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2° semestre
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António Filipe Garcez José
RESPONSABILIDADE CIVIL
Responsabilidade civil
Conjunto de factos que dão origem à obrigação de indemnizar os
danos sofridos por outrem.
Exemplo:
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António Filipe Garcez José
Diferença entre R. C. contratual e R.C. extra-contratual
Extra-contratual
(arts. 483° e ss.)
R. C. extra-contratual subjectiva
Pressupostos genéricos
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António Filipe Garcez José
Pressupostos da responsabilidade civil subjectiva
(cumulativos)
Acção
1) facto voluntário
Omissão
2) ilicitude
3) culpa
4) dano
Facto voluntário
Facto voluntário
Facto objectivamente controlável ou dominável pela vontade.
acção (art.483°)
Facto voluntário
por... omissão (art.486°)
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António Filipe Garcez José
Omissão
É causa do dano, sempre que haja o dever jurídico especial de
praticar um acto que seguramente ou provavelmente teria impedido
a consumação desse dano.
ARTIGO 486º
Omissões
As simples omissões dão lugar à obrigação de reparar os danos,
quando, independentemente dos outros requisitos legais, havia, por
força da lei ou do negócio jurídico, o dever de praticar o acto
omitido.
Ilicitude
Ilicitude
A ilicitude é avaliada através da prossecução de um fim não
permitido pelo Direito;
ou em ...
2 modalidades de ilicitude :
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António Filipe Garcez José
(“violação da lei que protege interesses alheios”.)
Característica especial
Função
Aplicabilidade
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António Filipe Garcez José
2 tipos de normas :
Para que haja um acto ilícito nos termos do art. 483°/1, ...
3 requisitos :
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António Filipe Garcez José
ARTIGO 334º
Abuso do direito
É ilegítimo o exercício de um direito, quando o titular exceda manifestamente os
limites impostos pela boa fé, pelos bons costumes ou pelo fim social ou
económico desse direito.
ARTIGO 335º
Colisão de direitos
1. Havendo colisão de direitos iguais ou da mesma espécie, devem os titulares
ceder na medida do necessário para que todos produzam igualmente o seu
efeito, sem maior detrimento para qualquer das partes.
2. Se os direitos forem desiguais ou de espécie diferente, prevalece o que deva
considerar-se superior.
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António Filipe Garcez José
Quando se violam as regras relativas à colisão de direitos, o
titular do direito que as violou, se estiverem preenchidos
os restantes requisitos da responsabilidade civil, será
obrigado a indemnizar o titular do outro direito, cujo
exercício ficou prejudicado pela sua acção
ARTIGO 484º
Ofensa do crédito ou do bom nome
Quem afirmar ou difundir um facto capaz de prejudicar o crédito ou o bom nome
de qualquer pessoa, singular ou colectiva, responde pelos danos causados.
Bom nome
Um direito de personalidade, direito subjectivo de natureza absoluta
.
Há obrigação de indemnizar para aquele que afirmar ou
difundir um facto susceptível de prejudicar o crédito ou o bom
nome de outrém.
ARTIGO 485º
Conselhos, recomendações ou informações
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António Filipe Garcez José
ARTIGO 486º
Omissões
quando, ...
Cumprimento de um dever
Exercício de um direito
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António Filipe Garcez José
- acção directa (art. 336°)
Cumprimento de um dever
Exercício de um direito
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António Filipe Garcez José
Há casos muito raros e excepcionais em que a lei impõe o dever de
indemnizar ao autor de um acto lícito. (Estado de necessidade, Sinal, mora)
Acção directa
ARTIGO 336º
Acção directa
1. É lícito o recurso à força com o fim de realizar ou assegurar
o próprio direito, quando a acção directa for indispensável , ...
pela impossibilidade de recorrer em tempo útil aos meios coercivos normais,
para evitar a inutilização prática desse direito, contanto que o agente não exceda
o que for necessário para evitar o prejuízo.
2. A acção directa pode consistir na apropriação, destruição ou deterioração de
uma coisa, na eliminação da resistência irregularmente oposta ao exercício do
direito, ou noutro acto análogo.
