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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE UM COMPÓSITO DE


FIBRA DE VIDRO E HÍBRIDO DE KEVLAR E VIDRO
PÓS ENSAIO DE IMPACTO DE BAIXA VELOCIDADE

ANTONIO ALDHEN LOPES DE FREITAS


NATAL - RN, 2022
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE UM COMPÓSITO DE


FIBRA DE VIDRO E HÍBRIDO DE KEVLAR E VIDRO
PÓS ENSAIO DE IMPACTO DE BAIXA VELOCIDADE

ANTONIO ALDHEN LOPES DE FREITAS

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao curso de Engenharia
Mecânica da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte como parte dos
requisitos para a obtenção do título de
Engenheiro Mecânico, orientado pelo
Prof. Avelino Manuel da Silva Dias.

NATAL - RN
2022
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Freitas, Antonio Aldhen Lopes de.


Simulação numérica de um compósito de fibra de vidro e
híbrido de kevlar e vidro pós ensaio de impacto de baixa
velocidade / Antonio Aldhen Lopes de Freitas. - 2022.
55f.: il.

Monografia (Graduação)- Universidade Federal do Rio Grande do


Norte, Centro de Tecnologia, Departamento de Engenharia
Mecânica, Natal, 2022.
Orientador: Dr. Avelino Manuel da Silva Dias.

1. Compósitos laminados - Monografia. 2. MEF - Monografia. 3.


Ensaio de flexão - Monografia. I. Dias, Avelino Manuel da Silva.
II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 621

Elaborado por Raimundo Muniz de Oliveira - CRB-15/429


UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE UM COMPÓSITO DE


FIBRA DE VIDRO E HÍBRIDO DE KEVLAR E VIDRO
PÓS ENSAIO DE IMPACTO DE BAIXA VELOCIDADE

ANTONIO ALDHEN LOPES DE FREITAS

Banca Examinadora do Trabalho de Conclusão de Curso

Prof. Dr. Avelino Manuel da Silva Dias ___________________________


Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Orientador

Prof. Dr. Ricardo Alex Dantas da Cunha ___________________________


Instituto Federal do Pará / Campus Parauapebas - Avaliador Externo

Prof. Dr. Raimundo Carlos Silvério Freire Jr. ___________________________


Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Avaliador Interno

NATAL, 31 de janeiro de 2022.


i

Ata de aprovação
ii

Agradecimentos

Este trabalho não poderia ser concluído sem a ajuda de diversas pessoas as
quais presto minha homenagem:

Primeiramente, a Deus, por ter sempre me abençoado, dando-me saúde,


esperança e força de vontade para conseguir concluir esta minha jornada acadêmica.

Agradeço aos meus pais, Antônio Alcir de Freitas e Augusta Bernardete Lopes
de Freitas, por sempre me motivar e apoiar em todas as minhas escolhas na vida.

Agradeço aos meus irmãos, Antônio Alcir de Freitas Junior e Albher Jhordão
Lopes de Freitas, por toda ajuda e apoio, e por sempre estarem dispostos a me ajudar.

Agradeço ao meu orientador, Prof. Avelino Manuel da Silva Dantas, pela


dedicação, paciência e incentivo a este estudo, mesmo com as diversas dificuldades
que encontramos.

Agradeço ao Prof. Dr. Ricardo Alex Dantas da Cunha, por ter permitido utilizar
seus estudos práticos como parâmetros de comparação, e por toda ajuda prestada ao
decorrer do trabalho.

Agradeço aos meus amigos da faculdade, por sempre estarem ao meu lado
nessa caminhada, nos bons e maus momentos.

Por fim, a agradeço a UFRN, aos seus servidores e a todos os docentes, que
contribuíram para que eu conseguisse a realização dessa minha formação acadêmica.
iii

Freitas, A A L. Simulação numérica de um compósito de fibra de vidro e


híbrido de kevlar e vidro pós ensaio de impacto de baixa velocidade. 2022. 53
p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Mecânica) –
Centro de Tecnologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal-RN,
2022.
Resumo
Com a evolução das tecnologias em nossa sociedade atual, muitas vezes
os projetos requerem propriedades especificas, tais como uma alta rigidez e maior
durabilidade associados à baixa densidade especifica, por exemplo. O estudo de
materiais compósitos começa a ser realizado para se conseguir desenvolver esses
materiais com propriedades desejadas. A análise numérica através do Método dos
Elementos Finitos (MEF) é um método que pode ser utilizada em estudos para a
análise do comportamento das propriedades dos compósitos. Nesse contexto, este
trabalho tem por objetivo a realização de simulações através do MEF de corpos de
provas (CPs), com e sem descontinuidade geométrica, e submetido a impacto de
baixa velocidade. O primeiro laminado foi feito de materiais compósitos com fibras
de vidro/E, e o segundo foi um compósito híbridos com fibras Kevlar/49 e vidro/E.
Todas as configurações dos modelos numéricos foram submetidos à ensaio de
flexão de quatro pontos, para analisar e avaliar seu comportamento mecânico em
comparação com os resultados experimentais encontrados na literatura,
comprovando a viabilidade do MEF. Ao termino do estudo, concluiu-se que a
modelagem computacional do MEF dos compósitos laminados de vidro/E e
híbridos com Kevlar/49 e vidro/E utilizada nesse trabalho foi eficaz na simulação
de ensaios de flexões de quatro pontos para os dois compósitos, com e sem
descontinuidade, e também para o modelo LHKV pós-impacto.

Palavras-chave: Compósitos laminados, MEF, Ensaio de flexão, Pós-impacto.


iv

Freitas, A A L. Simulação numérica de um compósito de fibra de vidro e


híbrido de kevlar e vidro pós ensaio de impacto de baixa velocidade. 2022. 53
p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Mecânica) –
Centro de Tecnologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal-RN,
2022.
Abstract
In our current society, with the evolution of technologies, projects often
require specific properties, such as high rigidity and greater durability associated
with low specific density, for example. The study of composite materials begins to
be carried out to be able to develop these materials with desired properties.
Numerical analysis using the Finite Element Method (FEM) is a method that can be
used in studies to analyze the behavior of composite properties. In this context, the
present study aims to carry out simulations through the FEM of specimens (CPs),
with and without geometric discontinuity, and subjected to low-velocity impact. The
first laminate was made of composite materials with E-glass fibers, and the second
was a hybrid composite with Kevlar/49 and glass/E fibers. All configurations of the
numerical models were submitted to a four-point bending test to analyze and
evaluate their mechanical behavior in comparison with the experimental results
found in the literature, proving the feasibility of the FEM. At the end of the study, it
was concluded that the computational modeling of the FEM of laminated
composites of glass/E and hybrids with Kevlar/49 and glass/E used in this work was
effective in simulating four-point bending tests for the two composites, with and
without discontinuity, and also for the post-impact LHKV model.
.

Keywords: Laminated composites, FEM, Bending test, Post-impact.


v

Lista de Ilustrações

Figura 1.1 - Representação do ensaio de flexão de três pontos ................................. 2

Figura 2.1 - Esquema de classificação dos compósitos quanto à composição de fases


.................................................................................................................................... 5

Figura 2.2 - Disponibilidade de fibras em compósitos reforçados com fibras: a)


continuas e alinhadas; b) descontinuas e alinhadas; c) descontinuas e aleatória....... 6

Figura 2.3 - Exemplos de tecidos de fibra de vidro ..................................................... 7

Figura 2.4 - Exemplos de tecidos de fibra de Aramidas: a) Tecido de Aramidas;


b) Tecido de Kevlar ..................................................................................................... 8

Figura 2.5 - Composição de um laminado com camadas em diferentes orientações . 9

Figura 2.6 - Exemplo de empilhamento em um compósito híbrido de camadas de


diferentes tipos de fibras ........................................................................................... 10

Figura 2.7 - Exemplo prático de aplicação do MEF: a) Divisão das malhas e aplicação
de forças externas; b) Resultados dos campos de tensões normais; c) Deformação da
malha ........................................................................................................................ 12

Figura 2.8 - Simulação de uma viga de compósito no MEF: a) Distribuição numérica


do campo de Deslocamento; b) Distribuição numérica do campo de Tensão normal.
.................................................................................................................................. 14

Figura 2.9 - Representação de um ensaio de flexão de quatro pontos:


a) Representação teórica; b) Ensaio real .................................................................. 15

Figura 2.10 - Gráfico de obtenção do fator de concentração de para uma barra


retangular, com furo central, submetida à flexão ....................................................... 16

Figura 3.1 - Dimensões dos Corpos de provas sem variação geométrica: a) LFV; b)
LHKV ......................................................................................................................... 19

Figura 3.2 - Dimensões dos Corpos de provas com variação geométrica: a) LFV; b)
LHKV ......................................................................................................................... 19
vi

Figura 3.3 - Esquema representativo dos ensaios de flexão de quatro pontos:


a) Representação da máquina de ensaio; b) Diagrama de solicitação ..................... 20

Figura 3.4 - Disposição das camadas de compósitos nos laminados: a) LFV; b) LHKV
.................................................................................................................................. 21

Figura 3.5 - Empilhamento das camadas dos compósitos na entrada de dados do


Marc™: a) LFV; b) LHKV........................................................................................... 23

Figura 3.6 - Contornos geométricos dos corpos de provas no Marc™:


a) sem descontinuidade geométrica; b) com furo central. ......................................... 24

Figura 3.7 - Malhas dos corpos de provas no Marc™: a) sem descontinuidade


geométrica; b) com descontinuidade geométrica ...................................................... 25

Figura 3.8 - Exemplificação da espessura dos laminados e dos quatro elementos na


direção Z ................................................................................................................... 26

Figura 3.9 - Cargas e restrições aos deslocamentos transversais no modelo numérico


.................................................................................................................................. 26

Figura 3.10 - Exemplificação dos locais de aplicação das restrições dos apoios na
modelagem computacional........................................................................................ 27

Figura 3.11- Discretização das regiões de impacto dos laminados pós-impacto ...... 29

Figura 3.12 - Exemplo de saída de dados do MarcTM ............................................... 30

Figura 3.13- Localização dos nós analisados ao fim das simulações: a) CP sem furo;
b) CP com furo; c) CP pós-impacto ........................................................................... 31

Figura 3.14 - Disposição dos extensômetros nos corpos de prova para o ensaio de
flexão em quatro pontos sem furo ............................................................................. 32

Figura 4.1 - Distribuição do campo de tensões para o laminado de fibra de vidro (LFV)
modelado como ortotrópico e sem furo central ......................................................... 34

Figura 4.2 - Comparação dos gráficos numérico e experimental para o comportamento


das tensões em função das deformações para o LFV sem descontinuidade geométrica
.................................................................................................................................. 36
vii

Figura 4.3 - Distribuição do campo de tensões para o laminado Híbrido de Kevlar e


vidro (LHKV) sem furo central ................................................................................... 37

Figura 4.4 - Comparação dos gráficos numérico e experimental para o comportamento


das tensões em função das deformações para o LHKV sem descontinuidade
geométrica................................................................................................................. 39

