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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

RAFAEL MARCIO OLIVEIRA

INFLUÊNCIA DA ADIÇÃO DE COBRE E MANGANÊS NAS PROPRIEDADES DE

FERROS FUNDIDOS NODULARES

FLORIANÓPOLIS

2005
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE MATERIAIS

RAFAEL MARCIO OLIVEIRA

INFLUÊNCIA DA ADIÇÃO DE COBRE E MANGANÊS NAS PROPRIEDADES DE

FERROS FUNDIDOS NODULARES

FLORIANÓPOLIS

2005
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE MATERIAIS

RAFAEL MARCIO OLIVEIRA

INFLUÊNCIA DA ADIÇÃO DE COBRE E MANGANÊS NAS PROPRIEDADES DE

FERROS FUNDIDOS NODULARES

Trabalho de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia de Materiais da Universidade Federal

de Santa Catarina como parte dos requisitos para

obtenção do título de Engenheiro de Materiais.

Orientador: Prof. Carlos E. Niño, Dr. Eng.

FLORIANÓPOLIS

2005
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RAFAEL MARCIO OLIVEIRA

INFLUÊNCIA DA ADIÇÃO DE COBRE E MANGANÊS NAS PROPRIEDADES DE

FERROS FUNDIDOS NODULARES

Este trabalho de Graduação foi julgado adequado para obtenção do título de

Engenheiro de Materiais e aprovado em sua forma final pelo Curso de Graduação

em Engenharia de Materiais da Universidade Federal de Santa Catarina.

_________________________________

Prof. Dylton do Vale Pereira Filho, M. Sc.

Coordenador

Banca Examinadora:

_________________________________

Carlos E. Niño, Dr. Eng.

Orientador

_________________________________

Prof. Dylton do Vale Pereira Filho, M. Sc.


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FICHA CATALOGRÁFICA

OLIVEIRA, Rafael Marcio, 1983-


Influência da Adição de Cobre e Manganês nas Propriedades dos Ferros
Fundidos Nodulares / Rafael Marcio Oliveira. – 2005
n. de f. 50p.; altura 1,9.

Orientador: Prof. Carlos E. Niño, Dr. Eng.


Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) –Universidade Federal de
Santa Catarina - Engenharia de Materiais, 2005

Fundição de ferro. 2. Diferença entre ferros fundidos e aços. 3. Ferros fundidos.


4. Diagrama Ferro Carbono. 5. Elementos de Liga. 6. Propriedades dos ferros
fundidos. I. Nino. Carlos E.. II. Universidade Federal de Santa Catarina -
Engenharia de Materiais. III. Influência da Adição de Cobre e Manganês nas
Propriedades dos Ferros Fundidos Nodulares.
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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por fazer parte de minha vida e me guiar em

todos os momentos.

A meus pais, Luiz Lori Oliveira e Josefina Marcio Oliveira, por me encorajar,

ajudar, motivar e orientar a persistir, não importando as dificuldades. Meu irmão

Juliano Marcio Oliveira, por me ajudar e, principalmente por estar ao meu lado em

todas as conquistas.

Ao professor Carlos E. Niño por sua total disponibilidade e empenho na

orientação deste trabalho.

Aos meus mestres que durante todo o curso de graduação em Engenharia de

Materiais, ajudaram a construir profissionais com excelente formação prática e

teórica.

A empresa Menegotti Indústrias Metalúrgicas Ltda., na pessoa do senhor

Jéferson, pelo apoio à realização deste trabalho, em especial as pessoas que

estiveram diretamente envolvidas, Luís, Renata, Nelson, Anderson, Geraldo, Ademir,

Jair, Nass e Rudemir, pois sem estes o trabalho não seria concretizado.

Aos verdadeiros “irmãos” que fiz durante o curso, tanto na vida acadêmica

quanto nas empresas em que estagiei durante este período. Principalmente aos

meus amigos que estiveram sempre comigo, tanto na hora de estudo, quanto na

hora da festa Miguel, Adriano, “Passarinho”, Gustavo, Pedro, “Joinvile”, “Piper” e

Eduardo.
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“Não há nada impossível, porque os sonhos de ontem são as esperanças

de hoje e podem converter-se em realidade amanhã.”

Autor desconhecido
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RESUMO

Este trabalho foi apresentado para a conclusão do curso de Engenharia de

Materiais, da Universidade Federal de Santa Catarina e consiste na demonstração

do efeito de elementos de liga, no caso cobre e manganês, nas propriedades dos

ferros fundidos nodulares.

Na revisão bibliográfica serão demonstrados alguns conceitos básicos de

fundição, entre eles ligas de ferro, diferença entre ferro e carbono, diagrama ferro

carbono, microconstituintes e elementos de liga.

A parte experimental foi realizada na empresa Menegotti Indústrias

Metalúrgicas LTDA localizada em Schroeder - SC, esta empresa produz peças de

ferro fundido e nodular de diversas classe, e este trabalho servirá de base para

obtenção destas ligas.

Foram analisadas corpos de prova produzidos com diferentes concentrações

de cobre e manganês, avaliando a influência destes elementos na estrutura e

propriedade dos materiais.


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ABSTRACT

This work consists of a demonstration of the effect of solid solution elements,

in this case, copper and manganese, in the properties of nodular cast iron.

Some basic casting concepts will be presented, like iron and its solid solutions,

difference between iron and carbon, iron carbon diagram, and its microstructures.

The experimental was carried through in the company Menegotti Indústrias

Metalúrgicas LTDA located in Schroeder - SC, which produces components in cast

iron to nodular of diverse classrooms and applications.

For this work, samples were produced with different concentrations of copper

and manganese, to evaluate the influence of these elements in the final structure and

properties of the solid solution.


