Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Bernardete A. Gatti
Fundação Carlos Chagas
Resumo
Palavras Chave
Correspondencia:
Bernardete A. Gatti
Av. Prof. Francisco Morato, 1565
05513-900 - São Paulo - SP
e-mail: gatti@fcc.org.br
Abstract
Keywords
Contact:
Bernardete A. Gatti
Av. Prof. Francisco Morato, 1565
05513-900 - São Paulo - SP
e-mail: gatti@fcc.org.br
Uma pesquisa extensiva ao Brasil, nes- A análise da política educacional não pode
ta mesma direção, foi realizada em 2001 e prescindir do confronto do que é declarado nos
publicada sob o título “Letramento no Brasil: pressupostos e metas que as orientam, com os
alguns resultados do indicador nacional de dados a respeito dos resultados alcançados. [...]
alfabetismo funcional (Ribeiro; Vóvio; Moura, Desse modo, a dimensão do declarado — ex-
2002, p. 49-70). A amostra representativa na- pressa pelos planos, programas e projetos de
cional abrangeu pessoas de 15 a 64 anos, e os ação — passa a ser entendida em seu caráter
dados foram analisados levando em conta ní- político, isto é, como produtos da negociação
veis obtidos em habilidade de leitura e escrita, entre interesses diferentes ou até mesmo anta-
por anos de estudo, regiões, sub-grupos da gônicos, tendo em vista obter certo grau de
população, renda, sexo, idade, gosto por ler. Os consenso acerca dos fins e dos meios da educa-
dados da pesquisa sobre letramento no Brasil ção, consenso este que, mesmo que provisório, é
mostrou com clareza nichos bem problemáticos necessário como apoio à ação político-educa-
quanto ao uso da leitura e escrita. Pelos núme- cional. (Ribeiro, 1998, p. 21).
ros e tratamentos multivariados vê-se que
A alocação de recursos tem papel impor-
um contingente significativo utiliza as habilida- tante aqui, visto que pensar a democratização do
des de leitura e escrita em contextos restritos e, ensino não basta, é preciso que as ações efetiva-
conseqüentemente, demonstra habilidades res- mente realizadas sejam democratizadoras. As
tritas no teste de leitura... A pesquisa revela análises, os contrapontos de dados efetivados, a
como os déficits educacionais se traduzem em perspectiva de fundo que orientou as autoras
desigualdades quanto ao acesso a vários bens levam-nas a afirmar que “a escola é muito mais
culturais, oportunidades de trabalho e desenvol- determinada do que determinante em suas re-
vimento pessoal que caracterizam as sociedades lações com o meio social.” (Ribeiro, p. 36) Mas,
letradas. (Ribeiro, 1998, p. 68) isto não pode ser um álibi cômodo para os
gestores e componentes do sistema. Se por um
Políticas de educação básica lado as autoras põem em questão “o pedago-
gismo ingênuo que supõe ser a educação o
Um dos estudos que causou impacto principal elemento propulsor da superação da
nas análises de políticas educacionais para o pobreza”, por outro colocam a tarefa inadiável,
ensino fundamental (à época, ensino de 1º e 2º nessa tomada de consciência, de “encontrar e
graus), nos anos 1980, foi o realizado por viabilizar alternativas de ação que permitam à
ALENCAR, E. M. L. S. de; RODRIGUES, C. J. S. Causas de satisfação e de insatisfação entre professores do ensino de 1ºgrau.
Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, v. 63, n. 146, p. 391-402, jan./abr. 1980.
ALMEIDA, I. C. Gastos com educação no período de 1994 a 1999. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, v. 82, n.
200/202, p. 137-198, jan./dez. 2001.
BARBOSA, M. E. F.; FERNANDES, C. Modelo multinível: uma aplicação a dados de avaliação educacional. Estudos em Avaliação
Educacional, São Paulo, n. 22, p. 135-154, jul./dez. 2000.
BARRETTO, E. S. de S. et al. Ensino de 1º e 2º graus: intenção e realidade. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 30, p. 21-40, set.
1979.
BARROSO, C. L. de M.; MELLO, G. N.; FARIA, A. L. G. de. Influência de características do aluno na avaliação do seu desempenho.
Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 26, p. 61-80, set. 1978.
BERCOVICH, A. M.; MADEIRA, F. R.; TORRES, H. G. Mapeando a situação do adolescente no Brasil, Belo Horizonte, 1997.
