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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLÓGICA DE PERNAMBUCO

IFPE - CAMPUS GARANHUNS (SEMESTRE 2021.2)


CURSO SUPERIOR DE BACHARELADO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

CONVERSORES CC/CC

Hemilly Sara Plácido de Lima


hspl@discente.ifpe.edu.br

Maria Eduarda Morais Florêncio


memf@discente.ifpe.edu.br

LEPOT: Laboratório de Eletrônica de Potência

Data(s) do Experimento: 28/10/2021

Garanhuns, outubro de 2021


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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 7
2. Parte I 8
3. Parte II 12

CONSIDERAÇÕES FINAIS 17

REFERÊNCIAS 18
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1. INTRODUÇÃO

Conversores CC-CC são sistemas formados por semicondutores de potência operando


como interruptores, e por elementos passivos, normalmente indutores e capacitores que tem por
função controlar o fluxo de potência de uma fonte de entrada para uma fonte de saída. O
conversor cc-cc é um circuito eletrônico que converte uma tensão ou corrente contínua que tem
uma determinada amplitude, em outra tensão ou corrente contínua com outra amplitude
diferente. É utilizado tanto na área industrial como na área de telecomunicações. Tendo como
principal mercado as empresas que possuem um sistema totalmente automatizado que necessita
do uso da energia de forma primordial.

Os conversores cc-cc apresentam diferentes topologias. O conversor Boost eleva a


tensão em relação à fonte de entrada. O conversor Buck-Boost eleva ou abaixa a tensão em
relação à fonte de entrada. O objetivo geral é avaliar o comportamento comum desses
conversores, ou seja, quando estão elevando a tensão. A escolha dos conversores Boost e
Buck-Boost se faz por sua simplicidade de projeto, ótimo rendimento e baixo custo. De acordo
com estudos realizados, o conversor Boost também pode ser aplicado com Pré-regulador de
Fator de Potência. Tendo em vista esses fatores, o experimento abordou topologias de
conversores CC-CC, com circuitos são de fundamental importância em diversas aplicações,
sendo assim cruciais na formação de um engenheiro eletricista.
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2. Parte I

Material Utilizado

Software LTSpice.

Estrutura

Os discentes precisaram simular o circuito presente na Figura 1, ajustando os


parâmetros de controle da simulação e do circuito de acordo com o que foi disponibilizado: fonte
CC com tensão de em 50 V, um gerador de onda quadrada com Vinitial = 0, Von= 5V, Tdelay = 0 s,
Trise = 1ns, Tfall = 1 ns, Ton = 9 ms e Tperiod = 10 ms, com resistência de 10Ω L = 1 H.
considerando, também, um diodo ideal e conversor eletro-óptico PC817A.

Fig. 1. Circuito proposto.

O conversor CC-CC é usado para obter uma tensão CC variável de saída a partir de uma
fonte de tensão CC constante. Para esta topologia de conversor, temos que, alterando a proporção
de tempo no qual a saída fica ligada à entrada, o valor médio da tensão de saída é variado. Essa
conversão é possível através de um dispositivo que opere no modo de chaveamento em alta
frequência (o PC817A atua nesse sentido para o circuito em análise). Essa técnica de
chaveamento utilizada em choppers CC é denominada de PWM. O princípio fundamental deste
tipo de circuito é uma chave ligada em série com uma fonte de tensão CC, essa chave pode ser
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um transistor de potência, SCR ou um GTO. Para o circuito foi pedido que se obtivesse a forma
de onda em R e no conjunto RL. Quando a chave for fechada, o diodo D1 ficará desligado, já que
está inversamente polarizado e continuará desta forma enquanto esta chave estiver desligada,
desse modo, a corrente na entrada flui através da carga RL, por consequência, a tensão nela é
igual a da fonte, o tempo que essa chave permanece ligada é determinada por Ton, que para o
caso inicial, foi de 9 ms, após esse período a chave passa ao estado desligado.