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INDICE

FICHA CATALOGRÁFICA .........................................................................................5

AGRADECIMENTOS..................................................................................................6

RESUMO.....................................................................................................................8

ABSTRACT.................................................................................................................9

INDICE ......................................................................................................................10

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................12
1.1 Problema e Justificativa................................................................................................................................ 12

2 OBJETIVOS...........................................................................................................14

2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................................................... 14

2.2 Objetivos Específicos..................................................................................................................................... 14

3 FUNDAMENTOS TEÓRICOS................................................................................15
3.1 Ligas de Ferro ................................................................................................................................................ 15

3.2 Ferros Fundidos............................................................................................................................................. 15

3.2.1 FERROS FUNDIDOS NODULARES ...................................................................................................... 17

3.2.2 Efeito dos Elementos de Liga..................................................................................................................... 19

3.2.2.1 Composição Química Base...................................................................................................................... 19

3.2.2.2 Elementos de Liga.................................................................................................................................... 20

3.2.3 Microestrutura dos Ferros Fundidos........................................................................................................ 22

3.2.4 Especificações das Ligas de Ferro Fundido.............................................................................................. 24

4 MATERIAIS E MÉTODOS .....................................................................................25


4.1 Introdução...................................................................................................................................................... 25

4.2 Metodologia.................................................................................................................................................... 25

4.3 Teores dos Elementos .................................................................................................................................... 26

4.4 Retirada dos Corpos de Prova...................................................................................................................... 27

4.5 Ensaios Mecânicos ......................................................................................................................................... 28


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4.6 Ensaio de Dureza ........................................................................................................................................... 29

4.7 Ensaio Metalográfico..................................................................................................................................... 29

5 RESULTADOS EXPERIMENTAIS E ANÁLISES ..................................................30


5.1 Teores dos Elementos .................................................................................................................................... 30

5.2 Analise dos Corpos de Prova ........................................................................................................................ 33

5.2.1 Ensaio de Tração ........................................................................................................................................ 33

5.3 Caracterização dos Corpos de Prova ........................................................................................................... 42

5.3.1 Propriedades Mecânica.............................................................................................................................. 42

5.3.2 Dureza ......................................................................................................................................................... 43

5.3.3 Metalografia................................................................................................................................................ 44

5.4 Discussão dos Resultados .............................................................................................................................. 47

6 CONCLUSÔES....................................................................................49

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................50


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1 INTRODUÇÃO

1.1 PROBLEMA E JUSTIFICATIVA

Os ferros fundidos são as ligas metálicas mais amplamente utilizadas na

indústria metal/mecânica, em termos de peso de peças fundidas no mundo.

No Brasil, a produção de ferros fundidos tem aumentado de maneira

significativa, cerca de 300% nos últimos dez anos, segunda a Associação Brasileira

de Metais (dados de 2003).

Estes dados de produção mostram a importância crescente que os ferros

fundidos vêm assumindo em decorrência do próprio desenvolvimento do país, o que

justifica um conhecimento maior destas ligas, tanto no que se refere à sua tecnologia

de fabricação, quanto à suas aplicações, com o objetivo de se produzir cada vez

mais e com maior nível de qualidade.

Como referido anteriormente, o crescimento da utilização de ferro fundido no

Brasil propicia também o aumento da competitividade das empresas, levando assim

a um aumento dos níveis de produção e qualidade, afetando diretamente o custo.

Um dos problemas encontrados pela Menegotti Indústrias Metalúrgicas Ltda

para a fabricação de peças em ferro fundido é a diversidade de ligas necessárias

para atender a demanda do mercado, assim, para facilitar este processo, era

imprescindível encontrar e avaliar elementos que pudessem ser adicionados a uma

liga base com o objetivo de elevar as propriedades desta liga.

A escolha destes elementos será feita tomando com base a literatura

especializada existente e o conhecimento prático adquirido, sem esquecer dos

custos de produção, escolhendo assim elementos com boa solubilidade nos ferros
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fundidos, que proporcionem um aumento nas propriedades, e tenham,

relativamente, um baixo custo.


14

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar a influência dos elementos cobre e manganês nas propriedades

mecânicas e na microestrutura dos ferros fundidos nodulares.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Determinar faixas de concentração dos elementos.

• Elaborar um procedimento para avaliar a influencia de tais elementos.

• Correlacionar às propriedades encontradas nestas ligas com as

propriedades encontradas em normas já conhecidas.


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3 FUNDAMENTOS TEÓRICOS

3.1 LIGAS DE FERRO

O ferro é o metal mais utilizado pelo homem. A sua abundância nos minerais,

o seu custo relativamente baixo de produção e as múltiplas propriedades físico-

químicas que podem ser obtidas com adição de elementos de liga são fatores que

dão a este metal uma extensa variedade de aplicações.

Alguns metais, como o cobre, por exemplo, são às vezes usados no estado

quase puro. Entretanto, isso não ocorre com o ferro. No uso prático, está sempre

ligado ao carbono e a outros elementos e, assim, no âmbito da ciência dos materiais

e também na linguagem do dia-a-dia, a palavra "ferro" deve ser entendida como uma

combinação dos elementos químicos ferro, carbono e outros.

Aço é a denominação genérica para ligas de ferro-carbono com teores de

carbono de 0,008 a 2,11%, contendo outros elementos residuais do processo de

produção e podendo conter outros elementos de liga propositalmente adicionados.

Se o aço não contém estes últimos, é chamado especificamente de aço-carbono. Do

contrário, é chamado de aço-liga. Ferro fundido é a designação genérica para ligas

de ferro-carbono com teores de carbono acima de 2,11%. Estas ligas têm várias

aplicações em engenharia.

3.2 FERROS FUNDIDOS

Segundo CHIAVERINI (1984, p.425), “dentre as ligas ferro carbono, os ferros

fundidos constituem um grupo de ligas de importância fundamental para a indústria,

não só devido a características inerentes ao próprio material, como também pelo


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fato de mediante a adição de elementos de liga, aplicação de tratamentos térmicos

adequados e pelo desenvolvimento do ferro fundido nodular, ter sido viável seu

emprego em aplicações que, antes, eram exclusivas dos aços”.

Assim sendo, seu estudo é fundamental para o engenheiro de materiais, ao

qual oferece mais uma opção no sentido da seleção de materiais metálicos para as

diversas aplicações industriais.

Figura 1 – Diagrama de equilíbrio Fe-C, demonstrando as transformações de fase e a solubilidade

dos elementos em função da temperatura.

Pelo conhecimento do diagrama de fases Fe-C, costuma-se definir ferro

fundido como o conjunto de ligas Fe-C cujo teor de carbono se situa geralmente
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entre 2,02% e 6,7%, sendo utilizado mais corriqueiramente na indústria com teores

de 2,5 a 4,5% aproximadamente.

Nos aspectos de elementos de liga e tratamentos térmicos, os ferros fundidos

podem ser classificados em:

Cinzento: a superfície recém cortada tem aspecto escuro. O silício está presente em

proporção considerável e a estrutura contém carbono livre (grafita) em forma de

veios ou lamelas.

