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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
DISCIPLINA: SISTEMAS DE TELECOMUNICAÇÕES I

TELEFONIA

Professor: Fred Sizenando Rossiter Pinheiro


Monitora: Daiane Angélica dos Santos
SUMÁRIO
1. Histórico da Telefonia ....................................................................................... 05
1.1. Histórico da Telefonia no Brasil ......................................................... 07
1.2. Evolução da Telefonia Fixa em Natal RN (Telern-Telemar) .............. 11
2. As normas das concessões e a qualidade do serviço ...................................... 13
2.1. Alcance das redes de telecomunicações ........................................... 15
3. Fundamentos de Acústica ................................................................................ 21
3.1. Voz X Audição .................................................................................... 21
3.2. Inteligibilidade .................................................................................... 22
3.3. Transformação de Energia Acústica em Energia Elétrica .................. 23
3.4. Transformação de Energia Elétrica em Energia Acústica .................. 24
4. Unidades de Medidas em Telecomunicações .................................................. 25
4.1. Relação de Potências e quadripolos .................................................. 25
4.2. Decibel ............................................................................................... 26
4.3. dBm .................................................................................................... 29
4.4. dBu ..................................................................................................... 31
4.5. dBr ..................................................................................................... 33
4.6. Outras unidades logarítmicas ............................................................ 34
4.7. O desafio da Transmissão telefônica em fios de cobre ..................... 35
5. Voip e Telefonia IP ........................................................................................... 40
6. Conceitos Elementares de Comutação ............................................................ 43
6.1. Nós e Arcos ....................................................................................... 43
6.2. Modelo elementar de comunicação ................................................... 43
6.3. Introdução às centrais telefônicas ...................................................... 45
6.4. Centrais Telefônicas Manuais ............................................................ 46
6.5. Automatização das Comutações ....................................................... 47
6.5.1. Centrais Eletro-mecânicas .................................................. 48
6.5.2. Centrais Eletrônicas ............................................................ 49
6.5.3. Centrais Digitais .................................................................. 49
7. Sistemas Telefônicos Públicos ......................................................................... 51
7.1. Centrais Locais .................................................................................. 51
7.2. Centrais Tandem ................................................................................ 56
7.3. Centrais Mistas .................................................................................. 58
7.4. Centrais de Trânsito ........................................................................... 59
7.5. Hierarquias Entre Centrais ................................................................. 60
7.6. Diferentes Entroncamentos de Circuitos – Rotas .............................. 61
7.7. Sistema de Telefonia no Rio Grande do Norte .................................. 62
7.8. ELR ou URA’s .................................................................................... 64
7.9. Estação Telefônica Local e Interurbana ............................................ 66
8. Características da Rede Telefônica .................................................................. 69
8.1. Rede de Assinantes (Rede de Acesso) ............................................. 69
8.1.1. Tipos de Redes de Acesso .................................................. 71
8.1.1.1. Redes Rígidas .......................................................71
8.1.1.2. Redes Flexíveis .....................................................72
8.1.1.3. Redes Múltiplas .....................................................73
8.1.1.4. Linha Privada ........................................................ 74
8.2. Elementos das Redes de Acesso ...................................................... 74
8.2.1. Blocos de Terminação ......................................................... 74
8.2.2. Fio Jumper ou FDG ............................................................. 75
8.2.3. Distribuidor Geral (DG) ........................................................ 75
8.2.4. Caixa de DG ........................................................................ 78
8.2.5. Caixa de distribuição ........................................................... 78
8.2.6. Caixa Subterrânea .............................................................. 78
8.2.7. Armário de Distribuição ....................................................... 79

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8.2.8. Cabo Primário ...................................................................... 79
8.2.9. Cabo Secundário ................................................................. 79
8.3. Cabos e Fios Telefônicos ................................................................... 80
8.4. Degenerações do Sinal de Áudio ....................................................... 80
8.4.1. Atenuação ........................................................................... 80
8.4.2. Linha Condicionada (pupinização) ...................................... 83
8.4.3. Ruído Branco ....................................................................... 85
8.5. O Aparelho Telefônico ........................................................................86
8.5.1. Circuito de áudio .................................................................. 87
8.5.2. Processador de chamadas .................................................. 88
8.5.3. Circuito de Campainha ou Ring (Tone Ring) ....................... 89
8.5.4. Principais parâmetros para avaliação dos cabos ................ 90
9. Sinalização ....................................................................................................... 90
9.1. Sinalização de Assinante ................................................................... 91
9.1.1. Tom de Discar (TD) ............................................................. 91
9.1.2. Tom de Chamada (TC) ou Tom de controle de Chamada .. 92
9.1.3. Tom de Ocupado (TO ou LO) .............................................. 92
9.1.4. Tom de Número Inacessível (TNI) .......................................93
9.1.5. Corrente de Toque (CT) ...................................................... 93
9.1.6. Outros tipos ......................................................................... 93
9.2. Sinalização de Linha .......................................................................... 93
9.2.1. Tipos de Sinalização de Linha ............................................. 94
9.2.2. Descrição dos Sinais ........................................................... 94
9.3. Sinalização de loop ............................................................................ 95
9.4. Sinalização E & M Pulsada ................................................................ 96
9.5. Sinalização E & M Contínua ...............................................................97
9.6. Sinalização de Registro ......................................................................97
9.6.1. Sinalização Decádica .......................................................... 97
9.6.2. Sinalização Multifreqüencial Compelida ou MFC ................ 98
9.6.3. Sinalização DTMF e MFP ................................................... 103
10. Centrais privadas de Comutação telefônica (CPCT) ..................................... 103
11. Sistemas Multiplex .......................................................................................... 104
11.1. Modos de operação de um meio de transmissão ............................ 104
11.2. Conceito de Canal e Circuito ............................................................105
11.3. Circuitos a 2 Fios e a 4 Fios ............................................................. 106
11.4. Dispositivos Híbridos ........................................................................ 107
11.5. Conceito de Multiplexação ............................................................... 108
11.6. Tipos de Multiplexação .................................................................... 110
11.6.1. Técnica digital .................................................................... 110
11.6.2. Técnica analógica .............................................................. 110
12. Multiplexação FDM – Frequency Division Multiplex …………………………... 110
12.1. Canal Multiplex ................................................................................ 110
12.1.1. Representação Convencional ............................................110
12.1.2. Tipos de Canais Multiplex ..................................................111
12.2. Translação ou conversão de freqüências ........................................ 112
12.3. Modulação e Demodulação ............................................................. 112
12.3.1. Tipos de Modulação .......................................................... 113
12.4. Modulação em amplitude ................................................................. 114
12.4.1. Representação matemática do sinal modulado .................115
12.4.2. Percentagem de Modulação .............................................. 115
12.4.3. Faixas Laterais .................................................................. 117
12.4.4. Distribuição de Potência na Modulação em Amplitude ..... 118
12.4.5. Principais Processos de Modulação em Amplitude ........... 119
12.5. Demodulação em Amplitude ............................................................ 121
12.6. Princípio Básico do Multiplex por Divisão de Freqüência (FDM) ..... 122

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12.7. Banda Básica ................................................................................... 124
12.7.1. Conceito .............................................................................124
12.7.2. Estágios de Translação ..................................................... 125
12.7.3. Procedimento ..................................................................... 125
12.8. Representação das Bandas Básicas ............................................... 128
12.9. Sistemas de Transmissão Multiplex via Rádio ................................. 130
12.10. Representação de transmissão Multiplex ...................................... 135
Bibliografia ......................................................................................138

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1. HISTÓRICO DA TELEFONIA
Em todas as épocas, cada vez mais o homem tem procurado aprimorar a
comunicação, fator primordial para escrever a sua própria história. Nos tempos mais
remotos, a linguagem na forma de sons guturais foi único meio existente de exprimir
idéias e pensamentos de uma pessoa para outra. Essa forma de comunicação foi
desenvolvendo-se com o tempo, algumas em uso até hoje, sendo a mais importante
forma de comunicação existente.
A comunicação elétrica começou com a invenção do telégrafo, por Wheatstone
e Morse em 1837, o qual se expandiu por todo o mundo. A Telegrafia é uma
comunicação codificada (digital) direcional e que no Brasil teve na figura do marechal
indianista e pacifista Cândido Mariano Rondon o seu grande implantador,
especialmente na região norte do país.
Naquela época, a única maneira de ampliar a voz era colocando as mãos ao
redor da boca, em forma de cone, a fim de concentrar as ondas sonoras em direção
ao ouvinte. Foi daí que surgiu a idéia de construção do Megafone, em forma de um
grande cone, muito usado na comunicação de curta distância. Um outro aparelho
inventado, baseado nos mesmos princípios, foi a trombeta de ouvido. Esse aparelho
captava as ondas sonoras de uma área relativamente extensa e as concentrava no
ouvido.
Os esforços do homem para vencer a dissipação das ondas sonoras levaram-
no à construção de túneis sonoros entre prédios medievais. Um moderno avanço
dessa idéia é o tubo falante, usado em muitas casas e prédios antigos.
Com a evolução, foi necessário que a voz fosse transmitida entre cidades; o
meio científico percebeu que a resposta ao problema não estava na utilização da força
bruta, num esforço para ampliar o campo de ação da comunicação da voz.
Muitos estudiosos, cientistas e inventores tiveram uma idéia do que seria
necessário para providenciar a resposta à procura de um melhor meio de transmitir a
comunicação da voz. A invenção do telefone é atribuída a Alexander Graham Bell
(1847-1922), que em 1876 requereu a patente de sua invenção, denominada na época
de “melhoramento da telegrafia”. 20 anos antes, o francês Charles Bourseul (1829 –
1912), já havia mostrado o princípio da telefonia elétrica: uma placa móvel, interposta
num circuito cortado por suas vibrações acústicas, poderia gerar uma corrente que,
agindo à distância sobre outra placa móvel, poderia reproduzir a voz que fizesse vibrar
a primeira placa.
Em 1861, o físico alemão Philip Reis (1834-1874) construiu uma engenhoca
baseada no princípio anunciado anteriormente, mas que só transmitia tons musicais e
não era capaz de reproduzir a intensidade ou timbre da voz humana. O transmissor
consistia em um diafragma que vibrava com a pressão sonora, como mostra a Figura
1.1.

Figura 1.1 - Fenômeno batizado de “Page Effect

No centro desse diafragma havia um contato de platina que fechava ou abria


de acordo com as vibrações. Em série com esse contato era colocada uma bateria e
uma espécie de bobina enrolada num material previamente magnetizado, que com a
variação da corrente elétrica produzia um fenômeno chamado de Page Effect. Nesse

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fenômeno, as linhas de forças do campo magnético do material são alongadas quando
o sentido da corrente na bobina é um, quando o sentindo é outro, o campo magnético
é comprimido. Com o alongamento e a compressão, produzia-se sons fracos no
material magnetizado, na verdade a invenção serviu apenas para produzir tons
musicais.
Porém, só Bell conseguiu transmitir a primeira mensagem telefônica e em 14
de fevereiro de 1876, na cidade de Washington, um procurador seu deu entrada no
pedido da patente, cujo diagrama é mostrado na Figura 1.2.

Figura 1.2 – Diagrama da invenção de Bell apresentado no escritório de patentes

Poucas horas antes, no United States Patent Office, Elisha Gray (1835 – 1901),
também requereu patente de outro invento contendo a mesma finalidade. Outros
inventores e Gray entraram na Justiça contra Bell e depois de longa batalha judicial,
Bell acabou por ganhar a causa e entrara para história como inventor do telefone.
O invento de Bell foi o primeiro a utilizar uma corrente contínua cuja
intensidade variava de acordo de acordo com as vibrações de uma membrana. Seu
aparato, Figura 3, era transmissor e receptor ao mesmo tempo, sendo constituído por
um ímã permanente sobre o qual se enrolava uma bobina e cuja armadura era
formada por uma membrana de ferro. Ligando-se por meio de um fio as bobinas dos
eletroímãs dos dois aparelhos, tinha-se um Telefone.

Figura 3 – Primeiro telefone

As vibrações da voz humana faziam deslocar-se a membrana conjugada com o


ferro onde uma variação do fluxo magnético produzia uma corrente no circuito (Lei de
Faraday). Essa corrente provocava o deslocamento da armadura do aparelho
receptor, reproduzindo com as vibrações, transmitindo assim a voz humana. O
deslocamento da membrana era de pequena amplitude e Bell só conseguia o alcance
de mais ou menos uns 200 metros.
Bell tentou vender sua patente para a Western Telegraph Company por
100.000 dólares e não conseguiu; a empresa recusou sua oferta, porém um ano
depois, reconsideraram e ofereceram ao inventor a quantia de 25 milhões de dólares à

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vista, prontamente recusada por Bell, que conseguiu empréstimos bancários e criou
uma das maiores empresas do mundo, a BELL TELEPHONE CO.

1.1. Histórico da Telefonia no Brasil


O Brasil ainda era uma monarquia agrícola quando D. Pedro II visitou a
Exposição de Tecnologia na Filadélfia (EUA), em 1876, teve o prazer de ser o primeiro
Chefe de Estado a falar num telefone e em 1877. Ao voltar da viagem aos Estados
Unidos e Europa, mandou instalar os primeiros telefone no Palácio de São Cristóvão.
Era uma linha telefônica entre as Forças Armadas e o Quartel dos Bombeiros. Em 15
de Novembro de 1879, D. Pedro II criou a Companhia Telephonica do Brasil, cujas
ações eram controladas pela Western Telegraph Company, a primeira concessionária
da telefonia no Brasil.

Linha do Tempo da telefonia no Brasil:

1877 – D. Pedro II manda trazer dos Estados Unidos o primeiro telefone para
ser instalado no Palácio Imperial de São Cristóvão.
1889 – É dada a primeira concessão de uma linha telefônica no Brasil, sendo
instaladas também linhas telefônicas de aviso de incêndio com a central de bombeiros.
1893 – Já existiam no Rio de Janeiro 5 centrais telefônicas manuais com 1000
assinantes cada uma, e viabilizaram a primeira linha telefônica interurbana interligando
o Rio com Petrópolis.
1904 – Primeiros telefones em Natal.
1922 – O Rio já dispunha de 30.000 linhas instaladas, para uma população de
1.200.000 habitantes.Natal,com população de 45.000 habitantes, tem apenas 40
telefones
1923 – É constituída a primeira companhia telefônica, a CTB (Companhia
Telefônica Brasileira)
1932 – É criada a Repartição de Serviços Públicos e a Telefonia em Natal é
estatizada juntamente com Energia elétrica, Bonde e Lixo. João Sizenando Pinheiro é
o primeiro diretor. São 40 assinantes em Natal. Central operada por telefonistas
funciona na Ribeira.
1939 – É inaugurada a primeira estação telefônica automática, tendo sido
instaladas até então um total de 100.000 linhas de assinantes.
1945 – Já havia cerca de 1.000.000 de terminais no Brasil, operados por 800
empresas particulares, onde 75% dos serviços eram prestados pela CTB nos estados
do Rio, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo. A presença militar americana no RN
provoca expansão de terminais :Natal passa a ter 400 linhas incluindo as implantadas
na Base de Parnamirim.
Até 1962 – O Brasil sofreu uma estagnação no crescimento da Telefonia, com
pouca oferta de linhas para a população. Eram muito freqüentes os
congestionamentos dos serviços telefônicos.
As comunicações internacionais estavam nas mãos das operadoras
estrangeiras Western Telegraph, Radional, Italcable e Radiobrás. As únicas operações
de telecomunicações em mãos do Estado eram a telegrafia, operada pelos Correios, e
algumas emissoras de radiodifusão de alcance nacional. A situação geral sob o
domínio de seis empresas estrangeiras revelou-se um desastre de ineficácia
1962 – Cria-se o CONTEL (Conselho Nacional de Telecomunicações), órgão
subordinado diretamente à Presidência da República, destinado a coordenar,
supervisionar e regulamentar as telecomunicações no país.
1963 – É inaugurada a TELERN Companhia Telefônica do RGN, empresa
estadual cujos objetivos principais são: ampliar a telefonia na capital e implantar a

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comunicação interurbana envolvendo as principais cidades do interior do estado.
Governo de Aluísio Alves.
1965 - Cria-se a EMBRATEL (Empresa Brasileira de Telecomunicações) com a
finalidade de implantar e implementar os sistemas de longa distância no Brasil, para
interligar as capitais e grandes cidades entre si. É criado também o DENTEL
(Departamento Nacional de Telecomunicações), tendo como função a execução e
fiscalização das normas e diretrizes editadas pelo CONTEL. Estabeleceu-se uma
sobretaxa de 30% nas tarifas normais, com o propósito de se financiar a EMBRATEL
através do Fundo Nacional de Telecomunicações.
1967 – O governo cria o Ministério das comunicações para fixar a política
nacional das telecomunicações, assumindo a coordenação central do crescimento de
toda a Rede Nacional de Telefona, dos Correios e da Radiodifusão.
1972 – O Ministério das Comunicações cria a TELEBRÁS, emprese de capital
misto, reduzindo o número de empresas prestadoras de serviços para 28,
praticamente uma para cada estado e território do país. Com sua criação, a
TELEBRÁS começou a contribuir de forma expressiva para o crescimento do plano de
expansão nacional. AS Operadoras estaduais foram quase todas absorvidas pela
Telebrás, a TELERN passou a denominar-se Telecomunicações do Rio Grande do
Norte S.A. empresa de economia mista onde o principal acionista era a Telebrás,
Ministério das Comunicações.
1985 – O setor das telecomunicações tem uma taxa de crescimento econômico
da ordem de 7,5% sendo considerada por especialistas como a maior do mundo,
atingindo um índice de 96% na nacionalização dos equipamentos industrializados pr
empresas do setor.
1988 – Adotado o padrão AMPS pela TELEBRÁS para a telefonia celular
1990 – Tem início o primeiro serviço móvel celular do Brasil, no Rio de Janeiro.
1992 – O Brasil chega a instalar 14 milhões de linhas telefônicas, atingindo a
proporção de 10 telefones para cada 100 habitantes e a TELEBRÁS é afiliada como
membro internacional da CTIA.
1994 – A TELEBRÁS consegue cobrir com a telefonia celular todas as capitais
dos Estados e cerca de 250 cidades do país, Natal foi a segunda capital nordestina a
ter telefonia móvel celular.
1997 – O Brasil fecha o ano com cerca de 4,3 milhões de terminais celulares
em operação
1998 – A TELEBRÁS é privatizada.

Empresa Consórcio Comprador Valor da aquisição(US$


bilhões)
Embratel MCI 2,29
Telefónica, Iberdrola, Banco
Telesp (S.Paulo) Bilbao Vizcaya, RBS (Brasil), 5,00
Portugal Telecom

Tele Centro Sul (Paraná,


Santa Catarina, Mato
Grosso do Sul, Mato Telecom Italia, Banco
1,80
Grosso, Goiás, Distrito Opportunity (Brasil)
Federal, Tocantins,
Rondônia e Acre)

Telemar (Rio de Janeiro,


Minas Gerais, Espírito Andrade Gutierrez, La Fonte,
Santo, Bahia,RN e outros Inepar, Brasil Veiculos, 3,00
estados do Nordeste, Macal (todas brasileiras)
Amazonas, Pará, Roraima e

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Amapá)

Telesp Celular (São Paulo) Portugal Telecom 3,10

Tele Sudeste Celular (Rio de Telefónica, Iberdrola, NTT


1,20
Janeiro, Espírito Santo) Mobile, Itochu

Telemig Celular (Minas Telesystems International,


0,66
Gerais) Banco Opportunity

Tele Celular Sul (Paraná, Organizações Globo (Brasil),


Santa Catarina, Rio Grande Banco Bradesco (Brasil), 0,61
do Sul) Telecom Itália

Tele Norte Celular


Telesystems International,
(Amazonas, Pará, Roraima, 0,16
Banco Opportunity
Pará, Maranhão)

Tele Centro Oeste Celular


(Acre, Distrito Federal,
Goiás, Mato Grosso, Mato Splice do Brasil 0,38
Grosso do Sul, Rondônia,
Tocantins)

Tele Leste Celular (Bahia,


Telefónica, Iberdrola 0,37
Sergipe)

Tele Nordeste Celular (seis


estados do Nordeste:
Organizações Globo, Banco
Alagoas, Ceará, 0,58
Bradesco, Telecom Itália
Pernambuco, Paraíba, Piauí,
Rio Grande do Norte)

Total 19,15

O processo de privatização criou ainda 10 empresas-espelho de telefonia


celular para operar na banda B, competindo com as oito originalmente existentes.
Atualmente operam também duas empresas nas bandas D e E (ambas com padrão
GSM). Três empresas-espelho de telefonia fixa e uma operadora-espelho de longa
distância (a Intelig, espelho da Embratel) foram também autorizadas a operar.
A Telebrás detinha 77% do capital das empresas do sistema, e o governo
federal era dono de 19,26% dessa porção - ou seja, o leilão de julho de 1998 vendeu
14,8% do valor total das empresas do sistema Telebrás - esta porcentagem
correspondia a 51,79% do total de ações com direito a voto do sistema, ou 64,4
bilhões de ações.
O total da venda dos 14,8% mencionados acima foi de US$19,15 bilhões. A
tabela anterior resume as aquisições. A preparação para o processo de privatização
envolveu o desmembramento do sistema Telebrás em doze empresas, sendo três de
telefonia fixa, oito de telefonia celular e uma de comunicação de longa distância.
Assim, as operadoras de celular foram separadas das empresas de telefonia fixa,
formando-se oito empresas regionais que operam telefonia celular na banda A, todas
privatizadas em 1998.

Evolução do número de Acessos Fixos no Brasil (Milhões)

Ano Acessos Instalados Acessos em Serviço

2006 51,2 38,8

9
2005 50,5 39,8

2004 50,0 39,6

2003 49,8 39,2

2002 49,2 38,8

2001 47,8 37,4

2000 38.3 30,9

1999 27.8 25,0

1998 22.1 20,0

1997 18,8 17,0

1996 16,5 14,8

1995 14,6 13,3

1994 13,3 12,3

Observa-se estagnação no total de acessos em serviço em 2006 comparado a


2005, isso decorre principalmente da grande expansão efetuada na telefonia fixa entre
1999 e 2001 e também da concorrência com as linhas celulares, cujos preços e tarifas
têm sido reduzidos de forma bem mais acentuada. A expansão ocorrida na telefonia
fixa não foi uma mera demonstração de eficiência da privatização da Telebrás e suas
Operadoras. É preciso salientar que o modelo de regulação imposto no governo FHC
(controlado pela ANATEL) obrigava as Operadoras ao atingimento de metas rigorosas
de atendimento de demanda e qualidade de serviço mesmo em pequenas localidades.
O atendimento dessas metas é que permitiria a Operadora de prestar novos serviços,
isso ocorreu, por exemplo, com a Telemar na região nordeste-leste-norte ,
proporcionando á mesma a prestação conseqüente do serviço de telefonia móvel
celular através da Oi a partir de 2002.
A receita bruta das operadoras de Telefonia fixa no Brasil apresentou um
crescimento de apenas 2% em 2006. A receita na telefonia local cresceu -1,4% e a de
longa distância -4,6%. No total o crescimento só foi positivo devido à receita de
comunicação de Dados (Banda Larga) que apresentou um crescimento de 25% em
2006.

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1.2. Evolução da Telefonia Fixa em Natal RN (Telern-
Telemar)

11
Existem cerca de 85 URAs (Unidades Remotas de Assinantes) vinculadas às
Centrais-Mães acima apresentados espalhadas em Natal, garantindo para mais de
70% dos assinantes uma distância em par metálico máxima de 1 Km .
Nos entroncamentos ópticos predominam os sistemas SDH, STM-1 ou STM-4
com taxas de 155,2 e 622 Mbps.

Evolução dos Serviços de Telecomunicações


1870 1970 1990 2006
Internet banda
larga
Home Shopping
Reconhecimento
de Voz
Telecomandos
Disqueamizade Telealarmes

12
Serviços
Telemetria
Suplementares
Ligação à
Serviços 0800 Serviços 0800
cobrar
Radiofone Home Banking Home Banking
Telefone com
Telex Internet Celular
fichas
Telefonia Facsimilie Telex Dados Dados
Telefone a Telefone a
Telegrafia Telegrafia Telefonia Facsimilie
cartão cartão
Comunicações
Telegrafia Telefonia Paging
Móveis
Telegrafia Satélite Voice Banking
Vídeo
Satélite Telex
conferência
Serviços
Facsimilie Satélite
Suplementares
Telefonia Paging
Telegrafia TV a Cabo
TV a Cabo Facsimilie
Telefonia
Telegrafia
Disqueamizade
Fax colorido
Telemedicina
Evolução dos serviços de telecomunicações. Fonte: Telecommunications Switching Traffic and Networks,
J.E. Flood, Prentice Hal International,2005.

A Tabela anterior ilustra sinteticamente a evolução dos serviços de


telecomunicações (só são citados os principais, mas existem outros).

2. AS NORMAS DAS CONCESSÕES E A QUALIDADE


DO SERVIÇO
Até a privatização, o poder do setor estava centrado no Ministério das
Comunicações, organismo controlador da Telebrás e da empresa estatal de correios
(EBCT).
Desde a criação da Telebrás não se via uma mudança tão significativa na
estrutura de poder do setor no Brasil quanto a aprovação da emenda constitucional de
agosto de 1995, que aboliu a perpetuidade do monopólio federal das
telecomunicações. A preparação legal para o processo de privatização culminou com
a Lei Geral das Telecomunicações, de 1997 (Lei 9.472).
Uma das mudanças significativas na estrutura de regulação e controle foi a
criação da Agência Nacional de Telecomunicações, Anatel (outubro de 1997), órgão
regulador federal das telecomunicações concebido nos moldes da Federal
Communications Commission (FCC) dos EUA. De fato, entre as obrigações da Anatel
estão:
• aprovar, suspender e cancelar concessões;
• regulamentar os procedimentos de licenciamento e prestação de serviços;
• fiscalizar o funcionamento das concessionárias;
• gerenciar os espectros de telecomunicações, incluindo equipamento em órbita;
• certificação de produtos e equipamentos.

