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Em Busca da Organização Y

Definição
Este projeto de pesquisa tem a finalidade de oferecer a empresas do setor de tecnologia
da informação e de comunicação uma melhor visão de sua cultura organizacional e uma
análise das pessoas que fazem parte dessa estrutura. Como a abordagem escolhida é a
antropológica, o método de investigação é o da etnografia, necessária para uma maior
proximidade com o objeto de pesquisa. A pesquisa faz parte de um amplo projeto que
pretende dar subsídios para uma maior sustentação dos setores tecnológicos de inovação. A
primeira etapa serve para produzir conhecimento sobre o universo dos jovens na sua relação
com o trabalho. Esse conhecimento poderá ser utilizado pelas empresas analisadas para que
elas tenham um perfil mais detalhado de seus funcionários, mas também terá importância para
os apoiadores dessas organizações, as agências de private equity, venture capital, aceleradoras
e os grupos de “anjos”. O segundo passo será a articulação junto a universidades para compor
ações que contribuam para a ampliação dos espaços de mediação entre a academia e o setor
produtivo, seja na constituição de novas perspectivas de formação e de aplicação prática
(incubadoras, spin-offs e parques tecnológicos). A terceira fase será constituída pela produção
junto a agências governamentais de novas propostas de políticas públicas para tecnologia e
inovação.

Objetivos
Uma atividade de pesquisa que usa do referencial etnográfico para:
 Analisar elementos da cultura da organização, estrutura e modos de
circularidade
 Produzir um painel do comportamento, dos modos de sociabilização, dos
rituais e das construções simbólicas
 Identificar como o discurso corporativo é percebido e reproduzido pelos
funcionários
 Produzir uma história da organização a partir da história de vida de seus
componentes
 Investigar como conceitos e paradigmas são apropriados e aplicados pelos
trabalhadores do setor de tecnologia da informação

Argumentação
Do período que antecedeu à virada do milênio até agora, o mundo tem passado
incessantemente por grandes transformações em todos os aspectos possíveis. Na política,
inúmeras sociedades percebem que o modelo de Estado – seja o autoritário ou o mais
democrático – já não responde às demandas dessas mesmas sociedades em tempo hábil. As
escolhas referentes à economia e gestão dos negócios, dentro de um mundo globalizado, têm
passado por inúmeras transformações; sendo que as evoluções tecnológicas determinam e são
determinadas por estes campos. Nas áreas culturais e comportamentais, também as inovações
tecnológicas aproximam e afastam os indivíduos, grupos e sociedades inteiras de suas
verdadeiras identidades. Os termos que são usados para se explicar o que acontece no planeta
tornam-se extremamente vagos e polissêmicos (termo com mais de um significado).
Globalização, ética e responsabilidade social, cidadania, informação, conhecimento,
tecnologia, desenvolvimento e sustentabilidade são alguns desses termos que, especialmente
dentro dos ambientes corporativos, tornam-se lugar comum quando incluídos nos discursos
das empresas. As organizações que atuam em setores que produzem transformações acabam
focando-se apenas em suas competências instrumentais. Em parte por conta da formação de
seus membros, mas também por crença, ideologia ou visão de mundo. O problema é que a
técnica não deve se desplugar do conceito.
Uma das questões mais importantes que pode determinar a sobrevivência ou não
dessas organizações é a tarefa de identificar quem são os seus componentes, o que pensam,
desejam e sonham. Deve-se levar em consideração que boa parte de tais indivíduos é
composta por jovens com características de familiaridade com aparatos tecnológicos e, apesar
de individualistas, gostam de trabalhar coletivamente. Apesar de se considerarem indivíduos
multitarefas acabam não se aprofundando muito em uma atividade e se os resultados não
aparecerem logo acabam por abandoná-la. Partindo do princípio de que a pesquisa aponte
para o erro das afirmações acima, ou as considere superficiais, o que será usado no processo
de investigação são as questões temáticas, não as afirmações, ou seja, o que será trabalhado
são as relações com esses tópicos, tais como tecnologia, individualismo/coletivismo, trabalho,
imediatismo.

Plano de Pesquisa
Primeira etapa: negociar com as organizações de apoio financiadoras do projeto as
formas e abrangência da pesquisa, em termos geográficos e de tipos de organizações e de
necessidades de conhecimentos.

Segunda etapa: realizar uma prévia, mas contínua, análise setorial, identificando
tipologias e fluxos internos e externos ao sistema de TIC.

Terceira etapa: determinar com a direção da empresa qual o escopo da pesquisa (por
exemplo, até que ponto é possível uma aproximação mais participativa do pesquisador), quais
os interesses imediatos e quais as premissas que esses executivos utilizam para se relacionar
com seus comandados. O ponto de partida da pesquisa deve ser dado pelo conhecimento, por
meio dos líderes, da história da empresa, obtida em grupo e, posteriormente, por meio de
entrevistas individuais focadas na história de cada componente da direção na organização. O
conhecimento da estrutura da organização é vital para que o pesquisador saiba como se
deslocar em seu interior. Nesta etapa também é importante agendar a periodicidade de
relatórios parciais a serem entregues à direção.

Quarta etapa: pedir à direção que indique um informante que tenha grande
conhecimento da empresa e das pessoas que nela trabalham. O pesquisador deve acompanhar
as atividades do informante nesse primeiro momento em que a pesquisa ainda tem um caráter
exploratório. Ao final da segunda etapa, elaborar um relatório em que são dimensionadas as
primeiras categorizações e já se pode trabalhar na elaboração de protocolos de pesquisa.
Quinta etapa: munido dos protocolos – que podem ser modificados dependendo de
novas descobertas – é dada continuidade à pesquisa, focando-se em grupos de trabalhos, e
nesse momento são realizadas entrevistas do tipo história de vida com os participantes da
equipe.

Sexta etapa: apresentação do relatório final, apontando diagnósticos e contrapondo a


visão da direção sobre a cultura e os componentes da organização com as descobertas
apontadas pela pesquisa. Propor aos gestores, se necessário, a realização de oficinas ou
palestras em que serão trabalhados e discutidos os problemas identificados.

Sétima etapa: apresentação do relatório final para as organizações de apoio, apontando


os fatores identificados pela pesquisa no comportamento dos jovens que atuam nas empresas
de TIC. Esse perfil deve atender às necessidades dos organismos financiadores de projetos de
startups de saber quais são as variáveis que afetam o caráter empreendedor, as competências,
a forma de aprender e gerar conhecimento, os modos de comunicação dos indivíduos que
pertencem à geração Y.

Metodologia
A antropologia se define como a ciência que se debruça sobre o ser humano em
profundidade, buscando aproximar-se de suas produções culturais, simbólicas,
comportamentais e sociais. O método utilizado pela antropologia é o etnográfico que se
delimita como uma observação participante de um grupo ao qual o pesquisador não pertence.
Portanto, o grande desafio dessa prática é a de ser aceito pelo grupo como um quase nativo. O
que permite um acesso às visões de mundo dessas pessoas. Dentro do processo etnográfico, o
referencial de histórias de vida será utilizado para produzir uma narrativa da organização
composta pelo somatório das narrativas construídas individualmente.

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