
alimenta
o
princípio
da
demanda
efetiva
quando
transformado
em
principais
praças
do
mundo
se
aproxima
a
30
bilhões
de
dólares.
Ele
pode
investimento
(Keynes)
adicionado
ao
gasto
em
consumo
de
alta
renda
(Kalecki).
Neste
processo
a
expansão
ou
contração
da
produção
e
circulação
de
mercadorias
encontra
a
passagem
entre
o
lado
real
da
economia
e
o
lado
15
Thomas
Hobbes
na
publicação
de
Leviatã
(1651),
ponderou
a
existência
dos
Estados
e
dos
nominal
envolvendo
juro,
moeda
e
crédito
com
suas
instituições
bancárias
e
poderes
inerentes
constituídos
a
partir
da
ideia
seminal
de
que
os
membros
de
uma
financeiras
sociedade
abrem
mão
de
sua
liberdade
natural,
formando
uma
autoridade
para
assegurar
a
paz
interna
e
a
defesa
comum
da
sociedade.
Ver
Vasconcelos,
V.
V.
As
Leis
da
Natureza
e
a
Moral
em
Hobbes.
Universidade
Federal
de
Minas
Gerais.
2004.
16
Uma
investigação
acerca
essa
questão
pode
ser
encontrada
em
Piqueti
(2012)
17
Pesquisa
da
Oxfam,
extraída
do
Jornal
O
Globo,
Caderno
de
Economia,
pag.
21,
24/01/2014.
13
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
De
fato,
a
macroeconomia
lida
com
uma
variável
bastante
árdua
que
é
o
isso
certamente
seria
uma
situação
temporária,
no
entendimento
dos
livre-‐arbítrio
que
os
indivíduos
possuem.
Por
mais
que
a
macroeconomia
adeptos
da
lei
de
Say.
procure
manter
um
caráter
impessoal
do
processo
decisório,
o
livre-‐arbítrio
se
aloja
nos
negócios,
nas
decisões
e
nas
vontades
causando
distintas
A
investigação
acerca
a
validade
da
Lei
de
Say
resultou
em
um
debate
interpretações
de
riscos
financeiro.
Assim,
o
princípio
da
demanda
efetiva,
caloroso
até
meados
do
primeiro
quartel
do
século
XX,
quando
essa
questão
sob
certas
circunstâncias
e
condições,
pode
ter
um
alcance
limitado
para
o
foi
encerrada
com
os
estudos
de
Keynes
e
Kalecki,
como
mencionado
equilíbrio
entre
oferta
e
demanda
agregadas,
tornando
o
sistema
econômico
anteriormente.
Até
lá,
a
moeda
era
um
fenômeno
externo
ao
mundo
recorrentemente
instável.
É
nesse
palco
de
instabilidade
e
flutuações
cíclicas
econômico.
O
núcleo
do
debate
manifestava-‐se
na
avaliação
dos
méritos
que
macroeconômicas
que
a
política
governamental
atua
para
induzir
certa
a
produção
tinha
como
responsável
pela
criação
de
renda
destinada
distribuição
de
renda,
condizente
com
o
crescimento
econômico
desejado
e
totalmente
a
despesa.
De
fato,
bastaria
somente
a
criação
de
renda
com
os
onde
a
manifestação
das
variações
de
preços
seja
estável
sem
causar
pagamento
aos
fatores
de
produção
para
por
em
movimento
o
processo
constrangimentos
ao
seu
balanço
de
pagamentos,
já
que
todos
os
países,
em
produtivo,
ou
isso
seria
insuficiente,
uma
vez
que
depende
da
vontade
do
ser
menor
ou
maior
grau,
são
interdependentes.
humano
a
transformação
de
renda
em
despesa?
1.4.
ANTECEDENTES
Com
base
nos
escritos
de
Marx,
economistas
como
Rosa
Luxemburgo,
Tugan
No
século
XIX,
o
economista
francês
Jean-‐Baptiste
Say
(1803)
em
seu
Traité
Baranosvisk
e
o
próprio
Michael
Kalecki
procuraram
responder
a
essa
d'Economique
Politique
estabeleceu
uma
máxima
para
explicar
o
questão
advogando
que
o
processo
capitalista
de
reprodução
ampliada
gera
funcionamento
do
sistema
econômico.
Ela
era
bastante
simples
e
com
forte
uma
renda
maior
que
o
gasto
e,
portanto,
leva
o
sistema
a
crises
de
poder
de
convencimento
recebendo,
por
isso,
o
status
de
lei:
a
Lei
de
Say:
“a
realização,
ou
em
outras
palavras,
a
constituir
uma
“sobra
de
demanda
oferta
cria
sua
própria
demanda”.
efetiva/poder
de
compra
acumulados
não
efetivado”
que
pode
não
se
ajustar
para
estimular
a
produção
corrente18.
Ela
anuncia
que
a
fonte
da
demanda
é
o
fluxo
de
pagamentos
aos
fatores
gerado
a
partir
do
processo
de
produção.
Assim
entendido,
o
emprego
de
A
ideia
central
é
que
o
mundo
econômico
se
expande
na
busca
pelos
recursos
ociosos
aumenta
rendas
destinados
a
aquisição
de
um
volume
indivíduos
de
mais
e
maiores
lucros.
Esse
comportamento
organiza
sinergias
maior
de
produtos
em
relação
a
situação
anterior.
As
novas
rendas
constituídas
retomam,
através
de
atos
de
compra
e
venda,
ao
seio
produtivo
criando
mais
empregos
e
novos
produtos,
e
assim
sucessivamente.
Renda
é
18
Ao
vender
sua
mercadoria,
o
capitalista
obtém
um
montante
de
dinheiro
igual
ao
que
é
igual
ao
Produto,
nesta
visão,
de
modo
inconteste.
Existiria
um
perfeito
necessário
para
compra-‐la:
toda
venda
corresponde
a
uma
compra
de
igual
valor.
Mas
o
equilíbrio
macroeconômico
entre
oferta
e
demanda
e
situações
fora
desta
capitalista
não
compra
sua
própria
mercadoria.
Como
parte
de
sua
receita
ele
adquire
de
norma
seriam
decorrentes
de
problemas
comerciais
e
financeiros
outros
capitalistas
os
meios
de
produção
necessária
para
manter
em
movimento
sua
própria
impedindo
que
as
compras
e
vendas
se
ajustassem
espontaneamente.
Sob
atividade.
Com
outra
parte,
de
seu
lucro,
ele
compra
um
volume
adicional
de
meios
de
certas
circunstâncias,
a
moeda,
a
taxa
de
juros
e
o
crédito
podem
levar
produção
para
ampliar
sua
atividades.
A
terceira
parte
ele
compra
bens
de
consumo
próprio.
Assim,
a
receita
total
de
um
capitalista
se
distribui
de
diferentes
modos,
podendo
ser
o
total
temporariamente
a
economia
para
uma
situação
distante
do
equilíbrio,
mas
ou
partes
dele
não
efetivada
o
que
resulta
em
crises
de
realização.
14
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
cujo
valor
do
produto
resulta
maior
do
que
o
valor
de
seu
custo
prévio
produtivo,
foi
justamente
propiciar
a
criação
de
industrias
produtoras
de
cotado
pelo
pagamento
da
mão-‐de-‐obra
e
encargos
com
o
capital
e
matérias
bens
de
capital
que
produzindo
máquinas
fazem
novas
máquinas
que
criam
primas.
A
oferta
de
bens
e
serviços,
ao
por
em
marcha
pagamentos
aos
outras
máquinas,
e
assim
sucessivamente
-‐
cada
uma
mais
eficiente
que
a
fatores
de
produção,
adiciona
“lucros”
ao
valor
de
venda
dos
produtos,
anterior.
Assim,
a
produção
foi
se
estruturando
em
três
categorias
de
bens.
originando
a
renda
economicamente
excedente:
um
sobre-‐produto,
um
Bens
de
investimento
que
requerem
transformações
tecnológicas
inter
produto
excedente.
Para
esses
autores,
diferentemente
dos
adeptos
da
Ley
setoriais
devido
a
natureza
de
sua
produção
voltada
para
aumentar
a
de
Say,
a
natureza
da
produção
capitalista
forja
recorrentemente
produtividade
do
trabalho
na
economia.
Bens
de
luxo
dedicados
as
classes
instabilidades,
flutuações
e
crises
no
mundo
econômico,
pois
os
de
maior
renda
e
diretamente
vinculada
ao
excedente
econômico
ou
lucro
da
investimentos
que
compõem
a
demanda
efetiva
são
lançados
de
modo
economia.
Bens
de
consumo
popular
que
são
caracteristicamente
intensivos
desorganizado
exacerbando
a
competição
entre
eles
cujo
resultado
é
elevar
em
mão-‐de-‐obra.
A
relação
entre
a
utilização
de
mão
de
obra
e
capital
é
a
produção
acima
do
socialmente
desejado.
Assim,
,
sob
condições
geralmente
favorável
a
utilização
da
primeira
na
produção
de
bens
sobejamente
triviais,
o
mundo
econômico
aloja
em
sua
historia
capitalista
populares
e
inversa
na
produção
de
bens
de
capital
e
de
luxo.
uma
insuficiente
demanda
efetiva
que
precisa
ser
continuamente
recomposta.
Com
a
revolução
industrial
no
século
XIX
constituindo
um
vigoroso
setor
produtor
de
bens
de
capital
(que
antes
não
existia),
a
indústria
não
encontra
Com
base
nos
esquemas
de
reprodução
ampliada
de
Marx,
destacaram
que
os
limites
técnicos
a
sua
expansão
determinados
pela
finitude
da
mão
de
qualquer
expansão
da
produção
de
bens
destinados
aos
trabalhadores
não
obra
e
do
fato
do
dia
só
ter
24
horas.
No
caso
da
manufatura,
estágio
gera
maior
renda
para
a
classe
dos
capitalistas,
pois
é
com
os
salários
pagos
anterior
a
revolução
industrial
inglesa,
o
alcance
da
produção
ficava
limitado
pelos
capitalistas
que
os
trabalhadores
adquirem
seus
produtos
retornando,
pelas
ferramentas
que
funcionavam
como
extensão
dos
braços,
das
perna
e
assim,
para
o
bolso
do
capitalista,
na
mesma
medida,
a
renda
gasta
por
eles.
demais
membros
do
corpo
humano.
O
sentido
econômico
da
revolução
O
lucro
macroeconômico
advém
da
recomposição
de
uma
demanda
efetiva
industrial
foi
justamente
o
de
criar
maquinas
em
substituição
as
centrada
nas
vendas
de
bens
de
investimento
(Tugan
Baranovisk),
mais
os
ferramentas,
permitindo
em
escala
exponencial
a
repetição
das
operações
bens
de
luxo
(Michael
Kalecki)
ou
daqueles
bens
dedicados
ao
mercados
humanas
antes
limitadas
pelas
ferramentas.
Desse
modo,
a
produção
pode
externos
ao
sistema
capitalista
(Rosa
Luxemburgo).
Desse
discernimento,
confeccionar
quantidades
de
bens
e
serviço
não
mais
limitados
pelo
tempo
deriva
a
organização
de
competências
no
sistema
capitalista
para
ampliar
a
(24
horas
por
dia)
e
muito
menos
pela
escassez
de
mão
de
obra,
uma
vez
que
demanda
efetiva,
como
as
guerras,
a
obsolescência
planejada
de
produtos,
a
a
maquina
substitui
o
trabalho
humano.
busca
de
mercados
externos
e
os
gastos
improdutivos
do
Estado,
para
citar
os
mais
visíveis.
É
na
possibilidade
de
uma
produção
ilimitada
tecnicamente,
em
contraposição
ao
constrangimentos
na
demanda
por
bens
e
serviços
De
fato,
desde
a
revolução
industrial
do
século
XIX,
a
produção
conta
com
originados
pela
distribuição
de
renda,
pelas
forças
da
natureza
e
pelo
livre
uma
oferta
de
bens
tecnológicos
que
proporcionam
aumentos
cada
vez
mais
arbítrio
do
ser
humano,
que
se
encontra
justamente
a
instabilidade,
amplificados
da
produtividade
do
trabalho.
Em
termos
econômicos,
um
dos
flutuações
e
crises
econômicas.
principais
efeitos
da
revolução
industrial,
associado
ao
avanço
técnico
15
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
***
2. O PRODUTO
O
estudo
da
macroeconomia
requer
o
conhecimento
prévio
da
construção
A
macroeconomia
vem
sendo
palco
de
aperfeiçoamentos
e
discussões
que
dos
agregados
econômicos.
Mensuramos
o
produto
de
uma
economia
e
as
sugerem
certo
distanciamento
de
uma
estrutura
teórica
única.
Procuramos
partes
que
o
compõem
aplicando
princípios
contábeis
e
denominamos
esta
retratar
um
enfoque
macroeconômico
a
partir
de
elementos
comum
entre
as
parte
do
estudo
da
macroeconomia
de
Contabilidade
Nacional.
As
contas
escolas,
não
estabelecendo
portanto
posições
conflituosas.
Não
obstante,
nacionais
fornecem
as
medidas
efetivas
dos
agregados
econômicos
que
algumas
questões
são
abordadas
sob
um
ponto
de
vista
politico
fugindo
da
compõem
a
estrutura
funcional
do
Produto
e
da
Renda
de
um
país.
A
modelagem
usual
da
macroeconomia,
como
veremos
mais
a
frente.
contabilidade
nacional
não
somente
fornece
medidas
de
desempenho
da
economia
mensuradas
pela
produção
de
bens
e
serviços,
mas
também
Por
fim,
apesar
do
estudo
da
macroeconomia
ser
eminentemente
evidencia
as
relações
funcionais
entre
elas
partindo
de
três
variáveis
pragmático,
vale
distinguir
as
apreciações
de
caráter
valorativo
que
evocam
macroeconômicas
básicas:
Produto,
Renda
e
Despesa.
Os
bens
e
serviços
a
ideia
de
juízo
de
valor
-‐
economia
normativa
-‐
das
apreciações
de
caráter
produzidos
(produto)
significam
dispêndios:
despesa
com
os
fatores
de
factual
-‐
economia
positiva.
Esta
última
preocupa-‐se
com
a
descrição
de
produção
que
serão
consumidos
por
meio
da
renda
paga
aos
proprietários
fatos,
circunstâncias
e
relações
na
economia.
Qual
a
taxa
de
desemprego
dos
fatores
de
produção.
Assim,
a
Renda,
a
Despesa
e
o
Produto
podem
ser
atual?
Como
um
nível
mais
elevado
de
inflação
afeta
o
emprego
dos
fatores
decompostos
em
termos
de
os
agregados
econômicos;
tributação
e
gastos
do
de
produção?
Em
que
medida
um
imposto
sobre
a
gasolina
afeta
o
seu
governo,
rendas
dos
exportadores
e
gastos
com
importação,
poupança
e
consumo?
Estes
são
exemplos
de
problemas
que
apenas
podem
ser
investimento
e
os
pagamento
aos
fatores
de
produção19.
resolvidos
com
referência
a
fatos
e
que,
portanto,
são
determinados,
geralmente,
de
forma
empírica.
Podem
ser
problemas
fáceis
ou
complicados,
O
Produto
Nacional
Bruto
(PNB)
e
o
Produto
Interno
Bruto
(PIB)
são
as
mas
todos
eles
se
situam
na
esfera
da
economia
positiva.
medidas
mais
divulgadas
pelos
meios
de
comunicação.
O
PNB
e
o
PIB
são
as
medidas
agregadas
de
tudo
o
que
foi
produzido
em
termos
de
bens
finais
A
ação
dos
formuladores
da
política
pertence
ao
campo
da
economia
pelos
fatores
de
produção
que
são
à
força
de
trabalho,
os
recursos
naturais
e
normativa
que
envolve
julgamentos
éticos
e
de
valor.
Qual
o
nível
de
inflação
o
capital
e
suas
contrapartidas
nominais
são
os
salários,
alugueis
e
juros,
que
deve
ser
tolerado?
Deverão
os
impostos
afetar
mais
os
ricos
para
ajudar
respectivamente.
os
pobres?
Deverá
a
despesa
com
o
setor
de
saúde
pública
ser
financiada
pela
Contribuição
Provisória
sobre
Movimentação
Financeira
(CPMF)
ou
O
PNB
contabiliza
os
rendimentos
dos
fatores
nacionais
de
produção
outra
modalidade
de
imposto
deve
ser
criada?
Estas
são
algumas
questões
localizados
no
país
e
no
exterior.
Ao
mesmo
tempo,
não
considera
o
que
têm
valores
profundamente
enraizados
ou
julgamentos
de
natureza
rendimento
auferido
pelos
fatores
de
produção
de
propriedade
de
não-‐
moral.
Podemos
discuti-‐los,
mas
não
resolvê-‐los
através
da
ciência
ou
do
residentes
dentro
das
fronteiras
do
país.
As
entradas
e
saídas
desses
apelo
aos
fatos.
Não
existem
respostas
certas
ou
erradas
acerca
do
nível
que
rendimentos
são
contabilizadas
no
Balanço
de
Pagamentos
e
representam
os
a
inflação
deva
ter,
do
nível
de
pobreza
que
deva
ser
admitida
ou,
ainda,
do
nível
de
gastos
com
a
saúde
pública
que
o
país
necessita.
Estes
problemas
são
resolvidos
com
ações
políticas.
19
Ver
IBGE,
notas
metodológicas,
2008.
16
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
pagamentos
e
recebimentos
devidos
a
juros,
lucros,
dividendos,
royalties,
ano
de
1980
esse
valor
representava
apenas
54
bilhões
de
dólares.
No
ordenados
e
salários
ao
pessoal
trabalhando
no
estrangeiro
e
também
pela
período
de
1990
a
2000
o
crescimento
do
comércio
internacional
foi
de
85%
utilização
de
marcas
e
patentes,
dentre
outros.
A
diferença
(saldo)
entre
as
e
entre
o
ano
2000
e
2008
o
crescimento
foi
de
149%,
totalizando
um
entradas
e
saídas
desses
pagamentos
registrado
no
Balanço
de
Pagamentos
comércio
neste
último
ano
de
16
trilhões
de
dólares.
Assim,
a
maioria
dos
do
país
é
denominada
de
renda
líquida
enviada
ao
exterior
(RLEX).
países
passou
a
enfatizar
mais
a
divulgação
do
PIB
do
que
o
PNB
caracterizando
com
mais
propriedade
as
condições
e
circunstâncias
de
O
PIB,
por
seu
lado,
evoca
a
ideia
de
território.
Ele
mensura
o
valor
total
dos
geração
de
valor
do
mercado
doméstico,
com
certa
independência
da
origem
bens
e
serviços
finais
produzidos
dentro
das
fronteiras
do
país
do
capital
que
o
constitui.
independente
da
propriedade
dos
fatores
de
produção,
sejam
eles
nacionais
(residentes)
ou
estrangeiros
(não
residente).
Assim,
o
PIB
tende
a
ser
maior
O
PNB
e
o
PIB,
bem
como
a
contrapartida
Renda,
nos
fornecem
informações
do
que
o
PNB
nos
países
em
desenvolvimento
ou
subdesenvolvidos,
já
que
agregadas.
Suas
quantificações
representam
o
quanto
de
produtos
finais
foi
contabiliza
as
saídas
de
renda
das
filiais,
subsidiárias
ou
controladas
de
constituído,
em
determinado
período
pelas
habilidades
das
forças
de
multinacionais
dentro
das
fronteiras
nacionais,
que
geralmente
são
trabalho
intermediadas
pelas
técnicas
de
produção
existentes.
Os
papéis
superiores
a
renda
recebida
pelos
residentes
dos
seus
investimentos
feitos
desempenhados
pelas
instituições
privadas
e
públicas
na
geração
do
no
exterior.
produto,
as
capacidades
técnicas
de
produção,
as
habilidades
das
forças
de
trabalho
e
toda
uma
rede
complexa
de
fatores
intervenientes
na
vida
social
Na
passagem
dos
anos
80
para
os
anos
90
no
século
XX,
a
maioria
dos
países
de
um
povo
influenciam
a
quantidade
de
produtos
gerados
socialmente.
passou
a
adotar
políticas
neoliberais
favorecendo
o
livre
jogo
das
forças
de
Isoladamente,
contudo,
essas
medidas
pouco
informam
sobre
vários
mercado
em
detrimento
`as
ações
governamentais
reguladoras
dos
aspectos
relacionados
à
saúde,
educação,
segurança
e
bem-‐estar
da
mercados.
Com
esse
contexto,
os
investidores
sentiram-‐se
a
vontade
para
sociedade.
Por
hora,
vamos
tratar
tanto
o
PNB
quanto
o
PIB
simplesmente
transladar
seu
capital
para
os
países
que
ofereciam
maior
rentabilidade.
como
Produto.
Empresas
passaram
a
adotar
uma
lógica
de
maximização
de
lucros
e
crescimento
da
firma
fragmentando
os
seus
processos
de
produção
entre
A
medida
do
Produto
representa
o
valor
de
todos
os
bens
e
serviços
finais
vários
países
de
modo
a
constituir
produtos
mais
baratos
do
que
aqueles
correntemente
produzidos
na
economia
e
avaliados
a
preços
de
mercado.
É,
produzidos
em
uma
só
localidade.
Esse
processo
ficou
denominado
de
portanto,
uma
medida
básica
do
esforço
da
comunidade
frente
a
suas
globalização
produtiva.
condições
históricas
e
regionais
na
criação
de
mercadorias,
em
um
dado
período.
Inclui
o
valor
de
bens
produzidos,
como
automóveis,
aves,
e
ovos,
Assim,
os
investimentos
diretos
externos
e
os
fluxos
internacionais
de
bens
e
juntamente
com
o
valor
de
serviços,
como
o
corte
de
cabelos
ou
o
serviços
aumentaram
substancialmente
ao
final
do
século
XX.
Pelos
dados
da
atendimento
médico.
UNCTAD
entre
1980
e
90
o
crescimento
dos
fluxos
de
investimentos
externos
diretos
no
mundo
foi
de
283%.
Nos
dez
anos
seguintes
o
crescimento
alcançou
a
surpreendente
marca
de
567%.
No
ano
de
2008,
o
fluxo
total
de
investimento
externo
direto
foi
de
1,7
trilhões
de
dólares.