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Nos últimos anos do monopólio Telebrás, a “holding” passaria a ser conhecida
não por sua missão formal (estender os serviços públicos de telecomunicações a
todos os brasileiros), mas por sua ação na prática: restringir ou mesmo reprimir a
demanda.
A deterioração dos serviços, particularmente de telefonia, combinada com a
impossibilidade na prática de obter melhora de serviços através de ações legais dos
consumidores - havia uma única empresa provedora de serviços, que também era a
reguladora da concessão - favoreceu os argumentos pró-privatização em um contexto
de uma imensa demanda frustrada em que só era possível obter linhas fixas ou
ativação celular a curto prazo no mercado paralelo de linhas telefônicas.
De certo modo reproduzia-se a mesma situação de quando a telefonia estava
em mãos de operadoras estrangeiras ou de pequenas empresas privadas - só que
num cenário de escala muito maior e de grandes mudanças tecnológicas no setor a
nível mundial. Alguns dos argumentos que serviram para a estatização de 1962 em
diante, serviam agora para a reprivatização dos serviços.
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) foi instalada com a missão
de viabilizar um novo modelo para as telecomunicações brasileiras, principiando com a
definição e a execução do processo de privatização do Sistema Telebrás. Com a
privatização, o papel fundamental da Anatel passou a ser o de regulamentação,
outorga e fiscalização de serviços de telecomunicações no país.
As concessionárias passaram então a responder perante a Anatel pela
qualidade dos serviços e pelas metas estabelecidas nos contratos de concessão.
Estão entre as determinações nos contratos: prazos máximos para instalação e reparo
de linhas a partir da solicitação do ciente;distribuição de orelhões em todas as áreas
de localidades acima de 500 habitantes, índice de perda de chamadas por
congestionamento máximo adimitido em torno de 3%,etc. Todas as localidades com
pelo menos 100 habitantes morando numa mesma área devem ter um telefone público
para atendimento.
Não é surpresa saber que uma das tarefas da Anatel tem sido multar as
concessionárias por não cumprimento das metas de qualidade e extensão dos
serviços. Note-se que algumas das empresas transnacionais controladoras de
serviços no Brasil são também multadas em seus países-sedes. De acordo com El
País (22 de julho de 2000) a Telefónica acumulava na época, na Espanha, por
exemplo, um total de aproximadamente US$20 milhões em multas entre fevereiro de
1995 e julho de 2000, por falhas como atraso na entrega de linhas, cobrança indevida,
obstáculos ilegais à entrada de competidoras, quebras de contrato e outras.
Lamentavelmente a quantidade de engenheiros no quadro da ANATEL é ainda
muito restrita o que limita a ação do referido órgão.
No Brasil, o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) de São Paulo já recebeu
desde a privatização mais de 110 mil reclamações sobre serviços de telefonia. O Idec
estima que há pelo menos uma nova reclamação chegando aos órgãos de defesa do
consumidor do país contra concessionárias de telefonia a cada 15 minutos.
Neste contexto, é possível que as metas da Anatel (ver abaixo) não cheguem a
ser alcançadas nos prazos estipulados. E há um agravante: além da duvidosa
qualidade do serviço, as curvas de crescimento de demanda estão se achatando em
um país de extrema concentração de renda e, somente pelas leis do mercado, é muito
provável que não haverá consumidores suficientes para pagar por 120 milhões de
linhas (entre linhas fixas e móveis) em 2007.

14
2.1. Alcance das Redes de Telecomunicações no
Brasil
Telefonia fixa

A tabela abaixo mostra a escala da telefonia brasileira em números absolutos e


relativos, incluindo projeções a partir de dados da ANATEL até o ano de 2005.
É importante destacar a importância da participação do governo através da
ANATEL como órgão regulador. As Operadoras têm que atender diversas metas de
universalização e de qualidade de serviço para poder prestar novos tipos de
atendimentos. Dessa maneira, a Telemar, por exemplo, que presta serviços no norte-
nordeste e leste do país, teve que antecipar o atendimento telefônico a todas as
localidades com mais de 300 habitantes até dezembro de 2001 para que em 2002
pudesse iniciar a prestação do serviço SMP (celular) através da OI. Também na área
de telefones públicos a Telemar foi obrigada a instalar milhares de orelhões garantindo
um espaçamento máximo de 300 metros entre Telefones Públicos para qualquer
cidade co mais de 700 habitantes, isso tudo sem falar obrigatoriedade de instalação de
orelhões na vizinhança de todas escolas e hospitais e no tempo máximo de 24 horas
para conserto das linhas defeituosas.

Alcance da telefonia fixa no Brasil


Ano Linhas Linhas por 100 Habitantes
(milhões) hab. (milhões)
1999 27 17 160
2000 33 20 162
2001 37 22 165
2002 40 24 167
2003 43 25 169
2004 47 27 172
2005 51 29 174
Fonte: estimativas baseadas em dados da Anatel.

A Anatel previa ainda que os telefones públicos passassem de 713 mil em


1999 a 981 mil no final de 2001. Todas essas projeções são baseadas nos contratos
de concessão, que determinam metas a serem cumpridas pelas concessionárias de
telefonia. As projeções podem ser afetadas pela extensão e intensidade de uso de
telefones celulares e similares que, dependendo de custo, avanço da tecnologia e
eficácia, podem funcionar como substitutos de circuitos fixos. Hoje mesmo empresas-
espelhos de telefonia fixa, sem a infra-estrutura de cabeamento disponível, instalam
telefones “fixos” que na verdade são telefones sem fio (wireless) usando a mesma
tecnologia CDMA spread spectrum dos celulares. Detalharemos esse tema
posteriormente.

Telefonia celular

É mais difícil prever o alcance da telefonia celular no país nos próximos anos
devido à rápida mudança de tecnologia, que envolve, entre outros elementos, a
mudança rápida de padrões tecnológicos para fazer convergir as comunicações de

15
dados e de voz, tornando o telefone celular em um sistema de comunicação pessoal
(PCS) e possivelmente indo além, tornando-se uma estação de comunicações digitais
portátil abrangendo dados, áudio e vídeo interativos.
Um cenário possível, dada a concentração de renda extrema no país, é a
coexistência por muitos anos do telefone celular digital básico (basicamente usado
para voz e limitado a troca de dados em baixa velocidade) e de PCSs sofisticados
permitindo uso interativo de multimeios com grande largura de banda.

Ano Terminais Terminais Habitantes


móveis móveis por 100 (milhões)
(milhões) hab.
2000 23,19 14,31 162
2001 28,75 17,42 165
2002 34,88 20,89 167
2003 46,37 27,44 169
2004 (*) 49,14 28,57 172
(*) Até março. Fonte: Anatel.

Em 2003, o total de terminais móveis (celulares e serviços móveis similares)


em uso no país ultrapassou os 46 milhões (quase três para cada 10 habitantes),
número próximo da meta prevista pela Anatel. A taxa de crescimento diminuiu
bastante, já que a demanda extremamente reprimida de vários anos já foi satisfeita
(não há mais fila de espera para conseguir um celular), e já ultrapassou o número de
telefones fixos. Um processo de concentração empresarial resultou em apenas quatro
grandes operadoras de telefonia celular (três baseadas na tecnologia européia GSM e
uma baseada na tecnologia mais tradicional dos EUA, conhecida como CDMA):
Claro/GSM, Oi/GSM, Tim/GSM e Vivo/CDMA, todas com cobertura nacional
autorizada pela Anatel.
Projeções com base nos dados da Anatel apontam para cerca de 58 milhões
de terminais móveis de todos os tipos em 2005 (mais de 30 celulares para cada 100
pessoas), praticamente igualando as projeções de telefones fixos para o mesmo ano.
Como já mencionado, é preciso contrastar essa previsão de oferta com a realidade do
mercado em um país de extrema concentração econômica.

Fibra óptica

A infra-estrutura de fibra óptica brasileira começou a ser implantada em 1993,


com a ligação entre Rio de Janeiro e São Paulo. Só a rede da Embratel ultrapassava
os 20 mil km de circuitos interurbanos de fibra no final de 1998.
Hoje há redes metropolitanas de fibra óptica nas principais cidades, operadas por
várias empresas privadas, e as principais capitais estão também interligadas por fibra,
com redundância entre as principais cidades (Rio de Janeiro, São Paulo, Belo
Horizonte e Brasília). Todas as empresas de telefonia, além da Embratel, implantaram
redes próprias de fibra, e as novas regras permitem que empresas de outros setores
implantem redes de fibra aproveitando suas próprias infra-estruturas (como as
empresas distribuidoras de eletricidade e outras -- um exemplo é a rede de fibra da
Eletronet, sobre as linhas de transmissão de energia elétrica de alta voltagem).
Além disso, grandes projetos multinacionais de fibra foram instalados em
escala regional, interconectando vários países da região entre si e aos EUA. Entre os
cinco maiores projetos que incluem o Brasil, destacam-se os sistemas Telefónica-Tyco

16
(23 mil km de extensão) e Global Crossing (18 mil km) circundando a América Latina -
ambos já em operação, com capacidade bruta regional de mais de um Tb/s (terabits
por segundo) cada.
. A redução de tarifas e expansão da telefonia móvel celular, além da saturação
no mercado, conduziu à diminuição do crescimento de telefones fixos, no RN, por
exemplo, a Telemar tem tido redução na quantidade total de telefones em serviço
desde o ano de 2002.
O texto a seguir do professor A.Favaro ilustra a evolução da telefonia.

17
18
Diagrama Típico de uma Rede de Acesso para Telefonia.

19
Túnel de cabos da rede primária na Estação Centro Telemar-Oi,Natal RN.

Arquitetura Básica de uma NGN

20
3. FUNDAMENTOS DE ACÚSTICA

3.1. Voz X Audição


O som é sensação causada no sistema nervoso pela vibração de delicadas
membranas no ouvido, como resultado da vibração de corpos rígidos ou semi-rígidos,
tais como diapasão, alto-falante ou uma campainha. O som é uma energia mecânica,
necessitando de um meio material para propagar, diferentemente da energia
eletromagnética que se propaga no vácuo.
O ar constitui um meio do qual o som pode ser transmitido. Entretanto, outros
meios, quer sólidos ou líquidos podem servir para sua propagação. Constata-se que
um meio com maior densidade, isto é, um sólido propaga o som melhor do que o ar. A
figura abaixo ilustra as principais partes do ouvido humano.

Aspecto do ouvido humano

As freqüências audíveis vão desde 20 Hz a 20kHz, sendo que o limite superior


varia de pessoa para pessoa e decresce com a idade. Para que o som possa ser
percebido pelos órgãos auditivos tem que haver uma intensidade mínima, que
corresponde ao limite inferior de audibilidade, chamado umbral de audibilidade. Este
limite varia com a freqüência. O ouvido humano tem uma sensibilidade maior para as
freqüências de aproximadamente 3kHz.

As principais características do ouvido humano são:

• recepção: vibração do tímpano;


• faixa de freqüência: 16 Hz a 20 kHz;
• resposta: não-linear

A Figura 3.2 mostra a curva de resposta em freqüência do ouvido humano:

21
Resposta em freqüência do ouvido humano

A voz humana produz vibração sonora dentro de uma faixa de freqüências de


100 Hz a 10 kHz. Cada som emitido é composto, simultaneamente, de diversas
freqüências. As freqüências dos sons vocais são harmônicos de uma certa freqüência
fundamental das cordas vocais, razão principal da diferença entre a voz masculina
(125 Hz) e a voz feminina (250 Hz).
A potência média da voz de diversas pessoas pode variar dentro de amplos
limites, sendo, no entanto de um valor muito baixo; uma pessoa falando baixo produz
0,001 microwatt, falando normalmente 10 microwatts, e gritando 1 a 2 miliwatts. Outra
característica importante da voz que deve ser levada em conta, é que a maior parte da
energia está concentrada nas baixas freqüências.

As principais características da voz humana são:

• emissão: vibração das cordas vocais;


• faixa de freqüência: 20 Hz a 10 kHz;
• faixa de maior energia: 100 Hz a 1500 Hz
• faixa de maior inteligibilidade: 1500 Hz a 8000 Hz.

Curva característica da potência da voz humana no domínio da freqüência.

3.2. Inteligibilidade
Diversos estudos foram realizados para determinar qual a faixa de freqüências
mais apropriada, sob o ponto de vista econômico e de qualidade, para as
comunicações
Para fonia (transmissão de voz), foram basicamente levados em conta os
seguintes fatores, resultantes das características da voz e do ouvido humano:
inteligibilidade e energia da voz.
A inteligibilidade é definida como o percentual de palavras perfeitamente
reconhecidas numa conversação. Verificou-se que na faixa de 100 a 1,5 KHz estava
concentrada 90% da energia da voz humana, enquanto que na faixa acima de 1,5 KHz
estava concentrada 70% da inteligibilidade das palavras.
Baseado num compromisso entre estes dois valores, foi escolhida a faixa de
voz entre 300 e 3,4 KHz para comunicações telefônicas, o que garante 85% de
inteligibilidade e 68% de energia da voz recebida pelo ouvinte. Para transmissão de
música, no entanto, é necessário uma faixa bem maior, de 50 Hz a 10 Khz.

22
Considerando esse fato, os sistemas telefônicos em geral foram projetados e
construídos no mundo todo para atender bem ao espectro definido para telefonia
simples, assim os aparelhos telefônicos têm boa resposta nas cápsulas transmissora e
receptora para a parcela de energia da voz humana que se situa entre as freqüências
de 300 e 3,4 Khz, garantindo 85% de inteligibilidade.
Na concepção da rede telefônica de cobre foi estabelecido a corrente mínima
de funcionamento igual a 25mA, considerando a tensão DC padronizada para a
grande maioria dos Países de 48 V,tem-se a resistência total máxima de 1.920 Ohm. A
Resistência do telefone é de 500 Ohm,daí a resistência máxima da linha deve ficar em
torno de 1.920-500=1.420 Ohm.
Para um par de fios #26 tem-se 40 Ohm / mil pés, passando para o sistema
métrico chega-se a uma distância máxima de 5,4 km. A grande maioria das linhas
existentes está nesse limite. Linhas instaladas acima desse limite correm o risco de
não conseguirem fazer sinalização.
Esse limite pode ser ampliado um pouco com utilização de fios mais grossos ou
implantação de amplificação eletrônica.
A chamada eletronização da rede telefônica com utilização de extensores de
enlace e amplificadores de voz expostos a altas temperaturas, entretanto, se revelou
como uma opção de custos elevados em termos de manutenção e só tem sido
implementada em casos extremos. A implantação de linhas longas, como nos casos
de atendimentos a granjas situadas na periferia das grandes cidades também é sujeita
a constantes roubos em função do aproveitamento financeiro do cobre.
A evolução da utilização da rede telefônica para outros serviços, especialmente
a comunicação digital de dados em alta velocidade conduziu naturalmente à
necessidade de utilização de bandas passantes superiores a 3,4 KHz. Na seqüência
da Apostila iremos explicar melhor como essa adaptação a bandas mais largas foi
efetuada na rede telefônica especialmente com a redução da extensão da rede de
acesso metálica pela utilização de URAs e adoção de dispositivos XDSL.

3.3. Transformação de Energia Acústica em Energia


Elétrica
A energia acústica produzida pela voz é transformada em energia elétrica por
intermédio de um microfone, também conhecido como transdutor. Nos aparelhos
telefônicos, o microfone é, geralmente, uma cápsula de carvão, constituída
basicamente de grânulos de carvão, limitados por uma membrana (figura abaixo),
onde é aplicada uma diferença de potencial que faz circular uma corrente DC.

Transformação de energia acústica em elétrica

23
Quando as vibrações sonoras incidem sobre a membrana, fazendo-a vibrar,
este movimento comprime mais ou menos os grânulos, diminuindo ou aumentando a
resistência, com uma correspondente vibração na corrente no mesmo ritmo das
vibrações sonoras. Esta variação da corrente produz uma potência elétrica, que às
vezes é maior que a potência acústica aplicada na vibração da membrana, fazendo
com que a cápsula se comporte como um amplificador.
A cápsula de carvão é o microfone mais barato, porém apresenta algumas
restrições:
- Produz uma distorção maior que a dos outros microfones.
- Tem uma sensibilidade que varia com a freqüência, atenuando muito as
baixas freqüências.

3.4. Transformação de Energia Elétrica em Energia


Acústica
Para transformação da energia elétrica em energia acústica, nos aparelhos
telefônicos utilizam-se cápsulas magnéticas e dinâmicas. A cápsula magnética é
constituída, basicamente, de um ímã permanente com duas peças polares, providas
de bobinas, através das quais circula corrente DC; uma membrana metálica fecha o
circuito magnético, e a força que atua sobre a mesma é proporcional ao quadrado da
indução resultante:

Transformação de energia elétrica em acústica (cápsula magnética)

Nas cápsulas receptoras dinâmicas, a bobina pela qual circula a corrente DC


está unida à membrana, movendo-se num campo magnético cilíndrico; a força que
atua sobre a bobina e a membrana é proporcional à força do campo magnético
permanentemente e à energia que passa pela bobina.
Nos dois tipos de cápsulas receptoras conseguem-se características lineares
para a faixa de freqüências de voz, bem como baixa distorção.

24
Transformação de energia elétrica em acústica (cápsula dinâmica)

É interessante observar que a faixa de freqüência audível ao ser humano é


cerca do dobro da faixa de freqüência gerada pelo mesmo, além disso a natureza nos
proporcionou dois receptores (dois ouvidos) e só um transmissor (uma boca) ainda
assim muitos escutam pouco e falam muito...

4. UNIDADES DE MEDIDAS EM TELECOMUNICAÇÕES


Medir uma grandeza é compará-la com outra de mesma espécie,
preestabelecida e chamada unidade. A unidade de medida deve ser escolhida de
maneira que os resultados de diversas medidas sejam números fáceis de serem
manuseados. Por exemplo: para a grandeza comprimento, as estradas são medidas
em quilômetros, enquanto o alfaiate usa uma fita graduada em centímetros; seria
matematicamente exato, mas pouco prático, dizer-se que uma estrada tem 40 000 000
centímetros, ou um pedaço de tecido tem 0,00002 quilômetros.
Considerando a potência de um sinal elétrico. Essa grandeza era normalmente
medida em Watt (W), ou em seus múltiplos e submúltiplos, sendo o miliwatt (mW) a
unidade que mais se adapta às medidas de potência elétrica realizadas em sistemas
de Telecomunicações pois, como no item 3.1, a potência sonora máxima de uma
pessoa pode chegar a ser dez mil vezes maior que a potência sonora mínima dessa
mesma pessoa, numa conversação normal.
Isto significa que, na entrada de um equipamento de comunicação, a potência
elétrica instantânea pode variar na razão de 10 000 para 1 e que, em casos extremos
(uma pessoa gritando), pode atingir variações maiores ainda, da ordem de 10 000 000
para 1. Esta extensa variação torna pouco prática a medida da potência em questão,
através de medidores com escalas decimais, pois teríamos uma escala de 1 até 10
milhões.
Este problema é resolvido comprimindo-se as escalas com o uso de logaritmos
pois, como sabemos da matemática, uma variação de 1 para 10 000 000 significa em
logaritmos decimais uma variação de somente 0 para 7, resultando com que,
praticamente, todas as medidas de nível de potência em Telecomunicações sejam
logarítmicas.

4.1. Relação de Potências e quadripolos


Quando uma informação é enviada de um ponto a outro, os sinais elétricos
passam através de diversos elementos que compõe o sistema de transmissão, tal
como telefone, linha física, central telefônica, multiplex, etc. Cada um desses
elementos, ou mesmo parte deles, pode ser representado por um quadripolo que tem
a possibilidade de atenuar o sinal (significa que a potência do sinal de entrada do

25
mesmo é maior que a de saída), ou amplificar o mesmo (significa que a potência do
sinal de entrada é menor que a de saída).
Se considerarmos como relação de potência M de um quadripolo a razão entre
a potência de saída e de entrada do mesmo, ao ligarmos em série N elementos do
sistema de transmissão, conforme a figura abaixo, poderemos calcular a relação de
potência total do sistema.

Quadripolos em série.

Como sabemos:

então:

ou ainda:

Onde se conclui que: para N quadripolos em série, a relação de potência total é


igual ao produto das relações de potências individuais dos N quadripolos.

4.2. Decibel
Como vimos, poderemos então ter a relação entre as potências de entrada e
saída de um quadripolo apresentando atenuação ou amplificação. Se tomarmos o
logaritmo decimal dessa relação, estaremos definindo o BELL (B).

Na prática, devido a esta unidade ser muito grande, adota-se uma subunidade,
o decibel (dB).

Onde

Gq : amplificação do quadripolo em dB;


Pq : potência de saída do quadripolo;
Pq - 1 : potência de entrada do quadriplo

26
IMPORTANTE:

Se Pq > Pq - 1 – Gq é maior que 0 (dB), e teremos amplificação


Se Pq < Pq - 1 – Gq é menor que 0 (dB), e teremos atenuação
Se Pq = Pq - 1 – Gq é igual a 0 (dB) e dizemos que o quadripolo é transparente

As vantagens de se expressar ganho em dB são as seguintes:


- O cálculo da amplificação total de quadripolos em série passa a ser uma
soma em dB, ao invés de uma multiplicação de relações de potência, pois como
sabemos do Item 4.1

Se tomarmos 10*log de ambos os termos teremos:

(Transformamos produto de escalas lineares em somas de escalas


logarítmicas)

- Relações de potências muito grandes passam a ser pequenos valores


em dB, assim por exemplo:

Exemplo 1:

Numa linha é enviado um sinal com 400 mW de potência, obtendo-se no


extremo distante 10 mW. Como a potência de saída é menor que a de entrada, calcule
a atenuação da linha.

Solução:

A atenuação de 16 dB equivale a um “ganho” de -16 dB.

Exemplo 2:

Um amplificador entrega 2W na saída quando um sinal de 10mW é aplicado na


sua entrada. Calcule o ganho.

Solução:

27
Como já vimos, ganho e a atenuação são expressos em dB, porém com sinais
opostos.
A fim de evitar erros nos cálculos de amplificação de quadripolos em série,
costuma-se expressar a atenuação com valor negativo e o ganho com valor positivo.

Exemplo 3:

Ao ligarmos em série os quadripolos dos Exemplos 1 e 2, teremos ganho ou


atenuação?

Solução:

Isto significa que teremos um ganho de 7 dB

Ábacos para conversão de relação de potências em dB e vice-versa

Exemplo 4:

Qual o ganho do amplificador abaixo?

Solução:

Da figura abaixo, temos:

28
G = 47 dB

Relação Watt dBm

4.3 – dBm
Uma potência qualquer P pode ser expressa em termos da razão entre esta
potência P e um valor de referência fixo. O valor da potência de referência é o mais
variado possível, de acordo com o propósito a que se destina, como por exemplo: pura
transmissão de energia elétrica adota-se 1 kW, enquanto que para acústica é usado
10-16 W; em Telecomunicações a potência de referência é 1mW.
Se considerarmos na expressão:

esta relação passa a ser um valor absoluto de potência, indicando o número de


decibéis abaixo ou acima de 1mW. Esta unidade é chamada de dBm e a equação
passa a ter a forma:

onde Pq é expresso em mW.

A figura acima apresenta o ábaco da relação entre potências em Watt e dBm.


Este ábaco, em conjunto com os da figura anterior, servem para os cálculos de
conversão de unidades.

Exemplo 5:

Calcule 3500 pW em dBm.

Solução:

29
Exemplo 6:

Calcule –18 dBm em Watt

Solução:

* É importante se observar que níveis absolutos em dBm nunca podem


ser somados ou subtraídos. O valor de potência em dBm só pode ser somado ou
subtraído à dB

Exemplo 7:

Calcule as seguintes adições de potências:

a) 20 dBm com 20dBm


b) 20 dBm com 20 dB

Solução:

Deve-se ter sempre em mente que dBm é potência e dB é relação de


potências.

Exercícios:

1. Um amplificador com ganho nominal de 12 dB tem aplicado um sinal de -12


dBm, qual a potência do sinal de saída em dBm e em miliwatt ?

2. Um sinal de potência 2 miliwatts é aplicado em um atenuador e a potência


de saída do mesmo é de 1 miliwatts, qual a atenuação em dB ?

3. Três amplificadores são instalados em cascata (série), os ganhos


respectivos dos mesmos são: 12 dB, 3 dB e 8 dB, qual a potência de saída em
miliwatts de um sinal cuja potência na entrada é de 1 miliwatts ?

30
4.4. dBu (ou dBv)
Se na equação de definição de dB, substituirmos a potência por seu valor em
função da tensão U e da impedância Z, obteremos:

(1)

Como já vimos anteriormente, uma potência qualquer pode ser expressa em


termos da razão entre esta potência e um valor de referência fixo. Ao invés de
tomarmos uma potência como referência, poderemos fixar a tensão e a impedância
como valores de referência. Assim, a impedância de referência é fixada 600 Ω ( valor
padronizado para a impedância característica dos circuitos de voz) e a tensão é
obtida, por conveniência, aplicando-se 1mW sobre esta impedância:

Substituindo estes valores na Equação (1), obteremos uma potência (dBm) relativa
à uma tensão de 0,775, aplicada sobre uma impedância de 600 Ω:

(2)

A expressão de U é por definição a unidade dBu, que indica quantos dB uma


determinada tesão está acima ou abaixo de 0,775 V.

A figura abaixo apresenta os ábacos para conversão de tensão em dBu e vice-


versa.

31
Ábacos para conversão de tensão em dBu e vice-versa

Verifica-se agora a utilidade desta unidade


dBu. Em Telecomunicações, o nível de potência em
dBm, num determinado ponto de um circuito, é
geralmente medido de maneira indireta da seguinte
forma: termina-se o ponto em questão por uma
resistência, cujo valor é igual à impedância nominal
do ponto, medindo-se a tensão desenvolvida
através da mesma por intermédio de um voltímetro,
cuja escala é calibrada conforme a Figura ao lado.
Escala de voltímetro calibrada para
medir dBu

Quando a impedância característica no ponto de teste for 600 Ω, a potência em


dBm será a leitura em dBu [vide Equação (20].

Se a impedância não for 600 Ω, a potência em dBm será a leitura em dBu mais
um fator de correção, dado por:

onde Zq é a impedância característica no ponto de teste. Para a impedâncias mais


usuais, os valores de K estão apresentados na tabela abaixo:

32
Exemplo 8:

Um nível de –35 dBu é medido num ponto de 150 Ω de impedância. Qual é o


nível em dBm?

Solução:

-35 dBm + 6 dB = -29 dBm

Exemplo 9:

Num ponto de um circuito, cuja impedância é 75 Ω, tem-se uma potência de +5


dBm. Qual é o nível medido em dBu neste ponto?

Solução:

+5dBm – 9 dB = -4 dBu

4.5. dBr
Esta unidade é usada para referir o nível de sinal, em qualquer ponto de um
sistema de transmissão, com relação a um ponto arbitrário do sistema, chamado ponto
de nível relativo zero. O dBr difere da unidade dB pois, enquanto esta última é usada
somente para indicar a amplificação ou atenuação de um quadripolo, dBr é utilizado
para expressar a amplificação ou atenuação total que existe entre pontos arbitrários e
um ponto de referência fixo, num sistema de transmissão. Deve-se notar que a
unidade dBr não fornece nenhuma informação sobre o nível de potência absoluta no
ponto, pois esta é função da potência absoluta no ponto de referência.
A figura abaixo apresenta o diagrama de nível relativo de uma linha de
transmissão imaginária, na qual B é o ponto de referência de nível relativo zero.

Diagrama de nível relativo de uma linha de transmissão

33
É importante se notar que o ponto de nível relativo zero não indica
obrigatoriamente um ponto físico no sistema de transmissão, podendo ser um ponto
hipotético, como o da figura abaixo, onde o ponto de nível relativo zero não está
fisicamente indicado, pois está no meio do amplificador de 4 dB.
O dBr é menos utilizado que o dBm.

Diagrama de nível relativo de uma linha de transmissão

4.6. Outras unidades logarítmicas


- O VU : unidade de medida de tensão, usada em estúdios de radio : 0 (zero)
VU = +4 dBm = 1,228 V em 600 ohms.

- O dBµ : unidade de medida de tensão onde 0 (zero) dbµ = 1 microvolt, usada


para medir tensões muito pequenas como por ex. sensibilidade de receptores. Zero
dbµ em 50 ohms equivale a uma potência de -107 dBm.

