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CULTURA POPULAR BRASILEIRA: DANÇA FOLCLÓRICA, O

PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA POR MEIO DA


TECNOLOGIA MULTIMÍDIA.

PEREIRA Jacqueline da Silva Nunes

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo principal propor o ensino da dança na educação física
escolar, visando trabalhar a cultura popular por meio do uso da multimídia. Trata-se de uma
pesquisa de campo onde os dados foram coletados através de filmagens e relatórios feitos
durante as aulas práticas, a população foi constituída por trinta alunos sendo quinze do sexo
feminino e quinze do sexo masculino de doze a dezesseis anos do Lar Escola da Criança de
Maringá, como subsídio do processo de educação, formação e integração cultural do
desenvolvimento humano. Para desenvolver esta prática pedagógica foi trabalhada em
conjunto toda a fundamentação teoria sobre as danças folclóricas e em especial a cultura do
Fandango do Paraná. Os resultados demonstraram que o ensino da dança folclórica por meio
do uso da multimídia constatou uma influencia positiva no processo de ensino e
aprendizagem. Por fim, concluímos que o uso de uma nova metodologia nas aulas de
educação física proporciona uma aula diferenciada despertando assim, o interesse dos alunos
sobre a cultura popular brasileira, oportunizando desse modo, o aluno a pensar sobre a sua
identidade cultural, e sobre a importância de respeitar a diversidade de cultura existente no
âmbito escolar, por meio da dança.

Palavras-Chaves: Cultura Popular. Dança. Multimídia.

Keywords: Popular Culture; Dance; Multimedia.

INTRODUÇÃO

Esta pesquisa tem como objetivo propor o ensino da dança na educação física
escolar, visando trabalhar a Cultura Popular Brasileira, a partir da utilização da tecnologia
(multimídia), buscando assim, estimular a participação de alunos nas diversas manifestações
folclóricas por meio da dança, como elemento da cultura popular; e incluir o uso da
multimídia como uma nova metodologia de ensino nas aulas de educação física.
A abordagem foi feita por meio das danças folclóricas e com o uso da utilização da
tecnologia (multimídia), no ensino para alunos de doze a dezesseis anos, do Lar Escola da
Criança de Maringá, como subsídio do processo de educação, formação e integração cultural
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do desenvolvimento humano.
Para tanto, traçamos o seguinte caminho, num primeiro momento abordarmos o
contexto histórico cultura, cultura popular e folclore, num segundo momento, explicaremos
a sua relação com o âmbito escolar e por fim apresentaremos a metodologia que escolhemos
para desenvolver este conteúdo na escola.
Para compreendermos a importância da dança folclórica no processo de construção e
formação do indivíduo em sociedade, faz – se necessário ainda, que de maneira tímida,
realizar uma breve abordagem sobre o conceito de folclore e sua importância histórica.
Segundo Giffoni (1951), a palavra folklore (folclore) foi publicada pela primeira vez no dia
vinte e dois de agosto de 1846, sendo derivada da fusão da palavra folk, que nos dialetos
anglo-saxônicos quer dizer povo, e lore, no sentido do saber, isto é, no sentido tradicional
do saber do povo. A cultura é uma dimensão da realidade social, a dimensão não-material,
uma dimensão totalizadora, pois engloba os vários aspectos da realidade do qual são
construídas pelas ações dos próprios homens.
É por este caminho que buscamos compreender as manifestações da Cultura Popular
em curso na nossa sociedade, das quais trazemos o caso específico da danças do Paraná.
Buscamos compreender este fenômeno desde a perspectiva da circularidade do tempo, do
qual vem trazer à tona e fazer vigorar um passado que não está, de forma alguma,
cristalizado em algum museu de folclore, mas insiste em fazer-se vigorar no presente,
presentificar-se aqui e agora, enquanto memória, que se traduz como força instauradora de
um inconformismo capaz de transformar esse presente, abrindo e projetando novas
possibilidades de futuro. E neste caso, temos a multimídia como um grande suporte
tecnológico a nosso favor, este artefato auxilia a valorização das manifestações culturais
como uma construção histórica. De acordo com Abid (2008, p.04).