Quando a chave é aberta, a corrente no indutor começa a cair até o ponto em que é
anulada, já que como bem sabemos, o indutor não suporta variações bruscas de corrente. Sendo
assim, há no indutor uma tensão induzida de polaridade oposta, essa tensão polariza o diodo
diretamente e a corrente que flui pelo o indutor atua como retorno através do diodo D1 e da
resistência. Logo, é possível afirmar que o diodo tem por finalidade fornecer um caminho para a
corrente na carga quando a chave estiver desligada, caso essa chave se desligue, o diodo se
desliga também. Durante TOFF (o resto do ciclo) a tensão na carga será nula e a corrente cairá a
zero durante todo o tempo que a chave estiver em aberto, esse circuito há a presença de um
indutor atuando como um filtro simples, propiciando uma corrente CC linear satisfatória na
carga, pois essa indutância ajuda a reduzir a ondulação causada pelo chaveamento repetitivo. O
resultado das tensões no indutor e no conjunto RL podem ser vistos a seguir:

Fig. 2. Tensão no resistor e indutor.

Fig. 3. Tensão no resistor.


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No primeiro cenário, temos um duty cycle de 90%, desse modo a tensão na carga, em
regime permanente, está entre os 45 V esperados tendo em vista que:

𝑉𝑜 = 𝑉𝑖 · 𝑑 (1)

⇒ 𝑉𝑜 = 50 · 0, 9 = 45 𝑉

Analisando os gráficos obtidos é possível notar que a tensão máxima e mínima obtidas
correspondem aos esperados analiticamente, de modo que:

𝑉𝑜 𝑉𝑜
𝑉𝑚á𝑥 = 𝑅 · ( 𝑅
+ 2𝐿
· 𝑇𝑜𝑓𝑓) (2)

45 45 −3
⇒ 𝑉𝑚á𝑥 = 100 · ( 100 + 2
· 10 ) = 47, 25 𝑉

𝑉𝑜 𝑉𝑜
𝑉𝑚𝑖𝑛 = 𝑅 · ( 𝑅
− 2𝐿
· 𝑇𝑜𝑓𝑓) (3)

45 45 −3
⇒ 𝑉𝑚𝑖𝑛 = 100 · ( 100 − 2
· 10 ) = 42, 75 𝑉

Outro ponto válido de comentar é a tensão obtida na carga com a indutância, o


chaveamento do PC817A gerou essa característica, tendo em vista que, quando a chave era
cionada, toda a tensão da fonte era entregue ao conjunto, mas, devido ao carregamento do
indutor, a tensão na carga aumentava lentamente, até o ponto em que ambos se igualam e a saída
entra em regime permanente. Logo em seguida foi realizada a análise com a diminuição do duty
cycle para 50% e depois para 10%, os resultados podem ser vistos a seguir:

Fig. 4. Tensões para um duty cycle de 50%, com a tensão no conjunto em verde e tensão na carga em
azul.
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Fig. 5. Tensões para um duty cycle de 10%, com a tensão no conjunto em verde e tensão na carga em
azul.

Analisando as formas de onda é possível concluir que a diminuição do duty cicle


acarreta em menor tensão sendo entregue à carga, já que essa grandeza determina o tempo que
um circuito estará ligado, isso nos indica que esse dado é capaz de fazer manipulações muito
interessantes, por exemplo: controlar luminosidade, as saídas do elemento de aquecimento e a
força magnética de uma bobina, entre outros. De modo semelhante ao caso inicial, é possível
atestar que a teoria convergiu com a simulação, de modo que:

(i) Para um ciclo de 50%:

𝑉𝑜 = 𝑉𝑖 · 𝑑

⇒ 𝑉𝑜 = 50 · 0, 5 = 25 𝑉

𝑉𝑜 𝑉𝑜
𝑉𝑚á𝑥 = 𝑅 · ( 𝑅
+ 2𝐿
· 𝑇𝑜𝑓𝑓)

45 45 −3
⇒ 𝑉𝑚á𝑥 = 100 · ( 100 + 2
· 5 · 10 ) = 31, 25 𝑉

𝑉𝑜 𝑉𝑜
𝑉𝑚𝑖𝑛 = 𝑅 · ( 𝑅
− 2𝐿
· 𝑇𝑜𝑓𝑓)

45 45 −3
⇒ 𝑉𝑚𝑖𝑛 = 100 · ( 100 − 2
· 5 · 10 ) = 18, 75 𝑉

(ii) Para um ciclo de 10%:

