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5ª e 6ª Aulas

▪ Velocidades na máquina e escorregamento


O campo girante do estator a rodar com a velocidade angular S em torno
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do rotor fá-lo rodar no mesmo sentido com a velocidade angular 𝜔𝑅 < S


devido às correntes resultantes das f.e.ms nele induzidas.
Define-se assim:
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➢ Escorregamento, s, como:
𝜔𝑠 − 𝜔𝑅
𝑠= (2.1)
𝜔𝑠

sendo ωR a velocidade (mecânica) do rotor.


➢ Velocidade(mecânica) do campo girante do rotor, vista pelo rotor, 𝜔𝐺𝑅 :

𝜔𝐺𝑅 = 𝜔𝑠 − 𝜔𝑅 (2.2)
ou, de outra forma, 𝜔𝐺𝑅 = 2𝜋𝑓𝑅 /𝑝.
➢ Frequência das correntes (induzidas) no rotor, fR, como:

fR = f  s (2.3)

onde f é a frequência das correntes injetadas nos enrolamentos do estator.


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Resumindo:
▪ As correntes trifásicas do estator, de frequência f e de frequência angular
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ω =2πf, criam no entreferro um campo magnético girante que roda com


velocidade angular mecânica ωs =2πf/p.
▪ A variação de campo a esta frequência vai induzir, nos enrolamentos do
rotor, forças eletromotrizes de frequência angular (elétrica) ωR·p.
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▪ Visto que as bobinas do rotor têm os seus eixos afastados 120o uns dos
outros, o campo passará em cada bobina com atraso temporal de 120o
em relação à bobina anterior. Ou seja, no rotor surgem, por indução, um
sistema trifásico de f.e.ms. E, se os circuitos tiverem fechados, um
sistema trifásico de correntes de frequência fR .
▪ O sistema trifásico de correntes no rotor vai originar também um campo
girante que roda com uma velocidade angular mecânica ωR .
▪ Se o rotor estiver em movimento, rodando a uma velocidade angular
(mecânica) constante ωR em relação ao estator, então a velocidade do
campo girante criado pelas bobinas do rotor será ωGR= ωS – ωR.
▪ Então, o campo criado pelos enrolamentos do rotor gira em relação ao
estator à velocidade ωS = ωR + ωGR. Isto é, os dois campos são síncronos.
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A Figura 2.3 representa esquematicamente as várias velocidades de rotação
na máquina.
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ωR
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ωG
R
Figura 2.3 – Representação esquemática
das várias velocidades na máquina

▪ O campo girante roda à velocidade ωS em relação às bobinas


estacionárias do estator.
▪ As bobinas do rotor rodam à velocidade ωR em relação às do estator,
porque o rotor roda a essa velocidade.
▪ O campo girante criado pelo rotor roda à velocidade ωGR em relação às
bobinas (móveis) do rotor.
▪ Os dois campos (do estator e do rotor) devem girar síncronos, pelo que a
condição de sincronismo é ωS = ωGR + ωR.
Video : https://www.youtube.com/watch?v=AaotM_xbemU
Anabela Prontohttps://www.youtube.com/watch?v=xGW3RHVGBmA (construção) 3
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2.2 – Esquema elétrico equivalente da máquina assíncrona


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O esquema elétrico equivalente por fase da máquina assíncrona é:


𝐼1ҧ r1 jx1 ഥ2
𝐼′ r2' '
jx2
ҧ
𝐼10
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ഥ1
𝑈 Rjxm2' 1− s
jXm r2'
𝐼𝑝ҧ 𝐼𝜇ҧ
s

Figura 2.4 – Esquema equivalente por fase da máquina

𝑟1 𝑒 𝑟 ′ 2 = 𝑚2 𝑟2 Resistência dos enrolamentos do estator e do rotor, por fase.


𝑋1 𝑒 𝑋 ′ 2 = 𝑚2 𝑋2 Reactâncias de dispersão, por fase (m = N1/N2).
𝑅𝑚 Resistência que representa as perdas magnéticas no estator.
𝑋𝑚 = 𝜔ℓ𝑚 Reatância de magnetização.
𝜔𝑠 −𝜔𝑅
𝑠= Escorregamento da máquina.
𝜔𝑠
ഥ 𝐼2ҧ
𝐼′2 = − 𝑚 Corrente rotórica reduzida ao estator
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E ainda:
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𝐼𝑝ҧ é a componente de perdas da corrente de magnetização


𝐼𝜇ҧ é a componente magnetizante da corrente de magnetização
Tendo-se,
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ҧ = 𝐼𝑝ҧ + 𝐼𝜇ҧ
𝐼10
ҧ é a corrente de magnetização (necessária para criar o campo no
em que 𝐼10
entreferro)
Importante:

1−𝑠
𝑟 2
𝑠
É chamada resistência de carga, depende da velocidade do motor, i.e., do
escorregamento s, e representa a carga do motor, uma vez que a potência
mecânica desenvolvida é proporcional a esta resistência fictícia.

Nota: Também se pode representar r1 = rs e r’2 = r’r.

