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Sumário
Olá pessoal.
Sou Luiz Roberto Missagia, e hoje, como complemento à aula sobre Valoração
Aduaneira, vamos fa lar sobre a " Legislação Aduanei ra aplicável ao Mercosul " .
Acreditamos que a " Legislação" aqui referida nos editais seja a de valoração
aduaneira, e vocês verão isso no curso no tópico "Valoração Aduaneira no
Mercosul", nessa aula, onde comentamos especificamente a Decisão CMC
(Conselho do Mercado Comum do Mercosul) nº 13/2007.
CAPÍTULO 1
DISPOSIÇÕES GERAIS
ARTIGO 1
A base de cálculo do Imposto de Importação será o valor aduaneiro das
mercadorias importadas, determinado conforme as normas do Acordo sobre a
implementação do Artigo VII do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio 1.994
(GATT), assim como as demais disposições relacionadas com o mesmo e procedentes do
ordenamento jurídico do MERCOSUL.
ARTIGO 2
O valor aduaneiro das mercadorias importadas será a base para a aplicação da
Tarifa Externa Comum.
Esses 2 artigos são fundamenta is e já foram objeto de prova. O que está escrito
no primeiro, em outras palavras, é que o Mercosul seguirá integralmente o
Acordo de Valoração Aduaneira (AVA) da OMC pa ra apurar a base de
cá lcu lo do imposto de importação. Para aplicar a alíquota do II prevista na TEC
(Ta rifa Externa Comum) uti liza-se como base de cálcu lo o valor aduaneiro. E
como se apura o valor aduaneiro? Utilizando-se as regras do AVA.
ARTIGO 3
O disposto nesta Decisão se aplica a todas as mercadorias importadas pelos
Estados Partes, introduzidas a qualquer título no território aduaneiro do MERCOSUL.
ARTIGO 4
Esta norma instituiu uma DVA (Declaração de Valor Aduaneiro), que, quando
for cabível, integrará a declaração de importação.
CAPÍTULO 2
DETERMINAÇÃO DO VALOR ADUANEIRO
ARTIGO 5
Ao valor aduaneiro serão incluídos os seguintes elementos:
a) os gastos de transporte das mercadorias importadas até o porto ou lugar de
importação;
b) os gastos com carga, descarga e manuseio, ocasionados pelo transporte das
mercadorias importadas até o porto ou lugar de importação;
c) o custo do seguro das mercadorias.
ARTIGO 6
O porto ou lugar de importação de que trata o Artigo 5 é o ponto de introdução das
mercadorias no território aduaneiro do MERCOSUL.
ARTIGO 7
Não integram o valor aduaneiro da mercadoria importada, sempre que se
destaquem do preço efeti vamente pago ou a pagar:
a) os gastos de construção, instalação, montagem, manutenção ou assistência
técnica realizados após a importação, relacionados com as mercadorias importadas, tais
como uma instalação, maquinaria ou equipamento industrial;
b) o custo do transporte após a importação;
c) os direitos e impostos aplicáveis no país de importação.
ARTIGO 8
1. Os juros devidos em virtude de acordo de financiamento contratado pelo comprador e
relativo à compra das mercadorias importadas não serão considerados como parte do
valor aduaneiro, desde que:
a) os juros estiverem destacados do preço efetivamente pago ou a pagar pelas
mercadorias;
ARTIGO 9
De acordo com o disposto no artigo 9 do Acordo de Valoração do GATT de 1994, quando
seja necessária a conversão de valores expressos em moeda estrangeira, a tax a d e
câmbio aplicável será a tax a diária estabelecida p elo banco central ou
autoridade monetária central de cada Es tado Parte, tomando-se a taxa vigente
no fechamento do dia anterior ao da data da numeração do despacho de
importação.
Ora, conforme o RA, art. 97, "para efeito de cálculo do imposto, os valores
expressos em moeda estrangeira deverão ser convertidos em moeda nacional à
taxa de câmbio vigente na data em que se considerar ocorrido o fato
gerador".
Conforme o CTN, art. 143, "salvo disposição de lei em contrário, quando o valor
tributário estej a expresso em moeda estrangeira, no lançamento far-se-á sua
conversão em moeda nacional ao câmbio do dia da ocorrência do fato
gerador da obrigação".
Assim, em nossa legislação pátria, que não foi alterada até o momento
(e não há previsão para tal) , o câmbio deve ser convertido na data da
ocorrência do fato gerador do imposto de importação . E quando há uma
DI de consumo, para efeito de cálculo do valor do II, qual é o FG? O registro da
DI.
A Decisão CMC 13/2007 determinou que a taxa de câmbio aplicável será a
estabelecida pelo banco central. Quanto a isso, não houve inovação em relação
ao AVA. Mas ela detalhou que essa taxa aplicável tomará como base a taxa
vigente do fechamento do dia anterior ao do reg istro da DI.
Então, se a questão vier falando sobre a taxa de câmbio pa ra efeito de cá lcu lo
do II, sem fa lar nada em Mercosul, deve ser seguido o art. 97 do RA, ou seja, é
a taxa vigente na data da ocorrência do FG.