Figura 4.5 - Distribuição do campo de tensões do LFV com descontinuidade


geométrica................................................................................................................. 40

Figura 4.6 - Distribuição do campo de tensões do LHKV com descontinuidade


geométrica................................................................................................................. 40

Figura 4.7 - Comparação dos gráficos numérico e experimental para o comportamento


das tensões em função das deformações para o LFV com descontinuidade geométrica
.................................................................................................................................. 42

Figura 4.8 - Comparação dos gráficos numérico e experimental para o comportamento


das tensões em função das deformações para o LHKV com descontinuidade
geométrica................................................................................................................. 43

Figura 4.9 - Distribuição do campo de tensões para os laminados submetidos à


impacto de baixa velocidade de 77 J ........................................................................ 45

Figura 4.10 - Distribuição do campo de tensões para os laminados submetidos à


impacto de baixa velocidade de 101 J ...................................................................... 46

Figura 4.11 - Comparação dos gráficos numérico e experimental para o


comportamento das tensões em função das deformações para o LHKV pós-impacto
de 77 J ...................................................................................................................... 48

Figura 4.12 - Comparação dos gráficos numérico e experimental para o


comportamento das tensões em função das deformações para o LHKV pós-impacto
de 101 J .................................................................................................................... 49
viii

Lista de Tabelas

Tabela 3.1 - Propriedades mecânicas dos compósitos laminados a serem estudados


.................................................................................................................................. 22

Tabela 3.2 - Propriedades mecânicas da camada de tecidos de fibra de vidro ........ 22

Tabela 3.3 - Valores das cargas externas aplicadas nos ensaios de flexão ............. 27

Tabela 4.1- Resultados numéricos das simulações e valores experimentais do LFV


sem descontinuidade geométrica .............................................................................. 35

Tabela 4.2 - Valores numéricos das propriedades mecânicas utilizados na simulação


nos tecidos híbrido de Kevlar/vidro ........................................................................... 36

Tabela 4.3 - Resultados numéricos das simulações e valores experimentais do LHKV


sem descontinuidade geométrica .............................................................................. 38

Tabela 4.4 - Resultados numéricos das simulações e valores experimentais do LFV e


LHKV com descontinuidade geométrica ................................................................... 42

Tabela 4.5 - Valores numéricos das propriedades mecânicas utilizados na simulação


nos tecidos híbrido de Kevlar/vidro pós-impacto de 77 J .......................................... 44

Tabela 4.6 - Valores numéricos das propriedades mecânicas utilizados na simulação


nos tecidos híbrido de Kevlar/vidro pós-impacto de 101 J ........................................ 45

Tabela 4.7 - Resultados numéricos das simulações e valores experimentais do LHKV


pós-impacto de 77 J e 101 J ..................................................................................... 46
ix

Lista de abreviaturas e siglas

ASTM – American Society of Testing and Materials

CP – Corpo de Prova

E – Módulo de elasticidade

E1 – Módulo de elasticidade longitudinal

G - Módulo de cisalhamento

Kt - Fator de concentração de tensão

LFV – Laminado de fibra de vidro

LHKV – Laminado Híbrido de Kevlar/vidro

MEF – Método de elementos finitos

Su - Resistência última à flexão

TFV – Tecido de fibra de Vidro

THKV – Tecido híbrido kevlar/vidro

w/D - Razão entre largura de uma placa pelo diâmetro do furo

σ – Tensão

σ1 – Tensão Longitudinal

ε – Deformação

ε1 – Deformação Longitudinal

 - Coeficiente de Poisson
x

Sumário

Ata de aprovação............................................................................................. i

Agradecimentos .............................................................................................. ii

Resumo ......................................................................................................... iii

Abstract ......................................................................................................... iv

Lista de Ilustrações ......................................................................................... v

Lista de Tabelas ...........................................................................................viii

Lista de abreviaturas e siglas ........................................................................ ix

Sumário .......................................................................................................... x

1 Introdução .................................................................................................... 1

2 Revisão Bibliográfica ................................................................................... 4

2.1 Materiais compostos (compósitos) ........................................................ 4

2.1.1 Compósitos reforçados com fibras ................................................. 5

2.1.2 Compósitos Poliméricos Reforçados com Fibra de Vidro ............... 6

2.1.3 Compósitos Poliméricos Reforçados com Fibras de Aramidas ...... 7

2.1.4 Empilhamento em Compósitos Laminados .................................... 8

2.1.5 Compósitos Híbridos ...................................................................... 9

2.2 Elementos finitos ................................................................................. 11

2.2.1 Aplicação de MEF em Compósitos ............................................... 12

2.3 Ensaio Experimental de Flexão........................................................... 13

2.4 Fatores de Concentração de Tensão .................................................. 15

3 Materiais e métodos .................................................................................. 18

3.1 Condições de contorno ....................................................................... 26

3.2 Modelo Pós-Impacto ........................................................................... 28

3.3 Captura dos Resultados ...................................................................... 29

4 Resultados e Discussões .......................................................................... 33

4.1 LFV – Sem furo ................................................................................... 33


xi

4.2 LHKV – Sem furo ................................................................................ 36

4.3 LFV e LHKV – Com furo ..................................................................... 39

4.4 LHKV – Pós-impacto ........................................................................... 44

5 Conclusões ................................................................................................ 50

6 Referências Bibliográficas ......................................................................... 52


1

1 Introdução

Com a evolução das tecnologias em nossa sociedade atual, muitas vezes os


projetos requerem propriedades especificas, que não podem ser alcançadas com os
materiais comumente encontrados em nosso dia-a-dia, como, por exemplo, metais,
cerâmicas e polímeros. É nesse contexto que começaram a ser estudados e
desenvolvidos os diversos tipos de materiais compostos, também chamados de
materiais compósitos, que tem ganhando um grande espaço em modernos projetos
de engenharia.

Os materiais compósitos são formados por dois ou mais materiais diferentes,


buscando, principalmente, associação de propriedades especificas de cada um dos
materiais presentes, para conseguir alcançar propriedades finais muitas vezes difíceis
de obter de forma natural. Dentre inúmeras características finais desses materiais,
Callister (2007) descreve algumas que podem ser citadas como justificativas principais
para a produção destes compostos, tais como uma alta rigidez e maior durabilidade,
tudo isso associado à uma baixa densidade especifica.

Por conta dessas e outras características, o mercado de engenharia atual


acaba sendo atraído para o desenvolvimento e a pesquisa desses materiais, com a
intenção de estudar suas propriedades especificas que se adéquem perfeitamente em
cada situação (MOREIRA, 2009).

Segundo Neto (2015), a geometria da peça tem sido outro ponto que também
influencia de forma significativa no comportamento da resistência dos materiais,
inclusive dos compósitos. A presença de descontinuidades geométricas como, por
exemplo, um furo, acaba produzindo uma mudança no campo de tensões.
Concentrando essas tensões, pode inclusive levar a falha do compósito. Por isso, a
presença de concentração de tensões também é um fator que demanda atenção e
necessita de estudos no desenvolvimento dos projetos com estes materiais
compostos.

Os ensaios mecânicos se tornaram uma das principais ferramentas para a


determinação das propriedades mecânicas dos diferentes tipos de materiais e de suas
combinações. Na caracterização de materiais compostos não ocorre de forma
diferente, e dois ensaios têm sido muito utilizados para estudos do comportamento
2

desses materiais, o ensaio de tração e o ensaio de flexão com três (Figura 1.1) ou
quatro pontos (CALLISTER, 2007).

Figura 1.1 - Representação do ensaio de flexão de três pontos

Fonte: Callister (2007)

De forma paralela, também com o avanço das tecnologias atuais,


principalmente na área computacional, um método que tem ganhado bastante espaço
na área de projetos é o Método dos Elementos Finitos (MEF), que consiste em um
método numérico utilizado com o auxílio de Softwares computacionais para resolver
problemas de engenharia, como descrito por Azevedo (2003).

Considerando a modelagem de uma peça, com a aplicação de solicitações


externas, a discretização desse problema através do MEF pode ser feito por um
software comercial. Nessa modelagem, se divide o sólido em vários elementos
conectados através de nós. Após a simulação, é possível obter como resultados
numéricos dados do estado de tensão e de deformação. Com isso, é possível a
obtenção do comportamento de componentes mecânicos submetidos a solicitações
especificas, partindo de uma geometria e propriedades conhecidas da peça.

Neste sentido, como descrito por Dias (2019), a análise numérica via MEF se
mostra uma técnica bastante versátil, podendo ser utilizada em estudos nos mais
variados campos, resolvendo problemas não lineares nas áreas de instabilidade
estrutural, de sistemas dinâmicos, termodinâmicos, sistemas de mecânica da fratura,
de conformação mecânica, entre outras, e uma boa alternativa para a análise do
comportamento mecânico de materiais compósitos.
3

Assim, este trabalho tem por objetivo a realização de simulações através do


MEF de corpos de provas (CPs) feitos de materiais compósitos laminados e híbridos
submetidos à ensaio de flexão de quatro pontos, para analisar seu comportamento
mecânico. Também foram avaliados corpos de provas com furo central, assim como
corpos de provas obtidos a partir do ensaio de impacto ou pós-impacto. Os resultados
obtidos a partir das análises numéricas foram comparados com dados experimentais
obtidos por Cunha (2020).

Dentre os corpos de prova dos compósitos a serem estudados, dois foram


laminados reforçados com tecidos de fibras de vidro-E. Desses, um CP foi ensaiado
sem descontinuidade e outro com furo central. Outros quatro CPs foram feitos de
laminados híbridos reforçado por tecido de mecha híbrida kevlar-49/vidro e tecido de
fibra de vidro-E. Também para esse compósito, um desses CPs foi confeccionado
sem descontinuidade, outro com furo central e mais dois com furo após terem sido
submetidos ao ensaio de impacto. Todos esses corpos de provas foram modelados
conforme a confecção dos corpos de prova utilizados por Cunha (2020).

Para a simulação computacional, foi utilizado o software Marc™ (2020), na


versão de educacional, e a modelagem, com dimensões, composição, propriedades
e solicitações externas, seguiram o embasamento experimental do trabalho de
doutorado de Cunha (2020) para os ensaios de flexão de quatro pontos.
4

2 Revisão Bibliográfica

Nesse capítulo se faz uma breve revisão contendo explicações teóricas sobre
os principais temas abordados no corrente trabalho. Foi descrita a definição e
classificação de materiais compostos, também comumente chamados de materiais
compósitos, uma vez que este foi à matéria prima utilizado nos corpos de provas
bases para o presente trabalho. Apresenta-se, ainda, breves conceitos sobre o
Método de Elementos finitos (MEF), ferramenta selecionada para simulações
computacionais dos ensaios experimentais de flexão de quatro pontos em placas.
Também foi realizada uma breve conceituação sobre fatores de concentradores de
tensão.