Branco: a superfície recém cortada tem aspecto claro. Devido ao menor teor de

silício, a proporção de carbono livre é bastante pequena.

Misto: uma mistura, em proporção que depende da aplicação desejada, do ferro

fundido cinzento e do branco.

Maleável: é o ferro fundido branco que sofre um tratamento térmico específico,

formando grafita na forma de nódulos.

Nodular: No estado líquido, passa por um tratamento especial para produzir grafita

em forma esférica, o que confere uma boa ductilidade.

3.2.1 FERROS FUNDIDOS NODULARES

Os ferros fundidos nodulares são utilizados em muitas aplicações diferentes,

em quase todos os segmentos, destacando-se as indústrias automobilística,

mecânica, naval, química, petroquímica, têxtil, e ainda em construção civil e

transmissão e distribuição de energia elétrica.

As especificações dos ferros fundidos nodulares são estabelecidas com base

em suas propriedades mecânicas, principalmente nas que são determinadas em

ensaio de tração. Essas propriedades dependem essencialmente da microestrutura


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obtida, isto é das características da grafita (morfologia, tamanho, distribuição e

quantidade) e da matriz metálica.

O que caracteriza e proporciona melhores propriedades mecânicas ao ferro

fundido nodular é justamente a forma da grafita, razão pela qual ela é de

fundamental importância para esta classe.

SANTOS & BRANCO (1989, p.71) mencionaram que a reação de

nodularização, quando feita de forma incompleta, pode ocasionar a formação de

ferro fundido vermicular, o qual possui propriedades intermediárias entre o ferro

fundido nodular e o cinzento.

Apesar de apresentarem em geral propriedades mecânicas inferiores às dos

aços, elas podem ser consideravelmente modificadas pela adição de elementos de

liga e tratamentos térmicos adequados. E os ferros fundidos podem substituir os

aços em muitas aplicações. Em algumas delas, ferros fundidos são mais adequados

que aços. Por exemplo, estruturas e elementos deslizantes de máquinas são

construídos quase sempre em ferro fundido, devido à maior capacidade de

amortecer vibrações, melhor estabilidade dimensional e menor resistência ao

deslizamento, em razão do poder lubrificante da grafita. A produção do ferro fundido

nodular é dependente da adição de elementos nodulizantes, tais como o magnésio e

o cério, que reduzem a concentração de enxofre e aumentam a tensão superficial da

grafita, originando a grafita nodular. Para isso, adiciona-se o nodulizante ao metal

fundido, ocasionando uma reação luminosa, devido à evaporação do magnésio.

Essa saída do magnésio reduz a concentração de enxofre (formação de MgS) e,

como dito, forma a grafita esferoidal, além do enxofre (S), o Magnésio (Mg) também

reage com o oxigênio (O), formando MgO.


19

3.2.2 EFEITO DOS ELEMENTOS DE LIGA

Elementos de liga são os elementos que estão presentes na composição

química da liga metálica. Estes elementos podem ser obrigatórios na liga, fazendo

parte da composição química base, ou podem ser adicionados para alcançar alguma

propriedade específica.

3.2.2.1 COMPOSIÇÃO QUÍMICA BASE

A composição química base é composta de elementos que estão presentes,

em maior ou menor quantidade, em todas as ligas de ferro, tais como o ferro,

carbono e o silício.

Conforme SANTOS & BRANCO (1989, p.119), “a composição química base,

isto é, os teores de elementos que sempre estão presentes nos ferros fundidos

comerciais, também afetam a microestrutura destas ligas e, conseqüentemente,

suas propriedades. Os elementos normalmente presentes nos ferros fundidos

cinzentos são: carbono, silício, enxofre, fósforo e manganês. No caso dos ferros

fundidos com grafita esferoidal tem-se, além dos elementos já citados, o nodulizante,

que geralmente é o magnésio”.

O carbono e o silício influem na resistência mecânica, basicamente por seus

efeitos nas quantidades de grafita presente na microestrutura e de austenita pró-

eutética eventualmente formada, que alteram a matriz metálica obtida. A tendência à


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formação de carbonetos eutéticos diminui com o aumento dos teores destes

elementos.

“Quando o carbono equivalente sofre acréscimo, o limite de resistência à

tração diminui o mesmo acontecendo com a dureza, tanto em ferros fundidos

cinzentos quanto nos nodulares” (SANTOS & BRANCO, 1989, p.120).

No caso dos ferros fundidos tomados como ligas ternárias, utiliza-se um

conceito ou fórmula que possibilita levar em consideração o efeito do silício nas

transformações estruturais e, portanto, nas propriedades dos ferros fundidos, em

que o silício está presente em teores relativamente elevados.

Esse conceito é o de “carbono equivalente (C.E.)” e é representado pela

fórmula:

1
C.E. = %C + (% Si + % P )
3 (Eq. 1 – Cálculo do Carbono Equivalente)

O enxofre, nos ferros fundidos cinzentos, quando em baixos teores, 0,04 a

0,12%, favorece a obtenção da grafita do tipo A, podendo promover a formação de

matriz perlítica. No entanto, em altos teores, acima de 0,2%, aumenta a tendência à

formação de ferro fundido branco. Desta forma, o acréscimo da porcentagem de

enxofre, nos ferros fundidos cinzentos, normalmente causa diminuição do limite de

resistência à tração, que é ainda mais pronunciada quando ocorre formação de

sulfeto de ferro. Evidentemente, quando se tem presença de carbonetos eutéticos,

em virtude de elevados teores de enxofre, a dureza aumenta.

3.2.2.2 ELEMENTOS DE LIGA

Os elementos de liga são elementos que estão presentes nos ferros fundidos

em teores suficientes para causar alguma mudança nas propriedades. Esta


21

alteração das propriedades pode ser benéfica ou não, por isso a presença destes

elementos deve ser muito bem controlada.

Segundo SANTOS & BRANCO (1989, p.124), “a adição de elementos de liga

a ferros fundidos, via de regra, possibilita a obtenção de propriedades mecânicas

mais elevadas, tanto no estado bruto de fusão como após tratamento térmico”.

