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Exercício 3.1.

2
Considere um cabo Rail, com 𝑑 = 29,59 𝑚𝑚, composto de alumínio, e
colocado a uma altura de 20 m. Assuma 𝜇0 ≈ 𝜇𝐴𝑙 .
a) Calcule a indutância própria do cabo
b) Calcule a indutância mútua entre dois cabos, dispostos na horizontal e
com uma distância entre eles de 8 m, mantendo as outras conduções
anteriores.

Ano letivo: 22/23 Alta Tensão - Nuno Amaro 3.57


Exercício 3.1.2
Resolução:
a)
0,02959
𝐺𝑀𝑅 = 0,7788 ∗ = 0,0116 𝑚
2
𝜇0 2ℎ −7
2 ∗ 20
𝐿𝑃 = . ln = 2 ∗ 10 . ln = 1,6305 𝜇𝐻/𝑚
2𝜋 𝐺𝑀𝑅 0,0116

b)
4𝜋 ∗ 10−7 402 + 82
𝐿𝑀 = . ln = 0,1981 𝜇𝐻/𝑚
2𝜋 82
Ano letivo: 22/23 Alta Tensão - Nuno Amaro 3.58
Exercício 3.1.3
Dois cabos de alumínio, com 1 cm de raio, colocados a 30 m de altura e
separados entre si por 10 m, possuem uma impedância mútua 𝑍𝑚
Calcule a variação percentual de 𝑍𝑚 ao:
a) Aproximar os cabos para uma distância de 5 m.
b) Baixar os cabos para uma altura de 10 m.

Ano letivo: 22/23 Alta Tensão - Nuno Amaro 3.59


Exercício 3.1.3
Resolução:
Os coeficiente de indução mútuos são dados por expressões do tipo
𝜇 𝑑′ഥ
𝐿𝑗𝑘 = . ln
2𝜋 𝑑ҧ
O que significa que

𝑑′
𝑍𝑀 ∝ ln
𝑑ҧ
Assim, bastará ver o efeito da variação percentual nas distâncias entre os
condutores e a sua altura (distância às imagens), para verificar os efeitos que estas
têm na variação da impedância.

Ano letivo: 22/23 Alta Tensão - Nuno Amaro 3.60


Exercício 3.1.3
Resolução:
No caso inicial, tem-se
ഥ =
𝑑′ 602 + 102 = 60,8
𝑑ҧ = 102 = 10
𝑑ഥ′
𝑍𝑀 ∝ ln ∝ 1,8055
𝑑ҧ
602 +52 2,4884
a) 𝑍𝑀 ∝ ln ∝ 2,4884. A variação será então um aumento de de 1 − =
52 1,8055
37,8%
602 +52 0,8047
b) 𝑍𝑀 ∝ ln ∝ 0,8047. A variação será então uma reduçãode de 1 − =
52 1,8055
55,4%

Ano letivo: 22/23 Alta Tensão - Nuno Amaro 3.61


Exercício 3.1.3
Resolução:
No caso inicial, tem-se Aproximação dos condutores: L AUMENTA
ഥ =
𝑑′ 602 + 102 = 60,8 Diminuição da altura: L DIMINUI
𝑑ҧ = 102 = 10
𝑑ഥ′
𝑍𝑀 ∝ ln ∝ 1,8055
𝑑ҧ
602 +52 2,4884
a) 𝑍𝑀 ∝ ln ∝ 2,4884. A variação será então um aumento de de 1 − =
52 1,8055
37,8%
602 +52 0,8047
b) 𝑍𝑀 ∝ ln ∝ 0,8047. A variação será então uma reduçãode de 1 − =
52 1,8055
55,4%

Ano letivo: 22/23 Alta Tensão - Nuno Amaro 3.62


Trifásicos em paralelo
É muito comum, particularmente para níveis de tensão elevados, o
transporte ser feito por dois circuitos trifásicos em paralelo – linhas
duplas.
• Poupança no projeto – mesmos apoios
• Diminui o campo eletromagnético na vizinhança das linhas
• A uma distância muito maior que a distância entre condutores, a linha é vista como uma
carga (ou corrente) nula, pelo que o seu campo se anula.
• Mitigação de campo – tanto mais vincado quanto mais regular for a distribuição das
fases