3. A acção directa não é lícita, quando sacrifique interesses
superiores aos que o agente visa realizar ou assegurar.
Exemplo: Não posso agredir alguém que tem uma coisa minha e que pretende tomar
um avião para tentar fugir; posso tirar-lhe o passaporte, a mala ou aquilo que ele leva e
que me pertence, desde que consiga fazê-lo sem o exercício da violência que produziria
danos superiores.
Legítima defesa
ARTIGO 337º
Legítima defesa
1. Considera-se justificado o acto destinado a afastar qualquer
agressão actual e contrária à lei contra a pessoa ou património do
agente ou de terceiro, desde que não seja possível fazê-lo pelos meios normais
e o prejuízo causado pelo acto não seja manifestamente superior ao que pode
resultar da agressão.
2. O acto considera-se igualmente justificado, ainda que haja excesso de
legítima defesa, se o excesso for devido a perturbação ou medo não culposo do
agente.
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António Filipe Garcez José
ARTIGO 338º
(Erro acerca dos pressupostos da acção directa ou da legítima defesa)
Se o titular do direito agir na suposição errónea de se verificarem os
pressupostos que justificam a acção directa ou a legítima defesa, é obrigado a
indemnizar o prejuízo causado, salvo se o erro for desculpável.
Estado de necessidade
ARTIGO 339º
Estado de necessidade
Dano material
Dano que se consubstancia na lesão de um bem ou de uma coisa.
Dano pessoal
Dano que se traduz na lesão de um direito da pessoa.
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António Filipe Garcez José
Dano patrimonial
Quando o interesse lesado era um interesse susceptível de
avaliação pecuniária.
Exemplo:
A matou o caniche da Etelvina. O dano incidiu sobre uma coisa, o caniche, é um
dano material, donde resultou um dano patrimonial para a Etelvina, a perca do valor
do caniche. Mas resultou um dano não patrimonial também, pois Etelvina sofreu
muito com a morte do seu caniche “bien aimé”.
Exemplo:
A foi atropelada (dano pessoal). Esteve durante vários dias impossibilitada de exercer
a sua actividade profissional (dano patrimonial). As despesas do internamento, de
tratamento, remuneração não auferida (danos patrimoniais).
A teve dores, angústias, etc. (dano moral ou não patrimonial)
A natureza preventiva
O carácter subsidiário
O P° da proporcionalidade
Natureza preventiva
Carácter subsidiário
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António Filipe Garcez José
Princípio da proporcionalidade
Consciente
Negligência ou mera culpa
Culpa Inconsciente
Directo
(S. amplo) Dolo Necessário
eventual
Culpa
Nexo de imputação do facto ao agente.
Mera culpa
Quando o agente não aplicou a diligência que o bom pai de família,
colocado naquela situação teria aplicado. (art. 487°/2)
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António Filipe Garcez José
O guarda da passagem de nível estava tão excitado com a ideia de ir ter com a
namorada ao baile das “sopeiras e magalas” que se realizava na sociedade recreativa
de Renhanfoles, que se esqueceu completamente que o combóio de mercadorias das
10 ainda não passara, e lá foi ele p’ró baile tal um John Travolta. Quando o combóio
vinha a passar o burro do Ti Jaquim foi atropelado, provocando o descarrilamento da
composição. (o burro saiu ileso, foi só a carroça, não há problema !! Ah!, Ah!, Ah!)
Dolo
Quando o agente actuou por forma a aceitar, a admitir, as
consequências ilícitas da sua conduta. Diz-se dolosa a conduta do agente
que embora não tenha prefigurado as consequências danosas e ilícitas que do seu
acto iriam resultar, nada fez para as afastar porque as admitiu.
Dolo directo
Quando o agente actuou intencionalmente para o resultado ilícito.
Quando o agente actuou para obter a consequência ilícita danosa e a obteve.
Exemplo:
A levantou a mão e bateu em B, porque queria dar-lhe uma “pêra” (agressão e não
doação Ah! Ah! Ah!)