No
Do
conceito
de
Produto
depreendemos:
17
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
a) A
renda
total
dos
assalariados
e
daqueles
que
recebem
juros,
Estas
perdas
e
ganhos
tendem
a
ser
ignoradas
pelas
estatísticas
alugueis,
lucros
e
dividendos
origina-‐se
na
criação
do
Produto.
governamentais
que
mensuram
o
Produto
a
partir
de
cálculos
que
b) A
despesa
agregada
com
bens
e
serviços
na
economia
é
igual
ao
valor
requerem
somente
os
gastos
efetivos,
não
interessando
se
eles
foram
do
Produto.
compensatórios
ou
não
em
relação
aos
malefícios
causados
pelo
progresso
técnico
ou
ineficiência
econômica.
A
mensuração
do
produto
não
avalia
certas
atividades
econômicas
difíceis
de
medir,
tais
como;
poluição,
agressão
ao
meio
ambiente,
o
trabalho
de
Sanuelson
&
Nordhaus
(2001)
caracterizam
que
com
a
intenção
de
corrigir
a
voluntários,
os
serviços
domésticos
realizados
pelos
cônjuges
e
a
perda
em
ênfase
excessiva
dada
pelo
PNB
e
pelo
PIB
à
produção
material,
uma
medida
eficiência
e
produtividade
devidas
a
fatores
externos
(custo
Brasil,
por
diferente
da
vida
econômica,
chamado
bem-‐estar
econômico
líquido
(ou
exemplo).
No
Brasil,
estima-‐se
que
parcela
razoável
do
produto
é
constituída
BEEL),
foi
proposta
nos
Estados
Unidos.
O
BEEL
tem
crescido
desde
1929,
o
por
trabalhadores
informais
(vendedores
ambulantes
e
aqueles
que
prestam
que
faz
pensar
que
os
níveis
de
vida
efetivos
têm
aumentado.
Mas
o
BEEL
serviços
sem
carteira
assinada,
por
exemplo).
Essa
parcela
de
produção
e
tem
crescido
menos
depressa
que
o
PIB
medido
convencionalmente,
o
que
outras,
como
a
obtida
através
de
trabalhos
voluntários,
não
são
incluídas
no
confirma
que
a
mera
avaliação
monetária
a
preços
de
mercado
deixa
escapar
PIB,
uma
vez
que
não
geram
contrapartidas
em
pagamentos
nominais
aos
muitos
aspectos
importantes
da
vida
econômica.
Muitos
países
atualmente
fatores
de
produção.
têm
se
preocupado
em
mensurar
os
efeitos
deletérios
no
meio
ambiente
causado
pelo
progresso
econômico
e
ineficiência
econômica,
inclusive
o
De
fato,
a
maioria
dos
países
não
fornece
estatísticas
oficiais
de
algumas
Brasil,
para
propor
medidas
concretas
de
acerto
produtivo
com
preservação
realidades
da
vida
moderna.
Os
engarrafamentos
de
trânsito
requerem
ambiental
e
maior
bem-‐estar
social.
maior
produção
de
combustível,
bem
como
reduz
a
vida
útil
dos
veículos.
O
tabaco,
além
de
fazer
parte
do
produto,
eleva
os
custos
com
a
saúde
de
No
ano
1993,
o
PNUD
(Programa
das
Nações
Unidas
para
o
camada
expressiva
da
população
(parcela
dos
fumantes
ativos
e
passivos).
Desenvolvimento)
desenvolveu
e
passou
a
recomendar
a
indicação
do
IDH
–
Há
evidências
científicas
de
que
substâncias
fabricadas
pelo
homem
estão
Índice
de
Desenvolvimento
Humano
–
como
indicador
do
desenvolvimento
destruindo
a
camada
de
ozônio
que
protege
animais,
plantas
e
seres
dos
países.
A
sua
metodologia
usa
como
parâmetros
não
somente
a
renda,
humanos
dos
raios
ultravioletas
emitidos
pelo
Sol.
O
governo
e
as
empresas
mas
também
índices
de
longevidade
e
nível
educacional.
No
rank
de
177
(gastam)
contratam
instituições
especializadas
no
monitoramento
e
países
que
participam
das
Nações
Unidas,
o
Brasil
alcançou
a
84ª
posição
descobrimento
de
produtos
e
processos
produtivos
que
atenuam
ou
ficando
atrás
de
países
como
o
Uruguai,
o
Panamá
e
a
Argentina
no
ano
de
extingam
os
efeitos
maléficos
causados
pelo
avanço
do
progresso
industrial.
2010,
para
citar
somente
aqueles
dentre
os
países
da
América
Latina.
Novos
medicamentos
são
criados
para
combater
doenças
causadas
pela
poluição
ambiental
e
de
pele
devido
a
maior
incidência
de
raios
Esta,
inclusive,
tem
sido
uma
tendência
cada
vez
mais
presente
na
economia
ultravioletas.
Estudos
de
logística
vêm
sendo
demandados
para
reduzir
contemporânea:
a
indicação
e
elaboração
de
pesquisas
que
apontem
não
custos
causados
pela
ineficiência
dos
transportes.
A
maior
incidência
de
somente
o
alcance
da
produção
com
base
na
disponibilidade
dos
recursos
criminalidade
requer
novas
armas
e
aparato
policial
mais
abrangente,
etc.
produtivos,
mas
sim
a
adequada
consideração
com
os
processos
produtivos
de
forma
global
com
vistas
ao
melhoramento
dos
indicadores
sociais.
Para
18
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
reforçar
essa
argumentação,
vale
frisar
que
algumas
empresas,
sob
o
manto
esse
processo;
o
fio
incorpora
certo
valor
através
do
trabalho,
ou
processo
universal
da
preservação
ambiental
e
busca
por
um
maior
bem-‐estar
da
de
transformação,
fazendo
surgir
o
tecido
e
o
tecido,
sofrendo
processo
população,
têm
dedicado
parcelas
de
seus
investimentos
a
projetos
de
cunho
semelhante,
em
camisa.
A
soma
dos
valores
adicionados
a
cada
etapa
do
social
e
frequentemente
apresentam
em
seus
balanços
os
investimentos
processo
produtivo
será
igual
ao
valor
da
camisa
vendida.
Em
outras
sociais
que
fizeram.
palavras,
o
valor
adicionado
em
cada
etapa
produtiva
é
igual
ao
preço
do
bem
ou
serviço
subsequente
menos
os
preços
dos
insumos
imediatamente
2.1.
A
MENSURAÇÃO
DO
PRODUTO
E
DA
RENDA
antecedente.
Os
pagamentos
aos
fatores
de
produção
em
cada
etapa
As
medidas
do
Produto
referem-‐se
ao
valor
de
todos
os
bens
e
serviços
produtiva
dentro
da
indústria
têxtil,
por
exemplo,
são
entendidos
como
finais
na
economia
num
dado
período.
Inclui
o
valor
de
bens
como
bicicletas
fluxos
de
renda
e
correspondem
à
sua
soma
ao
valor
dedicado
ao
setor
de
e
suco
de
laranja
e
o
valor
de
serviços
de
corretagem
de
títulos,
transporte,
confecções.
Este,
por
sua
vez
acrescenta
valor
à
cadeia
produtiva
ao
produzir
serviços
médicos,
etc.
Cada
item
é
avaliado
ao
preço
de
mercado,
sendo
os
artigos
de
vestuário,
colocando
por
fim
a
disposição
do
comerciante,
que
todos
os
valores
dos
bens
finais
somados
para
se
obter
o
Produto.
Numa
acrescenta
mais
valor
ao
aproximar
esses
artigos
do
consumidor
final.
economia
simples
que
produz
vinte
bananas,
cada
avaliada
a
30
centavos,
e
sessenta
laranjas
avaliadas
a
25
cada,
o
Produto
seria
igual
a
R$
21
(21
=
O
valor
que
se
adiciona
ou
se
agrega
nas
distintas
etapas
compõe
um
0,30
x
20
+
0,25
x
60).
processo
de
transformação
engendrado
pelo
trabalho
humano.
Ademais,
o
maquinário,
as
instalações,
os
métodos
de
gestão
(financeira,
produtiva,
Há
certas
sutilezas
no
cálculo
do
Produto.
Em
primeiro
lugar,
estamos
contábil,
etc.)
e
demais
materiais
que
entram
na
composição
de
um
produto
falando
de
bens
e
serviços
finais.
A
ênfase
na
palavra
final
é
uma
forma
de
final
foram
criados
também,
no
passado,
pelo
trabalho
humano.
Assim,
o
termos
a
certeza
de
não
estarmos
incorrendo
em
dupla
contagem.
Por
Produto
representa
a
medição
do
“esforço
humano”
histórica
e
exemplo,
não
devemos
incluir
o
preço
total
de
um
automóvel
no
Produto
regionalmente
determinado.
Quando
mais
desenvolvido
um
país
menor
será
depois
incluir
também
o
valor
dos
pneus
que
foram
vendidos
ao
fabricante
o
esforço
humano
dedicado
a
reprodução
social,
ou
alternativamente
maior
do
automóvel.
Os
componentes
do
carro,
vendidos
pelos
fabricantes,
são
será
o
produto
social,
por
conta
do
desenvolvimento
tecnológico
acumulado.
chamados
de
bens
intermediários
e
seu
valor
é
incluído
no
Produto
ao
ser
De
fato,
quanto
mais
desenvolvido
um
país
menor
será
o
esforço
humano
contabilizado
o
custo/preço
do
automóvel.
“presente”
na
elaboração
dos
bens
que
atendam
as
necessidades
materiais
de
seus
cidadãos,
conquanto
maior
seja
o
estoque
de
maquinário
e
Na
prática,
evita-‐se
a
dupla
contagem
trabalhando
com
o
conceito
de
valor
desenvolvimento
tecnológico
acumulado.
Em
2005
estima-‐se
que
o
PIB
adicionado
ou
agregado.
A
cada
etapa
da
produção
de
um
bem,
somente
o
brasileiro
foi
superior
a
600
bilhões
de
dólares
enquanto
o
do
EUA
foi
valor
adicionado
ao
produto
naquela
etapa
da
fabricação
conta
como
parte
superior
a
11
trilhões
de
dólares!
do
valor
do
produto.
O
valor
do
algodão
retirado
da
terra
improdutiva
inicialmente
pelo
camponês
tem
valor
porque
o
camponês
transformou
a
O
Produto
é
mensurado
em
termos
nominais,
isto
é,
em
termos
de
preços
terra
em
algo
de
valor:
plantação
de
algodão.
A
seguir
o
valor
do
fio
dos
produtos
observados
no
mercado.
Contudo,
os
pagamentos
efetuados
produzido
pelo
tecelão
com
o
algodão
menos
o
valor
deste
(o
algodão),
é
o
aos
fatores
de
produção:
salários
e
lucros
(inclui
rendas
do
capital:
valor
adicionado
ao
algodão
que
o
transforma
no
fio
do
tecelão.
Continuando
dividendos,
aluguéis,
juros,
tributos
e
subsídios
governamentais),
para
a
19
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
constituição
daqueles
produtos
formam
a
Renda
da
economia.
Assim,
Renda
2.1.1
DISTINÇÃO
ENTRE
PRODUTO
BRUTO
E
PRODUTO
LÍQUIDO
é
igual
ao
Produto.
O
Produto
Liquido
(PL)
distingue-‐se
do
Produto
Bruto
pela
dedução
que
se
faz
desse
último
da
depreciação
do
estoque
de
capital
que
acontece
no
O
Produto
e
a
Renda
consistem
no
valor
correntemente
produzido.
Ficam
decorrer
do
período.
Por
exemplo,
uma
dona
de
casa
vê
sua
casa
se
excluídas
não
só
os
insumos
e
bens
intermediários,
mas
as
transações
de
depreciar
com
o
tempo
e
o
empresário
observa
suas
máquinas
se
bens
já
existentes,
como
moradias
ou
obras
de
arte
antigas.
Contabilizamos
a
desgastarem
com
o
uso.
Se
não
se
empregassem
recursos
para
manter
ou
construção
de
novas
casas,
ou
a
reforma
das
já
existentes
como
partes
do
substituir
o
capital
existente
depreciado,
o
produto
não
poderia
ser
mantido
Produto,
porém
não
adicionamos
as
transações
comerciais
dos
imóveis
já
em
seu
nível
corrente.
Assim
utilizamos
o
conceito
de
PL
como
medida
da
existentes
e
dos
automóveis
de
segunda
mão.
Contamos,
contudo,
como
taxa
de
atividade
econômica
que
poderia
ser
mantida
por
longos
períodos,
parte
do
Produto
o
valor
dos
honorários
dos
corretores
de
imóveis
e
de
dados
o
estoque
de
capital
e
força
de
trabalho
existente.
A
depreciação
é
automóveis.
O
corretor
fornece
um
serviço
ao
aproximar
vendedor
e
aquela
parcela
do
produto
que
deve
ser
assegurada
para
se
manter
a
comprador
de
coisas
construídas
no
passado
e
isso
é
considerado
um
capacidade
de
produção
da
economia
no
nível
preexistente
e
assim
a
trabalho
especializado
no
tempo
presente.
deduzimos
do
Produto
Bruto
para
obter
o
PL.
Tendemos
a
trabalhar
com
o
Produto
Bruto
mais
do
que
com
o
PL
por
serem
as
estimativas
de
Quando
contabilizamos
todas
as
transações
efetivadas
em
um
período
¬
depreciação
bastante
imprecisas
e
também
porque
esses
dados
não
são
incluindo
os
insumos
e
demais
compras
e
venda
¬
denominamos
esta
rapidamente
encontrados.
medida
de
Valor
da
Produção.
Para
o
perfeito
entendimento,
podemos
imaginar
um
trabalhador
que
ganhe
A
mensuração
do
Produto
é
feita
a
preço
de
mercado
ou
a
custo
de
fatores.
É
dinheiro
suficiente
somente
para
garantir
a
sua
sobrevivência
e
de
sua
importante
saber
que
os
preços
de
mercado
incluem
impostos
indiretos,
família
i,
e,
repor
energias
para
continuar
trabalhando
e
a
família
continuar
como
o
imposto
sobre
vendas
e
vários
impostos
de
consumo,
e
assim
o
preço
vivendo.
Qual
o
seu
produto
bruto?
O
quando
ele
ganhou
com
a
sua
de
mercado
dos
bens
não
é
igual
ao
preço
contabilizado
pelo
vendedor
da
produção.
Qual
o
seu
produto
líquido?
Nenhum,
pois
tudo
que
ele
ganhou
foi
mercadoria.
O
preço
da
mercadoria
líquido
de
impostos
indiretos
(IPI
e
exatamente
para
repor
sua
energia
gasta
no
processo
produtivo.
ICMS,
por
exemplo)
constitui
o
custo
de
fábrica
que
vem
a
ser
a
quantia
recebida
pelos
fatores
de
produção,
deduzida
de
encargos
tributários,
que
2.1.2
Renda
Nacional
e
Renda
Pessoal
participaram
na
fabricação
do
produto
(
custo
dos
fatores).
O
Produto
pode,
portanto
ser
avaliado
a
preço
de
mercado
e
a
custo
de
fatores
(exclui
os
A
Renda
Nacional
se
aproxima
do
conceito
de
Produto
Nacional.
impostos).
Esse
ponto
torna-‐se
importante
ao
relacionarmos
o
Produto
à
Precisamente
ela
é:
Renda
recebida
pelos
fatores
de
produção,
pois
parte
desta
ultima
compõe
a
receita
do
estado.
RN=
PNB
-‐
(depreciação
+
impostos
indiretos).
A
Renda
Pessoal
é
a
Renda
Nacional
a)
menos
as
rendas
ganhas
por
pessoas
jurídicas,
b)
mais
o
saldo
entre
os
juros
pagos
e
recebidos
e
c)
mais
as
20
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
transferências
governamentais
e
os
dividendos
pagos
`as
famílias.
O
nível
da
Um
fato
digno
de
nota
é
a
distribuição
de
renda
no
Brasil.
Ela
é
uma
das
mais
renda
pessoal
é
importante
por
ser
um
determinante
primordial
do
concentradas
dentre
todos
os
países.
O
índice
geralmente
usado
por
consumo
das
famílias
e
dos
hábitos
de
poupança.
economistas
e
formuladores
de
políticas
públicas
que
procuram
mensurar
os
níveis
de
desigualdade
é
o
coeficiente
de
Gini20.
Em
2003,
pelos
cálculos
Depois
de
efetuados
esses
ajustamentos,
o
resultado
representa
uma
medida
desse
coeficiente
o
Brasil
ficou
atrás
apenas
de
Serra
Leoa,
na
África.
Isso
da
renda
recebida
por
indivíduos
e
pelos
negócios
de
pessoas
físicas.
A
significa
dizer
que
do
montante
produzido,
medido
pelo
PIB,
poucos
no
Renda
Pessoal
Brasileira
se
contabiliza
mensalmente,
ao
contrário
da
Renda
Brasil
(1%
da
população
)
se
apropriam
da
maior
parcela
dele
(50%
do
Nacional,
que
é
publicada
trimestralmente.
produto)
ao
passo
que
os
demais,
que
são
muitos
(99%),
apropriam-‐se
do
restante
do
produto.
Embora
tenhamos
chegado
à
Renda
Pessoal,
partindo
da
Renda
Nacional
e
fazendo
ajustamentos
subsequentes,
reconhecemos
que
também
seria
Para
o
caso
brasileiro
este
coeficiente
tem
girado
ao
redor
de
0,60
para
os
possível
construir
uma
estimativa
da
Renda
Pessoal
verificando
seus
anos
entre
2000
e
2010,
com
posicionamento
dentre
os
5
países
com
componentes.
De
modo
particular,
a
Renda
Pessoal
consiste
na
renda
do
distribuição
de
renda
mais
concentrada
do
mundo.
A
divisão
da
renda
trabalho,
aluguéis,
dividendos
e
a
renda
de
juros
acrescida
de
transferências
nacional
reflete,
portanto,
questões
sensíveis
como
à
participação
da
mão-‐
governamentais
de
várias
ordens,
menos
os
tributos.
de-‐obra
na
produção,
as
taxas
de
lucro
praticadas
pelo
setor
privado,
transferências
de
rendas,
distribuição
patrimonial
na
sociedade
e
outras.
Note-‐se
que
os
efeitos
de
altas
taxas
de
juros
e
da
carga
tributária
no
Brasil
têm
implicações
sensíveis
para
a
Renda
Pessoal.
A
princípio,
o
fato
de
elas
serem
altas
implicaria
em
uma
transferência
de
renda
do
Governo
aos
poupadores
líquidos
(geralmente
os
ricos)
que
aplicam
em
títulos
do
Governo
ou
fundos
de
Renda
Fixa.
Assim,
toda
a
sociedade
através
dos
aumentos
de
impostos
ou
da
dívida
interna
financia
o
aumento
da
riqueza
20
O
coeficiente
de
Gini
se
calcula
como
uma
razão
das
áreas
no
diagrama
da
curva
de
Lorenz.
dos
poupadores
líquidos.
Além
disso,
os
devedores
líquidos
(que
geralmente
Se
a
área
entre
a
linha
de
perfeita
igualdade
e
a
curva
de
Lorenz
é
A,
e
a
área
abaixo
da
curva
são
os
pobres)
são
penalizados
por
altas
taxas
de
juros
cobradas
de
bancos
de
Lorenz
é
B,
então
o
coeficiente
de
Gini
é
igual
a
A/(A+B).
Esta
razão
se
expressa
como
influenciados
pela
taxa
de
juros
oferecida
pelo
Governo
–
vulgo
SELIC.
A
percentagem
ou
como
equivalente
numérico
dessa
percentagem,
que
é
sempre
um
número
entre
0
e
1,
onde
0
indica
que
todas
as
riquezas
são
apropriadas
de
forma
igual
pela
sociedade
preocupação
de
cunho
distributivo
sugere
que
no
agregado
os
efeitos
da
e
1
que
toda
a
riqueza
é
concentrada
em
uma
única
pessoa.O
coeficiente
de
Gini
pode
ser
taxa
de
juros
sejam
compensados
(o
que
é
pago
pelo
Governo
aos
calculado
com
a
Fórmula
de
Brown,
que
é
mais
prática:
poupadores
é
igual
ao
que
é
gasto
pelos
devedores).
No
entanto,
não
há
garantias
de
que
isso
realmente
ocorre.
Esse
aspecto
onde:
serve
para
ilustrar
como
as
decisões
econômicas
focadas
em
determinados
G
=
coeficiente
de
Gini
aspectos
podem
ter
efeitos
secundários
nem
sempre
esperados
ou
X
=
proporção
acumulada
da
variável
"população"
desejados.
Y
=
proporção
acumulada
da
variável
"renda"
21
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Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
Pagamentos
aos
fatores
de
produção=
PNB
nominal
é
puramente
resultado
do
aumento
de
preços
entre
os
dois
anos
e
PNB
–
renda
líquida
enviada
ao
exterior=
PIB
não
reflete
aumento
da
produção
física.
Ao
calcularmos
o
produto
real
atual,
PIB
–
depreciação
=PL
pela
avaliação
da
produção
do
mesmo
ano,
a
preços
do
ano
de
referência,
PL
–
imposto
indiretos
=
RN
encontraremos
13,80
un
para
o
produto
real,
representando
um
aumento
de
RN
–
lucros
–
encargos
sociais
+
juros
+
rendas
de
capital+
transferências
23%
ao
invés
de
87%.
O
acréscimo
de
23%
espelha
uma
medida
melhor
do
governamentais
=
Renda
pessoal
aumento
do
produto
físico
da
economia
do
que
o
acréscimo
de
87%,
por
Renda
pessoal
–
impostos
pessoais=
Renda
pessoal
disponível.
conta
de
aspectos
monetários.
A
produção
de
bananas
elevou-‐se
em
33%,
enquanto
a
de
laranjas
20%,
do
ano
de
referência
ao
dias
de
hoje.
Nessas
condições,
deveremos
assim
situar
a
nossa
medida
do
aumento
de
produto
2.1.3.
PRODUTO
REAL
E
NOMINAL
real:
entre
20
e
33%.
O
aumento
do
produto
real
depende
dos
preços
de
O
produto
nominal
é
mensurado
aos
preços
do
período
ou,
como
se
diz
às
mercado
observados
no
passado
com
os
as
quantidades
produzidas
no
vezes,
em
moeda
corrente.
Assim,
o
produto
nominal
do
ano
de
2014
mede
o
presente.