𝑉𝑜 = 𝑉𝑖 · 𝑑
12

⇒ 𝑉𝑜 = 50 · 0, 1 = 5 𝑉

𝑉𝑜 𝑉𝑜
𝑉𝑚á𝑥 = 𝑅 · ( 𝑅
+ 2𝐿
· 𝑇𝑜𝑓𝑓)

45 45 −3
⇒ 𝑉𝑚á𝑥 = 100 · ( 100 + 2
· 9 · 10 ) = 7, 25 𝑉

𝑉𝑜 𝑉𝑜
𝑉𝑚𝑖𝑛 = 𝑅 · ( 𝑅
− 2𝐿
· 𝑇𝑜𝑓𝑓)

45 45 −3
⇒ 𝑉𝑚𝑖𝑛 = 100 · ( 100 − 2
· 9 · 10 ) = 3, 75 𝑉

Como supracitado, a indutância atua como um filtro simples, propiciando uma corrente
CC linear satisfatória na carga, dessa forma, aumentando essa indutância é possível reduzir essa
variação, um modo mais preciso de encontrar amortizar essas variações é através da relação:

𝑉𝑜·(1−𝑑)
∆𝑉 = 2 (4)
8·𝐿·𝐶·𝑓

A partir dessa relação, podemos indicar que não somente a indutância, como também a
adição de um capacitor e aumentando a frequência de oscilação do gerador.

Outra análise realizada no experimento foi a do modo de corrente contínua, sabemos


que a corrente no indutor apresenta uma ondulação característica, ora cresce (em condução) ora
decresce (chave bloqueada). Se esta corrente não vai a zero durante a condução do diodo, diz-se
que o circuito opera no modo de condução contínua. É possível encontrar a indutância mínima
para operação em modo contínuo, considerando o caso inicial, através da expressão a seguir:

𝑅·𝑇𝑜𝑛·(1−𝑑)
𝐿𝑚𝑖𝑛 = 2
(5)

−3
100·9·10 ·(1−0,1)
⇒ 𝐿𝑚𝑖𝑛 = 2
= 0, 405 𝐻
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Fig. 6. Tensões com a indutância de 0,405 H.


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3. Parte II

Material Utilizado

Software LTSpice.

Estrutura

Os discentes precisaram simular o circuito presente na Figura 7, ajustando os


parâmetros de controle da simulação e do circuito de acordo com o que foi disponibilizado: fonte
CC com tensão de 12 V um gerador de onda quadrada com Vinitial = 0, Von= 5V, Tdelay = 0 s, Trise =
0 s, Ton = 9 μs, Tfall = 0 s e Tperiod = 10 μs, com resistência de 24Ω, indutor de 470 1 μH e
capacitor de 22 μs.

Fig. 7. Circuito proposto.

O circuito acima é de um conversor boost, para este arranjo usa-se um indutor para
fornecer uma corrente linear na entrada. o Mosfet atua como uma chave, quando a chave passa
para o estado ligado o indutor ficará conectado à alimentação, mas a corrente nele aumentará de
maneira linear e armazenará energia no campo magnético. Quando a chave for aberta, a corrente
cairá de modo violento e a energia armazenada no indutor será transferida para o capacitor
através do diodo, a tensão induzida no indutor muda a polaridade e a tensão no indutor se soma a
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fonte de tensão, aumentando, dessa maneira, a tensão de saída. A tensão de saída, considerando
um duty cycle de 90% é dada pela Figura 8, vale ressaltar que o comportamento
exponencialmente crescente e só atingido a tensão de pico em aproximados 9 ms se deve ao
tempo de carregamento do capacitor e indutor, nota-se também que há um ripple, muito pequeno,
mesmo em regime permanente:

Fig. 8. Tensão na carga.

