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1 INTRODUÇÃO

Neurotransmissores são substâncias químicas produzidas pelos neurônios, as células


nervosas. Por meio delas, podem enviar informações à outras células. Podem também
estimular a continuidade de um impulso ou efetuar a reação final no órgão ou músculo alvo.
Essas substâncias atuam no encéfalo, na medula espinhal e nos nervos periféricos e na junção
neuromuscular ou placa motora.
Quimicamente, os neurotransmissores são moléculas relativamente pequenas e
simples. Diferentes tipos de células secretam diferentes neurotransmisores. Cada substância
química cerebral funciona em áreas bastante espalhadas mas muito específicas do cérebro e
podem ter efeitos diferentes dependendo do local de ativação. Cerca de 60 neurotransmissores
foram identificados e podem ser classificados, em geral em uma das quatro categorias.

2 SINAPSE

Dado que os neurônios formam uma rede de atividades elétricas, eles de algum modo
têm que estar interconectados. Quando um sinal nervoso, ou impulso, alcança o fim de seu
axônio, ele viajou como um potencial de ação ou pulso de eletricidade. Entretanto, não há
continuidade celular entre um neurônio e o seguinte; existe um espaço chamado sinapse. As
membranas das células emissoras e receptoras estão separadas entre si pelo espaço sináptico,
preenchido por um fluido. O sinal não pode ultrapassar eletricamente esse espaço. Assim,
substâncias químicas especias, chamadas neurotransmissores, desempenham esse papel. Elas
são liberadas pela membrana emissora pré-sináptica e se dinfundem através do espaço para os
receptores da membrana do neurônio receptor pós-sináptico. A ligação dos
neurotransmissores para esses receptores tem como efeito permitir que íons (partículas
carregadas) fluam para dentro e para fora da célula receptora, conforme visto no artigo sobre
condução nervosa.
A direção normal do fluxo de informação é do axônio terminal para o neurônio alvo,
assim o axônio terminal é chamado de pré-sináptico (conduz a informação para a sinapse) e o
neurônio alvo é chamado de pós-sináptico (conduz a informação a partir da sinapse).
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3 TIPOS DE SINAPSE

Existem dois tipos de sinapses químicas, de acordo com o efeito que causam no elemento pós-
sináptico:

3.1 Sinapses Excitatórias

Sinapses excitatórias causam uma mudança elétrica excitatória no potencial pós-


sináptico (EPSP). Isso acontece quando o efeito líquido da liberação do transmissor é para
despolarizar a membrana, levando-o a um valor mais próximo do limiar elétrico para disparar
um potencial de ação. Esse efeito é tipicamente mediado pela abertura dos canais da
membrana (tipos de poros que atravessam as membranas celulares para os íons cálcio e
potássio.

3.2 Sinapses Inibitórias

As sinapses inibitórias causam um potencial pós-sináptico inibitório (IPSP), porque o


efeito líquido da liberação do transmissor é para hiperpolarizar a membrana, tornando mais
difícil alcançar o potencial de limiar elétrico. Esse tipo de sinapse inibitória funciona graças à
abertura de diferentes canais de ions na membranas: tipicamente os canais cloreto (Cl-) ou
potássio (K+).
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4 NEUROTRANSMISSORES

Quimicamente, os neurotransmissores são moléculas relativamente pequenas e


simples. Diferentes tipos de células secretam diferentes neurotransmisores. Cada substância
química cerebral funciona em áreas bastante espalhadas mas muito específicas do cérebro e
podem ter efeitos diferentes dependendo do local de ativação.
Algum mecanismo deve existir através do qual o potencial de ação causa a liberação
do transmissor armazenado nas vesículas sinápticas para a fenda sináptica.
O potencial de ação estimula a entrada de Ca2+, que causa a adesão das vesículas
sinápticas aos locais de liberação, sua fusão com a membrana plasmática e a descarga de seu
suprimento de transmissor. O transmissor se difunde para a célula alvo, onde se liga à uma
proteína receptora na superfície externa da membrana celular. Após um breve período o
transmissor se dissocia do receptor e a resposta é terminada. Para impedir que o transmissor
associe-se novamente a um receptor e recomece o ciclo, o tranmissor, ou é destruído pela ação
catabólica de uma enzima, ou é absorvido, normalmente na terminação pré-sináptica. Cada
neurônio pode produzir somente um tipo de transmissor.
Cerca de 60 neurotransmissores foram identificados e podem ser classificados, em
geral em uma das quatro categorias.
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5 NEUROTRANSMISSORES IMPORTANTES E SUAS FUNÇÕES