BONAMINO, A.; COSCARELLI, C.; FRANCO, C. Avaliação e letramento: concepções de aluno letrado subjacentes ao SAEB e ao
PISA. Educação & Sociedade, Campinas, v. 23, n. 81, p. 91-113, dez. 2002.
CARRAHER, T. N.; REGO, L. L. B. Desenvolvimento cognitivo e alfabetização. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, v.
65, n. 149, p. 38-55, jan./abr. 1984.
CARVALHO, J. C. B. de. Diagnóstico educacional dos municípios periféricos da região metropolitana do Rio de Janeiro. Revista
Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, v. 64, n. 148, p. 165-190, set./dez. 1983.
CASTRO, J. A. de. O fundo de manutenção e desenvolvimento do ensino e valorização do magistério FUNDEF e seu impacto no
financiamento do ensino fundamental. Brasília: IPEA, 1998. 46p.
COSTA, M. da. Avaliando impactos sociais de uma política educacional democrática. Estudos em Avaliação Educacional, São Paulo,
n. 19, p. 25-55, jan./jun. 1999.
DAVIS, C.; ESPÓSITO, Y. L.; NUNES, M. M. R. Sistema de avaliação do rendimento escolar: o modelo adotado pelo estado de São
Paulo. Revista Brasileira de Educação, São Paulo, n. 13, p. 25-53, jan./abr. 2000.
DI DIO, R. A. T. A pesquisa educacional no Brasil. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Rio de Janeiro, v. 60, n. 136, p. 461-
629, out./dez. 1974.
FALCÃO, J. T. da R.; RÉGNIER, J. Sobre os métodos quantitativos na pesquisa em ciências humanas: riscos e benefícios para o
pesquisador. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, v. 81, n. 198, p. 229-243, maio./ago. 2000.
FERNANDES, R.; NATENZON, P. E. A evolução recente do rendimento escolar das crianças brasileiras: uma realização dos dados do
Saeb. Estudos em Avaliação Educacional, São Paulo, n. 28, p. 3-22, jul./dez. 2003.
FERRARI, A. R. Analfabetismo e níveis de letramento no Brasil: o que dizem os censos? Educação & Sociedade, Campinas, v. 23,
n. 81, p. 21-47, dez. 2002.
______. Analfabetismo no Brasil: tendência secular e avaliações recentes. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 52, p. 35-49, fev.
1985.
______. Evolução da educação pré-escolar no Brasil no período de 1968 a 1986. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos,
Brasília, v. 69, n. 161, p. 55-74, jan./abr. 1988.
______. Utilização das estatísticas educacionais dos censos demográficos e dos registros escolares: uma tipologia de análises.
Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 4, n. 2, p. 253-266, jul./set. 1979.
FLETCHER, P. R.; RIBEIRO, S. C. Modeling education system performance with demographic data: na introdution to the PROFLUXO
model. Brasília: IPEA, 1989. Mimeografado.
FRANCO, M. L. P. B.; ZIBAS, D. M. L. O ensino médio no Brasil neste final do século: uma análise de indicadores. São Paulo: FCC/
DPE, 1999. (Textos FCC, n. 18)
FREITAG, B. Alfabetização e linguagem. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, v. 70, n. 166, p. 317-345, set./dez.
2000.
GATTI, B. A.; GOLDBERG, M. A. A. Influência dos “kits”: os cientistas no desenvolvimento do comportamento científico em
adolescentes. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 10, p. 13-23, ago. 1974.
GOMES NETTO, J. B. F. et al. Investimentos auto-financiáveis em educação. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 85, p. 11-25,
maio 1993.
GOUVEIA, A. J. Origem social, escolaridade e ocupação. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 32, p. 3-30, fev. 1980.
GUIMARÃES, J. L. O Impacto do FUNDEF para a educação infantil: conjecturas a partir da sua implantação no estado de São Paulo.
In: MACHADO, M. L. A. (Org.) Educação infantil em tempos de LDB, São Paulo, 2000. p.75-91. (Textos FCC, n. 19).
______. As vulnerabilidades do FUNDEF: conjecturas a partir da sua implantação no estado de São Paulo. In: BICUDO, M. A. V.;
SILVA JR., C. da (Org.) Formação do educador e avaliação educacional: organização da escola e do trabalho pedagógico. São
Paulo: UNESP, 1999. v. 3, p. 53-67.