2.1 Materiais compostos (compósitos)

De acordo com Callister (2007), são considerados como compósitos todos os


materiais que possuam mais de uma fase, com propriedades especificas de cada uma
delas, selecionadas de modo a melhorar as características do material final. Com isso,
muitas propriedades que dificilmente seriam capazes de aparecerem combinadas de
forma natural podem ser alcançadas como, por exemplo, alta rigidez, resistência ao
impacto e corrosão junto à baixa densidade.

No entanto, essa definição não é suficiente para caracterizar um material


composto. Ishai (2006) lista alguns outros requisitos necessários para que um material
possa ser classificado nessa classe de compósito. Entre estes, destacam-se
principalmente que as fases constituintes não podem possuir a mesma composição
química, e deve existir uma interface distinta separando cada uma delas.

Essas fases devem ser no mínimo duas e em escala macroscópica. Uma das
fases sempre deverá ser contínua, denominada matriz, e envolverá as demais fases
do compósito, denominadas de fases dispersas. Em geral, a segunda fase não são
continuas, e são encontradas principalmente na forma de partículas e fibras. A
quantidade e a geometria no qual essa fase dispersa encontra-se no compósito
interferem de forma direta nas propriedades desse material final (CALLISTER, 2007).
5

A Figura 2.1, mostra um esquema simplificado dessa classificação dos


compósitos com relação à composição da fase dispersa (CALLISTER, 2007). A seguir
apresenta-se um resumo sobre cada fase tipo de fase dispersa mostrada nesta figura.

Figura 2.1 - Esquema de classificação dos compósitos quanto à composição de fases


Fonte: Callister (2007)

2.1.1 Compósitos reforçados com fibras

Os compósitos reforçados por fibras são vastamente utilizados em projetos


que buscam resistência e/ou rigidez alta quando relacionada com o seu peso,
possibilitando o emprego de materiais de baixas densidades para a fibra e para a
matriz.

Esses materiais possuem, ainda, alta resistência e alto módulo de


elasticidade, no qual as fibras suportam as cargas e são responsáveis pelo suporte
de carga do material, enquanto a matriz geralmente tem como função manter as fibras
nas suas posições, promovendo, assim, a integridade estrutural do material
(FONTES, 2017).

Na Figura 2.2 está ilustrado algumas exemplificações dos principais tipos de


disponibilidade das fibras, no qual é possível: (1) um alinhamento em uma única
direção e paralelo do eixo longitudinal das fibras, que podem ser continuas
(Figura 2.2a) ou descontinuas (Figura 2.2b); ou (2) um alinhamento totalmente
aleatório, utilizado apenas com fibras descontínuas (Figura 2.2c) (CALLISTER, 2007).
6

Figura 2.2 - Disponibilidade de fibras em compósitos reforçados com fibras: a) continuas e


alinhadas; b) descontinuas e alinhadas; c) descontinuas e aleatória

Fonte: Callister (2007)

Na sequência, são listados alguns dos principais tipos de compósitos


reforçados com fibras que são empregados no mercado, e que foram utilizados para
a produção do corpo de prova utilizado na pesquisa deste trabalho.

2.1.2 Compósitos Poliméricos Reforçados com Fibra de Vidro

O compósito de fibra de vidro vem sendo um dos compósitos mais utilizados


na atualidade. É composto, basicamente, por uma matriz polimérica e por fibras
contínuas ou descontinuas de vidro em seu interior (CARVALHO et al., 2016).

O vidro tem sido bastante adotado como fibra por ser um material amplamente
disponível, de fabricação econômica, sendo capaz de formar um plástico reforçado
(com vidro) com diversas formas de fabricação e por ser uma fibra relativamente forte,
produzindo um compósito com alta resistência. No entanto, a aplicação desse tipo de
compósito possui algumas limitações, tais como: não possui uma rigidez tão elevada,
a ponto de ser utilizadas em projetos de membros estruturais de aviões e pontes, por
exemplo, ou ainda, a limitação da temperatura de serviço de até aproximadamente
200C (CALLISTER, 2007).
7

A Figura 2.3 ilustra alguns exemplos de tecidos de fibras de vidro


comercialmente encontradas. Nesta figura, é mostrado um tecido bidirecional de fibra
de vidro/E, confeccionado para utilização em resinas poliésteres e epóxi,
principalmente, e são recomendadas para laminação manual de peças submetidas a
esforço bidirecional, que requeiram alta resistência mecânica à tração e ao impacto
(REDELESE, 2021).

Figura 2.3 - Exemplos de tecidos de fibra de vidro

Fonte: Redelese (2021)

2.1.3 Compósitos Poliméricos Reforçados com Fibras de Aramidas

Conforme Callister (2007), as fibras de Aramidas, ilustrada na Figura 2.4,


possuem uma boa resistência, principalmente quando observada e comparada a
relação resistência-peso com os metais. Têm sido utilizadas, geralmente, em
compósitos de matrizes poliméricas, principalmente nos epóxis e nos poliésteres.

O tecido de Kevlar (Fig. 2.4b) é um dos vários tipos de aramidas encontradas


no mercado. Esse tipo de fibra tem sido bastante utilizado devido as suas excelentes
propriedades mecânicas. Possuem um módulo de elasticidade e limites de resistência
à tração longitudinal, uma boa tenacidade e uma ótima resistência ao impacto
(BERNARDI, 2003).
8

Figura 2.4 - Exemplos de tecidos de fibra de Aramidas: a) Tecido de Aramidas;


b) Tecido de Kevlar

Fonte: a) Dynatech (2021) e b) Lester (2021)

2.1.4 Empilhamento em Compósitos Laminados

Os compósitos laminados podem ser compostos por mais de uma camada.


Essas camadas são empilhadas umas sobre as outras, podendo variar o ângulo da
direção dessas camadas conforme a necessidade de aumentar sua resistência em
algumas direções específicas ou mesmo alterar sua anisotropia (CALLISTER, 2007).

Alves (2009) constatou em seu trabalho que as orientações do ângulo das


fibras possuem influência direta no efeito das propriedades deum compósito laminado
de fibra de vidro com matriz resina poliéster. O autor observou que existe um grande
decaimento da resistência a ruptura, modulo de elasticidade e alongamento máximo
quando os ângulos de orientação das fibras foram de 30º com relação à solicitação
aplicada, e que, principalmente quando as fibras estão alinhadas com a carga, o
compósito em estudo tende a apresentar altos valores de resistência à tração.

A modificação desses ângulos altera as propriedades finais do compósito, e,


com isso, dependendo dos ângulos das camadas no empilhamento, pode ser obtido
compósitos com resistência relativamente altas em direções especificas de um plano
bidimensional.
9

A Figura 2.5 ilustra a composição de um laminado com suas diversas


camadas com diferentes orientações dos ângulos de alta resistência das folhas. Neste
caso, as cinco camadas estão orientadas alternadamente entre 0o e 90o.

Figura 2.5 - Composição de um laminado com camadas em diferentes orientações

Fonte: Callister (2007)

2.1.5 Compósitos Híbridos

Os compósitos híbridos fibrosos são um novo tipo de compósitos reforçados


com fibras, no qual é feito uma combinação de mais de um tipo de fibras diferentes
em seu empilhamento, conforme explicado por Callister (2007).

Essa combinação de diferentes tipos de fibras proporciona propriedades


globais distintas que também não conseguiriam ser alcançadas com a utilização de
apenas um dos tipos de fibras, provendo, assim, uma maior flexibilidade para adaptar
as propriedades desejadas do material (PORTELLA, et al. 2013).

Silva (2010) afirmou que as propriedades dos compósitos híbridos dependem


de inúmeros fatores a que foram submetidos em sua produção. A natureza da matriz,
a interface fibra-matriz, o comprimento, composição e orientação das fibras de
reforços e a forma de hibridação são exemplos desses fatores.
10

As formas como os tipos de fibras são dispersas na matriz influência de forma


direta nas propriedades finais dos compósitos, e estas têm sido executas de diversas
maneiras, dependendo das propriedades finais desejadas (SILVA, 2010). Por
exemplo, as fibras podem ser dispersas de formas aleatórias umas das outras no
interior da matriz, ou, ainda, podem ser adicionadas camadas superpostas dos
diferentes tipos de fibras, como visto na Figura 2.6. Para cada caso, são necessários
estudos específicos para descobertas das propriedades mecânicas especificas de
cada uma dessas formas de composição do híbrido.

Figura 2.6 - Exemplo de empilhamento em um compósito híbrido de camadas de diferentes


tipos de fibras

Fonte: Da Silva, et al. (2008)

Umas das formas possíveis de hibridização encontradas no mercado é a


laminação de camadas de tecido de vidro e Kevlar, objeto de estudo do presente
trabalho. Atualmente, essas fibras têm sido bastante estudadas pelo aumento do
número de aplicações cada vez maiores, juntamente com as fibras de carbono, nas
aplicações estruturais, de acordo com Cunha (2020).

Valença (2014) realizou um estudo dos efeitos da configuração do tecido nas


propriedades mecânicas para esse compósito híbrido, concluindo que a forma de
disposição das fibras interfere de forma direta nas propriedades mecânicas finais do
compósito, como resistência mecânica e de rigidez específicas.
11

Targino et al. (2016) desenvolveram trabalhos par estudar a influência do tipo


de resina na confecção de laminados híbridos de Kevlar/Vidro. Produziu e ensaiou
experimentalmente um laminado híbrido de Kevlar e vidro com resina de Poliéster,
comparando os resultados finais com estudos da literatura de compósito similares,
produzidos com resina de Epóxi. Ao termino do estudo, concluiu que existiu variação
nas propriedades mecânica com a modificação da resina, principalmente com relação
a resistência última, que diminuiu cerca de 15,7% no laminado com Poliéster, com
relação ao de Epóxi.

2.2 Elementos finitos

O Métodos do Elementos Finitos (MEF) tem sido um método numérico utilizado


para discretizar e resolver problemas de engenharia. Ele tem sido comumente
utilizado para determinar o estado de tensões e de deformações de um sólido
submetido às solicitações externas, como explicado por Azevedo (2003).

Com o auxílio dos computadores, o MEF realiza cálculos de equações


diferenciais encontrados nas análises estruturais, ou através de integrais, dependendo
da metodologia utilizada em sua conceituação. Esses cálculos são feitos a partir da
segmentação do sólido divido em vários elementos. Cada um desses elementos
possui nós que se deslocam com a aplicação de carregamentos, simulando o
comportamento real do sólido e retornando os valores do estado de tensão do
fenômeno modelado.

Esses valores fornecidos pelo Software em cada um dos nós representam


resultados de tensão, deformação e deslocamento do sólido sob análise,
possibilitando compreender o comportamento de uma estrutura com geometria e
propriedades arbitrárias a partir de um carregamento externo também arbitrário.
Assim, a identificação de pontos de concentração de tensão em uma peça com
geometria complexa, ou ainda, o comportamento de um material compósito em uma
aplicação específica são exemplos de aplicações práticas que podem ser alcançadas
com a utilização do MEF.

