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Escola Secundaria Vergílio Ferreira

FILOSOFIA-10ºAno

O Terrorismo como Motivo Religioso ?

João Diogo Antunes Trindade, nº15, 10º 1

2016/2017
Índice

Introdução pág. 3

Parte I – Terrorismo – causas e consequências pág. 4


Parte II – Religiões – origem e fundamentos pág. 6
Parte III – O Terrorismo e Os Motivos Religiosos pág. 11

Conclusão pág. 12
Bibliografia consultada pág. 13

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Introdução

O presente trabalho foi realizado no âmbito da disciplina de Filosofia.

O terrorismo é uma realidade do mundo atual com a qual temos de lidar e que desperta a
minha atenção, principalmente, por ser um tema delicado e polémico sobre o qual gostaria
de saber mais. Não se entende porque são executadas estas ações intencionais que geram
pânico, dificultam relações, criam instabilidade e insegurança.

Vários tem sido os atentados levados a cabo: Olimpíadas de Munique, em 1972; Torres
do World Trade Center e ao Pentágono, nos EUA, em 11 de setembro de 2001; Paris, em
França, a 13 de novembro de 2015, entre outros.

Os Motivos religiosos são muitas vezes apontados pelos media como uma das causas
dessas ações de violência extrema.

Serão de facto os motivos religiosos causadores de ações terroristas?

Ao longo deste trabalho, procurarei responder à questão que formulei através da


abordagem das seguintes temáticas: terrorismo como ato de violência, suas causas e
consequências; religiões origens e fundamentos de três doutrinas com mais fiéis; o
terrorismo como motivo religioso.

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Parte I – Terrorismo como Ato de Violência Extrema

O que é o terrorismo?

É um conceito difícil de definir. No entanto, pode ser entendido como uma maneira de
proceder que recorre ao uso de violência extrema, física ou psicológica, de forma
intencional, através de ataques individuais ou em grupo a locais específicos, com
objetivos diversos, entre eles o de influenciar o comportamento de outra pessoa ou grupo
de pessoas, acabando por fazer mal a pessoas inocentes. Pode então definir-se como um
conjunto de atos deliberados de violência que procuram intimidar e manipular através de meios
coercivos usados contra populações civis e instituições e com objectivos religiosos, políticos ou
outros.

Fazer mal a pessoas inocentes é uma característica do terrorismo que vai contra os
princípios éticos e morais mais básicos - as pessoas inocentes não devem ser alvo ou
vítimas de ataques violentos que violem a sua integridade, a sua dignidade, a sua vida.

O terrorismo é imprevisível, pode ocorrer em qualquer local, a qualquer momento. É um


fenómeno que pretende ser aterrador, assustador, usar o medo de forma generalizada para
intimidar e condicionar a nossa livre escolha, principalmente se pensarmos no tipo de
ações terroristas que são executadas na atualidade. A título de exemplo, relembra-se o
ataque recente, no reino unido, no final de um concerto da artista Ariana Grande, na
Manchester Arena, a 22 maio de 2017.

As ações terroristas exigem planeamento, objetivos bem definidos, recursos financeiros


e humanos. Muitas vezes, os grupos terroristas são treinados, financiados e manipulados
de forma organizada por “Estados manipuladores”.

Os métodos utilizados são conhecidos: assassinatos, atentados, chantagem, sequestros,


desvio de aviões, utilização de veículos contra alvos bem precisos.
O terrorismo manifesta-se pois sob várias formas, sendo as suas principais causas:
política, religiosa, ideológica, cultural e social.

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Os conceitos de terrorismo e de guerra aparecem por vezes associados, ambos fazem mal
ou matam inocentes. No entanto, no terrorismo o ato de fazer o mal ou matar inocentes
sem regras, enquanto os atos de guerra, apesar de também fazerem o mal ou matarem
inocentes, fazem-no segundo regras e normas internacionais bem precisas. O terrorismo
é uma forma de guerra que não conhece regras e é considerado um crime contra o direito
internacional.

A ação terrorista provoca destruição, mortes, pânico, instabilidade, insegurança e muitas


vezes desejo de vingança.