Se a questão explicita r Valoração Aduane ira no Mercosul, deve ser seguida a
literalidade do art. 9 da Decisão CMC 13/2007, ou sej a, uti liza-se a taxa
vigente no fechamento do dia anterior ao da data da numeração do
despacho de importação".
CAPÍTULO 4
CONTROLE DO VALOR DECLARADO
ARTIGO 12
O controle do valor declarado da mercadoria importada poderá ser seletivo
e/ou aleatório.
ARTIGO 13
A seleção para o controle do valor declarado poderá ser realizada no curso do
despacho de importação, segundo critérios estabelecidos pelas autoridades
competentes dos Estados Partes.
Comparando com a Norma anterior (Decisão CMC 17/94), vemos que foi
inserida a possi bi lidade de seleção manual (controle seletivo) de declaração
de importação para efetuar o controle do valor por parte da autoridade
aduaneira.
Outro detalhe: antes, o controle mais "pesado" somente ocorria após a entrega
da mercadoria, portanto após o despacho. Agora, o controle pode se dar
durante o despacho de importação, situação na qual a mercadoria ainda não foi
entregue ao importador.
ARTIGO 14
1. Os Estados Partes que efetuem controle do valor declarado no momento do
despacho das mercadorias poderão realizar exame preliminar ou análise sumária do
mesmo.
2. Durante o exame preliminar poderão ser adotadas as medidas que assegurem os
meios de prova necessários para a correta determinação "a posteriori " do valor
aduaneiro, tais como a retirada de amostras ou consultas periciais.
ARTIGO 16
1. Se no curso da determinação do valor aduaneiro das mercadorias importadas for
necessário retardar a determinação definitiva desse valor, o importador das mercadorias
poderá retirá-las da Aduana se, quando exigido, preste garantia suficiente na forma
de fiança, depósito ou outro meio apropriado que cubra o pagamento dos
direitos e/ou impostos aduaneiros a que possam estar sujeitas as importações para
consumo.
2. Dita garantia será efetuada para a percepção dos direitos e impostos exigíveis
com a posterior determinação do valor aduaneiro e liberada por seu eventual saldo. Em
qualquer caso, a garantia será liberada automaticamente, se, no prazo de até 150 dias
de sua constituição, a autoridade aduaneira não houver decidido sobre a determinação
do valor aduaneiro.
ARTIGO 17
As administrações aduaneiras terão direito a exigir os créditos tributários que surjam
como consequência da fiscalização do valor aduaneiro, dentro dos prazos de prescrição
previstos na legislação de cada Estado Parte.
Sobre o art. 16, consta que as mercadorias poderão ser retiradas, pelo
im portador, enquanto a aduana não decide efetivamente o VA que será
aplicado. Após 150 dias, a garantia terá que ser liberada, mas não quer dizer
que a aduana não possa cobrar. Só não vai mais ter a garantia, ou seja, se a
empresa falir e não tiver dinheiro para pagar tributos, o Estado dançou .
ARTIGO 20
A mercadoria importada que não for selecionada para o controle do valor declarado no
curso do despacho aduaneiro poderá ser submetida a controle de valor na forma e nos
prazos previstos na legislação interna de cada Estado Parte.
ARTIGO 21
Qualquer decisão sobre o valor aduaneiro da mercadoria importada poderá ser revisada
pela administração aduaneira, de acordo com a legislação interna de cada Estado Parte.
CAPÍTULO 5
DECLARAÇÃO DE VALOR ADUANEIRO
ARTIGO 23
1. As administrações aduaneiras dos Estados Partes poderão aprovar norma
específica para incorporar o modelo comum de Declaração do Valor Aduaneiro.
2. Cada Estado Parte poderá determinar em que casos, ou em que momento dever-
se-á exigir a Declaração do Valor Aduaneiro, além de decidir sobre a obrigatoriedade da
inclusão no despacho aduaneiro do mencionado documento.
ARTIGO 24
A apresentação da Declaração do Valor Aduaneiro não exclui a obrigatoriedade do
importador apresentar informação ou documentos adicionais, necessários para o controle
do valor declarado da mercadoria.
ARTIGO 26
Quando se trate de mercadorias submetidas a regime suspensivo, o valor aduaneiro
será determinado mediante a adoção das regras e dos procedimentos estabelecidos
nesta norma, sem prejuízo da determinação do valor aduaneiro que se efetue em caso
de eventual descumprimento do regime ou de seu despacho para consumo.
ARTIGO 30
A legislação dos Estados Partes será de aplicação suplementar, na medida em
que não se oponha à presente norma.
Essa norma, que tem como base os Princípios do AVA, trata dos Princípios e
das fases de controle do valor aduanei ro, a serem seguidas pelas autoridades
aduaneiras, além de procedimentos de fiscal ização.