Na Figura 2.7, pode ser observado um exemplo simplificado do MEF


(AZEVEDO, 2003). Na Figura 2.7a, o objeto analisado foi dividido em uma quantidade
determinada de elementos (discretização), e foram aplicados os esforços externos
12

desejado para simulação do comportamento do problema. Na execução do programa,


o computador realiza a simulação e os cálculos, retornando ao usuário as informações
desejadas (pós-processador). O programa retorna o campo de tensões normais
segundo um eixo vertical com seus respectivos valores à esquerda, em MPa (Fig.
2.7b). Já na Figura 2.7c, o programa ilustra uma malha deformada representando o
deslocamento e a distorção da estrutura submetida aos esforços externos.

Figura 2.7 - Exemplo prático de aplicação do MEF: a) Divisão das malhas e aplicação de
forças externas; b) Resultados dos campos de tensões normais; c) Deformação da malha
Fonte: Azevedo (2003)

2.2.1 Aplicação de MEF em Compósitos

Para os materiais compósitos, devido sua complexidade estrutural e suas


particularidades de composição, torna-se difícil prever seu comportamento de forma
teórica igual aos materiais metálicos, por exemplo. Assim, o MEF tornou-se uma
ferramenta imprescindível, pois possibilitaram a avaliação desse comportamento e da
resistência desses materiais ainda na fase de projeto (CARVALHO; HELBIG, 2019).

Helbig, et al. (2013) produziram uma comparação do comportamento mecânico


de placas fabricadas com diferentes tipos de materiais compósitos (Vidro-E / Epóxi,
Boro / Epóxi, Tecido de Vidro / Epóxi e Boro / Alumínio) com o comportamento de
placas de aço. Mostraram, através da análise numérica, que placas de material
13

compósito reforçado por fibras podem suportar tensões e deflexões com valores
próximos aos encontrados em placas de aço. Além disso, observaram a influência do
processo de fabricação do laminado na alteração significativa do comportamento
mecânico das placas de material compósito.

Figueiredo, et al. (2016) realizaram estudos da utilização de um material


compósito cerâmico-polimérico em dormentes ferroviários através do método dos
elementos finitos, examinando a viabilidade e otimização de estudos de novos
materiais em usos estruturais como alternativa ao concreto na produção de
dormentes. Com o auxílio do MEF, os atores concluíram sobre a possibilidade de
substituição do concreto pelo compósito estudado na fabricação de dormentes.

Vilhena, et al. (2019) efetuaram uma avaliação de propriedades de um


compósito polimérico reforçado com fibras de piaçava em comprimentos de 5 mm,
10 mm e 15 mm, com matriz de poliéster, comparando-se resultados experimentais
com um modelo estrutural em uma viga similar. A ferramenta utilizada para auxiliar
nessa avaliação das propriedades do compósito foi o Software AnsysWorkbank 19.2.
Com os ensaios de tração, estes autores chegaram aos resultados de uma resistência
à tração em torno de 8,29 MPa, 9,56 MPa e 10,18 MPa para as piaçavas de 5 mm, 10
mm e 15 mm, respectivamente.

Com o MEF, por fim, Vilhena, et al. (2019) alcançaram resultados com tensão
máxima de 8,56 MPa, 10,93 MPa e 10,67 MPa para as piaçavas de 5 mm, 10 mm e
15 mm, respectivamente. Com isso, ao término do trabalho, chegaram à conclusão de
que a simulação se apresentou bastante confiável para a realização de análises desse
compósito, para tal situação. A Figura 2.8 representa a simulação de elementos finitos
dessa viga produzida com material compósito, reproduzida pelos autores.

2.3 Ensaio Experimental de Flexão

O teste de flexão de quatro pontos, de acordo com ASTM D6272 (2017), é


feito para determinar propriedades mecânicas dos materiais sob flexão. É realizado
principalmente em materiais frágeis, no qual a baixa ductilidade não permite, ou
dificulta a realização de outros tipos de ensaios mecânicos.
14

Figura 2.8 - Simulação de uma viga de compósito no MEF: a) Distribuição numérica do


campo de Deslocamento; b) Distribuição numérica do campo de Tensão normal.
Fonte: Vilhena, et al. (2019)

Esse tipo de ensaio consiste basicamente na aplicação de uma carga, através


de uma máquina de teste servo-hidráulica ou eletromecânica, no corpo de prova bi
apoiado, de forma simétrica, até sua ruptura ou uma deformação pré-estabelecida
(CCDM, 2021), Figura 2.9.

Uma das características do ensaio de flexão de quatro pontos é que o


comportamento do momento de flexão entre os pontos de aplicação das forças é
constante. Isso faz com que no centro do corpo de prova exista apenas tensões de
tração e compressão atuando ao longo da seção transversal provenientes do
momento de flexão (flexão pura).

Conforme descrito na norma ASTM D 6272 (2017), as propriedades medidas


através deste ensaio de flexão incluem resistência última à flexão (Su), módulo de
elasticidade à flexão (E), coeficiente de Poisson (), entre outros. A Figura 2.9a
apresenta um esquema desse tipo de ensaio e na Figura 2.9b está ilustrado uma
imagem de um ensaio real (ASTM, 2017).
15

Figura 2.9 - Representação de um ensaio de flexão de quatro pontos:


a) Representação teórica; b) Ensaio real

Fonte: a) ASTM D 6272 (2017) e b) Cunha (2020)

2.4 Fatores de Concentração de Tensão

No desenvolvimento da resistência dos materiais e de seus estudos analíticos,


as literaturas apresentam algumas simplificações para ajudar na elaboração de
equações que possam descrever o comportamento interno dos materiais, quando
submetidos a determinados solicitações externas. Uma dessas simplificações, como
nos informa Shigley (2011), tem sido a idealização do modelo analítico de não
ocorrência de quaisquer irregularidades geométricas na peça.

No entanto, é conhecido que quaisquer descontinuidades em uma peça alteram


a distribuição do campo de tensões em seu entorno, proporcionando, geralmente, uma
elevação em suas tensões e deformações próximas à descontinuidade. Para
solucionar tal situação nos cálculos analíticos, realiza-se a correção das tensões
utilizando-se um fator de concentração de tensão (Kt), capaz de quantificar a
magnitude das tensões na região onde ocorrem descontinuidades. A maioria dos
fatores de concentração de tensões foi determinada por meio de técnicas
experimentais, avaliando os diferentes tipos de descontinuidades geométricas e de
solicitações externas (HIBBELER, 2010).
16

Assim, muitas referências bibliográficas na área de elementos de máquinas,


como o Shigley (2011) e o Norton (2013), trazem gráficos com os valores desses
fatores de correção para cada situação em particular. Como exemplo desses gráficos
contendo valores para os fatores de concentrações de tensões, a Figura 2.10 ilustra
o gráfico de uma barra retangular com um furo central submetida à flexão constante,
retirado do Shigley (2011).

Figura 2.10 - Gráfico de obtenção do fator de concentração de para uma barra retangular,
com furo central, submetida à flexão

Fonte: Shigley (2011)

A análise de descontinuidades em compósitos se faz mais complexa, uma vez


que esse tipo de material não é homogêneo e nem isotrópico, necessitando, assim,
estudos específicos para a maioria dos casos. Fontes, et al. (2020) desenvolveram
pesquisas referentes ao efeito de um furo na seção longitudinal de um laminado
compósito híbrido de matriz polimérica, e da variação da razão da largura da placa
pelo diâmetro do furo (w/D). Dentre os resultados alcançados, pode ser destacada a
influência do furo, principalmente na resistência última à tração. O módulo de
elasticidade se mostrou estável com relação à rigidez do laminado para diversos
diâmetros do furo. Por fim, a variação de w/D resultou em uma diminuição das
resistências residuais internas do compósito, indicando uma maior influência da
concentração de tensão na resistência do compósito.
17

Assim, tais atribuições e complexidades que os compósitos apresentarem


fazem com que a modificação da resistência devido aos fatores de concentração de
tensões tenha influência à fatores geométricos e tipos de carregamentos, assim como
variam de acordo com a matriz, o reforço, o empilhamento, a orientação das lâminas,
etc. (AWERBUCH e MADHUKAR, 1985; SHIGLEY, 2011), tornando a análise
numérica com uma alternativa imprescindível para o estudo das tensões e das
deformações em estruturas de materiais compósitos contendo descontinuidades.
18

3 Materiais e métodos

O presente estudo se baseou na caracterização e modelagem de seis


diferentes amostras numéricas de materiais compósitos laminados com diferentes
configurações estruturais, sendo duas amostras computacionais feitos de um
compósito laminado com tecido de fibras de vidro (LFV), e os outros quatros
fabricados a partir de um compósito Laminado Híbrido com tecidos de Kevlar e de
Vidro (LHKV), conforme trabalho de Cunha (2020).

No ensaio experimental realizado por Cunha (2020), todas as seis


configurações dos compósitos foram submetidas à ensaios de flexão de quatro
pontos, com cinco corpos de provas (CPs) para cada uma dessas propostas de
laminados, para determinação de suas propriedades mecânicas através de uma
média dos valores finais de cada ensaio, como especificado por norma
(ASTM D 6272, 2017).

Dessas seis configurações, duas delas tinham uma forma geométrica


retangular (Figura 3.1). Outras duas possuíam uma geometria retangular com um furo
central (Figura 3.2). Por fim, as duas últimas foram obtidas a partir de um ensaio de
impacto de baixa velocidade (77 J e 101 J). Estes dois corpos de provas pós-impacto
possuíam geometria retangular e um furo central devido à ação do impactador
(CUNHA, 2020).

Para a modelagem e análise computacional dos corpos de provas numéricos,


foi selecionado o programa Marc™ em sua versão educacional (2020). Este é um
programa de elementos finitos com propósito geral, capaz de resolver problemas
estruturais e térmicos, estáticos e quase estáticos, lineares e não lineares, como a
própria provedora escreve (MARC™, 2020). Sua seleção foi dada por possuir tais
características, por ser um programa de fácil acesso em sua versão educacional, e
com interfaces fáceis de trabalhar, mas de forma bastante eficiente.

Foi realizado a simulação do ensaio de flexão de quatro pontos com o objetivo


de reproduzir esses ensaios experimentais para a obtenção do comportamento do seu
campo de tensões. Nessas simulações, foi considerado o comportamento linear
elástico desses compósitos laminados e híbridos. Por fim, os resultados numéricos
obtidos foram comparados com os dados experimentais de Cunha (2020).
19

O início do trabalho deu-se reproduzindo as geometrias dos CPs a serem


modelados, de acordo com as dimensões dos CPs utilizados por Cunha (2020) em
seu trabalho de doutorado. Estas dimensões para todos os CPs foram de 100x150 mm
de largura e comprimento, respectivamente (Figura 3.1). Para os CPs com
descontinuidades foi feito um furo central de 16 mm de diâmetro (Figura 3.2).