Dolo necessário
Quando o agente não tinha como objectivo do seu comportamento
o resultado ilícito, mas sabia que o seu comportamento ia ter como
resultado necessário, inevitável, o ilícito.
Exemplo:
A está a fazer tiro ao alvo e a certa altura percebe que para atingir a “mouche” no
próximo disparo vai atingir a sogra, que está na linha de mira dele. Ele não vai
disparar para matar a sogra, nem sequer para a ferir, não é isso que ele quer, ele só
quer ganhar o torneio de tiro, mas percebe que atingir a sogra é uma consequência
necessária do seu acto e, ainda assim pratica-o (podem substituir a sogra pelo Alberto
João Jardim, sempre é menos grave Ah!, Ah!, Ah!.)
Dolo eventual
Quando o agente prefigura a consequência ilícita e danosa como
uma consequência possível do seu comportamento e não faz nada
para a evitar.
Exemplo:
“João Travolta”, já nosso conhecido, guarda da passagem de nível de Renhanfoles é
informado que a sua namorada está presente no baile da “desfolhada”. João olha p’ró
relógio e pensa que se vai ao baile, arrisca-se a não estar no seu posto na altura da
passagem do combóio das 10. Mas era irresistível ir ao baile onde estava a sua
“coisinha fofa” e assim foi.
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António Filipe Garcez José
O burro do Ti Jaquim desta vez não teve sorte e foi esborrachado horrívelmente pelas
toneladas de aço do combóio, só se aproveitando as orelhas (Hi!, Hi!, Hi!, ganda
sádico !!!)
Neste caso o ilícito danoso não é uma consequência necessária do acto do agente, é
uma consequência possível eventual. “João Travolta” actua não porque queira aquela
consequência, não porque saiba que ela vai ter lugar, mas porque não a rejeita.
Imputabilidade
Situação do sujeito que tem liberdade intelectual e volutiva
proporcionada ao acto que pratica.
Imputável
O sujeito que tem o mínimo de inteligência para perceber o alcance
do acto que pratica e que tem a liberdade de determinação, isto é,
que é livre de decidir de praticar ou não o acto.
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António Filipe Garcez José
Inimputável
O sujeito que, quando praticou o acto não estava em condições de
perceber o seu alcance, ou não tinha a liberdade da sua vontade.
ARTIGO 488º
Imputabilidade
1. Não responde pelas consequências do facto danoso quem, no momento em
que o facto ocorreu, estava, por qualquer causa, incapacitado de entender ou
querer, salvo se o agente se colocou culposamente nesse estado, sendo este
transitório.
2. Presume-se falta de imputabilidade nos menores de sete anos e nos interditos
por anomalia psíquica.
A presunção do art. 488°/2
É ilidível nos termos gerais do art. 350°. Um acto praticado por uma
criança de 6 anos pode constituí-la em responsabilidade civil por ser
considerado culposo, desde que se prove que a criança tinha, naquele momento
e para a prática daquele acto, o discernimento necessário e a liberdade de
determinação.
ARTIGO 489º
Indemnização por pessoa não impútavel
1. Se o acto causador dos danos tiver sido praticado por pessoa não imputável,
pode esta, por motivo de equidade, ser condenada a repará-los, total ou
parcialmente, desde que não seja possível obter a devida reparação das pessoas
a quem incumbe a sua vigilância.
2. A indemnização será, todavia, calculada por forma a não privar a pessoa não
imputável dos alimentos necessários, conforme o seu estado e condição, nem
dos meios indispensáveis para cumprir os seus deveres legais de alimentos.
ARTIGO 491º
R. C. das pessoas obrigadas à vigilância de outrem
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António Filipe Garcez José
forem obrigadas a vigiar outras, por virtude da incapacidade natural
destas, são responsáveis pelos danos que elas causem a
terceiro, ...
salvo se ...
Face ao vigiado
Pelos danos que o vigiado sofreu em consequência do
incumprimento do seu dever de vigilância.