- O dBmp e dBp: correspondem ao dBm (potência absoluta) e dB (ganho ou


atenuação) respectivamente ponderados psofometricamente (psofos= ruído), ou seja,
que levam em conta o somatório das respostas em freqüência do ouvido e da cápsula
receptora telefônica, é usado para medir ruído e relações sinal/ruído em telefonia. Em
síntese trata-se de uma unidade de medida com ponderação assemelhada à resposta
de freqüência (sensibilidade) do ouvido humano. O dBmp, por exemplo, corresponde
ao dBm medido após passar por um filtro com filtro psofométrico normalmente
utilizada para medição de ruído.
Convém destacar que no caso de medição da potência de ruído deve-se buscar uma
avaliação da potência de “sinais indesejados” que ocupam uma determinada faixa de
freqüência, distinto portanto da medição usual de um sinal de teste do qual já se tem
uma idéia da sua freqüência específica.

- O dBi : usado para expressar o ganho de uma antena em relação a antena


ISOTRÓPICA. A antena isotrópica tem um diagrama de irradiação esférico, ou seja,
irradia igualmente em todas as direções. O dBi é muito usado em cálculos de enlaces
de telecomunicações. A antena isotrópica é uma referencia teórica, sendo de difícil
construção prática.

34
- O dBd : usado para expressar o ganho de uma antena em relação ao
DIPOLO de meia onda. O dipolo de meia onda é a antena ressonante mais simples e
fácil de ser construída e por isso é muito usada como referencia. Em espaço livre, o
ganho do dipolo de meia onda é de 0 dBd = 2,15dBi

4.7. O desafio da Transmissão telefônica em fios de


cobre
Transmissão a grandes distâncias - Bobinas

Após todo o trabalho de aperfeiçoamento do telefone, no final do século XIX a


preocupação passou a ser quais seriam as demais possibilidades de melhoria na
transmissão telefônica a grandes distâncias.
Elementos a serem modificados:

Transmissor Receptor Linha de


Aparelho que produz Aparelho que nos transmissão
o sinal telefônico. permite ouvir o sinal Rede elétrica por
telefônico. onde passa o sinal
telefônico.

Medidas a serem tomadas:

Aumentar a potência do Aumentar a sensibilidade do


transmissor receptor
Tornar o sinal mais forte na Tornar audível um sinal mais
origem. fraco.

Melhorar a transmissão
Fazer com que o sinal percorra corretamente toda a linha telefônica.

Objetivos das mudanças na linha telefônica:

Amplificar o sinal em pontos intermediários


Reforçar o sinal após ter perdido força.

Reduzir a atenuação
Evitar que o sinal perca força com a distância.

Reduzir a distorção
Manter a boa qualidade da voz.

Reduzir ruídos da linha


Ruídos produzidos por causas externas.

Não havia grandes dificuldades em aumentar a potência do transmissor,


bastava, por exemplo, usar baterias com maior voltagem. Aumentando a potência do
transmissor, a corrente elétrica no fio também aumenta, perdendo assim muita
energia, já que a potência perdida nos fios é igual ao quadrado da corrente elétrica.
Ou seja, se a corrente elétrica é dobrada, a perda de energia é quadruplicada, por

35
isso, quando as correntes elétricas são fortes, o sinal telefônico de um fio passa a
interferir mais fortemente nos vizinhos -fenômeno da “diafonia” ou “cross-talk”.
Isso quer dizer que para aumentar a corrente elétrica, seria necessário afastar
os fios uns dos outros nos postes, o que criaria muitos problemas. Como já havia uma
rede telefônica constituída, aumentar a força das correntes elétricas nos fios
significava mudar todos os postes de lugar. Assim, por motivos práticos, os técnicos,
em 1890, desistiram dessa idéia descartando também o aumento de potência dos
transmissores.
Aumentar a sensibilidade do receptor tampouco seria uma solução, já que não
resolveria problemas como sinais telefônicos fracos, distorcidos e cheios de ruídos;
pelo contrário, só tornaria sua transmissão mais potente agravando ainda mais a
situação.
Concluiu-se então que a solução deveria estar na mudança da própria linha de
transmissão. A partir de 1892, com a idéia de amplificar o sinal em pontos
intermediários, foram instalados os “repetidores” (repeaters) – sistema utilizado com
sucesso nos telégrafos. Repetidor era uma estrutura formada por um receptor e um
transmissor que, encostados um ao outro, recebiam os sinais telefônicos que eram
transmitidos com mais força.
No entanto, este sistema ainda não resolvia os problemas de ruídos e
distorção; pelo contrário: cada vez que o sinal telefônico passava pelo repetidor,
mesmo ganhando força, perdia qualidade.
Em meados de 1890, William Thomson, mais conhecido como Lord Kelvin,
desenvolveu uma teoria sobre a atenuação dos sinais telegráficos com a distância,
levando em conta duas propriedades dos fios: resistência e capacitância. Analisando
estas duas propriedades elétricas das linhas, ele concluiu que havia um limite na
distância que os sinais telefônicos poderiam alcançar e que isso dependia,
principalmente, da resistência dos fios.
Uma solução possível e eficiente seria a substituição da fiação por fios de
cobre, o que constituía, porém, uma alternativa um pouco cara. Primeiro porque,
quanto mais distantes as linhas, mais grossos deveriam ser os fios, e depois porque
seria preciso trocar os postes existentes por outros que suportassem o peso desta
nova fiação. Com isso, sob o ponto de vista prático, parecia ser inviável construir
linhas que ultrapassassem 800 milhas, ou 1.300 km.

Bobinas de carga (loading coils)

A solução encontrada no início do século XX para a melhoria das linhas de


grande distância, foi o uso das “bobinas de carga” (em inglês, loading coils). Com
este tipo de dispositivo, foi possível atingir distâncias de centenas de milhas ou
quilômetros, sem perder a qualidade da transmissão.
Quando uma corrente elétrica percorre um fio, ela o aquece e perde energia.
Para reduzir a quantidade de energia perdida, é possível diminuir a resistência elétrica
do fio usando fios mais grossos, como já vimos, ou aplicando um outro método, cujo
princípio físico pode ser entendido por meio a seguinte analogia:

Saiba mais...

De acordo com a teoria de Heaviside, a atenuação A de um sinal depende principalmente da


resistência R, da capacitância C e da indutância L da linha (por unidade de comprimento), de
acordo com a fórmula (simplificada):

36
Podendo, portanto, diminuir a atenuação A reduzindo a resistência R e a capacitância C, ou
aumentando a indutância L da linha.

Esta fórmula foi pensada, considerando linhas homogêneas, ou seja, com as


mesmas características em todos os pontos. Ao introduzir bobinas, espaçadas entre si
na linha, a equação de Heaviside poderia não funcionar mais – e até então, não havia
uma fórmula para o caso de bobinas intercaladas no fio.
Durante os três últimos anos do século XIX, Stone, Campbell e Hayes
trabalharam para melhorar a qualidade dos cabos telefônicos. Stone percebeu um
problema que ainda não havia sido notado: ao conectar cabos e fios de diferentes
tipos, ou seja, com diferentes propriedades elétricas, os sinais telefônicos podiam
encontrar dificuldades em passar totalmente pelo ponto de união entre eles, pois uma
parte do sinal telefônico é refletido, reduzindo muito a eficiência da linha.

Saiba mais...

Duas comparações podem ajudar a esclarecer o problema. Quando a


luz passa do ar para a água ou por um vidro, uma parte dela é
refletida na superfície de separação. A luz só não é refletida ao passar
de uma substância transparente para outra, quando ambas têm o
mesmo índice de refração. Algo semelhante ocorre com as ondas
produzidas em cordas e molas. Se amarrarmos uma corda fina em
uma corda grossa e produzirmos nela uma onda, uma parte dela será
refletida ao chegar na emenda entre as cordas. Para que o impulso
não seja refletido, é preciso que a densidade das duas cordas - massa
por comprimento - seja igual.

No caso dos sinais telefônicos, a condição básica para que o sinal passe de um
cabo ao outro sem reflexão é, igualmente, que ambos os lados tenham a mesma
impedância – característica elétrica que depende da resistência, capacitância e
indutância dos dois sistemas.
Quando há uma corrente contínua em um fio, temos a seguinte relação:
I=V/R
Quando a corrente é alternada, vale uma relação bastante semelhante, mas no
lugar da resistência R é utilizada a impedância Z. Então temos:
I=V/Z
A impedância é dada por uma fórmula complicada e depende da freqüência f
da corrente alternada. Quando a capacitância é baixa, a fórmula é esta:

Essas fórmulas são válidas quando a indutância está distribuída uniformemente


pela linha. No caso de bobinas espaçadas regularmente pela linha, a fórmula é
totalmente diferente. Em meados de 1899, Campbell conseguiu calcular o
comportamento da linha com bobinas distribuídas, estabelecendo que: se as bobinas
estiverem distribuídas a distâncias bastante inferiores ao menor comprimento de onda
dos sinais telefônicos, o resultado será satisfatório. Ou seja, quatro ou cinco bobinas
por comprimento de onda era uma solução razoável, com dez, o resultado era
praticamente o mesmo da distribuição contínua de indutância.
Uma parte do estudo de Campbell foi teórica e, apenas em 1899, tiveram início
seus testes e experimentações introduzindo 5 bobinas por milha em uma linha de 20
milhas ou seja, 100 bobinas em uma linha de 32 km. Comparando a linha experimental
com as bobinas a uma linha de mesma resistência sem elas, os pesquisadores
puderam observar que a transmissão havia melhorado muito e que os resultados eram
bem próximos das previsões teóricas. Isso lhes deu grande confiança no sistema e na

37
teoria de Heaviside que passava a ser adaptada aos problemas práticos da telefonia,
de maneira independente pelos pesquisadores: Michael I. Pupin e George A.
Campbell, pesquisador da American Telephone & Telegraph (AT&T) – empresa
sucessora da Bell.
A idéia de colocar bobinas em intervalos regulares, aumentando a indutância
da linha, foi patenteada pelo físico inglês Sylvanus Thompson em 1891, o que fez um
especialista em patentes da própria AT&T acreditar, em 1899, que não seria possível
patentear o sistema de Campbell.
Thompson que pensou na colocação de bobinas conectando pares de fios
telefônicos, ao invés de intercalá-las em série, não determinou as propriedades e o
espaçamento necessário às bobinas.
Campbell estudou detalhadamente a teoria das linhas de transmissão, obtendo
seu título de doutor na Universidade de Harvard em 1901 com um trabalho sobre o
tema. Porém, antes que chegasse a resultados práticos definitivos, Pupin obteve uma
patente para o método.

Esquema de uma linha telefônica com bobinas de carga (loading coils)

Idvorsky Pupin, professor da Universidade da Columbia estudou,


independentemente de Campbell, as bobinas de carga e, em maio de 1900, submeteu
um pedido de patente desse sistema que lhe foi concedida no mês seguinte.

Michael I. Pupin

Em junho de 1900, a AT&T, tomando conhecimento da patente de Pupin,


tentou anulá-la, alegando que Campbell já havia desenvolvido um sistema
semelhante. Percebendo que isso não seria possível, a AT&T fez um acordo e
comprou a patente de Pupin por 185 mil dólares iniciais, mais 15.000 dólares anuais,
durante os 17 anos de sua validade. A empresa chegou a pagar quase meio milhão de
dólares pela patente, o que foi rapidamente recuperado: a AT&T lucrou um milhão de
dólares com a instalação do sistema apenas em Nova Iorque.
A pupinização de linhas provoca uma atenuação maior nas componentes
espectrais mais altas, mas isso praticamente não é percebido pelo ouvido humano.

38
A expressão abaixo indica com detalhes a atenuação que ocorre em um sinal
com freqüência ω que á transmitido numa linha telefônica com resistência equivalente
r,Indutância L, capacitância C e condutância G

1
α = [( ) [
rG − ω 2 LC + (rG − ω 2 LC ) 2 + ω 2 ( LG + rC ) 2 ] }1 / 2
 2

Pupin deduziu que fazendo com a inserção de indutores adicionais na linha de


tal forma que : L/C=r/G implica em um linha com menor atenuação para uma faixa do
canal telefônico especialmente entre 0,3 e 3,0 KHz.
Com a adoção dos “potes de pupinização” (Bobinas de indutância inseridas
adequadamente em série na linha telefônica de tal forma que a se aproximar da
relação anterior) então o alcance das linhas poderia aumentar de 7 para até 15 km,
valor variável de acordo com abitola do fio utilizado.
A pupinização foi amplamente utilizada principalmente nos entroncamentos
interligando duas centrais telefônicas localizadas numa mesma cidade. Entre 1975 e
1977 a TELERN utilizou em Natal essa técnica para ligar a central localizada na Rua
Jundiaí (centro) com a de Lagoa Nova (vizinho ao SEBRAE e Machadão) com
distância de 10 km. Mesma solução adotada para interligar a Central centro com
Alecrim (9 km).
A pupinização proporciona menor perda até 3 KHz,mas provoca acentuada
atenuação nas freqüências acima desse valor. Enquanto a Rede era utilizada
exclusivamente para telefonia essa era uma solução extremamente prática e a perda
nas altas freqüências não era perceptível.
A partir do uso da rede metálica também para transmissão de dados e cada
vez em maiores velocidades (que requerem maior banda), a pupinização passou a ser
um entrave, as operadoras tinham que retirar as bobinas de cada par de fios que ia ser
usado para dados.
A figura seguinte ilustra as curvas de atenuação em dB por milha em função da
freqüência para linhas pupinizadas e não pupinizadas.

Outro fator que sofre com a pupinização é o retardo (delay), a figura seguinte
ilustra esse aspecto, que consagra a pupinização como inviável para transmissão de
dados em altas velocidades.

39
A partir do final dos anos 90 a fibra óptica caiu de preço e se consolidou como
o meio de transmissão mais eficiente para interligação entre centrais. Dessa forma
todas as centrais em Natal e nas principais capitais do Brasil são hoje 100%
interligadas (dentro de cada capital) por fibra óptica com transmissão digital de sinais.
A fibra tem atenuação baixíssima e pode interligar centrais a distâncias de até cerca
100 km sem regeneração.

5. VOIP E TELEFONIA IP
VoIP é a comunicação de Voz sobre redes IP. Essas redes podem ser de 2
tipos:

• Públicas: a Internet representa a rede IP pública usada para comunicações


VoIP. O usuário deve ter preferencialmente um acesso de banda larga (ADSL,
cabo, rádio, Wimax, etc.) instalado para poder fazer uso do serviço VoIP.
• Privadas: as redes corporativas das empresas representam as redes privadas
usadas para comunicações VoIP. Podem ser desde pequenas redes locais
(LAN) até grandes redes corporativas (WAN) de empresas com presença
global.

O uso mais simples de VoIP é a comunicação Computador a Computador


usando a Internet, sendo o skype o programa mais utilizado para este fim.

40
Telefonia IP

Telefonia IP é a aplicação de VoIP para estabelecer chamadas telefônicas com


a rede de telefonia pública (fixa e celular). Os serviços de Telefonia IP existentes são
de 2 tipos:
• Para fazer chamadas para rede pública: neste caso o usuário disca o
número convencional do telefone de destino para completar a chamada.

• Para fazer e receber chamadas da rede pública: neste caso o usuário


recebe um número convencional de telefone, para receber as chamadas da
rede pública, e disca o número convencional do telefone de destino para
fazer a chamada para a rede pública.

Em ambos os casos, o usuário pode fazer e receber chamadas de outro


usuário do mesmo prestador de serviços VoIP, geralmente sem custo, porém não
consegue chamar usuários de outros provedores VoIP.

Telefonia Convencional x VoIP

Característica Telefonia Convencional Telefonia VoIP


Conexão na casa do Cabo de cobre (par Banda larga de Internet
usuário trançado)
Falta de Energia Elétrica Continua funcional Pára de funcionar

41
Mobilidade Limitada a casa do Acesso em qualquer lugar
usuário do mundo, desde que
conectado a Internet
Número Telefônico Associado ao domicílio Associado à área local do
do usuário número contratado
Chamadas locais Área local do domicílio Área local do número
do usuário contratado

Da mesma forma que na Internet, os serviços VoIP são Nômades, ou seja, não
importa qual a localização física do prestador do serviço VoIP ou do usuário para que
o serviço seja utilizado. O número telefônico, no entanto, não é nômade e está
associado à área local do número contratado.

Telefones para VoIP

Os serviços VoIP utilizam telefones apropriados para as redes IP, e que são
muito diferentes, em complexidade, dos telefones analógicos convencionais, por
serem digitais e possuírem recursos semelhantes àqueles encontrados nos
computadores. Normalmente utilizam-se os seguintes tipos de telefones IP:

• Computador: o próprio computador pode ser usado como telefone IP,


desde que tenha uma placa de som, um microfone, alto falantes ou fones
de ouvidos, e um programa do tipo softphone, que possui todos os recursos
para funcionar como um telefone IP.
• Adaptador para Telefone Analógico (ATA): é um dispositivo que funciona
como um conversor de telefone IP para um telefone analógico
convencional. O ATA é conectado a um acesso de banda larga (rede IP) e
a um telefone analógico convencional, que pode ser usado normalmente
para fazer e receber ligações do serviço VoIP contratado.
• Telefone IP: é um telefone que possui todos os recursos necessários para
um serviço VoIP. Para ser usado é necessário apenas conectá-lo a um
acesso de banda larga (rede IP) para fazer e receber ligações do serviço
VoIP.

Regulamentação

A Anatel, assim como a maioria dos órgãos regulatórios no mundo, procura


regular os serviços de telecomunicações e não as tecnologias usadas para
implementá-los. As tecnologias VoIP servem como meio e não como fim para os
serviços de telefonia. Não existe ainda uma regulamentação específica para VoIP no
Brasil.
Entretanto, devido ao novo paradigma os serviços VoIP têm sido oferecidos no
mercado de telecomunicações distribuídos em 4 classes:

• Classe 1: oferta de um Programa de Computador que possibilite a


comunicação de VoIP entre 2 (dois) ou mais computadores (PC a PC), sem
necessidade de licença para prestação do serviço.

• Classe 2: uso de comunicação VoIP em rede interna corporativa ou mesmo


dentro da rede de um prestador de serviços de telecomunicações, desde
que de forma transparente ao usuário. Neste caso, o prestador do serviço
de VoIP deve ter pelo menos a licença SCM.

42
• Classe 3: uso de comunicação VoIP irrestrita, com numeração fornecida
pelo Órgão Regulador e interconexão com a Rede Pública de Telefonia
(Fixa e Móvel). Neste caso o prestador do serviço de VoIP deve ter pelo
menos a licença STFC.

• Classe 4: uso de VoIP somente para fazer chamadas, nacionais ou


internacionais. Neste caso a necessidade de licença depende da forma
como o serviço é caracterizado, e de onde (Brasil ou exterior) e por qual
operadora é feita a interconexão com a rede de telefonia pública.

6. CONCEITOS ELEMENTARES DE COMUTAÇÃO

6.1. Nós e Arcos


Uma comutação é um processo que pode ser realizado por um evento
mecânico, eletro-mecânico ou eletrônico, seja ele manual ou automático. Diz respeito
a troca de caminho que um determinado sinal sofrerá, um circuito poderá definir a rota
(caminho) que um determinado sinal tomará, comutando para tal direção.
Veremos agora duas definições básicas para telecomunicação: Nós e Arcos.
Nós são pontos de uma comunicação onde acontece uma comutação de sinais. Arcos
são todos os pontos intermediários de interligação entre os Nós que normalmente são
construídos com meios de transmissão físicos ou pelo espaço livre, tais como: pares
de fios, cabos coaxiais, fibras ópticas, ou mesmo transmissão de ondas de rádio pelo
espaço livre. O conjunto desses elementos formará uma rede de telecomunicações.

Nós e Arcos

6.2. Modelo elementar de comunicação


Uma comunicação, qualquer que seja, poderá ser representada por um modelo
básico, não importando se for uma conversação telefônica, via Internet, sinais de
fumaça ou a antiga brincadeira de criança com duas latinhas presas por um barbante.
Vê-se, portanto, claramente que poderá ser uma comunicação eletrônica, verbal, por
símbolos ou qualquer outro tipo de sinal.
Os elementos básicos de qualquer comunicação são:

• Mensagem: conjunto de informações coerentes, previamente


conhecidas e organizadas de tal forma que possam originar uma
mensagem que poderá ser entendida por um destinatário;

• Fonte: elemento responsável pela geração da mensagem;

• Destinatário: elemento na comunicação para quem a informação é


destinada. Será o usuário da informação recebida;

43
• Codificador: elemento nem sempre presente em uma comunicação.
Tem como função, a partir do sinal recebido da fonte, produzir um
embaralhamento da mensagem usando um código específico, para que
durante o trânsito da informação haja maior dificuldade de interpretação
da mensagem original por um elemento não autorizado. Portanto,
proporciona sigilo na mensagem, haverá tanto maior sigilo quanto
melhor for o grau de complexidade da codificação. Entregará a
mensagem ao emissor;

• Emissor: também chamado de transmissor é dispositivo responsável


pela adequação e inserção do sinal original produzido pela fonte ao
meio de transmissão do sinal com potência e formato apropriado. É o
elemento em que se inicia um processo de distorção do sinal,
dependendo diretamente da qualidade do emissor;

• Meio: como o próprio nome indica é o elemento que se encontra no


meio do processo de comunicação. Pode-se afirmar com certeza que é
um dos elos mais importantes em uma comunicação porque ele tem a
função de propagar a mensagem da fonte ao destinatário, via o
conjunto emissor/receptor. O meio de transmissão é responsável pelo
transporte e propagação da mensagem até o seu destino, e é onde
ocorrem as maiores distorções na mensagem, dependendo diretamente
da qualidade do meio e das distâncias envolvidas;

• Receptor: dispositivo que efetua a função inversa do emissor, isto é,


retira a mensagem do meio de transmissão, tentando recuperar o sinal
original da maneira mais precisa quanto possível. Se o sinal enviado
tiver sido codificado entregará o sinal ao decodificador, caso contrário
diretamente ao destinatário;

• Decodificador: responsável diretamente pelo processo inverso ao


codificador, assim, ele fará a remontagem do sinal, de forma a obter o
sinal original produzido pela fonte, posteriormente repassará o sinal
para o destinatário;

• Distorção: processo praticamente inevitável em qualquer comunicação,


onde ocorrerá uma alteração no formato original da mensagem
produzida na fonte, acarretando erros na comunicação. É diretamente
proporcional à qualidade dos elementos da comunicação, ao meio de
transmissão e aos fatores externos à comunicação;

• Fatores externos: são interferências ocorridas no processo de


comunicação, que não fazem parte do conjunto de dispositivos que
disponibilizam o tráfego da mensagem, isto é, são de origem externa ao
sistema, normalmente são introduzidas no processo de propagação
pelo meio de transmissão, mas também podem ocorrer em qualquer
ponto entre o emissor/receptor em proporções menores. Citemos um
exemplo de fator externo a uma comunicação: imagine que você está
conversando com um amigo e enquanto ele está lhe falando, uma
ambulância passa bem próximo de vocês, tornando impossível o
entendimento da mensagem dita por seu amigo enquanto ela estiver
passando, pois bem, ai está um exemplo de fator externo, já que ela
originalmente ela, a ambulância, não faz parte da comunicação;

44
• Canal: todo o conjunto de elementos que se encontra entre a fonte e o
destinatário. Para o caso de um sistema de telecomunicações será todo
o software, hardware, fiações e quaisquer equipamentos que se
encontrem entre a fonte e o destinatário. Na prática chama-se, por
exemplo, de canal telefônico ao meio físico que interliga dois pontos
com disponibilidade de transmissão e recepção para a faixa de 0,3 a 3,4
KHz. Já canal de RF é a banda disponível na faixa de rádio freqüência
podendo transmitir um ( caso de um rádio monocanal) ou mais canais
(rádio multicanal) telefônicos. O canal telefônico muitas vezes é
chamado “canal de voz”.

• Fatores Internos: são os fatores interferentes, que proporcionam


distorções no sinal original, inerentes a um sistema de comunicação.
Por exemplo, pense em um par de fios, ali estarão presentes
características que não poderão ser eliminadas, como por exemplo, a
resistência por unidade de comprimento (resistência por metro de fio)
do condutor, além da capacitância por unidade de comprimento
(capacitância por metro), só para citar dois.

Quanto maior forem as distâncias envolvidas maiores serão esses parâmetros,


sendo impossível eliminá-los, portanto sendo inerentes ao sistema.
Poderá ocorrer que, conforme a complexidade do sistema de comunicação,
hajam mais conjuntos de codificadores, emissores, meios, receptores e
decodificadores.
A Figura abaixo ilustra o modelo básico de comunicação.

Modelo elementar de comunicação

6.3. Introdução às centrais telefônicas


Posteriormente a invenção do telefone, ele chegou a ser considerado um
dispositivo totalmente inútil, mas gradualmente passou a ser utilizado por
estabelecimentos comerciais e a partir de 1890 o número de usuários era crescente.
As ligações ponto a ponto foram sendo superadas e surgiu a necessidade de um
sistema de comutação para reduzir a complexidade e quantidade de conexões. Ao
invés de ligações permanentes entre os aparelhos de assinantes, descobriu-se a
conveniência de ligações que pudessem ser comutadas e comandadas por um
dispositivo principal que se passou a chamar de Central Telefônica.

45
A interligação de telefones se tornou complexa com enorme quantidade de fios,
cada telefone instalado alterava todos os outros.

Ligação entre assinantes direta e via central

No desenho indicado na figura anterior, os pontos A, B, C, D e E são todos


interligados entre si diretamente por cabos ponto a ponto, veja que cada conexão
origina 4 pontos de interligação, acarretando o inconveniente de várias fiações serem
necessárias para interligação entre os usuários. Além desse fato há o problema de
que dois ou mais usuários possam tentar acessar (falar) ao mesmo tempo com outro
usuário comum, impossibilitando a comunicação. A existência de um dispositivo
central torna o sistema muito mais simplificado.
Veja que no primeiro exemplo serão necessárias 10 linhas (20 fios) e 4 delas
estarão ligadas em um mesmo usuário. No segundo exemplo, as linhas e a
complexidade será extremamente reduzida.
O número de linhas para conexão de assinantes quando temos ligação ponto-
a-ponto é dado pela expressão abaixo, onde N é o número de assinantes (nós) de
uma rede:
N ( N − 1)
L= Linhas
2

6.4. Centrais Telefônicas Manuais


As primeiras centrais de comutação que entraram em serviço eram do tipo
manual, nas quais o estabelecimento e a interrupção das ligações entre as linhas de
assinantes eram feitos pela intervenção de pessoas denominadas “operadoras”, por
meio da utilização de equipamentos chamados “cordões”. Inicialmente os operadores
eram apenas homens, mas devido ao fato de se verificar que as mulheres tinham mais
paciência no trato com o público e ao fato dos usuários se sentirem mais confortáveis
em aguardar o atendimento sem reclamar exageradamente, se no outro lado da linha
fossem atendidos por mulheres.

46
Telefonista em uma central de comutação manual

Essas centrais eram totalmente manuais e comandadas por telefonistas, que


normalmente eram mulheres. Nessa mesma época a ligação permanente entre um
aparelho telefônico e o equipamento de comutação (central) passou-se a chamar-se
“Linha de Assinante”.

