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Prof. Cristiano Chaves de Farias
Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado da Bahia
Professor de Direito Civil do CERS

POSSE E PROPRIEDADE

1. A posse e sua conceituação

Exercício de um dos poderes do domínio.

Distinções entre posse, domínio e propriedade.

Art. 1.196, CC: “Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos po-
deres inerentes à propriedade.”

Posse, na visão contemporânea da teoria objetiva, não é, necessariamente, apreensão física, mas poder físico
sobre a coisa (STJ, REsp. 1.158.992/MG).

Aplicação prática:

1. (TRF-5ª, 09) “A posse é situação de fato protegida pelo Direito, tendo-se por adquirida desde o momento em que
se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualqeur dos poderes inerentes à propriedade, de forma que
não há como adquiri-la por intermédio de representante”.

A mera detenção.
Exemplos: fâmulo da posse, atos de mera tolerância, posse violenta ou clandestina antes do convalescimento e
bem público de uso comum ou especial (STJ, REsp. 1.003.708/PR)
A ocupação irregular de áreas públicas não induz posse – (STJ, REsp. 556.721/DF).
O detentor não tem direito ao usucapião e nem a indenização por benfeitorias ou acessões (STJ, REsp.
1.183.266/PR).
A possibilidade de conversão da detenção em posse quando rompida a relação jurídica originária (Jornada 301).

Interversão da posse (convalescimento).

Art. 1.198, CC: “Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, con-
serva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e
à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário.”

Art. 1.208, CC: “Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua
aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.”

Aplicação prática

2. (TRF – 5ª, 12) “Segundo a jurisprudência do STJ, não é possível a posse de bem público, consittuindo a sua
ocupação sem aquiescência formal do titular do domínio, um caso de mera detenção de natureza precária. Apesar
disso, resguarda-se o direito de retenção por benfeitorias em caso de boa fé do ocupante”.

3. (DelPolCivil/PA) Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro,
conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas, sendo impossível a conversão
da detenção em posse.

4. (DelPolCivilGO) Determinado empregador cedeu bem imóvel de sua propriedade a seu empregado, em razão
de relação de confiança decorrente de contrato de trabalho. Nesse caso, ainda que desfeito o vínculo trabalhista, é
juridicamente impossível a conversão da detenção do empregado em posse.

5. (DelPolCIvil/PA) O locatário exerce detenção, não posse, do bem alugado.

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6. (TRF – 3ª Região) Respeitante às figuras do possuidor e do detentor, assinale a afirmativa correta:

A) A teoria subjetiva da posse não atribui aos detentores qualquer proteção possessória, ao contrário da objetiva,
a qual, segundo nosso ordenamento, os considera como possuidores, podendo se utilizar de todos os interditos de
defesa, em nome próprio, como se titulares fossem;
B) O Código Civil trata da figura do detentor como aquele que se encontra em relação de dependência para com o
titular da posse, impossibilitando-o de favorecer-se, inexoravelmente, do instituto da prescrição aquisitiva;
C) O Código Civil admite que o detentor venha a adquirir propriedade imóvel por usucapião quando seu exercício
se transmudar de detenção para posse;
D) O direito de retenção por benfeitorias realizadas no bem imóvel favorece tanto o possuidor quanto o detentor;
E) Quando o detentor for acionado judicialmente em ação reivindicatória, deverá, obrigatoriamente, denunciar à lide
o proprietário ou o possuidor.

2. Objeto da posse.

A questão do direito autoral.


Descabimento de tutela possessória para a defesa de bens incorpóreos.
Inadmissibilidade de usucapião. A exceção da STJ 193.

STJ 228: “ É inadmissível o interdito proibitório para a proteção do direito autoral.”

STJ 193: “O direito de uso de linha telefônica pode ser adquirido por usucapião.”

3. Composse.

Exercício simultâneo da posse por duas ou mais pessoas.


Indivisibilidade da coisa e pluralidade de sujeitos.
Todos têm a posse e podem defender a coisa, no todo, independente da fração ideal, em relação a terceiros. Podem
também defender a coisa um contra o outro (STJ, REsp. 537.363/RS).