Nesta situação aplica-se o regime geral da responsabilidade civil e
o ónus da prova de culpa cabe ao lesado nos termos gerais do
art. 487°/1
ARTIGO 487º
Culpa
Face a terceiros
Pelos danos que o inimputável causa a terceiros presume-se a
culpa do vigilante e aplica-se o regime geral do art. 491°
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António Filipe Garcez José
Pela prova que cumpriu com diligência o seu dever de vigilância,
provando que não houve culpa. Deixa de haver um dos requisitos
da responsabilidade civil (art. 483°), que é a culpa.
Erro (art.338°)
Medo (art.337°/2)
O Medo
Medo
O medo é uma causa de exclusão de culpabilidade ...
Medo essencial
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Apontamentos sem fronteiras 21
António Filipe Garcez José
Que tenha sido o medo a causa determinante do comportamento
do agente.
Medo desculpável
Um medo, uma situação psicológica de intimidação, em que o bom
pai de família também teria incorrido se estivesse naquela situação.
ARTIGO 337º
Legítima defesa
Erro
O erro é também uma causa de exclusão da culpa.
Erro essencial
Que tenha sido o erro a causa determinante do comportamento do
agente.
Erro desculpável
É o erro em que também o bom pai de família, com a sua diligência,
a sua prudência, o seu zelo, teria incorrido
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Apontamentos sem fronteiras 22
António Filipe Garcez José
ARTIGO 570º
Culpa do lesado
ARTIGO 571º
Culpa dos representantes legais e auxiliares
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Apontamentos sem fronteiras 23
António Filipe Garcez José
Ónus da prova da culpa do lesado
ARTIGO 572º
Prova da culpa do lesado
Àquele que alega a culpa do lesado incumbe a prova da sua
verificação; mas o tribunal conhecerá dela, ainda que não seja
alegada.
Dano
Dano
É o prejuízo que um sujeito jurídico sofre na sua esfera jurídica. É o
pressuposto quase necessário de qualquer modalidade de
responsabilidade civil.
Excepções à regra :
O sinal
O regime indemnizatório do sinal funciona independentemente da
prova ou da ocorrência de qualquer dano, pois o sinal funciona
como uma cláusula penal.
Cláusula penal
O montante indemnizatório convencionalmente estabelecido pelas
partes é o montante tipicamente devido, independentemente do
credor ter sofrido danos e da extensão deles.
Classificação de danos
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Apontamentos sem fronteiras 24
António Filipe Garcez José
Dano material
Dano, que se consubstancia na lesão de um bem ou de uma coisa.
Dano pessoal
Dano, que se traduz na lesão de um direito da pessoa.
Dano patrimonial
Quando o interesse lesado é um interesse, material ou pessoal,
susceptível de avaliação pecuniária.
Danos patrimoniais
- Dano emergente
- lucro cessante
Dano emergente
Diminuição verificada no património de alguém em consequência de
um acto ilícito e culposo de outrém ...
ou ...
Lucro cessante
É a frustação de um aumento patrimonial, quando alguém deixa de
auferir qualquer coisa que normalmente teria auferido se não fosse
o acto que constituiu o agente de responsabilidade.
ARTIGO 564º
Cálculo da indemnização
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António Filipe Garcez José
ARTIGO 495º
Indemnização a terceiros em caso de morte ou lesão corporal
ARTIGO 49 6º
Danos não patrimoniais
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Apontamentos sem fronteiras 26
António Filipe Garcez José
descendentes; na falta destes, aos pais ou outros ascendentes; e,
por último aos irmãos ou sobrinhos que os representem.
Dano morte
Dano decorrente da privação da vida.
Danos futuros
Os que ainda não ocorreram no momento de apreciação pelo
tribunal do pedido indemnizatório, mas cuja ocorrência é previsível
e provável.
Danos presentes
Os que já ocorreram no momento da apreciação pelo tribunal do
pedido indemnizatório.
Dano real
É o prejuízo efectivamente verificado.
Cálculo de dano
É a avaliação pecuniária do dano real, a avaliação da
indemnização.
TEORIA DA DIFERENÇA
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Apontamentos sem fronteiras 27
António Filipe Garcez José
situação patrimonial hipotética, aquela que o lesado teria não
fora a lesão.