Os elementos de liga, usualmente utilizados em ferros fundidos, podem atuar

como grafitizantes, como é o caso do silício, do alumínio, do níquel e do cobre, ou

podem promover a formação de carbonetos eutéticos, como o tungstênio, o

molibdênio, o vanádio e o cromo.

A ação da maioria desses elementos baseia-se no aumento da quantidade de

perlita na estrutura e diminuição do espaçamento interlamelar deste

microconstituinte (obtenção de perlita mais fina), podendo ainda proporcionar um

endurecimento da ferrita por solução sólida.

PINTO SOARES (1980, p.25) relata em seus estudos que, “convém notar que

os elementos de liga quando usados em conjunto com outros podem originar

propriedades ligeiramente diferentes das que lhe dariam se usados isoladamente.

Além disso, parece que os elementos de liga se tornam mais eficazes quando

utilizados juntamente com outros, embora também surjam combinações em que os

elementos atuam em sentidos opostos”.

Influência do cobre no ferro fundido nodular – o cobre tem uma ação

grafitizante, da ordem de 28% comparado com o silício, aumentando a quantidade

de perlita na estrutura e diminuição do espaçamento interlamelar deste

microconstituinte, podendo ainda proporcionar um endurecimento da ferrita por

solução sólida, além de diminuir a tendência à formação de regiões coquilhadas. É

quase sempre adicionado sob a forma de cobre puro, já que o emprego de sucata
22

de cobre pode levar á introdução de outros elementos que podem prejudicar as

propriedades mecânicas.

Influência do manganês no ferro fundido nodular – o manganês também

possui uma ação perlitizante, aumentando as propriedades de resistência. O

manganês neutraliza o enxofre, ocorrendo à formação de sulfeto de manganês ao

invés de sulfeto de ferro.

3.2.3 MICROESTRUTURA DOS FERROS FUNDIDOS

Os ferros fundidos conforme a sua composição podem apresentar diferentes

morfologias, ou seja, conforme a quantidade de cada elemento na liga a

microestrutura tem uma característica modificando as propriedades do material final.

“O componente estrutural mais importante nos ferros fundidos é a grafita, por

ser o elemento que determina fundamentalmente as características mecânicas dos

ferros fundidos, os outros constituintes importantes dos ferros fundidos são a

cementita, a ferrita e a perlita”, como descrito por CHIAVERINI (1984, p.32).

Para SANTOS & BRANCO (1989, p.115), “as propriedades mecânicas dos

ferros fundidos estão condicionadas à estrutura final obtida, isto é, dependem da

matriz metálica, da morfologia e quantidade de grafita e ainda do tamanho e

distribuição das células eutéticas”.

Grafita: Ocupa um volume de 10 – 17%, dependendo da composição química

e da velocidade de resfriamento. A grafita em um ferro fundido pode variar não só

em quantidade, mas também em morfologia (forma, tamanho e disposição).


23

Figura 2 – Forma e disposição da grafita.

Cementita Livre (não na forma de perlita): é o carboneto de ferro Fe3C, pode

ocorrer durante a solidificação, devido a altas velocidades de resfriamento, ou por

presença de elementos estabilizadores de carbonetos. É muito dura e quebradiça.

Ferrita: (do latim “ferrum”) é ferro no estado alotrópico alfa, contendo em

solução traços de carbono; apresenta também uma estrutura de grãos poligonais

irregulares; possui baixa dureza e baixa resistência à tração, mas excelente

resistência ao choque e elevado alongamento.

Perlita: (nome devido à “nuance” de cores de madrepérola que esse

constituinte freqüentemente apresenta ao microscópio) é a mistura mecânica de

88,5%¨de ferrita e 11,5% de cementita, na forma de lâminas finas dispostas

alternadamente. As propriedades mecânicas da perlita são, portanto, intermediárias

entre as da ferrita e da cementita, dependendo, entretanto, do tamanho das

partículas de cementita.
24

As matrizes perlíticas proporcionam maior resistência mecânica que as

ferríticas, observando-se, no entanto, menor ductilidade. Podem-se obter matrizes

ferrítico-perlíticas para as quais têm valores intermediários.

A obtenção dessas matrizes durante a reação eutetóide é função da

velocidade de esfriamento da peça, da quantidade e distribuição da grafita e da

composição química do material.

3.2.4 ESPECIFICAÇÕES DAS LIGAS DE FERRO FUNDIDO

Os ferros fundidos normalmente são especificados pelas suas propriedades

mecânicas à tração, medidas em corpos de prova padronizados.

Segundo SANTOS & BRANCO (1989, p.172), Tanto para ferros fundidos

cinzentos quanto para os nodulares, as especificações são indicadas levando em

conta os valores mínimos, sendo dados valores mínimos do limite de resistência

para os cinzentos, e valores mínimos dos limites de resistência e escoamento e do

alongamento para os ferros fundidos nodulares.

O trabalho experimental foi realizado na empresa Menegotti Indústrias

Metalúrgicas Ltda e constitui na obtenção de ligas de ferro fundido nodular, em

peças utilizadas principalmente em componentes estruturais, na linha automotiva e

maquinários agrícolas.
25

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 INTRODUÇÃO

Foram escolhidas sete tipos de composição química: uma composição base,

com cobre e manganês como elementos residuais e as demais com diversos teores

desses dois elementos de liga.

Foram utilizados os elementos cobre e manganês em conjunto por ser mais

eficaz que utilizá-los separadamente, pois um potencializa os efeitos proporcionados

pelo outro.

Com base nos resultados deste experimento, as ligas serão utilizadas pela

Menegotti Indústrias Metalúrgicas para a produção de peças das mais diversas

aplicações.

4.2 METODOLOGIA

A seguir são descritas todas as etapas realizadas neste trabalho, deste o

começo da elaboração das faixas de composição até os últimos ensaios realizados:

• Elaboração, com base na teoria e conhecimento prático, de uma tabela de

composição química, na qual foram descritos os teores dos elementos

químicos.

• Assim que feita à tabela de composição química, foram vazados cinco corpos

de prova com cada composição.

• Analise dos corpos de prova, para verificar as propriedades, mecânicas e

metalográficas dos mesmos.


26

• Caracterização dos corpos de prova, indicando faixas aceitáveis de

propriedades, bem como estabelecendo padrões para ensaio metalográfico.

• Discussão dos resultados e correlação dos valores encontrados com normas

nacionais e internacionais como modo de comparação.