Inadmissibilidade de usucapião de coisa em composse (exceção: posse estabelecida com exclusividade – STJ,
REsp. 10.978/RJ).

Efeito jurídico processual –


Excepcional necessidade de outorga do cônjuge (diferença das ações reais imobiliárias).

Aplicação prática

7. (TRF 5ª) “Considere que dois irmãos tenham a posse de uma fazenda e que ambos a exerçam sobre todo o
imóvel, nele produzindo hortaliças. Nesse caso, há denominada composse pro diviso”.

8. (TJ/RS) Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, pode cada uma exercer sobre ela atos possessórios,
contanto que não excluam os dos outros como possuidores.

4. A função social da posse (fundamento constitucional – art. 5º, XII e XXIII).

Teoria sociológica da posse (HERNÁNDEZ GIL).


Substitutividade da função social da propriedade.
Aplicação: STJ 84 e 239 e CC 1.210, § 2º, 1.238, Parágrafo Único, 1.242,
Parágrafo Único e 1.228, §§4º e 5º.

STJ 239: “O direito à adjudicação compulsória não se condiciona ao registro do compromisso de compra e venda
no cartório de imóveis.”

STJ 84: “É admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de posse advinda de compromisso
de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido do registro.”

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Art. 1.210, §2º, CC: “Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro
direito sobre a coisa.”

A desapropriação judicial inidreta (desapropriação privada).


i) Jornada 82: é constitucional
ii) Fundamento: função social da propriedade (tanto que a Jornada 307 permite chamamento do Poder Público para
exigir licenciamento ambiental e urbanístico)
iii) Legitimidade do Ministério Público (Jornada 305), quando houver interesse público
iv) Indenização: somente suportável pelo Poder Público no âmbito de políticas urbanísticas (Jornada 308 e 84)
v) Indenização: não tem como critério valorativo necessariamente a avaliação técnica (Jornada 240)
vi) Indenização tem de ser exigida no prazo prescricional para exigibilidade do crédito correspondente, sob pena de
registro sem pagamento (Jornada 311)
vii) Registro depende do pagamento da indenização (Jornada 241)
viii) Aplicabilidade aos bens públicos dominicais (Jornada 304)

Jornada 304: “São aplicáveis as disposições dos §§ 4º e 5º do art. 1.228 do Código Civil às ações reivindicatórias
relativas a bens públicos dominicais, mantido, parcialmente, o Enunciado 83 da I Jornada de Direito Civil, no que
concerne às demais classificações dos bens públicos.”

Jornada 305: “Tendo em vista as disposições dos §§ 3º e 4º do art. 1.228 do Código Civil, o Ministério Público tem
o poder-dever de atuação nas hipóteses de desapropriação, inclusive a indireta, que envolvam relevante interesse
público, determinado pela natureza dos bens jurídicos envolvidos.”

Jornada 308: “A justa indenização devida ao proprietário em caso de desapropriação judicial (art. 1.228, § 5°) so-
mente deverá ser suportada pela Administração Pública no contexto das políticas públicas de reforma urbana ou
agrária, em se tratando de possuidores de baixa renda e desde que tenha havido intervenção daquela nos termos
da lei processual. Não sendo os possuidores de baixa renda, aplica-se a orientação do Enunciado 84 da I Jornada
de Direito Civil.”

Jornada 311: “Caso não seja pago o preço fixado para a desapropriação judicial, e ultrapassado o prazo prescricio-
nal para se exigir o crédito correspondente, estará autorizada a expedição de mandado para registro da propriedade
em favor dos possuidores.”

Art. 1.228, CC:


“§ 4º O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse
ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem reali-
zado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico
relevante.
§ 5º No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá
a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.”