Representação dos cordões e linhas de assinante

6.5. Automatização das Comutações


O desenvolvimento crescente dos serviços de telefonia e os problemas
surgidos com a comutação manual mostraram que a comutação automática era uma
necessidade. Dentre os problemas ocorridos com a comutação manual pode-se citar:
baixo nível de sigilo na comunicação, devido ao fato das telefonistas terem total
acesso à conversa entre os usuários, porque de tempos em tempos teriam que
escutar a conversação para saberem se a ligação entre os usuários ainda estava em
curso para desfazerem a ligação do cordão que os interligava. Outros problemas
diziam respeito às ligações erradas ocasionadas por distração das atendentes,
gerando constantes aborrecimentos. Ainda havia o fato de que, uma conversação
sempre obrigatoriamente deveria ser estabelecida por uma pessoa, tornando as
conexões lentas devido ao crescente número de usuários, e que também dificultavam
a memorização das centenas de nomes pelas telefonistas. Outro problema era a
dificuldade de efetuar tarifação do uso do sistema, ficando apenas o assinante
responsável pelo pagamento de um valor mensal.

47
6.5.1. Centrais Eletro-mecânicas
Uma funerária entra para a história – Em 1889 a rede telefônica de Kansas City
era servida por uma única central manual. O Sr, Almon B. Strowger, estava
exasperado, pois sendo um agente funerário, via seus negócios declinarem porque a
esposa do seu concorrente, que era telefonista da central, ao atender às famílias
enlutadas e solicitada a ligar para uma agência funerária, naturalmente conectava as
ligações para a agência do seu marido.
O Sr. Strowger, então, que não era nenhum técnico, mas desafiado pela
sobrevivência do seu negócio, desenvolveu e patenteou um comutador telefônico
automático no ano de 1891, que por movimentação de escovas na direção vertical e
associado a rotação fazia a comutação para 100 posições em um banco de contatos
em uma superfície cilíndrica. Diz-se que ele se inspirou no movimento dos braços das
telefonistas na mesa telefônica, ao plugarem os cordões nas linhas de assinante. Seu
sistema, com o mesmo nome (Strowger), foi utilizado durante muitos anos.
As primeiras interligações automáticas entre os usuários passaram a ser
efetuadas em curtas distâncias (ligações locais), ficando ainda as ligações de longas
distâncias (interurbanas) estabelecidas por telefonistas. Para tornar o processo
automatizado, cada usuário passou a receber um número próprio e único, e que por
meio de um disco com 9 dígitos cada usuário poderia fazer a conexão automática com
o usuário desejado, bastando para isso discar a seqüência de números do assinante
do sistema.
As primeiras centrais de comutação automática foram projetadas com sistemas
de comutação que empregavam dispositivos eletro-mecânicos, utilizavam sistemas
similares a relés com mecanismos que comutavam linhas e colunas para selecionar o
número a ser conectado.

Representação das comutações vertical e horizontal

Um pouco antes de 1890, em 1883, “Lars Magnus Ericsson” e o engenheiro


“H.T. Cedergren” elaboraram um pequeno quadro comutador automático que
proporcionaria aos assinantes de Estocolmo, na Suécia, cotas mais econômicas para
os aparelhos telefônicos conectados a uma linha comum barateando o sistema.

Visualização de um seletor Strowger

48
Em 1915, baseada em idéias e experimentos do engenheiro superintendente
da rede telefônica de Estocolmo, Axel Hultman, a Lars Magnus Ericsson executou uma
instalação utilizando um seletor de 500 linhas, com capacidade total para atendimento
de até 1000 terminais.
O seletor de 500 linhas estava totalmente desenvolvido em 1919 e, em 1923,
as primeiras centrais automáticas foram colocadas em funcionamento com a utilização
do seletor eletromecânico de 500 linhas, base de um sistema denominado de AGF.
Dentre os principais problemas que as centrais eletro-mecânicas passaram a
apresentar, um dos que passou a chamar muito a atenção foram as dimensões
exageradas que esse tipo de central tinha. Portanto, passou-se a ambicionar um
modelo de central que apresentasse dimensões reduzidas, principalmente devido a
crescente quantidade de assinantes do sistema.
Esse tipo de preocupação somente poderia ser solucionado com o advento das
centrais eletrônicas.

6.5.2. Centrais Eletrônicas


Posteriormente a invenção das centrais eletro-mecânicas, alguns problemas
foram solucionados e novos problemas surgiram. Dentre eles o principal é que os
sistemas de comutação eletro-mecânicos começaram a apresentar constantes mal-
contatos devido a depreciação rápida dos contatos que comutavam constantemente,
com isso começaram a surgir ruídos excessivos nas conversações e queda das
ligações.
Em 1947 com a invenção do transistor novos rumos puderam ser traçados e, a
tão esperada comutação em estado sólido estava próxima de acontecer. Assim foram
desenvolvidas as centrais eletrônicas, em que os dispositivos eletro-mecânicos
passaram gradualmente a serem substituídos por versões semicondutoras elaboradas
com transistores, tornando as conversações mais limpas de ruídos e com menos
problemas de quedas de linha. Mais tarde viriam as centrais eletrônicas digitais que
possibilitariam novos recursos, facilidades e qualidade na comunicação.

6.5.3. Centrais Digitais


Como vimos, a central telefônica é o elemento de rede responsável pela
interligação e comutação de sinais entre os usuários. As centrais mais antigas são
interligadas entre si por cabos de pares, as centrais modernas são interligadas por
fibras ópticas. Constatamos a evolução do sistema manual para parcialmente manual,
combinado com eletromecânico, posteriormente para eletromecânico, eletrônico e
finalmente digital.
A primeira central pública de programa armazenado (digital), a central IESS (n.º
1 Electronic Switching System), desenvolvida pela AT&T, foi instalada em New Jersey,
EUA, em maio de 1965. Esse evento deu início ao interesse mundial pela idéia de
controle por programa armazenado. O controle por programa armazenado (Stored
Program Control - SPC), utilizado nas centrais atuais, apresenta uma série de
vantagens sobre os sistemas anteriores:

• Flexibilidade - como a central é controlada por um programa residente que


permite alterações é possível, por exemplo, reconfigurar a central sem que
ela tenha necessariamente tenha que ser desligada. Isso, inclusive, pode
ser feito remotamente pelo fabricante;

• Facilidade para os assinantes - centrais de programa armazenado (CPA)


permitem um conjunto amplo de facilidades para os assinantes, incluindo:

49
 Discagem abreviada;
 Transferência de chamadas;
 Restrição às chamadas recebidas;
 Conta telefônica detalhada;
 Identificação de chamadas maliciosas;

• Facilidade administrativas - são facilidades operacionais, do tipo:

 Controle das facilidades dos assinantes;


 Mudança no roteamento, para evitar congestionamento de curto
prazo;
 Produção de estatísticas detalhadas do funcionamento da central;

• Velocidade de estabelecimento da ligação - as conexões podem ser


estabelecidas por meio de circuitos digitais muito mais rapidamente, em
tempos da ordem de 250s. Além disso, a repetição automática das
chamadas na própria central pode ser programada, para evitar
congestionamentos de rede;

• Economia de espaço - isso ocorre em vista das dimensões reduzidas das


centrais de programa armazenado;

• Facilidade de manutenção - os equipamentos da CPA têm uma menor


taxa de falhas, em relação aos usados em centrais convencionais, em
função de não haverem partes móveis;

• Qualidade de conexão - visto que a perda total numa rede é independente


do número de conexões efetuadas para a ligação, e porque o sinal é digital
havendo muito menos problemas de conexão;

• Potencial para outros serviços - inclui a transmissão de dados e serviços


tipo videofone;

• Custo - as centrais de programa armazenado são mais econômicas para


manter em funcionamento e têm um custo menor final de fabricação;

• Tempo de instalação - com o constante aumento de assinantes torna-se


necessário cada vez mais velocidade na implementação de novas centris. E
esse tempo é menor que o necessário para a instalação de centrais
analógicas em virtude da modularização dos equipamentos digitais.

Principais parâmetros de avaliação do desempenho telefônico decorrentes


especialmente das centrais telefônicas:

1. Tempo médio para obtenção do Tom de Discar (até 3 segundos em 98 %


dos casos é um bom resultado).
2. Índice de Congestionamento por Rota de Acesso e em conexões
internas.(até 2% de perdas em conexões interurbanas no horário de pico é aceitável)
3. Taxa de Completamento de Chamadas (%) (ou Taxa de OK), corresponde á
relação entre as chamadas completadas com sucesso e o total de tentativas, no caso
de ligações interurbanas no horário de pico a relação de 64% é um valor aceitável. As
chamadas não completadas decorrem principalmente de linhas ocupadas, usuário que
não atende (não responde), congestionamento e encaminhamento incorreto.

50
Convém destacar que a ocorrência de congestionamento muitas vezes é
provocada por defeitos em circuitos das centrais telefônicas ou ainda dos sistemas de
transmissão que interligam as diversas centrais. As Operadoras de Telefonia dispõem
de um sistema de monitoramento on line que afere a taxa de congestionamento por
rota ( exemplos: Natal  São José do Mipibú, Mossoró Natal, Natal Mossoró) .
Cada vez que essas taxas superam um patamar em torno de 3% é feito um
cruzamento com a possível existência de outros alarmes e daí se conclui se a causa é
o crescimento real de tráfego ou o bloqueio de algumas vias de escoamento devido
defeitos. Providências decorrentes,são então tomadas.

7. SISTEMAS TELEFÔNICOS PÚBLICOS


Uma central e o conjunto de linhas de assinantes que a ela estão ligadas
constituem o sistema local que serve a uma área local, ou “área de comutação”.
Quando os assinantes de uma região não podem ser atendidos por uma única
central de comutação é necessário fazer uma divisão na região em diversas áreas de
comutação. Nesse caso, torna-se necessária a interconexão dos diversos sistemas
locais isolados geograficamente entre si e, estendendo-se ainda mais esse raciocínio,
para possibilitar a ligação entre dois assinantes quaisquer de uma país inteiro, torna-
se necessário a previsão de um complexo sistema de meios de transmissão e
comutação chamado de sistema nacional de telefonia ou sistema público telefônico.
Percebe-se que a probabilidade de troca de comunicações entre dois
assinantes é tanto menor quanto maior é a distância que os separa. Assim, verifica-se
que as comunicações mais numerosas são aquelas efetuadas entre assinantes de
uma mesma área de comutação próxima entre si, ou mesma cidade, por essa razão
são denominadas “comunicações locais”.
Para as outras comunicações, que não são locais, verifica-se que uma conexão
permanente entre dois centros de áreas de comutação diferentes, nem sempre seria
economicamente viável. Para esses casos não justificáveis economicamente são
utilizadas as “centrais de trânsito” ou “centros de trânsito”.

7.1. Centrais Locais


Uma central local, como o próprio nome revela, está situada em uma região de
pequeno alcance, denominada de local. Nessa central, são interligados os assinantes,
cada qual com uma numeração própria. São utilizados dispositivos para comutação
totalmente automática. O comprimento médio da linha de assinante é de 5Km, isto é, é
a distância aproximada dos condutores entre o assinante e a central. Na realidade, o
limite de distância entre terminal do assinante e a central depende da faixa de
freqüência utilizada para transmissão do sinal e da resistência ôhmica do trecho, ou
seja, depende da bitola dos fios. Considerando o uso de fios de menor diâmetro, o
limite fica em torno de 8 km, caso utilizemos apenas o serviço de telefonia na faixa de
até 3,4 KHz.

51
Representação de uma Central Local

Uma central local tem como principais características:

* possui alcance limitado à distâncias locais;


* tem capacidade de funcionamento com até 10.000 assinantes;
* possui a função de interligar os assinantes entre si na mesma central;
* possui a função de possibilitar a interligação dos assinantes ao resto do
sistema telefônico;
* a quantidade de centrais locais em uma região será proporcional a densidade
demográfica da área;
* possui a função de gerar e repassar sinais de áudio e de sinalização aos
assinantes e demais centrais;
* cada central local terá um número que será denominado de prefixo;
* possui a função de gerar o número de assinante.

A central local evoluiu em tecnologia ao longo dos anos passando das centrais
manuais- operadas por telefonistas- para as centrais automáticas eletromecânicas
(passo a passo, barras cruzadas foram as principais) e finalmente para a tecnologia
digital (CPA-E e CPA-T) desde os anos 80.

52
53
O diagrama seguinte ilustra sinteticamente a sinalização que precede a
execução de uma ligação telefônica com total controle executado pela central.

54
A rede de acesso corresponde ao trecho entre o terminal do assinante e o
primeiro nó, no caso da telefonia, o nó é a central telefônica e esse trecho ainda é
caracterizado pela forma analógica que predomina na maioria dos casos.
Normalmente são utilizados cabos com pares metálicos trançados. A rede de
transporte é o trecho entre nós distintos, ou seja, corresponde á interligação entre
diferentes centrais. A figura a seguir ilustra a evolução do processo de digitalização
que ocorre em todo o mundo.
A primeira figura corresponde a um sistema totalmente analógico que
predominou no Brasil até o final dos anos 80. na figura seguinte ainda se apresenta a
rede de acesso analógica e também centrais analógicas,mas já temos a rede de
transporte digitalizada. Na terceira linha as centrais também estão digitalizadas,
permanecendo apenas a rede de acesso analógica - essa é a situação predominante
no Brasil atualmente. Finalmente a quarta figura com todos os trechos
digitalizados,inclusive o aparelho telefônico, essa fase está em gradual implementação
em nosso país,correspondendo por exemplo ao uso de terminais RDSI ou DVI como
denominou a Operadora Telemar-Oi.

55
7.2. Centrais Tandem
Eventualmente, após a conveniência da utilização de centrais de comutação
para gerenciar as comunicações telefônicas, elas começaram a “pipocar” em
diferentes localidades de uma mesma região, ou ainda, em países diferentes. Uma vez
que centrais locais estejam estabelecidas em localidades diferentes surgirá a
necessidade de estabelecer a conexão entre elas, para que pessoas de pontos
remotamente afastados possam conversar entre si. As primeiras centrais locais foram
interligadas diretamente entre si de forma aleatória, conforme a necessidade de
conversação foi surgindo.
Com o constante aumento do número de assinantes, tornou-se insuficiente
somente o uso das centrais locais diretamente interligadas entre si, porque isso estava
acarretando o aumento indiscriminado de cabos de interligação, agora entre as
centrais, ocorrendo o mesmo problema inicial que havia havido com os telefones,
gerando altos custos financeiros para efetuar essas interligações e problemas
técnicos.

Representação de ligações diretas entre Centrais Locais

Para contornar os problemas de interligação vistos, foram criadas as centrais


Tandem, ou seja, são centrais que têm a função de interligar diversas centrais locais
entre si. As interligações metálicas entre as centrais são conhecidas pelo nome de
“Cabos Tronco”. Nos grandes centros são utilizadas várias centrais Tandem ligadas

56
entre si por cabos troncos. Desde meados dos anos 90 a interligação entre centrais
predominantemente é efetuada através de fibras ópticas, havendo necessidade de
transformar os sinais elétricos em sinais ópticos. Essa transformação normalmente é
efetuada com sinais já digitalizados.

Representação de ligações entre Centrais Locais via Tandem

Quando houver a necessidade impreterível de interligar duas ou mais centrais


locais diretamente entre si, por razões de otimização econômica, como é o caso em
bairros de uma cidade que tenham centrais locais onde o volume de tráfego de
ligações entre elas seja muito intenso, poderá ser efetuada uma conexão especial que
será denominada de “Linha de Junção”.
Dessa maneira, poderá também haver uma ligação direta entre centrais locais
para casos específicos onde seja justificável economicamente essa ligação, devido ao
excesso de tráfego de dados entre elas. Essa situação é a predominante na maioria
das médias e grandes cidades.

Representação de Linhas de Junção

57
As centrais Tandem se subdividem em centrais Tandem Locais, que interligam
Centrais Locais entre si e s centrais Tandem Interurbanas (denominadas Centrais
Trânsito) , que interligam centrais do tipo Interurbana, que estudaremos a seguir.
As interconexões entre centrais, sejam elas por linhas de junção ou por
centrais Tandem são denominadas “Rotas”. As linhas de junção que possuem
interligação direta entre centrais específicas são chamadas de Rotas Diretas”, são
necessárias por terem alto tráfego de interesse entre elas, como é o caso que
acontece entre a Central Local 1 e a Central Local 2. Veja a Figura 6.5
Por sua vez, por exemplo: as rotas 1-T e T-2 (Central Local 1 Tandem e
Central Local 2) são consideradas “Rotas Alternativas”, via Central Tandem, entre a
central número 1 e 2.

Rotas diretas e tráfego de transbordo

O tráfego de conversação é encaminhado para a rota alternativa, quando


houver um aumento no tráfego, com ocupação de todos os denominados “juntores de
rota direta”, que são os pontos extremos de interconexão entre as centrais (ponto de
partida e chegada dos troncos). Esse tráfego resultante é denominado de “Tráfego de
Transbordo”. Pode haver mais de uma rota alternativa entre as centrais e, nesse caso,
deve-se definir uma ordem de prioridade entre elas, programada no sistema que
gerencia as centrais.
Quando não há uma rota alternativa entre duas centrais, como é o caso da rota
3-4, por exemplo, dizemos que a rota é “Full Tandem”.
Qualquer configuração de centrais é obtida por meio de estudos de tráfego e
outros recursos que caracterizam mais economia. Cada caso envolve grande volume
de cálculos estatísticos e simulações para obtenção da melhor configuração do
sistema e melhor aproveitamento custo-benefício.

7.3. Centrais Mistas


Tipo especial de central que possui as características das Centrais Tandem em
que podem também ser interconectados assinantes, é claro se ela estiver preparada
para essa possibilidade. A esse tipo de central, que interliga tanto linhas de assinantes
quanto linhas de junção, denominamos de “Central Mista”. No RN praticamente todas
as centrais com função Tandem são Mistas. Existem centrais Mistas, por exemplo, em
Natal (Centro, Lagoa Nova e Alecrim), Ceará - Mirim (executa função Tandem em
relação a localidades como: Muriú, Touros, Praia de Caraúbas, etc.). Nesse caso, na
realidade, a função Tandem é denominada “Trânsito”, conforme explicação a seguir.

58
Representação de ligações diretas entre Centrais Locais

7.4. Centrais de Trânsito


Seguindo o mesmo raciocínio, podemos dizer que as Centrais de Trânsito são
aquelas destinadas à interligação de centrais de áreas locais diferentes. Por elas
circulam o tráfego interurbano, delimitado por uma área de atendimento regional,
agregando uma certa quantidade de centrais locais.
Essa hierarquia de interligação entre centrais pode crescer mais, interligando
as centrais de trânsito, diferentes diretamente entre si, por meio de outras centrais de
trânsito com classes diferenciadas (superiores), responsáveis pelo encaminhamento
das chamadas no âmbito regional, estadual, nacional ou internacional
respectivamente.
Quando o volume de trânsito entre centrais de uma mesma região for muito
grande, também poderá haver uma central de trânsito que as interligue, sendo
denominada de “Central de Trânsito Local”.
Basicamente as centrais de trânsito visam atender, de forma econômica, o
fluxo de tráfego entre as áreas de comutação. Os Centros de Trânsito são para os
centros locais o que esse últimos são para os assinantes e, se dividem em:

* Centrais de Trânsito Interurbano: interligam dois ou mais sistemas locais


completos da rede nacional. Essas centrais se interligam diretamente ou por meio de
outra central de trânsito. Visam interconectar o volume de tráfego dos assinantes de
uma região de atuação previamente estabelecida (exemplo: código 84, referente ao
Rio Grande do Norte) com outra região de atuação (exemplo: código 83, referente à
Paraíba).

* Centrais de Trânsito Internacional: visam interconectar os assinantes em


nível internacional, isto é países entre si, situam-se em localidades específicas,
normalmente em grandes centros urbanos. As conexões podem ser estabelecidas por
meio de cabos submarinos (o primeiro foi instalado por volta de 1940) que ainda se
encontra em operação ou via satélite, onde a maioria das conexões acorre atualmente.

59
Estrutura das Centrais de Trânsito

7.5. Hierarquias Entre Centrais


Entre as diferentes centrais telefônicas da “Rede de Telefonia Pública
Comutada (RTPC)” se estabeleceu uma hierarquia, onde fundamentalmente os
centros locais dependem hierarquicamente de centros de trânsito correspondentes.
A Figura 6.8 demonstra a hierarquização, chamada de “Encaminhamento
Nacional”, onde existem os centros locais e os centros de classes I, II, III, IV e V.

Representação gráfica de centros de classes I, II, III, IV e V

60
Centro Classe V (Local): Centro de comutação onde são ligadas: a redes de
assinantes e os troncos de conexão a outros centros locais, ou mesmo ao centro de
trânsito de área. É o centro de comutação hierarquicamente mais baixo.
Centro de Trânsito Classe IV: Centros onde ligam-se os centros locais ou
linhas de assinantes. São as Centrais Tandem locais ou Mistas.
Centro de Trânsito Classe III: Centros onde ligam-se os circuitos que
constituem as rotas finais de centros classe IV, centros locais ou ainda linhas de
assinantes, podem ser Centrais Mistas ou Tandem Locais.
Centro de Trânsito Classe II: Centros onde ligam-se os circuitos que
constituem as rotas finais de centros classe III. São as Centrais de Trânsito
Interurbano. Necessariamente não têm a função de interligar centrais entre si, apenas
são trânsito para o tráfego de comunicação.
Centro de Trânsito Classe I: Centro onde ligam-se os circuitos que
constituem as rotas finais de centros classe II. Representa o nível mais elevado da
rede interurbana. Essa central tem acesso a pelo menos uma central que processa o
tráfego internacional.
Centro de Trânsito Internacional: Centro onde ligam-se os circuitos que
constituem as rotas finais de centros de no mínimo um Centro da Classe I. São
responsáveis pelas comunicações internacionais e concebidas com Centrais
denominadas Internacionais.

A quebra do monopólio interurbano (anteriormente exercido pela Embratel) a


partir da privatização das telecomunicações no Brasil levou à disponibilização de
opções para conexão interurbana, dessa forma,por exemplo, quando uma ligação vai
ser efetuada de Natal para Goianinha a primeira central de Trânsito terá alternativas
de acordo com o código da Operadora escolhido pelo usuário,pelo 21 haverá conexão
via Embratel,pelo 31 a ligação será pela Telemar,etc.
O curioso é que eventualmente uma Operadora pode não dispor efetivamente
de rota para atendimento de determinada região, mas simplesmente aluga circuitos a
sua concorrente. Tudo isso é transparente para o assinante que faz a ligação.
Em Natal o sistema Telemar de Telefonia apresenta como principais centrais
trânsito /Tandem as centrais Mistas do Alecrim (localizada na Av. Presidente Bandeira
próximo ao Nordestão, com prefixos locais 3213, 3223,etc) e do Centro (localizada na
esquina da Prudente de Morais com Jundiaí, com prefixos 3222, 3221, 3211, 3611,
3215, etc). As referidas centrais correspondem também às portas de acesso para
conexão com outras Operadoras como Embratel, Claro, TIM e OI.

7.6. Diferentes Entroncamentos de Circuitos – Rotas


O número de circuitos em uma determinada rota depende do tráfego ou
número de comunicações a serem comutadas, conforme já vimos anteriormente. Em
um sistema de encaminhamento como indicado na Figura 6.8 podem ocorrer dois tipos
de feixes:
* Os feixes normais ou finais, que interligam obrigatoriamente um centro de
nível determinado com o centro de trânsito do qual ele depende hierarquicamente, e,
eventualmente, aos centros que dependem dele diretamente. Representado pelas
linhas horizontais no gráfico.
* Os feixes transversais ou de primeira escolha, são ligações eventuais entre
os centros de comutação, que “fogem” a hierarquia das rotas normais, isto é, são
ligações entre os centros de comutação por linhas transversais, que permitem
realização uma comunicação direta, em caso de transbordamento de tráfego.

61
Representação de Rotas Normais e Transversais

Um feixe de circuitos pode ser calculado para escoar todo o tráfego entre dois
centros de comutação (feixe direto), ou, apenas, parte dele, sendo que neste último
caso, o tráfego em excesso é desviado para um feixe alternativo. Os feixes ou rotas
mais curtas são diretos quando economicamente justificáveis, como, por exemplo,
entre dois centros de área adjacentes.

7.7. Sistema de Telefonia no Rio Grande do Norte


A Oi-Telemar é a principal empresa operadora da telefonia fixa no estado, em
2007 abrange mais de 80% dos terminais (market share), suas principais áreas de
numeração são centradas em Natal (centrais trânsito mistas do Centro e Alecrim),
Mossoró (central Trãnsito Mista conectada com toda região Oeste, região Salineira e
parte da região Central), Currais Novos (região Seridó).
As regiões: Agreste, Litorânea, Mato Grande e cidades próximas têm suas
centrais locais conectadas à central Natal Centro.
O sistema de transmissão que interliga a região Oeste (Mossoró) com Natal é
composto por cabos ópticos enterrados ao longo da margem da rodovia
correspondente.
A região do Seridó tem seu sistema de transmissão na direção de Natal (
Currais Novos- Serra Verde- Serra do Sapato- Santa Maria) composto por rádio-
enlaces de microondas em visibilidade (distãncias entre estações menores que 50 km)
de alta capacidade. A partir de Santa Maria até Natal o sistema adota a fibra óptica
como meio de transmissão.
A figura seguinte não mostra detalhes do sistema de transmissão, mas dá uma
noção das principais centrais trânsito do estado e das centrais celulares, denominadas
CCCs (Centrais de Comutação e Controle).
A Embratel (Vésper) atua em Natal com sistema Wireless, telefonia sem fio,
adotando o padrão CDMA (Code Division Multiple Access).
Todas as centrais telefônicas da Telemar, Embratel, Oi, Claro e TIM no RN são
digitais.

62
Visão simplificada das conexões entre as principais centrais telefônicas em funcionamento do
RN, sistemas fixos e celulares.

A figura acima ilustra sinteticamente sistema de telefonia fixa do RN


(TELEMAR), com destaque para as três áreas de numeração e respectivas centrais
trânsitos (Natal , Mossoró e C.Novos). A tarifação e o comando das ligações
interurbanas em cada área é feita pela central trânsito correspondente.
Assim, uma ligação de Luis Gomes para Patu,por exemplo, percorre o
caminho: Luis Gomes Martins Gov. DixSept Serra do mel  Mossoró (onde é
processada) e daí retorna: Mossoró Serra do mel Apodi Gov. DixSept
Martins Patu.

63
Exercício:

Esboce o trajeto de ligações entre:

1- Montanhas e Sagi.
2- Nova Cruz e Luis Gomes.