Vale ressa ltar que, ainda na introdução, a Decisão menciona que "O presente
Manual não substitui, mas sim complementa o Acordo. Não se pode chegar
a qua lquer conclusão definitiva baseada unicamente neste texto. Recomenda-
se às Administrações Aduaneiras a consulta à normativa MERCOSUL e à
legislação nacional de cada Estado Parte, baseadas no Acordo e
ad icionalmente os instrumentos de aplicação referidos nas Decisões do Comitê
de Valoração Aduaneira da OMC, bem como as Opiniões Consultivas,
Comentários, Notas Explicativas, Estudos de Caso e Estudos do Comitê Técnico
de Valoração da OMA" (grifos meus) .
Trata-se de Norma Regional que institui a Leg islação Aduaneira Apl icáve l ao
Mercosul, e como prevê sua introdução, conforme necessidade de harmonização
das legislações aduaneiras dos Estados-Parte de um mercado comum. A
legislação aduaneira do MERCOSUL será aplicada à tota lidade do território dos
Estados Partes, e aos enclaves (?) concedidos a seu favor, e regu lará o
comércio internacional dos Estados Partes do MERCOSUL com terceiros países
ou blocos de países .
3. EXERCÍCIOS
Resolução:
Resposta : Letra A
Comentários:
O Cód igo Aduaneiro do Mercosul (CAM) está previsto na Decisão CMC 27/2010,
que, até o momento da publicação dessa aula, ainda não foi internalizada pelos
países membros. Mesmo assim, vem sendo assunto de questões de prova. A
parte de valoração aduaneira está prevista nos artigos 163 e 164:
b) ( Er rada) Conforme o art. 163 do CAM vê-se que, no Mercosu l, apl ica-se o
AVA para apuração do valor aduaneiro, sem redução ou simplificação .
c) ( Errada) Vale a explicação da letra B. O CAM, em relação a valoração
aduaneira, incorporou o AVA, sem peculiaridades.
d) ( Er rada) A aplicação das regras de va loração do CAM não vale somente
pa ra importações de países de fora do bloco (extra-zona) , mas também
pa ra as transações i ntra-zona .
e) ( Errada) Não existe Norma de Va loração Aduaneira na ALADI.
a) V, F, F, F, F, V
b) F, F, F, F, F, F
c) F, V, V, F, F, F
d) F, F, V, V, V, F
e) V,V, F,V, F,V
Resolução:
Todas as afi rmativas estão incorretas. Vejamos:
( F) Os juros devidos em virtude de acordo de financiamento contratado pelo
comprador e relativo à compra das mercadorias importadas não serão
considerados .... O tratamento do Mercosul para os juros é o mesmo do Brasil
e da AVA, ou seja, não entram no VA, mas o financiamento deve ser concedido
por escrito e a taxa de juros não pode exceder o nível normalmente praticado
para o t ipo de t ransação (art. 8 da Dec. CMC 13/2007) .
( F) De acordo com o disposto no artigo 9 do Acordo de Valoração do GATT de
1994, quando seja necessária a conversão de valores expressos em moeda
estrangeira, a taxa de câmbio apl icável será a taxa diária estabelecida pelo
banco central ou autoridade monetária central de cada Estado Parte,
tomando-se a taxa vigente no fechamento do dia anterior ao da data da
numeração do despacho de importação (art. 9 da Dec. CMC 13/2007) .
(F) O controle do valor declarado da mercadoria importada poderá ser seletivo
e/ou aleatório. A seleção para o controle do valor declarado poderá ser
rea lizada no curso do despacho de i m portação, segundo critérios estabelecidos
pelas autoridades competentes dos Estados Partes (arts. 12 e 13 da Dec. CMC
13/2007).
( F) Os Estados Partes que efetuem controle do valor decl arado no momento do
despacho das mercadorias poderão rea lizar exame prelim inar ou análise
sumária do mesmo. Durante o exame preliminar poderão ser adotadas as
medidas que assegurem os meios de prova necessários para a correta
determinação "a posteriori" do va lor aduaneiro, tais como a retirada de
amostras ou consultas periciais (art. 14 da Dec. CMC 13/2007).
( F) Se no curso da determ inação do va lor aduaneiro das mercadorias
importadas for necessá rio retardar a determinação definitiva desse valor, o
importador das mercadorias poderá retirá-las da Aduana se, quando exigido,
preste garantia suficiente na forma de fiança, depósito ou outro meio
apropriado que cub ra o pagamento dos direitos e/ou i mpostos aduaneiros a que
possam estar sujeitas as importações pa ra consumo (art. 16 da Dec CMC
13/2007).
( F) As administrações aduaneiras terão direito a exigir os créditos t ributários
que surjam como consequência da fiscal ização do valor aduaneiro, dentro dos
prazos de prescri ção previstos na legislação de cada Estado Parte (art. 21 da
Dec CMC 13/2007).
Resposta correta letra \\b".
a) V, F, F, F, F, V
b) F, F, F, F, F, F
c) F, V, V, F, F, F
d) F, F, V, V, V, F
e) V,V, F, V, F, V
5. GABARITO
1) A
2) X
3) D
4) B
Um abraço
Missagia