(...) talvez seja este, o maior ensinamento que a cultura popular possa estar nos
disponibilizando neste momento atual, em que vem se revitalizando em várias
partes do mundo, e com isto, revitalizando também as possibilidades de se pensar
e agir sobre os processos de educação vigentes em nossa sociedade, a partir de
outros ângulos e outras possibilidades.

E nesta perspectiva que procuramos encaminhar este estudo, buscando alternativas


que levem o educador a refletir o seu papel na intervenção do aluno em formação, é preciso
levar ao aluno o conhecimento. Desta maneira precisamos constantemente buscar
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alternativas que levem o sujeito a pensar e construir um arcabouço para produzir e agir na
sociedade de forma reflexiva.
Portanto, o presente estudo caracteriza-se pelo interesse didático-pedagógico em
oferecer elementos para pensar em danças populares brasileiras a partir de informações
históricas, coreografias, músicas e vestimentas através da multimídia, assim proporcionando
a observação, atenção e participação de alunos nas atividades propostas. Nesta linha de
pensamento temos professores e professoras de Educação Física que articulam o pensar em
uma concepção pedagógico crítico-superadora que se fundamenta na Cultura Corporal,
formando um cidadão autônomo, crítico, participativo e reflexivo, estando pronto para os
desafios de vida em sociedade.
No entanto, para compreendermos este processo façamos uso das palavras de
Arroyo (1994) “o ser humano é cultural; constrói-se como tal no seu processo de formação e
humanização. Sermos sujeitos culturais não é algo acidental à nossa condição humana”.
Ainda nesta perspectiva podemos elucidar Megale (2000) no qual afirma que, além
de trazer os benefícios culturais, o folclore ajuda também a compreender os problemas da
sociedade, por refletir os conhecimentos aceitos pelos antepassados e transmitidos à geração
moderna, que é ao mesmo tempo fiel ao passado e alerta às solicitações do presente. Para
esse autor, o folclore preserva e sedimenta o principal distintivo de cada povo.
Além da educação, o folclore é também entendido como expressão cultural de algum
povo ou agrupamento étnico. A escola é o lugar onde se vive o saber popular e se
transmitem os conhecimentos tradicionais, seja no desenvolvimento de um jogo, de uma
dança, de uma técnica ou de uma atitude.
Portanto, é preciso valorizar este espaço, pois segundo Pinto (1983) o incentivo ao
folclore na escola foi fortalecido pela Lei 5.692 de 11/08/1971, que sugere a inserção do
folclore brasileiro em todos os graus. Nas escolas o aproveitamento do folclore é uma das
mais válidas contribuições pela intenção formativa e pelo caráter de nacionalidade que
imprime. E por quê. Certamente porque a cultura é manifestada através da linguagem, da
criação e da expressão do povo.
Evidencia-se assim quão importante é vivenciar o folclore na escola, devido a sua
contribuição para a formação social, histórica e crítica do aluno; e ainda, pelo seu caráter de
interdisciplinaridade, uma vez que, ao partilhar nossos conhecimentos, estaremos nos
enriquecendo culturalmente.
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Se por um lado vivemos uma nova era, cheio de novidades, avanços tecnológicos,
que nos surpreendem a cada instante, vivemos também um momento em que muitos alunos
não vêem “sentidos” na escola, pois esta está, de acordo com a visão de Sborquia (2006),
desconectada do mundo globalizado. Nesta perspectiva é que precisamos pensar em uma
sociedade globalizada, relacionando-a com a função da escola, e, ainda, como a Educação
Física se encontra neste contexto.
Neste encaminhamento, podemos perceber que a multimídia poderá ser um
instrumento de grande valia para valorizar certos valores, como a própria identidade
cultural, neste momento de tantas ofertas, de tantas descobertas, mas também de tantas
informações deturpadas e perigosas por meio da industrial cultural, da internet e da
globalização. Uma forte aliada para o processo de ensino e aprendizagem em dança onde
muito se aprende sobre a vida e sobre valores fundamentais para existência humana como a
solidariedade, a igualdade, o respeito às diferenças, o respeito à natureza, a cooperação, o
equilíbrio, a humildade, a parceria, entre tantos outros ensinamentos que a sabedoria do
nosso povo vem cultivando, preservando e transmitindo de geração em geração ao longo da
história do nosso país, resistindo e lutando por manter vivas suas tradições.
A partir destes pressupostos teóricos fazemos a seguinte reflexão: De que maneira a
multimídia pode influênciar no processo de ensino-aprendizagem da dança em alunos do Lar
Escola da Criança de Maringá?