7.8. ELR (Estágios de Linha Remotos) ou URAs


(Unidades Remotas de Assinantes)
O ELR ou URA corresponde a um equipamento que integra as funções de
comutação, transmissão de energia, climatização e distribuição geral, em um robusto
gabinete mecânico (container), para um número limitado de assinantes, em torno de
no máximo 700 terminais.
Geralmente, esse equipamento é pré-testado em fábrica antes da sua
implantação, de forma a facilitar e agilizar sua instalação e ativação prática, que
poderá ser feita de forma interna ou externa, essa última conhecida como “instalação
no tempo”.
Diversas URAS são interligadas a uma central de maior porte, denominada de
“Central Mãe”, constituindo assim um sistema distribuído de comutação, cujas funções
são completamente transparentes aos usuários.
A interligação entre a central mãe e a URA também é conhecida pelo nome de
entroncamento, que pode ser realizado fisicamente por meio de par metálico ou fibra
óptica. A sinalização poderá ficar a cargo da URA ou da própria central a qual estiver
ligada. Isso promove a liberação de terminais próximos à central mãe e a redução no
custo da “rede primária”, que é o sistema que forma as linhas de assinante, em que o
raio médio entre URA (ELR) e assinante cai para em torno de1 Km, reduzindo a
complexidade do sistema.

Representação gráfica de ELRs ou URAs

64
Equipamentos de transmissão e banco de baterias ao fundo.

Na verdade uma URA corresponde a uma parte da central-mãe envolvendo as


funções de conversão Analógico / Digital , sinalização de assinante e interface com a
rede externa, é uma espécie de mini-central local, claro que com funções limitadas
permitindo obter a redução da fiação das linhas de assinante até as centrais locais.
Além da função técnica, também diminuem os custos de infra-estrutura, já que
o equipamento não necessita de instalações prediais, uma vez que foi projetado para
instalação diretamente “em campo”.
A URA é adequada a aplicações como central autônoma, principalmente em
pequenas localidades, áreas rurais, grandes clientes, central de quarteirão ou
condomínios, soluções rápidas ou em lugares nos quais a rede a expandir encontra-se
saturada.
Em Natal existem cerca de 85 URAs instaladas pela Telemar, em todas elas o
raio máximo de atendimento a assinantes via par metálico é de 1 km, sendo que a
conexão entre a central mãe e a URA é normalmente efetuada por fibra óptica aérea.
As URAs de Natal na maioria das vezes são instaladas em calçadas, mas também
existem URAs que atendem especificamente a grandes condomínios residenciais
como o Serrambi I, Serrambi II e Plano 100.
Localidades como Pipa, Barra de Cunhaú, Tangará; Barra de Maxaranguape e
Carnaúba dos Dantas são atendidas com URAS via rádio.
Estudos efetuados pela Austrália Telecom nos anos 90 indicam que a adoção
de URAS aumenta o custo da rede de transporte (que normalmente nas áreas urbanas
são via fibras ópticas) e diminui o custo da rede de acesso (que são metálicas e se
tornam mais curtas), isso na maioria dos casos dá um resultado total de redução de
investimentos e de tempo para implantação, daí a frenética utilização dessa alternativa
nos últimos tempos no Brasil.
As URAS contribuem para a melhoria da condição de oferta e qualidade de
novos serviços especialmente aqueles de banda mais larga, isso porque o trecho
metálico fica limitado e aumenta a utilização de fibras.
Exemplificando de uma forma simplista: o serviço banda larga Velox quando
implantado em uma rede de acesso metálica de 7,5 km poderá não funcionar bem, em
vista dessa rede praticamente funcionar como um “filtro passa baixas de 3,4 KHz”,daí
o sinal, que ocupa originalmente uma faixa mais larga, irá ter uma parte da informação
perdida e terá provavelmente maior taxa de erros na recepção.
Se o mesmo serviço Velox for implantado em uma rede de acesso de 0,8 km
(800 metros) essa poderá se comportar como um “filtro passa baixas com maior
largura de espectro”, algo como 300 KHz, daí toda a banda original poderá ser
transmitida e recebida com menor taxa de erros.

65
7.9. Estação Telefônica Local e Interurbana
O diagrama abaixo ilustra a constituição de uma estação telefônica típica onde
a Unidade de Supervisão de Corrente Alternada (USCA) é um quadro de comando
automático que dá prioridade à conexão 380 V trifásico via rede da Concessionária
Pública de Energia, no caso de falha em um ou mais fases dessa rede, então um
comando é gerado para acionar um grupo motor-gerador trifásico (normalmente à
diesel) que passa a gerar energia AC 380 V trifásica em vazio.
A USCA monitora a estabilização de freqüência e tensão das 3 fases e ,quando
essas estão dentro dos padrões pré-definidos (cerca de 3 minutos) , ocorre a
transferência de carga e os retificadores passam a ser alimentados pelo GMG.
No intervalo em que os retificadores estão sem alimentação, o banco de
baterias descarrega parcialmente e mantém ininterrupta a alimentação da central
telefônica e equipamentos de transmissão.
Se a rede da COSERN normaliza, então a USCA, após um tempo de garantia
de estabilização (cerca de 3 minutos) retira a carga do GMG e transfere novamente
para a rede prioritária da COSERN.
Sempre que existe AC alimentando os retificadores, então as baterias ficam no
regime de “flutuação”, atuando como uma espécie de filtro adicional que minimiza a
ondulação “ripple”da onda retificada de -48 Volts.
O Multiplex é um equipamento que visa possibilitar a transmissão de diversos
canais telefônicos em um único meio de transmissão, no caso exemplificado na figura
esse meio é o canal de RF, ou seja uma portadora na faixa de UHF ou SHF para
transmissão e outra com freqüência diferente para recepção ambas operando
normalmente em uma mesma antena direcional (parabólica , ou helicoidal,
principalmente). A Multiplexação pode ser do tipo FDM (Frequency Division Multiplex)
ou TDM (Time Division Multiplex).

Diagrama Simplificada de uma estação telefônica com conexão interurbana via Multiplex

O sinal contendo o pacote dos canais já multiplexado é denominado de Banda


Básica. Outra alternativa de transmissão bastante utilizada é a fibra óptica, no caso o

66
Transceptor (Transmissor + Receptor) e a antena são substituídos por um conversor
eletro-óptico e pelo cabo contendo fibras ópticas. O sinal transmitido deixa de ser de
radio-freqüência (RF) e passa a ser um sinal óptico (laser).
Na medida em que a capacidade e a importância da central telefônica diminui,
o sistema esboçado na Figura 6.12 sofre naturais simplificações visando reduzir
custos de implantação, assim, por exemplo, em localidades com apenas uma central
telefônica e menos de 2.000 terminais telefônicos o GMG e a USCA eventualmente
não são instalados. Nesse caso, o banco de baterias assume uma responsabilidade
maior de garantir a autonomia do sistema nos períodos de falta de AC.
Convem destacar que todas as estações são telesupervisionadas, as principais
anormalidades existentes nos equipamentos são imediatamente visualizadas através
de um painel central de controle. Dessa forma, se faltar energia AC, ocorre o alarme
de “bateria em descarga” e a concessionária de energia elétrica é cobrada
imediatamente para solucionar o caso, em casos de demora na solução pela
concessionária elétrica, então um GMG móvel é conduzido até o local.

Torre com antenas da Estação Terminal e Repetidora de Martins, (RN)

67
Detalhe das antenas parabólicas, Helicoidais e Yagi utilizadas em rádio-enlaces ponto a ponto
UHF e SHF da Estação Martins (RN)

Requisitos de Banda por tipo de Serviço:

68
8. Características da Rede Telefônica
8.1. Rede de Assinantes (Rede de Acesso)
Antigamente, as redes telefônicas eram formadas por fios desencapados de
diâmetro bem maior do que os usados atualmente, sustentados por postes de madeira ao
longo do trajeto até a casa do assinante. Quando eram bem construídas, ofereciam pouca
perda na transmissão, porém, as condições atmosféricas afetavam significativamente a
atenuação e também provocavam interferência nas linhas aéreas.
Com o passar do tempo e com ampliação significante de usuários de telefonia, a
quantidade de fios telefônicos nos postes cresceu de forma assustadora, ficando
impraticável a manutenção, controle e a ampliação do número de assinantes, daí
surgiram os Cabos Telefônicos de Pares.
A principal característica dos cabos telefônicos de pares é concentrar num mesmo
núcleo um grande número de pares condutores, que ocupam um espaço
consideravelmente menor em comparação aos fios nus. No início de sua utilização eram
revestidos de chumbo e seus fios isolados por papel. Atualmente o isolamento dos fios é
feito com plástico.
Apesar da enorme vantagem de se utilizar cabo telefônico de pares, algumas
desvantagens precisam ser consideradas:
1 – As características de transmissão são inferiores às de um circuito de fio nu
equivalente.
2 – Os cabos precisam ser emendados, par a par, em distâncias determinadas ao
longo do trajeto, introduzindo assim pontos passíveis de apresentar defeitos.
Apesar dessas desvantagens, o seu uso tornou-se um padrão nas redes
telefônicas do mundo todo.
Alguns desenvolvimentos foram necessários para minimizar os problemas
apresentados, tais como: bobinas de pupinização, capacitores de compensação,
extensores de enlace, amplificadores de freqüência de voz.
Além disso, novos métodos de dimensionamento de redes telefônicas urbanas
surgiram, novos tipos de emendas também, equipamentos eletrônicos que possibilitam a
instalação de mais de um assinante no mesmo par de fios foram inventados.
Novamente, com o crescimento acelerado do número de assinantes, ficou
impossível a sua sustentação de cabos telefônicos com alta capacidade nos postes,
devido ao peso excessivo. Foram então criadas as linhas de Dutos Telefônicos e
respectivamente as Caixas Subterrâneas, além de novos tipos de cabos telefônicos para
essa aplicação.
Portanto, num sistema telefônico convencional é denominado Rede de Acesso ou
Rede de Assinantes o conjunto de cabos de assinantes e demais dispositivos
complementares (linhas de duto, ferragens, postes, blocos terminais, etc) que atendem a
uma determinada localidade ou área.
O atendimento aos assinantes é completado com os fios (“drop”) que dão acesso
aos assinantes, assim como os cabos de entroncamento para edifícios residenciais /
comerciais e as redes internas dos edifícios.
Hoje as redes são constituídas com condutores de cobre que podem variar de 0,4
a 0,9 mm de diâmetro. A Figura 7.1 mostra o diagrama esquemático de uma Rede de
Acesso.

69
A Planta Externa representa a Rede de Assinantes

A Rede de Acesso, no caso de telefonia, precisa apresentar resistência Ôhmica


máxima em torno de 2 KOhm para permitir a realização do processo de sinalização e
conversação. Supondo uma rede sem utilização de dispositivos eletrônicos na linha e com
a bitola mais comumente usada, então a distância máxima fica em torno de 7,5 km.
A Rede de Acesso tradicional utiliza um par de fios para atender a cada assinante
possibilitando a sinalização e comunicação bidirecional entre duas pessoas, sendo que o
elo inteligente no processo é a central telefônica. Visando facilitar a manutenção e
proporcionar melhor estética (evitando poluição visual) é recomendável que os fios FE
que saem da CEV para as residências tenham, no máximo, 300 metros de extensão.

Fios FE saindo diretamente de um armário para prédio em Beirute no Líbano. O correto seria
utilizar cabo telefônico subterrâneo.

As Redes de Transporte correspondem às conexões envolvendo duas centrais


telefônicas distintas.Atualmente a maioria das redes de transporte são compostas por

70
sistemas de fibra óptica ou sistemas via rádio. Ainda existem redes de transporte
utilizando pares metálicos.

8.1.1. Tipos de Redes de Acesso


Foram criados levando-se em consideração as condições regionais, os recursos
econômicos disponíveis para a implantação, a melhoria de confiabilidade, tipos diversos
de redes, cada um com suas vantagens e desvantagens. Numa mesma área de central
telefônica, podem existir diversos tipos de redes, estando interligadas sem causar maiores
problemas.
O objetivo único é levar os pares de fios desde o DG (Distribuidor Geral) até a
casa do assinante, prevalecendo os padrões de qualidade, conciliados com os recursos
econômicos. Conforme normas da ANATEL, podemos encontrar 3 tipos de redes:

8.1.1.1. Redes Rígidas


Chama-se Rede Rígida a rede que não possui nenhum ponto de seccionamento
entre a central e o assinante. Os pares dos cabos subterrâneos são ligados diretamente
aos pares dos cabos aéreos, como mostra a Figura abaixo.

Rede Rígida

Isto quer dizer que as emendas são permanentes, ou seja, os condutores vão
sendo emendados desde o DG até as caixas terminais, e só poderá ser feita alguma
alteração mediante a abertura das emendas.
Este tipo de rede, é utilizada em locais onde a densidade telefônica é baixa ou
onda as linhas dos assinantes são curtas.
A grande vantagem em utilizar este tipo de rede está na facilidade de ser tirar
defeitos em sua extensão, porque são poucas as intermediações até a casa do assinante,
em contrapartida, no momento da implantação as emendas devem ser abertas para a
nova configuração. Além disso, a quantidade de pares reserva tem que ser alta,
diminuindo a ocupação dos cabos alimentadores. Observe que não existe armário de
distribuição na rede rígida.

71
8.1.1.2. Redes Flexíveis
Chama-se de Rede Flexível a rede que possui seccionamento entre a central e o
assinante; para isso, empregam-se Armários de Distribuição que interligam os pares dos
cabos da rede primária com os pares da rede secundária. A Figura abaixo mostra o
diagrama de uma Rede Flexível.
Um par de fios do cabo primário, que termina no armário, pode ser conectado a
qualquer par do cabo secundário, que deixa o armário. Todas as conexões são feitas por
intermédio de fios “Jumper”, facilitando em muito a manutenção dos pares.
A rede flexível é a mais comumente adotada no Brasil, em decorrência das
Operadoras terem, nessa alternativa, uma margem maior para atendimento a uma
demanda futura de assinantes onde não há uma segurança quanto às características e o
tempo das edificações que irão surgir na área.Na dúvida (falta de dados precisos quanto
às novas edificações e ampliações) o projetista brasileiro tipicamente prefere a precaução
e espalha uma rede de cabos com pares com alguma folga na região de crescimento
urbano.
Neste tipo de rede, o lado secundário pode ser ampliado além da conta, ou seja,
instalar pares a mais do que o necessário previsto, pois este lado da rede tem custo
menor em relação a rede primária. Em contrapartida, os armários de distribuição, têm seu
custo elevado e um planejamento mal feito pode tornar o lado secundário ocioso por
muito tempo.

Rede Flexível

72
Exemplo de como não deve ser um armário de distribuição, Líbano Telecom, Beirute, Líbano, os
pedaços de papeis são os registros dos telefones, 1997

8.1.1.3. Redes Múltiplas


Chama-se de Rede Múltipla (adotada muito nos EUA) a rede que tem todos ou
alguns pares de sues cabos, terminados em mais de um local através de ligações em
paralelo, como mostra a figura abaixo.

Rede Múltipla

Em outras palavras, o número do par permanece o mesmo desde a central até o


assinante. A vantagem para este tipo de rede está em se utilizar um par reserva em mais
de um ponto, fazendo com que a ocupação média dos pares aumente. As desvantagens

73
são: controle dos registros, perda no sinal de transmissão por estarem em paralelo e
maior dificuldade na localização dos defeitos.

8.1.1.4. Linha Privada


A Linha Privada ou LP não se trata de um tipo de rede, mas é um tipo de conexão
especial amplamente utilizada. A LP une dois pontos fixos, sem passar pelos circuitos
de comutação da central, e não possui voltagem DC em seus terminais. Naturalmente,
esse tipo de linha não permite a ligação do aparelho telefônico tradicional, do qual
falamos, mas pode ser utilizada para a transmissão de qualquer sinal, desde que este
ocupe uma faixa compatível com a resposta em freqüência da linha, com veremos
adiante. Este tipo de linha pode ser instalada pela concessionária com a finalidade
exclusiva de transmissão de dados. Normalmente, o seu custo é maior que o da linha
comutada convencional, mas tem as vantagens de manter a ligação de modo permanente
entre os dois pontos e possui uma qualidade melhor já que não passa pelos circuitos de
comutação da central.
Emissoras de radiodifusão alugam Linhas Privadas para interligação entre um
ponto externo (ex. campo de futebol) e o estúdio. As LP´s para radiodifusão têm tarifas
subsidiadas e podem ser a 2 ou 4 fios, caracterizando respectivamente as condições de
transmissão sem retorno e com retorno. A Rádio Rural de Natal utiliza LP´s
permanentemente para interligar seu estúdio aos transmissores da emissora.
Nos últimos anos aumentou bastante a demanda por LPs para atendimento de
serviços de comunicação de dados como “caixas rápidos” dos bancos e redes LAN.
Convém destacar que apenas as Operadoras do STFC (Sistema Telefonia Fixo
Comutado) (Telemar, Embratel, Brasil Telecom), devidamente outorgadas pela ANATEL,
detenhem o direito de lançar esse tipo de cabos no ambiente público. Exceções são
abertas para as concessionárias de TV à cabo.

8.2. Elementos das Redes de Acesso


Descrevemos agora de forma resumida todos os elementos que fazem parte das
redes telefônicas urbana e interna, e como são aplicados. Na Figura 7.7 temos um
exemplo típico de redes urbanas interna, com boa parte dos elementos que as
constituem.
Convém salientar que o diagrama anexo corresponde a aplicação em cidades do
porte de Natal, Mossoró, João Pessoa,mas, em cidades menores como Goianinha,
Tangará, Nova Cruz, a rede é simplificada e construída toda na forma aérea visando
diminuição de custos.

8.2.1. Blocos de Terminação


São destinados à interligação de pares de fios permitindo que sejam efetuadas
trocas nas ligações. Possuem uma base de material isolante (madeira ou plástico) onde
são alojados pinos metálicos que recebem as conexões dos fios. Esses pinos possuem
diversos formatos de acordo com o processo de conexão poderá ser: por parafusamento,
por enrolamento, por encaixe, etc.

74
8.2.2. Fio Jumper ou FDG
Entende-se por jumpeamento, a conexão física de pares de cabos diferentes ou de
pares de cabos com a fiação de equipamentos de telecomunicações. O FDG mais
utilizado é formado por um par de fios trançados, em geral de duas cores, fornecidos em
bobinas contendo 500 metros, possuindo as cores preto/laranja ou preto/branco.

8.2.3. Distribuidor Geral (DG)


Os pares de fios provenientes da planta externa do sistema penetram no centro
telefônico normalmente por dutos subterrâneos, e alcançam uma galeria também
subterrânea, denominada “Galeria de Cabos”. Nesta, os cabos de grande diâmetro, que
possuem milhares de pares de fios cada, são subdivididos em cabos menores e mais
flexíveis, que são direcionados para uma série de “subidas” verticais e passam ao piso
superior, onde se acha o Distribuidor Geral (abreviadamente DG).
A planta externa (ver Figura 7.1) está exposta a uma série de riscos potenciais de
sobretensão e correntes induzidas, por exemplo: descargas por raios, queda da rede
elétrica sobre cabos telefônicos, induções de corrente oriundas de sistemas de energia
próximos, etc. As instalações elétricas na casa do usuário são também fontes de tensões
e correntes estranhas que poderiam danificar o equipamento comutador, não fosse a
proteção dos blocos do DG.
Cada par no DG é protegido por fusíveis em série em cada par condutor e pára-
raios (centelhador). Dessa maneira, do lado da planta externa temos blocos protetores
fixados nos perfís verticais, por isso essa face do DG denomina-se “Lado Vertical”. Nele
está representado cada para dos cabos da planta externa que partem deste DG.

75
Uma rede telefônica urbana típica

76
Galeria de entrada de cabos do DG

A face oposta do DG possui perfis dispostos horizontalmente, também equipados


com blocos, porém distintos dos primeiros. São “Blocos de Corte”, onde os dois fios do
par podem ser interrompidos por “Pinos de Corte”. Cada par de terminais do bloco de
corte recebe um par do equipamento comutador e correspondente a um “Número de
Assinante”. É no DG que a “Planta Externa “ e a “Central Comutadora” se encontram. Há
milhares de pares protegidos no lado vertical e milhares de terminais numerados no lado
horizontal. Atribui-se um número ao telefone pela interligação de um par do lado
horizontal com um par do lado vertical, feito por um par flexível jumper na operação de
conexão.
A Figura 7.9 e 7.10 Ilustram um DG típico.

Armário distribuidor geral

77
DG

8.2.4. Caixa de DG
Utilizada nas instalações da rede interna dos assinantes. É um armário metálico
com fundo de madeira podendo ser embutido ou não na parede, que recebe os blocos
terminais para a interconexão da rede externa com a rede interna. Anéis de guia são
fixados para que a fiação de interconexão (fio FDG) seja passada e organizada

8.2.5. Caixa de distribuição


É um armário metálico de tamanho inferior ao da caixa de DG, usado na rede
interna comportando os blocos terminais, fios e cabos internos. A caixa de distribuição
num edifício é o ponto de interligação do cabeamento externo com a fiação interno do
assinante

8.2.6. Caixa Subterrânea


Quando uma rede telefônica tiver proporções grandes, torna-se necessária a
utilização de caixas subterrâneas para que comportem as emendas dos cabos de
capacidade superior e para que as derivações possam ser efetuadas.

78
8.2.7. Armário de Distribuição
Geralmente tem a função de interligar os cabos primários (oriundos da central
telefônica) com os cabos secundários (destinados à distribuição dos assinantes). O
armário de distribuição comporta os blocos de terminais para que sejam feitas manobras
entre a rede primária e secundária por intermédio de jumpers. Os armários são instalados
em lugares estratégicos, podendo ser de pedestal ou para poste, como mostra a Figura
7.11.

Armários de Distribuição

Todos os cabos telefônicos têm os pares trançados (twisted pairs) para minimizar
a indução eletromagnética entre eles e conseqüente diafonia (linha cruzada).
O trançamento dos pares aumenta a reatância capacitiva equivalente entre os
eles,ou seja melhora o isolamento entre as linhas de transmissão.
A rede subterrânea de cabos, quando submetida a dias seguidos de chuva e na
situação de inundação dos dutos e pontos de emendas (caixas subterrâneas) , podem
absorver umidade em excesso e o isolamento existente (de papel ou plástico) perde sua
característica n

8.2.8. Cabo Primário


É o cabo de distribuição que sai do DG da central pública e chega até o armário de
distribuição. É um cabo com capacidades elevadas, em torno de 1200 a 3600 pares.

8.2.9. Cabo Secundário


É o cabo que sai do armário de distribuição e vai até um outro ponto intermediário,
por exemplo, uma Caixa de Emenda Ventilada (CEV), ou até à propriedade dos usuários.
Normalmente este cabo é aéreo e utiliza-se da posteação.
A Figura 7.12 mostra o diagrama das redes telefônicas em questão, para um
melhor entendimento.

79
Estrutura da Rede de Acesso

8.3. Cabos e Fios Telefônicos


A definição de cabo telefônico poderia ser: um conjunto de pares de cobre isolados
individualmente por uma película de papel ou plástico, trançados entre si formando grupos
independentes e protegidos por camadas de papel ou plástico helicoidalmente e com uma
capa de alumínio ou chumbo externa revestida de polietileno, como mostra a Figura 7.13,
pelo qual são feitas as interligações entre centrais, assinantes ou central e assinantes.

O Cabo Telefônico

Uma rede telefônica pode possuir diversos tipos de cabos, conforme mostra a
tabela abaixo.

TIPO DE CABO INTERLIGAÇÕES INSTALAÇÃO


Cabo Tronco Entre Centrais Locais ou entre Centrais Tandem Em dutos
Da Central ao armário (rede primária com
Cabo Primário Em dutos
secundária)
Cabo Do armário ao terminal de distribuição (rede Em dutos, enterrados ou
Secundário secundária com terminal) aéreos

A bitola representa o diâmetro do condutor e o padrão utilizado é o da escala


AWG, onde são mostradas na tabela seguinte, as bitolas mais comuns, bem com os
valores em milímetros.

80
Bitola AWG Diâmetro (mm) Simbologia de desenho
26 0,404 40
24 0,511 50
22 0,643 65
20 0,8 80
19 0,912 90

Os cabos primários e cabos troncos são de grande capacidade (de 200 a 3600
pares) e os cabos secundários são de baixa capacidade (de 10 a 200 pares). É bastante
comum pressurizar-se os cabos de alta capacidade para evitar a entrada de água em
pontos críticos da rede.

Visualização da Rede de Transporte e Rede de Acesso

8.4. Degenerações do Sinal de Áudio


As linhas telefônicas possuem certas particularidades que degeneram qualquer
sinal que por ela trafegue e, quanto mais acentuada for a degeneração imposta ao sinal,
mais difícil será sua recuperação pelo receptor.
Veremos a seguir as alguns problemas encontrados pelos sinais e algumas contra-
medidas.

8.4.1. Atenuação
O par de fios utilizado para interconectar os elementos do sistema telefônico é
chamado de par fisco. Este par de fios, aparentemente inofensivo, pode causar uma
grave distorção de amplitude, dependendo do seu comprimento e da espessura do fio
utilizado.
O par de fios forma uma linha de transmissão, que possui 4 parâmetros primários:
R = resistência de enlace pr Km – Corresponde a resistência do par de fios, a cada
Km, considerando ida e volta.
C = capacitância por Km – Provocada pela proximidade entre os dois fios.
L = indutância de enlace por Km – Provocada pelo campo magnético entre os fios.

81
G = condutância por Km – Provocada por fuga entre os isolantes dos dois fios.
Um quilômetro de linha pode ser representado pelo esquema da Figura abaixo.

Modelo Pi de uma linha de transmissão

Como a indutância e a condutância são parâmetros de pouca influência, podemos


simplificar o modelo Pi do par físico e considerar somente a resistência e a capacitância, e
o modelo do da linha de transmissão resume-se ao esquema mostrado na Figura abaixo.

Modelo Pi reduzido

A tabela abaixo, mostra valores desses parâmetros para os fios mais utilizados.

Diâmetro do fio (mm) R (Ω/Km) C (nF/Km) AWG


0,404 288 49 26
0,511 184 51 24
0,643 106 51 22
0,9 56 51 19

Esses dois parâmetros, distribuídos ao longo da linha, fazem o efeito de um filtro


que atenua mais as freqüências altas, provocando distorção de amplitude.
A Figura 7.17 mostra a resposta em freqüência de um par de fios 0,4 mm, para
diversos comprimentos.
Observe que quanto maior o comprimento do cabo mais severa é a atenuação –
este fenômeno pode prejudicar a inteligibilidade nas ligações telefônicas.

82
Resposta em freqüência do fio 0,4 mm (AWG 26)

8.4.2. Linha Condicionada (pupinização)


Como já foi comentado anteriormente , a fim de compensar a distorção de
amplitude presente ns pares físicos, Michael Pupin propôs equalizar a resposta em
freqüência, inserindo bobinas distribuídas ao longo da linha, regularmente espaçadas,
conforme mostra a Figura 7.18. Quando o par físico recebe esse tratamento, dizemos que
é uma linha condicionada ou pupinizada.

Linha condicionada ou pupinizada

As bobinas compensam a distorção natural do par físico até uma certa freqüência,
e a partir desse ponto, elas provocam uma distorção mais acentuada, conforme está
ilustrado na Figura 7.110.