ARTIGO 566º
Indemnização em dinheiro
1. A indemnização é fixada em dinheiro, sempre que a
reconstituição natural não seja possível , não repare integralmente os
danos ou seja excessivamente onerosa para o devedor.
2. Sem prejuízo do preceituado noutras disposições, a indemnização em
dinheiro tem como medida a diferença entre a situação patrimonial do lesado, na
data mais recente que puder ser atendida pelo tribunal, e a que teria nessa data
se não existissem danos.
3. Se não puder ser averiguado o valor exacto dos danos, o tribunal julgará
equitativamente dentro dos limites que tiver por provados.
Nexo de causalidade
Em qualquer das modalidades da responsabilidade civil, tem
sempre que haver uma ligação causal entre o facto e o dano
para que o autor do facto seja obrigado a indemnizar o dano.
quando, ...
em concreto,
ele tenha constituído uma condição necessária, “sine qua non”,
do dano,
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Apontamentos sem fronteiras 28
António Filipe Garcez José
Exemplo:
A deu uma bofetada a B; B, doente cardíaco, com a comoção
morreu.
Em abstracto
Uma bofetada não é normalmente apta, capaz, de provocar a morte
de ninguém.
Em concreto
A bofetada foi uma condição necessária, “sine qua non” da morte.
ARTIGO 563º
Nexo de causalidade
A obrigação de indemnização só existe em relação aos danos que o
lesado provavelmente não teria sofrido se não fosse a lesão.
Formulação negativa da teoria da causalidade adequada
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Apontamentos sem fronteiras 29
António Filipe Garcez José
Em sede de responsabilidade civil extra-contratual quem tem
de provar a culpa do lesante é o lesado (art. 487°/1 1a parte)
Salvo...
Causa virtual
É a causa que poderia ter dado origem aos danos , mas que não
deu.
Causa real
O facto que efectivamente deu origem aos danos.
Causalidade interrompida
Quando há um processo causal que se interrompe pela emergência
doutro processo causal, que é mais eficiente e que efectivamente
provoca o dano.
Exemplo :
A envenenou o cão de B, mas o cão não morreu instantaneamente,
pois o processo de intoxicação desenrola-se lentamente, não
impedindo no entanto a morte inexorável do animal..
O cão de B tinha ainda um inimigo, o vizinho C que não sabendo
que o cão já tinha sido envenenado lhe deu um tiro na cabeça,
matando-o instantaneamente.
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Apontamentos sem fronteiras 30
António Filipe Garcez José
1 - Relevância negativa da causa virtual
será que o autor da causa real pode dizer que não tem de
responder pela morte do cão, argumentando que de toda a maneira
ele estava condenado a morrer devido ao envenenamento?
Causalidade antecipada
Quando temos uma causa real que provocou o dano e temos uma
causa hipotética subsequente, que não o chega a provocar porque
o dano já ocorreu.
Exemplo:
A incendeia a seara de B, que fica completamente destruída.
Nesse mesmo dia à noite há uma tempestade completamente
devastadora que só não destrói a seara do B porque ela já tinha
sido destruída pelo fogo (se assim não fosse tê-la-ia certamente destruído)
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Apontamentos sem fronteiras 31
António Filipe Garcez José
ARTIGO 491º
Responsabilidade das pessoas obrigadas à vigilância de outrem
As pessoas que, por lei ou negócio jurídico, forem obrigadas a vigiar outras, por
virtude da incapacidade natural destas, são responsáveis pelos danos que elas
causem a terceiro, salvo se mostrarem que cumpriram o seu dever de vigilância
ou que os danos se teriam produzido ainda que o tivessem cumprido.
Exemplo :
O autocarro galgou o passeio. Mesmo que o vigilante tivesse a
criança pela mão a criança teria sido atropelada.
ARTIGO 492º
Danos causados por edifícios ou outras obras
1. O proprietário ou possuidor de edifício ou de outra obra que ruir, no todo ou
em parte, por vício de construção ou defeito de conservação, responde pelos
danos causados, salvo se provar que não houve culpa da sua parte ou que,
mesmo com a diligência devida, se não teriam evitado os danos.