São
denominados
produto
a
preço
corrente.
valor
dos
bens
produzidos
em
2010
a
preços
de
mercado
do
ano
de
2014.
O
valor
do
produto,
contudo,
muda
de
ano
para
ano,
por
duas
razões.
A
2.2.
ÍNDICES
DE
PREÇOS
primeira
é
que
a
quantidade
de
bens
produzidos
varia.
A
segunda
é
que
os
preços
de
mercado
também
variam.
Imaginemos
uma
economia
que
O
cálculo
do
Produto
Real
nos
fornece
uma
medida
útil
da
inflação,
produzisse
exatamente
os
mesmos
produtos
em
termos
de
quantidade
e
conhecida
como
deflator
do
Produto
que
é
a
razão
entre
o
Produto
nominal
e
qualidade
durante
dois
anos,
mas
os
respectivos
preços
aumentem
ao
final
o
real.
Ele
serve
como
medida
da
inflação
a
partir
do
período
em
que
os
do
segundo
ano
em
100%.
O
produto
nominal
do
segundo
ano
seria
maior
(o
preços
do
ano
referenciado
foram
utilizados
para
o
cálculo
do
Produto
real.
dobro
em
termos
nominais),
muito
embora
o
produto
físico
real
da
economia
não
tivesse
se
alterado.
O
produto
real
é
uma
medida
que
tenta
Voltando
a
Tabela
1,
chegamos
a
uma
medida
da
inflação,
entre
os
anos
considerar
variações
do
produto
físico
da
economia,
entre
diferentes
hipoteticamente
considerados,
pela
comparação
do
valor
do
produto
com
os
períodos.
O
produto
real
é
medido,
na
contabilidade
nacional,
aos
preços
de
preços
atuais
e
o
valor
do
produto
com
os
preços
do
ano
de
referência.
A
um
ano
de
referência.
Isso
significa
que
ao
calcularmos
o
produto
real,
as
relação
entre
o
Produto
nominal
e
o
real
é
de
1,52
(21
/
13,80).
Em
outras
quantidades
de
hoje
são
multiplicadas
pelos
preços
que
prevaleceram
palavras
o
produto
é
52%
mais
elevado
hoje
do
que
quando
avaliado
aos
naquele
ano
(de
referência),
a
fim
de
se
obter
a
medida
do
que
valeria
a
preços
mais
baixos
do
ano
de
referência.
Atribuímos,
portanto,
o
aumento
de
produção
de
hoje,
se
vendida
aos
preços
do
ano
de
referência.
52
%
à
variação
de
preços
ou
inflação,
no
período
considerado.
Uma
vez
que
o
deflator
se
baseia
em
um
cálculo
que
inclui
todos
os
bens
produzidos
pela
Podemos
exemplificar
supondo
uma
economia
que
produzisse
apenas
economia,
ele
é
um
índice
de
preços
abrangente
utilizado
para
medir
bananas
e
laranjas.
A
produção
e
os
preços
hipotéticos
de
bananas
e
laranjas
inflação.
No
Brasil
ele
é
denominado
Índice
Geral
de
Preços
(IGP).
As
em
dois
anos
são
mostrados
na
tabela
abaixo.
O
produto
nominal
no
ano
de
instituições
que
trabalham
com
as
estatísticas
calculam
além
do
IGP,
outros
referência
era
de
11,25
un
e
o
produto
nominal
atual,
21
un,
representando
índices
ou
“deflatores”
para
produtos
restritos
a
cestas
de
bens
pré-‐
um
aumento
de
87%.
Contudo,
grande
parte
do
aumento
do
produto
definidas.
Abaixo
listamos
alguns
deles
calculados
para
o
Brasil.
22
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Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
! Índice
de
Preços
por
Atacado
(IPA)
Disponibilidade
Interna.
no
varejo.
Ele
difere
do
IPC,
pois
levam
em
conta
as
matérias-‐primas
e
! Índice
Nacional
de
Custo
da
Construção
(INCC).
produtos
semiacabados
Difere
também
na
finalidade,
uma
vez
que
se
destina
! Índice
de
Preços
ao
Consumidor
(IPC).
a
medir
os
preços
num
estágio
preliminar
do
sistema
de
distribuição.
! Índice
de
Preços
ao
Consumidor
(IPC
–
FIPE).
! Índice
Nacional
de
Preços
ao
Consumidor
Amplo
(IPCA).
Enquanto
o
índice
de
preços
ao
consumidor
mede
os
preços
onde
as
famílias
! Índice
Nacional
de
Preços
ao
Consumidor
(INPC).
urbanas
efetivamente
gastam
—
quer
dizer,
no
varejo
—,
o
IPA
se
estrutura
a
partir
da
primeira
transação
comercial
significativa.
Essa
diferença
é
Os
índices
de
preços
ao
consumidor,
por
exemplo,
se
baseiam
em
cestas
de
importante
porque
transforma
o
IPA
num
índice
flexível
de
preços,
capaz
de
bens
adquiridos
somente
pelo
consumidor
urbano.
Os
preços
coletados
dos
assimilar
variações
no
nível
geral
de
preços,
ou
no
IPC,
algum
tempo
antes
produtos
contidos
nesta
cesta
são
ponderados
por
quantidades
previamente
delas
ocorrem
efetivamente.
Por
essa
razão
o
IPA
e
o
índice
de
"construção
fixadas.
Essas
quantidades
somente
são
alteradas
quando
ocorrem
civil"
são
usados
como
indicadores
dos
ciclos
econômicos
sendo
mudanças
bruscas
e,
ou,
de
caráter
estrutural
no
padrão
de
consumo
desse
atentamente
observados
pelos
analistas
do
mundo
dos
negócios.
estrato
da
população.
Assim,
esses
índices
restritos
medem
o
custo
de
dada
cesta
de
bens
que
é
a
mesma
de
ano
para
ano.
Por
isso,
algumas
famílias
A
mecânica
dos
índices
de
preços
pode
ser
ilustrada
pela
fórmula
do
índice
estranham
quando
os
seus
orçamentos
não
batem
com
o
crescimento
do
de
preços
demonstrada
abaixo.
Esse
índice
é
denominado
de
Laspeyres.
índice
construído
a
partir
de
uma
cesta
definida:
simplesmente
essas
Vemos
que
no
denominador
do
primeiro
termo
as
quantidades
Q
e
os
preços
famílias
tem
gastos
adicionais
em
bens
e
serviços
que
participam
de
modo
P
estão
cotados
no
ano
t-‐1
de
referência
e
o
numerador
fixa
a
quantidade
diverso
na
construção
desse
índice.
A
cesta
de
bens
incluída
no
índice
Geral
naquele
ano
considerando
os
preços
atuais
(t).
Observe
que
ele
é
diferente
de
Preços
(IGP),
contudo,
difere
de
ano
para
ano,
pois
depende
daquilo
que
é
do
aplicado
no
exemplo
anterior
onde
utilizamos
os
mesmos
preços
do
produzido
pela
economia
a
cada
ano.
Os
produtos
avaliados
no
IGP,
em
dado
período
de
referência
na
produção
atual.
O
índice
de
Laspeyres
considera
as
ano,
são
os
mesmos
que
a
economia
produziu
naquele
ano.
Quando
a
safra
quantidades
fixas
entre
os
períodos
a
preços
nominais
(de
hoje).
No
exemplo
de
milho
for
grande,
recebe
peso
correspondente
no
computo
do
IGP.
Ao
anterior
os
preços
variavam,
mas
as
quantidades
não.
Existem
outras
contrário,
os
demais
índices
de
preço
medem
o
custo
de
um
pacote
fixo
de
medidas
para
se
calcular
índices
de
preços
e
quantidades
e
tantos
outros
bens
que
não
varia
com
o
correr
do
tempo.
Os
índices
restritos
incluem
podem
ser
criados,
a
depender
do
objetivo
que
se
persegue
e
da
criatividade
automaticamente
os
preços
dos
importados,
enquanto
o
índice
Geral
de
do
analista
econômico21.
Preços
inclui
apenas
o
preço
de
bens
produzidos
no
país,
embora
estes
incorporem,
em
certos
casos,
a
variação
de
preço
dos
insumos
importados.
Índice
de
preços
=
(Σ
Pit
Qit-‐1
/
Σ
Pit-‐1
Qit-‐1)
X
10
Para
atenuar
essas
distorções
entre
os
índices
os
órgãos
que
cuidam
das
estatísticas
nacionais
utilizam
uma
média
entre
os
índices
restritos
para
expressar
o
IGP.
21
Para
se
ter
uma
ideia
de
criatividade
na
elaboração
de
índices
de
preços
no
Brasil,
Um
índice
de
preços
relevante
é
o
Índice
de
Preços
por
Atacado
(IPA).
Ele
é
recomendamos
ver:
Banco
Central
(2012),
Série
Perguntas
Frequentes,
Índice
de
Preços
no
uma
medida
do
custo
de
determinada
cesta
de
bens
que
não
são
adquiridos
Brasil.
23
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produzem
individualmente
ou
de
modo
coletivo.
Surgimento da dos centros
Moeda-Dinheiro urbanos Nos
sistemas
de
produção
que
antecederam
o
capitalismo
(escravidão,
feudalismo,
servidão
e
qualquer
modo
de
produção
pré-‐capitalista)
os
industriais exercícios
utilizados
por
determinados
grupos
ou
classes
sociais
para
Artefatos e se
apropriarem
do
excedente
econômico
se
baseavam
na
pilhagem
e
instrumentos coerção
explicita,
frequentemente
com
o
emprego
da
força.
No
sistema
de trabalho de
produção
capitalista,
contudo,
a
apropriação
é
mais
sutil.
O
MERCADO
! trabalhador
fornece
um
valor
adicionado
ao
processo
de
produção
superior
àquela
parcela
correspondente
a
sua
atividade,
cuja
Pa<Pi! valoração
significa
um
equivalente
monetário
denominado
salário.
Em
outras
palavras,
o
trabalho
excedente
é
a
diferença
entre
o
valor
+ criado
pelo
trabalho
e
o
que
é
pago
na
forma
de
salário.
Essa
é
a
fonte
Todas
as
atividades
concernentes
a
produção
de
bens
de
capital
do
excedente
econômico
que
no
capitalismo
constitui
parcela
do
(instrumentos
e
maquinários),
bem
como
o
aprimoramento
“lucro”
ou
na
economia
marxista:
mais-‐valia.
educacional,
a
maior
dedicação
as
ciências
e
tecnológicas,
o
fortalecimento
de
os
sistemas
nacionais
de
inovação,
para
citar
as
Resumindo,
o
lucro
total
–
poupança,
na
versão
convencional,
ou
mais
visíveis,
que
qualificam
naturalmente
o
aumento
da
excedente,
na
versão
marxista
-‐,
é
reinvestido
na
sociedade
produtividade,
têm
suas
atividades
afiançadas
pelo
excedente
fundamentalmente
no
aprimoramento
das
atividades
econômico.
Sua
virtude
é
a
de
conservar
melhores
condição
de
consubstanciadas
no
trabalho
indireto
(improdutivo)
que
tonificam
as
28
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atividades
industriais
e
de
serviços
debaixo
os
processos
de
No
trajeto
da
histórica
econômica,
a
engenhosidade
dos
financistas
fez
concorrência
e
inovação
tecnológica.
Essas
novas
atividades
(indústria
a
sua
parte
para
valorizar
o
excedente
econômico.
De
fato,
o
sistema
e
serviços)
originaram-‐se
historicamente
a
partir
da
transferência
de
bancário-‐financeiro
acaba
sendo
o
guardião
do
excedente
que
se
rendas
oriundas
das
atividades
agrícolas.
Esse
espírito
de
criação
e
transmuda
em
depósitos
a
vista
nos
bancos
comerciais
e
nas
apropriação
de
excedente
avançou
sobre
os
processos
de
colonização
aplicações
financeiras.
Por
meio
de
empréstimos
as
famílias,
ao
onde
as
metrópoles
extraem
riquezas
de
suas
colônias
(acumulação
governo,
as
empresas
e
outras
instituições
o
excedente
acaba
primitiva
de
capital)
fortalecendo
as
atividades
fora
do
eixo
agrícola.
recebendo
ao
final
do
ciclo
prestamista-‐devedor
um
valor
maior,
pois
Os
centros
urbanos
industriais
vão
sendo
assim
constituídos
com
nele
são
contabilizados
o
pagamentos
de
juros
e
outros
encargos.
Isso
certa
dedicação
a
uma
série
de
novas
atividades,
inclusive
as
artísticas
acontece
muito
rápido
com
a
utilização
dos
meios
da
informática
e
e
de
intelecto
inventivo,
por
exemplo.
Um
das
contribuições
mais
processamentos
eletrônicos.
Assim,
o
processo
de
valorização
do
espetaculares
propiciados
pelo
excedente
econômico
foi
a
de
frutificar
excedente,
nos
dias
de
hoje,
é
imediato,
mas
a
sua
base
material
que
a
revolução
industrial
inglesa
que
definitivamente
colocou
a
não
é
constituída
imediatamente,
pois
os
investimentos
requerem
um
acumulação
de
capital
da
indústria
acima
da
acumulação
originada
prazo
de
maturação
para
realizar-‐se
em
lucros
com
os
quais
se
pagam
pela
agricultura,
com
uma
proliferação
de
bens
industriais
nunca
os
juros.
Essa
descolagem
entre
a
realização
dos
investimentos
e
a
antes
alcançada.
A
figura
acima
é
auto
explicativa
desse
processo
valoração
dos
excedentes
no
futuro
propiciam
o
surgimento
das
histórico.
“bolhas”
financeiras
e
não
financeiros
(como
recentemente
os
derivativos
alavancados
em
imóveis,
por
exemplo)
e
flutuações
No
caso
da
sociedade
de
produtores
independentes
o
excedente
econômicas.
econômico
é
individualizado:
pertence
a
quem
o
cria.
Já
no
capitalismo,
o
excedente
econômico
corresponda
à
parcela
de
O
resumo
da
história
é
que
o
avanço
na
área
de
informática,
cujo
produção
social
que
se
institucionaliza
pelo
fato
do
trabalhador
ser
resultado
principal
têm
sido
a
compressão
do
tempo-‐espaço
e
as
“assalariado”
e
produzir
não
apenas
valor
econômico,
mais
valor
transformações
tecnológicas
também
a
ela
associada,
possibilita
a
excedente.
A
reprodução
das
relações
capitalistas
por
meio
do
geração
de
um
produto
cada
vez
maior,
com
a
menor
utilização
de
“assalariamento”
sanciona
a
geração
de
um
valor
excedente,
mediante
recursos
produtivos.
Contudo,
dado
a
engenhosidade
financeira,
todos
a
subordinação
do
trabalhador,
que
no
limite
se
expressam
por
os
bens
e
serviços
são
monetariamente
valorizados
-‐
por
meio
de
contratos
de
trabalho
estabelecidos
entre
pessoas
físicas
e
jurídicas.
créditos
ampliados
amparados
por
ativos
derivados
-‐
a
uma
taxa
Assim,
“o
mais
produto”
é
apropriado
pela
camada
social
que
não
maior
do
que
aquela
que
acompanha
o
crescimento
do
produto
físico.
encontra-‐se
diretamente
ligados
a
esfera
da
produção
material
(chão
O
alcance
desse
processo
se
esgota
na
explosão
das
denominadas
da
fabrica)24.
“bolhas”
que
se
apoiam
nos
movimentos
especulativos
valorativos
de
ativos
financeiros
e
não
financeiros.
De
fato,
por
meio
da
tecnologia
de
informação,
os
bens
e
serviços
servem
imediatamente
a
criação
de
24
Ampliando
esse
conceito,
o
empresário
autônomo
(uma
doceira,
por
exemplo)
lastros
para
constituir
poder
de
compra
–
dinheiro
expandido
–
cujo
preenche
uma
das
condições
do
modo
de
produção
capitalista
que
é
a
de
produzir
mercadorias
¬
ela
está
envolvida
na
esfera
produtiva.
Contudo,
ela
é
uma
produtora
independente
e,
portanto,
não
reproduz
as
relações
sociais
especificamente
capitalistas
que
permitem
a
apropriação
do
produto
excedente
por
outrem.
29
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
maior
valor
depende
dos
bancos
criarem
mecanismos,
cada
vez
mais
A
política
monetária,
por
seu
lado,
tem
força
de
ação
imediata.
Ela
refinados,
para
a
sua
multiplicação25.
Quando
isso
não
ocorre
de
dimensiona
nominalmente
o
produto
total
por
meio
do
controle
da
maneira
funcional,
ou
quando
a
sociedade
reconhece
a
fragilidade
dos
oferta
monetária.
Destina-‐se,
portanto,
a
alterar
o
lado
real
da
lastros
valorativos
no
qual
se
apoia
o
processo
de
valorização
do
economia
modificando,
com
o
controle
da
oferta
monetária,
os
excedente
o
sistema
econômico
entra
em
crise.
principais
preços
do
mundo
econômico:
a
moeda
nacional
cujo
valor
é
quantificado
pela
taxa
de
juro,
o
valor
da
moeda
estrangeira
2.3.1
A
MACROECONOMIA
E
O
EXCEDENTE
ECONÔMICO
representada
pela
taxa
de
cambio
e
o
valor
das
mercadorias
e
dos
fatores
de
produção
que
recebem
suas
cotações
pelos
salários,
lucros,
Um
dos
objetivos
principais
da
macroeconomia
é
auxiliar
a
alugueis
e
demais
rendas
recebidas.
Assim,
a
grandeza
e
distribuição
formulação
das
políticas
fiscais
e
monetárias.
Com
o
tempo
e
as
do
produto,
entre
excedente
econômico
e
consumo
necessário
a
distâncias
encurtadas,
pelo
avanço
da
tecnologia
de
informação,
a
reprodução
da
sociedade,
pode
ser
modificado
pela
política
política
monetária
se
sobrepõe
`as
ações
da
política
fiscal
relativas
a
monetária.
constituição
de
receitas
e
gastos
governamentais.
Essas
últimas
dependem
quase
todas,
em
regimes
democráticos,
de
aprovação
dos
Nas
sociedades
mais
desenvolvidas,
os
indivíduos
já
possuem
quase
congressistas
e
isso,
via
de
regra,
demanda
um
tempo
maior
do
que
toda
ordem
de
bens
essenciais
para
tocarem
suas
vidas
e
de
suas
aquele
dedicado
as
ações
dos
bancos
centrais26.
famílias
com
conforto
e
dignidade.
Podem
por
isso
destinar,
com
certa
folga,
fatores
de
produção
para
a
fabricação
de
bens
de
capital,
bens
intermediários,
desenvolvimento
tecnológico
e
aprimoramento
dos
25
Antigamente,
o
dia
e
a
noite,
os
ciclos
climáticos
e
da
colheita
agrícola
e
as
jornadas
seus
próprios
fatores
de
produção
e,
toda
sorte
de
atividades
que
se
de
trabalho
cronometradas
a
partir
da
invenção
do
relógio
definiam
o
tempo
pela
destinam
a
contribuir
com
as
melhorias
de
bens
e
serviços
(relativas
percepção
da
prática
de
repetição
e
os
intervalos
a
ela
inerente.
Com
o
avanço
da
as
funções
do
Estado,
transporte,
comércio,
lazer
e
muitas
outras).
No
informática,
o
tempo
entendido
como
uma
sequência
ordenada
de
fatos
foi
aniquilado
limite,
cada
vez
necessitamos
menos
de
mão-‐de-‐obra
para
prover
os
seja
pela
sua
compressão
–
os
fatos
quase
que
se
sobrepõem
-‐
ou
pelo
ofuscamento
da
sequência
entre
diferentes
formas
de
acontecimentos
futuros.
A
aplicação
da
máxima
bens
essenciais
ao
consumo
justamente
por
conta
do
avanço
cientifico
do
aqui
e
agora,
exemplifica
com
propriedades
essa
aceleração
onde
o
passado
e
tecnológico.
Tal
não
se
dá
nas
sociedades
menos
desenvolvidas.
Elas
futuro
se
fundem
no
presente:
“a
prática
social
(atual)
...
nega
a
sequência
(dos
fatos)
carecem
dos
bens
essenciais
ao
sustento
familiar
e
demandam
por
isso
para
nos
instalar
na
simultaneidade
perene
e
na
ubiquidade
simultânea
e...as
pessoas
maiores
esforços
para
produzi-‐los
em
detrimento
dos
bens
e
serviços
acreditam
vencer
suas
restrições
temporais,
ou
pelo
menos
é
isso
que
elas
intermediários
e
de
capital.
Sobram,
portanto,
uma
quantidade
menor
acham”.(Castells,
2001).
26
Por
tautologia,
as
formulações
das
políticas
fiscal
e
monetária
somente
podem
de
fatores
para
serem
empregados
em
melhorias
produtivas,
vigorar
por
conta
da
existência
do
excedente
econômico.
A
política
fiscal
é
exercida
desenvolvimento
tecnológico
e
fortalecimento
do
setor
produtor
de
quando
a
criação
de
um
excedente
econômico
permite
que
o
Estado
se
aproprie
de
bens
de
capital.
O
modo
como
se
constitui
o
excedente
econômico,
sua
parcela
dele
por
meio
da
cobrança
de
tributos,
e
seu
montante
seja
distribuído
sob
dimensão
e
sua
distribuição
entre
as
classes
e
estamentos
de
classe
varias
formas:
investimentos
em
infra
estrutura,
educação,
pagamento
dos
encargos
sociais
contribuí
para
aprumar
os
graus
de
desenvolvimento
da
dívida
pública,
saúde
e
transferências
de
renda
de
cunho
social
aos
menos
favorecidos,
para
citar
os
mais
simples.
Essa
é
a
essência
da
política
fiscal
que
no
contexto
atual,
de
negação
da
existência
de
uma
sequência
de
fatos
e
de
restrições
temporais,
requer
desdobramentos
singulares
para
atender
as
demandas
sociais.
30
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
31
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
Diferentemente,
Kalecki
introduziu
a
distribuição
de
renda
nos
Somando
os
elementos
ponderados
pelas
respectivas
produções:
estudos
macroeconômicos
compartilhando
o
comportamento
das
𝒫
=
mu
+
n 𝒫
instituições
como
determinante
de
magnitude
dos
agregados
macroeconômicos.
A
distribuição
de
renda
pela
interpretação
dos
𝒫
=
(m/1-‐n)
u
escritos
de
Kalecki
depende
dos
embates
entre
as
forças
que
formam
os
custos
diretos
e
indiretos
para
a
fixação
dos
preços
dos
produtos
𝓟/𝒖
=
(m/1-‐n)
industriais.