Temos que, o resultado obtido condiz com o valor esperado de 120 V com base na
Equação 6:

1
𝑉𝑜 = 𝑉𝑖 · 1−𝑑
(6)

1
⇒ 𝑉𝑜 = 12 · 1−0,9
= 120 𝑉

Considerando a situação para valores diferentes de duty cicle, seguimos de modo


semelhante com Equação 6, de modo que:

(i) Para um ciclo de 50%:

1
𝑉𝑜 = 𝑉𝑖 · 1−𝑑

1
⇒ 𝑉𝑜 = 12 · 1−0,5
= 24 𝑉

(ii) Para um ciclo de 10%:

1
𝑉𝑜 = 𝑉𝑖 · 1−𝑑
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1
⇒ 𝑉𝑜 = 12 · 1−0,1
= 13, 33 𝑉

As formas de onda obtidas para os dois casos se encontram a seguir, vê-se que com a
alteração do duty cycle o setpoint é atingido com mais rapidez, diminuindo o settling time com a
diminuição do duty cycle, até porque a tensão a ser atingida na carga acaba sendo menor, mas
por consequência temos um overshoot considerável até o tempo de estabelecimento e
dependendo da aplicação, esse fenômeno pode causar problemas.

Fig. 9. Tensão na carga com duty cycle em 50%.

Fig. 10. Tensão na carga com duty cycle em 10%.

É possível reduzir essa variação de tensão na carga,tomando como base a relação a


seguir:

𝑉𝑜·𝑑
∆𝑉 = 2 (7)
𝑅·𝐶·𝑓

A partir dessa relação, podemos indicar que um modo de reduzir essa variação sem
alteração da carga é aumentando o valor da capacitância ou da frequência de oscilação do
gerador de onda quadrada. Outro ponto relevante analisado nesta parte do experimento foi a
obtenção do menor valor de indutância para a operação em modo contínuo, considerando um
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duty cycle de 10%, temos que:

𝑅·𝑇𝑜𝑛·(1−𝑑)
𝐿𝑚𝑖𝑛 = 2
(5)

−6
100·9·10 ·(1−0,1)
⇒ 𝐿𝑚𝑖𝑛 = 2
= 4 𝑚𝐻

Fig. 11. Tensão na carga com a indutância de 4 mH.


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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A atividade realizada colaborou com a consolidação de conhecimentos acerca dos


assuntos supracitados, ao permitir uma análise comparativa via simulação com conteúdos antes
só vistos em âmbito teórico. Ao fazer as práticas, os alunos foram enriquecidos com know-how
acerca de como funcionam circuitos de conversores CC-CC, seja atuando na diminuição de
tensão entregue à carga (buck) ou aumento (boost), outro ponto interessante analisado foi a
influência do duty cycle para a potência transferida à carga, concluindo-se que quanto menor for
esta grandeza, haverá menos tensão na carga e o tempo de estabelecimento do sinal de saída no
caso do buck é menor, e no boost acaba por ser maior. Além disso, foi realizado o estudo de
métodos de minimização da variação da tensão na carga sem a necessidade de alteração da
mesma, podendo perceber que o indutor atua, nesta topologia, como um filtro simples,
propiciando uma corrente CC linear satisfatória na carga, pois essa indutância ajuda a reduzir a
ondulação causada pelo chaveamento repetitivo, mas também há a possibilidade de reduzir essa
variação através da alteração da capacitância e da frequência do gerador de sinais, uma análise
muito importante, já que um dos grandes problemas encontrados no projeto de conversores
CC-CC é como lidar com essa variação de sinal de modo a corroborar também para um settling
time mais rápido.

O estudo do funcionamento deste tipo de circuito é muito importante, embora sejam


extremamente simples e de fácil entendimento, esses circuitos são aplicados em larga escala no
cotidiano, sendo utilizados em carregadores de baterias, acionamento de motores CC, circuitos
de veículos, fontes chaveadas entre tantos outros. Logo, se faz de extrema importância para o
engenheiro eletricista do futuro que se tenha o conhecimento do comportamento desses circuitos
e como amenizar possíveis variações de sinal que possam surgir.
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REFERÊNCIAS

[1] BOYLESTAD, Robert; NASHELSKY, Louis. Dispositivos Eletrônicos e Teoria dos Circuitos. [S. l.:
s. n.], 2013.

[2] RASHID, M.H. Eletrônica de Potência, circuitos, dispositivos e aplicações.Makron Books, 1999.

[3] AHMED, A. Eletrônica de Potência. Prentice-Hall, SP, 2000.

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