83
Efeito do condicionamento da linha

Observe, pela Figura 7.16, que a resposta em freqüência melhorou bastante


dentro da faixa de voz (300 a 3400 Hz), e piorou, no entanto, para freqüências acima de
3.400 Hz.
Esta atenuação, mais acentuada a partir de certa freqüência, obriga praticamente
o sinal a estar contido na faixa de voz (banda base), para que consiga passar por essa
linha.
Naturalmente, esta limitação em freqüência não se torna um problema, pois o sinal
a trafegar nessa linha seria exatamente o sinal de voz, que, conforme a proposta inicial,
deve ter garantida sua inteligibilidade.
O problema, na realidade, surge quando necessitamos lançar uma LP de
comunicação de dados que ocupa uma faixa de espectro acima de 3,4 KHz. ou seja
transmissão de dados não pode ser efetuada passando por uma linha pupinizada, nesse
caso é possível, em um mesmo cabo, deixar alguns pares sem pupinização.
A indutância das bobinas de pupinização varia de 15 a 66 mH para linhas de
assinantes e de 44 a 100 mH para linhas tronco.
Normalmente se refere a uma linha condicionada da seguinte forma: 24H88
Onde:
- 24 é a bitola do fio em AWG
- H é o espaçamento
- 88 é a indutância em mH

Alguns sistemas utilizados na prática são:

Sistema Intervalo (m) Indutância da bobina (mH)


H-44 1.830 44
H-88 1.830 88
D-66 1.372 66
H-88 915 88

84
A pupinização foi um processo largamente utilizado nas redes de transporte
metálicas em conexões locais envolvendo apenas voz (telefonia pura e simples),
entretanto após o surgimento das linhas de comunicação de dados (utilizando a rede
telefônica) e a crescente velocidade requerida, a faixa de freqüência necessária por canal
passou a ser um aspecto de maior rigor,daí a pupinização começou a atrapalhar nesses
casos e sua aplicação decresceu de forma acentuada.
Atualmente a grande maioria das redes de transporte e áreas urbanas utilizam
fibras ópticas e conseqüentemente não há mais sentido em falar de pupinização. Restam
apenas entroncamentos antigos utilizando os chamados “cabos-troncos” que adotam essa
técnica nas linhas onde só a voz é transmitida.

8.4.3. Ruído Branco


Chama-se de ruído branco ao sinal cujo espectro cobre toda a faixa de
freqüências, ou seja, vai de menos infinito a mais infinito. Claramente essa definição é
teórica e quer dizer, em outras palavras que o ruído branco possui componentes em todas
as freqüências. O conceito aproveita o fato da cor branca ser equivalente á junção de
todas as demais.
O ruído branco aparece somado ao sinal, na recepção, devido principalmente ao
movimento aleatório de elétrons nos pares telefônicos e também nos componentes
eletrônicos, que também é conhecido como ruído térmico. É desejável que a
contaminação de ruído branco no sinal recebido seja a menor possível. Em outras
palavras, é desejável que a relação entre as potências de sinal e ruído seja a maior
possível: quanto maior for a relação sinal/ruído, menos erros ocorrerão na detecção do
sinal.
As relações entre potências, normalmente são expressas em dB

Onde:

S/R = Relação Sinal/Ruído em dB


Ps = Potência do Sinal (W ou mW)
Pr = Potência do Ruído (W ou mW)
É especificada nas linhas americanas uma relação Sinal/Ruído mínima de 24 dB, e
um nível de ruído máximo de –40 dBm.
Por exemplo, suponha que uma transmissão via linha telefônica tenha as
características abaixo:
Nível de transmissão = 0 dBm
Atenuação da linha = 18 dB
Então:
Nível de recepção = -18 dBm
Se:
Nível de ruído = -45 dBm
Logo:
Relação Sinal/Ruído = 27 dB

O conceito de relação Sinal/Ruído (Signal to Noise Ratio - SNR) se aplica a


qualquer meio físico de transmissão, seja ele por par de cobre ou por rádio freqüência
(RF), por exemplo. Ele também pode ser designado como qualidade do sinal.

85
A Figura 7.20 ilustra a variação do Sinal, Ruído e da relação Sinal/Ruído no tempo,
de um enlace de internet via rádio 802.11b.

Relação Sinal/Ruído em canal de RF

8.5. O Aparelho Telefônico


Para um perfeito conhecimento do sistema telefônico, devemos conhecer o
aparelho telefônico e suas características. O aparelho telefônico ou simplesmente telefone
é o aparelho que permite a conversação entre os
assinantes, além de trocar informações com a central telefônica.
O telefone é um equipamento eletrônico, como a grande maioria deles, que
necessita de uma alimentação de corrente contínua (DC). Antigamente os aparelhos
telefônicos utilizavam uma “bateria local” junto ao próprio aparelho, isso tornava o
aparelho dispendioso e complicado para o usuário, além de originar problemas técnicos
freqüentemente.
Atualmente, os aparelhos telefônicos utilizam o que chamamos de “bateria
central”, proveniente da própria central telefônica, conforme já vimos. Com isso temos a
redução de custos, facilidades de operação e manutenção do aparelho.
A resistência de “loop”, medida entre os terminais do par de fios de assinante que
chegam na central telefônica, para que o aparelho funcione corretamente, estando o
monofone fora do gancho, incluindo a resistência do fio da linha telefônica, deve ser
menor do que 2.000 ohms.

86
Diagrama básico de um sistema telefônico de baterial local

Existe uma enorme variedade de aparelhos telefônicos disponíveis no mercado


com baixo custo. O usuário pode escolher o modelo que mais lhe agrade, desde que
esteja dentro das recomendações da UIT-T (Union International Telecommunication -
Telefony), que é um órgão não governamental que regulamenta as telecomunicações
mundialmente, e o próprio usuário poderá instalar ou substituir o aparelho por outro.
O telefone é um aparelho utilizado para transmitir sons a distância, constituído
basicamente de dispositivos para converter ondas sonoras em ondas elétricas - o
microfone; para reverter esse processo – o receptor; o gancho que serve como
interruptor; a campainha que dá o sinal de que o aparelho está recebendo uma ligação; e
o disco, ou teclas, que selecionam o telefone com o qual se pretende estabelecer
comunicação.
Genericamente, um aparelho telefônico constitui-se de três circuitos básicos:

a) Circuito de Voz ou Áudio (Speech Circuit);


b) Processador de chamadas (Pulse Dialer ou DTMF Generator);
c) Circuito de campainha ou Ring (Tone Ringer).,

8.5.1. Circuito de áudio


O circuito de áudio permite a conversão de sinais acústicos (voz) em sinais
elétricos e vice-versa. Isto é, quando o interlocutor “X” fala ao interlocutor “Y”, os sinais
acústicos devem ser convertidos em sinais elétricos de forma que a informação possa ser
transmitida pela linha telefônica (par de fios trançados). Essa informação, quando chega
ao interlocutor “Y”, deve então voltar a sua forma original, sinal acústico, para que possa
ser compreendida pelo usuário.
O circuito de áudio do telefone divide-se em duas partes principais: a cápsula
transmissora e a cápsula receptora, como visto no Capítulo 3 na parte de conversão dos
sinais mecânicos em elétricos e vice-versa.
Para que as cápsulas (transmissora e receptora) funcionem adequadamente, elas
utilizam um circuito que alimenta a parte referente à transmissão e faz o acoplamento do
sinal na parte referente à recepção. Esse circuito é denominado de híbrida ou bobina
híbrida, que pode ser, dependendo da tecnologia e qualidade do aparelho, transistorizado
ou com circuito integrado. A função principal da híbrida do telefone é fazer com que o
assinante não ouça o que está falando no seu próprio fone de ouvido. Essa técnica é
conhecida como anti-local.

87
8.5.2. Processador de chamadas - Pulse Dialer ou DTMF
Generator
Um assinante, quando deseja originar uma chamada ou efetuar uma ligação, retira
o monofone do gancho e aguarda o tom de discar (ou tom de linha). Após a confirmação
do sinal, ele deverá enviar a informação à central local do número com quem deseje falar.
Para isto, os aparelhos telefônicos são dotados de um teclado ou disco
numérico, de forma que o assinante chamador envie à central o número do assinante
chamado. O sinal produzido pode ser uma seqüência de pulsos ou sinais
multifreqüenciais DTMF.

* Pulse Dialer (Discagem por Pulso) - Nos telefones com disco, o usuário gira o
disco no sentido horário até o chamado apara-dedo ou encosto. O disco ao retornar a
posição normal, devido à ação de uma mola, provoca abertura no loop de corrente da
linha, tantas vezes quanto for o número discado. A central percebe a interrupção do loop
de corrente e contabiliza os pulsos enviados, que chegam na razão aberto-fechado de
2:1, divididos em 33,33ms e 66,66ms, um pulso totalizando 100ms (0,1s). O processo
deve ser repetido para cada dígito discado. A Figura 7.22 mostra o sinal de uma discagem
por pulsos, também conhecida como decádica.

Pulsos decádicos de discagem (dígito 3)

A esse processo dá-se o nome de “discagem decádica”, em que cada dígito é


enviado com duração de 10 pps ou 20 pps (pulsos por segundo). Os mais comuns
possuem duração do pulso de 0,1 segundo (um décimo de segundo). Os discos
constituem-se de peças eletromecânicas, e por motivos óbvios foram substituídos por
teclados com dispositivos eletrônicos, sem peças móveis, mantendo-se os mesmos
padrões elétricos de temporização.
Logicamente o telefone de teclas é mais fácil de usar e mais dinâmico. Algumas
funções, como rediscagem do último número, pausa, entre outras funções puderam ser
incorporadas.
O dígito “1” será produzido com um único pulso, o “2” com uma seqüência de dois
pulsos, o “3” com três pulsos, e assim sucessivamente, a exceção do dígito “0” que será
produzido por uma seqüência de 10 pulsos.
Porém, esse tipo de técnica de discagem, para um número de 10 dígitos levaria
em média cinco segundos até que todo o número fosse concluído, piorando quanto maior
for a quantidade de dígitos “0” ou de maior número como o “9”, por exemplo. Para esse
processo não está contabilizada a chamada pausa interdigital, que é a demora entre a
discagem entre um dígito e outro. Logo, facilmente chega-se a conclusão que a discagem
decádica é processada de maneira lenta.
Para corrigir esse inconveniente, o telefone com teclas, além de ser o mais
utilizado, sofreu evoluções de forma a se tornar ainda mais rápido. Trata-se do telefone
com envio de informações por tons multifrequenciais ou DTMF (Dual Tone Multi
Frequency).

88
* DTMF Generator (Multifreqüencial) - Nos telefones multifreqüenciais, quando
uma tecla é pressionada, ativa a emissão de um par de freqüências (DTMF) na faixa de
áudio, por um período de tempo de aproximadamente 100ms, à central local, que filtra e
identifica o par como sendo o código de um número predeterminado. Cada dígito decimal
ou tecla possui um par de freqüências específicas, como mostra a Figura 7.23.

Tons mutifreqüenciais

Os aparelhos modernos possuem uma chave de seleção “tom / pulso” e ainda a


opção de conversão para tom durante a ligação decádica, utilizando uma tecla específica
para esse fim (tecla “tom” ou “*”).
Os sinais DTMF, por serem confiáveis e facilitarem o projeto de circuitos
eletrônicos têm contribuído para o desenvolvimento de equipamentos sofisticados para
automação e controle, como, por exemplo, os atendedores automáticos para saldo
bancário, saldo de cartão de crédito, identificadores de chamada (BINA), atendedores
digitais PABX (DISA), telesupervisão, telecontrole, etc.
A opção DTMF proporciona diminuição do tempo de transmissão da sinalização,
portanto é mais vantajosa. Atualmente quase todas as centrais digitais fazem
automaticamente o reconhecimento da opção de sinalização utilizada pelo assinante.

8.5.3. Circuito de Campainha ou Ring (Tone Ring)


A central telefônica, após identificar o assinante chamado, deve enviar um sinal e
fazer soar a campainha do telefone. Esse sinal deve ter potência suficiente para avisá-lo
da chamada a uma distância razoável.
Nos aparelhos rudimentares foi utilizada uma campainha eletromagnética. A
corrente necessária e padronizada para esse fim foi de corrente alternada, senoidal, cujo
valor poderá estar situado entre 70 a 90 Vrms
(eficazes) com freqüência de 25Hz ± 20%.
A corrente denominada de corrente de toque é enviada ao assinante chamado de
forma pulsada, de maneira a provocar um segundo toque de campainha e quatro
segundos de silêncio (1:4s).
Dessa forma, todos os circuitos combinados formam o diagrama geral do
telefone, que é indicado na Figura 7.24.

89
Diagrama de Blocos do Telefone

8.5.4. Principais parâmetros para avaliação dos cabos


com pares metálicos trançados
- Resistência do Enlace: Resistência CC máxima em torno de 1,8 kOhm sem o
aparelho telefônico .
- Desequilíbrio Resistivo: diferença de resistência ôhmica existente entre dois
fios que formam um par simétrico.
- Desequilíbrio capacitivo: diferença de capacitância existente entre os fio de um
condutor e o terra ou entre dois pares de cabo.
- Resistência de Isolamento ou de isolação: resistência ôhmica entre os dois
fios condutores ou entre um deles e terra, quanto maior melhor para o sistema, pois
minimizará a corrente de fuga.Cabos subterrâneos que são atingidos por inundações
tendem naturalmente a ter deterioração no material isolante e daí têm diminuição da
resistência de isolamento. O reflexo desse problema para o assinante é o surgimento de
“chiados” e evoluindo para a total impossibilidade de comunicação. Em certos casos
ocorre o fenômeno da diafonia.
- Taxa de Erro de Bit (BER): a aferição global dos erros ocorridos a partir da
transmissão de uma seqüência de bits em velocidade operacional real conduz a uma
avaliação global da condição de um cabo metálico, todos os problemas eventualmente
existentes no cabo irão afetar o resultado. Os limites admitidos são fixados em
documentos de referência utilizados pelas Operadoras.

9. SINALIZAÇÃO
Sem dúvida, os equipamentos que compõem um sistema telefônico foram criados
para possibilitar a comunicação entre os humanos. Porém, entre as centrais telefônicas,
deverão precisará haver uma comunicação protocolar para que o sistema funcione de
forma auto-controlada e auto-sustentada, conhecidas pelo nome de sinalização.
A sinalização telefônica é de suma importância para o processo de efetivação e
tarifação das chamadas. É a sinalização quem informa a prestadora de serviços os dados
necessários para faturar as contas dos assinantes, através dela também as Operadoras
têm dados estatísticos extremamente importantes para a gestão operacional.

90
Basicamente existem dois tipos de sinalização: a primeira será entre os aparelhos
telefônicos dos usuários e a central de comutação a que estiverem conectados e a
segunda são as sinalizações ocorridas entre as centrais telefônicas.
Existem os seguintes grupos de sinalização padronizados:

- Sinalização de Assinante (Acústica);


- Sinalização de Linha;
- Sinalização de Registro;
- Sinalização Associada à Central;
- Sinalização por Canal Comum.

9.1. Sinalização de Assinante


Também conhecida como Sinalização Acústica, consiste em uma série de sinais
audíveis com freqüências e cadências preestabelecidas emitidas da central telefônica
para o assinante e se divide em:

9.1.1. Tom de Discar (TD)


Também chamado tom de teclar, é o sinal que informa ao assinante originador da
chamada o momento de iniciar o processo de chamada, por meio da discagem ou
teclagem do número do assinante destino.
A central enviará esse sinal toda vez que for reconhecido que o assinante retirou o
fone do gancho, pois isso indicará que ela estará pronta para receber o número do
assinante destino. A tensão presente na linha de assinante quando o fone estiver no
gancho (loop aberto) será de 48 volts DC, quando o usuário retirar o fone, uma chave
fechará o loop de linha e a tensão cairá para aproximadamente 12 Volts DC, que será
detectada pela central e assim saberá que o fone foi retirado do gancho.
O assinante que deseja fazer a ligação terá um tempo determinado pela central
entre 15 a 20 segundos para fazê-lo, caso não o faça, será desligado da central, para que
não ocupe o sistema e receberá um sinal de ocupado, sinalizando para que refaça a
ligação.
O sinal é enviado ao assinante originador continuamente em uma freqüência de
425 Hz ± 25Hz até a recepção do primeiro dígito acionado pelo mesmo.

Gráfico do Sinal elétrico do Tom de Discar

91
9.1.2. Tom de Chamada (TC) ou Tom de controle de
Chamada
O sinal (também denominado RBT) que informa ao assinante originador da
chamada que ela foi processada pela central e que o assinante de destino foi localizado.
Nesse momento, no mesmo instante o assinante chamado recebe a corrente de toque de
campainha, fazendo soar um sinal no seu telefone.
O sinal vem de forma cadenciada, na razão de 1:4, isto é, um segundo de toque
(corrente de toque de campainha) para 4 segundos de silêncio. A freqüência desse sinal é
de 425Hz ± 25Hz.

Gráfico do Sinal elétrico do Tom de Discar

9.1.3. Tom de Ocupado (TO ou LO)


É enviado diretamente da central para o assinante que originou a chamada,
informando-o das seguintes situações:
- se a linha do assinante destino encontra-se ocupada no momento do chamado;
- se há congestionamento em algum ponto da cadeia de comutação, seja nas rotas
diretas ou no tráfego de transbordo;
- se os dígitos não foram enviados satisfatoriamente ou em tempo hábil para a
central;
- se o enlace não pôde ser processado em algum ponto da cadeia de comutação,
por problemas técnicos;
Esse sinal será de 425Hz, cadenciado em ciclos iguais de 250ms de sinal e 250ms
de silêncio (1/4 de segundo).

Gráfico do Sinal elétrico do Tom de Ocupado

92
9.1.4. Tom de Número Inacessível (TNI)
Também é chamado de Tom de Nível Vago ou Número Inexistente. É um sinal de
425Hz enviado ao assinante originador da chamada (chamador) em uma seqüência de
sinal com duração de 250ms por 750ms, intercalado por um período de silêncio de
250ms. Indica as seguintes possíveis situações:
- número do assinante enviado não existe;
- a linha do assinante destino está com defeito;
- número do assinante destino foi mudado;
- acesso ao número é negado para a sua categoria de usuário.
Esse sinal tem sido gradativamente substituído por uma gravação do tipo “esse
número não existe ou foi mudado, favor ligar para o serviço de auxílio à Lista 102”.

9.1.5. Corrente de Toque (CT)


É uma corrente alternada produzida com uma tensão de 75 Volts rms (eficazes)
com tolerância de +20% e freqüência de 25Hz, enviada à campainha (circuito ring) do
telefone do assinante de destino, informando-o sobre a existência da chamada.
A corrente é enviada na mesma cadência do tom de controle de chamada, um
segundo de sinal por quatro segundos de silêncio, até que o assinante atenda ou após
completar um período de temporização.
Lembrar o exemplo cômico da “corrente do cachorro” ocorrido numa fazenda do
município de Macaíba em 1979.

9.1.6. Outros tipos


Existem outros tons, como o Tom de advertência de Telefone Público, que informa
ao usuário de telefone público o momento de trocar o cartão ou colocar outra ficha
(moeda); Tom de Confirmação de Programação, utilizado nas programações de centrais
privadas tipo PABX, Tom de Chamada em Espera, utilizado pelas centrais digitais quando
o assinante usufrui a facilidade de atender duas chamadas em uma mesma linha, dentre
outras sinalizações de assinante.

9.2. Sinalização de Linha


É o tipo de sinalização utilizada nas supervisões das linhas de junção e estágios
de conexão entre centrais interligadas entre si. Os circuitos responsáveis por essa troca
de sinalização são denominados de Juntores (JT), e conforme já vimos a interligação
entre centrais dá-se o nome de entroncamento.

Linha de Junção e Sinalização de Linha

93
9.2.1. Tipos de Sinalização de Linha
Os meios para transmissão de sinais utilizados para comunicação entre as
centrais podem ser: por cabos (pares de fios trançados), cabos coaxiais, rádio-enlace
analógico ou digital (rádio transmissão), satélite ou ainda fibra óptica.
Existem quatro variantes de sinalizações de linha adotadas conforme o tipo de
entroncamento e sua evolução tecnológica:
* Sinalização de Loop ou Corrente Contínua;
* Sinalização E & M Pulsada;
* Sinalização E & M Contínua;
* R2 Digital.
A escolha do sistema de sinalização de linha adequado a um dado entroncamento
resulta do prévio estudo técnico-econômico, considerando o tipo de transmissão,
quantidade de Juntores e conversores envolvidos. Veja abaixo, os sistemas de
sinalização aplicáveis ao meio de transmissão.

A sinalização linha de loop raramente é adotada nos dias atuais, ficando a


sinalização E&M pulsada (principalmente) e a R2 Digital como alternativas mais comuns,
posteriormente abordaremos a Sinalização por Canal Comum número 7 que surgiu nos
anos 90 e já é opção mais adotada em sistemas digitais.

9.2.2. Descrição dos Sinais


Os sinais enviados pela central de origem são conhecidos como sinais para
frente, são os que efetivamente são produzidos pela central que inicia um processo de
sinalização, e os sinais enviados pela central de destino (em resposta), como sinais para
trás.

1. Ocupação: pulso de terra com duração de 150 ms transmitido para frente, pela
central de origem, solicitando à central de destino que seus circuitos passem da condição
de repouso para a condição de operação.

2. Atendimento: pulso de terra com duração de 150 ms ,sinal para trás


transmitido pela central de destino, indicando que o assinante chamado atendeu à ligação
e que a tarifação pode ser iniciada.

3. Desligar para Frente: pulso de terra com duração de 600 ms transmitido para
frente, pedido de liberação de todos os elementos envolvidos na ligação. Primeiro os
elementos da própria central solicitante e depois os da central de trânsito, de forma a
voltar à posição de repouso, esperando uma próxima ligação.

4. Desligar para Trás: pulso de terra com duração de 600 ms transmitido pela
central de destino para a de origem da ligação, indica que o assinante chamado desligou.

94
5. Confirmação de Desconexão: sinal emitido pela central de destino (600ms)
em resposta ao sinal de desligar para frente, indicando a liberação de seus elementos.

6. Desconexão Forçada: substitui o sinal de desligar para trás. É emitido (600


ms) num ponto conveniente da cadeia interurbana, após esgotado o tempo de supervisão
entre o sinal de desligar para frente e o sinal de desligar
para trás.

7. Bloqueio: sinal de terra fixo emitido para provocar o bloqueio dos circuitos de
um juntor de saída, na central de origem, a fim de evitar sua a ocupação, por razões
pertinentes ao sistema.

8. Tarifação: transmitido do juntor de entrada para o juntor de saída da central de


origem a partir do ponto de tarifação por multimedição, de acordo com a cadência
correspondente ao degrau tarifário. Quando a tarifação é por bilhetagem automática esse
sinal não é enviado.

9. Rechamada: sinal para rechamar o assinante imediatamente após a sua


desconexão, pela telefonista. Não é um sinal obrigatório.

10. Falha: o juntor de saída informa que houve falha no equipamento de origem.

9.3. Sinalização de loop


O entroncamento é feito com par de fios trançados, a dois fios, e os sinais
consistem na variação da intensidade e inversão da polaridade da corrente de loop.
Observe na Figura 8.5, que o circuito de entrada (chamado de juntor de entrada - JE), que
recebe a conexão, é que alimenta o circuito de saída (juntor de saída - JS), o que
encaminha a chamada. A resistência máxima de loop é de 2,2 K Ω ou 1,5 K Ω para a
tarifação por multimedição. A resistência mínima de isolação entre os fios “a” e “b” ou
entre um condutor e o terra é de 30K Ω e a tensão de linha é de 28 ± 4V.

Sinalização Loop

As sinalizações por corrente contínua ou loop baseiam-se em juntores a dois fios


onde há a combinação da variação de corrente, resistência e polaridade por um
determinado período de tempo. A combinação entre elas origina as sinalizações vista no
item anterior. Esse método é pouco utilizado atualmente.

95
9.4. Sinalização E & M Pulsada
Quando o meio de transmissão utilizado entre as centrais for feito por intermédio
de rádio transmissão ou satélite poderá ser efetuada a sinalização por meio de dois
métodos: E & M Pulsada ou E & M Contínua.
Neste caso, entre o juntor e o sistema de transmissão de Rádio Multiplex
geralmente se utilizam seis fios. O sinal de áudio passa por um circuito denominado de
Híbrida que converte o circuito de dois para quatro fios, de forma a individualizar
(separar) a transmissão e a recepção do sinal de voz. Um quinto e um sexto fios são
utilizados um para transmissão Mouth (boca) e o outro para a recepção Eear (ouvido)
durante a troca de sinalização. Um sétimo fio poderá ser utilizado para supressão de eco
em comunicações via satélite.
A Figura 8.6 mostra a representação de um sistema via rádio entre duas centrais
remotas. Note que existem 6 fios: 2 para Tx (transmissão), 2 para Rx (recepção e 2 para
sinalização. A conversão de 2 para 4 fios será vista no Capítulo 10.

Representação de uma ligação entre centrais usando sinalização E & M

A emissão dos sinais é feita com a aplicação de pulsos de terra (0 volt) no fio M,
referidos a um potencial de 48 Volts, com durações preestabelecidas. Os pulsos podem
ser curto ou longo, ou seja, 150ms ou 600ms respectivamente, com tolerância de 20%. O
intervalo mínimo entre dois sinais consecutivos deve ser de 240ms.
Para que os pulsos possam ser transmitidos, eles passam por um sistema de
transmissão em que são multiplexados e modulados com uma freqüência de 3825Hz em
rádios analógicos ou presença de nível lógico “1” nos bits correspondentes ao canal de
sinalização em sinais digitais.
Como a faixa de áudio está compreendida entre 300 e 3400Hz (canal de voz),
essa técnica é conhecida também como sinalização Fora de Faixa (freqüência de
3825Hz). A tabela abaixo ilustra os sinais utilizados durante uma troca de sinalização E &
M Pulsada, entre juntores, e a correspondência entre os sinais e os pulsos. O sentido das
setas indica a sinalização enviada da central de origem para a central de destino e vice-
versa, ou seja, os sinais para frente e os sinais para trás respectivamente.

E & M Pulsada

96
Observe que temos dois tipos de sinais, o curto e o longo, com durações de 150 e
600ms respectivamente, podemos atribuir, em resumo, as seguintes condições em função
do sentido do sinal.

Curto → Ocupação ou Rechamada


Curto ← Atendimento ou Tarifação
Longo ← Desligar/Desconexão Forçada/Confirmação de Desconexão
Longo → Desligar para frente

9.5. Sinalização E & M Contínua


A diferença de sinalização da E & M Pulsada para a E & M Contínua reside no fato
de que a sinalização contínua utiliza apenas a presença ou ausência de sinal, o que
corresponde a apenas dois estados possíveis em cada direção. A tabela a seguir ilustra o
protocolo de sinalização E & M Contínua.

E & M Contínua

9.6. Sinalização de Registro (MFC)


Registro ou Registrador é uma denominação genérica dada aos circuitos ou
elementos de uma estação de comutação, capazes de interpretar e enviar informações
para outros centros de comutação.
As sinalizações de registro são informações relacionadas às condições
particulares aos assinantes originador e recebedor de chamadas e, eventualmente, às
condições dos circuitos e elementos de comutação envolvidos. Essas informações devem
ser trocadas entre registradores das centrais, de forma a estabelecer uma conexão. As
sinalizações de registros normalmente são efetuadas por pares de freqüência, sinais
multi-freqüenciais (MF). Convém esclarecer que a sinalização MFC (Multi-frequencial
compelido) é utilizada apenas na sinalização entre centrais telefônicas distintas, ou seja
se aplica na rede de transporte. A MFC é uma sinalização que ocorre em complemento á
sinalização E/M (de linha) e á sinalização de assinante,essa última ocorre na rede de
acesso.