Dopamina: A dopamina é um tipo de neurotransmissor inibitório derivado da tirosina


e classificado no grupo das aminas. Produz sensações de satisfação e prazer. Os neurônios
dopaminérgicos podem ser divididos em três subgrupos com diferentes funções. O primeiro
grupo regula os movimentos: uma deficiência de dopamina neste sistema provoca a doença de
Parkinson, caracterizada por tremuras, inflexibilidade, e outras desordens motoras, e em fases
avançadas pode verificar-se demência. O segundo grupo, o mesolímbico, funciona na
regulação do comportamento emocional. O terceiro grupo, o mesocortical, projeta-se apenas
para o córtex pré-frontal. Esta área do córtex está envolvida em várias funções cognitivas,
memória, planejamento de comportamento e pensamento abstrato, assim como em aspectos
emocionais, especialmente relacionados com o stress.
Distúrbios nos dois últimos sistemas estão associados com a esquizofrenia.
A carência da dopamina no cérebro é localizada na área motora, especificamente na
substância negra, região do tronco encefálico, que contém grande quantidade de um pigmento
conhecido como neuromelanina. É na substancia negra que tem origem a sintetização da
dopamina. Presume-se que o LSD e outras drogas alucinógenas ajam no sistema da dopamina.

Serotonina: Atualmente a Serotonina está intimamente relacionada aos transtornos do


humor, ou transtornos afetivos e a maioria dos medicamentos chamados antidepressivos agem
produzindo um aumento da disponibilidade dessa substância (tornam ela mais disponível) no
espaço entre um neurônio e outro.
Esta amina biogênica encontra-se no SNC, notadamente no tronco cerebral, amígdala,
mesencéfalo, núcleos talâmicos e no hipotálamo. É incrementado por muitos antidepressivos
tais com o Prozac, e assim tornou-se conhecido como o 'neurotransmissor do 'bem-estar'. ' Ela
tem um profundo efeito no humor, na ansiedade e na agressão.

Acetilcolina (ACh): A acetilcolina pode atuar tanto no sistema nervoso central quanto
no sistema nervoso periférico. No sistema nervoso central, juntamente com os neurônios
associados, formam um sistema neurotransmissor, o sistema colinérgico. A acetilcolina
controla a atividade de áreas cerebrais relaciondas à atenção, aprendizagem e
memória. Pessoas que sofrem da doença de Alzheimer apresentam tipicamente baixos níveis
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de ACTH no córtex cerebral, e as drogas que aumentam sua ação podem melhorar a memória
em tais pacientes.

Noradrenalina: Este neurotransmissor é encontrado no SNC, no tronco cerebral e no


hipotálamo, e possui ação depres sora sobre a atividade neuronal do córtex cerebral. A
noradrenalina do SNC provém da metabolização da dopamina pela ação da enzima dopamina
beta-hidroxilase que metaboliza, também, o 5-hidroxipto fano em 5-hidroxitriptamina ou,
então, origina-se da recaptura do neurotransmissor da fenda sináptica. Principalmente uma
substância química que induz a excitação física e mental e bom humor. A produção é centrada
na área do cérebro chamada de locus coreuleus, que é um dos muitos candidatos ao chamado
centro de "prazer" do cérebro. A medicina comprovou que a norepinefrina é uma mediadora
dos batimentos cardíacos, pressão sanguínea, a taxa de conversão de glicogênio (glucose) para
energia, assim como outros benefícios físicos.