Figura 3.1 - Dimensões dos Corpos de provas sem variação geométrica: a) LFV; b) LHKV

Fonte: Cunha (2020)

Figura 3.2 - Dimensões dos Corpos de provas com variação geométrica: a) LFV; b) LHKV

Fonte: Cunha (2020)


20

Todas as dimensões adotadas por Cunha (2020) seguiram a norma


ASTM D7136 (2015), que normaliza os padrões de ensaios de impacto, tendo em vista
que este autor também realizou esse ensaio como parte de seu trabalho
(CUNHA, 2020).

Segundo Cunha (2020), os CPs ensaiados a flexão pós-impacto possuíam um


furo central também com um diâmetro em torno de 16 mm, produzido pelo impactador
de ponta semiesférica com diâmetro de 16 mm e dureza 57 HRC. Nas simulações
dessas amostras pós-impacto, o corpo de prova foi considerado como sendo uma
amostra com um furo central. Mas, para incorporar a região com dano pós-impacto,
foi alterada a rigidez dessa região em torno do furo central como está descrito neste
capítulo.

A norma ASTM D6272 (2017) estabelece todas as condições e geometria a


serem obedecidas na realização do ensaio de flexão de quatro pontos. Na Figura 3.3
tem-se um esquema representativo deste ensaio de flexão, no qual a distância dos
apoios inferiores foi de 130 mm e dos apoios superiores de 65 mm (Cunha, 2020).
Todas as dimensões e características deste ensaio utilizadas por Cunha (2020) foram
reproduzidas nas presentes simulações dos CPs.

Figura 3.3 - Esquema representativo dos ensaios de flexão de quatro pontos:


a) Representação da máquina de ensaio; b) Diagrama de solicitação

Fonte: Modificado de (SAVARIS, G.; PINTO, R.C.A., 2017)


21

Cunha (2020) realizou os ensaios experimentais em dois tipos de compósitos


produzidos por ele através do processo de laminação manual (Hand lay-up). O
primeiro compósito foi um laminado de tecido de fibra de vidro (LFV), contendo onze
camadas bidirecionais de tecido de fibra de vidro, como observado na Figura 3.4, e
uma espessura final de aproximadamente 2,4 mm.

O segundo compósito foi um híbrido com oito camadas de tecido vidro,


intercaladas por três camadas de tecido de kevlar, como mostrado na Figura 3.4. As
três camadas do tecido de kevlar foram dispostas nas extremidades superior e inferior
e, a terceira camada, no centro do laminado. Entre essas camadas, forma intercalada
quatro camadas do tecido de fibra de vidro, totalizando onze camadas e uma
espessura final de aproximadamente 4,5 mm.

Tanto para o laminado de fibra de vidro quanto para o laminado híbrido, todas
as camadas foram orientadas na posição a zero graus no software em relação ao
sistema de coordenadas local. Tendo em vista que, por serem tecidos, suas
propriedades transversais podem ser aproximadas às longitudinais em ângulos de 90º
e seus complementares.

Figura 3.4 - Disposição das camadas de compósitos nos laminados: a) LFV; b) LHKV

Fonte: Cunha (2020)

Cunha obteve experimentalmente as propriedades mecânicas destes dois


compósitos laminados conforme Tabela 3.1.
22

Entretanto, na simulação numérica de compósitos laminados há a


necessidade de se obter nove propriedades mecânicas capazes de caracterizar o
comportamento de cada camada (SILVA, 2021).

Tabela 3.1 - Propriedades mecânicas dos compósitos laminados a serem estudados


Laminado Módulo de elasticidade Coeficiente de Poisson
Fibra de vidro E = 20 GPa  = 0,30
Híbrido kevlar/vidro E = 11 GPa  = 0,35
Fonte: Cunha (2020)

Tendo em vista que as camadas foram confeccionadas a partir de tecidos de


fibras de vidro ou de kevlar, elas podem ser consideradas como tendo um
comportamento ortotrópico. Desta forma, foi possível adotar a igualdade de valores
para os módulos de elasticidade nas direções 1 e 2 (E1 = E2), assim como, para os
módulos de cisalhamento (G23 = G31) e coeficientes de Poisson (23 = 31). As demais
propriedades mecânicas foram estimadas a partir de dados da literatura especializada
em materiais compósitos (DANIEL, 2006). A Tabela 3.2 mostra as propriedades
mecânicas para cada camada de fibra de vidro.

Tabela 3.2 - Propriedades mecânicas da camada de tecidos de fibra de vidro


Camada de tecido de fibra de vidro
E1 19,00 GPa  0,30 G* 7,00 GPa
E2 19,00 GPa * 0,05 G* 5,00 GPa
E3* 5,00 GPa * 0,05 G* 5,00 GPa
* valores estimados (DANIEL, 2006)
Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

A Figura 3.5 ilustra o empilhamento das camadas na entrada de dados para


a simulação de um compósito laminado na entrada de dados do programa de
elementos finitos Marc™ (2020). Esta figura mostra o empilhamento das onzes
camadas tanto do compósito de fibra de vidro (camadas vermelhas), como do híbrido,
com fibras de vidro (camadas vermelhas) e fibras de kevlar (camadas azuis).

Para o LFV, por possuir apenas camadas de tecido de fibra de vidro, o


percentual da espessura de cada uma das camadas foi de 9,09%. Porém, o LHKV, as
oito camadas de TFV tiveram um percentual de 5% cada, e as três camadas de THKV
23

possuíram 20% da espessura para cada um dos tecidos, conforme descrito no


trabalho de Cunha (2020).

Figura 3.5 - Empilhamento das camadas dos compósitos na entrada de dados do Marc™:
a) LFV; b) LHKV

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Na simulação numérica dos CPs fabricados do laminado de fibra de vidro,


foram considerados dois modelos de comportamento do laminado. Primeiramente, foi
considerando o laminado como sendo um material composto por onze camadas com
comportamento ortotrópico, uma vez que as camadas de fibra de vidro foram assim
modeladas. Contudo, com o intuito de simplificar as simulações, considerando
também as poucas propriedades mecânicas obtidas experimentalmente, também se
simulou esse laminado como sendo uma placa isotrópica com uma espessura de
2,4 mm. Os resultados desses dois diferentes modelos e suas considerações são
apresentados no Capítulo seguinte.

O comportamento mecânico considerado para o laminado híbrido kevlar/vidro


foi de um material ortotrópico, conforme ilustrado no empilhamento da Figura 3.5. Mas,
tendo em vista que os resultados experimentais obtidos por Cunha (2020)
representaram o comportamento global deste laminado (Tabela 3.1), para se obter as
propriedades mecânicas das três camadas de tecido de kevlar, foi necessário
executar inúmeras simulações numéricas do ensaio de flexão com o CP sem furo.

Partindo, então, das propriedades mecânicas definidas para o laminado de


tecido híbrido (Tabela 3.1) e conhecendo as propriedades mecânicas das camadas
24

de tecido de vidro, procurou-se obter estimativas do comportamento da camada de


tecido kevlar. Essas estimativas foram feitas com a utilização de dados experimentais
para o tecido kevlar encontrados na literatura (DANIEL, 2006), combinando-as com
inúmeras simulações do ensaio de flexão de quatro pontos em amostras do laminado
híbrido sem furo. Após a obtenção de dados consistentes para o comportamento deste
laminado híbrido, definiram-se os dados de entrada para as propriedades mecânicas
do tecido kevlar. Esses dados trabalhados/estimados também estão apresentados no
Capítulo de Resultados.

Tomando como base as dimensões dos corpos de provas a serem simulados,


assim como das geometrias e características do ensaio mecânico de flexão em quatro
pontos (Figuras 3.1 e 3.3), deu-se início à modelagem dos CPs no pré-processador
do programa de elementos fintos Marc™ (2020).

Inicialmente, foram adicionados pontos quer serviram para limitar as arestas


do modelo numérico. Em seguida, foram desenhados linhas ligando esses pontos,
realizando assim os contornos da geometria das amostras dos laminados. Na
Figura 3.6 é ilustrado esses pontos e linhas utilizando na definição CPs com e sem
furo a serem simulados.

Figura 3.6 - Contornos geométricos dos corpos de provas no Marc™:


a) sem descontinuidade geométrica; b) com furo central.

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Após a elaboração das linhas geométricas das amostras a serem simuladas,


efetuou-se a discretização das malhas. A Figura 3.7 apresenta as duas malhas
25

produzidas através do modo automático para a simulação dos CPs com e sem furo.
Tendo em vista que estas análises numéricas consideraram um comportamento linear
elástico dos dois compósitos, não houve a necessidade da realização de teste de
malha.

Figura 3.7 - Malhas dos corpos de provas no Marc™: a) sem descontinuidade geométrica;
b) com descontinuidade geométrica

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Por fim, ao introduzir a espessura aos laminados, tornando a simulação uma


análise de um problema tridimensional (3D), discretizou-se o modelo na direção da
espessura (direção z) com quatro elementos, conforme mostrado na Figura 3.8, para
que o programa realizasse interações entre os elementos e nós também ao longo da
espessura, e não apenas no plano dos eixos X e Y.

Essa discretização foi importante tendo em vista que estes laminados foram
submetidos ao ensaio de flexão e, neste caso, o campo de tensões e de deformações
não apresentam um comportamento constante na direção dessa espessura, e sem as
interações na direção Z, o resultado numérico não teria o mesmo comportamento do
apresentado no ensaio experimental.

Estas malhas totalizaram um número de 17.600 elementos para o modelo sem


furo, e de 18.304 elementos no modelo com furo. Elas foram usadas tanto para
26

reproduzir o comportamento do LFV, quanto do LHKV, ou seja, para os dois tipos de


laminados.

Figura 3.8 - Exemplificação da espessura dos laminados e dos quatro elementos na


direção Z
Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

3.1 Condições de contorno

Para simulação de um ensaio de flexão de quatro pontos, foi necessário


submeter às amostras às solicitações transversais e às restrições aos deslocamentos
também transversais (direção z), conforme Figura 3.9. Estas cargas e os apoios foram
aplicados nas distâncias definidas na norma ASTM D6272 (2017) e de acordo com os
ensaios realizados por Cunha (2020).

Figura 3.9 - Cargas e restrições aos deslocamentos transversais no modelo numérico

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)


27

Na Tabela 3.3, pode ser observado os valores das cargas externas aplicadas
durante os ensaios experimentais (Cunha, 2020). Sendo: LFV-SF o laminado de fibra
de vidro (11 camadas) sem furo; LFV-CF o laminado de fibra de vidro com furo; LHKV-
SF o laminado híbrido kevlar/vidro sem furo; LHKV-CF o laminado híbrido kevlar/vidro
com furo; LHKV-77 o laminado híbrido kevlar/vidro pós-impacto de 77 J; e, LHKV-101
o laminado híbrido kevlar/vidro pós-impacto de 101 J.