DESENVOLVIMENTO

CULTURA, CULTURA POPULAR E FOLCLORE.

O Brasil é um país de território vasto, onde encontramos diversas manifestações


folclóricas e culturais, cada uma influenciada por um povo diferente.
É preciso então entender que a cultura não e algo com começo, meio e fim, mas sim
um produto da historia de cada sociedade, de uma forma bem viva, ela é o resultado de uma
interação continua entre pessoas de determinadas regiões, um território bem atual das lutas
sociais.
Cultura, segundo Jr. Ribeiro (1982) consiste num conjunto global de modos de fazer,
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ser, interagir e representar que, produzidos socialmente, envolvem simbolização e, por sua
vez, definem o modo pelo qual a vida social se desenvolve.
O comportamento humano em sua totalidade se origina e perpetua através do uso de
símbolos. O homem evoluiu e suas civilizações se espalharam e perpetuaram por todo o
mundo apenas pelo uso de símbolos. A junção de todos esses símbolos utilizados pelo
homem, forma a cultura, que serve para adaptar comunidades humanas ao seu meio,
abrangendo todas as formas de comunicação e expressão do homem.
A Cultura Popular segundo Jr. Ribeiro (1982, p. 85).

(...) se considerarmos cultura como sendo do povo isso nos, permite assinalar que
ela não pertence simplesmente ao povo, mas que é produzida por ele, enquanto a
noção de popular é suficientemente ambígua para levar a suposição de que
representações, normas, atos encontrados entre as classes dominadas são isso facto
do povo.

Mas a cultura também segue o caminho do erudito, que se origina na burguesia, mas
que inclui também setores intelectuais da pequena burguesia, privilegia o momento da
produção, entendida como criação individual.
Folclore é a Cultura do Popular, tornada normativa pela tradição. Compreende
técnicas e processos utilitários que se valorizam numa ampliação emocional, alem do ângulo
do funcionamento racional. (CASCUDO, 1984).
O folclore está fortemente ligado a várias ciências que dele carecem para melhor
interpretação dos fatos, devido ao seu caráter dinâmico, psicológico e social.
Com o avanço da ciência e da tecnologia, as tradições passaram a ser consideradas
frutos da ignorância popular. Entretanto, o estudo do folclore é fundamental para
caracterizar a formação cultural de um povo e de seu passado, além de detectar a Cultura
Popular vigente, pois o fato folclórico é influenciado por sua época. Portanto, pode-se dizer
que o estudo do folclore, devidamente planejado, selecionado e bem trabalhado, contribui
para a formação cultural e patriótica de um povo. A cultura popular é produzida pela classe
trabalhadora que, através desta cultura, representam seus interesses e objetivos, não no
consumo mercantil, mas na utilidade prazerosa e produtiva dos objetos e elementos culturais
que cria.

DANÇAS FOLCLÓRICAS DO PARANÁ (FANDANGO)


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Segundo Cascudo (1965) temos como fandango a herança ibérica mais rica e mais
viva ainda em nossa Cultura Popular, data do início o século passado. Fazia-se Fandango em
cidades e vilas do litoral da zona da Mata e até o Sertão. Restam alguns grupos, ora quase
extintos, ora prontos para mais uma temporada.
O fandango paranaense representa a manifestação que retrata, de forma singular, a
cultura do Estado, dançando em Antonina, Morretes, Guaraqueçaba, Ilha de Valadares,
dentre outras regiões litorâneas. Embora existam varias manifestações folclóricas no Paraná,
como o congo, cavalhada, folia de reis, dança de São Gonçalo, o fandango, como realizado
neste Estado, assume características peculiares, não havendo, no Brasil, manifestações
executadas da mesma forma.
As investigações realizadas sobre o fandango Lara, (2004) atentam para sua origem
vinculada às contribuições portuguesa e espanhola em nossos paises, aliado as condições
brasileiras. Historicamente, Portugal e Espanha estabelecem vínculos e originam formas
culturais que passam a ser disseminada também em suas colônias. É por isso que precisamos
de marcas de características portuguesas e espanholas, sendo difícil definirem realmente que
se trata de cultura de uns ou outros paises devido o processo de aculturação. Contudo,
mesmo que consigamos fazê-lo, percebendo essas diferenças nos autores, notamos que
fandango está mesclado de elemento das duas culturas.