Seu
argumento
é
que
para
fixar
preço
(𝒫)
a
firma
leva
em
conta
a
média
de
seus
custos
diretos
(u)
e
a
média
dos
preços
das
Kalecki
chamou
a
relação
entre
preços
dos
bens
e
serviços
finais
na
outras
firmas
concorrentes
(p)
de
um
modo
bastante
peculiar,
pois
indústria
e
seus
custos
diretos
(insumos
e
mão-‐de-‐obra
direta)
𝒫 /𝑢
de
predominam
barganhas
politicas
entre
os
agentes
e
instituições
em
grau
de
monopólio
que
se
estabelece
nas
economias
por
uma
série
de
detrimento
das
função
técnicas
relacionadas
a
produção.
fatos,
circunstâncias
e
condições
influenciando
a
formação
dos
preços
finais
dos
produtos
e
dos
fatores
de
produção.
Assim,
se
a
atuação
dos
Na
indústria
a
formação
de
preços
de
uma
firma
típica
segue
como
sindicatos
é
débil
no
sentido
de
reivindicar
aumentos
salariais
não
demonstrado
abaixo.
colocando
cláusulas
que
impeçam
o
repasse
do
aumento
para
os
preços,
por
exemplo,
o
coeficiente
m
será
maior
do
que
aquele
em
𝒫
=
mu1
+
np
uma
sociedade
cuja
atuação
sindical
dos
trabalhadores
seja
mais
esclarecida.
Empresas
poderosas
que
exerçam
pressões
sobre
os
seus
Os
coeficientes
m
e
n
representam
a
disputa
entre
os
empresários
(n)
fornecedores
com
sucesso
contribuem
também
para
o
aumento
do
e
os
trabalhadores
(m)
pelo
produto
social
criado.
𝓟
é
o
preço
fixado
parâmetro
m.
Se
os
trabalhadores
se
tornam
mais
produtivos
devido
a
pela
firma
e
p
é
a
média
de
preços
das
empresas
do
mesmo
ramo
de
melhoramentos
da
técnica
mas,
dado
uma
série
de
característica
produção.
O
coeficiente
n
contempla
a
formação
dos
custos
indiretos
institucionais,
eles
não
conseguem
uma
maior
participação
no
(trabalho
improdutivo)
financiado
pelo
excedente
econômico.
O
produto,
a
interpretação
é
de
um
grau
de
monopólio
elevado.
Regimes
coeficiente
n
é
menor
que
um
(n<1),
pois
aceitamos
que
o
preço
médio
políticos
pouco
democráticos
tendem
a
favorecer
o
aumento
do
da
firma
𝒫
somente
pode
ser
menor
ou
igual
a
ao
preço
médio
p.
coeficiente
m
em
relação
ao
encontrado
em
países
mais
democráticos.
.Generalizado
para
todo
o
setor
industrial
com
diferentes
firmas
(1;
k)
No
caso
do
parâmetro
n
que
retrata
a
guerra
intercapitalista,
e
diferentes
custos
unitários
(u)
temos:
estruturas
industriais
formadas
por
grandes
corporações
geralmente
𝒫
1=
mu1
+
np
fixam
seus
preços
com
o
conhecimento
de
que
as
empresas
menores
𝒫
2=
mu2
+
np
concorrentes
seguirão
sua
politica
de
fixação
de
preços.
Elas
exercem
𝒫
3=
mu3
+
np
certa
liderança.
A
concorrência
entre
as
empresas
do
mesmo
ramo
*
pode
ser
estabelecida,
também,
pela
diferenciação
de
produtos
onde
o
*
espírito
concorrencial
se
apoia
nas
estratégias
de
marketing,
na
*___________________
formação
de
novos
valores
sociais,
conluios
entre
empresários
para
𝒫
k=
muk
+
np
concorrer
na
obtenção
de
recursos
públicos
e
toda
sorte
de
ações
32
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
junto
as
instituições
do
Estado
visando
a
perpetuação
do
excedente
A
parcela
(w)
dos
salários
no
valor
adicionado
segue:
em
suas
mãos.
Esses
fenômenos
expressam
um
coeficiente
n
majorado
favorecendo
a
constituição
de
um
grau
de
monopólio
elevado.
w
=
W/
VA
A
sobreposição
dos
custos
indiretos
-‐
trabalho
improdutivo
-‐
sobre
os
𝒫
w
=
W/
W
+
(
-‐1)
(W
+
M)
custos
diretos
é
uma
tendência
secular.
O
desenvolvimento
!
𝒫
L
+
CI
=(
-‐1)
(W
+
M)
Como:
CW
=
salários
diretos,
Logo:
L
=
CL
+
I
!
33
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
Como
o
CW
é
igual
aos
salários
diretos
pagos
na
economia,
toda
a
sobrepõe
as
reais
condições
de
posse
e
determinação
da
geração
do
criação
do
excedente
econômico,
i
e,
o
lucro
total
da
economia,
fica
por
excedente
econômico.
Promove-‐se,
assim
uma
máxima
econômica:
a
conta
de
quanto
os
capitalistas
gastam
em
bens
de
investimento
(
I
)
e
sociedade
se
abstém
de
parcela
do
consumo
presente
¬poupança¬
na
bens
de
luxo
(CL).
expectativa
de
trocá-‐lo
por
um
consumo
maior
no
futuro.
Essa
ideia
pois
inicialmente
elaborada
por
Knut
Wicksell
(1903)
em
A
Natureza
e
Com
o
avanço
das
sociedades,
não
percebemos
com
clareza
as
a
Necessidade
dos
Juros.
atividades
diretamente
relacionadas
ao
processo
de
produção
daquelas
que
não
o
são
e
que,
portanto
participam
dos
lucros
Abster-‐se
do
consumo
presente,
propiciando
a
formação
de
um
referenciados
na
identidade
acima.
Em
outros
termos,
é
uma
questão
excedente
econômico,
só
faz
sentido
se
realmente
formos
trocá-‐lo
por
em
aberto
a
real
dimensão
do
excedente
econômico.
Como
vimos,
um
consumo
futuro
mais
vantajoso.
Por
outro
lado,
requer-‐se
que
temos
uma
tendência
a
considerar
o
excedente
como
poupança
(o
que
alguém
queira
trazer
para
hoje
seu
consumo
que
só
seria
efetivado
no
sobra,
uma
vez
satisfeita
as
necessidades
básicas
histórica
e
futuro.
À
medida
dessa
troca
entre
excedentes
econômicos
no
tempo
culturalmente
definidas).
Contudo,
como
as
necessidades
do
ser
chamamos
de
juros
e
constitui
um
prêmio
aos
parcimoniosos
e
uma
humano
são
infinitas,
o
excedente
econômico
passa
a
ser
uma
penalidade
aos
consumidores
ansiosos.
A
taxa
de
juros
mede
assim
o
categoria
analítica
conceitualmente
igual
ao
investimento,
poupança
e
valor
do
excedente
econômico
amanhã
em
relação
ao
existente
hoje.
lucro
para
a
teoria
macroeconômica
convencional.
Dissolve-‐se
Acontece
que
não
conhecemos
o
amanhã
e
trocamos,
portanto,
uma
aparentemente,
assim,
na
sociedade
atual
a
sobreposição
do
trabalho
coisa
conhecida
por
outra
formada
por
expectativas.
indireto
sobre
o
trabalho
direto.
De
fato,
é
irracional
alguém
se
abster
do
consumo
presente
em
troca
Na
dinâmica
capitalista,
os
salários
dos
trabalhadores
produtivos
vai
de
nada.
Trocar
o
poder
de
compra
não
exercido
hoje,
ou
seja,
perdendo
espaço
para
a
composição
da
renda
formada
pelo
trabalho
poupado,
por
maior
consumo
no
futuro
faz
parte
da
essência
do
improdutivo:
a
classe
de
alta
renda.
Essa
última
ganha
mais
do
que
desenvolvimento
econômico
e
isso
requer
que
os
bens
a
disposição
da
suas
necessidades
correntes
e
portanto
acumula
riqueza.
Assim,
ela
sociedade
no
futuro
represente
um
valor
maior
do
que
aquele
tem
acesso
ao
crédito
dedicado
pelo
sistema
financeiro
e
não
tem
seus
poupado
¬
no
período
precedente.
A
questão
da
poupança
versus
gastos
em
investimento
e
bens
de
luxo
limitados
pelo
lucro
corrente.
investimento
envolve,
portanto,
aspectos
de
temporalidade.
Em
Desse
modo,
o
investimento
pode
crescer
por
meio
de
financiamentos
termos
macroeconômicos
o
conjunto
de
todas
as
poupanças
criando
mais
excedente
(poupança).
Este
o
principio
da
demanda
individuais
e
compulsórias
constitui
um
excedente
econômico
que
tem
efetiva.
É
a
demanda
(por
investimento)
que
comanda
a
oferta
(de
como
destino
o
investimento
disponibilizando
maior
quantidade
de
poupança).
produtos
a
disposição
da
sociedade
no
tempo28.
*
*
*
28
No
plano
individual
uma
pessoa
faz
seu
pé
de
meia
¬poupa¬
para
consumir
mais
e
Em
termos
macroeconômicos,
o
excedente
é
teoricamente
à
parcela
melhor
no
futuro.
Em
muitos
casos,
ele
acredita
que
sua
renda
futura
diminuirá
e,
do
produto
não
consumida:
é,
portanto,
a
produção
poupada
que
se
portanto
seria
mais
vantajoso
se
precaver
poupando
hoje.
Ele
joga
o
seu
poder
de
compra
“grandioso”
hoje
para
o
futuro
com
distribuição
adequada
no
tempo.
Milton
34
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
Para
Wicksell
existe
uma
taxa
de
juros
natural
cuja
base
está
no
materiais
constituídos
no
futuro
cuja
realização
de
compra
e
venda
reconhecimento
social
dos
recursos
disponíveis
para
suprir
as
permita
o
pagamento
dos
juros.
demandas
atuais
e
futuras.
Assim,
os
empresários
estão
alinhados
em
seus
planos,
sob
a
taxa
de
juros
natural,
com
o
padrão
de
consumo
A
macroeconomia
com
respeito
a
constituição
do
excedente/poupança
escolhido
pela
sociedade.
Isto
contribui
para
explicar
a
disparidade
de
obteve,
pelo
menos,
duas
respostas
conflituosas
com
respeito
a
taxa
taxas
de
juros
entre
países,
em
adição
a
visão
tradicional
que
de
juros.
A
primeira,
é
que
ela
significando
a
troca
de
consumo
considera
o
risco
como
a
variável
explicativa
principal.
Ainda,
nesta
presente
por
consumo
futuro
favorece
a
constituição
de
excedentes
visão,
podemos
dizer
que
manipulação
politica
da
taxa
de
juros
pelos
econômicos
(poupança).
Seu
aumento
projeta
um
futuro
mais
governos,
como
crédito
fácil
em
época
de
campanhas
eleitorais,
auspicioso
que
o
presente,
ocasionando
uma
predisposição
a
poupar
e
afastam
a
taxa
de
juros
de
seu
padrão
natural,
tendo
efeitos
no
menos
a
consumir
no
presente.
Quando
ela
se
reduz
(aumenta)
nefastos
para
a
economia.
De
fato,
uma
taxa
de
juros
manipulada
cria
estimula
(desestimula)
o
consumo
presente.
Esta
é
a
versão
um
desalinhamento
entre
as
escolhas
do
que
se
deseja
consumir
hoje
neoclássica
da
taxa
de
juros.
A
segunda,
é
que
ela
pode
ser
útil
nos
e
no
futuro
com
os
planos
intertemporais
de
produção.
processos
de
escolha
entre
rentabilidades
estimadas
de
ativos
financeiros
e
não
financeiros.
Assim,
ela
é
o
principal
componente
dos
A
Igreja
Católica
nos
idos
do
mercantilismo
se
posicionou
contra
a
movimentos
especulativos
marcados
pelas
competências
individuais
existência
dos
juros,
sob
a
alegação
que
o
tempo
a
Deus
pertence.
Os
das
escolhas
entre
as
expectativas
de
valorização
dos
ativos
homens
não
estariam
habilitados
a
cobrar
(taxas
de)
juros
nas
financeiros
e
não
financeiros,
pouco
contribuindo
para
a
formação
de
relações
que
envolvessem
crédito
e
débito
tendo
o
tempo
como
poupança.
A
taxa
de
juros
resume
a
centralidade
desse
processo,
por
parâmetro.
Essa
afirmativa,
digamos
divina,
não
resistiu
à
percepção
cotar
o
preço
do
dinheiro.
Essa
é
a
versão
keynesiana.
pela
sociedade
que
de
fato
a
taxa
de
juros
representa
uma
medida
da
quantidade
de
produtos
adicionais
obtida
no
futuro
em
relação
ao
No
nexo
entre
a
economia
real
e
a
monetária,
os
ciclos
de
valorização
período
anterior.
Ela
tem
competência
para
identificar-‐se
com
o
que
da
produção
demonstram
a
importância
da
taxa
de
juros
para
o
chamamos
de
retorno
do
capital
ou
simplesmente
retorno
do
mundo
econômico.
Os
investidores
competem
entre
si
e
é
por
isso
investimento.
A
questão
central
é
que
nada
sabemos
sobre
o
futuro.
natural
que
contraiam
empréstimos
buscando
uma
eficiência
superior
Não
sabemos
qual
será
o
valor
do
amanhã
e,
portanto
não
podemos
para
assim
obterem
parcelas
de
mercados
dos
concorrentes.
Nesse
medi-‐lo
para
estimar
com
precisão
a
taxa
de
juros
(R).
Assim,
só
processo,
contabilizam
suas
necessidades
de
créditos
em
relação
ao
podemos
estimar
¬
formar
expectativas
de
¬
quanto
valerá
o
total
de
seu
passivo
e
em
muitos
casos
contraem
novas
dívidas
para
excedente
no
futuro
com
base
nas
condições
atuais
(
1/1+R).
De
pagamento
das
anteriores,
sucessivamente.
Assim,
asseveram
as
qualquer
modo,
a
existência
dos
juros
requer
uma
base
de
bens
expectativas
de
um
futuro
grandioso.
São
esperados
com
este
processo,
pelo
menos,
dois
resultados.
O
primeiro
é
um
aumento
dos
Friedman
(1967)
chamou
esse
comportamento
de
renda
permanente.
Na
maioria
dos
juros,
pois
cada
investidor
não
conhece
a
estratégia
de
expansão
das
países
parte
dessa
poupança
é
coletiva
e
compulsória,
como
no
caso
brasileiro
da
firmas
concorrentes
e
todos
concorrem
para
obter
empréstimos.
aposentadoria
do
Ministério
da
Previdência
Social.
Algumas
empresas
adotam
o
Assim,
as
operações
financeiras
e
não
financeiras
aumentam
na
fase
sistema
de
Fundo
de
Pensão
para
seus
funcionários,
geralmente
de
caráter
não
de
prosperidade
pressionando
a
disponibilidade
de
reservas
dos
compulsório,
em
adição
ao
sistema
previdenciário
governamental.
35
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
bancos.
O
segundo
efeito
é
a
criação
de
um
excesso
de
oferta
produtiva
3. IDENTIDADES BÁSICAS
resultante
da
ampliação
dos
investimentos.
Entramos,
aqui,
na
fase
de
depressão
cíclica.
Como
as
empresas
resistem
inicialmente
a
reduzir
Do
ponto
de
vista
contábil
não
há
discórdia
sobre
a
igualdade
entre
preços,
mesmo
em
uma
situação
de
oferta
maior
que
a
demanda,
a
demanda
e
oferta
agregada,
já
que
tudo
que
foi
produzido
deve
ser
taxa
de
juros
irá
diminuir
mas
isso
não
irá
propiciar
maior
consumo
consumido.
De
fato,
o
Produto
Nacional
apurado
em
um
período
é
presente
ou
novos
investimentos,
pois
a
demanda
agregada
não
foi
igual
a
Despesa
Nacional
daquele
período
que
foi
realizada
por
meio
estimulada.
No
limite,
na
fase
de
descenso
cíclico,
as
sucessivas
da
Renda
Nacional
auferida
naquele
período.
Assim,
ao
final
do
operações
de
crédito-‐produção
irão
contribui
para
a
queda
período
contábil
esses
valores
são
idênticos:
a
Despesa
Nacional
é
generalizada
da
rentabilidade
do
capital
investido.
Esse
é
um
dos
igual
ao
Produto
Nacional,
uma
vez
que
o
produzido
não
pode
ser
mecanismos
clássicos
de
crise
do
sistema
capitalista
29.
vendido
sem
ser
comprado.
A
procura
efetiva
da
economia,
no
entanto,
não
necessariamente
é
igual
ao
Produto
Nacional:
não
há
Caracteristicamente,
uma
vez
iniciado
o
processo
de
crise,
todos
razão
para
acreditar
que
os
consumidores
estejam
desejosos
de
contribuem
inicialmente
para
aprofundá-‐lo
ao
buscarem
maiores
adquirir
a
mesma
quantidade
que
os
vendedores
querem
vender.
parcelas
de
um
excedente
econômico
cujo
valor
esta
diminuindo.
Os
Para
a
contabilidade
nacional
isso
não
é
problema,
pois
como
vimos,
rentistas
lutarão
por
maiores
retornos
de
seus
excedentes
econômicos
quando
os
produtores
produzem
em
excesso
as
estatísticas
o
(rentabilidade
dos
papeis
financeiros),
os
empresários
competirão
consideram
como
investimento
(as
empresas
compram
os
estoques
com
mais
vigor
em
busca
de
mercados
promissores
para
seus
não
vendidos).
Assim,
o
Produto
Nacional
corresponde
a
tudo
que
foi
investimentos
(realização
de
lucros)
e
os
trabalhadores
lutarão
por
produzido
e
não
a
totalidade
do
que
tenham
efetivamente
vendido
as
melhores
condições
(salários)
para
assegurar
a
continuidade
da
famílias
(oferta
efetiva).
reproduçãosocial.
Oferta
e
demanda
agregadas
nas
economias
modernas
podem
ser
estilizados
como
segue
abaixo:
29Para
as
entidades
que
compõem
o
sistema
financeiro
interessa
somente
a
cobrança
de
seus
serviços
de
intermediação
das
operações
entre
devedores
e
credores.
Assim,
Importação
quanto
mais
devedores
melhor
é...
para
eles.
Entretanto,
eles
avaliam
os
riscos
dos
Consumo
Exportação
empreendimentos
produtivos
e,
sob
o
manto
da
proteção
dos
depósitos
que
gerenciam
visando
a
maior
rentabilidade
de
seu
trabalho,
jogam
as
taxas
de
juros
de
captação
de
recursos
para
baixo
e
elevam
por
conta
dos
riscos
–
ou
perda
de
Y
+
M
+
T
=
C
+
G
+
I
+
X
credibilidade
dos
investidores
–
a
taxa
de
empréstimo
para
cima.
Quando
o
circuito
poupança-‐taxa
de
captação
-‐
empréstimo-‐
taxa
de
aplicação
não
se
realiza
recorrem
aos
bancos
centrais.
Afinal
os
poupadores
abriram
mão
de
seu
consumo
presente
e
os
Impostos
Gastos
investimento
investidores
calcularam
mal
o
rendimento
de
suas
operações
justamente
porque
com
Produto
do
taxas
de
juros
maiores
a
sociedade
decidiu
abrir
mão
de
seu
consumo
presente
tendo
Nacional
Governo
em
vista
um
melhor
consumo
no
futuro.
Quando
o
Banco
Central
intervém,
o
prejuízo
dos
processos
de
escolhas
entre
poupadores
e
investidores,
sob
a
gerência
das
instituições
privadas
do
sistema
financeiro,
é
socializado.
36
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
O
lado
esquerdo
da
identidade
é
a
oferta
agregada
e
o
lado
direito
é
a
O
Produto
(Renda)
Y
é
descrito
em
termos
de
bens
e
serviços
demanda
agregada.
Na
macroeconomia
oferta
e
demanda
reservam
constituídos
pela
despesa
em
consumo
(C)
e
em
investimento
(I).
Vale
um
aspecto
distintivo:
dizem
respeito
a
decisões
efetivas
dos
dizer,
o
que
é
produzido
em
uma
coletividade
são
bens
destinados
ao
produtores
e
consumidores
e
envolve
um
aspecto
crucial,
qual
seja:
o
consumo
popular
(bens
e
serviços
finais)
ou
a
composição
dos
livre
arbítrio
que
os
indivíduos
possuem
com
respeito
ao
destino
que
investimentos
(bens
de
capital).
Do
ponto
de
vista
da
contabilidade
dão
ao
seu
dinheiro.
Dentre
as
varias
contribuições
de
Keynes
essa
foi
nacional
a
equação
acima
é
uma
identidade.
uma
das
principais.
Ele
chamou
de
princípio
da
demanda
efetiva
essa
arbitrariedade
cujo
limite
é
dar
significação
a
vontade
dos
seres
O
próximo
passo
é
encontrar
uma
identidade
correspondente
para
humanos,
como
discutido
anteriormente.
examinarmos
o
destino
da
Renda.
Uma
parte
será
gasta
em
consumo
e
parte
será
poupada
(S).
Assim
podemos
escrever.
Apesar
de
contabilmente
o
produto
ser
igual
a
demanda,
as
decisões
dos
agentes
econômicos
no
plano
microeconômico
podem
conferir
Y=
S
+
C
rumos
a
economia
distantes
daqueles
que
seriam
socialmente
desejados
ou
direcionados
ao
equilíbrio
econômico.
Então:
C
+
I
=
Y
=
C
+
S
3.1
UMA
ECONOMIA
SIMPLES
I
=
Y
–
C
=
S
A
macroeconomia
não
tem
um
modelo
que
represente
a
realidade
em
termos
de
economia
simples
sem
as
entidades
governo
e
comércio
Esta
última
identidade
constitui
um
resultado
importante.
Mostra
exterior.
Keynes
a
formulou
inicialmente
considerando
o
gasto
do
primeiramente
que,
nesta
economia
simples,
a
poupança
é
idêntica
à
governo
de
fundamental
importância,
pois
por
meio
dele
se
poderia
renda
menos
consumo.