Tabela 3.3 - Valores das cargas externas aplicadas nos ensaios de flexão
Laminado Força [N]
LFV-SF 219,20
LFV-CF 360,61
LHKV-SF 1.660,23
LHKV-CF 1.860,77
LHKV-77 1.414,30
LHKV-101 1.506,10
Fonte: Cunha (2020)

Na superfície inferior dos CPs, foram aplicadas as restrições dos apoios,


representado o comportamento das amostras em um ensaio experimental real. Para
garantir a restrição ao deslocamento de corpo rígido na simulação, quatro nós tiveram
a imposição de restrições aos deslocamentos nas direções x e y (Figura 3.10). Por
conveniência, os nós selecionados foram nós na linha isométrica central da
espessura, na mesma linha de aplicação das restrições dos apoios.

Figura 3.10 - Exemplificação dos locais de aplicação das restrições dos apoios na
modelagem computacional
Fonte: Elaborado pelo autor (2022)
28

3.2 Modelo Pós-Impacto

Para a modelagem dos laminados submetidos ao ensaio de flexão pós-impacto,


houve uma diferença na implementação do conjunto de propriedades mecânicas
desses compósitos. Tendo em vista que o ensaio de impacto realizado com
impactador de ponta semiesférica com diâmetro de 16 mm, produziu um furo central
com um diâmetro em torno de 16 mm e que esse ensaio causou um dano no material
ao redor desse furo. No presente trabalho, optou-se por reduzir o módulo de
elasticidade da região ao redor do furo com o intuito de representar os efeitos do dano
nessa mesma região. Destaca-se, também, que esse dano e sua extensão
dependeram da energia de impacto utilizada no ensaio.

Por isso, foi proposto a inclusão de três regiões em torno do furo de impacto na
modelagem dos compósitos. A primeira sendo uma região entre o furo e um círculo
com diâmetro de 36 mm, representando a área mais próxima do impacto com maior
nível de dano. A segunda região representada por um anel com diâmetro interno de
36 mm e externo de 76 mm, representou uma área com um dano menor que a
primeira. Por fim, uma terceira região entre o círculo de 76 mm de diâmetro e o
restante do CP que seria uma região livre do dano provocado pelo impactador,
denominada de região sem impacto para o decorrente trabalho.

Na Figura 3.11, é ilustrado como ficou a discretização dos modelos dos CPs
para a simulação das amostras de tecido híbrido kevlar/vidro pós-impacto. A primeira
região ao redor furo, com 36 mm, recebeu uma malha mais refinada em razão da
descontinuidade geométrica, ou seja, uma região de concentração de tensões. A
segunda região foi definida através da seleção de elementos que estariam dentro do
anel com diâmetro interno de 36 mm e externo de 76 mm. Dessa forma, com a
inclusão dessas três regiões, procurou-se representar a transferência de dano
causada pelo impacto de uma forma simples, porém consistente.

Cunha (2020) realizou o levantamento dos valores das propriedades


mecânicas nas regiões impactadas desses compósitos através de equações
empíricas, que avaliavam a resistência e o módulo residual dos corpos de prova,
retornando valores que pudessem caracterizar a ação da absorção de energia do
impacto pelas fibras e tecido.
29

Figura 3.11- Discretização das regiões de impacto dos laminados pós-impacto

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

A inclusão destas propriedades mecânicas no modelo pós-impacto também


demandou inúmeros testes numéricos com estimativas de diferentes valores para os
módulos de elasticidade E1 e E2 das camadas de kevlar e de vidro nas regiões do
dano. A estimativa e obtenção dos valores das propriedades mecânicas destas
regiões também está no Capítulo de Resultados.

3.3 Captura dos Resultados

Para validação dos resultados numéricos obtidos, foram usados os dados


experimentais obtidos por Cunha (2020). A Figura 3.12 ilustra a saída de dados do
programa em que se pode selecionar os valores da tensão principal na direção
longitudinal (σ11) e os valores da deformação nessa mesma direção longitudinal (ԑ11).

Uma importante observação dessas simulações computacionais dar-se pelo


fato de ter sido optado por uma análise apenas dentro do regime Linear Elástico. Essa
escolha foi feita uma vez que fora da região elástica os compósitos laminados exibem
diversos mecanismos complexos de dano que podem levar à ruptura do material,
incluindo divisão de matriz, ruptura de fibra em tensão e/ou torção e na compressão,
microflambagem e delaminação entre camadas, por exemplo, como descrito por
30

Xu et al. (2019). Tais complexidades não costumam ocorrer dentro da região linear
elástica e também não correspondem aos objetivos deste trabalho de final de curso.

Figura 3.12 - Exemplo de saída de dados do MarcTM

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Com os valores numéricos de tensões (σ11) e deformações (ԑ11) longitudinais,


também se obtiveram os valores numéricos globais para os valores do Módulo de
elasticidade na direção longitudinal (E1). Essa última propriedade mecânica também
foi importante para validar a simulação dos ensaios de flexão de quatro pontos, e
confirmar a consistência dos inúmeros dados estimados para as propriedades
mecânicas, principalmente para as camadas de kevlar.

A seleção dos nós avaliados para saída desses resultados numéricos deu-se
seguindo os locais especificados por Cunha (2020) para a obtenção dos seus
resultados experimentais através da colagem de extensômetros. Na Figura 3.13, é
mostrado os locais dos nós selecionados para cada um dos tipos de corpo de prova
ensaiado, tanto do LFV quanto do LHKV, através dos círculos azuis destacados em
cada um dos casos.
31

Figura 3.13- Localização dos nós analisados ao fim das simulações: a) CP sem furo;
b) CP com furo; c) CP pós-impacto
Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

No ensaio de flexão para as amostras sem furo, capturou-se os dados


numéricos de tensões e deformação no ponto central do CP, na face tracionada do
laminado (Fig. 3.13a). Para o CP com furo central, capturou-se os resultados em uma
direção transversal, com a distância de cerca de um quarto da largura, contabilizando
a partir da borda do laminado (Fig. 3.13b).

Com relação aos laminado pós-impacto, como existe a dificuldade de leitura


em três locais simultâneos pela máquina de ensaio, não foram utilizados
extensômetros. A seleção dos locais deu-se seguindo o padrão de análise dos outros
dois CPs. Assim, conforme Figura 3.13c, foram selecionados nós ao longo de uma
linha transversal ao furo, por serem regiões com maiores solicitações e tensões,
selecionando um nó em cada região impactada (36 mm, 76 mm e sem impacto), para
uma análise separada de cada uma delas.
32

Na Figura 3.14, pode ser visto a exemplificação da colagem dos


extensômetros para a realização do ensaio experimental dos CPs sem furo, realizados
por Cunha (2020), destacando-se as distâncias selecionadas para a fixação do
extensômetros.

Figura 3.14 - Disposição dos extensômetros nos corpos de prova para o ensaio de flexão em
quatro pontos sem furo
Fonte: Cunha (2020)
33

4 Resultados e Discussões

Nessa seção, são apresentados os resultados das simulações das amostras


dos compósitos laminados na reprodução do ensaio de flexão de quatro pontos. Os
valores da tensão longitudinal, identificada na saída do software como σ1 (comp 11 of
stress) e da deformação longitudinal, identificada como ε1, foram destacados para as
análises e comparações com os dados experimentais de Cunha (2020), sendo obtidos
em cada região (nós) descrita no Capítulo anterior.

Os resultados numéricos do comportamento das tensões longitudinais em


função das deformações longitudinais também foram plotados em gráficos e
comparados com resultados produzidos experimentalmente por Cunha (2020).

4.1 LFV – Sem furo

Mostra-se na Figura 4.1 os resultados numéricos para a distribuição do campo


de tensões para a amostra do laminado de fibra de vidro (LFV) sem furo após o ensaio
de flexão. Nessa figura pode ser observado uma vista isométrica do laminado após o
ensaio na face do CP, onde o campo de tensões é de compressão. O ponto vermelho
representa o nó a partir do qual foram obtidos os resultados de tensões e
deformações, como destacado no capítulo passado. É importante destacar que as
tensões normais de flexão predominaram na região entre as cargas (flexão pura),
assim como as maiores deformações normais, que ocorreram no centro do CP, como
era esperado. Essas duas características foram previstas na literatura para ensaios
de flexão de quatro pontos (HIBBELER, 2010).

Na Tabela 4.1, verifica-se os resultados numéricos das tensões, das


deformações e do Módulo de Elasticidade na direção longitudinal (E1) obtidos no
centro do corpo de prova do LFV. Para a determinação desse Módulo de Elasticidade,
utilizou-se a Equação 4.1. Estes resultados foram comparados com os obtidos
experimentalmente por Cunha (2020). Nesta etapa, também se comparou os
resultados numéricos das duas diferentes modelagens adotadas para o LFV sem furo.
Uma considerando o laminado como um material isotrópico e a outra o considerando
como um material ortotrópico.

𝜎1 = 𝐸1 𝜀1 Equação (4.1)
34

Figura 4.1 - Distribuição do campo de tensões para o laminado de fibra de vidro (LFV)
modelado como ortotrópico e sem furo central

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

A partir dos valores da Tabela 4.1, pode ser observado a proximidade dos
valores dos resultados obtidos por Cunha (2020) de forma experimental, e os
resultados obtidos no presente trabalho. Para a tensão longitudinal σ1, os erros
decorrentes dos métodos foram de menos de 1% para ambos os modelos simulados
(material isotrópico e ortotrópico). Para as deformações longitudinais ε1, o erro foi de
cerca de 5,2%, e 9,8% para o modelo isotrópico e ortotrópico, respectivamente. Para
o módulo de elasticidade E1, o erro comparado com o modelo isotrópico ficou um
pouco mais elevado com relação ao erro do modelo ortotrópico, ficando 10,9% e 5,7%,
respectivamente. Ou seja, apesar da configuração ortotrópica de um laminado feita
com um tecido de fibra de vidro, para o caso de uma placa submetida a flexão, foi
possível simulá-lo com um comportamento isotrópico.

Outro ponto importante a ser observado a partir dos resultados da Tabela 4.1
é a questão da similaridade das simulações quando comparados os resultados dos
ensaios com o laminado modelado como isotrópico e ortotrópico. Para todas as
propriedades avaliadas, os erros entre esses dois modelos ficaram abaixo de 5%.
35

Tabela 4.1- Resultados numéricos das simulações e valores experimentais do LFV sem
descontinuidade geométrica

LFV - SF Isotrópico Ortotrópico


σ1 (experimental)* 33,94 MPa
σ1 (numérico) 34,03 MPa 33,86 MPa
Erro 0,27 % 0,22 %
ε1 (experimental)* 1,53x10-3
ε1 (numérico) 1,61x10-3 1,68x10-3
Erro 5,21 % 9,81 %
E1 (experimental)* 19,02 MPa
E1 (numérico) 21,09 MPa 20,11 MPa
Erro 10,87 % 5,71 %
* Valores determinados por Cunha (2020)

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Na Figura 4.2 observa-se a comparação do comportamento dos gráficos de


tensão longitudinal em função da deformação entre a simulação numérica com o
ensaio experimental (Cunha, 2020) para LFV sem furo, considerando os modelos
isotrópico e ortotrópico.

