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Biografia do autor
A relação das mulheres para com os homens era, sobretudo, eram feudo-vassálico onde
a mulher era submissa ao seu senhor (marido, sogro ou a um membro da família mais
velho) ficando esta ao julgo e proteção dos mesmos. Vemos esta submissão nos próprios
símbolos que os designavam, para as mulheres seu instrumento de trabalho era a roca,
objeto de fiar tecidos, símbolo do trabalho doméstico, realizado na vida privada e aos
homens a espada símbolo de força, virilidade e violência, trabalho realizado nos campos
de batalha.
No primeiro capítulo é contada a história de Agnes uma jovem que aos três
anos de idade foi prometida em casamento pelo pai (Henrique de Essex), e aos seis anos
foi morar nas dependências da família do prometido (Aubrey de Vere conde de Oxford)
que tinha quarenta e sete anos.
Acontece que ao completar doze anos, por infelicidade do destino a família da
noiva teve os bens confiscados e por consequência ela foi abandonada pelo prometido
fato comum na época. O curioso na história de Agnes é que ela decidiu buscar na justiça
os seus direitos, ao bispo de Londres, forçando a família do prometido a enfrentar um
processo judicial, fato incomum em uma sociedade comandada por homens.
Em 1166 o caso foi levado a julgamento em Roma, neste período a moça ficou
presa numa torre para desistir do casamento, finalmente no ano de 1172 o Papa Alexandre
condenou o conde a se casar com ela. De fato o casamento foi consumado (ele na ocasião
com sessenta anos e ela com vinte anos) e o casal teve cinco filhos e deu origem a casa
de Oxford.
A vida de Agnes se confunde com a história do casamento, e sua história
pessoal mostra os vários aspectos da realidade das mulheres na Europa feudal, onde laços
de afeto e laços conjugais não eram sinônimos, período em que a igreja católica não media
esforços para transformar o casamento em uma instituição social e em sacramento
religioso, fase em que as mulheres estavam presas nas relações familiares.
Na Idade Média, a vida de uma mulher era dividida em três períodos: a infância,
que dura até sete anos de idade, a juventude, até aos catorze anos, e a vida de mulher, que
vai dos catorze até cerca de trinta anos, além da qual ela entra na velhice, enquanto o
homem é considerado velho apenas aos cinquenta anos.
Aos sete anos, as meninas de famílias ricas aprendem a bordar ou a tecer fitas. É
a idade em que podem ser oferecidas a um mosteiro, onde também aprendem a ler e a
escrever, ou a um noivado. No campo, a garota fica com a mãe para cuidar da casa e da
lavoura, da tecelagem e dos animais. A vocação da mulher medieval é orientada para um
único objetivo: casamento e maternidade.
Mesmo mulheres casadas podem trabalhar no comércio, nas áreas têxtil e
alimentar ou como costureiras, lavadeiras e empregadas domésticas, mas seus salários
são muito inferiores aos dos homens. No campo, participam da lavoura e dos cuidados
dos animais, mantendo a casa, a tecelagem, a preparação de refeições e o fogo.
A igreja não vê com bons olhos as mulheres educadas, e insiste especialmente na
educação religiosa. As meninas púberes são vigiadas de perto pelos pais e sua beleza é
ora temida, ora desejada. Para o clero, ela está associada ao diabo, à tentação e ao pecado,
mas é comemorada pelos trovadores do amor cortês.
A mulher ideal medieval deve ser magra, ter o cabelo loiro ondulado, tez clara,
boca pequena e rosada, dentes brancos, olhos pretos e nariz reto e fino. Os pés e as mãos
são finos e elegantes, os quadris estreitos, as pernas finas, mas curvadas, os seios
pequenos, a pele firme e a testa alta.
Por séculos, a mulher encarnou o mal. Como filha de Eva, ela é responsável por
expulsar do Jardim do Éden, em conivência com a serpente, o homem, então ela não pode
deixar de lançar feitiços. Acusadas de magia negra, feitiçaria e encantamento, as mulheres
"heréticas" queimaram aos milhares nas piras da Inquisição.