O
investimento
é,
portanto,
idêntico
à
calibrar
a
demanda
e
oferta
agregadas
em
direção
ao
pleno
emprego.30
poupança
após
a
apuração
contábil.
Apesar
disso,
vale
destacar
um
enfoque
simplificado
da
economia
para
caracterizar
dois
aspectos
importante:
a)
o
livre
arbítrio
que
o
ser
No
mundo
real,
uma
situação
de
equilíbrio
macroeconômico
é
pensada
humano
tem
nos
seus
processos
de
escolha
entre
consumo,
poupança
quando
as
expectativas
dos
investidores
e
poupadores
¬
entre
o
e
investimento
e
b)
a
função
que
o
consumo
estabelece
para
o
quanto
investir
e
o
quanto
poupar
¬
se
aproximam
tornando
a
crescimento
da
renda
(Y).
quantidade
ofertada
próxima
a
quantidade
demandada.
É
obvio
que
essas
expectativas
estão
longe
de
formarem
um
volume
de
popanças
Y
=
C
+
I
próximo
ao
desejado
pelos
investidores
e
vice-‐versa
uma
vez
que
as
motivações
que
levam
as
famílias
a
pouparem
são
diferentes
daquelas
que
induzem
as
empresas
a
fazerem
investimento.
30
Posteriormente,
somente
nos
anos
de
1950
é
que
foi
introduzida
nesta
identidade
A
totalidade
dos
investimentos
pode
expressar
parcela
de
um
as
relações
econômicas
com
os
parceiros
comerciais
no
estrangeiro,
provavelmente
porque
apos
a
Segunda
Guerra
Mundial
as
relações
de
comércio
internacional
ficaram
aumento
de
estoque
involuntário
como
resultado
de
erros
por
parte
mais
intensas.
dos
produtores
que
esperavam
vender
mais
do
que
na
realidade
o
37
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
fizeram.
Dito
de
outra
forma,
a
maior
poupança,
que
pode
ser
direção
ao
equilíbrio
(estabilização)
e
ao
pleno
emprego
representada
pelo
excesso
de
investimento
em
relação
aos
gastos
de
(crescimento).
consumo,
resulta
de
os
indivíduos
decidirem
consumir
menos
(mesma
medida
dos
estoques
involuntários)
e
assim,
poupar
mais
do
que
o
Os
economistas,
nos
seus
esforços
investigativos,
pensam
a
economia
esperado
pelas
empresas.
A
situação
contrária
pode
ocorrer
levando
como,
primeiramente
estando
em
equilíbrio:
poupança
igual
a
os
consumidores
a
poupar
menos
e,
portanto,
consumirem
mais
do
investimento,
Tributação
igual
a
Gastos
do
Governo,
Exportação
igual
que
o
esperado
pelos
produtores
que
planejaram
seus
investimentos
a
Importação:
enfim,
Renda
igual
a
Produto.
Depois,
então,
estimam
o
subestimando
a
demanda
potencial,
no
caso:
o
nível
de
consumo.
quanto
as
variáveis
estão
distantes
em
relação
as
suas
contrapartes.
Os
resultados
alcançados
são
apropriados
pelos
formuladores
da
Essas
situações
são
muito
comuns
e
pertencem
ao
mundo
do
livre
política
econômica
que
procuram
influenciar
os
indivíduos
nas
suas
arbítrio
que
os
indivíduos
possuem
para
fazerem
o
que
bem
entendem
escolhas
econômicas
usando
instrumentos
das
políticas
fiscal
e
com
a
sua
renda.
O
exercício
da
vontade
pelos
indivíduos
em
relação
a
monetária.
Procuram
calibrar
as
variáveis
econômicas
para
conduzir
a
sua
renda
é
a
causa
primária
da
demanda
por
bens,
serviços
e
economia
a
um
nível
de
renda
e
produto
que
se
aproxime.
investimentos
na
economia.
O
consumidor
ao
decidir
o
que
gastar
em
3.2
INTRODUZINDO
O
GOVERNO
E
O
MERCADO
EXTERNO.
consumo
estará,
por
conseguinte,
também
definindo
o
que
será
poupado.
De
fato,
as
decisões
de
formação
das
poupanças,
dos
gastos
Podemos
aproximar
a
economia
simples
ao
mundo
atual
considerando
do
governo,
do
lazer,
dos
investimento
públicos
e
privados,
relativas
a
a
existência
do
governo
e
das
relações
econômicas
com
os
demais
educação,
saúde
e
outras
representam
o
contradomínio
do
excedente
países.
De
modo
singelo,
podemos,
sem
perda
de
conteúdo,
decompor
econômico.
o
PNB
pela
ótica
do
destino
da
produção.
Assim,
ele
corresponde
as
categorias
listadas
a
seguir,
como
vimos
anteriormente.
Considerando
os
elementos
que
põem
em
movimento
o
mundo
econômico,
os
empresários
ao
perceberem
que
investiram
mais
do
PNB
=
C
+
I
+
G
+
(X
–
M)
que
os
consumidores
desejavam
consumir
se
sentirão
forçados
a
reduzir
preços
ou
seus
investimentos
no
sentido
de
diminuírem
seus
estoques.
A
situação
contrária
também
pode
acontecer,
isto
é,
no
curso
Os
gastos
do
governo
são
representados
pela
letra
G
(gastos
correntes,
da
produção
o
consumo
pode
se
posicionar
além
do
que
as
empresas
de
investimento,
transferências
para
o
setor
privado,
incluindo
o
investiram.
Como
a
demanda
é
superior
a
quantidade
de
produtos
pagamento
de
juros).
A
inclusão
das
transações
econômicas
com
disponíveis,
os
preços
serão
majorados
e,
ou,
as
empresas
investirão
demais
países
é
representada
pelas
exportações
líquidas:
exportações
rapidamente
para
prover
a
quantidade
de
bens
e
serviços
desejados.
(X)
menos
importações
(M)
de
bens,
serviços,
incluindo
os
Esses
movimentos
de
aproximação
e
afastamento
entre
poupança
e
pagamentos
e
recebimentos
internacionais
de
rendas
devidas
a
investimento
acontecem
porque
os
consumidores
e
os
investidores
utilização
dos
fatores
de
produção
e
transferências
unilaterais
criam
expectativas
com
respeito
ao
mundo
econômico
que
são
caracterizadas
por
doações,
de
toda
ordem.
Consumo
(C)
e
diferentes.
Este
é
o
ambiente
da
macroeconomia:
calibrar
variáveis
de
investimentos
(I)
são
conceitos
já
estabelecidos.
politica
governamental
para
aprumar
agregados
econômicos
em
Como
vimos,
a
Renda
Nacional
(Y)
é
igual
ao
PNB
menos
a
depreciação
38
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
e
os
impostos
(T).
Adicionando
a
Renda
Nacional
as
transferências
daquele
que
seria
possível
somente
com
a
poupança
nacional.
governamentais
as
famílias
(TR)
encontramos
a
Renda
disponível
(Yd).
Então:
Resumindo,
investimentos
superiores
a
poupança
doméstica
ou
gastos
governamentais
maiores
do
que
a
receita
tributária
propiciam
a
RN
–
T
+
TR
=
Yd;
entrada
de
poupança
externa.
Contrariamente,
interpretamos
a
poupança
doméstica
acima
dos
investimentos
como
um
saldo
positivo
Yd
=
C+
S;
líquido
com
o
exterior
e,
portanto
o
país
é
um
exportador
de
poupança
(de
capital).
Observem
que
o
efeito
vai
do
investimento
para
a
C
=
Yd
-‐
S
poupança.
São
as
decisões
de
investimento
no
país
que
indicam
a
entrada
ou
saída
dele
ou
em
outras
palavras
o
comportamento
das
Fazendo
as
devidas
substituições
na
identidade
da
Renda
e
incluindo
exportações
líquidas
31.
A
política
fiscal
e
monetária
podem
as
transferências
governamentais
as
famílias
(TR)
como
parcela
do
influenciar
esse
processo
manipulando
a
taxa
de
juros
e
a
de
câmbio.
gasto
governamental
(G)
obtemos:
As
linhas
de
gastos
do
governo
são,
geralmente,
numerosas
em
função
Yd
+
T
=
Yd
—
S
+
I
+
G
+
X
—
M
das
atividades
demandadas
pela
sociedade.
O
Estado,
de
modo
geral,
cuida
do
provimento
de
hospitais
públicos,
arca
com
o
saneamento
Que
segue:
básico,
fornece
educação
e
segurança
pública
aos
seus
cidadãos,
para
(T
–
G)
-‐
TR
=
(I
–
S)
+
(X
–
M)
citar
as
funções
mais
usuais.
Cabe
ao
Estado
também
efetuar
transferências
ao
setor
privado
e
prover
infraestrutura
adequada
a
ou
sociedade.
Quando
os
gastos
se
apresentam
maiores
do
que
a
tributação,
o
financiamento
é
obtido
por
meio
do
lançamento
de
(S
–
I)
=
(G
–
T)
+
(X
–
M)
títulos
de
dívida
pública.
Esses
títulos
são
leiloados
pelo
Banco
Central
contendo
cláusulas
contratuais
indicativas
de
valor
e
data
de
resgate
Essa
identidade
manifesta
o
desequilíbrio
entre
poupança
e
no
futuro.
investimento
do
setor
privado
(S
—
I)
tendo
como
contrapartida
o
desequilíbrio
no
orçamento
público
(G
—
T)
e,
ou,
nas
exportações
No
caso
brasileiro,
a
política
governamental
prioriza
o
liquidas
(X
—
M).
estabelecimento
do
superávit
primário
dos
gastos
públicos
construído
pelas
receitas
tributárias
menos
as
despesas
correntes
e
investimento
Em
outras
palavras,
quando
o
investimento
privado
é
maior
do
que
a
poupança
nacional
a
interpretação
é
que
a
economia
contou
com
o
ingresso
de
poupança
(empréstimos)
externa
complementar.
Esse
31
Raramente
o
saldo
positivo
externo
significa
receita
tributária
acima
dos
gastos
complemento
é
justamente
os
ingressos
de
recursos
externos
governamentais,
pois
tal
situação
nos
levaria
a
pensar
que
o
governo
estaria
tendo
“Lucros”
o
que
claramente
em
ambientes
democráticos
é
impensável;
pagar
impostos
caracterizados
na
identidade
por
M
que
serão
superiores
as
acima
das
necessidades
do
Estado
para
o
cumprimento
de
suas
funções.
exportações
(X)
na
medida
para
realizar
os
investimentos
além
39
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
do
governo.
Ele
indica
do
total
arrecadado
pela
tributação
para
essencialmente
das
circunstâncias
e
condições
dos
nossos
parceiros
cumprir
as
funções
tradicionais
do
Estado,
o
que
restou
para
ser
comerciais
externos.
Já
as
importações
podem
ser
controladas
por
utilizado
no
resgate
e
pagamento
dos
juros
dos
títulos
públicos
meio
de
políticas
de
contração
da
demanda
agregada.
Por
esse
motivo
lançados
no
passado
com
vencimento
presente
ou
futuro.
os
ajustamentos
macroeconômicos
exercidos
sobre
o
mercado
doméstico
visam,
também,
reduzir
importações
reduzindo
a
No
Brasil,
o
conceito
de
superávit
primário
inicialmente
foi
usado
para
necessidade
de
novos
empréstimos
externos.
diferenciar
o
que
era
gasto
corrente
do
que
era
mero
pagamento
de
juros
da
dívida
pública.
A
partir
da
orientação
do
FMI,
nos
anos
90,
o
superávit
primário
passou
a
ser
instituído
por
metas
definidas
3.3
RENDA
E
O
BALANÇO
DE
PAGAMENTOS
previamente.
Assim,
os
parâmetros
da
arrecadação
tributária
passaram
a
ser
calibrados
para
formarem
uma
receita
maior
do
que
Na
seção
anterior
relacionamos
as
transações
econômicas
do
país
com
aquela
requerida
pelo
Estado
para
os
gastos
imediatos
com
o
os
parceiros
internacionais
introduzindo
na
contabilidade
nacional
um
provimento
de
suas
funções
básicas.
Por
conta
do
estabelecimento
de
agente
externo
(X-‐M),
em
adição
as
contas
das
famílias,
do
governo
e
metas
de
superávit
primário,
os
tributos
arrecadados
foram
das
empresas.
As
relações
econômicas
do
país
com
o
resto
do
mundo
continuamente
elevados.
A
carga
tributária
brasileira
é
uma
das
foi
olhada
de
forma
compacta
não
fazendo
distinção
entre
as
variações
maiores
do
mundo
em
proporção
ao
PIB.
Em
2009
foi
cerca
de
40
%,
de
estoques
patrimoniais
dos
residentes
e
não
residentes
decorrentes
superior
à
dos
Estados
Unidos
(25,77%)
e
do
Japão
(26,28%),
por
das
relações
econômicas
internacionais.
Essa
seção
faz
essa
exemplo.
É
inferior,
no
entanto,
à
carga
tributária
de
países
como
a
decomposição
por
meio
do
estudo
do
Balanço
de
Pagamentos.
Suécia
(51,35%),
Dinamarca
(49,85%)
Bélgica
(46,85%)
e
França
(45,04%),
que
apresentam
economias
com
alto
grau
de
bem-‐estar
O
Balanço
de
Pagamentos
registra
as
transações
econômicas
entre
social
causado
justamente
por
políticas
públicas
adequadas.
residentes
e
não
residentes
de
um
país.
As
transações
são
efetuadas
pelo
setor
público
e
privado.
Incluem
o
comércio
de
bens
e
serviços
Observe
que
na
identidade
acima,
a
elevação
da
tributação
com
a
(balança
comercial),
pagamentos
pela
utilização
de
fatores
de
redução
dos
gastos
correntes
governamentais
ou
de
infraestrutura
produção
de
propriedade
dos
residentes
e
dos
não
residentes
(rendas
rebatem
no
mercado
externo
atenuando
as
importações
(M).
Vale
enviadas
e
recebidas),
transferências
unilaterais
e
as
transações
com
dizer,
o
alcance
do
equilíbrio
externo
neste
caso,
se
dá
em
detrimento
ativos
financeiros
e
monetários.
das
possibilidades
de
crescimento
da
economia
doméstica
impulsionada
pelos
gastos
governamentais.
Pelo
lado
das
exportações,
A
tabela
abaixo
foi
extraída
do
Banco
Central
do
Brasil
e
contempla
o
elas
são
autônomas
e
dependem
dos
demais
países
desejarem
nossos
Balanço
de
Pagamentos
Brasileiro
no
ano
de
2009.
produtos
e
terem
dinheiro
para
comprá-‐los.
Seu
método
contábil
é
o
de
partidas
dobradas
onde
um
registro
De
fato,
o
maior
desempenho
exportador
pode
atenuar
os
efeitos
representa
a
natureza
econômica
e
outro
à
contrapartida
monetária
adversos
na
economia
causados
pelo
estabelecimento
das
metas
para
ou
financeira.
Os
lançamentos
são
feitos
em
dólar
americano.
o
superávit
primário.
No
entanto,
a
receita
das
exportações
depende
40
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
Faz-‐se
distinção
entre
as
transações
por
conta
corrente
–
bens
e
BALANÇO
DE
PAGAMENTOS
DO
BRASIL
serviços
e
pagamentos
unilaterais
(doações,
por
exemplo)
–
e
as
Nome
da
conta
2009
Balança
comercial
(saldo)
25290
transações
de
ativos
monetários
e
financeiros.
Dentro
desta
última,
se
Exportação
de
bens
(fob)
152995
faz
distinção
entre
as
de
curto
prazo
e
longo
prazo,
dependendo
se
o
Importação
de
bens
(fob)
-‐127705
vencimento
do
ativo
seja
inferior
ou
não
há
um
ano
e
também
se
os
Serviços
e
rendas
(líquido)
-‐52930
ativos
financeiros
são
de
natureza
autônoma
ou
compensatória.
Serviços
(líquido)
-‐19245
Serviços
(receita)
27728
Desde
os
anos
50,
quando
o
padrão
de
acumulação
mundial
se
alterou
Serviços
(despesa)
-‐46974
Rendas
(líquido)
-‐33684
radicalmente
por
conta
do
espetacular
desenvolvimento
tecnológico,
Rendas
(receita)
8826
originado
pela
II
Guerra
Mundial,
as
relações
entre
países
se
tornaram
Rendas
(despesa)
-‐42510
intensas.
Esse
fenômeno
produziu
um
debate
em
torno
da
definição
Transferências
unilaterais
correntes
(líquido)
3338
apropriada
de
um
déficit
no
balanço
de
pagamento,
bem
como
da
Transações
correntes
(saldo)
-‐24302
apresentação
das
contas
que
o
integram.
Vale
observar
que
o
Balanço
Conta
capital
e
financeira
(líquido)
71301
de
Pagamentos
tem
saldo
igual
à
zero
pois
pela
definição
de
balanço
o
Conta
de
capital
(líquido)
1129
Conta
financeira
(líquido)
70172
ativo
é
sempre
igual
ao
passivo,
pela
aplicação
do
método
de
partidas
Investimento
direto
total
(líquido)
36033
dobradas.
Investimento
brasileiro
direto
-‐
IBD
(líquido)
10084
IBD
-‐
participação
no
capital
(líquido)
-‐4545
Transações
Correntes
(CT)
–
Conta
Capital
e
Financeira
(CKF)
=
0
IBD
-‐
empréstimos
intercompanhia
(líquido)
14629
Investimento
estrangeiro
direto
-‐
IED
(líquido)
25949
IED
–
part.
no
capital
-‐
inclui
reinvestimento
-‐
total
(líquido)
19906
Se
a
combinação
entre
o
saldo
em
transações
corrente
e
a
conta
de
IED
-‐
empréstimo
intercompanhia
-‐
total
(líquido)
6042
capital
e
financeira
resultar
em
déficit
(superávit)
o
pensamento
Investimento
em
carteira
-‐
total
(líquido)
50283
convencional
é
que
as
condições
econômicas
entre
o
país
e
o
resto
do
Investimento
brasileiro
em
carteira
-‐
IBC
(líquido)
4125
mundo
criaram
um
excesso
de
demanda
(de
oferta)
de
divisas
IBC
-‐
ações
de
companhias
estrangeiras
-‐
total
(líquido)
2582
internacionais.
No
ano
de
2009,
o
saldo
em
transações
correntes
foi
IBC
-‐
títulos
de
renda
fixa
-‐
LP
e
CP
(líquido)
1542
Investimento
estrangeiro
em
carteira
-‐
IEC
(líquido)
46159
negativo
em
cerca
de
24
bilhões
de
dólares,
inferior
ao
ingresso
pela
IEC
-‐
ações
de
companhias
brasileiras
-‐
total
(líquido)
37071
conta
de
movimentos
de
capital
que
girou
ao
redor
de
71
bilhões.
A
IEC
-‐
títulos
de
renda
fixa
-‐
total
(líquido)
9087
diferença
é
exatamente
retratada
na
variação
de
haveres
externos
(H)
Derivativos
-‐
total
(líquido)
156
¬
resultado
do
balanço¬
com
o
resto
do
mundo.
Derivativos
-‐
ativos
(líquido)
322
Derivativos
-‐
passivos
(líquido)
-‐166
Assim:
(CT)
–
(CKF)
–
Δ
H
=
0
Outros
investimentos
-‐
total
(líquido)
-‐16300
Outros
investimentos
brasileiros
-‐
OIB
-‐
total
(líquido)
-‐30376
Outros
investimentos
estrangeiros
-‐
OIE
total
(líquido)
14076
Erros
e
omissões
-‐347
Resultado
do
balanço
46651
Fonte;
Banco
Central
do
Brasil.
41
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
Os
haveres
externos
representam
justamente
a
variação
da
reservas
300
bilhões
de
dólares.
A
divida
externa
compreende
transações
do
internacionais
ΔRI
(com
o
sinal
trocado).
governo
nas
esferas
federal,
estadual
e
municipal,
do
setor
privado,
das
instituições
financeiras
e
do
Banco
Central.
Ela
representa
parcela
(CT)
–
(CK)
=
Δ
H
=
Δ
RI
do
passivo
da
economia
brasileira
e
as
reservas
internacionais
o
ativo.
Observe
que
o
saldo
em
conta
corrente
negativo,
embora
possa
ser
3.3.1
ASPECTOS
MONETÁRIOS
DO
BALANÇO
DE
PAGAMENTOS
coberto
pela
conta
capital
e
financeira,
contabilmente
indica,
na
mesma
medida,
a
necessidade
de
financiamento
externo
que
no
final
Vamos
introduzir,
agora,
alguns
aspectos
monetários
do
Balanço
de
das
contas
representa
um
endividamento
externo
naquele
montante.
Pagamentos.
Existe
uma
relação
íntima
entre
as
variações
das
Isto
porque
a
conta
capital
e
financeira
mostra
transferências
reservas
cambiais
e
a
base
monetária,
já
que
a
moeda
nacional
é
de
patrimoniais
que
a
qualquer
momento
podem
ser
desfeitas.
curso
forçado.
O
ingresso
de
moeda
estrangeira
destinado
aos
Representa
o
passivo
ou
ativo
de
um
país
em
relação
aos
demais.
O
residentes,
sob
qualquer
modalidade,
deve
ser
convertido
em
moeda
saldo
em
conta
corrente,
por
seu
lado,
representa
o
que
restou
nacional,
à
taxa
de
câmbio
prevalecente.
De
igual
modo,
os
monetariamente,
uma
vez
consumido/extinto
produtos
e
serviços
estrangeiros
são
inclinados
a
converterem
seus
pagamentos
em
entre
residentes
e
não
residentes.
moedas
nacionais,
já
que
comprarão
produtos
no
seus
país
estrangeiro,
salvo
se
o
país
não
adota
o
curso
forçado
de
sua
moeda
ou
O
Brasil,
que
vinha
tendo
saldos
negativos
em
conta
corrente
no
mantenha
acordos
de
aceitação
pelo
mercado
doméstico
de
Balanço
de
Pagamentos
durante
os
anos
1970/80
renegociou
a
sua
determinadas
moedas
estrangeiras32.
dívida
externa
com
os
bancos
internacionais
em
julho
de
1992,
através
de
acordos
que
alteraram
o
perfil
da
dívida.