O fandango paranaense trata-se de uma reunião de marcas – formas gestuais


expressão por meio da dança – podendo ser batidas, valsada ou mistas. Era
dançada nos sítios por ocasião do pixirão, quando os vizinhos se ajudavam nos
trabalhos de roçada ou plantação. A expressão folgadeira é utilizada para as
mulheres e folgador para os homens, haja vista que dançavam na folga de sábado
para domingo. Atualmente, o fandango encontra-se bastante distintos das formas
originalmente delineadas, haja vista as mudanças culturais, política e religiosas
que definem outras necessidades do humano. (LARA, 2004. p. 6).

A autora ainda destaca como a dança do fandango se divide em dois grupos: as


batidas e as valsadas ou bailadas. As primeiras se caracterizam pelo sapateado forte,
barulhento, batido a tamanco ou sapato. Abafam quase completamente a música do
conjunto. Esse bater do tamanco se chama em alguns lugares rufar. Nas segundas não há
sapateado. É uma espécie de valsa lenta, em que cada dançarino baila em geral com o
mesmo par, mais se arrastando do que dançando.
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As marcas valsadas são intercaladas entre as batidas, para descanso dos bailarinos,
intercalando-se geralmente uma valsada depois de duas ou três batidas. O sapateado batido
a tamanco, com a violência com que é usado, é um exercício exaustivo, que deixa os
dançarinos do Fandango tresandando a suor e com a camisa alagada. É conhecido, no
Balneário de Caiobá, o sr. Machadinho, cujo pai tomou o nome de Machado, porque, com a
força com que batia o Fandango, quebrava as tábuas do soalho. Os Fandangos são dançados
sempre em recinto fechado, isto é, dentro de casa, e onde o chão seja de madeira, de modo
que haja a devida ressonância do batido.
O sapateado é feito exclusivamente pelos homens. As mulheres não batem no
Fandango. Em Serra Negra, no Rio dos Medeiros e em outros pontos da Baía de Paranaguá,
o Fandango é dançado em cima do arroz, a fim de "tirá-lo do casco". A isso se chama "fazer
gambá". Alia-se assim ao Fandango uma função econômica, altamente proveitosa.
Segundo Azevedo (1975) O Fandango tem, no Paraná, uma vitalidade e uma pureza
raras, embora a tendência, em nossos dias, seja para o seu total desaparecimento, dentro de
mais duas ou três gerações. Os que mantêm a tradição do Fandango vívida e pura são os
velhos e os homens feitos. Os jovens da nova geração já não querem dançar o Fandango,
sentem-se envergonhados e preferem as danças modernas.

A DANÇA NA ESCOLA

Ainda hoje encontramos nas escolas certo preconceito a respeito da incorporação da


dança no seu interior. As restrições não ficam só dentro das instituições, mas sim vem
principalmente dos pais dos alunos, às vezes por falta de conhecimento ou até mesmo por
causa da pouca informação de como trabalho seria elaborado, e o porque das danças nos
currículos educacional.
A prática da dança na escola pode fazer uma relação da educação com a motricidade
humana e ser uma nova linguagem da Educação Física, e pode também possibilitar a relação
da dança com outras áreas do conhecimento, arte, história, entre outras. A expressão
corporal é um dos fortes da dança, tendo de se relacionar com o próprio corpo e com o do
outro, a criança aprende conhecer e lidar com suas dificuldades e limitações desenvolvendo
e ampliando sua criatividade, liberdade, agilidade, que às vezes é escondido pela sua
timidez, à dança prepara o corpo dos alunos para os movimentos espontâneos e os
movimentos caracterizados.
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A escola tem o papel de construir conhecimento e a dança deve ser um elemento