A próxima etapa consiste em desdobrar os passos mencionados acima e

apresentar os resultados e análises, onde constarão todos os dados e detalhes da

parte experimental do trabalho.

4.3 TEORES DOS ELEMENTOS

Os elementos escolhidos para realização dos testes foram o Cobre (Cu) e o

Manganês (Mn) por apresentarem uma excelente solubilidade pelos ferros fundidos,

baixo custo em relação aos demais elementos, como estanho, níquel e cromo, e por

propiciarem aos ferros fundidos uma melhora nas propriedades mecânicas.

Foram escolhidas seis composições diferentes para realização dos ensaios, além

destas a composição básica, sem a adição de elementos de liga.

Estas composições foram escolhidas tomando por base a literatura existente,

e, além disso, o conhecimento prático de outras empresas do ramo.

Os teores escolhidos foram aqueles mostrados na tabela 1.

Tabela 1 – Faixas de composição de cobre e manganês selecionada.

Teor do Elemento (%)


LIGA
Cobre (Cu) Manganês (Mn)

1 Máximo 0,20 Máximo 0,20

2 0,20 – 0,25 0,20 – 0,30

3 0,30 – 0,40 0,20 – 0,30


27

4 0,35 – 0,45 0,25 – 0,35

5 0,45 – 0,55 0,35 – 0,45

6 0,70 – 0,80 0,35 – 0,45

7 0,90 – 1,00 0,45 – 0,50

Os demais elementos como carbono, silício e enxofre, tem a mesma faixa

para todas as ligas.

Tabela 2 – Especificação da composição dos demais elementos.

Elemento Faixa (%)

Carbono (C) 3,50 – 3,70

Silício (Si) 2,40 – 2,70

Enxofre (S) Máx. 0,03

Fósforo (P) Máx. 0,08

Cromo (Cr) Máx. 0,10

Níquel (Ni) Máx. 0,10

Estanho (Sn) Máx. 0,02

Magnésio (Mg) 0,25 – 0,55

Alumínio Máx. 0,02

4.4 RETIRADA DOS CORPOS DE PROVA

Para a retirada dos corpos de prova foi realizada a adição dos elementos de

liga na panela de vazamento, chamado de metalurgia de panela. Este processo foi

repetido para todas as ligas que havia necessidade da adição de elementos de liga,

no caso da liga base não havia a necessidade da adição de elementos de liga.


28

Para cada composição foram vazados cinco corpos de prova com as

dimensões abaixo, cada corpo de prova foi analisado conforme descrito abaixo.

Figura 3 – Esquema do Corpo de Prova Bloco Y, locais dos ensaios.

O corpo de prova para realização de ensaios mecânicos e análise

metalográficas, nos ferros fundidos nodulares é produzido de acordo com a norma

ABNT NBR 6916 (veja figura 3).

4.5 - ENSAIOS MECÂNICOS

Os ensaios mecânicos, tração alongamento e escoamento foram realizados

conforme norma ABNT NBR 6152.


29

4.6 ENSAIO DE DUREZA

A região a ser analisada nos corpos de prova está indicada na figura 3.

Antes de ser submetida ao ensaio, a região onde será feita a medição deve

ser lixada e estar livre de oxidação, materiais estranhos e lubrificantes.

A dureza Brinell foi medida utilizando esfera de 10mm, aplicando uma carga

de 3000Kg, durante um tempo de 15 ±5s.

4.7 ENSAIO METALOGRÁFICO

A região analisada está indicada na figura 3.

O local de análise deve estar polido e livre de oxidação.

Para caracterizar as amostras foram analisadas as seguintes características:

Grau de nodularização: se dá pela fração do número de nódulos perfeitos

pelo total de nódulos encontrados em uma região qualquer da amostra.

Nº de nódulos/mm²: Nadas mais é que a contagem dos nódulos presentes em

uma região qualquer da amostra dentro de uma área conhecida.

Matriz: Determinação do percentual de ferrita e perita contido na amostra.


30

5 RESULTADOS EXPERIMENTAIS E ANÁLISES

5.1 TEORES DOS ELEMENTOS

Liga 1:

Tabela 3 – Composição química encontrada nos corpos de prova da liga 1.

Elemento CP1 (%) CP2 (%) CP3 (%) CP4 (%) CP5 (%)

C 3,53 3,55 3,60 3,62 3,63

Si 2,50 2,52 2,55 2,66 2,60

S 0,015 0,012 0,013 0,013 0,016

P 0,05 0,06 0,05 0,04 0,04

Cu 0,09 0,12 0,09 0,09 0,07

Mn 0,15 0,17 0,13 0,15 0,16

Liga 2:

Tabela 4 – Composição química encontrada nos corpos de prova da liga 2.

Elemento CP1 (%) CP2 (%) CP3 (%) CP4 (%) CP5 (%)

C 3,55 3,61 3,62 3,62 3,52

Si 2,64 2,59 2,65 2,66 2,62

S 0,013 0,012 0,016 0,013 0,022

P 0,05 0,04 0,03 0,04 0,05

Cu 0,22 0,20 0,23 0,25 0,24

Mn 0,23 0,28 0,25 0,22 0,21


31

Liga 3:

Tabela 5 – Composição química encontrada nos corpos de prova da liga 3.

Elemento CP1 (%) CP2 (%) CP3 (%) CP4 (%) CP5 (%)

C 3,50 3,62 3,55 3,68 3,60

Si 2,55 2,60 2,62 2,63 2,66

S 0,020 0,016 0,018 0,013 0,019

P 0,04 0,04 0,04 0,03 0,06

Cu 0,38 0,33 0,37 0,35 0,34

Mn 0,24 0,23 0,27 0,22 0,26

Liga 4:

Tabela 6 – Composição química encontrada nos corpos de prova da liga 4.

Elemento CP1 (%) CP2 (%) CP3 (%) CP4 (%) CP5 (%)

C 3,55 3,70 3,65 3,58 3,66

Si 2,59 2,62 2,54 2,55 2,56

S 0,012 0,013 0,014 0,013 0,011

P 0,03 0,04 0,04 0,05 0,05

Cu 0,42 0,45 0,38 0,39 0,41

Mn 0,34 0,28 0,33 0,32 0,26

Liga 5:

Tabela 7 – Composição química encontrada nos corpos de prova da liga 5.