O
elemento
essencial
Quando
os
ingressos
de
moeda
estrangeira
são
maiores
do
que
as
desse
tipo
de
acordo
foi
à
renovação
da
dívida,
mediante
sua
troca
por
saídas
de
moeda
nacional,
temos
um
saldo
positivo
de
reservas
bônus
de
emissão
de
títulos
internacionais
brasileiros,
cujos
termos
internacionais
que
recebem
sua
contraparte
em
moeda
nacional.
envolvem
abatimento
do
encargo
da
dívida,
seja
sob
a
forma
de
Quando
o
contrário
ocorre;
os
importadores
pagam
mais
pelos
redução
de
seu
principal,
seja
por
alívio
da
carga
de
juros.
produtos
externos
que
os
exportadores
recebem
por
suas
vendas
externas,
o
efeito
é
de
contração
da
liquidez
doméstica.
O
governo
brasileiro
desde
aquela
época
está
autorizado
a
realizar
operações
de
compra
e
venda
de
títulos
da
dívida
mobiliária
externa.
Eles
são
renegociados
ou
trocados
por
outros
títulos
(de
emissão
interna
ou
externa),
para
fins
de
redução
do
estoque
(ou
encargos)
da
32
Existe
um
conjunto
razoável
de
países
que
aceitam
moedas
estrangeiras
pré-‐
dívida,
com
alongamento
dos
seus
prazos,
ajuste
no
perfil
do
determinadas
em
suas
transações
internas.
Os
países
do
MERCOSUL,
Brasil,
Argentina,
Uruguai,
e
Paraguai,
por
exemplo,
assinaram
recentemente
um
acordo
de
Crédito
endividamento
público
e
incentivo
a
projetos
específicos.
No
final
do
Recíproco
que
significa
a
aceitação
nas
transações
de
importação
e
exportação
entre
ano
de
2009
a
dívida
externa
brasileira
composto
por
títulos
eles
da
moeda
nacional
do
parceiro
comercial.
A
Argentina,
por
exemplo,
há
pouco
internacionais
correspondia
a
277
bilhões
de
dólares,
pelos
dados
do
tempo
atrás,
adotou
um
sistema
cambial
ancorado
no
dólar.:
Internamente
era
Banco
Central.
No
ano
passado
(2013)
ela
somou
valores
superiores
a
utilizado
tanto
a
moeda
nacional
quanto
a
moeda
norte-‐americano
nas
transações
internas
a
uma
taxa
de
conversibilidade
fixada.
42
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
Isso
pode
ser
mais
bem
entendido
com
o
auxilio
das
contas
do
Balanço
como
as
exportações
são
autônomas
em
relação
ao
nível
de
renda
do
Banco
Central,
como
apresentado
de
modo
estilizado
a
seguir.
interna,
o
Balanço
de
Pagamentos
também
se
ajusta
automaticamente
(no
próximo
capítulo
veremos
com
mais
propriedade
o
comportamento
das
importações
e
exportações
em
relação
a
variação
da
renda).
Assim,
podemos
imaginar
que
o
Balanço
de
pagamentos
Balanço
Simplificado
do
Banco
Central
pode
ter
movimentos
alternados
entre
déficits
e
superávits
ao
longo
ATIVO
PASSIVO
do
tempo,
o
que
sugere
que
no
longo
prazo
ele
encontra-‐se
em
Reservas
internacionais
(
RI)
Dinheiro
primário
(H)
equilíbrio33.
Crédito
Público
(CP)
E
razoável
supor,
no
entanto,
que
os
governos
não
sigam
os
Assim,
do
balanço
simplificado
acima
se
deduz
que:
ensinamentos
postos
pela
ideia
do
ajuste
automático
do
Balanço
de
Pagamento,
pois
sua
validade
depende
dos
demais
países
perseguirem
também
esses
ensinamentos.
Para
que
de
fato,
o
ajustamento
∆RI
=
∆H
—
∆CP
automático
se
verifique
é
necessário
que
todos
os
países
utilizem
seus
Bancos
Centrais
como
caixas
de
compensação,
abrindo
mão
de
Esse
é
um
modelo
de
balanço
ideal
do
Banco
Central.
A
variação
das
medidas
compensatórias
em
face
de
um
déficit
externo.
reservas
internacionais
líquidas
∆RI
rebate
na
diferença
entre
a
variação
de
dinheiro
e
o
crédito
público
do
Banco
Central.
(composto
pelos
títulos
da
dívida
pública).
Na
existência
de
desequilíbrio
externo,
os
países
podem
atenuar
os
efeitos
da
menor
liquidez
monetária
contraindo
dívidas
externas,
com
as
quais
se
permitem
continuar
importando
acima
do
permitido
pela
Uma
queda
nas
reservas
internacionais
–
situação
de
déficit
externo
-‐
receita
cambial
providenciada
pelas
exportações.
De
fato,
o
Banco
indica
que
os
residentes
contrataram
bens
e
serviços
ou
compraram
Central
amplia
seus
créditos
públicos
(CP)
em
moeda
nacional
no
ativos
do
resto
do
mundo
além
do
que
receberam
por
suas
vendas
montante
requerido
pelo
endividamento
externo
em
dólares
a
taxa
de
externas.
A
variação
do
dinheiro
primário
∆H
será,
portanto
negativa,
cambio
de
mercado.
Assim,
a
redução
da
liquidez
-‐
na
ausência
de
contraindo
a
liquidez
interna.
No
limite,
esta
situação
faz
com
que
os
uma
política
ativa
do
Banco
Central
-‐
por
conta
da
variação
negativa
preços
domésticos
caiam,
os
juros
subam,
os
investimentos
sejam
no
dinheiro
primário
(H),
é
esterilizada
e
os
efeitos
negativos
na
refreados
e
o
desemprego
aumentado.
Em
resumo:
a
demanda
economia
doméstica
que
seriam
causados
pela
contração
da
demanda
agregada
se
contrai
reduzindo
a
atividade
econômica.
Assim,
as
agregada
são
postergados.
O
aumento
do
crédito
público
∆CP
pode
ser
importações
se
contraem
ajustando
automaticamente
o
Balanço
de
utilizado
para
estabilizar
o
volume
de
dinheiro
primário
que
sofreria
Pagamentos.
43
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
Balanço
Consolidado
do
Sistema
Bancário
∆
(X—M)
=
∆RI
=
∆M2
—
∆CD
—
(∆G
—
∆T)
ATIVO
PASSIVO
Reservas
internacionais
(RI)
M2
Uma
queda
na
variação
de
ΔRI,
mantendo-‐se
M2
constante
demanda
Crédito
Doméstico
(CD*)
expansão
do
crédito
doméstico
(∆CD)
ou
alternativamente
em
um
aumento
do
déficit
público
(∆G>∆T).
∆
(X—M)
=
∆RI
=
∆M2
—
∆CD*
Essa
identidade
foi
bastante
utilizada
pelos
países
com
dívida
externa,
na
qual
caracterizavam
intenções
demonstrativas
de
ajustamento
macroeconômico
do
país
(redução
da
demanda
agregada)
ao
Fundo
Monetário
Internacional
(FMI)
para
obter
o
seu
aval
e
continuar
se
Essa
perspectiva
financeira-‐monetária
compreende
a
aquisição
de
endividando
ou
postergando
os
pagamentos
dos
encargos
da
divida
ativos
externos
pelo
sistema
bancário
por
meio
da
expansão
externa.
Os
cálculos
de
engenharia
financeira
são
amplamente
monetária
e
da
expansão
do
crédito.
M2
é
a
denominação
para
os
utilizados
para
estabelecer
tetos
ao
crédito
público
(CP)
e
ao
setor
meios
de
pagamentos,
constituídos
pelo
papel-‐moeda
em
poder
do
privado
não-‐bancário
(CD)
em
relação
a
expansão
dos
meios
de
público
mais
os
depósitos
a
vista
de
curto
e
longo
prazo
nos
bancos
pagamentos
(M2).
Em
casos
mais
dramáticos,
como
resultou
ser
no
comerciais34.
Podemos
considerar
o
crédito
doméstico
(CD*)
como
caso
brasileiro
a
partir
de
meados
dos
anos
de
1980,
a
redução
do
composto
pela
soma
do
crédito
ao
setor
público
(CP)
mais
o
crédito
ao
déficit
público
para
níveis
compatíveis
com
a
redução
da
demanda
setor
privado
não-‐bancário
(CD).
agregada
passou
a
ser
alcançada
através
da
aplicação
de
metas
para
o
superávit
primário.
44
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Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
∆Y = k∆I
k>1
45
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Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
simultânea formalização das contas nacionais, por Keynes e Kalecki. ΔY = ΔI / (1-‐ b)
Como
o
que
se
produz
depende
da
existência
de
uma
demanda,
os
Fica
claro,
que
o
campo
de
variação
da
propensão
marginal
a
consumir
investimentos
terão
maior
ou
menor
impacto
a
partir
dos
estímulos
corresponde
a
[0 < b
≤
1].
causados
pela
variação
na
demanda
agregada.
Esses
estímulos
estão
4.1.
MULTIPLICADOR
DOS
INVESTIMENTOS
contidos
na
variável
consumo,
pois
o
objetivo
final
do
investimento
é
realizar
lucro
e
este
se
realiza
no
mercado
onde
se
vende
os
bens
Chamamos
1/(1-‐b)
de
Multiplicador
dos
Investimentos.
Podemos
finais.
substitui-‐lo
pelo
paramento
k
da
equação
original.
De
qualquer
modo,
comprovamos
que
o
acréscimo
na
renda
causado
pelo
investimento
ou
O
gasto
no
mercado
de
bens
e
serviços
(C)
é
uma
função
do
nível
de
pelos
demais
componentes
da
renda,
como
veremos
a
seguir,
é
renda
(Y)
e
é
razoável
imaginar
que
variem
proporcionalmente
determinado
integralmente
pela
propensão
marginal
a
consumir
(b).
(∆C/∆Y)
de
maneira
estável
e
previsível,
caso
não
ocorra
algum
fenômeno
extemporâneo
capaz
de
alterar
os
hábitos
de
consumo
da
Quanto
mais
próximo
de
zero,
menor
será
o
efeito
do
multiplicador
sociedade.
Essa
estabilidade
constitui
um
poderoso
preditivo
ao
dos
investimentos
e
quanto
mais
próximo
de
um,
maior
o
efeito
resultado
dessa
relação,
que
denominamos
de
propensão
marginal
a
multiplicador
dos
investimentos.
Denominamos
1/1
-‐
b
de
consumir
b=
∆C/∆Y.
multiplicador
dos
investimentos
e
sendo
b
a
propensão
marginal
a
consumir,
1
–
b,
representa
a
propensão
marginal
a
poupar.
Na
formação
do
consumo
se
inclui
um
consumo
autônomo
Ca
que
independe
do
nível
de
renda:
consumo
de
subsistência,
por
exemplo.
Vamos
utilizar
um
argumento
demonstrativo.
Suponhamos
que
a
propensão
marginal
a
consumir
(b)
de
uma
comunidade
seja
0,4
e
a
C=
Ca
+
b.Y
(segue
a
equação
da
reta
onde:
b=
∆C/∆Y
)
propensão
marginal
a
poupar
seja
o
complemento:
1
-‐
b
=
0,6.
substituindo
na
identidade
da
renda:
Y
=
C
+
I
Para
um
pacote
de
investimentos
de
100
un,
inicial
a
repartição
se
dará
em
40
un
para
acrescer
o
consumo
e
60
un
destinados
a
Y
=
Ca
+
bY
+
I
depósitos
de
poupança
nos
sistema
financeiro.
Como
ocorreu
uma
expansão
de
demanda
agregada
de
40
un,
os
empresários
ficarão
Então,
quando
ocorre
uma
expansão
nos
investimentos
(Δ
I)
estimulados
a
atender
essa
demanda
adicional
e
contam
para
isso
com
encontramos
um
acréscimo
na
renda
explicado
pela
propensão
uma
poupança
adicional
de
60
un.
Novos
investimento
serão
marginal
a
consumir,
conforme
segue
abaixo.
Podemos
relaxar,
ao
executados
e
a
renda
adicional,
gerada
nesta
segunda
virada,
será
mesmo
tempo,
o
consumo
autônomo
(coeficiente
angular)
sem
perda
repartida
de
novo
entre
consumo
e
poupança.
Esse
ciclo
se
repete
de
poder
explicado
da
relação
funcional
entre
renda
e
consumo.
indefinidamente
cada
vez
com
menor
força,
pois
os
acréscimos
no
nível
de
renda
(ΔY)
serão
cada
vez
menores.
Esses
ciclos
ΔY-‐
bΔY=
Δ
I
caracterizam
uma
renda
crescendo
em
progressão
geométrica
cuja
soma
dos
acréscimos
na
renda
corresponde
a
multiplicação
do
46
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
primeiro
termo
–investimento
inicial-‐
multiplicado
por
1/
1-‐b
.
investimento
geralmente
atribuído
a
disponibilidade
de
poupanças.
Os
Observe
que
este
multiplicador
e
o
parâmetro
K
mostrado
investimentos,
de
fato,
requerem
uma
poupança
prévia,
mas
uma
vez
anteriormente
em
∆Y
=
k∆I
iniciado
o
ciclo
de
investimento,
ele
se
financia
a
si
mesmo
ao
proporcionar
renda
adicional
que
se
distribui
entre
consumo
(b)
e
.
poupança
(1-‐b).
Vale
dizer,
o
excesso
de
renda
sobre
o
consumo
transforma-‐se
em
poupança
a
disposição
dos
investidores,
∆Y
=
(1/1—0,4)
X
100
un,=
166,67
un,
intermediada
pelo
do
sistema
financeiro.
A
decisão
de
investimento
futuro
dependem,
entretanto,
dos
lucros
esperados
desse
investimentos
presente,
mesmo
no
caso
da
renda
ter
4.2.
DEMAIS
MULTIPLICADORES
aumentado.
Os
paramentos
utilizados
pelos
empresários
para
estimar
lucros
futuros
podem
ser
de
toda
sorte
que
a
imaginação
possa
Podemos
desenvolver
pensamentos
assemelhados
ao
multiplicador
alcançar,
mas
é
razoável
espera
que
a
variação
na
renda
–
não
o
nível
dos
investimentos
para
determinar
as
funcionalidades
existentes
de
renda
-‐
seja
determinante
para
a
prosperidade
dos
ciclo
dos
entre
as
diversas
categorias
macroeconômicas.
A
primeira
delas
é
que
negócios.
O
acelerador
dos
investimentos
é
justamente
a
relação
parte
da
renda
gerada
é
destinada
aos
impostos.
Assim,
a
renda
que
entre
o
investimento
realizado
e
as
variações
na
demanda
pela
deve
ser
considerada
para
os
gastos
com
o
consumo,
poupança
e
produção.
Assim,
temos
que
o
estoque
de
investimento
varia
em
investimento
é
a
renda
disponível:
função
das
variações
na
produção
ocasionadas
pela
expansão
da
demanda
causada
pelo
investimento
inicial.
Yd
=Y
–
T:
4.2.1. ACELERADOR DOS INVESTIMENTOS Onde T representam a parcela de tributos do governo.
∆
capital=
(investimento/∆
demanda)
X
∆
produção
A
produtividade
marginal
a
consumir
(b)
que
compõe
o
multiplicador
dos
investimentos
nas
sociedades
modernas
deve
ser
ligeiramente
Acelerador
de
modificada,
pois
parcela
da
renda
é
capturada
pelo
Fisco
incidindo
investimentos
diretamente
sobre
o
consumo.
Assim
C
=
b
∆Yd
Os
investimentos,
assim,
são
auto
¬
financiáveis
pois
o
valor
inicial
dos
investimentos
retorna
em
partes
sucessivas
ao
sistema
financeiro,
sob
Visto
essa
restrição,
vamos
continuar
considerando
as
relações
a
forma
de
poupança
em
montante
igual
ao
que
será
acrescido
ao
existentes
nas
economias
modernas.
estoque
de
capital
na
economia.
Em
termos
de
impactos
no
nível
renda
é
indistinto
se
ele
é
causado
Um
aspecto
muito
importante
diz
respeito
ao
financiamento
do
por
um
aumento
na
exportação,
no
investimento
ou
nos
gastos
do
47
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
governo
em
obras
públicas.
Essas
categorias
quando
efetivadas
geram
importações
são
traumáticas,
pois
significam
uma
evasão
de
renda.
Os
ciclos
de
renda
-‐
produto
que
vão
se
distribuindo
no
sistema
impostos,
por
seu
lado,
reduzem
o
poder
dos
multiplicadores
já
que
econômico
entre
salários
¬
consumo
e
poupanças
¬
e
investimento.
Os
incidem
direta
ou
indiretamente
sobre
o
consumo
e
investimento,
mas
multiplicadores
da
renda
podem
ser
expressos
como
segue:
retornam
ao
sistema
econômico
doméstico
sob
as
várias
modalidades
de
gastos
púbicos.
∆Y
=
(1/1-‐
b)
∆G;
∆Y
=
(1/1-‐
b)
∆I;
∆Y
=
(1/1-‐
b)
∆X
O
efeito
da
tributação
já
foi
observado
anteriormente.
Vejamos
o
efeito
Diferentemente
ocorre
com
as
transferências
governamentais
que
as
importações
têm
no
nível
de
renda.
destinadas
a
obras
assistenciais
como
bolsa
família,
auxílio
desemprego
e
a
natalidade,
pagamento
aos
aposentados
e
muitos
Importações
são
destinadas
ao
consumo
e,
portanto
depende
do
nível
outras
denominadas
transferências
governamentais.
Essas
de
renda.
Em
outros
termos,
existe
uma
propensão
marginal
a
transferências
se
destinam
a
um
consumo
imediato.
Uma
vez
efetuada
importar
(∆M/∆Y)
assemelhada
a
propensão
marginal
a
consumir.
a
transferência
governamental
(Tr),
pressupõe-‐se
que
ela
seja
Quanto
mais
se
expande
a
atividade
econômica,
mas
insumos
e
bem
de
imediatamente
utilizada
–
extinta.
Nestes
termos
seu
efeito
consumo
estarão
sendo
importados.
Assim;
multiplicador
de
renda
no
sistema
econômico
é
sensivelmente
menor
em
relação
aos
demais.
A
natureza
dessas
transferências
tem
m=
∆M/∆Y
competência
com
o
consumo
familiar,
nada
restando,
portanto,
para
geração
dos
ciclos
poupanças
/
investimento.
Então:
M
=
m
AY
∆Y=
(b/1-‐
b)
∆Tr
Observe
que
na
identidade
ampliada
as
importações
compõem
a
oferta
agregada,
mas
significam
uma
diminuição
da
demanda
De
maneira
semelhante
podem
ser
considerados
os
cortes
nos
doméstica.
impostos
indiretos.
Eles
representam
uma
transferência
de
renda
ao
consumidor
final,
ocasionada
pela
redução
das
alíquotas
dos
impostos
Oferta
agregada
Demanda
indiretos.
Seu
multiplicador
é
idêntico
o
das
transferências
agregada
governamentais
–
incide
diretamente
sobre
b.
Y
+
M
=
C
+
I
+
G
+
X
48
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
∆Y
=
b
∆Y
+
I
+
G
–
m
∆Y
+
X
5.
MOEDA
E
BANCOS
∆Y
–
b∆
y
+
m
∆y
=
I
+
G
+
X
Atualmente
aceitamos
a
moeda
emitida
pela
Casa
da
Moeda
e
por
As
variações
na
renda
nacional
proporcionados
pelas
exportações,
meio
de
sua
quantidade
cotamos
os
preços
de
todas
as
coisas.
Isso
é
gastos
governamentais
e
investimentos
privados
são
atenuadas
por
bem
prático
e
facilita
a
nossa
vida.
A
rigor,
para
se
medir
o
produto
de
pressões
das
importações
que
se
relacionam
positivamente
com
a
uma
economia
pode-‐se
utilizar
qualquer
bem
ou
serviço.
Um
variação
na
renda
nacional,
mas
atenuam
os
efeitos
na
renda
apartamento
vale
três
carros,
o
bilhete
do
teatro
vale
quatro
cervejas
e
decorrentes
das
variações
nos
demais
agregados
macroeconômicos.
por
aí
vai.
Com
o
avanço
das
trocas,
uma
mercadoria
vai
sendo
eleita
como
denominador
de
todas
as
outras:
a
ela
damos
o
nome
de
moeda
Devemos
portanto,
incluir
nos
multiplicadores
convencionais
essa
ou
meio
de
troca.
Os
preços
de
todas
as
mercadorias
são,
portanto
evasão
de
renda
causada
pela
expansão
da
demanda
agregada.
cotados
em
moedas
e
sancionados
pelas
trocas,
ou
seja;
pelo
mercado.
∆Y
=
[1/(1-‐b
+
m)]
(∆I
+
∆G
+
∆X)
A
mercadoria-‐moeda
que
serve
para
expressar
com
facilidade
o
valor
das
demais
abriga
alguns
atributos:
divisível
e
recomposta,
durabilidade,
não
perecível,
de
transporte
relativamente
fácil,
não
ter
utilidades
relevantes
intrínsecas
e
oferta
invariável.
Olhado
sob
esse
ângulo,
historicamente
a
moeda
não
foi
instituída
por
convenção
ou
por
imposição
legal.
Ela
surge
naturalmente
intermediando
as
trocas
entre
mercadorias
(escambo)
nas
transações
de
compra
e
venda.
Ela,
como
em
um
passe
de
mágica,
ganha
novas
funções,
além
de
meio
de
troca
e
denominador
comum:
ela
passará
ser
utilizada
como
reserva
de
valor:
poder
de
compra.
49
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
mundo
econômico,
(voltaremos
a
esse
ponto
mais
a
frente).
A
moeda
como
reserva
de
valor
é
eminentemente
criada
pelo
imaginário
coletivo.
A
moeda
historicamente
passa
a
ser
dinheiro
($$)
Os
metais
preciosos
como
o
ouro
e
a
prata
nas
sociedades
antigas
quando
não
somente
é
um
denominador
comum
das
demais
desempenharam
muito
bem
o
papel
de
meio
de
troca.
Os
soberanos
mercadorias
e,
portanto
útil
às
trocas,
mas
quando
possui
a
cunhavam
as
moedas
e
lhes
outorgavam
garantias
de
aceitação.
Com
o
propriedade
intrínseca
de
ter
valor
e
por
isso
aceitação
geral
como
avanço
das
civilizações,
eles
foram
sendo
separados
de
sua
existência
medida
da
riqueza
material
que
os
indivíduos
possuem.