essencial neste processo, uma vez que, trabalha com diversos campos inerentes ao
desenvolvimento do ser humano. Partindo desse pressuposto, pretendemos trabalhar com a
dança a partir de uma metodologia que possibilite o uso da multimídia no ensino-
aprendizagem da dança folclórica.
Tudo o que vive tem movimento, ele é a mais pura expressão da existência da vida
(VERDERI, 2000).
A dança é arte do movimento, da expressão corporal, possibilita os alunos no
desenvolvimento de suas potencialidades, e aprendizagem no seu aspecto sócio-cultural,
cognitivo e motor. Segundo SOARES apud SBORQUIA. (1998, 2008 p.25):

A dança é um dos fenômenos sócias engendrados pelo homem, constituindo-se


numa forma de cultura, que pode, por exemplo, nos contar através dos seus
movimentos muito da história de um povo. No processo de aquisição e produção
de conhecimentos pelo homem, processo este que se concebe devido ás relações
sociais existentes tem sido basicamente a educação o veículo pelo qual o
movimento histórico-cultural da humanidade prossegue e se legitima em geração.

Portanto, a dança é entendida como uma produção histórica e social. Podemos


perceber que ás mudanças ocorrem na forma de organização do próprio modo de produção
da sociedade, ocorrem mudanças culturais tanto no sentido dado á dança como na própria
manifestação.
Desse modo, podemos elucidar que a dança pode auxiliar na compreensão da
sociedade de maneira mais crítica e reflexiva, pois a sua ação esta diretamente ligada ao
processo de construção do saber.

METODOLOGIA

Este trabalho segundo Luna (2002) é uma pesquisa descritiva do tipo qualitativa, que
visa resgatar a cultura popular brasileira, na qual será proposta a validação da metodologia
usada a partir dos resultados na experiência. A população foi constituída por alunos que
freqüentam o contraturno do Lar da Escola da Criança de Maringá.
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A amostra foi constituída por trinta alunos, na faixa etária de doze a dezesseis anos,
sendo quinze meninos e quinze meninas. Foi utilizado como instrumento de coleta de dados
relatórios de observação elaborada pelas próprias pesquisadoras e também filmagem das
aulas aplicadas.

A coleta de dados foi realizada através de um vídeo sobre a dança do fandango onde
fizemos explicações sobre a mesma, em seguida, apresentamos um roteiro de aulas práticas
que foram desenvolvidas metodologias inerentes ao processo de aprendizagem por meio da
multimídia. Para a realização desta pesquisa acompanhamos e observamos os alunos durante
três meses.
O trabalho foi dividido em cinco etapas, sendo sempre utilizado a tecnologia da
multimídia:
• Primeira etapa: demonstrar e explicar a dança por meio do vídeo;
• Segunda etapa: trabalhar passo a passo da dança para um melhor entendimento dos
alunos;
• Terceira etapa: montagem da coreografia proposta;
• Quarta etapa: possibilidades de exploração e criação a partir do conhecimento
adquirido, para assim recriar a dança folclórica.
• Quinta etapa: apresentação dos resultados e discussão sobre a metodologia como
processo de ensino – aprendizagem na dança com o próprio grupo.