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Trifásicos em paralelo
Para se fazer a mitigação do campo as linhas duplas são então
desenhadas para aproximar o melhor possível uma disposição hexagonal
• Mesma fase colocada em
extremos opostos nas linhas
• Se houver transposição, ela
deve ser feita para ambos os
circuitos em simultâneo

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Trifásicos em paralelo
Aplicando o método das imagens, e tendo em conta a contribuição de
todos os condutores, consegue provar-se que os coeficientes de indução
e de potencial, em linhas trifásicas paralelas, são dados por:
ഥ′ ′
𝜇 𝑑 𝑗𝑗 𝜇 𝑑𝑗𝑘
𝐿𝑗𝑗 = . ln , 𝐿𝑗𝑘 = . ln
2𝜋 𝑅′𝑉 2𝜋 𝑑𝑗𝑘

1 𝑑ഥ′𝑗𝑗 1 𝑑𝑗𝑘
𝑆𝑗𝑗 = . ln , 𝑆𝑗𝑘 = . ln
2𝜋𝜀 𝑅′𝑉 2𝜋𝜀 𝑑𝑗𝑘

Ano letivo: 22/23 Alta Tensão - Nuno Amaro 3.65


Trifásicos em paralelo
Onde
6
𝑅𝑣′ = 𝑑𝑗𝑗 = 𝑅𝑐𝐴1 . 𝑑𝐴1𝐴2 . 𝑅𝑐𝐵1 . 𝑑𝐵1𝐵2 . 𝑅𝑐𝐶1 . 𝑑𝐶1𝐶2

- média geométrica dos raios equivalentes para o


potencial ou media geométrica das distâncias das cargas
de cada fase a um conductor dessa fase

𝑑ഥ′𝑗𝑗 = 6 ′
𝑑𝐴1𝐴1 ′
. 𝑑𝐴1𝐴2 ′
. 𝑑𝐵1𝐵1 ′
. 𝑑𝐵1𝐵2 ′
. 𝑑𝐶1𝐶1 ′
. 𝑑𝐶1𝐶2
- média geométrica das distâncias entre fases e imagens
da mesma fase

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Trifásicos em paralelo
e
6
𝑑𝑗𝑘 = 𝑑𝐴1𝐵1 . 𝑑𝐴1𝐵2 . 𝑑𝐵1𝐶1 . 𝑑𝐵1𝐶2 . 𝐷𝐶1𝐴1 . 𝑑𝐶1𝐴2

- média geométrica das distâncias entre condutores


de fases diferentes

𝑑ഥ′𝑗𝑘 = 6 ′
𝑑𝐴1𝐵1 ′
. 𝑑𝐴1𝐵2 ′
. 𝑑𝐵1𝐶1 ′
. 𝑑𝐵1𝐶2 ′
. 𝑑𝐶1𝐴1 ′
. 𝑑𝐶1𝐴2
- média geométrica das distâncias entre fases e
imagens de fases diferentes

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3.2 – Feixes de
Condutores.
Raio equivalente.
Altura média.

Ano letivo: 22/23 Alta Tensão - Nuno Amaro 3.68


Feixes de condutores
Se num ponto do ar a intensidade do campo elétrico ultrapassar o valor de
25 kV/cm – campo de disrupção – o ar perde as características isolantes
• Torna-se um plasma (gás ionizado), passando a ser condutor

Em torno de um condutor cilíndrico o campo é máximo junto da superfície


do condutor, diminuindo com o aumento da distância ao mesmo
• Se houver disrupção, esta dá-se numa manga de ar em torno do condutor, até uma
distância em que o ar deixa de ser condutor (intensidade do campo inferior ao
campo de disrupção
• Este fenómeno chama-se Efeito de Coroa

Ano letivo: 22/23 Alta Tensão - Nuno Amaro 3.69


Feixes de condutores

Ano letivo: 22/23 Alta Tensão - Nuno Amaro 3.70


Feixes de condutores
O Efeito de Coroa deve ser evitado
• Aumenta as perdas
• Diminui o tempo de vida dos condutores (ionização)
• Causa interferências em ondas rádio

Para evitar o efeito de coroa há portanto que evitar que se ultrapasse o


campo de disrupção
• Diminuir a intensidade do campo na superfície dos condutores
• Mantendo a corrente transportada e os níveis de tensão

Ano letivo: 22/23 Alta Tensão - Nuno Amaro 3.71


Feixes de condutores
Recorde-se que o campo elétrico originado por um condutor cilíndrico
de raio r é radial e com intensidade:
𝑞𝑙 1 𝑉
𝐸= . ( ൗ𝑚)
2𝜋𝜀 𝑟
Portanto a redução do raio do condutor leva à redução do campo
elétrico originado por este.