O comportamento dos gráficos dar-se de forma bastante similar, com


inclinações de suas curvas (E1) praticamente paralelas umas com relações as outras.
Porém, deve-se destacar a presença de uma descontinuidade no comportamento
experimental apresentada no início do ensaio. Este comportamento possivelmente é
responsável por parte do erro entre os resultados numéricos e experimentais, e
poderia até causar uma diferença maior entre estes resultados de tensões e de
deformações.

Segundo Johar et al. (2017), o comportamento não linear na análise de tensão


versus deformação, abaixo do limite de proporcionalidade, de um compósito de fibra
de vidro/poliéster resulta em imprecisão nas respostas para simulações. Esta
imprecisão também apareceu nos resultados experimentais de Cunha (2020).
36

Figura 4.2 - Comparação dos gráficos numérico e experimental para o comportamento das
tensões em função das deformações para o LFV sem descontinuidade geométrica
Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

4.2 LHKV – Sem furo

Nas simulações do laminado híbrido composto de fibras de kevlar e de vidro


(LHKV), houve a necessidade de estimar as propriedades numéricas da camada de
fibra de kevlar, conforme descrito no Capítulo anterior. A Tabela 4.2 mostra os dados
estimados para as propriedades mecânicas do LHKV. Tendo em vista que este
laminado híbrido possui três camadas de laminado de fibra de kevlar interpostas entre
oito camadas de laminado de fibra de vidro. Este laminado teve seu comportamento
mecânico foi somente modelando com sendo um material ortotrópico.

Tabela 4.2 - Valores numéricos das propriedades mecânicas utilizados na simulação nos
tecidos híbrido de Kevlar/vidro
Camada de tecido de fibra de kevlar e vidro
E1 7,50 GPa 12 0,60 G12* 5,00 GPa
E2 7,50 GPa 23* 0,05 G23* 1,80 GPa
E3* 6,00 GPa 31* 0,05 G31* 2,20 GPa

* valores estimados e testados numericamente (DANIEL, 2006)


Fonte: Elaborado pelo autor (2022)
37

Na Figura 4.3 é ilustrado a distribuição numérica do campo de tensões para a


amostra do laminado híbrido de Kevlar e vidro (LHKV) sem furo após o ensaio de
flexão. De modo semelhante ao resultado anterior (LFV), essa distribuição das
tensões normais devido a flexão é praticamente invariável ao longo de toda região
central, uma vez que o momento de flexão é constante e a seção transversal das
peças são uniformes. O ponto vermelho representa o nó avaliado, como destacado
no capítulo passado.

Figura 4.3 - Distribuição do campo de tensões para o laminado Híbrido de Kevlar e vidro
(LHKV) sem furo central
Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Mostra-se na Tabela 4.3 os resultados numéricos das tensões, das


deformações e do Módulo de Elasticidade na direção longitudinal (E1) obtidos no
centro do corpo de prova do LHKV. Para a determinação desse Módulo de
Elasticidade, também se utilizou a Equação 4.1. Estes resultados também foram
comparados com os obtidos experimentalmente por Cunha (2020). Os valores
numéricos utilizados foram os valores lidos no nó de referência central deste CP sem
furo, descrito no Capítulo anterior.
38

A partir desses valores, pode ser observado o comportamento global do


modelo numérico deste compósito híbrido começa a distanciar-se dos resultados
experimentais. Para a tensão longitudinal σ1, as diferenças entre os valores das
tensões numéricas com as experimentais continuaram bastantes satisfatórios, com
cerca de 0,57%. Entretanto, para as deformações longitudinais ε1, o erro alcançou
valores de 17,70%. Para o módulo de elasticidade E1, o erro ficou em torno de 7,53%.
Esses erros podem ser explicados pela complexidade existente na obtenção de dados
experimentais para as propriedades mecânicas deste híbrido principalmente para a
camada de fibra de kevlar.

No entanto, mesmo com a dificuldade de alimentar o programa de elementos


finitos com valores mais precisos de propriedades mecânicas deste híbrido, os erros
encontrados se mostram satisfatórios quando tratado de materiais compósitos.
Confirmando a viabilidade do MEF mesmo com a necessidade de utilizar uma grande
quantidade de propriedades mecânicas estimadas.

Tabela 4.3 - Resultados numéricos das simulações e valores experimentais do LHKV sem
descontinuidade geométrica

LHKV – SF Erro
σ1 (numérico) 55,21 MPa
0,57%
σ1 (experimental)* 55,53 MPa
ε1 (numérico) 5,58x10-3
17,70%
ε1 (experimental)* 4,74 x10-3
E1 (numérico) 10,30 MPa
7,53%
E1 (experimental) 9,89 MPa
*Valores determinados por Cunha (2020)
Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Na Figura 4.4 pode ser visto a comparação do comportamento dos gráficos


de tensão longitudinal em função da deformação entre a simulação numérica com o
ensaio experimental de Cunha (2020) para LHKV sem furo. Observa-se que a
inclinação (E1) do modelo numérico é um pouco menor do que o modelo experimental,
e que, com o aumento dos valores de tensões, os gráficos se afastam cada vez mais.
Porém, como observado nos valores da Tabela 4.3, esses erros são valores
39

considerados baixos e bastante aceitáveis para estudos de compósitos, confirmando


a confiabilidade da utilização do MEF para essa situação estudada.

Figura 4.4 - Comparação dos gráficos numérico e experimental para o comportamento das
tensões em função das deformações para o LHKV sem descontinuidade geométrica

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

4.3 LFV e LHKV – Com furo

Pode-se observar nas Figuras 4.5 e 4.6 a distribuição do campo de tensão para
o CP do LFV (Fig.4.5) e do LHKV (Fig. 4.6), ambos com furo.

Na Figura 4.5, observa-se que as tensões nas proximidades do furo têm um


aumento significativo ao longo da seção transversal da amostra. O aumento da tensão
máxima passou de aproximadamente 35 MPa para 105 MPa, nos ensaios sem e com
descontinuidade, respectivamente.

O comportamento do campo de tensões para o LHKV com furo, Figura 4.6, deu-
se de forma equivalente ao modo das tensões do LFV, ou seja, também com um
aumento significativo das tensões nas proximidades do furo, principalmente em uma
linha transversal da descontinuidade geométrica. As tensões máximas retornadas da
simulação passaram de cerca de 59 MPa no caso sem furo para 119 MPa no caso
com furo, confirmando a influência da variação geométrica na distribuição das tensões
internas também para os compósitos, em ambos os tipos de laminados estudados.
40

Figura 4.5 - Distribuição do campo de tensões do LFV com descontinuidade geométrica


Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Figura 4.6 - Distribuição do campo de tensões do LHKV com descontinuidade geométrica

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)


41

A Tabela 4.4 traz os valores dos resultados numéricos do LFV, isotrópico e


ortotrópico, do LHKV, e os valores obtidos experimentalmente por Cunha (2020) para
os ensaios dos laminados com furo. Os valores numéricos utilizados foram os valores
lidos no nó de referência do CP em questão, descrito no Capítulo anterior.

Para o LFV, nota-se que a simulação continua tendo um ótimo comportamento


em relação ao ensaio experimental, tanto para o caso isotrópico quanto para o caso
ortotrópico, assim como ocorreu com o CP de LFV sem descontinuidade geométrica.
Verifica-se que a tensão longitudinal σ1 apresenta erros menores do que 1%. Os
valores de deformações continuam apresentando erros com magnitude entre o
intervalo de 10% e 15%.

Essas diferenças podem ser explicadas devido à complexidade que a


concentração de tensão (furo) acarreta no comportamento dos campos das tensões
nesses laminados, principalmente por causa da influência de diversas características
de construção dos laminados, como citado no Capítulo de Revisão Bibliográfica. Para
melhorar a análise numérica, seria necessário a adição de modelos de dano na
simulação. Além disso, ainda existe o erro da descontinuidade do comportamento
experimental do LFV, como anteriormente discutido. Tudo isso acarreta de forma
acumulativa para o erro deste modelo com furo.

O comportamento do LHKV com furo deu-se de forma similar ao


comportamento do mesmo híbrido sem furo. O comportamento global distanciou-se
do comportamento experimental mais do que o laminado com apenas um tipo de fibra,
pelos mesmos motivos destacados na seção 4.2. Para a tensão longitudinal σ1, o erro
foi bastante satisfatório, com menos de 1%, mas, para as deformações longitudinais
ε1, o erro alcançou valor acima de 18%.

Nas Figuras 4.7 e 4.8, observa-se o comportamento dos gráficos de tensão


longitudinal em função da deformação entre a simulação numérica com o ensaio
experimental (Cunha, 2020) para LFV (Fig. 4.7), isotrópico e ortotrópico, e para o
LHKV (Fig. 4.8). O comportamento destes gráficos apresenta-se de forma bastante
similar, quando comparados com o gráfico experimental de cada situação.
42

Tabela 4.4 - Resultados numéricos das simulações e valores experimentais do LFV e LHKV
com descontinuidade geométrica
LFV - CF LHKV - CF
-
Isotrópico Ortotrópico Ortotrópico
σ1 (experimental)* 62,76 MPa 66,01 MPa
σ1 (numérico) 62,73 MPa 62,63 MPa 65,73 MPa
Erro 0,05% 0,21% 0,42%
ε1 (experimental)* 3,62x10-3 6,16x10-3
ε1 (numérico) 3,12x10-3 3,24x10-3 7,32x10-3
Erro 14,12% 10,53% 18,77%
*Valores determinados por Cunha (2020)
Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Figura 4.7 - Comparação dos gráficos numérico e experimental para o comportamento das
tensões em função das deformações para o LFV com descontinuidade geométrica

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Para o LFV, Figura 4.7, nota-se que o comportamento dos gráficos se dá de


forma semelhante, com inclinações iniciais de suas curvas (E1) praticamente iguais,
até uma tensão de aproximadamente 7 MPa. No intervalo entre 7 MPa e 15 MPa,
observa-se uma alteração na inclinação desta curva no comportamento do compósito
ensaiado por Cunha (2020), ocasionando uma diferença maior entre o comportamento
43

numérico com o experimental. Após esse valor de tensão de 15 MPa, o


comportamento dos três gráficos torna-se novamente paralelo um com relação aos
outros.

Destaca-se também que, novamente, o comportamento do modelo isotrópico é


praticamente similar ao comportamento ortotrópico, confirmando, mais uma vez, a
utilização da simplificação da consideração do comportamento isotrópico na
modelagem, devido ao baixo índice de erro gerado pela utilização dessa hipótese para
este laminado de tecido de fibra de vidro.

Para o LHKV, Figura 4.8, observa-se que os gráficos numérico e experimental


possuem inclinações (E1) próximas. Para baixas tensões, até cerca de 10 MPa, o
comportamento numérico se dá de forma bastante similar ao comportamento
experimental. Acima desse valor, as curvas começam a se distanciar mais, porém
sem irregularidades consideráveis, confirmando a confiabilidade da utilização do
método para o presente estudo.