KLEIN, R. Utilização da teoria da resposta ao item do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB). Ensaio, Rio de
Janeiro, v. 11, n. 40, p. 283-296, jul./set. 2003.
LEITE, S. A. da S. A passagem para a 5ª série: um projeto de intervenção. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 84, p. 31-42, fev.
1993.
MADEIRA, F. R. Os jovens e as mudanças estruturais na década de 70: questionando pressupostos e sugerindo pistas. Cadernos
de Pesquisa, São Paulo, n. 58, p. 15-48, ago. 1986.
MARTINS, A. M.; PEREZ, J. R. R. O processo de municipalização no estado de São Paulo: mudanças institucionais e atores
escolares. São Paulo: FCC, 2002. (Relatório Técnico)
MEDEIROS, M. F. de; SANTAROSA, L. M. C.; LEWIN, Z. G. O papel do rádio no treinamento de professores. Educação e Realidade,
Porto Alegre, v. 4, p. 7-33, jan./jun. 1979.
MELCHIOR, J. C. de A. A aplicação de recursos financeiros em educação. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 25, p. 5-16, jun.
1978.
______. Financiamento da educação no Brasil numa perspectiva democrática. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 34, p. 39-83,
ago. 1980.
MONVELADE, J.; FERREIRA, E. S. O FUNDEF e seus pecados capitais: análise do fundo, suas implicações positivas e negativas e
estratégias de superação de seus limites. Ceilândia, DF: Idea, 1997. 96p.
NEUBAUER, R.; ESPÓSITO, Y. L.; DAVIS, C. Avaliação do processo de inovações no ciclo básico e seu impacto sobre a situação de
ensino-aprendizagem na região metropolitana de São Paulo. Estudos em Avaliação Educacional, São Paulo, n. 13, p. 35-64, jan./
jun. 1996.
PARO, V. H. O custo do ensino público no estado de São Paulo: estudo de custo/aluno na rede estadual de primeiro e segundo graus.
Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 43, p. 3-29, ago. 1982.
PINTO, J. M. de R. Financiamento da educação no Brasil: um balanço do governo FHC (1995-2002). Educação & Sociedade,
Campinas, v.3, n. 80, p. 109-136, set. 2002.
PINTO, J. M. de R. et al. Um olhar sobre os indicadores de analfabetismo no Brasil. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos,
Brasília, v. 81, n. 199, p. 511-524, set./dez. 2000.
POPKEWITZ, T. Estatísticas educacionais como um sistema de razão: relações entre governos da educação e inclusão e exclusão
sociais. Educação & Sociedade, Campinas, n. 75, p. 111-148, ago. 2001.
POPPOVIC, A. M.; ESPOSITO, Y. L.; CRUZ, L. M. C. Marginalização cultural: uma metodologia para seu estudo. Cadernos de
Pesquisa, São Paulo, n. 7, p. 5-60, jun. 1973.
RELATÓRIO do grupo de trabalho sobre financiamento da educação. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, v.82. n.
200/202, p. 117-136, jan./dez. 2001.
RIBEIRO, S. C. A educação e a inserção do Brasil na modernidade. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 84, p. 3-96, fev. 1993.
______. A pedagogia da repetência. Estudos em Avaliação Educacional, São Paulo, n. 4, p. 73-86, jul./dez. 1991.
RIBEIRO, V. M. M. Alfabetismo e atitudes: pesquisa junto a jovens e adultos paulistanos. Revista Brasileira de Educação, São Paulo,
n. 9, p. 5-15, set./dez. 1998.
______. (Org.). Letramento no Brasil. São Paulo: Global; Ação Educativa; Instituto Paulo Montenegro, 2003.
RIBEIRO, V. M.; VÓVIO, C. L.; MOURA, M. P. Letramento no Brasil: alguns resultados do indicador nacional de analfabetismo
funcional. Educação & Sociedade, Campinas, v. 23, n. 81, p. 49-70, dez. 2002.
ROSEMBERG, F. 0 a 6: desencontro de estatísticas e atendimento. Cadernos de Pesquisa, São Paulo , n. 71, p. 36-48, nov. 1989.
______. Avaliação de programas, indicadores e projetos em educação infantil. Revista Brasileira de Educação, São Paulo, n. 16,
p. 19-26, jan./abr. 2001.
______. Educação infantil, classe, raça e gênero. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 96, p. 58-65, fev. 1996.