Uma forma de mitigar o efeito de coroa, mantendo a capacidade de


transporte da linha é então a utilização de feixes de condutores

Ano letivo: 22/23 Alta Tensão - Nuno Amaro 3.72


Feixes de condutores
Cada condutor é assim dividido num feixe de sub-condutores paralelos
e ligados entre si a distâncias regulares,
• Mantendo a secção total para que a corrente transportada seja a mesma
• Mantendo o nível de tensão
• Diminuindo o campo sobre os sub-condutores face ao condutor único.
• Usam-se peças transversais, condutoras, para assegurar que a geometria é
mantida, assim como a equipotencialidade.

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Feixes de condutores
Assim, muitas linhas aéreas são constituídas não por um condutor

único de secção 𝑆𝑚𝑎𝑡 e de raio 𝑟𝑚𝑎𝑡 tal que

𝑟𝑚𝑎𝑡 = 𝑆𝑚𝑎𝑡 Τ𝜋
Mas por um feixe de 𝑁 condutores cilíndricos paralelos, com secção
igual total.
Cada um dos sub-condutores terá um raio rc tal que

𝑟𝑚𝑎𝑡
𝑟𝑐 =
𝑁
E colocados numa circunferência imaginária de raio 𝑹.

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Feixes de condutores – Raio equivalente
A uma distância elevada do feixe, o campo e a função potencial são
mantidas como se de um condutor único se tratasse.
Assim, admitindo que o feixe tem uma carga total de 𝑞𝑙 , pode calcular-
ql
se o potencial que as 𝑁 cargas iguais a criam á superfície de cada um
𝑁
dos sub-condutores, em relação a um ponto 𝑃0 longínquo.
Comparando este potencial com o criado por um único condutor de
raio 𝑅𝑣′ em relação ao mesmo ponto 𝑃0 pode provar-se que

𝑁 Raio equivalente para o potencial, para


𝑅𝑣′ = 𝑁. 𝑟𝑐 . 𝑅𝑁−1 um feixe de condutores

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Feixes de condutores – coeficientes de
potencial e de indução
As equações anteriormente vistas para o cálculo dos elementos da diagonal
das matrizes [S] e [L], devem então considerar o raio equivalente para o
potencial de cada feixe, ficando
1 2ℎ𝑗
𝑆𝑗𝑗 = . ln ′
2𝜋𝜀 𝑅𝑣𝑗

𝜇 2ℎ𝑗
𝐿𝑗𝑗 = . ln ′
2𝜋 𝑅𝑣𝑗

Os elementos fora da diagonal mantêm-se iguais visto que se considera a


distância entre fases (será a distância entre o centro de cada feixe)
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Altura Média
Devido ao peso do material e aos efeitos da temperatura, o condutor
não vai ficar sempre à mesma distância ao solo.
Este encontra-se suspenso entre dois apoios consecutivos, pelo que no
vão entre os apoios este irá dispor-se de acordo com uma curva
catenária.
Como os coeficientes de indução e capacidade são influenciados pela
altura, será então necessário considerar uma altura média.

Ano letivo: 22/23 Alta Tensão - Nuno Amaro 3.77


Altura Média
Utiliza-se muitas vezes uma aproximação hiperbólica a esta curva, onde
se considera que
• 𝐿 é o vão (distância horizontal entre apoios)
• 𝐹 é a flecha máxima (distância vertical entre a horizontal dos apoios e a linha)
Desta forma pode calcular-se a altura média se se souber a flecha média.