Figura 4.8 - Comparação dos gráficos numérico e experimental para o comportamento das
tensões em função das deformações para o LHKV com descontinuidade geométrica

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)


44

4.4 LHKV – Pós-impacto

Para as simulações pós-impacto do compósito híbrido, de forma análoga à


modelagem do LHKV, houve a necessidade de estimar as propriedades mecânicas
das regiões impactadas, para representar o efeito da absorção da energia e do dano
nessas regiões do material.

As Tabelas 4.5 e 4.6 mostram os dados estimados para as propriedades


mecânicas do LHKV para as três regiões modeladas representando as regiões com
diferentes influências da energia de impacto, e que foram analisadas.

Tabela 4.5 - Valores numéricos das propriedades mecânicas utilizados na simulação nos
tecidos híbrido de Kevlar/vidro pós-impacto de 77 J

77 J
THKV 36 mm 76 mm Sem impacto
E1 3,80 GPa 5,50 GPa 7,50 GPa
E2 3,80 GPa 5,50 GPa 7,50 GPa
E3 3,00 GPa 4,50 GPa 6,00 GPa
12 0,60 0,60 0,60
23 0,05 0,05 0,05
31 0,05 0,05 0,05
G12 5,00 GPa 5,00 GPa 5,00 GPa
G23 1,80 GPa 1,80 GPa 1,80 GPa
G31 2,20 GPa 2,20 GPa 2,20 GPa
Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Tendo em vista que o laminado híbrido possui camadas de laminado de fibra


de kevlar interpostas entre camadas de laminado de fibra de vidro, seu
comportamento mecânico foi modelado com sendo um material ortotrópico.

A absorção de energia pelo material acarretou em um dano na região próxima


a furo produzindo pelo impacto (CUNHA, 2020), proporcionando comportamentos
diferentes do laminado no ensaio de flexão pós-impacto. Na presente simulação
numérica deste ensaio de flexão pós-impacto, diminuiu-se o módulo de elasticidade
na região do em torno do furo, conforme descrito no Capítulo anterior.
45

Tabela 4.6 - Valores numéricos das propriedades mecânicas utilizados na simulação nos
tecidos híbrido de Kevlar/vidro pós-impacto de 101 J

101 J
THKV 36 mm 76 mm Sem impacto
E1 4,00 GPa 5,00 GPa 7,50 GPa
E2 4,00 GPa 5,00 GPa 7,50 GPa
E3 3,00 GPa 4,00 GPa 6,00 GPa
12 0,60 0,60 0,60
23 0,05 0,05 0,05
31 0,05 0,05 0,05
G12 5,00 GPa 5,00 GPa 5,00 GPa
G23 1,80 GPa 1,80 GPa 1,80 GPa
G31 2,20 GPa 2,20 GPa 2,20 GPa
Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Numericamente, com a mudança do E1, as tensões também variaram,


aumentando de forma progressiva para cada uma dessas regiões, acompanhando a
distância em relação ao furo, como pode ser observado nas Figuras 4.9 e 4.10. Os
pontos vermelhos representam os nós avaliados, como destacado no capítulo
passado.

Figura 4.9 - Distribuição do campo de tensões para os laminados submetidos à


impacto de baixa velocidade de 77 J
Fonte: Elaborado pelo autor (2022)
46

Figura 4.10 - Distribuição do campo de tensões para os laminados submetidos à


impacto de baixa velocidade de 101 J
Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

A Tabela 4.7 traz os valores dos resultados numéricos do LHKV pós-impacto


com energias de 77 J e 101 J, assim como os valores obtidos experimentalmente por
Cunha (2020), mostrando-se o erro relativo da comparação entre esses resultados
obtidos. Os valores numéricos utilizados foram os valores lidos nos nós de referência
do CP em questão, descrito no Capítulo anterior.

Tabela 4.7 - Resultados numéricos das simulações e valores experimentais do LHKV pós-
impacto de 77 J e 101 J
77 J
- 36 mm 76 mm sem impacto
σ1 (numérico) 41,26 MPa 51,44 MPa 69,06 MPa
σ1 (experimental)* 42,05 MPa 50,13 MPa 68,00 MPa
Erro 1,89% 2,63% 1,55%
101 J
- 36 mm 76 mm sem impacto
σ1 (numérico) 51,55 MPa 57,37 MPa 85,20 MPa
σ1 (experimental)* 50,92 MPa 56,52 MPa 83,65 MPa
Erro 1,24% 1,50% 1,86%
Fonte: Elaborado pelo autor (2022)
47

Outro ponto que pode ser observado com o baixo percentual dos erros é a
questão da aproximação para representar os efeitos do impacto com a variação
apenas do módulo de elasticidade (E1 e E2), que se deu de forma bastante satisfatória,
tornando-se uma alternativa simplificada para estudos que necessitem levar em
consideração os danos residuais provenientes de impactos.

As Figuras 4.11 e 4.12 mostram o comportamento dos gráficos de tensão


longitudinal versus deformação entre a simulação numérica para as três regiões
modeladas com diferentes rigidezes com os resultados obtidos experimentalmente por
Cunha (2020) para LHKV de 77 J e para o LHKV de 101 J. O comportamento destes
gráficos apresenta-se de forma bastante similar, quando comparados com o gráfico
experimental de cada situação.

Para o LHKV de 77 J, Figura 4.11, nota-se que o comportamento dos gráficos


se mostra semelhante, com inclinações iniciais de suas curvas (E1) praticamente
iguais para as três regiões avaliadas, até uma deformação de aproximadamente
0,14 %. No intervalo entre 0,14 % e 0,20 %, observa-se uma não linearidade no
comportamento experimental do compósito ensaiado (Cunha, 2020), com uma queda
brusca e logo em seguida uma subida. Porém, tal divergência do comportamento dos
métodos numéricos e o experimental não acarretaram erros significativos finais, como
já explicitados.

Dentre as três regiões modeladas com diferentes rigidezes, a região mais


próxima ao furo, dentro de um diâmetro de 36 mm, foi a que possuiu melhor
comportamento comparado com o ensaio experimental, indicando que as
propriedades especificadas na entrada de dados do software possivelmente foram as
mais próximas da realidade, diferente do ocorrido nas outras regiões, uma vez que o
decaimento das propriedades mecânicas do compósito não varia de forma linear com
o aumento da distância, dificultando a previsão do comportamento dessas
propriedades estimadas.

Para o LHKV de 101 J, Figura 4.12, é observado que o comportamento dos


gráficos também se deu de forma semelhante, com módulos de elasticidade (E1)
próximos entre os valores experimentais e numéricos para as regiões avaliadas. Na
região de deformação entre 0,12 % e 0,24% para a região considerada sem danos
devido ao impacto, novamente se observa uma não linearidade no comportamento do
48

compósito ensaiado por Cunha (2020), com uma queda brusca e logo em seguida
uma subida acentuada. Porém, de maneira similar ao caso anterior, tal divergência do
comportamento entre os resultados numéricos e o experimental não acarretou erros
significativos. O comportamento similar entre os gráficos em praticamente toda a
extensão das curvas de tensões em função das deformações mostra a eficiência do
modelo com diferentes rigidezes adotado nas simulações via MEF.

Novamente, dentre as três regiões com diferentes rigidezes do ensaio


numérico, a mais próxima ao furo, ou seja, dentro de um diâmetro de 36 mm, foi a que
possuiu melhor comportamento comparado com os resultados do ensaio
experimental. Possivelmente, significando que as propriedades selecionadas na
alimentação do software foram as mais ideais. Porém, mesmo com essas dificuldades,
os valores de erros encontrados para as duas situações foram baixos, confirmando a
confiabilidade da utilização do método para a presente análise.

Figura 4.11 - Comparação dos gráficos numérico e experimental para o comportamento das
tensões em função das deformações para o LHKV pós-impacto de 77 J

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)


49

Figura 4.12 - Comparação dos gráficos numérico e experimental para o comportamento das
tensões em função das deformações para o LHKV pós-impacto de 101 J

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)


50

5 Conclusões

Analisando os resultados, concluiu-se que a modelagem computacional do


MEF dos compósitos laminado LFV e do híbrido LHKV abordada nesse trabalho foi
eficaz na simulação de ensaios de flexões de quatro pontos. Tendo em vistas os
valores de erros encontrados quando comparados com valores obtidos
experimentalmente por Cunha (2020), o método utilizado torna-se uma saída prática
e eficiente para estudos do comportamento desses compósitos.

Para os tipos de compósitos simulados, os modelos representando o LFV


obtiveram resultados com percentual mais próximo dos ensaios experimentais que os
modelos representando os LHKV. Isso pode ser explicado devido à maior
complexidade na estrutura interna dos compósitos híbridos ao associar mais de um
tipo de fibra, como diferentes respostas na interação fibras-matriz. Estas
complexidades foram simplificadas na modelagem proposta, a fim de simplificar as
análises. Além disso, a necessidade de se estimar as propriedades mecânicas da
camada de kevlar do compósito híbrido também influenciou em seus resultados.

Os modelos sem descontinuidades geométricas apresentaram resultados


com percentual mais próximo dos ensaios experimentais que os modelos de CPs com
furo, principalmente para o LHKV, como era esperado. Isso pode ser explicado pela
dificuldade de representar de forma eficiente o campo de tensões na região em volta
do furo, pela não uniformidade do comportamento destas tensões. Essa dificuldade
de representação aumenta quando é associado as complexidades de interação entre
camadas de matérias diferentes, como no caso do LHKV e explicado anteriormente,
contribuindo para um maior valor do erro.

Para todos os modelos de LFV com e sem furo, que foram simulados como
isotrópico e ortotrópico, pode ser observado a similaridade dos resultados. Esse
resultado valida e justifica a possibilidade da utilização desta hipótese de tratar os
modelos de placas feitas de um único tecido como isotrópicos, para diminuição da
complexidade na representação dos materiais, com baixo ganho de percentual de
erro.

Quando comparados as simulações dos dois tipos de CPs, com e sem furo de
um mesmo laminado, os resultados numéricos mostraram valores maiores tanto de
51

tensão longitudinal (σ1) quanto de deformação longitudinal (ε1), para ambos os


compósitos, confirmando a influência que a variação geométrica proporciona na
distribuição de tensão interna do material, previstas em literaturas, provocando pontos
de concentração de tensão.

A simulação do laminado híbrido no ensaio de flexão pós-impacto foi


satisfatória quando comparada com os resultados dos ensaios experimentais, com
valores de erros aceitáveis. A diminuição da rigidez, ou seja, do módulo de
elasticidade, na região do dano provocada pelo impacto representou de forma
eficiente e consistente os danos residuais do material devido a este impacto. Além
dos bons resultados apresentados, este modelo numérico adotado para representar a
região de um compósito pós-impacto tem o potencial de ser adotado para simular o
comportamento destes compósitos em simulações de situações reais de impacto
nestas estruturas.
52

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