Desapropriação judicial indireta Usucapião especial urbano coletivo (ECid., 10-


(CC 1.228, §§4º e 5º) 12)
Extensa área, em imóvel urbano ou rural Urbano urbano, não superior a 250 metros
quadrados
Prazo de 5 anos Prazo de 5 anos
Considerável número de pessoas População de baixa renda, em composse
Posse de boa fé Posse de boa ou de má fé
Obras e serviços relevantes considerados pelo Finalidade de moradia
juiz
Pagamento de indenização Sem contraprestação
Alegação em ação autônoma ou em matéria Alegação em ação autônoma ou em matéria
de defesa de defesa

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Aplicação prática

9. (TRF-2ª) “A desapropriação sanção, aplicada à propriedade urbana que não cumpra sua função social, tem por
finalidade transferir permanentemente o imóvel ao poder público”.

10. (TRF – 5ª Região) O Código Civil de 2002 introduziu instituto jurídico inédito ao prever que o proprietário poderá
ser privado de coisa imóvel, desde que constitua área extensa e esteja na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais
de cinco anos, de considerável número de pessoas que tenham nela realizado obras e serviços considerados pelo
juiz de relevante interesse social e econômico.

5. Classificação da posse.

5.1. Posse direta e indireta

Art. 1.197, CC: “A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito
pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse
contra o indireto.”

A questão do usucapião na posse direta. Impossibilidade, como regra. Possibilidade como exceção, se rompida a
relação jurídica base.

Possibilidade do possuidor indireto ceder a terceiro o seu direito de


reclamar a retomada da posse da coisa (STJ, REsp. 881.270/RS).

11. (DelPolCivil/CE) Opossuidor direto não tem proteção possessória contra o possuidor indireto.

12. (DelPolCIvil/PA) A posse direta anula a indireta de quem foi havida.

5.2. Posse justa e injusta (a interversão da posse).

Jornada 237. Possibilidade de convalescimento e posterior aquisição por usucapião (STJ, REsp. 143.976/GO).

5.3. Posse de boa-fé e de má-fé

13. (DelPolCívil/PA) Sobre a posse, é correto afirmar que:

- Considera-se de boa-fé a posse que não for violenta, clandestina ou precária.


- Aposse injusta pode ser de boa-fé.

14. (TRF – 5ª Região) A posse injusta impede que seja exercido o direito de retenção sobre a coisa, tal como ocorre
com o possuidor de má-fé, a quem são ressarcidas apenas as benfeitorias necessárias e é negado o exercício do
referido direito.

15. (DelPolCivil/DFT) Mateus, proprietário de uma casa situada no Lago Sul, Brasília-DF, resolveu, por motivos
religiosos, abandonar seu imóvel residencial em junho de 2010. Renata e Luís, casados entre si, agindo de má-fé e
sabedores de que Mateus viajara para o estrangeiro, sem data de retorno, passaram a viver na casa, tendo, inclu-
sive, construído uma vistosa piscina no espaçoso quintal da residência. Em junho de 2011, em decorrência de uma
forte tempestade de granizo, todo o teto da casa foi destruído, o que motivou, em julho do mesmo ano, a saída do
casal invasor. Desde então, o imóvel está abandonado e desocupado, bem como nunca mais foram pagos quaisquer
tributos a ele relacionados.

Em relação a essa situação hipotética, assinale a alternativa correta.

A) No momento em que passaram a habitar o imóvel, Renata e Luís não poderiam, em nenhuma hipótese, exercer
sobre o bem atos possessórios individualmente.
B) O direito brasileiro não admite o desdobramento sucessivo da posse, nesse caso.

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C) Renata e Luís responderiam pela deterioração da casa, caso demandados por Mateus à época de ocupação da
residência, ainda que conseguissem provar a inevitabilidade do dano, isto é, que a destruição do telhado teria ocor-
rido mesmo se o imóvel estivesse na posse de Mateus, em razão da tempestade de granizo.
D) Caso houvessem sido oportunamente demandados em ação possessória, a Renata e Luís socorreria o direito
de ressarcimento pela piscina construída no imóvel.
E) Na hipótese de o imóvel haver sido arrecadado como bem vago em agosto de 2011, a propriedade desse imóvel,
transcorrido o prazo legal, poderá ser transmitida ao Distrito Federal, observado o devido processo legal, em que
seja assegurado ao interessado demonstrar a não cessação da posse.