Com
o
avanço
material
enquanto
moeda
(útil
para
a
troca)
para
se
materializarem
das
sociedades
ela
vai
se
personificando
em
poder
(valor)
através
das
em
dinheiro
¬
$$
¬
poder
de
compra.
relações
de
compra
e
venda.
Do
ponto
de
vista
lógico
-‐
histórico
podemos
contextualizar
três
tipos
Quando
a
moeda
tem
um
valor
intrínseco
reconhecido
socialmente,
de
sistema
monetário.
como
os
metais
preciosos,
há
uma
forte
inclinação
para
que
todos
procurem
representar
sua
riqueza
ou
poder
de
compra
também
pela
• Padrão-‐ouro,
moeda.
Há
relatos
na
história,
todavia,
que
antigamente
muitos
• Moeda-‐
conversível,
e;
soberanos
forçavam
as
suas
“casas
das
moedas”
a
secretamente
• Moeda-‐
inconversível
substituir
parte
do
ouro
das
moedas
por
metais
menos
nobres
e,
assim,
ficarem
mais
ricos
comprando
outros
bens
durante
o
tempo
em
Antigamente,
o
sistema
monetário
era
totalmente
assentado
no
que
os
demais
não
reconheciam
esse
golpe.
Esse
evento
foi
cunhado
padrão-‐ouro.
Sua
quantidade
era
razoavelmente
fixa
ao
longo
do
de
“degradação
da
moeda”,
pois
reduzia
o
seu
valor
intrínseco,
tempo.
Naquela
época,
o
dinheiro
ou
a
riqueza
estava
personificado
aumentando
sua
quantidade
e
somente
quando
isso
era
percebido
e
em
outras
coisas,
como
a
terra,
no
período
feudal,
nos
desígnios
que
os
preços
aumentavam.
Atualmente,
a
moeda
não
tem
valor
divinos,
como
na
época
dos
faraós
no
Egito
e
nas
características
intrínseco
e
muito
menos
lastro
nos
metais
preciosos.
Ela
tem
seu
distintivas
do
ser
humano
em
algumas
comunidades
primitivas.
reconhecimento
social,
se
transmudando
em
riqueza,
a
partir
dos
Moedas
de
ouro
existiam
mais
como
meio
de
troca
e
denominador
governos
que
as
emitem.
comum
e
menos
como
reserva
de
valor.
Mesmo
assim,
exercia
certo
fascínio
entre
os
homens,
a
ponto
de
Judas
trair
Cristo
por
um
A
perda
do
valor
intrínseco
e
lastro
em
metais
preciosos
da
moeda
punhado
delas.
foram
acontecimentos
lógicos
-‐
históricos.
Com
o
avanço
do
capitalismo,
instituiu-‐se
a
moeda-‐papel,
que
era
um
título
de
crédito
Com
o
avanço
das
trocas,
a
moeda
passou
cada
vez
mais
a
ser
com
o
indicativo
da
quantidade
de
metais
preciosos
que
seu
possuidor
requisitada
não
somente
como
meio
de
troca,
mas
como
um
objeto
tinha
direito
por
tê-‐lo
depositado
em
alguma
instituição
bancária.
A
possuidor
de
poderes
mágicos:
como
reserva
de
valor,
poder
de
qualquer
momento
o
detentor
do
titulo
poderia
ir
ao
“banco
privado”
compra
e
expressão
de
riqueza.
A
moeda
passou
a
ser
um
símbolo
e
resgatar
seus
metais
preciosos.
Era
a
época
do
sistema
monetário
personificando
poder.
Ter
moeda
era
ter
$$.
Era
a
época
do
capital
conversível.
mercantil.
Em
termos
históricos,
esse
sistema
monetário
não
foi
duradouro.
50
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
Muitos
bancos
privados
onde
os
indivíduos
guardavam
seus
metais
mais
rápidos
que
outros,
na
riqueza
individual,
já
que
a
moeda
é
preciosos
utilizavam
os
depósitos
para
efetuarem
empréstimos
por
unidade
de
conta
e,
por
natureza,
nas
decisões
de
consumo
e
meio
da
emissão
de
títulos
de
créditos
muito
acima
das
quantidades
investimento.
de
ouro
e
prata
depositados
em
seus
cofres,
cobrando,
obviamente,
um
preço
(juros)
por
esse
serviço.
Eles
calculavam
o
quanto
de
saques
Quando
as
variações
na
oferta
monetária
são
percebidas
pela
espaçados
no
tempo
o
real
proprietário
do
dinheiro
efetuaria:
o
sociedade,
todos
querem
defender
seu
poder
de
compra.
Por
isso,
os
restante
ficava
a
disposição
para
empréstimo.
A
história
mostra
que
a
Estados
Nacionais
procuram
manter
os
níveis
da
oferta
monetária
existência
desse
sistema
monetário
foi
bastante
curta.
Requeria
adequada
à
demanda
social
por
ela.
Uma
oferta
excessiva
em
relação
à
“freios”
que
segurassem
a
ganância
dos
banqueiros.
Assim,
foram
demanda
gera
efeitos
deletérios.
A
moeda
tem
seu
valor
diminuído
em
criadas
normas
para
impedir
o
lançamento
de
títulos
de
crédito
em
relação
aos
demais
bens
e
serviços
que
ela
precifica.
Ela
se
enfraquece
valores
muito
superiores
a
quantidade
de
moeda
depositada
nas
e
vai
perdendo
sua
utilidade
como
reserva
de
valor:
todos
irão
preferir
instituições
bancárias.
ter
sua
riqueza
em
bens
e
serviços
que
se
valorizem35.
Uma
quantidade
restrita
também
não
é
desejável,
pois
dificulta
as
Esse
sistema
de
padrão
monetário
conversível
foi
substituído
por
um
iniciativas
voltadas
para
expandir
a
economia
¬
preços
diminuem
e
sistema
inconversível
cujo
curso
da
moeda
foi
instituído
por
força
de
juros
se
elevam,
nesta
situação.
lei.
Esse
é
o
nosso
padrão
monetário
atual.
Neste
sistema,
prevalece
a
confiança
na
moeda
ou
em
quem
a
emite
em
detrimento
do
valor
intrínseco
ou
de
lastro
em
metais
preciosos
que
possa
ter.
O
sistema
monetário
atual,
com
moedas
inconversíveis,
é
garantido
pelos
Estados
Nacionais.
Cabe
a
eles
certificarem
o
papel
–
moeda
emitida
pela
casa
da
moeda.
A
moeda
nacional
personifica,
portanto,
o
poder
do
Estado,
pois
todos
os
débitos
e
créditos
processados
na
sociedade
atual
são
feitos
por
meio
de
moeda.
Alguns
Estados
evocam
até
o
divino
para
garantir
esse
poder
à
moeda,
expressando
nela
as
máximas:
Deus
seja
louvado,
ou
em
Deus
acreditamos,
como
ocorre
no
caso
da
moeda
brasileira
e
norte-‐americana
(para
citar
as
mais
35
Em
algumas
situações,
mercadorias
se
transformam
em
moeda
-‐
meio
de
troca
-‐
conhecidas
entre
nós).
independentemente
da
existência
da
moeda
legal.
Suprimimo-‐nos
da
moeda
legal
e
logo
outra
será
posta
em
seu
lugar
como
$$.
Veja
o
exemplo
nos
presídios,
onde
alguns
Estilizando
a
situação,
a
moeda
inconversível
emitida
pelo
Estado
bens
como
chocolate,
cigarro,
celular
e
outros
bens
passam
a
funcionar
como
$$
entre
os
presos.
Na
última
crise
da
Argentina,
os
produtores
agrários
estavam
pagando
com
precisa
ser
controlada,
pois
sua
quantidade
mensura
a
riqueza
grãos
a
compra
de
fertilizantes,
ferramentas
e
até
tratores
e
automóveis.
As
moedas
material
(estoque)
e
todos
os
fatores
de
produção
e
bens
e
serviços
eram:
soja,
trigo,
girassol
e
milho.
Todas
à
prova
da
política
governamental
de
finais
(fluxo).
Variações
na
oferta
monetária
fazem
variar
os
preços
corralito
(bloqueio
de
depósitos)
e
desvalorização
da
moeda
legal.
Nessa
época,
outras
gerando
efeitos
na
distribuição
das
rendas,
pois
alguns
preços
subirão
moedas
foram
criadas
como
os
patacones
improvisados
por
algumas
províncias
argentinas.
51
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Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
No
Peru
e
Bolívia
do
século
XVI
e
demais
países
da
América
do
Sul
altera
o
lado
real
da
economia
no
longo
prazo.
Políticas
monetárias
colonizados
pelos
espanhóis,
os
metais
preciosos
eram
utilizados
podem
até
ter
alguma
efetividade
no
curto
prazo,
mas
não
no
longo
como
adornos
e
não
como
moeda.
Os
espanhóis
ficaram
maravilhados
prazo.
e
os
carregaram
para
a
Europa,
pois
lá,
ouro
e
prata
eram
$$.
No
Brasil,
a
cana
de
açúcar
foi
especiaria
eleita
para
ser
produzida
e
Uma
das
primeiras
tentativas
de
se
estabelecer
o
relacionamento
comercializada
na
Europa
e
ela
era
trocada
por
escravos
pelos
entre
a
moeda
e
o
produto
deveu-‐se
a
Irving
Fischer
(1867-‐1947).
Ele
colonizadores
em
um
circuito
de
compra
e
venda
fechado
denominado
formulou
uma
identidade
bastante
interessante
entre
a
quantidade
de
“exclusivo
comercial”
ou
“pacto
colonial”:
a
colônia
só
poderia
moeda
e
o
produto
que
ficou
conhecida
como
a
teoria
quantitativa
da
comercializar
com
o
país
colonizador.
No
Brasil
colonial
a
função
da
moeda:
moeda
como
meio
de
troca
e
denominador
comum
era
exercida
pelo
metal
precioso,
mas
a
função
reserva
de
valor
($$)
não:
o
número
de
MV=PT
escravos
que
o
senhor
de
engenho
era
dono
representava
o
$$.
Somente
no
século
XIII,
com
a
intensificação
contra
o
tráfico
negreiro
Onde
M
é
a
quantidade
de
moeda,
V
=
velocidade
de
transações;
P
=
e
o
ciclo
da
mineração
é
que
esta
concepção
dos
escravos
como
preço
médio
de
todos
os
bens
transacionados,
e
T
=
todas
as
reserva
de
valor
foi
sendo
abandonada.
transações
realizadas
com
moeda.
A
escravidão
foi
reinventada
na
era
mercantil,
depois
de
ter
existido
A
velocidade
de
transações
(V)
é
a
quantidade
de
vezes
que
a
moeda
na
antiguidade
e
extinta
no
período
feudal.
O
escravo
era
considerado
(M)
se
torna
receita
ou
gasto,
ao
mesmo
tempo.
T
é
maior
que
o
riqueza
somente
nas
colônias.
Foi
justamente
a
não
adoção
do
sistema
Produto,
pois
inclui
os
pagamentos
de
insumos,
mão-‐de-‐obra,
escravo
(escravo
como
moeda)
na
metrópole
que
permitiu
aquisição
de
artigos
usados,
títulos
financeiros,
ações
e
etc.
PT
recebe
engenhosamente
as
metrópoles
forjarem
a
dependência
de
suas
a
denominação
pelas
contas
nacionais
de
Valor
da
Produção.
Um
valor
colônias.
muito
superior
do
que
foi
efetivamente
constituído
de
bens
e
serviços
finais
pelos
fatores
de
produção,
em
um
período.
Esses
bens
e
serviços
5.1
MOEDA
NA
MACROECONOMIA
finais
formam
a
categoria
Renda
ou
Produto,
como
vimos
anteriormente.
Estabelece-‐se,
assim,
nas
economias
atuais,
uma
relação
íntima
entre
a
quantidade
de
moeda
gerenciada
pelos
governos,
e
a
produção
de
As
abordagens
posteriores
introduziram
modificações
substanciais.
A
bens
e
serviços:
o
lado
real
da
economia.
Para
uma
corrente
de
primeira
delas
foi
relacionar
a
quantidade
de
moeda
existente
com
a
economistas,
a
moeda
teria
a
propriedade
de
expandir
o
produto,
ou
geração
da
renda
ou
produto.
A
renda
é
a
multiplicação
de
um
índice
ampliando
o
conceito:
de
forjar
maior
ou
menor
crescimento
de
preços
pelo
produto
(as
quantidades
de
produtos
finais).
Sendo
econômico.
Outra
corrente
de
economistas,
os
monetaristas,
sugere
assim:
que
a
moeda
não
tem
essa
propriedade.
Os
fatores
de
produção
com
os
quais
se
estabelece
a
produção
estão
dados
e
assim
o
produto
no
longo
prazo
não
pode
ser
maior
ou
menor.
Os
preços
de
todos
os
bens
M
V
=
PY
e
serviços
são
flexíveis
e
a
maior
ou
menor
oferta
monetária
nãos
52
Instituto de Economia da UFRJ
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Há
duas
modificações
essenciais
em
relação
a
identidade
de
Fischer.
A
concepção
serviu
para
incluir
a
ideia
de
guardar
$$
sob
a
forma
de
primeira
é
que
a
quantidade
de
moeda
relaciona-‐se
a
Renda
Nacional
moeda.
Em
outras
palavras,
a
oferta
de
moeda
ganhou
sua
(Y)
ou
ao
Produto
(Media
ponderada
de
preços
vezes
quantidade
de
contraparte:
a
demanda
por
ela.
bens
finais)
e
não
ao
Valor
da
Produção.
A
segunda
é
que
V
significa
velocidade
da
renda
e
não
velocidade
das
transações.
Exprime,
Essa
nova
concepção
foi
formulada
por
A.
Marshall
&
A.
C.
Pigou
e
portanto,
o
número
de
vezes
que
a
moeda
se
torna
renda
para
alguém,
ficou
conhecido
como
equação
de
Cambridge,
já
que
seus
autores
durante
o
período
de
tempo
considerado.
Na
versão
de
Fischer
o
V
eram
professores
da
universidade
de
Cambridge,
na
Inglaterra:
corresponde
ao
número
de
vezes
que
o
dinheiro
é
gasto.
M
=
K(renda
X
preços)
ou
M/Preços=
K
Renda
Nessa
nova
abordagem
o
parâmetro
V
se
refere
ao
número
de
vezes
que
a
moeda
se
torna
dinheiro
($$)
para
alguém.
Exemplo:
Maria
tem
Ela
é
basicamente
idêntica
a
anterior
¬
pois
K
seria
1/V:
o
inverso
de
V
uma
confecção
e
vende
uma
camisa
para
o
João.
Maria
deduz
do
¬,
com
a
distinção
de
que
o
parâmetro
K
corresponde
à
proporção
da
faturamento
os
custos
e
embolsa
uma
parcela
do
ganho
com
a
venda
renda
nominal
que
é
mantida
como
moeda
pela
sociedade
em
um
da
camisa,
denominada
lucro.
Com
o
lucro
ela
pode
ampliar
ou
dar
período
de
tempo
determinado.
Colocada
nestes
termos,
K
indica
continuidade
a
seu
negócio
de
fazer
e
vender
camisas
ou
adquirir
quanto
em
média
às
pessoas
desejam
manter
moeda
para
exprimir
outros
bens
em
outras
lojas
cujos
proprietários
têm
o
mesmo
poder
de
compra:
envolve
um
processo
de
escolha
entre
reter
saldos
comportamento.
Assim
a
quantidade
de
moeda
multiplicada
pela
em
ativos
financeiros
ou
em
estoques
de
bens
e
serviços.
velocidade
renda
mensura
o
poder
de
compra
em
detrimento
de
sua
função
de
meio
de
troca,
como
observado
na
identidade
formulada
por
O
parâmetro
K
sendo
governado
por
processos
de
escolhas
individuais
Fischer.
significa
que
a
moeda
segue
os
mesmos
princípios
que
utilizamos
para
escolher
outros
bens
e
serviços
para
assegurar
poder
de
compra
($$).
Nestas
versões,
a
variação
na
quantidade
de
moeda
é
plenamente
Na
versão
anterior
a
velocidade
renda
(V)
era
um
parâmetro
capturada
pela
formação
dos
preços.
MV/P=Y
mecânico.
Tanto
em
um
caso
como
no
outro,
V
e
K
não
mudariam
debaixo
condições
econômicas
estáveis,
mas
suas
interpretações
são
Supõe-‐se
que
a
velocidade
da
renda
ou
das
transações,
como
na
versão
bem
distintivas.
de
Fischer,
depende
institucionalmente
dos
hábitos
da
sociedade
e
estes
não
mudam
constantemente.
Assim
variações
na
oferta
Nos
anos
de
1950,
Milton
Friedman,
professor
da
Universidade
de
monetária
se
transmitem
diretamente
aos
preços
dos
bens
e
serviços,
Chicago,
ampliou
a
equação
acima
para
incluir
a
ideia
de
que
os
não
modificando
o
produto.
processos
de
escolha
entre
guardar
moeda
e
outros
bens
dependem
das
diferenças
dos
rendimentos
que
se
deixa
de
receber
por
preferir
A
ideia
de
variações
nos
preços
causadas
por
variações
na
oferta
um
ativo
em
relação
a
outro.
Ele
introduziu
o
futuro
nos
processos
de
monetária
introduziu
novas
ideias
com
respeito
à
moeda.
escolha
entre
bens
e
serviços
e
o
bem
mais
líquido
que
é
a
moeda.
Basicamente,
os
indivíduos
podem
escolher
guardar
sua
riqueza
em
bens
e
serviços
e
não
sob
a
forma
líquida
da
moeda
corrente.
Essa
Nesta
abordagem
monetarista,
o
parâmetro
K
da
equação
anterior
não
53
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é
constante:
não
supomos
que
a
demanda
por
automóvel
seja
fixa,
mas
sobre
a
produção
no
futuro.
sim
que
ela
depende
do
preço
do
automóvel
e
de
sua
valorização
no
mercado.
Em
verdade,
ele
ampliou
um
conceito
que
já
estava
O
enfoque
central
dessa
escola
é
que
variações
na
oferta
monetária
estabelecido
desde
o
final
dos
anos
de
1920,
por
outro
autor,
muito
não
possuem
a
propriedade
de
modificar
a
riqueza
da
sociedade
em
famoso,
que
já
falamos
sobre
ele:
John
Maynard
Keynes.
longo
prazo,
pois
os
preços
dos
ativos
modificados
decorrentes
da
variação
da
oferta
monetária
voltariam
a
manter
as
mesmas
relações
Para
Keynes
a
procura
por
moeda,
ou
preferência
pela
liquidez,
está
de
preço
entre
eles
em
futuro
não
muito
distante36.
Por
isso
os
basicamente
determinada
pelo
preço
da
moeda
que
será
igual
aos
monetaristas
da
escola
de
Chicago
advogam
que
a
política
monetária
é
rendimentos
financeiros
que
se
obtêm
quando
a
emprestamos
para
inócua
favorecendo
a
ideia
de
que
o
controle
monetário
deva
ser
alguém.
Por
isso,
a
variação
de
K
depende
da
oferta
e
demanda
restrito,
uma
vez
que
a
expansão
da
oferta
monetária
não
tem
a
monetária,
ou
em
outras
palavras:
do
preço
da
moeda
sancionado
pelo
propriedade
de
elevar
o
produto
no
longo
prazo.
mercado.
Esse
preço
é
a
taxa
de
juros.
Desse
modo
a
moeda
é
demandada
por
variações
de
preços
(P),
da
renda
(Y)
e
da
liquidez
do
Resumindo,
na
versão
moderna
a
demanda
por
moeda
Md
é
uma
sistema
econômico
(r).
função
direta
do
produto
(Y)
do
nível
de
preço
(P)
e
uma
função
inversa
da
taxa
de
juros
(R).
Md=
P.Y
+
r
As
variações
na
oferta
monetária
Ms
enquanto
não
se
transmitem
aos
Os
indivíduos
procuram
moeda
para
fazerem
despesas
cotidianas
que
preços
podem
influenciar
o
nível
do
produto
bem
como
a
taxa
de
somente
com
elas
são
efetivadas.
Eles
também
precisam
de
moeda
juros.
Para
os
monetaristas
as
variações
na
oferta
monetárias
não
para
se
precaver
dos
infortúnios
que
possam
ocorrer
no
futuro
e
que
exercem
papel
preponderante
na
riqueza
e
no
emprego
dos
fatores
de
em
alguns
casos
exigem
para
solução
dinheiro
vivo.
Eles
optam
produção
no
longo
prazo:
a
moeda
não
tem
a
propriedade
de
alterar
a
também
por
terem
dinheiro
em
mãos
da
forma
mais
líquida
–
moeda
–
para
especular.
Oportunidades
de
negócios
requerem
em
muitos
casos
$$
vivo
para
serem
concretizadas.
36
O
desejo
pela
posse
das
coisas
é
formado
pela
observação
das
condições
reais
da
economia.
Podemos
desejar
tudo
o
tempo
todo,
mas
razoavelmente
sabemos
o
que
poderemos
conseguir
no
futuro.
Os
desejos
são,
assim,
formados
com
base
no
que
já
De
fato,
a
maior
quantidade
monetária
reduz
a
taxa
de
juros,
pois
a
possuímos
inteirados
com
as
reais
condições
econômicas
observadas.
Os
desejos
são
sociedade
tem
mais
moeda
para
especular
(comprar
mais
ativos
ilimitados,
mas
eles
são
satisfeitos
de
maneira
incremental:
uma
vez
satisfeito
um
financeiros).
A
renda
(Y)
ou
o
coeficiente
(K)
aumentam
desde
que
a
desejo
criamos
outros.
Assim,
os
desejos
governam
o
longo
prazo
em
um
processo
de
quantidade
da
moeda
não
se
transmita
imediatamente
para
os
preços
negociação
com
o
consumo
presente.
As
variações
nos
preços
“hoje”
não
têm
o
poder
dos
bens
e
serviços.
de
alterar
as
posições
desejadas
pelos
indivíduos
com
respeito
ao
seu
nível
de
consumo
e
bem-‐estar
futuro.