Epinefrina: Como neurotransmissor do SNC, é bem menos conhecida. Ela tem sido
muito estudada, mas, em correlação com sua atividade nos nervos do sistema nervoso
autônomo, no seu segmento simpático e na medula da glândula supra-renal. No SNC,
estritamente falando, são descritos sistemas adrenérgicos em alguns núcleos hipotalâmicos
relacionados com uma ati vidade vasoconstritora. A adrenalina tem efeito sobre o sistema
nervoso simpático: coração, pulmões, vasos sanguíneos, órgãos genitais, etc. Este
neurotransmissor é liberado em resposta ao stress físico ou mental, e liga-se a um grupo
especial de proteínas - os receptores adrenérgicos. Seus principais efeitos são: aumento dos
batimentos cardíacos, dilatação dos brônquios e pupilas, vasoconstricção, suor entre outros. A
adrenalina está presente em muitas formulações farmacêuticas intravenosas, principalmente
no tratamento da asma, hemorragias internas, entre outros.Uma pequena síntese de adrenalina
ocorre, também, no tronco cerebral.
A enzima que converte a noradrenalina em adrenalina é a N-metiltransferase.

Glutamato: O principal neurotransmissor excitante do cérebro, vital para estabelecer


os vínculos entre os neuroônios que são a base da aprendizagem e da memória a longo prazo.
É armazenado em vesículas nas sinapses. O impulso nervoso causa a libertação de glutamato
no neurôniopré-sináptico; na célula pós-sináptica, existem receptores (como os receptores
NMDA) que ligam o glutamato e se ativam. Pensa-se que o glutamato esteja envolvido em
funções cognitivas no cérebro, como a aprendizagem e a memória.
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As membranas de neurônios e de neuróglias possuem transportadores de glutamato


que retiram rapidamente este aminoácido do espaço extracelular. Em situações de
patologia cerebral (danos ou doenças), os transportadores podem funcionar de forma reversa e
causar a acumulação de glutamato no espaço extracelular. Esta reversão provoca a entrada de
íons cálcio (Ca2+) nas células, através de receptores NMDA, levando a danos neuronais e
eventualmente morte celular (apoptose). Este processo é conhecido como excitotoxidade. A
apoptose é causada por fatores como danos em mitocôndrias devido ao excesso de Ca2+ e
promoção de fatores de transcrição de genes pró-apoptóticos (ou repressão de fatores de
transcrição de genesanti-apoptóticos) mediada pelo glutamato e pelo Ca2+.
O glutamato é precursor na síntese de GABA em neurônios produtores de GABA.

Aspartato: é um dos aminoácidos codificados pelo código genético, sendo portanto


um dos componentes das proteínas dos seres vivos. É um aminoácido não essencial em
mamíferos, tendo uma possível função de neurotransmissor excitatório no cérebro. Como tal,
existem indicações que o ácido aspártico possa conferir resistência à fadiga.

GABA: quase todas as regiões do cérebro, embora sua concentração varie conforme a
região. Está envolvido com os processos de ansiedade.
Como neurotransmissor peculiar, o ácido gama aminobutírico induz a inibição
do sistema nervoso central(SNC), causando a sedação. Isso porque as células neuronais
possuem receptores específicos para o GABA. Quando este se liga aos receptores, abre-se um
canal por onde entra íon cloreto na célula neuronal, fazendo com que a célula fique
hiperpolarizada, dificultando a despolarização e, como conseqüência, dá-se a diminuição da
condução neuronal, provocando a inibição do SNC. A inibição da síntese do GABA ou o
bloqueio de seus neurotransmissores no SNC, resultam em estimulação intensa, manifestada
através de convulsões generalizadas

Glicina: é o principal NT inibidor do tronco cerebral e medula espinhal. Tem também


propriedades excitatórias, uma vez que ligando-se ao receptor NMDA, aumenta a sua
sensibilidade para o GLT.
Um déficit de glicina provoca um aumento da rigidez muscular e morte por paralisia
dos músculos respiratórios. É precisamente o que acontece na intoxicação por estricnina
(substância utilizada para matar ratos e que inibe o receptor da glicina) e o tétano (situação em
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que há infecção por uma bactéria que produz uma toxina capaz de inibir a secreção de
glicina).