Elemento CP1 (%) CP2 (%) CP3 (%) CP4 (%) CP5 (%)
32

C 3,62 3,66 3,55 3,68 3,70

Si 2,59 2,66 2,59 2,55 2,68

S 0,013 0,013 0,014 0,012 0,013

P 0,04 0,05 0,04 0,06 0,04

Cu 0,48 0,49 0,52 0,50 0,53

Mn 0,42 0,39 0,41 0,37 0,42

Liga 6:

Tabela 8 – Composição química encontrada nos corpos de prova da liga 6.

Elemento CP1 (%) CP2 (%) CP3 (%) CP4 (%) CP5 (%)

C 3,61 3,59 3,65 3,56 3,66

Si 2,55 2,55 2,63 2,52 2,64

S 0,014 0,014 0,014 0,012 0,015

P 0,03 0,04 0,04 0,05 0,04

Cu 0,78 0,72 0,75 0,73 0,73

Mn 0,41 0,36 0,40 0,43 0,41

Liga 6:

Tabela 8 – Composição química encontrada nos corpos de prova da liga 6.

Elemento CP1 (%) CP2 (%) CP3 (%) CP4 (%) CP5 (%)

C 3,58 3,62 3,68 3,62 3,55

Si 2,45 2,57 2,53 2,63 2,66


33

S 0,022 0,019 0,012 0,011 0,016

P 0,06 0,05 0,05 0,03 0,06

Cu 0,96 0,92 0,98 0,93 0,97

Mn 0,47 0,45 0,48 0,49 0,45

5.2 ANALISE DOS CORPOS DE PROVA

5.2.1 ENSAIO DE TRAÇÃO

Liga 1

Tabela 9 – Resultados dos ensaios mecânicos da liga 1.

Corpo de Prova Tração (MPa) Escoamento (MPa) Alongamento (%)

CP1 506 332 15

CP2 482 336 18

CP3 467 340 17

CP4 529 363 14

CP5 524 302 14

Média 501,6 334,6 15,6

Desvio Padrão 21,80 17,82 1,48


34

Liga 2

Tabela 10 – Resultados dos ensaios mecânicos da liga 2.

Corpo de Prova Tração (MPa) Escoamento (MPa) Alongamento (%)

CP1 546 361 15

CP2 535 353 16

CP3 518 367 16

CP4 560 368 12

CP5 571 351 15

Média 546 360 14,8

Desvio Padrão 16,96 6,37 1,64

Liga 3

Tabela 11 – Resultados dos ensaios mecânicos da liga 3.

Corpo de Prova Tração (MPa) Escoamento (MPa) Alongamento (%)

CP1 585 414 13

CP2 540 370 12

CP3 571 383 11

CP4 547 404 16

CP5 567 404 12

Média 562 395 12,8

Desvio Padrão 14,96 14,67 1,57


35

Liga 4

Tabela 12 – Resultados dos ensaios mecânicos da liga 4.

Corpo de Prova Tração (MPa) Escoamento (MPa) Alongamento (%)

CP1 686 476 5

CP2 620 425 9

CP3 666 470 9

CP4 702 535 5

CP5 685 497 5

Média 671,8 480,6 6,6

Desvio Padrão 25,83 32,79 1,78

Liga 5

Tabela 13 – Resultados dos ensaios mecânicos da liga 5.

Corpo de Prova Tração (MPa) Escoamento (MPa) Alongamento (%)

CP1 689 539 5

CP2 701 592 6

CP3 662 447 8

CP4 717 485 6

CP5 700 556 4

Média 693,8 523,8 5,8

Desvio Padrão 16,64 47,12 1,21


36

Liga 6

Tabela 14 – Resultados dos ensaios mecânicos da liga 6.

Corpo de Prova Tração (MPa) Escoamento (MPa) Alongamento (%)

CP1 732 506 7

CP2 758 485 3

CP3 755 589 3

CP4 728 557 3

CP5 715 526 4

Média 737,6 532,6 4

Desvio Padrão 15,01 532,6 1,41

Liga 7

Tabela 15 – Resultados dos ensaios mecânicos da liga 7.

Corpo de Prova Tração (MPa) Escoamento (MPa) Alongamento (%)

CP1 756 515 3

CP2 722 485 4

CP3 728 557 3

CP4 757 663 4

CP5 748 557 4

Média 742,2 555,4 3,6

Desvio Padrão 13,24 55,03 0,44


37

O gráfico abaixo demonstra a influência da composição química nas

propriedades dos ferros fundidos nodulares.

800
700
Propiedade Mecânica

600
500
400
300
200
100
0
1 2 3 4 5 6 7
Liga
Tração(MPa) Escoamento (MPa) Alongamento (%)

Gráfico 1 – Influencia da composição química nas propriedades do ferro fundido.

5.2.2 ENSAIO DE DUREZA

Tabela 16 – Resultados da dureza dos corpos de prova.

Dureza (HB)
Liga
CP1 CP2 CP3 CP4 CP5 Média Desv. Pad.

1 179 170 174 187 163 174,6 8,11

2 183 179 179 183 192 183,2 4,74

3 187 183 202 207 187 193,2 9,47

4 223 207 207 229 229 219 10,03

5 229 248 241 229 255 240,4 10,30

6 248 269 255 262 248 256,4 8,16

7 269 262 262 269 262 264,8 3,42


38

O gráfico abaixo demonstra a influência da composição química na dureza

dos ferros fundidos nodulares.

300

270
Dureza (HB)

240

210

180

150
1 2 3 4 5 6 7
Liga

Gráfico 2 – Influencia da composição química nas dureza.

5.2.3 ENSAIO METALOGRÁFICO

Liga 1

Tabela 17 – Resultados do ensaio metalográfico da liga 1.

Corpo de Prova Matriz Nodularização (%) Nº de Nódulos (/mm²)

CP1 Ferrítico/Perlítico 95 120

CP2 Ferrítico/Perlítico 95 100

CP3 Ferrítico/Perlítico 95 100

CP4 Ferrítico/Perlítico 90 120

CP5 Ferrítico/Perlítico 95 100

Média Ferrítico/Perlítico 94 108


39

Liga 2

Tabela 18 – Resultados do ensaio metalográfico da liga 2.