______. A educação pré-escolar brasileira durante os governos militares. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 82, p. 21-30, ago.
1992.
______. O estado dos dados para avaliar políticas de educação infantil. Estudos em Avaliação Educacional, São Paulo, n. 20, p.
5-57, jul./dez. 1999.
______. Expansão da educação infantil e processos de exclusão. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 107, p. 7-40, jul. 1999.
______. Indicadores sócio-demográficos de crianças de 0 a 6 anos no Brasil. Revista Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento
Humano, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 99-109, jan./jun. 1991.
______. Instrução, rendimento, discriminação racial e de gênero. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, v. 68, n.
159, p. 324-355, maio/ago. 1987.
ROSENBERG, L. Educação e desigualdade social. São Paulo: Loyola, 1984. (Coleção Espaço)
SOARES, J. F.; ALVES, M. T. G.; OLIVEIRA, R. M. de. O efeito de 248 escolas de nível médio no vestibular da UFMG nos anos de
1998, 1999 e 2000. Estudos em Avaliação Educacional, São Paulo, n. 24, p. 69-118, jul./dez. 2001.
SOLARI, A. Indicadores em educação. In: MENDES, C. et al. O outro desenvolvimento. Rio de Janeiro, 1963. p. 61-97.
STAJN, P.; BONAMINO, A.; FRANCO, C. Formação docente nos surveys de avaliação educacional. Cadernos de Pesquisa, São
Paulo, n. 118, p. 11-39, mar. 2003.
TAURINO, M. do S. Norma e critério de desempenho como parâmetros da avaliação da aprendizagem. Estudos em Avaliação
Educacional, São Paulo, n. 15, p. 135-198, jan./jun. 1997.
VALLE, R. da C. Teoria da resposta ao item. Estudos em Avaliação Educacional, São Paulo, n. 21, p. 7-92, jan./jun. 2000.
VELLOSO, J. Distribuição de renda: educação e políticas de Estado. In: LEVIN, H. M. Educação e desigualdade no Brasil. Rio de
Janeiro: Vozes, 1984. p. 255-289.
______. O financiamento da educação na transição democrática. Em Aberto, Brasília, v. 4, n. 25, p. 29-38, jan./mar. 1985.
______. Financiamento das políticas públicas: a educação. Revista da ANDE, São Paulo, v. 6, n. 12, p. 27-32, 1987a.
______. Política educacional e recursos para o ensino: o salário-educação e a Universidade Federal. Cadernos de Pesquisa, São
Paulo, n. 61, p. 3-29, maio. 1987b.
______. Universidade na América Latina: rumos do financiamento. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 110, p. 39-66, jul. 2000.
VELLOSO, J. et al. Financiamento da educação no Brasil. In: CONFERÊNCIA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO, 6., 1992, Campinas.
Anais... Campinas: Papirus, 1992.
VERHINE, R. E. O FUNDEF: suas implicações para a descentralização do ensino e o financiamento da educação no Brasil. Revista
da FAEEBA, Salvador, v. 8, n.12, p. 131-151, jul./dez. 1999.
______. Um experimento chamado FUNDEF: uma análise do seu desempenho no cenário nacional e no contexto da Bahia.
Educação Brasileira, Brasília, v. 22, n. 45, p. 121-146, jul./dez. 2000.
VIANNA, H. M. Avaliação do rendimento de alunos de escolas do 1º grau da rede pública: um estudo em 20 cidades. Educação e
Seleção, São Paulo, n. 19, p. 33-98, jun. 1989.
______. Avaliação do rendimento escolar de alunos da 3ª série do 2º grau: subsídios para uma discussão. Estudos em Avaliação
Educacional, São Paulo, n. 3, p. 71-102, jan./jun. 1991.
VICTORIA, C. G.; MARTINES, J. C. Fatores sócio-econômicos, estado nutricional e rendimento escolar: um estudo em 500 crianças
de primeira série. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 41, p. 38-48, maio 1982.
Recebido em 04.03.04
Aprovado em 03.05.04
Bernadete A. Gatti é doutora em Psicologia (Educação) pela Universidade de Paris VII, pós-doutorados nas universidades
de Montreal (Canadá) e da Pensilvânia (USA). Coordenadora do Departamento de Pesquisas Educacionais da Fundação
Carlos Chagas e docente do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Educação da PUC-SP.