9.6.1. Sinalização Decádica


Essa opção é utilizada apenas nas centrais analógicas mais antigas onde o juntor
de saída funciona como um telefone com discagem por pulsos decádicos. Cada
conjunto de pulsos corresponde a um dígito decimal (0 a 9).

97
Muito embora esse processo seja bastante simples e de custo reduzido, ele
apresenta algumas desvantagens, como o tempo elevado para troca de sinalizações entre
as centrais, estando em desuso.
Esse método é empregado somente em centrais interligadas fisicamente por pares
de fios e com pouca distância, pois os pulsos sofrem deformações na transmissão, devido
às características inerentes dos condutores elétricos como dito anteriormente, e possuem
somente sinais em um sentido, para frente.

9.6.2. Sinalização Multifreqüencial Compelida ou MFC


A sinalização MFC utiliza pares de freqüências senoidais combinadas
(compelidas) entre si para a codificação dos sinais. As trocas de informações são muito
rápidas, em aplicações por meios terrestres, e não deformam o sinal, sendo utilizadas
freqüências dentro do canal de voz.
São doze freqüências utilizadas, divididas em dois grupos de seis, denominados
de freqüências altas e de freqüências baixas. A tabela abaixo mostra as freqüências
utilizadas nessa sinalização.

Freqüências MFC

Cada sinal corresponde a duas freqüências dentro do grupo. As freqüências altas


são transmitidas para frente, no sentido do estabelecimento da cadeia de comutação, e as
freqüências baixas são transmitidas para trás, como resposta às primeiras.
Trata-se de um sistema bastante seguro, pois, além do sinal ser reconhecido
apenas pela composição de duas freqüências, os circuitos receptores possuem filtros
seletivos com sensibilidade para detectar sinais com níveis muito fracos, compreendidos
entre –5 e –35dBm e com variações de freqüência de 10Hz.
Após a filtragem, o sinal é decodificado. Observe que na linha de junção pode
haver simultaneamente, quatro freqüências, duas combinadas referentes aos sinais para
frente e outras duas referentes aos sinais para trás, o que não impede a detecção e
interpretação do sinal de interesse aos filtros ativos. Abaixo, temos a tabela com as
combinações de freqüências para formação dos dígitos.

Tabela de combinações MFC dos sinais

Interpretação dos Sinais para Frente

98
Os quinze códigos dos sinais para frente, formados pela combinação de
freqüências da Tabela 8.4, foram divididos em dois grupos denominados de Grupo I e
Grupo II.
Os sinais do grupo I fornecem informações numéricas e de controle, enquanto os
do grupo II fornecem informações sobre o assinante que está originando a chamada.
A mudança do grupo I para o grupo II ocorre durante a troca de sinalização,
quando o registrador de origem (circuito ou elemento de uma estação de comutação,
capaz de interpretar e enviar informações para outros centros de comutação) receber o
sinal para trás A5 (Algarismo 5).

Sinais para frente

Interpretação dos Sinais para Trás

Da mesma forma, os sinais para trás também são divididos em dois grupos
denominados de Grupo A e Grupo B. Os sinais de grupo A são de “solicitação de envio”
da central destino à central de origem.
Os sinais do Grupo B fornecem informações sobre o assinante destino e
congestionamento de tráfego. O registrador de destino envia o sinal A3 (Algarismo 3),
quando da mudança do grupo A, para que o registrador de origem passe a interpretar os
sinais do Grupo B, ou seja, comutar da interpretação dos sinais do Grupo A para o B ou
vice-versa.
Inicialmente, a rede brasileira utilizou o padrão “MFC 5B” baseado no sistema
europeu, entretanto, atualmente, o mais utilizado é o padrão “MFC 5C” (uma variante do
5C). Há também o padrão Berne R2 empregado nas centrais de trânsito internacional. O
que muda são os significados para alguns sinais do Grupo B.

99
Significado de sinais para trás padrão “5C”

Exemplo de troca de sinalização MFC entre duas centrais numa


ligação local

A partir de pulso de ocupação (150 ms) a central de destino se “prepara” para o


processo de sinalização de registro e posterior conversação com tarifação. A rotina para
conexão entre duas centrais telefônicas incia-se com o envio da sinalização de linha que
é reconhecida pela central de destino. A Figura abaixo mostra esse processo. Note que a
sinalização de registro MFC trafega pelos fios Tx e Rx e a sinalização E & M trafega pelos
fios E e M. A conversão de 2 para 4 fios será melhor explorada no próximo capítulo.

100
Troca de sinalização MFC e E&M Pulsada

O assinante chamador (3206-1245) retira o telefone do gancho, a central A


percebe isso e envia o tom de discar. O assinante chamador digita o número do assinante
de destino (3213-3199) e a central percebendo que o número de destino é externo, ela
ocupa um juntor de saída com um pulso de 150 ms para a central de destino. Inicia-se a
troca de registros entre as centrais seguindo as tabelas 8.5 e 8.6, até que o assinante
chamador desliga e encerra-se a ligação.

101
Exemplo de troca de sinalização MFC entre duas centrais numa
ligação interurbana via central Tandem

Troca de sinalização MFC e E&M Pulsada via Tandem

Na Figura acima, temos uma ligação interurbana via central Tandem. Quando a
origem disca o número de destino, a central local verifica na tabela de rotas que para
chegar ao destino deve acionar um juntor de saída para a central Tandem, que por sua
vez sabe como chegar ao destino.

102
9.6.3. Sinalização DTMF e MFP
São utilizadas na troca de informações com equipamentos terminais. No item
referente ao aparelho telefônico, vimos que este processa as discagens de maneira
decádica ou via DTMF.
Outros equipamentos também fazem uso desses recursos. A discagem decádica é
mais lenta e limitada, sendo substituída pelo processamento DTMF. Os sinais DTMF são
mais precisos e a troca de sinalização torna-se mais confiável e segura. As freqüências e
a codificação utilizadas na sinalização DTMF são:

Codificação DTMF

A sinalização DTMF passou a ter aplicações também em sistemas de controle à


distância em equipamentos com atendimento interativo, como por exemplo: atendedores
digitais automáticos, administradoras de cartão de crédito, saldo eletrônico, home
banking, secretária eletrônica, solicitação de serviços à operadoras, entre outros.
Os primeiros identificadores de chamada BINA (B Identifica Número A), utilizaram
inicialmente uma interface (posicionada na central) para recepção de sinais MFC
enviados entre as centrais analógicas imediatamente antes de enviar o toque da
campainha (ring) ao assinante chamado, enviando o número ao usuário.
As centrais digitais modernas, no entanto, por conveniência, já fornecem, quando
programadas para esse fim, sinais DTMF ou MFP antes do ring. Os circuitos se tornaram
mais simples com implementação quase que imediata e com reduzido custo para o
usuário. Os sinais MPF originam-se de Multifreqüencial Propelido (ou pulsado),
padronizado pela Telebrás, para centrais CPA.

10. Centrais privadas de Comutação telefônica (CPCT)


São centrais telefônicas simplificadas para utilização interna principalmente em
empresas e Instituições visando evitar que essas tenham de pagar por ligações
telefônicas efetuadas dentro do ambiente físico das mesmas.
Os principais tipos de CPCTs são: PABX, Micro-PABX e KS.
As CPCTs podem ser interligadas às centrais locais da Operadora através de
linhas telefônicas normais que recebem a denominação de linhas-tronco.Normalmente
têm a função DDR (discagem direta a ramal) para diminuir o número de telefonistas.
CPCTs de maior porte são interligadas via digitroncos de 2 Mbit/s ou em taxas
mais elevadas via fibra óptica, mas esses casos serão estudados mais adiante, na
segunda avaliação.

103
Configuração típica de interligação de uma CPCT com a rede pública

O sistema KS (Key Systems) corresponde a um conjunto de aparelhos com teclas


onde a ocupação dos troncos é visualizada em todos os aparelhos através leds ou
lâmpadas. O KS é aplicável em pequenas empresas e escritórios, onde a quantidade de
ramais é reduzida, tipicamente existem sistemas KS com 2 troncos/ 8 ramais, 3 troncos/
15 ramais, 4 troncos/ 20 ramais, etc.
Todos os aparelhos que compõem um sistema KS são interligados com uma
cabeação contendo a totalidade dos troncos paralelados, o que torna o custo da
cabeação alto, dessa forma, o KS só é viável em ambientes onde as distâncias
envolvendo os pontos (ramais) não sejam elevadas.

11. Sistemas Multiplex


11.1. Modos de operação de um meio de transmissão
Um meio qualquer de transmissão pode ser operado de 3 modos: simplex,
semiduplex e duplex.
No modo simplex interessa apenas transmitir uma informação de A para B
(transmissão unidirecional).
No modo semiduplex interessa não só transmitir informação de A para B, como de
B para A, porém num sentido de cada vez (transmissão bidirecional alternada).
No modo duplex interessa transmitir ao mesmo tempo informação de A para B e
de B para A (transmissão bidirecional simultânea). A Figura 10.1 exemplifica melhor estes
modos de operação.

104
Modos de Transmissão

11.2. Conceito de Canal e Circuito


Canal é um conjunto de recursos técnicos que permitem a transmissão da
informação de um ponto A para um ponto B. Como verificamos, este conceito é o de uma
ligação unidirecional
Na prática, entretanto, na maioria das utilizações, como por exemplo, numa
ligação telefônica, o que mais interessa é permitir que A converse com B, isto é, deve
haver recursos tanto para transmitir a ida (para transmitir de A para B), quanto um canal
de retorno (para transmitir de B para A).
O conjunto canal de ida e canal de retorno é denominado circuito.
A Figura abaixo exemplifica ambos os conceitos: o conjunto composto pela
cápsula transmissora de A, o par de fios e a cápsula receptora de B, compõem o canal de
ida. A cápsula transmissora de B, o par de fios e a cápsula receptora de A, compõem o
canal de volta. Os dois canais em conjunto formam o circuito telefônico AB.

Ligação telefônica utilizando dispositivo antilocal

105
Como verificamos, um canal só pode ser operado no modo simplex, enquanto que
um circuito admite tanto a operação semiduplex, como a duplex.

11.3. Circuitos a 2 Fios e a 4 Fios


As linhas telefônicas urbanas formadas por pares de fios metálicos, permitem
transmissão nos dois sentidos porque não possuem componentes unidirecionais em sua
composição (por exemplo, amplificadores). O mesmo para de fios pode funcionar como
canal de ida e canal de retorno, e o circuito, por empregar apenas um par de fios, é
chamado de circuito a 2 fios
As vias interurbanas, devido à sua grande extensão, exigem a introdução de
amplificadores para compensar a atenuação do sinal no percurso, e como estes
componentes são unidirecionais (só permitem a passagem do sinal num sentido), o canal
de ida e o canal de retorno têm obrigatoriamente de ser individualizados. Devido a isto, o
circuito neste caso apresenta 4 terminais de cada lado, sendo chamado de circuito a 4
fios.

Circuito a 4 fios

É possível, entretanto, mediante o emprego de um dispositivo chamado híbrida,


fazer a conversão da montagem a 4 fios para a montagem a 2 fios, dessa forma podendo-
se ligar a via interurbana à via urbana, como mostra a Figura abaixo.

Ligação Interurbana

106
11.4. Dispositivos Híbridos
Os dispositivos híbridos são circuitos de seis pólos (hexapolo) ou oito pólos
(octopolo), normalmente conhecidos como híbridas, e que têm largo emprego nos
equipamentos multiplex.
Conforme vimos no item anterior, quando temos um circuito a 2 fios que necessita
ser transmitido pr uma via a 4 fios, torna-se necessário o emprego de um dispositivo que
transforme 2 fios em 4 fios e vice-versa.
A Figura 10.5 apresenta este processo, onde H1 e H2 são as híbridas utilizadas
para a transformação 2 fios em 4 fios, cuja função é fazer com que os sinais enviados de
A para C sigam somente a via ABC (sem penetrar na via CDA), enquanto que os sinais
enviados de C para A sigam somente a via CDA (sem penetrar na via ABC). Em outras
palavras: a atenuação entre os terminais 44´ e 22´ de cada híbrida deve ser a maior
possível, teoricamente, infinita. Esta atenuação é chamada de perda trans-híbrida ou
isolamento entre transmissão e recepção; um valor baixo desta atenuação pode
provocar problemas de transmissão.
Para um perfeito casamento das híbridas com os circuitos a 2 fios e a 4 fios, é
necessário que a impedância de cada par de terminais da híbrida seja, respectivamente,
igual à impedância do circuito a que este par se conecta. Como nos terminais multiplex,
geralmente, a impedância Z dos circuitos a 2 fios é igual à impedância dos circuitos a 4
fios, para uma perda de retorno alta, nos terminais das híbridas devemos ter Z11´ = Z22´
= Z33´ = Z44´ = Z.

Híbrida para conversão de 2 em 4 fios

Observação: Na Figura acima, BAL é uma rede de balanceamento ou equilíbrio


cuja função é fazer o casamento da híbrida com o circuito a 2 fios, para que obtenhamos
uma alta perda de retorno nos terminais 11´, a fim de não provocar problemas de
transmissão.
Em resumo, para e execução do circuito de uma híbrida para transformação de 2
fios em 4 fios, basicamente, teremos dois problemas:

• Uma alta perda trans-híbrida (A24 = infinito)

107
• As seguintes igualdades de impedâncias no octopolo: Z11´ = Z22´ = Z33´ = Z44´
= Z.
• É importante também se determinar a atenuação que os sinais sofrem na
passagem dos terminais 11´ para 22´, e dos terminais 44´ para 11´.

11.5. Conceito de Multiplexação


Se um circuito utilizando um par de condutores, permite que duas pessoas possam
estabelecer um diálogo sem problemas, conforme foi apresentado anteriormente, vejamos
o que poderia ocorrer se colocássemos, num mesmo meio de transmissão, quatro
circuitos telefônicos (Figura abaixo).

Ligação telefônica de 4 assinantes

Percebe-se pela simples observação da figura que, se os quatro assinantes


tirassem o telefone do gancho ao mesmo tempo, todos ouviriam a conversa dos outros,
sendo difícil entabular uma comunicação sem ser perturbado.
Quanto maior o número de circuitos telefônicos utilizando o mesmo meio, maior
seria o problema (Figura abaixo).
Pelo exposto, verificamos que, quando são transmitidos vários circuitos telefônicos
entre dois pontos A e B, utilizando um meio de transmissão comum (par de condutores,
rádioenlace, etc), há necessidade de utilização de uma técnica que possibilite a
comunicação sem interferência entre os circuitos, e que permita a identificação entre eles;
essa técnica é conhecida como multiplexação. Como já foi anteriormente informado, a
multiplexação utiliza circuitos a 4 fios, em que são empregados canais de ida e de volta.

108
Ligação telefônica de 8 assinantes sem multiplexação

Na Figura 10.8 temos do lado A a multiplexação, onde unimos vários canais 1A,
2A,... nA, e transmitimos os mesmos de A para B, através de um par de fios (de B para A
o processo é idêntico). No lado B temos a demultiplexação, ou seja, a identificação e
separação dos canais transmitidos de A para B.

Ligação telefônica através de um multiplex

109
Se forem transmitidas diversas informações, conforme indica a Figura 10.8, estas
serão identificadas perfeitamente e separadas sem que haja interferência entre as
mesmas. Como verificamos, a multiplexação é uma técnica de grande utilização para que
se possa, racionalmente, aproveitar um meio de transmissão.

11.6. Tipos de Multiplexação


Atualmente são utilizado diversos tipos de multiplexação os quais estão divididos
em dois grupos, de acordo com a técnica utilizada:

11.6.1. Técnica digital


A multiplexação que utiliza esta tecnologia é chamada multiplexação por divisão
de tempo (TDM – Time Division Multiplex), que será apresentada na segunda
avaliação.

11.6.2. Técnica analógica


A multiplexação que utiliza esta tecnologia é chamada de multiplexação por
divisão de freqüência (FDM – Frequency Division Multiplex), sendo o próximo capítulo
dedicado a esta técnica de multiplexação.

12. Multiplexação FDM – Frequency Division Multiplex


Neste capítulo apresentaremos os conceitos sobre translação ou conversão de
freqüências e banda básica, descrevendo a modulação AM, que é a operação utilizada
pelo multiplex analógico FDM para fazer translações, bem como mostrar os estágios de
translação recomendados pelo CCITT para compor as bandas básicas.

12.1. Canal Multiplex


Como a utilização primordial do multiplex é para comunicações telefônicas, o canal
utilizado neste sistema é chamado de canal multiplex ou canal de voz, e o circuito é
chamado de circuito multiplex telefônico ou circuito de voz.

12.1.1. Representação Convencional


O canal de voz é indicado, segundo convenções internacionais, por um triângulo
(Figura abaixo), em que a base representa a faixa de freqüências disponível para
transmitir a informação e a altura corresponde a maior freqüência.

110
Representação convencional do canal multiplex

12.1.2. Tipos de Canais Multiplex


O CCITT recomenda a utilização de dois tipos de canal multiplex, visando o
aproveitamento mais racional possível do meio de transmissão:

a) Canal multiplex de 6 Khz de faixa

Este tipo de canal tem emprego somente em sistemas de pequena capacidade,


onde o baixo preço do equipamento é mais importante que o aproveitamento do meio
para transmissão de um número maior de canais.

Canal multiplex de 6 Khz

b) Canal multiplex de 4 Khz de faixa

Este é o tipo de canal mais empregado em sistemas multiplex, onde a faixa de


freqüências utilizada para transmissão de voz é aquela indicada no capítulo 3.
Quando se fala em canal multiplex, sem indicar a faixa passante, a referência é
sempre para o canal de 4 Khz.

111
Canal multiplex de 4 Khz

12.2. Translação ou conversão de freqüências


É uma transferência de sinais que ocupam uma determinada faixa no espectro de
freqüências, para uma outra posição deste espectro, de tal maneira que seja mantida a
posição relativa das freqüências dentro da faixa.
Por exemplo, se considerarmos uma faixa de 3Khz de largura, ocupando no
espectro de freqüências a posição de 1 a 4 Khz, se esta faixa for transladada para a
posição de 7 a 10 Khz, as freqüências de 2 e 3 Khz ocuparão a posição de 8 e 9 Khz,
respectivamente, na faixa transladada. A Figura 11.4 mostra a translação.

Translação de freqüências

12.3. Modulação e Demodulação


A modulação é um processo onde duas freqüências ou sinais são combinados, de
tal maneira que são criadas novas freqüências. Este processo difere totalmente da adição
de freqüências ou sinais, operação esta que não gera novas freqüências, como ilustrado
na Figura abaixo.

112
Diferença entre modulação e soma de freqüências

Na modulação, um dos sinais que será combinado é chamado de portadora e ou


outro, sinal modulante. Ao produto da modulação damos o nome de sinal modulado.
Basicamente, a modulação consiste em se fazer variar a amplitude ou a freqüência
da portadora, em função do sinal modulante.
Ao processo de restauração do sinal modulante, a partir do sinal modulado e da
portadora, chamamos de demodulação.

12.3.1. Tipos de Modulação


Existem várias maneiras de se modular um sinal, e geralmente, a portadora é uma
onda senoidal cuja amplitude, a cada instante, pode ser expressa matematicamente por:
( )
e p = E p cos 2πf p t + θ (1)
Nesta expressão Ep é a amplitude máxima e a quantidade entre parênteses é um
ângulo que varia em função do tempo:
φ (t ) = 2πf p + θ (2)
O exame das equações (1) e (2) mostra que a forma de onda pode ser variada, a
cada instante, através de duas quantidades E p e φ (t ) .
A modulação em amplitude é obtida somente pela variação da amplitude Ep, de
forma que o desvio resultante, em relação à amplitude Ep, seja diretamente proporcional
ao valor instantâneo do sinal modulante, porém independente da sua freqüência.
A modulação em ângulo é obtida quando, em função do valor instantâneo do
( )
sinal modulante, faz-se variar 2πf p + θ . Como o ângulo, num determinado instante,
pode ser alterado, seja por variação da freqüência f0, seja da fase θ, a modulação angular
se divide em duas modalidades, dependendo do tipo de variação: modulação em
freqüência e modulação em fase. Como este tipo de modulação não tem aplicação direta
no equipamento multiplex, não será aqui abordado.
Existe uma outra forma de modulação, a modulação por amplitude de pulsos,
na qual a onda portadora é formada por pulsos curtos, de forma retangular. A forma
desses pulsos é variada pelo sinal modulante. Esta técnica será apresentada na segunda
avaliação, no capítulo referente à multiplexação por divisão de tempo.

113
12.4. Modulação em amplitude
Na modulação em amplitude, o valor máximo da onda portadora é variado pela
intensidade do sinal modulante, que é a quantidade moduladora.
Na Figura abaixo pode-se observar o efeito da modulação em amplitude. Em A e
B tem-se a representação de um sinal modulante de forma senoidal; a forma senoidal é
utilizada para permitir mostrar com mais clareza o efeito da modulação.
Em C e D está representada uma onda portadora de alta freqüência, com
amplitude e freqüência constantes.
Em E e F está mostrado o resultado da modulação da portadora pelo sinal
modulante. Examinando-se E, verifica-se que os limites externos da onda portadora
modulada apresentam uma forma similar à do sinal modulante, rezão porque a figura
formada é comumente chamada de envelope de modulação.

Representação dos diversos sinais na modulação em amplitude

114
12.4.1. Representação matemática do sinal modulado
A onda portadora em C pode ser representada pela expressão:
e p = E p cos(2πf p t )
onde tomamos arbitrariamente θ = 0 para t = 0 .
E o sinal modulante A pode ser representado por:
em = E m cos(2πf m t )
Considerando a onda modulada em amplitude da Figura 11.6 E: a variação de
amplitude em torno de Ep é senoidal, de forma que a amplitude em função do tempo é
dada pela expressão E p + E m cos(2πf m t ) sendo o valor máximo da amplitude igual a
E p + E m e o valor mínimo E p − E m correspondente, respectivamente, aos casos em que
o sinal modulador tem maior e menor amplitude.
Como a onda modulada também é senoidal, a amplitude instantânea da mesma
pode ser representada por:
[ ]
e = E p + E m cos(2πf m t ) cos(2πf p t )
 E 
e = E p 1 + m cos(2πf m ) cos(2πf p t )
 E p 
E
se chamarmos a razão m de m, temos:
Ep
e = E p [1 + m cos(2πf m t )]cos(2πf p t )
que é a expressão do sinal modulado em amplitude.

12.4.2. Percentagem de Modulação


Na modulação em amplitude é comum falar-se em percentagem de modulação
m. Trata-se de uma maneira de expressar o grau em que o sinal modula a portadora.
A relação entre os valores máximos do sinal modulante e da portadora chama-se fator,
índice ou grau de modulação m. Da Figura temos:
Em
m=
Ep
A percentagem de modulação é o valor do índice de modulação expresso em
percentagem:
M = m × 100
Analisemos agora o efeito do índice de modulação no sinal modulado.
Pela Figura, os picos máximo e mínimo de amplitude da onda modulada podem
ser representados por:
E max = E p + E m
E min = E p − E m
Dessas equações tiramos:
E m = E max − E p
E m = E p − E min

115
Em
Como sabemos m = e podemos escrever:
Ep
E max − E p
m=
Ep
E p − E min
m=
Ep
Aplicando diversos valores de m, vamos verificar como se comporta a onda
modulada.
- Se m = 0, teremos pelas Equações 1 e 2, E max = E p = E min ,não havendo
modulação como mostra a Figura 11.7B.
- Se 0 < m < 1, por exemplo m = 0,5, teremos por (1) e (2), E max = 1,5 E p e
E min = 0,5 E p , significando que o sinal está confinado à envoltória, como mostra a Figura
11.7 C (submodulação).
- Se m = 1, teremos de (1) e (2), E max = 2 E p e E min = 0 , obtendo-se uma
excursão da portadora com amplitude 2 E p , como mostra a Figura 11.7A (portadora
completamente modulada)
- Se m > 1, por exemplo m = 1,5, teremos por (1) e (2) E max = 2,5 E p e
E min = −0,5 E p , significando que a excursão corta o eixo do tempo, caracterizada por
“brancos ou zeros” na onda modulada, como mostra a Figura 11.7D (sobremodulação).
Devemos evitar a sobremodulação pois, como verificamos pela figura
correspondente à envolvente da onda modulada, esta fica deformada.

Representação do sinal modulado para diversos índices de modulação

116
12.4.3. Faixas Laterais
Do Item 12.5.1 sabemos que a representação matemática da onda modulada é:
e = E p [1 + m cos(2πf m t )]cos(2πf p t )
Expandindo-se a equação teremos:
e = E p cos(2πf p t ) + mE p cos(2πf m t ) cos(2πf p t )
Da trigonometria sabemos que:
1 1
cos a cos b = cos(b − a ) + cos(b + a )
2 2
Donde:
mE p
e = E p cos(2πf p t ) +
2
[cos(2πf p ]
t − 2πf m t ) + cos(2πf m t + 2πf p t )
mE p mE p
e = E p cos(2πf p t ) + cos 2π ( f p − f m )t + cos 2π ( f p + f m )t
2 2

Esta equação indica a existência de três freqüências distintas na onda modulada,


a saber: a freqüência da portadora, uma freqüência inferior (fp – fm) e uma superior (fp +
fm). A inferior denominada freqüência lateral inferior e a superior, freqüência lateral
superior.
Como foi dito no início de 12.5, o sinal modulante foi considerado como uma
freqüência individual, de forma senoidal, com a finalidade de facilitar a explanação. No
entanto, nos casos reais, este sinal varia continuamente numa faixa considerável, fazendo
com que os valores singelos inferior e superior que encontramos, sejam substituídos por
faixas de freqüências, denominadas banda lateral inferior e banda lateral superior, cuja
largura é igual à diferença entre o valor máximo e o valor mínimo das freqüências do sinal
modulante. Por exemplo, quando uma portadora de 1000 KHz é modulada por um sinal
de áudio que varia de 100 a 5000 Hz, a freqüência máxima da faixa superior será 1005
Khz e a freqüência mínima da faixa inferior será 995 KHz, como está ilustrado na Figura
abaixo.

Ilustração da modulação em amplitude de um canal de voz

117
Como podemos notar pela Figura, a banda lateral superior tem seu espectro de
freqüências na mesma direção da original (posição direta), enquanto que a banda lateral
inferior tem seu espectro na direção contrária (posição invertida). Este fenômeno ocorre
sempre para os casos reais, onde o sinal modulante é composto por mais de uma
freqüência.

12.4.4. Distribuição de Potência na Modulação em


Amplitude
E
Como sabemos da eletrônica, o valor eficaz de uma onda senoidal é dado por
2
sendo E o seu valor de pico, e que a potência média é calculada por intermédio da
(E eficaz )
2
E2
expressão Pmed = , onde Pmed = se a tensão ou corrente tiver sido aplicada a
R 2R
uma resistência R. Com estas considerações e lembrando da expressão obtida no item
12.5.3, podemos escrever:
Pmed .total = Pmed . port + Pmed . BLI + Pmed . BLS
2 2 2
Ep m2 E p m2E p
Pmed .total = + +
2R 8R 8R
Pela expressão concluímos que:
- a potência média associada à portadora, após a modulação, independe do índice
de modulação
- as potências associadas às bandas laterais são iguais e dependem do índice de
modulação.
Aplicando diversos valores a m, vamos verificar como se comporta a potência
média total e suas componentes.