Com o condicionamento do tecido social entre os sécs. e XI, em algumas áreas da Europa,
ocorreu uma substancial transformação nas estruturas familiares, transformações que
visavam a manutenção do patrimônio. Até o séc. IX o parentesco era definido
horizontalmente, mas lentamente esse sistema foi sendo substituído por outro, definido
verticalmente, em que as relações familiares passaram a serem ordenadas por uma
linhagem.
Daí em diante o primogênito passou a receber a maior parte da herança.
Evidentemente essa transformação beneficiou apenas os componentes do sexo masculino.
Esta estratégia matrimonial permite a reprodução da ordem social e da ordem política
dentro da própria família.
Para os religiosos a mulher sempre foi vista como inferior, pois o homem foi feito
a imagem e semelhança de Deus e a mulher era apenas um reflexo da imagem masculina,
sendo de Deus uma imagem distorcida. O casamento garantia a estabilidade das relações
determinadas pelo sexo masculino, apesar de unir os diferentes sexos não os punha em pé
de igualdade. Pois a mulher é a responsável pela queda da humanidade no pecado,
portanto a dominação do esposo sobre ela e as dores do parto eram vistos como o seu
castigo.
Havia no centro da moral cristã uma aguda desconfiança em relação ao prazer,
pois ele aprisionava o espírito ao corpo, impedindo-o de se elevar à Deus.
Alguns religiosos descrevem certos traços da personalidade feminina como pérfidas,
frívolas, luxuriosas, impulsionadas naturalmente a fornicação. Os moralistas procuravam
limitar ao máximo a sexualidade.
As relações sexuais eram severamente disciplinadas e os contraceptivos eram
proibidos, haviam épocas proibidas para a relação sexual e a mulher não deveria nunca
demonstrar sensação de prazer. A posição sexual em que o sexo era praticado revelava a
Há documentos que demonstram que durante a Idade Média a força de trabalho das
mulheres foi utilizada para mover pilão ou mó giratória uma atividade extremamente
estafante e humilhante, muitas vezes como forma de punição.
A mulher na ausência do marido era sua substituta e não a proprietária dos bens.
No caso da aristocracia rural a ausência abria a perspectiva para sua ação. Já no caso da
aristocracia urbana não houve nenhuma possibilidade de ação social, pois a ausência do
marido fazia parte da sua atividade. Portanto as possibilidades de substituição deixaram
de ocorrer. As mulheres pobres das cidades sempre atuaram na vida profissional, mas
nunca conseguiram se livrar da tutela do marido.
Nos séc.XII e XIII nasce no Ocidente uma refinada cultura que foi
essencialmente aristocrática, profana, cortês. As cortes abrigavam artistas de todas as
espécies, que elaboraram uma arte que representava os costumes de seus protetores. Os
literatos propuseram um modelo mental imbuído das boas maneiras aristocráticas, nascia
o “amor cortês”. Nele o poeta canta o “bom amor”, que possui o fundamental caráter de
ser estéril, inacabado, impossível, cantado a dama inatingível e inacessível.
A mais famosa poetisa da idade média foi Cristina de Pisan, nascida na Itália,
mas criada na França, na corte de Carlos V onde teve acesso a biblioteca real teve acesso
ao saber. Casada aos quinze anos se tornou viúva jovem, mas como não tinha
conhecimento dos negócios do marido passou a escrever poesias para sobreviver.
Nelas defendia as mulheres. Vivendo durante a época da Guerra dos Cem Anos
sentiu as dificuldades de França no início do séc. IX. No fim de sua vida teve ainda a
alegria de ouvir falar de Joana D'Arc, que mulher e guerreira lutaram pela unidade da
França, mas que capturada acabou condenada e morta pela inquisição.
José Rivair Macedo, ressalta o papel da mulher na Idade Média, mas não
somente seu papel estereotipado, mas as suas relações de mulher esposa, submissa,
guerreira e cristã. Trabalha o papel da igreja como meio de controle nas vidas dos
cidadãos através do casamento, assim podendo estabelecer com a semelhanças e as
diferenças na qual a mulher desenvolveu seu papel identitário no decorrer da trajetória
histórica.