2. A pessoa obrigada, por lei ou negócio jurídico, a conservar o edifício ou obra
responde, em lugar do proprietário ou possuidor, quando os danos forem
devidos exclusivamente a defeito de conservação.
ARTIGO 493º
Danos causados por coisas, animais ou actividades
1. Quem tiver em seu poder coisa móvel ou imóvel, com o dever de a vigiar, e
bem assim quem tiver assumido o encargo da vigilância de quaisquer animais,
responde pelos danos que a coisa ou os animais causarem, salvo se provar que
nenhuma culpa houve da sua parte ou que os danos se teriam igualmente
produzido ainda que não houvesse culpa sua.
2. Quem causar danos a outrem no exercício de uma actividade, perigosa por
sua própria natureza ou pela natureza dos meios utilizados, é obrigado a repará-
los, excepto se mostrar que empregou todas as providências exigidas pelas
circunstâncias com o fim de os prevenir.
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Apontamentos sem fronteiras 32
António Filipe Garcez José
Aqui o vigilante da coisa afasta a sua responsabilidade, ilidindo a
presunção de culpa, ou fazendo relevar negativamente a causa
virtual.
ARTIGO 500º
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Apontamentos sem fronteiras 33
António Filipe Garcez José
Responsabilidade do comitente
3 requisitos :
exemplo:
Se o comitente manda o comissário entregar um documento a
alguém e este enquanto espera uma resposta, rouba um cinzeiro de
cristal, o comitente não é responsável civilmente pelo furto, pois o
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Apontamentos sem fronteiras 34
António Filipe Garcez José
comissário praticou o acto danoso por ocasião do exercício das
suas funções, mas não no exercício das suas funções.
3 modalidades :
- Culpa in eligendo
- Culpa in instruendo
- Culpa in vigilando
“Culpa in eligendo”
Quando o comitente teve culpa na escolha do comissário.
(ex: contratar um motorista que não possui a carta de condução)
“Culpa in instruendo”
Quando o comitente não instruiu, instruiu mal ou instruiu
deficientemente o seu comissário
“Culpa in vigilando”
Quando o dano resulta da falta de controle que o comitente devia
ter realizado sobre o comissário
ARTIGO 502º
Danos causados por animais
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Apontamentos sem fronteiras 35
António Filipe Garcez José
foram por negligência ou por falta de vigilância daquele que
estava obrigado a vigiar.
ARTIGO 493º
Danos causados por coisas, animais ou actividades
1. Quem tiver em seu poder coisa móvel ou imóvel, com o dever de a vigiar, e
bem assim quem tiver assumido o encargo da vigilância de quaisquer animais,
responde pelos danos que a coisa ou os animais causarem, salvo se provar que
nenhuma culpa houve da sua parte ou que os danos se teriam igualmente
produzido ainda que não houvesse culpa sua.
2. Quem causar danos a outrem no exercício de uma actividade, perigosa por
sua própria natureza ou pela natureza dos meios utilizados, é obrigado a repará-
los, excepto se mostrar que empregou todas as providências exigidas pelas
circunstâncias com o fim de os prevenir.
... porém...
ARTIGO 503º
Acidentes causados por veículos
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António Filipe Garcez José
1. Aquele que tiver a ...
salvo se ...
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Apontamentos sem fronteiras 37
António Filipe Garcez José
efectiva do veículo, que utiliza o veículo no seu próprio interesse,
mesmo que o faça através de comissário..
Exemplo:
O Sr. Passos Dias Aguiar, motorista particular de Santana Flopes,
estando a conduzir o carro do dito cujo, junto das obras do Marquês
de Pombal, tem um acidente sem culpa sua. A responsabilidade
pelos danos decorrentes desse acidente causado, sem culpa do
motorista, impende sobre Santana Flopes por força do art. 503°/1
Exemplo:
Suponhamos que o Sr. Passos Dias Aguiar teve culpa no tal
acidente; nesse caso Santana Flopes é co-responsável com o
motorista pelos danos causados, mas não por força do art. 503°/1
mas sim por força do art. 500° OK? Capito?