A
escola
monetarista
parece
se
apoiar
nesta
argumentação:
valores
são
governados
pelo
imaginário
das
pessoas
em
termos
de
Para
a
escola
monetarista
de
Chicago,
capitaneada
por
Friedman,
o
consumo
futuro
versus
consumo
presente
e
no
longo
prazo
ajustamentos
nos
preços
parâmetro
K
não
se
altera,
pois
as
variações
nas
ofertas
monetárias
se
hoje
podem
ter
influências
em
curto
prazo,
mas
não
alteram
a
riqueza
imaginada
em
transmitem
aos
preços
no
curto
prazo,
mas
não
exercem
efeitos
reais
longo
prazo,
uma
vez
que
os
desejos
são
mais
poderosos
do
que
o
imediatismo:
o
curto
prazo.
54
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
quantidade
existente
de
riqueza
e
dos
fatores
de
produção
disponíveis
que
ficam
sob
sua
guarda:
essa
parcela
é
a
totalidade
dos
depósitos
a
sociedade.
menos
os
encaixes
bancários38
¬
parcelas
que
os
bancos
estimam
guardar
em
seus
cofres
para
fazer
frente
aos
saques
dos
depositantes.
5.2.
BANCOS
O
resultado
da
diferença
entre
o
total
depositado
pelos
correntistas
menos
os
encaixes
bancários
é
o
quanto
os
bancos
tem
disponível
para
A
terceira
função
da
moeda
do
ponto
de
vista
lógico
histórico
como
emprestar.
vimos
é
desempenhar
o
papel
de
reserva
de
valor:
poder
de
compra
acumulado.
Os
limites
da
atuação
dos
bancos
são
determinados
Quanto
alguém
tem
um
título
de
crédito
ao
portador,
emitido
pelo
justamente
em
função
da
moeda
poder
representa
a
riqueza
material
banco,
pode
trocá-‐lo
por
mercadorias
e
o
vendedor
ao
receber
esse
acumulada
de
uma
sociedade
em
valor
superior
a
sua
existência
titulo
–
um
cheque,
por
exemplo
-‐
pode
descontá-‐lo
no
banco,
ou
material.
Do
ponto
de
vista
lógico,
o
banco
somente
exerce
suas
utilizá-‐lo
para
adquirir
outros
bens
e
serviços.
Assim,
adicionavam-‐se
funções
quando
existe
um
excedente
econômico
monetário.
A
ao
estoque
dos
depósitos
bancários
originais,
mais
poder
de
compra
tendência
secular
do
progresso
técnico
de
aumentar
cada
vez
mais
o
representada
agora
pelos
títulos
de
crédito
dos
bancos.
Criou-‐se
produto,
por
meio
dos
ganhos
de
produtividade,
propicia
maiores
dinheiro
–poder
de
compra
-‐
em
um
valor
superior
àquele
excedentes
econômicos
cujo
ambiente
de
acumulação
e
guarda
são
as
representado
pela
quantidade
de
moeda
existente.
instituições
do
sistema
financeiro.
O
limite
de
alcance
do
sistema
financeiro
está
estabelecido
justamente,
portanto,
pela
grandeza
do
excedente
econômico
depositado
em
suas
instituições37.
O
poder
de
compra
da
sociedade
aumenta,
assim,
por
meio
das
intermediações
de
crédito
e
débito
do
sistema
bancário.
A
totalidade
dessas
intermediações
condicionada
a
taxas
de
encaixes
bancários
As
famílias
e
as
empresas
depositam
ou
aplicam
seus
excedentes/
mais
o
dinheiro
em
poder
do
publico
corresponde
aos
Meios
de
poupanças
no
sistema
financeiro
que
ganha
escala
aglutinando
as
Pagamento
(M1):
poupanças
individuais
e
por
meio
de
débitos
e
créditos
financiam
o
investimento
das
empresas,
as
compras
das
famílias
e
proveem
fundos
para
o
governo
tocar
suas
funções
básicas.
Assim,
os
bancos
M1=PMPP
+
DVbc
cumprem
a
função
de
estimular
a
demanda
agregada:
aumentando
o
Depósitos
a
vista
nos
Papel
moeda
em
bancos
comerciais
consumo,
o
investimento
e
os
gastos
do
governo.
poder
do
público
as
possibilidades
de
geração
de
excedente
econômico
se
verificam
de
modo
eficiente,
estarão
a
disposição
dos
correntistas
e
o
encaixe
compulsório
é
a
parcela
dos
bastar
olhar
a
quantidade
de
agências
bancarias
ali
instalada.
A
correlação
será
depósitos
totais
nos
bancos
privados
depositados
“compulsoriamente”
no
banco
positiva
e
significativa,
com
certeza.
central.
55
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
a
seguir:
Redesconto
Bancário
(TRB)
que
é
aplicada
quando
os
bancos
privados
solicitam
reforço
de
caixa
para
continuar
tocando
suas
operações
de
Sendo
o
depósito
a
vista
inicial
=
H
e
os
encaixes
bancários
igual
a
r
crédito
e
débito.
É
claro
que
o
banco
desprovido
de
reserva
pode
(parcela
do
depósito
que
os
bancos
estimam
que
não
seja
retirada
solicitar
empréstimos
a
outros
bancos
privados
(juros
interbancários)
imediatamente)
sucede
que:
que
tenham
excessos
de
reservas,
mas
as
taxas
de
juros
oferecidas
ΔM1
=
H
para
essa
modalidade
girarão
ao
redor
da
TRB.
ΔM2
=
H
(1-‐r)
parcela
que
o
banco
emprestará
e
que
se
converterá
em
novo
depósito
a
vista
As
operações
efetuadas
pelo
sistema
financeiro
criam
ou
destroem
ΔM3
=
H
(1-‐
r)
(1-‐
r)
=
H
(1-‐
r)2
idem
meios
de
pagamento.
Há
uma
criação
de
meios
de
pagamento
quando
.
.
.
o
público
recebe
haveres
monetários
¬
papel
moeda
e,
ou,
depósitos
à
.
.
.
vista
¬
do
setor
bancário
dando
em
contrapartida
haveres
não
.
.
.
monetários,
o
que
aumenta,
por
conseguinte,
o
saldo
dos
meios
de
ΔMn
=
H
(1-‐
r)n-‐1
idem,
corresponde
a
n-‐1
conversões
de
pagamento
disponível
a
população.
Há
uma
destruição
dos
meios
de
depósitos
a
vista.
pagamento,
quando
o
processo
se
dá
no
sentido
inverso:
a
população
Σ
ΔM
=
H/r
Soma
dos
depósitos
bancários
ocasionados
entrega
haveres
monetários
aos
bancos
recebendo
em
troca
haveres
pelo
depósito
original
H.
não
monetários.
A
simples
abertura
de
uma
conta
corrente
não
cria
ou
destrói
meios
de
pagamento,
mas
os
empréstimos
propiciados
por
Σ
ΔM
corresponde
ao
acréscimo
total
em
M1.
essa
abertura
de
conta
representam
criação
de
M1.
Os
bancos
centrais
procuram
controlar
os
meios
de
pagamento
Os
governos
estimam
a
totalidade
dos
meios
de
pagamentos
(M1)
estabelecendo
regras
constitutivas
de
um
fundo
de
reserva
formado
disponível
para
conservá-‐lo
em
linha
com
o
lado
real
da
economia.
O
por
uma
parcela
dos
depósitos
a
vista
nos
bancos
comerciais
conceito
de
M1
corresponde
a
quantidade
em
valor
monetário
dos
denominado
de
“encaixe
compulsório”.
O
fundo
de
reserva
também
ativos
($$)
mais
líquidos
disponíveis
na
economia.
pode
ser
utilizado
para
auxiliar
as
instituições
integrantes
do
sistema
financeiro
no
caso
de
alguma(s)
delas
ter
problemas
em
financiar
suas
Grande
parte
da
destruição
e
da
criação
dos
meios
de
pagamento
posições
de
caixa39.
Também
procuram
controlar
a
liquidez
da
origina-‐se
nos
bancos
centrais
por
meio
de
suas
operações
ativas:
os
economia
por
meio
da
compra
e
venda
de
títulos
públicos.
Outra
débitos
e
créditos
a
governos
e
autarquias.
A
taxa
de
redesconto
modalidade
de
controle
convencional
é
o
redesconto
bancário
concedido
a
bancos
comerciais,
as
reservas
cambiais
e
a
compra
e
exercido
pelo
banco
central.
O
banco
central
estabelece
uma
Taxa
de
venda
de
títulos
da
Dívida
Pública
são
operações
que
criam
ou
destroem
meios
de
pagamento.
A
elevação
nos
saldos
das
operações
ativas
dos
bancos
centrais
inicia
o
processo
de
criação
dos
meios
de
39
No
caso
brasileiro
no
final
do
século
passado
foi
criado
o
Proer
(Programa
de
pagamento.
Em
seguida
o
sistema
financeiro
responde
pela
Estímulo
à
Reestruturação
e
ao
Fortalecimento
do
Sistema
Financeiro
Nacional)
multiplicação
no
sistema
econômico
daqueles
haveres
monetários
justamente
com
essa
finalidade.
Os
seus
recursos
eram
totalmente
oriundos
dos
iniciais.
encaixes
compulsórios.
56
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
De
modo
geral,
admite-‐se
que
o
principal
papel
a
ser
desempenhado
“Tratando-‐se
de
um
sistema
de
liquidação
em
tempo
real,
a
liquidação
pelos
bancos
centrais
é
o
de
controlar
a
liquidez
na
economia.
O
de
operações
é
sempre
condicionada
à
disponibilidade
do
título
objetivo
é
evitar
que
excesso
de
recursos
financeiros
¬
crédito
e
negociado
na
conta
de
custódia
do
vendedor
e
à
disponibilidade
de
moeda
¬
acessíveis
a
todos
possa
propiciar
uma
demanda
por
bens
e
recursos
por
parte
do
comprador.
Se
a
conta
de
custódia
do
vendedor
serviços
superior
a
capacidade
de
oferta
produtiva
das
empresas.
Esse
não
apresentar
saldo
suficiente
de
títulos,
a
operação
é
mantida
em
desequilíbrio
poderia
por
em
vigor
pressões
inflacionárias.
pendência
pelo
prazo
máximo
de
60
minutos
ou
até
18h30min,
o
que
Alternativamente
os
bancos
centrais
podem
no
caso
de
certa
escassez
ocorrer
primeiro
¬
não
se
enquadram
nessa
restrição
as
operações
de
de
moeda
e
crédito
agir
no
sentido
de
ampliar
os
meios
de
pagamento
venda
de
títulos
adquiridos
em
leilão
primário
realizado
no
dia.”
disponível
a
sociedade
como
forma
de
estimular
a
oferta
produtiva.
(extraído
de
http://www.bcb.gov.br)
Os
instrumentos
clássicos
para
os
bancos
centrais
orquestrarem
a
As
instituições
com
excesso
de
caixa
no
banco
central
o
transferem
liquidez
da
economia,
vale
lembrar,
são
três:
a)
os
depósitos
para
os
bancos
tomadores
de
empréstimos
e
estes
transferem
títulos
compulsórios
dos
bancos
privados
no
banco
central
b)
taxas
de
públicos
que
possuem,
em
valor
equivalente
e
que
estão
depositados
redesconto
que
são
os
juros
cobrados
pelo
banco
central
aos
demais
no
sistema
SELIC,
para
os
emprestadores.
Eles
pagam
uma
taxa
de
bancos
e
c)
operações
de
open
market
que
consiste
na
compra
e
venda
juros
aos
financiadores
tomando
por
base
a
taxa
SELIC
¬
geralmente
de
títulos
públicos
empreendida
pelo
banco
central.
um
valor
um
pouco
abaixo
desta.
Qualquer
variação
desses
instrumentos
implica
em
alterações
no
A
figura
da
pagina
seguinte
extraída
do
site
do
Banco
Central
volume
de
crédito
modificando,
portanto
o
volume
dos
meios
de
mencionado
ilustra
uma
operação
entre
instituições
que
procuram
pagamentos
e
da
taxa
de
juros.
Assim,
criam
ou
destroem
meios
de
zerar
ao
final
do
dia
suas
posições.
O
Banco
Central
fixa,
ao
final
do
57
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
dia,
a
remuneração
dos
títulos
públicos
com
base
nos
juros
praticados
aumento
de
½
%
na
taxa
SELIC
implica
em
despesas
superiores
a
15
no
financiamento
interbancário
naquele
dia.
bilhões
de
reais
no
ano,
maior,
portanto
que
o
valor
dedicado
ao
programa
bolsa
família
em
2009
(próximo
a
11
bilhões
de
reais,
pelos
O
Comitê
de
Política
Monetária
(COPOM)
fixa
a
taxa
juros
para
o
dados
do
Ministério
do
Desenvolvimento
Social).
período
entre
suas
reuniões
¬
geralmente
superior
a
um
mês
¬
com
base
na
taxa
média
dos
financiamentos
diários,
com
lastro
em
títulos
Quando
o
banco
central
utiliza
as
operações
de
open
market,
federais,
apurados
no
Sistema
Especial
de
Liquidação
e
Custódia.
É
colocando
títulos
federais
com
compromisso
de
recompra
pagando
muito
importante
observar
que
essa
taxa
de
juros
vai,
portanto,
a
taxas
SELIC
atraentes
para
enxugar
a
liquidez,
os
depósitos
nos
reboque
da
taxa
definida
pelo
mercado
interbancário.
A
figura
2.
mercados
financeiros
de
outros
países
com
taxas
de
rendimentos
abaixo
caracteriza
essa
orientação.
inferiores
orientam-‐se
para
cá
em
busca
de
ganhos
especulativos.
O
efeito
do
enxugamento
da
liquidez
da
economia
é
assim
atenuado
em
Figura
2.
favor
dos
rentistas
¬
nacional
e
estrangeiro
¬
e
do
fortalecimento
momentâneo
das
reservas
internacionais
(efeito
blindagem
da
economia
contra
o
contágio
das
crises
em
outros
países).
De
modo
geral,
os
preços
dos
bens
e
serviços
são
cotados
em
moedas
nacionais
e
se
equivalem
na
moeda
eleita
como
internacional
por
meio
de
taxas
de
câmbio:
razão
–
ou
relação
–
entre
duas
moedas
de
países
diferentes.
Assim,
a
taxa
de
câmbio
é
o
preço
em
moeda
nacional
de
uma
unidade
de
moeda
estrangeira40.
O
preço
da
moeda
estrangeira
é
governado
pela
oferta
e
demanda
A
taxa
de
juros
fixada
pelo
COPOM
não
reina
no
controle
do
volume
como
os
demais
preços
da
economia.
No
caso
das
moedas,
as
taxas
de
dos
meios
de
pagamentos.
Esse
controle
é
exercido
pelos
mecanismos
troca
originaram
o
que
denominamos
de
mercado
cambial.
¬
onde
se
tradicionais
¬
depósito
compulsório,
taxa
de
redesconto
e
operações
de
open
market..
A
taxa
de
juros
fixada
pelo
COPOM
reina
no
mundo
dos
rentistas,
pois
a
taxa
SELIC
estabelece
a
remuneração
direta
de
40
Esse
é
o
método
denominado
direto.
O
método
indireto
consiste
em
encontrar
a
parte
da
dívida
pública
com
a
qual
se
manifesta
indiretamente
no
taxa
de
câmbio
medindo
o
preço
da
moeda
nacional
em
ternos
da
moeda
estrangeira.
valor
da
remuneração
global
da
dívida,
impactando
as
despesas
do
Por
simplificação
didática
estaremos
neste
capitulo
utilizando
o
método
de
apuração
Tesouro
Nacional.
Só
para
se
ter
ideia
da
ordem
de
grandeza,
um
direta.
58
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
compra
e
vende
moedas.
Esse
mercado
existe
simplesmente
pelo
fato
Essa
premissa
é
tão
forte
que
virou
uma
máxima
do
comércio
de
os
países
imporem
um
curso
forçado
à
suas
moedas
nacionais.
internacional:
Lei
do
Preço
Único41.
Assim,
quando
alguém
compra
moeda
estrangeira
está
trocando
o
Sem
restrições
ao
comércio,
os
preços
domésticos
se
igualam
aos
poder
de
compra
de
sua
moeda
no
mercado
nacional
por
poder
de
preços
internacionais
respectivos.
Os
preços
dos
ativos
em
cada
país
compra
no
mercado
do
pais
estrangeiro,
para
comprar
um
ativo
isolado
do
comércio
internacional
não
batem
entre
si
por
várias
naquele
pais.
Quando
medimos
o
poder
de
compra
de
uma
moeda
em
razões.
A
produtividade
e
o
salário
entre
os
países
são
diferentes
relação
a
outra
chamamos
de
taxa
de
cambio
real.
O
preço
da
moeda
correspondendo
às
diferentes
especializações
do
trabalho
contidas
em
estrangeira
em
termos
da
moeda
nacional
é
denominado
de
taxa
de
cada
um
deles.
Se
elas
fossem
iguais,
bem
como
as
condições
pelas
cambio
nominal
que
é
a
mais
amplamente
noticiada
nos
jornais.
quais
se
distribuem
os
seus
ganhos
entre
trabalho
e
capital,
a
taxa
de
câmbio
seria
igual
à
unidade.
Segundo,
existem
riscos
associados
à
Por
esses
motivos
as
taxas
de
cambio
são
objetos
de
observância
por
aquisição
do
ativo
estrangeiro
em
relação
ao
ativo
nacional:
a
todos
os
governos.
As
pessoas
quando
adquirem
moeda
estrangeira
informação
tende
a
ser
imperfeita,
ou
seja,
nem
todos
têm
acesso
a
ela
para
exercerem
o
poder
de
compra
no
outro
pais,
em
vez
de
o
igualmente.
Por
fim,
uma
série
de
outros
efeitos
que
vão
desde
o
custo
exercerem
no
seu,
o
fazem
porque
o
ativo
estrangeiro
tem
preço
de
transporte
até
diferenças
entre
as
legislações
que
regem
as
menor,
qualidade
melhor
ou
simplesmente
inexiste
no
pais
de
origem
sociedades
contribui
para
que
a
formação
dos
preços
domésticos
seja
do
comprador.
diferente
entre
países
influenciando
o
preço
da
moeda
estrangeira
cotado
em
moeda
nacional.
Contudo,
não
havendo
restrição
ao
A
identidade
abaixo
representa
a
mensuração
da
taxa
de
cambio
comércio,
esses
preços
alcançados
pelas
forças
do
mercado
se
nominal.
igualam.
PIa
R$
=
e
PIbU$
A
taxa
de
cambio
real
difere
da
nominal
por
incluir
a
variação
de
preços
que
acompanha
os
produtos.
Em
outras
palavras,
a
taxa
de
P=
preço
do
produto
(i)
cotado
no
país
A
e
no
país
B,
em
suas
cambio
real
observa
os
preços
relativos
dos
bens
entre
países.
respectivas
moedas
nacionais
R$
(Brasil);
U$
(Estados
Unidos
da
Comparamos
o
valor
de
uma
cesta
de
bens
com
o
valor
de
cesta
América),
e:
semelhante
em
outro
pais.
Como
essas
cesta
são
cotadas
em
suas
respectivas
moedas
nacionais,
temos
que
harmoniza-‐las
em
uma
única
e
=
taxa
de
câmbio.
moeda
para
serem
comparáveis
e
encontramos
a
taxa
de
cambio
real
(er).
Essa
taxa
de
cambio
iguala
os
preços
entre
os
países
através
do
comércio
internacional.
Enquanto
ela
for
diferente,
ou
seja,
o
ativo
em
er
=
e
Pt*-‐
P*t-‐1/Pt
–
Pt-‐1
um
pais
for
mais
barato
que
no
outro,
ela
se
modificará
até
anular
essa
vantagem.
41
Essa
máxima
foi
criada
por
David
Ricardo
(1858)
59
Instituto de Economia da UFRJ
Edson Peterli Guimarães curso externo: Fundamentos da macroeconomia tradicional
onde
e
é
a
taxa
de
cambio
nominal
e
P
e
P*
são
índices
de
preços
das
{[HU$
(1
+
jD)]
–
[HU$.
ee
(1+jW)1/es
]}
onde
ee
e
es
indicam
as
taxa
de
cestas
de
bens
nacional
e
estrangeira
respectivamente
no
tempo
t
e
cambio
de
entrada
e
saída
respectivamente
do
capital.
t-‐1.
Podemos
usar
qualquer
índice
de
preços
como
os
observados
na
seção
2.2
anteriormente,
mas
geralmente
o
índice
escolhido
compõe
Caso
o
resultado
seja
maior
que
zero,
retornos
no
mercado
domestico
preços
por
atacado,
uma
vez
que
as
operações
de
comércio
exterior
serão
superiores
aos
retornos
que
seriam
obtidos
no
estrangeiro
e
são
feitas
no
atacado.
Como
são
índices
de
preços,
o
nível
original
da
portanto
observaremos
um
fluxo
de
transferência
de
recurso
do
resto
taxa
de
cambio
é
referenciado
no
tempo.
Assim,
a
taxa
real
de
cambio
do
mundo
(W)
para
o
mercado
do
pais
de
origem
(D).
O
inverso
ocorre
indica
se
os
preços
dos
bens
estrangeiros
estão
se
tomando
mais
ou
se
o
resultado
for
menor
que
zero
(negativo).
menos
caros
em
relação
aos
bens
domésticos.
Com
ela
observamos
a
variações
nos
preços
relativos
dos
bens
e
não
os
preços
relativo
das
moedas.
Em
termos
práticos,
os
fluxos
de
transferência
de
ativos
monetários
entre
países
atualmente
estão
centrados
nas
diferenças
existentes
entre
as
taxas
de
juros
(rendimentos
dos
títulos
financeiros)
abalizadas
pelas
condições
de
risco
cambial
e
estabilidade
econômica
dos
parceiros
internacionais.
Ate
os
anos
de
1970
as
trocas
internacionais
de
moedas
tinham
como
contrapartida
as
trocas
de
mercadorias
e
serviços
associados
aos
investimentos
diretos.
Com
o
avanço
das
tecnologias
principalmente
na
área
de
informática
e
comunicação,
os
serviços
financeiros
passaram
a
ter
uma
participação
nos
fluxos
internacionais
bem
superior
as
trocas
de
mercadorias.
Atualmente
as
trocas
internacionais
de
papeis
financeiros
são
muito
superiores
as
trocas
internacionais
de
bens
e
demais
serviços.
O
giro
diário
de
papeis
financeiros
no
mercado
internacional
chega
aproximadamente
a
30
trilhões
de
dólares
atualmente
representando
quase
o
dobro
das
trocas
de
mercadorias
e
demais
serviços
entre
os
países
no
ano.
60