A título de exemplo, refira-se um dos atentados terroristas mais violentos da história


recente. A 11 de setembro de 2001, o grupo terrorista Al Qaeda, com o objetivo de
intimidar o Governo norte-americano, invadiu os Estados Unidos, provocando a
destruição e milhares de mortes. Nesse atentado, dois aviões chocaram contra as torres
gémeas do World Trade Center e um outro contra o edifício do Pentágono, a sede de
defesa dos EUA. Foi ainda utilizado um quarto avião que não atingiu o alvo, a Casa
Branca. Inúmeras discussões e suspeitas surgem todos os dias que não chegam a
conclusões muito fieis, mas pode pensar-se que o Governo norte-americano, uma das
maiores potências económicas do mundo do século XX, tentou e tenta impor-se junto de
países economicamente mais fracos. Nomeadamente, através de apoio a regimes
ditatoriais em diversos países, como foi o caso da Líbia e do Egito. Como resultado da
política de intervenção dos americanos junto dos países do Médio Oriente, os Estados
Unidos passaram a ser o alvo principal de grupos terroristas.
Retomando o exemplo do 11 de setembro de 2001, podemos ver que na sequência do
atentado, onde morreram milhares de inocentes, surgiram outros atos de violência
extrema que não podem deixar de estar ligados de forma complexa a este terrível
acontecimento: a guerra no Afeganistão (2001), a prisão do ditador Saddam Hussein
(2003) e o assassinato de Osama Bin Laden, o terrorista mais procurado do mundo
(2011).
O Estado Islâmico, outro exemplo que podemos referir, surge na sequência da crise
política que aconteceu no Iraque após a guerra iniciada em 2003. Este grupo religioso
surgiu como derivação da Al Qaeda. Os seus membros constituem uma espécie de
“Governo”, Califado, dirigido por um representante religioso e político que se rege pelas
Leis do Estado (Sharia)

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As suas ações têm vindo a tornar-se mais radicais, e mediatizadas, apesar de terem os
mesmos fundamentos, acabando por provocar a separação entre as duas organizações.
O Estado Islâmico é formado por jihadistas muçulmanos, conhecidos por defenderem
fundamentos radicais do islamismo. Utilizam métodos brutais para quem não segue a
Sharia (conjunto de Leis islâmicas baseadas no Alcorão), como por exemplo a execução
de atos que provocam a indignação e o medo por todo o mundo.
É verdade que é um grupo religioso com crenças cuidadosamente pensadas, entre elas a
de que será ele o agente do apocalipse que se aproxima.

É um “estado” obscuro e poucos foram até agora os que de lá regressaram. Utiliza meios
audiovisuais bastante sofisticados com divulgação global. Mas os seus discursos e os
muitos vídeos de propaganda estão acessíveis na Internet, e os apoiantes do califado têm
feito tudo para dar a conhecer o seu projecto.
Podemos concluir que rejeita que a vida e paz sejam uma questão de princípio, deseja o
terrorismo globalizado e que se considera o agente do fim do mundo, que está iminente.
A religião pregada pelos seus mais fervorosos seguidores vem de uma interpretação que
se pode considerar coerente no islão mas talvez não faça sentido para outras religiões.
São formas de ver o mundo muito diferentes e inconciliáveis
Os líderes do Estado Islâmico consideram ser seu dever copiar Maomé e trouxeram de
forma obcecada para a actualidade tradições que há centenas de anos estavam
adormecidas.”
Todos os muçulmanos reconhecem que Deus é o único que sabe o futuro. Mas também
concordam que Deus nos ofereceu uma forma de o ver no Corão e nas palavras do profeta.
O Estado Islâmico difere de praticamente todas as outras correntes actuais do movimento
jihadista ao acreditar que o futuro está traçado nas escrituras divinas e é a sua personagem
central. É aqui que se distingue claramente dos seus antecessores, e é mais claro quanto
à natureza religiosa da sua missão.
Os seus principais alvos são os Estados Unidos, a Europa e os membros de outras
religiões. Mas também todo e qualquer estilo de vida que não se adeque ao que está na
interpretação que fazem.

Até ao momento, atribui-se ao Estado Islâmico a execução uma série de atentados, dos
quais se destaca o atentado de Paris, a 13 de novembro de 2015. Este atentado foi
executado por oito terroristas ligados ao Estado Islâmico. Este grupo, através de uma

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citação do Alcorão, justificou a ação de terror e realçou o fato da sua ação ter sido
executada por franceses e belgas, convertidos ao islão e partidários do terrorismo.

Os atentados ocorreram de forma coordenada em seis locais diferentes de Paris, quatro


restaurantes, uma casa de espetáculos e perto do Estádio de França.

Mais uma vez morreram dezenas e ficaram feridas centenas de inocentes.

Atualmente, as ações terroristas, ainda que focadas num alvo, têm cada vez mais a
intenção de atingir muitas pessoas e atrair a atenção global dos media. Acreditando,
provavelmente, que essa exposição contribuirá para um reforço dos seus ideais.