comitente
O comissário pode ser responsável pelos danos causados,
designadamente porque existe uma presunção legal de culpa que
recai sobre ele, a qual poderá não conseguir ilidir; ora, se o
comissário for responsabilizado, o comitente é chamado na
qualidade de comitente, e é co-responsável, por força do art. 500°
ou enquanto ...
detentor do veículo
Porque o detentor do veículo é civilmente responsável pelo risco,
mesmo que utilize o veículo através de comissário, nos termos
do art. 503°/1
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Apontamentos sem fronteiras 38
António Filipe Garcez José
ARTIGO 504º
Beneficiários da responsabilidade
Terceiros
São todos aqueles que não tenham uma ligação com a manutenção
e condução do veículo.
Transporte gratuito
Quando efectuado altruisticamente, sem qualquer interesse para o
transportador.
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Apontamentos sem fronteiras 39
António Filipe Garcez José
ARTIGO 505º
Exclusão da responsabilidade
Responsabilidade contratual
Falta de cumprimento e mora imputáveis ao devedor
ARTIGO 798º
Responsabilidade do devedor
ARTIGO 799º
Presunção de culpa e apreciação desta
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Apontamentos sem fronteiras 40
António Filipe Garcez José
A responsabilidade contratual tem os mesmos
pressupostos que a responsabilidade extra-contratual
Pressupostos :
2. Facto ilícito
Consiste na violação ou incumprimento da obrigação.
3. Culpa
Dolo e mera culpa
4. dano
Tem que haver dano
5. nexo causal
Tem que haver nexo causal entre o facto e o dano
Principais diferenças de regime
entre a
1a - Quanto à ilicitude
Na responsabilidade extra-contratual
a ilicitude traduz-se na violação de direitos subjectivos absolutos, ou
de natureza familiar
Na responsabilidade contratual
A ilicitude consubstancia-se na violação dos direitos de crédito.
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ARTIGO 428º
Noção
1. Se nos contratos bilaterais não houver prazos diferentes para o
cumprimento das prestações, cada um dos contraentes tem a
faculdade de recusar a sua prestação enquanto o outro não
efectuar a que lhe cabe ou não oferecer o seu cumprimento
simultâneo.
2. A excepção não pode ser afastada mediante a prestação de garantias.
ARTIGO 754º
Quando existe
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2. Quando haja transportes sucessivos, mas todos os
transportadores se tenham obrigado em comum, entende-se que o
último detém as coisas em nome próprio e em nome dos outros.
ARTIGO 756º
Exclusão do direito de retenção
a) A favor dos que tenham obtido por meios ilícitos a coisa que
devem entregar, ... desde que, no momento da aquisição,
conhecessem a ilicitude desta;
2a – Quanto à culpa
Na responsabilidade extra-contratual
o ónus da prova cabe em princípio ao lesado (art. 487°/1)
Na responsabilidade contratual
Porque a lei presume a culpa do devedor, é ao devedor que
incumbe provar que não teve culpa para afastar a sua
responsabilidade (art. 799°/1)
ARTIGO 799º
Presunção de culpa e apreciação desta
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ARTIGO 800º
Actos dos representantes legais ou auxiliares
GESTÃO DE NEGÓCIOS
ARTIGO 464º
Noção
1. - alheio
2. - no interesse do dono
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3. – por conta do dono
No interesse de outrem
Conduzir a gestão do negócio de maneira correspondente ao
interesse do dono do negócio.
Deveres do gestor
ARTIGO 465º
Deveres do gestor
O gestor deve:
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legais, relativamente às quantias em dinheiro, a partir do momento
em que a entrega haja de ser efectuada.
Vontade real
Sempre que o gestor conheça a vontade real do “dominus”, é de
acordo com essa vontade real que ele tem de conduzir a gestão do
negócio, excepto se a vontade real do “dominus” for contrária à lei.
Exemplo :
Santana, o “dominus” disse muitas vezes na frente de Lopes, o
gestor, que queria mandar reparar as janelas da sua casa antes da
chegada do próximo Inverno. Entretanto Santana desapareceu (?)
sem que se saiba do seu paradeiro. Lopes resolve então tomar a
iniciativa de assumir a direcção do arranjo das janelas de Santana.