Histamina: é uma amina biogênica cujos estudos acerca de sua atuação sobre os
tecidos, em especial sobre o coração, têm sido efetuados desde o início deste século. Seu
padrão de distribuição no tecido cardíaco humano é praticamente o mesmo em diferentes
espécies, apresentando maior concentração no átrio direito e a seguir decrescendo no átrio
esquerdo, ventrículo direito e, finalmente, menor concentração no ventrículo esquerdo. A
histamina é feita a partir do aminoácido histidina, e está presente nos mastócitos e basófilos.
Atuam em receptores H1 e H2 centrais e periféricos. A histamina age no receptor H2
do coração aumentando a freqüência cardíaca e o débito cardíaco, com risco de arritmias.
Ambos os receptores H1 e H2 agem sobre os vasos sanguíneos causando vasodilatação
generalizada, com diminuição da pressão arterial, rubor cutâneo e cefaléia.

Encefalinas e Endorfinas: Essas substâncias são opiáceos que, como as drogas


heroína e morfina, modulam a dor, reduzem o estresse, etc. Elas podem estar envolvidas nos
mecanismos de dependência física.
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6 TABELA DE NEUROTRANSMISSORES

Derivada
Molécula transmissora Local de síntese
de

Acetilcolina Colina SNC, nervos parasimpáticos

Serotonina
SNC, células cromafins do trato digestivo, células
5-Hidroxitriptamina (5- Triptofano
entéricas
HT)

GABA Glutamato SNC

Glutamato SNC

Aspartato SNC

Glicina Espinha dorsal

Histamina Histidina Hipotálamo

Metabolismo
Tirosine Medula adrenal, algumas células do SNC
da epinefrina

Metabolismo da
Tirosina SNC, nervos simpáticos
norepinefrina

Metablolismo da
Tirosina SNC
dopamina

Adenosina ATP SNC, nervos periféricos

ATP nervos simpáticos, sensoriais e entéricos

Óxido nítrico, NO Arginina SNC, trato gastrointestinal


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8 CONCLUSÃO

Apesar dos grandes avanços tecnológicos e científicos, e do grande conhecimento já


alcançado a respeito do corpo humano, nem todos os mistérios a respeito de sinapses e
neurotransmisores foram revelados, deixando para os próximos profissionais da área da saúde
o dever de desvendá-los. Este conhecimento certamente tratá muitos benefícios para a
humanidade, como a cura de doenças degenerativas, que proporcionará uma melhor qualidade
de vida para milhões de pessoas que são afetadas por tais doenças.
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REFERÊNCIAS

NEUROTRANSMISSORES. Aminoácidos

Disponível em <http://neuromed88.blogspot.com/2008/09/aminocidos-como-

neurotransmissores-em.html>

Acesso em Dezembro de 2009

NEUROTRANSMISSORES. Aminas Biogênicas ou Monoaminas

Disponível em <http://neuromed88.blogspot.com/2008/09/aminas-biognicas-ou-

monoaminas.html>

Acesso em Dezembro de 2009

NEUROTRANSMISSORES. Colinas

Disponível em <http://neuromed88.blogspot.com/2008/09/colina-uma-amina-que-foi-

sintetizada.html>

Acesso em Dezembro de 2009

NEUROTRANSMISSORES. Comunicação entre as células Nervosas

Disponível em

<http://www.cerebromente.org.br/n12/fundamentos/neurotransmissores/neurotransmitters2_p.

html>

Acesso em Dezembro de 2009

NEUROTRANSMISSORES. Diversidades e Funções


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Disponível em

<http://www.cerebromente.org.br/n12/fundamentos/neurotransmissores/nerves_p.html>

Acesso em Dezembro de 2009

WIKIPÉDIA. A Enciclopédia Livre

Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Neurotransmissor>

Acesso em Dezembro de 2009

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