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Parte II – O Terrorismo as religiões e os motivos religiosos

A religião é um fenómeno universal presente em todas as sociedades. As pessoas são


naturalmente religiosas. Procuram uma ligação ao divino que as ajude a encontrar um
sentido para as suas vidas. As religiões têm em geral uma dimensão social, fazem parte
da cultura dos povos.
Ser judeu, cristão ou islâmico significa que se pertence a uma determinada comunidade
e se acredita num conjunto de valores ou princípios (que estão normalmente traduzidos
em textos fundadores). Daqui resultam muitas vezes conflitos que levam a questões
acerca do que é a liberdade ou do que é certo ou errado e se pode ou não exprimir, da
obrigatoriedade de respeito de certas normas e práticas em certas religiões e não noutras,
etc. Se cada religião defende os seus princípios e os quer impor aos outros de fora isso
conduzirá de certeza a divisões e intolerâncias que irão sempre impedir a coesão das
comunidades. E se essas imposições se fizerem com o uso da força e do medo então
chegaremos rapidamente a fundamentalismos e fanatismos que terão consequências
desastrosas.

Como é possível que alguém que tem uma determinada crença religiosa e orienta o seu
comportamento de acordo com os seus fundamentos possa executar ações tão violentas
em defesa da sua fé?

Os Motivos religiosos podem ser muitas vezes apontados como uma das causas dessas
ações de violência extrema. Mas talvez não sejam os únicos.

As ações de terrorismo executadas por fundamentalistas religiosos, como é o caso das


executadas pelo Estado Islâmico (grupo que na atualidade reivindica maior número de
atentados), são de violência extrema, provocando a destruição e morte de inocentes,
provocando medo, pânico, insegurança e têm outras causas (políticas, culturais, sociais,
económicas, territoriais…).

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Conclusão

As causas do terrorismo são diversas, sendo a religiosa a mais frequentemente referida,


ainda que, se se deva de forma legítima, associar razões políticas, ideológicas, etc., como
vimos.
Em síntese, podemos dizer que o terrorismo:

- pode ser entendido como o uso intencional de violência extrema, física e psicológica,
através de ataques individuais ou em grupo a locais específicos, com o objetivo de
influenciar e condicionar comportamentos e infligir o medo, visando assim a mudança de
certas formas e estilos de vida, como por exemplo o estilo ocidental.

- tem sempre consequências horríveis, provoca destruições, morte, medo, pânico,


insegurança, instabilidade. Acabando sempre por fazer mal a pessoas inocentes.

E por fim concluímos que a expansão da fé islâmica, como a de qualquer outro grupo
religioso, não pode resultar de uma interpretação estreita e “errada” dos fundamentos dos
livros sagrados e deve adequar-se às pessoas respeitando as diferentes formas de pensar
e viver , os valores, as vontades e desejos das comunidades em todo o mundo.

Respondendo à questão inicial (serão de facto os motivos religiosos causadores de ações


terroristas?) podemos dizer sim e não. Existem, de facto, grupos fundamentalistas que
pretendem justificar as suas ações terroristas com motivos religiosos, mas existem muitas
mais razões, como vimos e estamos a ver todos os dias. O sofrimento e a dor causados
são totalmente inadmissíveis se tivermos presentes algumas noções como as que estão na
Declaração Universal dos Direitos do Homem: o direito à vida, à liberdade, à paz, à tolerância.
Se pudéssemos libertar-nos do terror e da miséria talvez fosse possível alcançar o que está
expresso no Artigo 1.º da DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM:
“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão
e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.”

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Bibliografia consultada

Livro JD
Livro AG

http://alunosonline.uol.com.br/historia/islamismo.html
(consultada em 13/05/17)
http://www.islam.org.br/principios_fundamentais_da_fe_islamica.htm
(consultada em 13/05/17)
http://observador.pt/seccao/mundo/terrorismo/
(consultada em 12/05/17)
http://www.orientemidia.org/terrorismo-religioso/
(consultada em 12/05/17)
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/atentado-13-novembro-paris.htm
(consultada em 14/05/17)
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/11-setembro-um-dia-movimentos-
esquerdistas.htm
(consultada em 14/05/17)
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/atentado-terrorista-nas-olimpiadas-
munique.htm
(consultada em 14/05/2017)
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/conflitos-tensoes-no-mundo-
atual.htm
(consultada em 14/05/17)
http://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/16922/1/Relat%C3%B3rioDeEst%C3%A1gio_MA
RTAPACHECO.pdf
(consultada em 16.05.17)
http://observador.pt/2015/11/14/os-principais-ataques-do-estado-islamico-em-2015/
(consultada em 16.05.17)
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/11-setembro.htm
(consultada em 20.05.17)
https://www.significados.com.br/estado-islamico/
(consultada em 20.05.2017)

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https://pucminasconjuntura.wordpress.com/2014/11/21/estado-islamico-terrorismo-ou-
religiao/
(consultada em 22.05.17)

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