Corpo de Prova Matriz Nodularização (%) Nº de Nódulos (/mm²)

CP1 Ferrítico/Perlítico 95 100

CP2 Ferrítico/Perlítico 90 100

CP3 Ferrítico/Perlítico 95 100

CP4 Ferrítico/Perlítico 95 100

CP5 Ferrítico/Perlítico 95 100

Média Ferrítico/Perlítico 94 100

Liga 3

Tabela 19 – Resultados do ensaio metalográfico da liga 3.

Corpo de Prova Matriz Nodularização (%) Nº de Nódulos (/mm²)

CP1 Ferrítico/Perlítico 95 100

CP2 Ferrítico/Perlítico 95 100

CP3 Ferrítico/Perlítico 95 100

CP4 Ferrítico/Perlítico 90 100

CP5 Ferrítico/Perlítico 95 100

Média Ferrítico/Perlítico 94 100


40

Liga 4

Tabela 20 – Resultados do ensaio metalográfico da liga 4.

Corpo de Prova Matriz Nodularização (%) Nº de Nódulos (/mm²)

CP1 Perlítico/Ferrítico 90 150

CP2 Perlítico/Ferrítico 95 100

CP3 Perlítico/Ferrítico 95 100

CP4 Perlítico/Ferrítico 90 120

CP5 Perlítico/Ferrítico 95 100

Média Perlítico/Ferrítico 93 114

Liga 5

Tabela 21 – Resultados do ensaio metalográfico da liga 5.

Corpo de Prova Matriz Nodularização (%) Nº de Nódulos (/mm²)

CP1 Perlítico/Ferrítico 95 130

CP2 Perlítico/Ferrítico 95 120

CP3 Perlítico/Ferrítico 95 100

CP4 Perlítico/Ferrítico 95 120

CP5 Perlítico/Ferrítico 95 100

Média Perlítico/Ferrítico 95 114


41

Liga 6

Tabela 22 – Resultados do ensaio metalográfico da liga 6.

Corpo de Prova Matriz Nodularização (%) Nº de Nódulos (/mm²)

CP1 Perlítico 95 100

CP2 Perlítico 95 100

CP3 Perlítico 95 100

CP4 Perlítico 95 100

CP5 Perlítico 95 100

Média Perlítico 95 100

Liga 7

Tabela 23 – Resultados do ensaio metalográfico da liga 7.

Corpo de Prova Matriz Nodularização (%) Nº de Nódulos (/mm²)

CP1 Perlítico 95 100

CP2 Perlítico 95 130

CP3 Perlítico 90 100

CP4 Perlítico 95 120

CP5 Perlítico 95 100

Média Perlítico 94 110

Como demonstrado acima, quanto maior os teores de cobre e manganês

mais perlítica será a matriz metalográfica, o grau de nodularização, o número e o

tamanho dos nódulos não tem uma correlação direta com estes elementos.
42

5.3 CARACTERIZAÇÃO DOS CORPOS DE PROVA

Para a caracterização serão considerados os valores acima descritos e

normas já existentes.

As normas utilizadas como base são ABNT/NBR 6916, SAE J434, ASTM A-

536, DIN 1693 e DIN EM 1563.

Foi criado um critério de aceitação para utilização das ligas pela Menegotti

Indústrias Metalúrgicas Ltda., este critério foi estipulado com base nas demais

normas existentes e nos valores encontrados nos ensaios.

5.3.1 PROPRIEDADES MECÂNICA

Tabela 24 – Média dos resultados das propriedades mecânicas dos corpo de prova.

Liga Tração (MPa) Escoamento (MPa) Alongamento (%)

1 501,6 334,6 15,6

2 546 360 14,8

3 562 395 12,8

4 671,8 480,6 6,6

5 693 523,8 5,8

6 737,6 532,6 4

7 742,2 555,4 3,6

Com base nestes resultados, a tabela abaixo demonstra as referências

adotadas como critério de aprovação para as ligas.


43

Tabela 25 – Referência para aprovação das ligas.

Liga Tração (MPa) Escoamento (MPa) Alongamento (%)

1 Min. 420 Min. 280 Min. 12

2 Min. 500 Min. 300 Min. 10

3 Min. 500 Min. 350 Min. 7

4 Min. 600 Min. 380 Min. 5

5 Min. 600 Min. 400 Min. 4

6 Min. 700 Min. 420 Min. 3

7 Min. 700 Min. 450 Min. 3

5.3.2 DUREZA

Tabela 26 – Média dos resultados das durezas dos corpos de prova.

Liga Média dos Resultados (HB)

1 174,6

2 183,2

3 193,2

4 219

5 240,4

6 256,4

7 264,8
44

Com base nos resultados acima descritos utilizaremos as seguintes faixas

como critério de aceitação:

Tabela 27 – Referência para aprovação das ligas.

Liga Faixa de Aceitação (HB)

1 150 - 200

2 160 - 230

3 170 - 240

4 180 - 260

5 200 - 270

6 220 - 280

7 230 - 300

5.3.3 METALOGRAFIA

Tabela 28 – Média dos resultados das metalográficas dos corpo de prova.

Liga Matriz Nodularização (%) Nº de Nódulos (/mm²)

1 Ferrítico/Perlítico 94 108

2 Ferrítico/Perlítico 94 100

3 Ferrítico/Perlítico 94 100

4 Perlítico/Ferrítico 93 114

5 Perlítico/Ferrítico 95 114

6 Perlítico 95 100

7 Perlítico 94 110
45

5.3.3.1 Micrografias

Tabela 29 – Tabela demonstrando as microestruturas encontrada em cada uma das

ligas. Fotos com aumento de 100 vezes, ataque com Nital 4% (96% álcool etílico,

4% ácido nítrico).

Liga Micrografia

Matriz Ferrítico perlítica, grafita

esferoidal, 100 nódulos/mm², 95%

nodularização, sem presença de

carbonetos tamanho dos nódulos 5 e 6.

Matriz Ferrítico/perlítica, grafita

esferoidal, 110 nódulos/mm², 95%

nodularização, sem presença de

carbonetos tamanho dos nódulos 5 e 6.

Matriz ferrítica/perlítica, grafita

esferoidal, 120 nódulos/mm², 95%

nodularização, sem presença de

carbonetos tamanho dos nódulos 5 e 6.


46

Matriz perlítica/ferrítica, grafita

esferoidal, 100 nódulos/mm², 95%

nodularização, sem presença de

carbonetos tamanho dos nódulos 5 e 6.