2
Ep 8
- Para m = 0, teremos: Pmed . port = = Pmed .total
2R 9
- Para m = 0.5, teremos:
Ep
2
 0,5 2 E p 2  9 E p 2
Pmed .total = + 2 =
2R  
 8R  16 R
2
Ep 8
Pmed . port = = Pmed .total
2R 9
2 2 2
 1  Ep 1 Ep 1
Pmed . BLI = Pmed .BLS =   = = Pmed .total
 2  8 R 2 16 R 18
- Para m = 1, teremos:
2 2 2
Ep Ep 3E p
Pmed .total = +2 =
2R 8R 4R
2
Ep 2
Pmed . port = = Pmed .total
2R 3

118
1
Pmed . BLI = Pmed .BLS = Pmed .total
6

A Figura abaixo ilustra todos estes casos.

Distribuição de potência na modulação em amplitude

Para exemplificar, consideremos na saída de um modulador uma onda portadora


modulada em amplitude por um sinal de áudio senoidal com 100% de modulação,
obtendo-se uma potência média total de 600W. Porém, com 50% de modulação, teremos
somente 450W de potência média total de saída.
À primeira vista parece que o segundo caso nos poupa potência, no entanto,
observamos que no primeiro caso para 600W de saída, cada faixa lateral apresenta uma
potência de 100W, enquanto que no segundo caso para 450W de saída cada faixa lateral
apresenta somente 25W de saída, insto é: economizando 150W, tivemos uma redução de
75% na potência de cada banda lateral, o que não é vantajosos pois estamos
interessados em concentrar potência na informação e não na portadora.
Concluímos então que: com a diminuição do índice de modulação, as quantidades
relativas de potência média das bandas laterais diminuem rapidamente; portanto, deve-se
fazer o índice de modulação tão próximo quanto possível de 1, a fim de que o rendimento
da transmissão seja otimizado.

12.4.5. Principais Processos de Modulação em


Amplitude Utilizados pelo FDM
Os principais processos de modulação AM utilizados pelo FDM são:

1) AM-DSB (Double Side Band) – modulação em amplitude com faixa lateral dupla
2) AM-DSB/SC (Doublé Side Band Supressed Carrier) – modulação em amplitude
com faixa lateral dupla e portadora suprimida.

119
3) AM-SSB (Single Side Band) – modulação em amplitude com faixa lateral única.
4) AM-SSB/SC (Sigle Side Band Supressed Carrier) – modulação em amplitude
com faixa lateral única e portadora suprimida.

De todos estes processos o mais empregado é o AM-SSB/SC, limitando-se os


outros a utilização em alguns sistemas de baixa capacidade.
Vamos, pois, verificar a causa desta escolha.
Se considerarmos a expressão:

mE p mE p
e = E p cos(2πf p t ) + cos 2π ( f p − f m )t + cos 2π ( f p + f m )t
2 2

obtida para a onda modulada do item 12.5.3, verificamos que o termo


representativo da onda portadora independe da amplitude e freqüência do sinal
modulante. Desta observação concluímos: torna-se desnecessária a transmissão da
portadora que, além de não levar nenhuma informação, ainda é responsável pelo maior
percentual gasto da potência total numa transmissão AM, como foi explicado em 12.5.4.
Da mesma expressão verificamos também que as duas bandas laterais possuem a
mesma informação e potência, bastando por isso a transmissão de somente uma delas, o
que traz duas grandes vantagens: economia de potência e de faixa de freqüência (ocupa-
se somente a metade da faixa de freqüência – vide Figura).
Se por exemplo, considerarmos uma modulação AM tendo M = 100%, com a
supressão da portadora e de uma banda lateral, estaremos necessitando somente 1/6 da
potência total para transmitir a informação, usando metade da faixa de freqüências, além
de que toda potência disponível pode ser utilizada para transmissão da banda lateral. A
onda portadora somente é necessária para a demodulação, podendo ser gerada e
aplicada no extremo receptor, sendo suficiente que tenha a mesma freqüência da
portadora de transmissão.
A supressão parcial ou total da portadora é realizada por moduladores, chamados
moduladores balanceados. A seleção da banda lateral a ser transmitida é executada por
filtros passa-faixa.
A Figura abaixo apresenta o diagrama em blocos de uma modulação em amplitude
com portadora suprimida e transmissão de uma só banda lateral, bem como a indicação
das operações realizadas no domínio da freqüência.

120
Modulação AM com banda lateral única com portadora suprimida

É importante notar que qualquer uma das bandas laterais poderá ser selcionada,
de posição direta (mesma direção da original) ou invertida, como é o caso do exemplo. A
banda escolhida é indicada pela posição do triângulo.

12.5. Demodulação em Amplitude


Como já vimos anteriormente, ao processo de restauração do sinal modulante ou
informação, a partir do sinal modulado e da portadora, chamamos de demodulação.
De maneira idêntica à modulação, a forma senoidal será utilizada para permitir
mostrar com maior clareza como se processa a demodulação.
Como para o FDM o principal interesse é para a modulação do tipo SSB/SC,
tomemos como exemplo um sinal modulado em freqüência lateral inferior, cuja expressão
encontrada no item 11.5.5 representa um sinal senoidal de freqüência (fp – fm):

mE p
e BLI = cos 2π ( f p − f m )t
2

A onda portadora, idêntica em freqüência à da modulação, é representada pela


expressão:
e p = E p cos(2πf p t )

121
Se modularmos em amplitude a portadora ep pelo sinal eBLI, obteremos uma outra
onda modulada que também tem forma senoidal e cuja amplitude em função do tempo é
dada pela expressão:
mE p
Ep + cos 2π ( f p − f m )t
2
A amplitude instantânea da mesma pode ainda ser representada por:
 mE p 
e = E p + cos 2π ( f p − f m )t  cos 2πf p t
 2 
Em
Como m = , teremos:
Ep
Em
e = E p cos(2πf p t ) + cos 2π ( f p − f m )t cos 2πf p t
2
Da trigonometria sabemos que:
1 1
cos a cos b = cos(b − a ) + cos(b + a )
2 2
Onde:
Em E
e = E p cos 2πf p t + cos(2πf m t ) + m 2π cos(2 f p − f m )t
4 4
Como podemos verificar, a demodulação nada mais é do que a modulação na
direção inversa, na qual obtemos, para o exemplo, uma freqüência lateral inferior idêntica
à informação original, porém com uma amplitude menor
Se tivéssemos tomado, como exemplo do sinal modulado, a freqüência lateral superior,
obteríamos resultado idêntico.

12.6. Princípio Básico do Multiplex por Divisão de


Freqüência (FDM)
O FDM é um método de multiplexação no qual diversos canais de voz, todos com
a mesma faixa de freqüências, mas em pares de condutores diferentes, são transladados
para posições adjacentes e predeterminadas do espectro de freqüência mútua. Na
recepção o processo é o inverso, reconstituindo-se cada canal de voz e o enviando
separadamente ao seu destino. Seja como exemplo, 3 canais de voz de 4 KHz que
desejamos multiplexar para utilizar um meio de transmissão que possui uma faixa de
freqüência de 12 a 24 Khz.
A Figura 12.11 apresenta todo o processo de multiplexação, bem como a
demultiplexação no terminal distante. No lado de transmissão, cada canal modula uma
portadora, obtendo-se em cada modulação duas bandas laterais com a portadora
suprimida. A seguir, os filtros passa-faixa selecionam as bandas requeridas para compor
a faixa de freqüências no meio de transmissão (12 a 24 KHz), agrupando-as lado a lado, e
entregando o sinal assim formado para o meio de transmissão.
No lado de recepção o processo é o inverso para se reconstituir cada canal de
voz, sendo necessário que as portadoras usadas na demodulação sejam idênticas às
utilizadas na modulação.

122
Multiplexação e demultiplexação de 3 canais de voz

Quando, num sistem multiplex, a freqüência da portadora de uma das Estações


Terminais se encontra diferente da outra, diz-se que há falta de sincronismo. Este
fenômeno torna irreconhecível a voz do interlocutor (voz de robô) que se encontra no
outro extremo. Por exemplo, seja a multiplexação e demultiplexação de um canal de 0 a 4
KHz, indicado na Figura:
- Em A está indicada a informação a ser modulada, bem como a portadora de 12
KHz a ser utilizada na modulação SSB/SC
- Em B temos a informação já transladada, após a modulação
- Em C apresentamos a informação reconstituída, após ser demodulada com uma
portadora de 11 KHz, diferente da portadora da modulação. Como podemos verificar, a
informação obtida difere da original, isto é, todas as freqüências estão deslocadas de 1
Khz, fazendo com que a voz do interlocutor se torne mais aguda.
- Em D apresentamos a demodulação com uma portadora de 13 KHz, obtendo-se
uma informação reconstituída, também diferente da original, porém neste caso a voz do
interlocutor se torna ininteligível devido à superposição de faixas de freqüências,
conforme mostra a figura; este fato ocorre devido à inversão da faixa de freqüências na
demodulação pois não existe freqüências negativas.

123
Falta de sincronismo entre Terminais Multiplex

12.7. Banda Básica


12.7.1. Conceito
Banda básica, no sentido multiplex, é a faixa de freqüências necessária para a
transmissão do sinal multiplex por um meio de transmissão qualquer. Geralmente é
definida pelo número máximo de canais telefônicos que podem ser transmitidos, ou pela
especificação das freqüências externas da banda básica do sinal multiplex.
Por exemplo, se um sistema rádio-microondas em visibilidade tem um faixa de
freqüências disponível de 60 a 1364, podemos utilizar este meio de transmissão para um
sistema multiplex de 300 canais telefônicos, com uma banda básica de 64 2660 Khz.
É importante observar dois aspectos relacionados com a faixa de freqüências:
- quando estamos falando em canal multiplex telefônico sem indicação do tipo,
estamos sempre nos referindo àquele de 4 KHz de faixa.
- A faixa de freqüências disponível num meio de transmissão utilizado pelo
multiplex é, geralmente, maior que a banda básica do sinal mutiplex. Esta faixa de
freqüências a mais é necessária para a transmissão de informações do próprio meio de
transmissão.

124
12.7.2. Estágios de Translação
Com a evolução do FDM, houve um rápido crescimento do número de canais
transmitidos por um único meio e os sistemas evoluíram em pouco tempo de 3 para 12
canais, de 12 para 60 canais, alcançando os 10 800 canais rapidamente.
A fim de que se obtivesse um crescimento ordenado e racional da canalização,
visando, principalmente, fazer com que os sistemas de pequena capacidade pudessem
compor os sistemas de alta capacidade e que, na construção dos diferentes sistemas, se
utilizassem as mesmas unidades fundamentais, facilitando assim a fabricação dos
equipamentos, o CCITT padronizou o processo de translação para obter os sistemas de
alta capacidade, dividindo-o em estágios de translação.
É importante observar que, quando nos referimos a estágio de translação,
estamos indicando sempre as duas operações: multiplexação e demultiplexação.
Os estágios de translação foram agrupados pelo CCITT em dois conjuntos,
chamados Procedimento 1 e Procedimento 2, sendo este último de pouco interesse.

12.7.3. Procedimento 1
Os estágios de translação utilizados neste procedimento são os seguintes:

a) Translação de canal

Neste estágio os canais de voz são transladados para a faixa de 60 a 108 Khz,
compondo um grupo básico.
No item 12.1 vimos que o CCITT recomenda dois tipos de canais de voz e, em
conseqüência, teremos dois tipos de grupos básicos:

- Grupo básico de 8 canais de voz de 6 Khz de faixa.


- Grupo básico de 12 canais de voz de 4 Khz de faixa.

A locação destes canais no espectro de freqüências do grupo básico está


apresentado na Figura abaixo.

Locação de canais no grupo básico

Como o CCITT não recomenda quais as portadoras que devem ser utilizadas para
essas translações, cada fabricante de equipamento MUX (Multiplex) utiliza um processo
para locar os canais no grupo básico.
A seguir apresentaremos as translações de canal mais usuais, utilizadas pelos
diversos fabricantes, lembrando, no entanto, que as mesmas não são padronizadas pelo
CCITT.

125
1º tipo de grupo de 12 canais

Alguns fabricantes utilizam um estágio intermediário de translação, no qual três


canais são, inicialmente, transladados para a faixa de 12-24 KHz, compondo um pré-
grupo básico. A Figura abaixo apresenta a locação dos canais no pré-grupo como as
portadoras utilizadas.

Locação dos canais no pré-grupo

Após, quatro pré-grupos são transladados para a faixa de 60 a 108 KHz,


compondo um grupo básico do CCITT. A Figura 12.15 apresenta a locação dos pré-
grupos no espectro de freqüências do grupo básico, bem como as portadoras utilizadas.

Locação dos pré-grupos no grupo básico do CCITT

2º Tipo de grupo de 12 canais

Outros fabricantes utilizam outro tipo de estágio intermediário, no qual seis canais
são transladados, inicialmente, para faixa de 12 a 36 KHz, compondo um pré-grupo
básico. A Figura 12.16 apresenta a locação dos canais no pré-grupo, bem como as
portadoras utilizadas.

126
Locação dos canais no pré-grupo

Após, dois pré-grupos são transladados para a faixa de 60 a 108 KHz, compondo
um grupo básico do CCITT. A Figura 12.17 apresenta a locação dos pré-grupos no
espectro de freqüências do grupo básico, bem como as portadoras utilizadas.

Locação dos pré-grupos no grupo básico do CCITT

3º Tipo de grupo de 12 canais

Existem ainda fabricantes que fazem a translação direta dos doze canais para a
faixa de 60 a 108 KHz, compondo o grupo básico do CCITT.

127
A Figura 12.18 apresenta a locação dos canais no grupo básico, bem com as
portadoras utilizadas.

Locação dos canais no grupo básico do CCITT

12.8. Representação das Bandas Básicas no Domínio do


Tempo e da Freqüência.
Agora que já verificamos como é a locação dos canais no espectro de freqüências
para informação dos diversos tipos de banda básica, é importante que se tenha uma idéia
de como se apresenta a forma deste sinal, tanto no domínio do tempo como no domínio
da freqüência.
Assim, tomemos como exemplo um banda básica com 12 canais, na faixa de 60 a
108 KHz, na qual consideraremos três casos distintos:
A – Um canal de voz sendo utilizado
B – Três canais de voz sendo utilizados ao mesmo tempo.
C – Utilização de todos s canais de voz ao mesmo tempo
Como podemos verificar pela Figura 12.19, no domínio da freqüência, a medida
que aumentamos a ocupação dos canais, vamos preenchendo o espectro de freqüências
da banda básica. No domínio do tempo, quando aumentamos o número de canais
ocupados, vetorialmente somam-se as fases e ocorrem picos maiores e em maior
número. Pela Figura 12.19 podemos verificar claramente que os picos do caso C são
maiores que os do caso B e estes, maiores que do A. É importante observar, no entanto,
que o valor eficaz destes sinais fica bem abaixo dos picos, fato este que será de grande
importância para a carga do multiplex.

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Representação da ocupação dos canais de uma banda básica no domínio do tempo e da
freqüência

129
12.9. Sistemas de Transmissão Multiplex via Rádio
A Figura 12.20 apresenta a configuração básica da ligação entre duas localidades
feitas por meio de um sistema rádio, onde está indicada como é realizada a conexão entre
a Estação Multiplex à Estação Rádio.

Ligação Via Rádio

A Estação Rádio é composta basicamente por um transmissor e um receptor,


chamado transceptor, por um modulador e um demodulador, chamado MODEM, e pelas
antenas de transmissão e recepção. Na prática existe apenas uma antena para recepção
e transmissão e um duplexador, que separa o que é transmissão e o que é recepção.
Um transmissor de rádio pode ser encarado como um elemento que provoca
continuamente, através de uma antena; uma pertubação eletromagnética, de forma
localizada, que se propaga no espaço, em todas as direções, atenuando-se com a
distância. Uma antena receptora pode sentir estas pertubações e, se estiver ligada a um
equipamento conveniente (receptor), haverá recepções dos sinais daquele transmissor.
Deste modo, na localidade A, ao enviarmos o sinal multiplex para a Estação Rádio,
esta informação é processada pelo modulador-transmissor, fazendo com que tenhamos
uma onda portadora modulada na antena transmissora. Esta onda é captada pela antena
receptora da Estação Rádio da localidade B, sendo processada pelo receptor-
demodulador, regenerando-se a informação original da localidade A, que é então
entregue ao multiplex B.
A rádio-freqüência (onda portadora) utilizada para a transmissão de informação da
localidade A para B, chamamos de canal RF (canal de rádio-freqüência). As Estações
Rádio de A e B são chamadas de estações terminais.
Quando existem obstáculos físicos que atrapalham a propagação das ondas no
espaço, ou quando este sinal está demasiadamente enfraquecido devido às
características de propagação, utilizam-se estações intermediárias ao longo das rotas de
rádio, chamadas estações repetidoras, a fim de regenerar ou retransmitir as ondas.
Ao conjunto de estações terminais e repetidoras chamamos de tronco de rádio.
É importante observar que num tronco de rádio podemos ter mais de um canal de
RF em cada direção. Geralmente, nos sistemas de alta confiabilidade, temos um canal de

130
RF para transmitir as informações, chamado principal, e um outro em paralelo para
substituir o principal em caso de falhas, chamado de proteção.
As ondas eletromagnéticas propagam-se de maneiras diferentes, dependendo da
freqüência emitida pelo transmissor. Devido a isto, os sistemas rádio são classificados
internacionalmente de acordo com as faixas de freqüências utilizadas e que estão
apresentadas na tabela a seguir, onde estão indicados alguns serviços que empregam
estes sistemas.

Como os sistemas de telecomunicações utilizam principalmente freqüências a


partir de HF, há interesse no estudo dessas propagações. Vamos então analisar de forma
bem simples, os princípios básicos de propagação dos sistemas rádio empregados no
multiplex.

131
a) Sistemas de rádio HF

A Figura apresenta uma antena de rádio HF emitindo ondas esféricas e


concêntricas. As partes inferiores das ondas se propagam junto a superfície da Terra
(onda terrestre), acompanhando a curvatura desta e perdendo energia rapidamente com a
distância, por absorção no terreno. As partes superiores da onda se expandem para o
espaço e, numa altura de 80 a 150 Km, encontram uma das principais camadas da
atmosfera terrestre, chamada ionosfera. Nestas alturas, a atmosfera é tão rarefeita, que
as moléculas dos gases estão bem mais afastadas uma das outras do que nas menores
alturas. A energia solar, principalmente na forma de raios ultravioletas, incidindo sobre
essas moléculas, arrancam seus elétrons, transformando-as em íons positivos. Desta
maneira, nestas alturas formam-se camadas de íons e de elétrons livres, determinando o
nome de ionosfera.
Dependendo da concentração dos elétrons formados, a ionosfera apresenta
índices de refração diferentes das camadas mais baixas, encurvando e mudando de
direção as ondas de rádio que nela penetram de baixo para cima. Esta mudança na
direção é tal que faz as ondas retornarem para a Terra como se refletissem na ionosfera.
O fenômeno, na realidade, é de refração ionosférica (por mudança de índice de refração)
mas comumente se diz reflexão ionosférica, quando se refere apenas ao efeito do retorno
da onda.
Esta onda que retorna é chamada onda celeste; pode se refletir novamente na
superfície terrestre, repetindo o fenômeno da refração ionosférica e, através de vários
saltos, atingir grandes distâncias.

Propagação em HF

Este mecanismo de propagação não é confiável para sistemas multiplex, porque,


sendo a energia solar incidente na alta atmosfera de intensidade variável, os índices de
refração na ionosfera são instáveis, fazendo com que a onda celeste tenha também
intensidade variável.

132
Quando ocorrem grandes perturbações solares, estas provocam tempestades
magnéticas que, atingindo a ionosfera, modificam os índices de refração de tal maneira,
fazendo com que as ondas não sejam mais refratadas de volta para a Terra. Nesta
situação interrompem-se as comunicações.

b) Sistemas de rádio VHF/UHF

Passando-se a transmissão para freqüências mais elevadas, nas faixas de VHF


(30 MHz a 300 MHz) e UHF (300 MHz a 900 MHz), a experiência mostra que a ionosfera
é transparente a essas freqüências, não as refratando mais de volta para a Terra. Além
disso, nessas freqüências, as ondas de rádio começam a se comportar como ondas de
luz, isto é, propagam-se em linha reta, refletem-se em obstáculos, podem ser focalizadas
por antenas convenientes.
Na Figura 12.22 está exemplificando o que falamos: a parte das ondas que vai
para cima atravessa a ionosfera e se perde no espaço. A parte da onda que se irradia
junto a superfície terrestre é útil até o horizonte, ou seja, até uma distância de mais ou
menos 80 a 100 Km do ponto de transmissão. Daí em diante a onda se afasta da Terra,
perdendo-se no espaço exterior.

Propagação VHF/UHF

Podemos imaginar que a antena transmissora ilumina diretamente a antena


receptora que, por sua vez deve estar quase ao alcance visual. Por isso este mecanismo
de propagação também se chama em linha de visada ou visada direta.
Este tipo de transmissão é utilizada em serviço que exigem alta confiabilidade à
distâncias menores que em HF, podendo alcançar até 200 Km se forem empregadas
duas a quatro estações repetidoras.
Os sistemas rádio VHF/UHF utilizados pelo multiplex são empregados nas
comunicações interurbanas estaduais, tendo média capacidade (12, 24 ou 60 canais)

b) Sistemas de rádio-microondas em visibilidade

133
Subindo mais ainda a freqüência, chegamos na região de microondas (900 MHz a
30000 MHz). Nestas freqüências as ondas de rádio se comportam praticamente como
ondas de luz, podem ser focalizadas como em grandes lanternas e se propagam em linha
reta, como mostra a Figura 12.23. O rádio transmissor está ligado à antena por um
condutor especial, chamado de guia de onda, estando fixada, juntamente com o refletor,
numa torre. A antena se comporta como a lâmpada de uma lanterna e o refletor focaliza
as ondas de rádio para a sua frente.
As microondas focalizadas pela parábola transmissora incidem diretamente sobre
a parábola receptora que, por sua vez, focaliza as ondas no seu ponto central, onde está
a antena receptora. Dessa antena as ondas são levadas por um guia de onda até o rádio
receptor.
Cada antena de microondas com sua respectiva parábola, geralmente, serve para
transmitir e/ou receber mais de um canal de RF.

Utilização de refletores parabólicos em microondas

Vemos, portanto, que nenhum obstáculo pode interceptar o feixe de microondas


entre duas antenas. Por isso as torres são normalmente colocadas em pontos elevados e
estão distanciadas no máximo 50 a 60 Km, dependendo do relevo, ao longo da rota de
transmissão, a fim de regenerar o sinal de RF enfraquecido devido as perdas na
propagação.
Assim, através de repetições sucessivas, o sinal de microondas sai da estação
terminal da localidade de origem e atinge a estação terminal da localidade de destino,
conforme mostra a Figura abaixo.

134
Tronco em Microondas

Representação de transmissão Multiplex analógico

Interligação de uma central telefônica analógica com sistema de transmissão interurbano via
Multiplex e Rádio

12.10. Representação de transmissão Multiplex e etapas


de uma ligação telefônica interurbana

135
Multiplexação em uma chamada telefônica interurbana – Visão geral

136
O registrador ao receber um número (0 XX 84 ZYXW RTUX) diferente daquele
prefixo interno, irá procurar num arquivo (na matriz de comutação) qual a rota (caminho) a
utilizar para alcançar aquele destino, daí localiza um juntor livre nessa rota e procura
ocupá-lo. Isto é feito com a geração de um pulso de terra (0 volt com duração de 150 ms)
que sai pelo fio M do juntor escolhido, esse sinal entra no ponto 2 do canal multiplex ao
qual o juntor está conectado, daí fecha-se a chave (vide Figura 11.25) para liberação para
frente de um tom de 3,825 KHz que sai pelo ponto 3, passa pelo filtro passa-faixa e
chega ao ponto 4 dentro da unidade de canal do MUX. Ao ser processado no modulador
de canal, o sinal periódico pulsado de 3,825 KHz é transladado para as freqüências Fp +
3,825 KHz e Fp – 3,825 KHz. Onde Fp é a freqüência da portadora do canal
correspondente. No caso da Figura 11.25, temos Fp = 108 KHz e seriam obtidas no
ponto 8: 108 + 3,835 KHz e 108 – 3,825 KHz, daí passando no filtro 104 – 108 KHz,
teríamos no ponto 9 apenas o sinal de 104, 175 KHz, esse sinal entraria no combinador
de canais Tx e seria transmitido na direção do Rádio e conseqüentemente da central de
destino.
A central de destino receberá o sinal de 104,175 KHz que passará (lado B não
mostrado na figura) pelos pontos 12 -> 13 -> 14 -> 15 -> chegando ao fio E do juntor da
central de destino, representando um sinal de terra durante 150 ms.
Daí seria iniciada a seqüência de envio da sinalização MFC através do par de fios
Tx, (pontos 5 -> 6 -> 7-> 8 -> 9 -> 10), ocorrendo sempre a translação de freqüências no
modulador de canal do MUX FDM. Os sinais MFC transmitidos correspondem a pares de
freqüências da tabela dos grupos I e II, conforme mostrado na Tabela 8.4.
Para cada sinal MFC enviado no par Tx, haveria um retorno da central de destino que
chegaria na estação de origem através dos pontos 12 -> 13 -> 14 -> 17, ocorrendo
sempre a translação de freqüências no demodulador de canal do MUX FDM. Observe que
a mesma portadora é utilizada no modulador e no demodulador.
O último sinal MFC do processo é chamado de fim de seleção, que indica a
condição do assinante B, supondo que a linha de destino esteja livre com tarifação,
então a central B enviará um sinal fim de seleção B1 correspondente a um par espefícico
de freqüências, como dito anteriormente. Esse sinal irá acionar envio da corrente de
toque para o assinante de destino e o tom de controle de chamada para o assinante de
origem.
Após concluído o processo MFC, a campainha de B tocará e se o mesmo retirar o
fone do gancho, imediatamente a central de destino manda para a de origem um pulso de
terra durante 150 ms que sai pelo fio M do destino e chega (central de origem) pela
seqüência de demodulação: (108-3,825 KHz) Ponto 12 -> 13 -> 14 -> 15 -> 16 -> fio E do
juntor. Daí a conversação e a tarifação correspondente são iniciadas, sendo interrompido
também o tom de controle de chamada.

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Bibliografia

1. Jeszensky, P. J. E., Sistemas Telefônicos, Editora Manole, 2004.

2. Notas de Aula – Sistemas de Telecomunicações I

3. http://paginas.terra.com.br/lazer/py4zbz/

4. http://w3.ualg.pt/~sjesus/aulas/pds/node7.html

5. http://www.eppet.pt/data/linkserv/telei/curso_telei/m1_43.html

6. http://www.infonet.com.br/users/jfonseca/TELECOMUNICACOES.HTM

7. BARRADAS, O & SILVA, A. F. Telecomunicações: Sistemas de energia. Ed.


Livros Técnicos e científicos, Embratel, 1983.

8. http://pessoal.cefetpr.br/lcvieira/sistel/apostilasistel/index.html

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