Ano letivo: 22/23 Alta Tensão - Nuno Amaro 3.78


Altura Média
A flecha em cada ponto é dada pela expressão
𝑥2
𝑓 𝑥 = 𝐹. 1 − 2
𝐿
2
Usando a aproximação descrita, ode calcular-se a flecha média como
𝐿
1 2 2
𝑓𝑚𝑒𝑑 = න 𝑓 𝑥 𝑑𝑥 = 𝐹
𝐿 −𝐿 3
2
Assim, a altura média é dada por
2 A altura a considerar nas expressões dos
ℎ𝑚𝑒𝑑 = 𝐻𝑀 − 𝐹 coeficientes de indução e de potencial deve
3 ser a altura media.

Ano letivo: 22/23 Alta Tensão - Nuno Amaro 3.79


3.3 – Resistência de condutores

Ano letivo: 22/23 Alta Tensão - Nuno Amaro 3.80


Resistência
A resistência de um conductor cilíndrico de raio 𝑅𝑐 e secção 𝑆 = 𝜋. 𝑅𝑐2
é dada por
1 1
𝑅= = 2 (ΩΤ𝑚)
𝜎. 𝑆 𝜎. 𝜋. 𝑅𝑐
Onde 𝜎 é a condutividade elétrica do material.
Pode também utilizar-se a resistividade elétrica 𝜌, sendo que

1
𝜌=
𝜎

Ano letivo: 22/23 Alta Tensão - Nuno Amaro 3.81


Resistência
Para um determinado condutor com comprimento 𝑙 , a resistência total
será então dada por
𝑙 𝜌. 𝑙
𝑅= = (Ω)
𝜎. 𝑆 𝑆

A resistividade dos materiais é normalmente indicada para condições


especificas, por exemplo a uma temperatura de 20 °C, e em corrente
continua.

Ano letivo: 22/23 Alta Tensão - Nuno Amaro 3.82


Resistência
A resistência aumenta com a temperatura de operação dos condutores.
Nos metais usuais, e para variações moderadas de temperatura, pode
considerar-se que esta variação é linear, com a seguinte expressão
𝑅 𝜃1 = 𝑅 𝜃0 . 1 + 𝛼 𝜃1 − 𝜃0
Em que
𝜃1 e 𝜃0 são as temperaturas
𝑅 𝜃1 e 𝑅 𝜃0 as resistências às temperaturas 𝜃1 e 𝜃0 respetivamente
𝛼 é o coeficiente de temperatura do material

Ano letivo: 22/23 Alta Tensão - Nuno Amaro 3.83


Resistência
Na realidade, para calcular a resistência de um condutor de Alta
Tensão (exemplo condutor ACSR) seria necessário
• Ter em conta o efeito pelicular (que pode reduzir a secção útil)
• Ter em conta que, devido ao entrançado, cada sub-condutor pode ter um
comprimento maior que o condutor em si
• Ter em conta que as várias camadas de entrançado levam a
comprimentos diferentes entre os sub-condutores
• Calcular a resistência de cada sub-condutor e a resistência do condutor
em si (com o paralelo das resistências de todos os condutores)
Normalmente, em linhas reais, os fabricantes de condutores dão os
valores das resistências tabelados
Ano letivo: 22/23 Alta Tensão - Nuno Amaro 3.84
Alta Tensão - Nuno Amaro 3.85
Exercício 3.3.1
Um cabo AAAC Greeley apresenta as seguintes características na
tabela do fabricante
• 𝑅𝐶𝐶 20℃ = 0,07133 ΩΤ𝑘𝑚
• 𝑅𝐶𝐴 50℃ = 0,08202 ΩΤ𝑘𝑚
• 𝛼 = 0,00347 ℃−1
Calcule a resistência do cabo, se este for utilizado numa linha aérea
(a 50 Hz) com 50 km de comprimento com uma temperatura de
operação de 60 ℃

Ano letivo: 22/23 Alta Tensão - Nuno Amaro 3.86


Exercício 3.3.1
Resolução
Admite-se um coeficiente de temperatura semelhante em
aplicações AC e DC.
Assim

𝑅𝐶𝐴 60℃ = 𝑅𝐶𝐴 50℃ 1 + 𝛼 60 − 50 ΩΤ𝑘𝑚

𝑅𝐶𝐴 60℃ = 0,08487 ΩΤ𝑘𝑚

𝑅𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 60℃ = 0,08487 ∗ 50 = 4,243 Ω

Ano letivo: 22/23 Alta Tensão - Nuno Amaro 3.87

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