16. (DPF) Como causa de perda de propriedade de bem móvel, o abandono pode ser presumido, desde que pre-
sente a intenção do proprietário; como causa de perda de propriedade de imóvel, será o abandono absolutamente
presumido ante o inadimplemento de ônus fiscais, depois de cessados os atos de posse.

5.4. Posse natural e posse civil (o constituto possessório).

Possibilidade de manejo de ação possessória pelo adquirente da posse por meio de constituto possessório (STJ,
REsp. 1.158.992/MG).

Aplicação prática

17. (TRF-5ª) “Na aquisição da posse natural, não há lugar para a verificação da presença das regras aplicáveis à
teoria dos negócios jurídicos”.

6. A responsabilidade civil do possuidor.


Regra de responsabilidade subjetiva para o possuidor de boa-fé.
Regra de responsabilidade objetiva com risco integral para o possuidor de má-fé.

Art. 1.217, CC: “O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa.

Art. 1.218, CC: “O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo
se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante”.

7. Regime jurídico dos frutos.


O possuidor de boa-fé e o direito à percepção de frutos. Exceção.
O possuidor de má-fé e a ausência de direito à percepção de frutos. Exceção.
Possibilidade de compensação.

Art. 1.214, CC: “O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas
as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação.”

Art. 1.215, CC: “Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são separados; os civis
reputam-se percebidos dia por dia”.

Art. 1.216, CC: “O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que,
por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da
produção e custeio.”

8. Regime jurídico das benfeitorias.


Distinção entre benfeitorias e acessões humanas. Critérios determinativos.
O direito às benfeitorias e os seus diferentes tipos.
Regra geral:

Possuidor de boa-fé Possuidor de má-fé


Benfeitorias necessárias Indenização + direito de reten- Indenização, sem retenção
ção

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Benfeitorias úteis Indenização + direito de reten- Sem indenização e sem reten-
ção ção
Benfeitorias voluptuárias Direito de levantamento (reti- Sem qualquer direito
(suntuárias) rada)

Exceções (locação de imóveis urbanos – Lei nº8.245/91, art. 35; comodato – CC 584 e desapropriação – Decreto-
lei nº3.365/41, art. 26).
Os embargos de retenção e o entendimento do STJ de que a pretensão ao direito de retenção por benfeitorias deve
ser exercida na contestação ou petição inicial (STJ, REsp. 1.278.094/MG).
Retenção pode ser dirigida contra o proprietário ou contra um possuidor do bem (STJ, REsp. 345.463/DF).

18. (DelPolCivil/PA) Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias, não lhe assis-
tindo o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias.

19. (DelPolCivilGO) Determinado indivíduo realizou, de boa-fé, construção em terreno que pertencia a seu vizinho.
O valor da construção excede consideravelmente o valor do terreno. Nessa situação, não havendo acordo, o indiví-
duo que realizou a construção adquirirá a propriedade do solo mediante pagamento da indenização fixada pelo juiz.

9. A proteção penal possessória: o desforço incontinenti ou desforço imediato (a legítima defesa da posse)
Autotutela da posse (exceção ao monopólio da Jurisdição).
Hipótese de interpretação restritiva.
Exigência dos requisitos da legítima defesa do Direito Penal: atualidade ou iminência, moderação no uso dos meios
necessários...

Art. 1.210, §1º, CC: “O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força,
contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou
restituição da posse.”

Admissibilidade de defesa penal da posse pelo mero detentor (Jornada 493).


Exigibilidade de que a atuação de mãos próprias seja de logo (interpretação restritiva). Não sendo REAÇÃO IME-
DIATA, necessária a propositura de ação (Jornada 495).
Possibilidade de auxílio por terceiros (empregados, v.g.).
Abuso do direito (excesso culposo) e responsabilidade objetiva de quem exerceu a legítima defesa da posse.

20. (DelPolCivil/CE) em razão da vedação à autotutela, o possuidor esbulhado não pode adotar medidas imediatas,
por sua própria força, para recuperar a posse.