A análise dos dados foi realizada de forma descritiva sobre o processo de


aprendizagem a cada aula, feita através dos dados coletados por um relatório semi-
estruturado feito a cada aula pelos pesquisadores e pelas filmagens das aulas realizadas.
Com a observação das aulas de dança realizadas com alunos do Lar Escola da Criança
de Maringá foi possível iniciar uma análise dessa prática. Pôde-se perceber que no aspecto
sócio-cultural, os alunos já no início das aulas de dança, são estimulados a conhecer o meio,
familiarizar-se com o movimento corporal, integrar-se socialmente ao grupo, e ter disciplina
no comportamento.
No primeiro momento da intervenção nas aulas de dança, foram trabalhados os
vídeos por meio da multimídia para apresentarmos algumas danças folclóricas do Paraná,
falamos também sobre a cultura popular e sua importância na vida social do aluno. A dança
trabalhada foi o barreado com a adaptação para homens e mulheres. Tendo assim um grande
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interesse e aceitação dos alunos com a dança proposta através de uma metodologia
diferenciada.
Segundo McLuhan (1995), a presença de tecnologias de informação e de
comunicação nos processos educacionais é cada vez mais notória, especialmente no
Primeiro Mundo, seja na condição de veículos principais ou de recursos complementares,
bem como na perspectiva de como meio e mensagem.
No segundo momento da intervenção começamos a trabalhar passo a passo da
coreografia do barreado, os alunos demonstraram certo grau de dificuldade no
desenvolvimento motor e pela timidez. Realizamos uma breve explicação de que a dança é
muito importante no desenvolvimento do ser humano que independente do estilo quando
estamos dançando aprendemos a conhecer nossas dificuldades, desenvolver criatividade,
agilidade que muitas vezes ficam retraídas pela timidez.
Nesta perspectiva de ação, podemos citar Barreto (1998) no qual nos aponta que o
entendimento do folclore é o primeiro passo para a compreensão do povo em sua dinâmica
vivencial, mesclada de um lazer criativo, lúdico e mágico capaz de alimentar esperanças e
expectativas e de nutrir sua própria raiz, por força de um uso intra-social que ninguém tem o
direito de interferir, mas sim a obrigação de preservar.
O folclore brasileiro é um componente indispensável para o desenvolvimento da
cultura, a partir da Educação Física, podemos entender a importância e a necessidade de
trabalharmos com a constante relação da cultura e corpo partindo de uma forte e rica
linguagem popular, onde temos uma combinação de diferentes imagens, sons, formas,
festas, ritmos, canções, movimentos que são tratados através da dança.
No terceiro momento de intervenção foi realizado o processo de montagem da
coreografia como embasamentos utilizamos a construção dos passos ensinados
anteriormente, nessa abordagem fazemos uso da explicação da autora Dullius (1999) ela
retrata que o principal elemento é a criatividade humana, juntamente com os diversos
estilos, misturados com o toque personalizado de cada aluno.
No quarto momento da intervenção fomos construindo a coreografia a partir da
releitura da dança. Pois acreditamos que a construção da coreografia se da no âmbito da
vivência corporal, em determinado contexto histórico, e neste caso utilizamos a “Dança
Folclórica”.
Por fim, no ultimo embasamento podemos perceber a partir do processo-ensino-
aprendizagem pela multimídia que é possível inovar, pois podemos concretizar a partir da
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coreografia realizada pelos alunos que os nossos objetivos foram alcançados através de uma
metodologia diferenciada mostrou que o uso da tecnologia nas aulas de dança torna-se uma
aula mais produtiva, havendo assim um maior interesse na participação dos alunos pela
dança e pela cultura popular na escola.

Considerações finais

Se levarmos em consideração que a escola tem como função ensinar e estimular os


alunos em seu processo de ensino-aprendizagem, as aulas de Educação Física devem ser
repensadas de forma que desenvolva práticas pedagógicas que possibilite o conhecimento ao
aluno nas diversas manifestações folclóricas. A partir dos dados analisados foi possível
constatar que cada um dos objetivos observados e filmados nas aulas de Educação Física, é
de grande importância para o processo de desenvolvimento dos alunos. Podendo então a
dança folclórica e suas manifestações culturais serem inseridas como conteúdo nas aulas de
Educação Física, por meio do uso da multimídia.
Espera-se também que as questões aqui levantadas possam contribuir como sugestão
para uma nova implantação na metodologia no processo de ensino-aprendizagem. E
esperamos, ainda, que este trabalho seja mais um passo na construção de um novo olhar para
a cultura popular.
De acordo com a análise das aulas de Educação Física observadas e filmadas,
concluímos que o uso de uma nova metodologia nas aulas de Educação Física proporciona
uma aula diferenciada, despertando assim o interesse dos alunos e também valorizando a
cultura popular por meio da dança.

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