Matriz perlítica/ferrítica, grafita

esferoidal, 100 nódulos/mm², 95%

nodularização, sem presença de

carbonetos tamanho dos nódulos 5 e 6.

Matriz perlítica, grafita esferoidal, 100

nódulos/mm², 95% nodularização, sem

presença de carbonetos tamanho dos

nódulos 5 e 6.

Matriz perlítica, grafita esferoidal, 100

nódulos/mm², 95% nodularização, sem

presença de carbonetos tamanho dos

nódulos 5 e 6.

Com base nestes resultados e na literatura existente concluímos que o critério

de aceitação para determinar se matalograficamente à liga está aceita ou não está

descrito na tabela abaixo.


47

Tabela 30 – Referência para Aprovação das Ligas.

Liga Matriz Nodularização (%) Nº de Nódulos (/mm²)

1 Ferrítico/Perlítico Min. 85 Min. 100

2 Ferrítico/Perlítico Min. 85 Min. 100

3 Ferrítico/Perlítico Min. 85 Min. 100

4 Perlítico/Ferrítico Min. 85 Min. 100

5 Perlítico/Ferrítico Min. 85 Min. 100

6 Perlítico Min. 85 Min. 100

7 Perlítico Min. 85 Min. 100

5.4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Como visto nos resultados práticos através das tabelas e gráficos a adição de

cobre e manganês proporcionam um aumento das propriedades mecânicas dos

ferros fundidos, bem como um acréscimo na dureza devido à modificação de sua

microestrutura. Como dito na revisão teórica, ambos os elementos, cobre e

manganês são perlitizantes, e isso pode ser comprovado nas micrografias

mostradas. Aumentando-se o teor dos elementos, maior foi a concentração de

perlita e menor a de ferrita. Como dito, não existe uma correlação direta entre estes

elementos e as demais características metalográficas.

Abaixo está demonstrado um quadro esquemático, correlacionando as

propriedades das ligas estudadas com as normas existentes.


48

Liga 1 2 3 4 5 6 7
Tração (MPa) 420 500 500 600 600 700 700
Escoamento (MPa) 280 300 350 380 400 420 450
Alongamento (%) 12 10 7 5 4 3 3
Dureza 150-200 180-230 180-230 180-260 200-270 220-280 230-300

DIN EM 1563
Norma 400-15 500-7 600-3 700-2
Tração (MPa) 400 500 600 700
Escoamento (MPa) 250 320 370 420
Alongamento (%) 15 7 3 2
Dureza 135-180 170-230 190-270 225-305

DIN EM 1693
Norma GGG-40 GGG-50 GGG-60 GGG-70
Tração (MPa) 400 500 600 700
Escoamento (MPa) 250 320 380 440
Alongamento (%) 15 7 3 2
Dureza - - - -

ASTM A-536
Norma 65-45-12 70-50-05 80-60-03 100-70-03
Tração (MPa) 448 485 555 689
Escoamento (MPa) 310 345 415 483
Alongamento (%) 12 5 3 3
Dureza - - - -

SAE J 434
Norma D-4512 D-5506 - D-7003
Tração (MPa) 448 552 - 689
Escoamento (MPa) 310 379 - 483
Alongamento (%) 12 6 - 3
Dureza 150-217 187-255 - 241-302

ABNT NBR 6916


Norma FE42012 FE50007 FE60003 FE70002
Tração (MPa) 420 500 600 700
Escoamento (MPa) 280 350 400 450
Alongamento (%) 12 7 3 2
Dureza 150-200 170-240 210-280 230-300
Quadro 1 – Esquema correlacionando as propriedades das ligas criadas com as
demais normas existentes.
49

6 CONCLUSÕES

Este trabalho comprovou que a adição em conjunto dos elementos cobre e

manganês é viável e demonstrou que realmente ambos proporcionam uma melhoria

nas propriedades do ferro fundido e possibilitam que sejam feitas diferentes ligas

somente com a adição destes elementos a uma liga base.

A adição dos elementos de liga na panela de transferência se mostrou viável,

uma vez que a composição final sempre ficou dentro da faixa estabelecida. Este

meio de adição de elementos de liga, chamado de metalurgia de panela facilita o

processo de fabricação, pois, de um mesmo forno, com a liga base (1), pode-se

retirar peças com sete composições distintas, fazendo a transformação de liga na

panela de transferência.

Através de tabelas e gráficos comprovou-se que com o aumento dos teores

dos elementos de liga há um aumento nas propriedades mecânicas, o mesmo

ocorrendo com a dureza, quanto maior o teor de cobre e manganês maior a dureza

encontrada nos corpos de prova.

A matriz metalográfica da peça, como esperado, também sofreu forte

influência dos elementos de liga, quanto maior o teor de cobre e manganês, maior a

teor de perlita na microestrutura. Os demais microconstituintes não apresentaram

nenhuma influência direta com a adição destes elementos.

As ligas estudadas tiveram resultados dentro do esperado no começo do

estudo, a liga 1, considerada liga base possui propriedades menores e uma

microestrutura ferrítica, com a adição dos elementos de liga, há um aumento das

propriedades e uma perlitização da microestrutura.


50

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHIAVERINI, V.. Aços e ferros fundidos: características gerais, tratamentos

térmicos, principais tipos. 5. ed. / ampl. e rev. São Paulo: Associação Brasileira de

Metais. 1984.

PIESKE, A.. Ferros fundidos cinzentos de alta qualidade. Joinville. Sociedade

Educacional. 1974.

PINTO SOARES. Aços: características, tratamentos. 3ª ed. Porto. 1980.

SANTOS, A. B. S.; BRANCO, C. H. C.. Metalurgia dos Ferros Fundidos

Cinzentos e Nodulares. São Paulo. IPT. 1989.

SOUZA, A.. Ensaios Mecânicos de Materiais Metálicos. 5ª ed. Ed. São Paulo:

Edgard Blücher LTDA. 2000.

ASM HANDBOOK, Vol. 15: Casting, ASM International, The Materials Information

Society for Metals, 9.th Edition, 1988.

SMITH, W. F. Structure and Properties of Engineering Alloys. New York. McGraw-

Hill. 2.nd Edition, 1993.

BUSCHINELLI, A. J. A., NIÑO, C. E. Tecnologia da Fundição. Apostila da disciplina

EMC 5261 – UFSC, 2002.

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