- O detentor possui proteção possessória equivalente à do possuidor.

21. (DelPolCIvil/SP) Os direitos do detentor equivalem aos direitos do possuidor, havendo legítima pretensão à
proteção possessória.

- Admite-se que o possuidor turbado ou esbulhado proteja sua posse por força própria, desde que a reação seja
imediata e não exceda o indispensável.

10. A proteção civil possessória (os interditos possessórios)

a) Tutela jurisdicional da posse: a defesa da posse e o procedimento especial de jurisdição contenciosa.

Ações possessórias Proteção preventiva e reparatória da posse


Imissão na posse Conferir a posse a quem não a tem fatica-
mente
Ação de dano infecto Proteção de um imóvel contra obra ou reforma
em prédio vizinho que pode lhe causar dano

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Ação de nunciação de obra nova (CPC73, art. Proteção de um prédio para garantir seus di-
934, sem procedimento especial no novo reitos de vizinhança, direitos condominiais e as
CPC) posturas públicas (direito de construir)
Ação de embargos de terceiros (nCPC 674) Proteção do titular contra uma indevida cons-
trição judicial (decisão)

As ações afins, de natureza não possessória. Imissão na posse não é possessória (STJ, REsp. 1.126.065/SP).
Dano infecto. Nunciação de obra nova. Embargos de terceiros.
A liminar nas ações de força nova. A possibilidade de concessão de tutela antecipatória nas ações possessórias de
força velho (Jornada 238 / STJ, REsp.555.027/MG).
Liminar contra a Fazenda Pública e a sua prévia audição. Inaplicabilidade da regra às empresas públicas e socie-
dades de economia mista.

Aplicação prática:

22. (DelPolCivil/SP) Em regra, o possuidor não tem pretensão de reintegração de posse quando o esbulho houver
sido praticado pelo proprietário do bem.

23. (TJ/SP, VUNESP) A via adequada para fazer cessar o esbulho é a ação de manutenção de posse, enquanto
que o remédio para a turbação é a de reintegração de posse, conquanto as ações possessórias sejam fungíveis.

b) A proibição da exceptio domini (Enunciados 78 e 79, Jornada Direito Civil) (nCPC 557/CC 1.210 e STF 487);

STF 487: “Será deferida a posse a quem, evidentemente, tiver o domínio, se com base neste for ela disputada.”

Aplicação prática:

24. (TRF-5ª) “Ao analisar pedido de liminar em ação possessória na qual autor e réu se dizem possuidores, o juiz
deve manter provisoriamente na posse aquele que tiver justo título, ou, caso nenhum deles tenha, aquele que detiver
a coisa”.

25. (DelPolCivilPA) A reintegração de posse não pode ser concedida contra o titular do domínio.
c) Cumulabilidade

Art. 555, nCPC: “É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de: I - condenação em perdas e danos; II -
indenização dos frutos.
Parágrafo único. Pode o autor requerer, ainda, imposição de medida necessária e adequada para: I - evitar nova
turbação ou esbulho; II - cumprir-se a tutela provisória ou final.”

d) Natureza dúplice e a questão da reconvenção. Actio duplex. Necessidade de pedido pelo réu para convalidar a
sua posse, pois a mera improcedência do pedido do autor não lhe é suficiente (STJ, RMS 20.626/PR).

Art. 556, nCPC: “É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a proteção
possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor.

e) A fungibilidade

Art. 554, nCPC: “A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do
pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos estejam provados.”

f) Intervenção do Ministério Público

Art. 178, nCPC

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GABARITO:
1 – FALSO 11 – FALSO 21 – F / V
2 – FALSO 12 – FALSO 22 – FALSO
3 – FALSO 13 – F / V 23 – FALSO
4 – FALSO 14 – FALSO 24 – FALSO
5 – FALSO 15 – E 25 – FALSO
6–C 16 – VERDADEIRO
7– 17 – VERDADEIRO
8 – VERDADEIRO 18 – VERDADEIRO
9 – FALSO 19 – VERDADEIRO
10 – VERDADEIRO 20 – F / F

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