Vontade presumível
Sempre que o gestor desconheça a vontade real do “dominus” é
conformemente à sua vontade presumível que a gestão deve ser
conduzida.
Exemplo:
O sr. Pato Bravo tem um cão e um dia desapareceu sem dar
notícias, deixando o pobre animal triste e abandonado lá em casa.
O sr. José Caçador, vizinho do sr. Pato Bravo, não sabendo
exactamente qual a vontade real deste último, presume que a
vontade do sr. Pato Bravo seja a de que o cão deva ser alimentado,
bem tratado, até ao seu regresso. Assim fez o sr. António Caçador .
Responsabilidade do gestor
ARTIGO 466º
Responsabilidade do gestor
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- danos a que der causa, por culpa sua, no exercício da gestão,
ARTIGO 467º
Solidariedade dos gestores
Havendo dois ou mais gestores que tenham agido conjuntamente,
são solidárias as obrigações deles para com o dono do negócio.
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Obrigações do “dominus”
Gestão regular
ARTIGO 468º
Obrigações do dono do negócio
Obrigação de reembolso
Quando a gestão for regular, o “dominus” tem de reembolsar todas
as despesas e apenas aquelas que o gestor tenha considerado
indispensáveis com fundamento, quando a situação objectivamente
o tenha justificado, acrescidas dos juros legais correspondentes ao
montante de tais despesas.
Obrigação de indemnização
Quando a gestão for regular, o “dominus” tem de indemnizar o
gestor, se ele tiver sofrido prejuízos com a gestão.
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ARTIGO 470º
Remuneração do gestor
Exemplo:
O caso típico do advogado que, tendo embora procuração forense
com poderes gerais, não tem poderes para transigir
Transacção
É um contrato nos termos do qual, para prevenir ou para pôr termo
a um litígio, as partes fazem um acordo em que há cedências
mútuas (art.1248° e ss.)
a) Aprovar a gestão
c) Desaprovar a gestão
Aprovação
É uma declaração negocial dirigida pelo “dominus” ao gestor, cujo
conteúdo é um juízo de concordância global com a actividade
desenvolvida pelo gestor.
ARTIGO 469º
Aprovação da gestão
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1° efeito da aprovação
2° efeito da aprovação
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Resumindo :
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Gestão representativa
Quando o gestor comunicou ao terceiro com quem celebrou os
negócios, que os negócios não eram dele, e que estava a actuar em
nome e por conta de outrem.
Exemplo:
O sr. Passos Dias Aguiar Mota, arrendou uma casa para o verão,
na praia do Meco onde sabia que o “dominus”, o sr. Capelo Rego,
gostaria muito de passar férias.
gestão representativa
Estamos em presença de uma gestão representativa, se o gestor
comunicou ao proprietário da casa que o arrendamento não era
para ele, não era feito por ele em seu próprio nome, mas era para
outrem,
ARTIGO 268º
Representação sem poderes
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António Filipe Garcez José
4. Enquanto o negócio não for ratificado, ...
ARTIGO 471º
Representação sem poderes e mandato sem representação
Sem prejuízo do que preceituam os artigos anteriores quando às
relações entre o gestor e o dono do negócio, é aplicável aos
negócios jurídicos celebrados por aquele em nome deste o
disposto no artigo 268º; ...
Gestão representativa
Gestão não representativa
Efeito da ratificação
Tem como efeito o de “dominus” chamar à sua esfera jurídica os
efeitos dos actos ou negócios celebrados pelo gestor em seu nome.
A aprovação
Diz respeito exclusivamente às relações entre o “dominus” e o
gestor.
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A ratificação
Diz respeito às relações entre o “dominus”, o gestor e o terceiro
com quem o gestor tenha celebrado negócio jurídico em
representação do “dominus”.
Mandato
É o contrato pelo qual uma das partes se obriga a praticar um ou
mais actos jurídicos por conta de outra.
Recapitulando :
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Gestão representativa
Mas...
logo...
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