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2.3 – Potências, binário eletromagnético e rendimento da


máquina assíncrona
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2.3.1 – Potências postas em jogo na máquina


As potências postas em jogo na máquina assíncrona são:
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𝐼𝑝ҧ 𝐼𝜇ҧ

Figura 2.5 – Balanço energético no motor de indução


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𝐼𝑝ҧ 𝐼𝜇ҧ
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Potência activa absorvida da rede através do estator (potência elétrica):


Pelect = 3  Us  Is  cos  (2.4)

Perdas óhmicas, ou por efeito de Joule, nos enrolamentos de cobre:


PJst = 3  rS  IS2 (2.5)
PJrt = 3  rR  IR2 = 3  rR  IR2 (2.6)

Perdas magnéticas no ferro:


𝑃𝑚𝑎𝑔 = 3 ∙ 𝑟𝑚 ∙ 𝐼𝑝2 (2.7)

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𝐼𝑝ҧ 𝐼𝜇ҧ
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Potência transferida do estator para o rotor através do campo magnético no


entreferro:
Pint = Pelect − PJst − Pmag = 3  (rR / s )  IR2 (2.8)

Potência mecânica :
 1 − s  2
Pmec 
= Pint − PJrt = 3  rR     IR = (1 − s )  Pint (2.9)
 s 
Perdas mecânicas, Pa, devidas a atrito e ventilação.
Potência útil no veio do motor, Pu:
𝑃𝑢 = 𝑃𝑚𝑒𝑐 − 𝑃𝑎 (2.10)
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2.3.2 – Binário eletromagnético desenvolvido pela máquina
No motor de indução, exercer um binário T mantendo uma velocidade de
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rotação ω, corresponde a pôr em jogo uma potência,


P = T· ω
A potência entregue aos campos no entreferro é a potência interna Pi . Como
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os campos giram à velocidade (constante) de sincronismo ωs= 2𝜋𝑓/p, o


binário eletromagnético (ou, eletrodinâmico) desenvolvido T é proporcional
a essa potência, tendo-se :
𝑃𝑖 3∙𝑟𝑟′ ∙𝐼′2𝑟
𝑇= = (2.11)
𝜔𝑠 𝑠𝜔𝑠

Como a velocidade mecânica do rotor, ωr, se relaciona com a velocidade de


sincronismo através do escorregamento, ou seja,
2𝜋𝑓
𝜔𝑟 = 1 − 𝑠 𝜔𝑠 = (1 − 𝑠) (2.12)
𝑝
em que p é o nº de pares de polos da máquina, pode escrever-se também,
usando (2.12) e (2.9),
𝑃𝑖 (1−𝑠) 𝑃𝑚𝑒𝑐
𝑇= = (2.13)
𝜔𝑟 𝜔𝑟
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2.3.3 – Rendimento da máquina
Por definição de rendimento tem-se, para o motor de indução:
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𝑃ú𝑡𝑖𝑙
𝜂= (2.14)
𝑃𝑒𝑙𝑒𝑡
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2.3 – Característica binário-velocidade da máquina assíncrona


A curva binário-velocidade (ou, escorregamento) da máquina assíncrona é a
representada na Figura 2.6.
T
𝜔𝑟 = velocidade
mecânica do rotor
Gerador

𝜔𝑟 𝜔𝑟 = 𝜔s 𝜔𝑟 = 0

Motor Freio

Figura 2.6 – Característica binário-escorregamento (ou, velocidade)


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T (Nm)
140,0
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120,0
100,0
80,0
60,0
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40,0
20,0
0,0
0 500 1000 1500 Nr(rpm)
2000

Figura 2.6(b) – Característica binário-velocidade para um motor de 4 pólos


(Característica eletromecânica do motor)
Perguntas:
1. Qual é o binário de arranque da máquina?
2. Qual é o binário máximo que o motor é capaz de desenvolver?
3. Qual a velocidade de sincronismo do motor?
4. Se aplicarmos uma carga ao veio que ofereça um binário de 100 N.m, o
motor funciona?
5. Qual a velocidade nominal do motor quando for aplicada ao veio uma
carga cujo binário seja 40 N.m?
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Consoante as condições de funcionamento a máquina assíncrona poderá


atuar como MOTOR, GERADOR ou FREIO (TRAVÃO).
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Tabela 2.1 – Modos de funcionamento da máquina assíncrona


Potência Potência
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Escor. Velocidade Bin. Funcion.


Elétrica Mecânica

1 s<0 S < 𝜔𝑟 T<0 Pele < 0 Pmec< 0


Pelec Pmec Gerador

Pelec Pmec
2 0<s<1 0 < 𝜔𝑟 < S T > 0 Pele > 0 Pmec > 0 Motor

3 s>1 𝜔𝑟 < 0 T>0 Pele > 0 Pmec< 0 Pelec Pmec Freio

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Analisando apenas o funcionamento como MOTOR, a característica binário-
velocidade (ou,escorregamento) está representada na Figura 2.7.
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B
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A
𝜔𝑟

Tarr
Binário em vazio
Figura 2.7 – Curva binário-velocidade do motor de indução

O ponto A é estável: se por acaso baixar o binário desenvolvido, o excesso de binário


resistente trava-la-á, levando-a a reduzir a velocidade. No gráfico, isso significa
deslocar-se para a direita, mas ao fazê-lo a característica mostra que aumenta o
binário desenvolvido. Isso leva-a a repor a situação inicial. Se aumentar o binário
desenvolvido, a máquina acelerará, deslocando-se para a esquerda na característica,
com o consequente baixar do binário.
O ponto B é instável: Nesta região da curva, a máquina ou aceleraria até A ou travaria
até parar, sendo portanto um ponto instável.
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